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REDAÇÃO DE PARECER ANALISTA LEGISLATIVO – ATRIBUIÇÃO TÉCNICO EM MATERIAL E PATRIMÔNIO (CÂMARA DOS DEPUTADOS) PROFESSOR RENATO FENILI 1 Prof. Renato Fenili www.pontodosconcursos.com.br Olá, amigo(a)concursando (a), Chegou a hora de iniciarmos a desvendar aredação de parecer. Nosso curso terá um enfoque eminentemente prático, de modo que sua dedicação na elaboração dos textos a partir dos temas propostos nas próximas aulas será essencial para o seu sucesso. Vejamos o conteúdo a ser abordado nesta primeira aula: AULA CONTEÚDO 1 Redação de Parecer. • a escrita na redação oficial • conceito e estrutura lógica do parecer; • aspectos de pontuação, morfológicos e sintáticos relevantes; • avaliação de parecer; • exemplo de parecer (elaboração do parecer conforme o tema do concurso de 2007). Sem mais demora, vamos ao trabalho! REDAÇÃO DE PARECER ANALISTA LEGISLATIVO – ATRIBUIÇÃO TÉCNICO EM MATERIAL E PATRIMÔNIO (CÂMARA DOS DEPUTADOS) PROFESSOR RENATO FENILI 2 Prof. Renato Fenili www.pontodosconcursos.com.br I. A escrita na redação oficial Escrever bem é uma das habilidades mais relevantes a um analista legislativo – atribuição técnico em material e patrimônio da Câmara dos Deputados. A rotina de trabalho deste profissional envolve a elaboração de despachos, de relatórios, de memorandos, de ofícios, de instrumentos convocatórios (editais e cartas-convites) e, logicamente, de pareceres. A primeira coisa que devemos ter em mente é que a escrita é uma habilidade estritamente pessoal. Duas pessoas jamais irão escrever com estilos idênticos. Há uma liberdade relativa do autor no ato de redigir um texto, fato que acarreta a singularidade do documento produzido em face de outros similares. No entanto, como dito, a liberdade é relativa. Isso significa que há atributos básicos que todos os textos – em especial os que materializam atos administrativos (os textos oficiais) – devem possuir. Tais atributos (ou qualidades / princípios) são assim descritos pelo Manual de Redação da Câmara dos Deputados: ATRIBUTOS BÁSICOS DOS TEXTOS OFICIAIS (EM ESPECIAL DE PARECERES) Atributo Descrição Impessoalidade A redação oficial é elaborada sempre em nome do serviço público e sempre em atendimento ao interesse geral dos cidadãos. Sendo assim, é inconcebível que os assuntos objetos dos pareceres (nosso foco de estudo) sejam tratados de outra forma que não a estritamente impessoal. Em termos práticos, a impessoalidade na redação oficial é alcançada ao: • jamais empregarmos linguagem irônica, pomposa ou rebuscada; • não se incluir na comunicação; • evitar o emprego de verbo na primeira pessoa do singular e do plural (“eu” e “nós”); Formalidade O texto oficial deve ser estrito na observância da língua culta formal (não empregar gírias etc.). REDAÇÃO DE PARECER ANALISTA LEGISLATIVO – ATRIBUIÇÃO TÉCNICO EM MATERIAL E PATRIMÔNIO (CÂMARA DOS DEPUTADOS) PROFESSOR RENATO FENILI 3 Prof. Renato Fenili www.pontodosconcursos.com.br ATRIBUTOS BÁSICOS DOS TEXTOS OFICIAIS (EM ESPECIAL DE PARECERES) Atributo Descrição Uniformidade Atendimento obrigatório a normas e padrões para a elaboração de um parecer, em especial no que diz respeito à sua estrutura. Todo parecer deve seguir a estrutura básica exposta mais adiante (ementa – relatório – parecer – conclusão). Clareza e Precisão • Dar preferência, no texto oficial, a palavras e expressões simples, em seu sentido comum (atual é sempre melhor que hodierno; gélido é preferível a álgido, etc.); • Dar preferência à construção de frases na ordem direta (sujeito – verbo – complemento); • A pontuação é ferramenta essencial à clareza e à precisão do texto. Deve-se empregá-la não só de forma correta, mas também evitando-se abusos de caráter estilístico; • Deve-se evitar períodos extremamente longos, com intercalações excessivas; • O texto oficial não deve apresentar ambiguidades, ou seja, construções ou expressões que confiram duplo sentido. Concisão e Harmonia • O texto deve ser conciso, observada a preocupação de se utilizarem as palavras estritamente necessárias: tudo que puder ser transmitido em uma frase não deve ser dito em duas; • Evitar o registro de dados irrelevantes, que não agreguem valor à construção da argumentação do parecer. O texto deve ir direto ao que interessa, sem rodeios ou redundâncias, livre de adjetivos e advérbios inúteis (juízos de valor!); • A linguagem técnica (típica de um parecer) deve ser articulada de modo a ensejar perfeita compreensão do conteúdo da comunicação. Para tanto, é importante que as ideias sejam ordenadas e interligadas de modo claro, lógico e harmônico. Períodos em sequência devem ser iniciados com estruturas diversas, umas em relação às outras: isso significa que os períodos e parágrafos não se REDAÇÃO DE PARECER ANALISTA LEGISLATIVO – ATRIBUIÇÃO TÉCNICO EM MATERIAL E PATRIMÔNIO (CÂMARA DOS DEPUTADOS) PROFESSOR RENATO FENILI 4 Prof. Renato Fenili