Buscar

CCJ0009-WL-AMMA-12-Função argumentativa da narração (2) [Modo de Compatibili

Prévia do material em texto

1
Teoria e Prática da Narrativa Jurídica
Professor Nelson Tavares
AULA 12
2
FUNÇÃO ARGUMENTATIVA DA NARRAÇÃO: 
A QUESTÃO DO PONTO DE VISTA (2).
O aluno deverá ser capaz de:
- Compreender a importância do fato para a produção dos 
argumentos na fundamentação;
- Reconhecer a validade persuasiva da organização de um 
bom conjunto probatório;
- Identificar quais argumentos usam o fato como seu 
principal elemento de construção;
- Produzir parágrafos coesos e coerentes.
AULA 12
3
Escreveu Errico Malatesta, teórico italiano, que, sendo
a prova o meio objetivo pelo qual o espírito humano se
apodera da verdade, sua eficácia será tanto maior, quanto
mais clara, mais plena e mais seguramente ela induzir no
espírito a crença de estarmos de posse da verdade. Para se
conhecer, portanto, a eficácia da prova, é preciso conhecer
como se refletiu a verdade no espírito humano, é preciso
conhecer, assim, qual o estado ideológico, relativamente à
coisa a ser verificada, que ela induziu no espírito com sua
ação.
AULA 12
4
CASO CONCRETO
Dijanira Baptista foi fumante inveterada por trinta anos.
Ela era casada com Mauro Costa e tinha dois filhos: Mauro
Costa Jr. e Paulo Baptista Costa. Seus familiares alegam que a
companhia de cigarros sempre ocultou informações e dados
sobre a nocividade do cigarro à saúde. A vítima fumava dois
maços de cigarro por dia, cerca de 500.000 cigarros em trinta
anos, e que tal fato, aliado à falta de informações sobre o
produto nocivo, teria sido o responsável pelo contraimento da
doença.
Além do mais, só recentemente as companhias são
obrigadas a restringir o horário de veiculação de propagandas
e a emitir comunicado de que o fumo é prejudicial à saúde.
Isso, infelizmente, não chegou a impedir que Dijanira se
tornasse viciada em cigarros, uma vez que era fumante de
longa data, motivo pelo qual a família pleiteia indenização por
dano. AULA 12
5
Após a descoberta do câncer, lutou duramente contra o
vício: "Minha mãe tentou parar de fumar, mas as crises
horríveis de abstinência e a depressão atrapalharam muito.
Quando conseguiu vencer o vício, a metástase estava
diagnosticada".
Em 28 de setembro de 1999, faleceu em decorrência
de câncer pulmonar, provocado pelo fumo excessivo do
cigarro de marca Hollywood, da companhia Souza Cruz S.A.
Paulo Gomes, advogado representante da Souza Cruz,
afirma que a empresa cumpre as determinações legais e
que seu produto apresenta todas as informações aos
consumidores. Em relação às propagandas, sustenta que a
apresentação de jovens saudáveis em ambientes
paradisíacos não é prática apenas da indústria tabagista:
AULA 12
6
"Desconheço a existência de publicidade que vincule
produtos a modelos desgraciosos ou cenários deprimentes,
que causem repulsa ao público-alvo. Ademais, os
consumidores têm o livre-arbítrio de escolher o que consumir e
o quanto consumir".
Segundo o advogado da família, os estudos comprovam a
nocividade do cigarro, que contêm mais de quatro mil
substâncias químicas: "Entre elas está o formol usado na
conservação de cadáver, o fósforo, utilizado como veneno para
ratos e o xileno, uma substância cancerígena que atrapalha o
crescimento das crianças. Se o cigarro não mata de câncer, há
56 outras doenças causadas por seu uso e exposição. É óbvio
que a propaganda é indutora de seu consumo".
AULA 12
7
Questão 1 - Faça breve pesquisa jurisprudencial e identifique
se existe condenação transitada em julgado para empresas
tabagistas cujos consumidores morreram ou ficaram com
doenças graves decorrentes desse produto. Cite as fontes de
sua pesquisa.
Questão 2 - Continue sua pesquisa a fim de esclarecer se há
como demonstrar nexo causal entre a conduta e o resultado.
Justifique sua resposta.
Questão 3 - Na impossibilidade ou na dificuldade de recorrer
às fontes citadas nas questões anteriores, como você propõe
que seja defendida a tese de que a empresa Souza Cruz tem
responsabilidade civil com os consumidores ou com seus
sucessores?
AULA 12

Continue navegando