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1 MÓDULO: SAÚDE MENTAL ANA CAROLINA CAIRES TRANSTORNOS DE ANSIEDADE ANSIEDADE É uma sensação subjetiva, um sentimento vago, difuso e desagradável. É ALGO NORMAL, até benéfico!! Mas quando essa ansiedade é muito duradoura ou começa a trazer prejuízos torna-se uma ansiedade exagerada ou, até mesmo, um transtorno de ansiedade. O que diferencia ansiedade fisiológica da patológica é a intensidade dos sintomas, tempo e grau de prejuízo ou sofrimento. ANSIEDADE X MEDO ANSIEDADE é a antecipação de ameaça futura, é uma resposta insidiosa e adaptativa a uma ameaça desconhecida, interna, vaga ou conflituosa. Já o MEDO é a resposta emocional a ameaça iminente real ou percebida. Obviamente, esses dois estados se sobrepõem, mas também se diferenciam, com o medo sendo com mais frequência associado a períodos de excitabilidade autonômica aumentada, necessária para luta ou fuga, pensamentos de perigo imediato e comportamentos de fuga, e a ansiedade sendo mais frequentemente associada a tensão muscular e vigilância em preparação para perigo futuro e comportamentos de cautela ou esquiva. EX: quando você está num avião e passa por uma turbulência, você tem muito medo e começa a sentir tensão, taquicardia ... mas aí você chega no local esperado, vai curtir as férias e tudo ok ... no retorno da viagem, pega o taxi e vai para o aeroporto, chegando lá começa a pensar “e se o avião tremer novamente? e se a turbulência for mais grave e o avião cair?” ... a primeira situação é o MEDO e a segunda é a ANSIEDADE (a previsão, o pensamento futuro). TRANSTORNOS DE ANSIEDADE Segundo o DSM 5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5º edição), os transtornos obssessivo- compulsivo e relacionados entram em outro capítulo fora dos transtornos de ansiedade. Os transtornos de ansiedade diferem entre si nos tipos de objetos ou situações que induzem medo, ansiedade ou comportamento de esquiva e na ideação cognitiva associada. FISIOPATOLOGIA Os neurônios hipotalâmicos que secretam o hormônio liberador de corticotrofina são regulados pela amígdala e pelo hipocampo. Quando o núcleo central da amígdala é ativado, interfere no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e a resposta ao estresse é emitida, sendo que a ativação inapropriada tem sido relacionada com os transtornos de ansiedade. O hipocampo contém receptores para glicocorticoides que são ativados pelo cortisol, e com altos níveis de cortisol circulante, participa da regulação por retroalimentação do eixo hipotálamo-hipófise- adrenal, inibindo a liberação de corticotrofina e consequentemente de do hormônio adrenocorticotrófico e cortisol. A exposição contínua ao cortisol, em períodos de estresse crônico, pode levar à disfunção e à morte dos neurônios hipocampais. Assim, o hipocampo começará a apresentar falhas em sua capacidade de controlar a liberação dos hormônios do estresse e de realizar suas funções de rotina. O estresse também influencia a aptidão de induzir a potenciação de longo prazo no hipocampo, o que provavelmente explica o porquê da falha de memória. EIXO HIPOTALÂMICO-HIPOFISÁRIO-SUPRARRENAL: Evidências consistentes indicam que muitas formas de estresse psicológico aumentam a síntese e a liberação de cortisol. O cortisol serve para mobilizar e reabastecer os estoques de energia e contribui para aumentar o alerta, a vigilância, a atenção focada e a formação de memória; inibe o crescimento e o sistema reprodutivo; e contém a resposta imune. HORMÔNIO LIBERADOR DE CORTICOTROFINA (CRH). Um dos mais importantes mediadores da resposta de estresse, o CRH coordena as mudanças comportamentais e fisiológicas adaptativas que ocorrem durante esse estado. Os níveis hipotalâmicos de CRH são aumentados pelo estresse, resultando em ativação do eixo HHS e aumento da liberação de cortisol e desidroepiandrosterona (DHEA). O CRH também inibe uma variedade de funções neurovegetativas, como ingestão de alimento, atividade sexual, e programas endócrinos para crescimento e reprodução. A patogênese de muitos transtornos ansiosos, especialmente a síndrome do pânico, pode ser explicada como interpretações equivocadas das sensações somáticas normais. Assim, um indivíduo que sofre dessa condição se torna consciente de uma sensação do corpo normal ou minimamente anormal, interpretando-a como algo preocupante, levando à excitação simpática e outra excitação autonômica, que por sua vez 2 MÓDULO: SAÚDE MENTAL ANA CAROLINA CAIRES produz sensações somáticas (taquicardia, sudorese), formando um círculo vicioso de pensamentos e sintomas somáticos. SNA: A estimulação do sistema nervoso autônomo causa certos sintomas – cardiovasculares (p. ex., taquicardia), musculares (p. ex., cefaleia), gastrintestinais (p. ex., diarreia) e respiratórios (p. ex., taquipneia). Os sistemas nervosos autônomos de alguns pacientes com transtorno de ansiedade, sobretudo aqueles com transtorno de