www.pontodosconcursos.com.br ATRIBUTOS BÁSICOS DOS TEXTOS OFICIAIS (EM ESPECIAL DE PARECERES) Atributo Descrição iniciam com as mesmas palavras ou com estruturas semelhantes. A simplicidade do texto não deve servir de pretexto para, por exemplo, a repetição de formas e frases desgastadas e a pobreza vocabular. • É indispensável que as construções frasais tenham coerência e coesão. Para isso, devem ser empregados, correta e convenientemente, os conectivos de transição (conjunções, preposições etc.). O Manual de Redação da Câmara dos Deputados nos traz, ainda, exemplos que ferem alguns dos atributos listados acima. O defeito salientado, o exemplo inadequado e a decorrente redação apropriada são apresentados no quadro abaixo: Defeito Trecho Inadequado Comentários Redação Apropriada Períodos muito longos O Sistema Único de Saúde (SUS) poderá ser obrigado a oferecer tratamento integral para prevenir e tratar obesidade, conforme projeto de lei dispondo sobre essa exigência, apresentado nessa semana à Mesa da Câmara, que decidiu examiná-lo imediatamente às comissões técnicas para exame em caráter de urgência da matéria, já que ela foi considerada de relevante interesse social. Período muito longo, repleto de vírgulas, prejudicando a clareza e a compreensão do trecho. O Sistema Único de Saúde (SUS) poderá ser obrigado a oferecer atendimento integral para prevenção e tratamento de obesidade. A exigência está prevista em projeto de lei apresentado nesta semana à Mesa, que o encaminhou imediatamente às comissões técnicas para exame em caráter de urgência, dado o relevante interesse social da matéria. Ambiguidade O Relator disse ao Deputado que ele está liberado para defender a matéria. O pronome pessoal “ele” pode estar fazendo referência tanto ao “Relator” quanto ao • Liberado para defender a matéria, o Relator comunicou o fato ao Deputado (o Relator irá defender a matéria); ou • O Relator liberou o REDAÇÃO DE PARECER ANALISTA LEGISLATIVO – ATRIBUIÇÃO TÉCNICO EM MATERIAL E PATRIMÔNIO (CÂMARA DOS DEPUTADOS) PROFESSOR RENATO FENILI 5 Prof. Renato Fenili www.pontodosconcursos.com.br Defeito Trecho Inadequado Comentários Redação Apropriada “Deputado”. Deputado para defender a matéria (o deputado, neste caso, irá defender a matéria). Texto Prolixo; excesso de juízos de valor; pessoalidade O assassínio do Presidente Kennedy, naquela triste tarde de novembro, quando percorria a cidade de Dallas, aclamado por uma numerosa decisão, cercado pela simpatia do povo do grande Estado do Texas, terra natal, aliás, do seu sucessor, o Presidente Johnson, chocou a humanidade inteira não só pelo impacto emocional provocado pelo sacrifício do jovem estadista americano, tão cedo roubado à vida, mas também por uma espécie de sentimentode culpa coletiva, que nos fazia, por assim dizer, como que responsáveis por esse crime estúpido, que a História, sem dúvida, gravará como o mais abominável do século. O texto é prolixo1, sendo repleto de juízos de valor (“triste”, “grande Estado”, “estúpido”, etc.). Ainda, a sentença grifada não agrega nenhum valor ao texto e deve ser suprimida. Denota-se, ainda, a pessoalidade no texto (“nos fazia [...] como que responsáveis”). O assassínio do Presidente Kennedy chocou a humanidade inteira, não só pelo impacto emocional, mas também por um sentimento de culpa coletiva que a História gravará comoo mais abominável do século. De modo geral, devemos ter em mente que a redação oficial é elaborada sempre em nome da Administração Pública, visando à instrução ou à execução relacionada a um ato administrativo. Assim, o texto oficial há de ser objetivo, bem estruturado e impessoal. Não há de se falar, por exemplo, em figuras de linguagem, em efeitos linguísticos, em excessos de juízo de valor. Norteados pelos atributos apresentados, ingressaremos a seguir em nosso principal objeto de estudo:a redação de parecer. 1 Diz-se que um texto é prolixo quando lhe falta objetividade: escreve-se muito, mas, na realidade, poucas são as informações efetivamente relevantes. ANALISTA LEGISLATIVO Prof. Renato Fenili II. Parecer: conceito e estrutura lógica Dois são os conceitos de encontro daquilo que será exigido pelo CESPE na realização da prova. Primeiramente, segue a definição oferecida por Hely Lopes Meirelles: Pareceres administrativos assuntos submetidos à sua consider Em seguida, apresentamos a definição com fundamento no que consta do Manual de Redação da Câmara dos Deputados: Parecer administrativo administrativo, sobre tema que lhe haja sido submetido para análise e competente pronunciamento. Visa a fornecer subsídios para a tomada de decisão. Note que o parecer administrativo nada mais é do que uma opini emitida por um órgão técnico (logicamente, com base em normas legais e em jurisprudência, e nunca no senso comum). Mas, sendo uma opinião, não vincula a Administração às eventuais recomendações dele constantes. Após a confecção do parecer, este é sub competente para que haja efetivamente uma decisão: acatar ou não o parecer. Somente no caso de haver a aprovação do parecer recomendações deverão ser atendidas. Tal dinâmica é representada no esquema abaixo: Muito provavelmente, na prova, o CESPE irá expor uma situação problema a ser avaliada por uma Analista do Departamento de Material e Situação- problema REDAÇÃO DE PARECER ANALISTA LEGISLATIVO – ATRIBUIÇÃO TÉCNICO EM MATERIAL E PATRIMÔNIO (CÂMARA DOS DEPUTADOS) PROFESSOR RENATO FENILI www.pontodosconcursos.com.br II. Parecer: conceito e estrutura lógica Dois são os conceitos de parecer administrativo encontro daquilo que será exigido pelo CESPE na realização da prova. Primeiramente, segue a definição oferecida por Hely Lopes Meirelles: Pareceres administrativos são manifestações de órgãos técnicos sobre assuntos submetidos à sua consideração. Em seguida, apresentamos a definição com fundamento no que consta do Manual de Redação da Câmara dos Deputados: Parecer administrativoé a opinião fundamentada, emitida por órgão administrativo, sobre tema que lhe haja sido submetido para análise e competente pronunciamento. Visa a fornecer subsídios para a tomada de Note que o parecer administrativo nada mais é do que uma opini emitida por um órgão técnico (logicamente, com base em normas legais e em jurisprudência, e nunca no senso comum). Mas, sendo uma opinião, não vincula a Administração às eventuais recomendações dele constantes. Após a confecção do parecer, este é submetido à autoridade competente para que haja efetivamente uma decisão: acatar ou não o no caso de haver a aprovação do parecer recomendações deverão ser atendidas. Tal dinâmica é representada no esquema abaixo: o provavelmente, na prova, o CESPE irá expor uma situação problema a ser avaliada por uma Analista do Departamento de Material e Elaboração de parecer ATRIBUIÇÃO TÉCNICO EM MATERIAL E PATRIMÔNIO 6 parecer administrativo que vêm ao encontro daquilo que será exigido pelo CESPE na realização da prova. Primeiramente, segue a definição oferecida por Hely Lopes Meirelles: são manifestações de órgãos técnicos sobre Em seguida, apresentamos a definição com fundamento no que consta a opinião fundamentada, emitida por órgão administrativo, sobre tema que lhe haja sido submetido para análise e competente pronunciamento. Visa a fornecer subsídios para a tomada de Note que o parecer administrativo nada mais é do que uma opinião emitida por um órgão técnico (logicamente, com base em normas legais e em jurisprudência, e nunca no senso comum). Mas, sendo uma opinião, não vincula a Administração às eventuais recomendações dele constantes. metido à autoridade competente para que haja efetivamente uma decisão: acatar ou não o no caso de haver a aprovação do parecer é que suas o provavelmente, na prova, o CESPE irá expor uma situação- problema a ser avaliada por uma Analista do Departamento de Material e Decisão superior (acata ou não o parecer) REDAÇÃO DE PARECER ANALISTA LEGISLATIVO – ATRIBUIÇÃO TÉCNICO EM MATERIAL E PATRIMÔNIO (CÂMARA DOS DEPUTADOS) PROFESSOR RENATO FENILI 7 Prof. Renato Fenili www.pontodosconcursos.com.br Patrimônio de um órgão público. O resultado final deverá ser uma “opinião fundamentada”, que servirá de base para a tomada de decisão subsequente. Com esse entendimento, podemos listar os atributos inerentes a um bom parecer: • avaliar as linhas de ação possíveis para determinada situação- problema, fundamentando em normativos legais as opções recomendadas; • manter um tom de neutralidade, evitando juízos de valor (afinal, trata- se de um texto eminentemente técnico!); • concatenar os argumentos empregados, dispondo-os racionalmente dentro da estrutura do parecer. Há 4 (quatro) elementos que compõem a estrutura de um parecer. São eles: 1. Ementa = tem o objetivo de prover uma ideia geral daquilo que é abordado no parecer. Seria semelhante ao assunto (lembrando-se que “assunto” é um termo usualmente voltado a relatórios). De modo geral, a ementa é expressa por frases curtas (apesar de isso não ser obrigatório), podendo ser precedida da palavra “Ementa” ou não. Seguem alguns exemplos: • Ementa: Direito Administrativo. Pregão Eletrônico para Registro de Preços. Aquisição de materiais de informática mediante SRP. Recomendação. Fundamento legal: Lei nº 10.520/2002, Decretos nº 5.450/2005 e 3.931/2001. • Ementa: Imóvel de propriedade da União. Pagamento de taxa de condomínio. Não incidência da Lei nº 8.666/1993. • Ementa: Fase interna de licitação. Instrução de processo administrativo. Complementação de termo de referência. Fundamento legal: Decreto nº 5.450/2005. 2. Relatório (ou histórico) = exposição da situação-problema, sem analisá-la. No caso da prova, será quase que copiar a situação descrita no REDAÇÃO DE PARECER ANALISTA LEGISLATIVO – ATRIBUIÇÃO TÉCNICO EM MATERIAL E PATRIMÔNIO (CÂMARA DOS DEPUTADOS) PROFESSOR RENATO FENILI 8 Prof. Renato Fenili www.pontodosconcursos.com.br enunciado da questão, apenas adaptando a sua redação. O relatório apenas descreve a situação que será analisada na próxima etapa. 3. Parecer= apesar de toda a peça (composta pelos quatro elementos mencionados) denominar-se parecer, um de seus elementos internos também recebe este nome. Trata-se do núcleo central do parecer, onde os argumentos de análise devem ser construídos da forma mais racional possível. É a parte mais longa da peça, respondendo por 65-75% da composição geral do texto. Neste elemento, há de constar todo o normativo legale a jurisprudência que deem fundamento à análise. 4. Conclusão = é um apanhado das recomendações suscitadas no elemento anterior. Não há de se expor nada inédito na conclusão, mas tão somente sintetizar sua argumentação nos pontos mais relevantes. O Manual de Redação da Câmara dos Deputados apresenta um exemplo do esquema geral de um parecer, que comentamos a seguir: Ementa: A ementa apresentada neste exemplo (“Revisão de Pensão”) está mais para “assunto” do que para ementa. De qualquer forma, serve para dar uma ideia do que será abordado no parecer, e, visto que esta ilustração consta do Manual de Redação da Câmara dos deputados, a adoção de uma ementa simplificada passa a ser opção na realização da prova discursiva. Relatório: 90% dos relatórios são iniciados com os verbos “trata” ou “cuida”, muitas vezes com sua variação pronominal (“trata-se” ou “cuida-se”). Note que no fechamento do relatório emprega- se a sentença-padrão “É o relatório”. REDAÇÃO DE PARECER ANALISTA LEGISLATIVO – ATRIBUIÇÃO TÉCNICO EM MATERIAL E PATRIMÔNIO (CÂMARA DOS DEPUTADOS) PROFESSOR RENATO FENILI 9 Prof. Renato Fenili www.pontodosconcursos.com.br Parecer: É o corpo principal do texto, onde o autor tem “liberdade” de construção de seus argumentos. Um dos aspectos principais nesse elemento é o uso de expressões conectivas entre as ideias expostas nos parágrafos. Note que as expressões “Nesse particular” e “Em reforço a essa tese” promovem uma concatenação entre as ideias, contribuindo para o entendimento e para a coerência da peça. Conclusão: recomendo que a conclusão seja iniciada om uma expressão similar à do exemplo ao lado: “diante de todo o exposto”,“ante o exposto”, “com base no exposto anteriormente” etc. REDAÇÃO DE PARECER ANALISTA LEGISLATIVO – ATRIBUIÇÃO TÉCNICO EM MATERIAL E PATRIMÔNIO (CÂMARA DOS DEPUTADOS) PROFESSOR RENATO FENILI 10 Prof. Renato Fenili www.pontodosconcursos.com.br No final do texto, é usual o emprego da expressão “É o parecer”. Ainda, o parecer é datado e assinado. Logicamente, na prova, não se deve assinar o parecer com a sua assinatura pessoal, já que é vedada a identificação do candidato. Em geral, o enunciado dará um nome “genérico” ao analista responsável pela confecção do parecer. Recomendo escrever, por extenso (sem assinaturas estilizadas), o nome do analista mencionado no enunciado, ok? III. Aspectos de pontuação, morfológicos e sintáticos relevantes A seguir farei rápida alusão aos aspectos que considero faltas graves ou apenas pontos de atenção na redação de um parecer. • O emprego da vírgula = a ordem direta de uma oração é sujeito + verbo + complemento verbal + adjuntos adverbiais. Sempre que tal ordem for corrompida, sugere-se o emprego da vírgula. Ainda, jamais separe sujeito e predicado por vírgula! • Desculpe, mas mesmo (ou mesma) não é pronome pessoal = isso pode ser um choque para muitas pessoas, mas construções do tipo:“antes de ligar o carro, verifique se o mesmo está com o nível de óleo satisfatório” não estão de acordo com a norma culta. Sei que há uma preocupação em não repetirmos excessivamente os termos em nossa escrita. No entanto, dê preferência aos pronomes demonstrativos “este” e variações. Assim, seria mais adequado dizermos “antes de ligar o carro, verifique se (este) está com o nível de óleo satisfatório”. ANALISTA LEGISLATIVO Prof. Renato Fenili • O “Jurisdiquês” na redação de um parecer. O estilo de escrita é aqui chamado de “Jurisdiquês”, simplesmente pelo fato de que emprega expressões peculiares, raramente vistas em outras formas de escrita. São termos mais “rebuscados”, que podem soar absolutamente estranhos em um primeiro momento. “Com fulcro”, “é cediço”, “malgrado”....e por aí vai. No entanto, devemos ser introduzidos ao “Jurisdiquês”, ao mesmo tempo em que o cuidado com o emprego em excesso de termos pouco usuais deve ser uma constante. Como sempre, o bom senso é uma linha válida de ação. O quadro abaixo nos traz uma síntese de expressões recorrentes típicas da linguagem jurídica, para uso (com cautela) na confecção de seu parecer: Nível de “rebuscamento” REDAÇÃO DE PARECER ANALISTA LEGISLATIVO – ATRIBUIÇÃO TÉCNICO EM MATERIAL E PATRIMÔNIO (CÂMARA DOS DEPUTADOS) PROFESSOR RENATO FENILI www.pontodosconcursos.com.br O “Jurisdiquês” = há uma tradição cultural na linguagem empregada na redação de um parecer. O estilo de escrita é aqui chamado de “Jurisdiquês”, simplesmente pelo fato de que emprega expressões peculiares, raramente vistas em outras formas de escrita. São termos buscados”, que podem soar absolutamente estranhos em um primeiro momento. “Com fulcro”, “é cediço”, “malgrado”....e por aí vai. No entanto, devemos ser introduzidos ao “Jurisdiquês”, ao mesmo tempo em que o cuidado com o emprego em excesso de termos pouco deve ser uma constante. Como sempre, o bom senso é uma linha válida de ação. O quadro abaixo nos traz uma síntese de expressões recorrentes típicas da linguagem jurídica, para uso (com cautela) na confecção de Expressão Com fulcro Com espeque Com esteio (ou “esteado em”) Com fundamento Com base Malgrado o Em que pese o Embora Apesar de ATRIBUIÇÃO TÉCNICO EM MATERIAL E PATRIMÔNIO 11 = há uma tradição cultural na linguagem empregada na redação de um parecer. O estilo de escrita é aqui chamado de “Jurisdiquês”, simplesmente pelo fato de que emprega expressões peculiares, raramente vistas em outras formas de escrita. São termos O quadro abaixo nos traz uma síntese de expressões recorrentes típicas da linguagem jurídica, para uso (com cautela) na confecção de Comentário Particularmente, gosto da expressão “com esteio”. Talvez o uso das expressões “com fulcro” e “com espeque” podem soar muito rebuscadas. Evite o uso do “apesar de”. “Em que pese” é de uso muito recorrente na linguagem jurídica. REDAÇÃO DE PARECER ANALISTA LEGISLATIVO – ATRIBUIÇÃO TÉCNICO EM MATERIAL E PATRIMÔNIO (CÂMARA DOS DEPUTADOS) PROFESSOR RENATO FENILI 12 Prof. Renato Fenili www.pontodosconcursos.com.br Nível de “rebuscamento” Expressão Comentário É cediço É de conhecimento geral Jamais use a expressão “é de conhecimento geral”. Já o “é cediço” pode ser empregado. Fique à vontade de empregar estas (e outras) expressões nos pareceres propostos neste curso. Darei todo o feedback necessário caso o uso esteja inadequado, ok? IV. A avaliação do parecer Nunca é demais recorrermos ao edital, a fim de analisarmos os critérios de avaliação do parecer, pelo CESPE. Vejamos o que consta do subitem 9.3.2: a)a apresentação e a estrutura textuais e o desenvolvimento do tema totalizarão a nota relativa ao domínio do conteúdo (NC), cuja pontuação máxima será limitada ao valor de 170,00 pontos; b)a avaliação do domínio da modalidade escrita totalizará o número de erros (NE) do candidato, considerando-se aspectos tais como: grafia/acentuação, pontuação/morfossintaxe, propriedade vocabular; c) será computado o número total de linhas (TL) efetivamente escritas pelo candidato; d) será desconsiderado, para efeito de avaliação, qualquer fragmento de texto que for escrito fora do local apropriado e/ou que ultrapassar a extensão máxima estabelecida no caderno de provas; e) será calculada, então, para cada candidato, a nota na prova discursiva (NPD), como sendo igual a NC menos duas vezes o resultado do quociente NE/TL. Assim, a nota da prova discursiva (NPD) é dada pela seguinte fórmula: REDAÇÃO DE PARECER ANALISTA LEGISLATIVO – ATRIBUIÇÃO TÉCNICO EM MATERIAL E PATRIMÔNIO (CÂMARA DOS DEPUTADOS) PROFESSOR RENATO FENILI 13 Prof. Renato Fenili www.pontodosconcursos.com.br ��� � �� � 2 � � � Onde: NC = nota de conteúdo(máximo de 170 pontos) NE = número de erros TL = total de linhas Algumas considerações podem ser extraídas da fórmula acima: • o principal, na redação do parecer, é o domínio do conteúdo. Logicamente, uma redação confusa, pouco coerente, poderá prejudicar o ato de comunicação do conteúdo ao examinador; • quanto maior o número de linhas (TL), menor a ponderação atribuída ao número de erros. Logicamente, quanto maior o texto, maior a probabilidade de se cometerem erros. Pessoalmente, entendo que uma boa redação terá até um erro a cada 30 linhas (a dimensão de uma prova discursiva normal). Assim, limite-se a 4 erros, caso opte pela redação das 120 linhas (o que recomendo). • caso o conteúdo por você escrito, à princípio, não ocupar as 120 linhas (90 linhas, por exemplo), faça uma letra maior e mais espaçada. Isso garantirá um TL maior, e seus erros terão menos peso. Logicamente, tome muito cuidado para não ultrapassas as 120 linhas! REDAÇÃO DE PARECER ANALISTA LEGISLATIVO – ATRIBUIÇÃO TÉCNICO EM MATERIAL E PATRIMÔNIO (CÂMARA DOS DEPUTADOS) PROFESSOR RENATO FENILI 14 Prof. Renato Fenili www.pontodosconcursos.com.br PROVA DISCURSIVA DO CONCURSO DE 2007 (FCC) O Centro de Informática (CI), no sentido de modernizar o parque computacional, solicita ao Departamento de Material e Patrimônio (DMP) parecer administrativo acerca de como deverá proceder para fins de aquisição de novos computadores, tendo em vista a necessidade de substituição de equipamentos antigos e obsoletos. Estima-se um valor máximo de R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais) para essas aquisições, podendo-se fracionar as entregas em dois lotes mensais, pois a implantação será feita em duas etapas. Os computadores, para fins de padronização, devem ser da marca “Data+”, modelo “Speedstart”, que inclui o processador “fastfastfast”, considerando a grande capacidade técnica de processamento. Também deverá ser contratada empresa para a implantação da expansão da rede de comunicação de dados, física e lógica, envolvendo a instalação de cabeamento e cabos já disponíveis na organização. Estima-se um valor máximo de R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais) para essa contratação. O CI questiona, portanto, como tal contratação deverá ocorrer e qual o regime mais adequado para tanto, uma vez que o preço deverá ser certo e total. Considerando a necessidade do início do remanejamento de forma célere, solicita que sejam informados os prazos que deverão ser respeitados, tanto para a aquisição dos bens quanto para a contratação da empresa. O Analista Legislativo – Técnico em Material e Patrimônio, Sr. TTR Silva, foi designado para elaborar o parecer. REDAÇÃO DE PARECER ANALISTA LEGISLATIVO – ATRIBUIÇÃO TÉCNICO EM MATERIAL E PATRIMÔNIO (CÂMARA DOS DEPUTADOS) PROFESSOR RENATO FENILI 15 Prof. Renato Fenili www.pontodosconcursos.com.br Com base nos dados acima expostos, pede-se elaborar um parecer administrativo, orientando quanto ao processo a ser cumprido, o qual deve envolver detalhadamente: • as ações contidas na Regra Geral e Específica; • a modalidade de licitação a ser utilizada para a aquisição dos bens, com elucidações sobre a questão das marcas dos produtos e o processo de padronização e de homologação dos bens; • elucidações a respeito da questão da contratação da empresa para execução dos serviços de implantação da expansão da rede mencionada no “case”, indicando o tipo e a modalidade da licitação para este caso, as condicionantes para a realização da licitação a serem observadas e explicitando sobre as diferentes etapas exigidas, com o detalhamento de cada uma delas, bem como esclarecendo sobre as condições exigidas para o procedimento da licitação e as formas possíveis para a execução do serviço; • os prazos estabelecidos para o recebimento das propostas, assim como a quem compete a aprovação dos instrumentos contratuais. Deverão ser citados os dispositivos legais nos quais se baseiam as explicitações contidas no parecer, ou seja, o conjunto de legislação que disciplina o assunto. O parecer administrativo deverá conter a ementa; o histórico ou relatório; o parecer e a conclusão. Preliminarmente, vejamos a análise da questão proposta: O PROBLEMA DA FALTA DE INFORMAÇÕES Talvez a maior dificuldade no desenvolvimento de um parecer a partir de uma situação exposta tão brevemente em um enunciado seja a escassez de informações. Em uma situação “real”, as informações relativas à demanda do Centro de Informática estariam todas registradas em um processo, que serviria de REDAÇÃO DE PARECER ANALISTA LEGISLATIVO – ATRIBUIÇÃO TÉCNICO EM MATERIAL E PATRIMÔNIO (CÂMARA DOS DEPUTADOS) PROFESSOR RENATO FENILI 16 Prof. Renato Fenili www.pontodosconcursos.com.br fonte de consulta ao Analista. No caso de dúvidas, ou de informações incompletas, bastaria que o Sr. TTR Silva pegasse o seu telefone e ligasse a quem de direito para que as eventuais dúvidas fossem esclarecidas. Bom, na hora da prova certamente devemos fazer o melhor com as informações que a banca nos apresentar. Assim, não tenha receio caso você vislumbre mais de uma linha de ação a ser recomendada em seu parecer. O que não pode faltar – NUNCA! – é uma boa argumentação que dê o respaldo necessário a seu raciocínio. VEJO DUAS LINHAS DE AÇÃO POSSÍVEIS. E AGORA? Não raramente você poderá vislumbrar duas linhas de ação possíveis advindas de uma situação problema. O essencial, uma vez adotada uma delas, é que você exponha os argumentos que deem fundamento à sua opção. Darei um exemplo. Vemos, no enunciado, que há um serviço de expansão da rede de dados. Bom, não há muitos esclarecimentos sobre esse serviço. Trata-se eminentemente de um serviço de instalação de cabos? Ou há também a necessidade de desenvolvimento de um projeto por parte da empresa contratada? A variação nas respostas a essas questões certamente irá implicar a escolha de modalidades de licitação diferentes. Caso o serviço seja simples (apenas a instalação de cabos), estaríamos lidando com um serviço dito comum, e o pregão seria aplicável. Caso contrário, dado o montante envolvido, poderíamos optar pela condução de um convite e, somente neste caso, deveríamos elaborar projetos básico e executivo. De toda maneira, é fundamental, para o desenvolvimento do parecer proposto, que se tenha um conhecimento sólido sobre licitações – em especial a Lei nº 8.666/1993 (Lei de Licitações e Contratos), a Lei nº 10.520/2002 (Lei do Pregão) e o Decreto nº 5.450/2005 (Decreto que regulamenta o pregão, na forma eletrônica). Sem uma boa noção sobre estas normas, é quase impossível a execução da tarefa proposta – e lembre- se que a Nota de Conteúdo (NC) é, em suma, o que vale no parecer. REDAÇÃO DE PARECER ANALISTA LEGISLATIVO – ATRIBUIÇÃO TÉCNICO EM MATERIAL E PATRIMÔNIO (CÂMARA DOS DEPUTADOS) PROFESSOR RENATO FENILI 17 Prof. Renato Fenili www.pontodosconcursos.com.br AFINAL, ESTAMOS FALANDO DE UM ÓRGÃO DO PODER LEGISLATIVO? A única dica de que o enunciado nos dá no sentido de que estamos tratando de um órgão do Pode Legislativo é que o “Sr TTR” é um Analista Legislativo. Isso pode fazer diferença na construção da argumentação, já que os Decretos da Presidência da República (por exemplo, o Decreto nº 5.450/2005) só são aplicáveis, obrigatoriamente, ao Poder Executivo. A seguir, registro uma proposta de resolução do parecer. Como o texto é objeto que reserva algo de pessoal, trata-se apenas de um exemplo, a ser analisado por você. Ainda, proponho, a título de exercício, que você reescreva este parecer, propondo o Convite como modalidade de licitação para a contratação dos serviços. REDAÇÃO DE PARECER ANALISTA LEGISLATIVO – ATRIBUIÇÃO TÉCNICO EM MATERIAL E PATRIMÔNIO (CÂMARA DOS DEPUTADOS) PROFESSOR RENATO FENILI18 Prof. Renato Fenili www.pontodosconcursos.com.br Ementa: Renovação do parque computacional e expansão da rede de comunicação de dados. Obrigatoriedade de licitação. Complementação de instrução processual. Fundamento legal: Leis nº 8.666/1993 e 10.520/2002 e Decreto nº 5.450/2005. I – Relatório Trata-se de pleito do Centro de Informática, com vistas à aquisição de novos computadores, bem como à expansão da rede de comunicação de dados, justificado ante a necessidade de modernização do parque computacional da Casa. O valor estimado para a aquisição dos computadores é de R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais), podendo-se parcelar as entregas em dois lotes mensais, dado que implantação será feita em duas etapas. Com relação a este objeto, aquele Centro indica a marca “Data+”, modelo “Speedstart”, o que é fundamentadofrente à significativa capacidade técnica de seu processador, bem como à busca pela padronização. Já no que se refere à implantação da expansão da rede de comunicação de dados, o Centro de Informática esclarece que tal serviço implica a instalação de cabeamento e cabos já disponíveis na organização. Analogamente ao aplicado ao objeto supracitado, a despesa estimada perfaz R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais). Atinente aos objetos em pauta, o Centro de Informática encaminha a este Departamento questionamentos acerca de boas práticas administrativas de condução processual, bem como de prazos a serem respeitados, dada a preocupação com a celeridade do atendimento ao ora solicitado. É o relatório. II – Parecer É cediço que a regra geral aplicável às aquisições e contratações protagonizadas pela Administração Pública exige que sejam precedidas por licitação, consoante estatuído na Lei nº 8.666/1993 – Lei de Licitações e Contratos. Tal procedimento administrativo formal tem por intuito a garantia da observância do princípio constitucional da isonomia, conferindo aos licitantes oportunidades equânimes de contratar com a esfera pública, ao REDAÇÃO DE PARECER ANALISTA LEGISLATIVO – ATRIBUIÇÃO TÉCNICO EM MATERIAL E PATRIMÔNIO (CÂMARA DOS DEPUTADOS) PROFESSOR RENATO FENILI 19 Prof. Renato Fenili www.pontodosconcursos.com.br passo que o cenário de competitividade criadoamplia as chances de seleção da proposta mais vantajosa para a Administração. As exceções à regra geral são as aludidas nos arts. 24 e 25 da Lei de Licitações e Contratos, referentes às situações em que licitar não é necessário, ou é simplesmente inviável, em especial devido à inviabilidade de competição no mercado. A situação em tela, salvo melhor juízo, não constitui hipótese de exceção à licitação. Ademais, ambos os objetos pleiteados – aquisição de computadores e serviço de implantação da expansão de rede de dados (sendo este entendido como um serviço não complexo, eminentemente voltado à instalação de cabeamento), por deterem padrões de desempenho e de qualidade passíveis de serem objetivamente definidos em um instrumento convocatório, por meio de especificações usuais de mercado, são passíveis de serem considerados comuns, na concepção apresentada pela Lei nº 10.520/2002. Uma vez categorizados os objetos como comuns, há de se observar o preconizado no art. 4º do Decreto 5.450/20052, restando o pregão (tipo menor preço) como opção vinculada de modalidade licitatória, sendo, ainda, preferencial a adoção de sua forma eletrônica. Deve-se considerar, contudo, que, em decorrência do Princípio da Separação dos Poderes, o referido decreto é de aplicação mandatória tão somente na esfera do Poder Executivo Federal. Não obstante, a práxis administrativa dos outros Poderes mostra recepção do dispositivo citado, havendo, pois, uma compulsoriedade relativa na adoção do pregão para bens e serviços comuns. No que concerne à aquisição dos computadores, o Centro de Informática procede à indicação de marca e modelo, sob o pretexto de consecução de padronização, além da significativa capacidade técnica de seu processador. Nesse escopo, é mister registrar que a Lei nº 8.666/93 orienta no sentido de as compras públicas atenderem ao princípio da padronização, suscitando a compatibilidade de especificações técnicas e de desempenho dos itens de material. Em contrapartida, não há de se confundir a padronização com a indicação de marca. A Lei de Licitações e Contratos, à priori, veda a preferência a determinada marca, visando, assim, a salvaguardar o princípio de igualdade entre os fornecedores. Vale a ressalva de que a indicação de marca é 2 Art. 4o Nas licitações para aquisição de bens e serviços comuns será obrigatória a modalidade pregão, sendo preferencial a utilização da sua forma eletrônica. REDAÇÃO DE PARECER ANALISTA LEGISLATIVO – ATRIBUIÇÃO TÉCNICO EM MATERIAL E PATRIMÔNIO (CÂMARA DOS DEPUTADOS) PROFESSOR RENATO FENILI 20 Prof. Renato Fenili www.pontodosconcursos.com.br permitida tanto como parâmetro de qualidade a fim de facilitar a descrição do objeto a ser licitado (ocasião em que deve ser seguida de expressões análogas a “ou similar”, “ou equivalente” etc.), quanto quando tecnicamente justificável. Com base no encaminhamento realizado pelo Centro de Informática, identifica-se a necessidade de robustecer a justificativa técnica para a indicação de marca, tendo em vista que uma grande capacidade técnica de processamento só pode ser aferida ante um cotejamento com as especificações de outras marcas e modelos disponíveis no mercado. Ademais, faz-se necessário, nesse sentido, complementar a justificativa da necessidade de aquisição, arrolando os motivos que tornam a capacidade de processamento dos computadores pleiteados a mais adequada à rotina operacional da organização, em consonância com jurisprudência reiterada pelo Tribunal de Contas da União. No que tange à contratação de empresa para a execução dos serviços de expansão da rede de dados, dado que o preço a ser pago deverá ser certo e total, o regime de execução aplicável é o de empreitada por preço global.Considerando-se a opção do Centro de Informática pela forma de execução indireta, aquele órgão deverá definir um prazo para a execução dos serviços, de modo a possibilitar a fiscalização do contrato decorrente, bem como o controle da liquidação da despesa. Impende registrar que, sendo ambos os objetos típicos do setor de informática, vale o direito de preferência insculpido na Lei nº 8.248/1991, ou seja, sendo verificado o empate entre propostas comerciais, a Administração dará preferência à licitante que tenha os seus bens e serviços como frutos de tecnologia desenvolvida no Brasil. Para ambos os objetos em análise, durante a instrução processual inerente à fase interna da licitação, deverá ser elaborado termo de referência3, conforme normatizado pelo Decreto nº 5.450/2005. Outrossim, ainda com esteio nesta norma, as planilhas estimativas de despesa, bem como a previsão de recursos orçamentários para sua realização e indicação das respectivas rubricas deverão constar da instrução. Após a elaboração das minutas dos editais e dos contratos, tais documentos deverão ser analisados e aprovados pelos órgãos jurídicos de assessoramento da unidade responsável pela licitação, conforme consignado na Lei nº 8.666/93. A publicação do instrumento convocatório deverá ser 3 Na Câmara dos Deputados, a exigência de inclusão de Termo de Referência dá-se pela Portaria-DG nº 117/2009. REDAÇÃO DE PARECER ANALISTA LEGISLATIVO – ATRIBUIÇÃO TÉCNICO EM MATERIAL E PATRIMÔNIO (CÂMARA DOS DEPUTADOS) PROFESSOR RENATO FENILI 21 Prof. Renato Fenili www.pontodosconcursos.com.br efetuada em diário oficial, além de ser facultada a veiculação do aviso de licitação em meios eletrônicos e em jornais de grande circulação. O prazo de apresentação das propostas,assim regulamentado pela Lei nº 10.520/2002, não deverá ser inferior a 8 (oito) dias úteis. III - Conclusão Ante o exposto, entende-se ser mandatória a observância de procedimento licitatório no que se aplica aos objetos pleiteados pelo Centro de Informática, seguindo-se, ainda a modalidade pregão, com preferência em sua forma eletrônica. Há de se sanear a instrução processual com uma justificativa técnica robusta a ponto de amparar a proposição de indicação de marca, no que concerne à aquisição de computadores. Na hipótese da composição de tal justificativa não ser exequível, a marca identificada pelo Centro de Informática não poderá compor mais do que parâmetro de qualidade na especificação do objeto. Por derradeiro, aquele Centro, ainda, deve definir o prazo de execução do serviço de expansão da rede de dados, informação essencial a contar do instrumento convocatório. É o parecer. Bom, ficaremos por aqui nesta primeira aula. Na próxima semana, serão propostos os primeiros temas. Espero uma participação ativa no fórum. Forte abraço e bons estudos!
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