pânico, exibem tônus simpático aumentado, se adaptam lentamente a estímulos repetidos e respondem de maneira excessiva a estímulos moderados. OBS: Acredita-se que o núcleo central da amigdala seja o principal componente na coordenação da resposta da ansiedade. A amigdala recebe a entrada glutamatérgica excitatória de várias áreas corticais e do tálamo, permitindo que sejam montadas respostas a vários estímulos, inclusive informações sensoriais do meio externo assim como estressores que são processados e reconhecidos por áreas de associação corticais. NEUROTRANSMISSORES De maneira geral, as sinapses são mediadas pelos neurotransmissores. Os neurotransmissores podem ter caráter excitatório ou inibitório, regulando assim a velocidade das sinapses. Os três principais neurotransmissores associados a ansiedade, com base em estudos com animais e em respostas a tratamento medicamentoso, são a norepinefrina (NE), a serotonina e o ácido !-aminobutírico (GABA). NOREPINEFRINA: Os sintomas crônicos vivenciados por pacientes com transtorno de ansiedade, como ataques de pânico, insônia, sobressalto e hiperexcitação autonômica, são característicos de aumento da função noradrenérgica. A teoria geral sobre seu papel nos transtornos de ansiedade é a de que os pacientes afetados podem ter um sistema noradrenérgico com problemas de regulação, com surtos ocasionais de atividade. e. Os corpos celulares desse sistema estão localizados principalmente no locus ceruleus na ponte rostral e projetam seus axônios para o córtex cerebral, o sistema límbico, o tronco cerebral e a medula espinal. Experimentos em primatas demonstraram que a estimulação do locus ceruleus produz uma resposta de medo e que a ablação dessa mesma área inibe ou bloqueia completamente a capacidade dos animais de formar uma resposta de medo. Estudos com humanos verificaram que, em pacientes com transtorno de pânico, os agonistas dos receptores !-adrenérgicos (p. ex., o isoproterenol) e os antagonistas dos receptores "2- adrenérgicos (p. ex., a ioimbina) podem provocar ataques de pânico frequentes e graves. SEROTONINA: Diferentes tipos de estresse agudo resultam do aumento no turnover de 5-hidroxitriptamina (5-HT) no córtex pré-frontal, no nucleus accumbens, na amígdala e no hipotálamo lateral. Os corpos celulares da maioria dos neurônios serotonérgicos estão localizados nos núcleos da rafe do tronco cerebral rostral e se projetam para o córtex cerebral, o sistema límbico (em especial para a amígdala e o hipocampo) e o hipotálamo. Vários relatos indicam que a meta- clorofenilpiperazina (mCPP), uma droga com efeitos serotonérgicos e noradrenérgicos múltiplos, e a fenfluramina, que causa a liberação de serotonina, provocam aumento da ansiedade em pacientes com transtornos de ansiedade. GABA: O papel do GABA nos transtornos de ansiedade é apoiado com mais força pela eficáciaincontestável dos benzodiazepínicos, que aumentam sua atividade no receptor tipo A de GABA, no tratamento de alguns tipos de transtornos de ansiedade. Estudos com primatas verificaram que os sintomas no sistema nervoso autônomo dos transtornos de ansiedade são induzidos quando se administra um agonista inverso dos benzodiazepínicos, o ácido !-carbolino-3- carboxílico (BCCE). Este também causa ansiedade em voluntários sadios. Um antagonista dos benzodiazepínicos, o flumazenil, causa ataques de pânico frequentes e graves em pacientes com o transtorno. TEORIA PSICANALÍTICA Segundo Freud, a teoria original sobre a ansiedade resultava de uma descarga, de um represamento inadequado da libido. Em seu artigo clássico Inibições, sintomas e ansiedade, Freud afirma que “era a ansiedade que produzia a repressão, e não, como eu antes acreditava, a repressão que produzia a ansiedade”. Hoje, muitos neurobiologistas continuam a corroborar várias das ideias e teorias originais de Freud. Um exemplo é o papel da amígdala, que facilita a resposta de medo sem qualquer referência à memória consciente e fundamenta o conceito de Freud de um sistema de memória inconsciente para respostas de ansiedade. A ansiedade aparece como resposta a várias situações durante o ciclo de vida, e, embora agentes psicofarmacológicos possam melhorar os sintomas, nada podem fazer para tratar a situação de vida ou seus correlatos internos que induziram o estado de ansiedade. Para compreender plenamente a ansiedade de um determinado paciente de um ponto de vista psicodinâmico, muitas vezes é útil relacionar a ansiedade a questões do desenvolvimento. No nível mais inicial, pode estar presente a ansiedade de desintegração. TEORIAS COMPORTAMENTAIS As teorias comportamentais ou de aprendizagem da ansiedade postulam que a ansiedade é uma resposta condicionada a um estímulo específico do ambiente. Em um modelo de condicionamento clássico, uma menina criada por um pai abusivo, por exemplo, pode se tornar ansiosa assim que enxerga esse pai. Por meio de generalização, ela pode passar a desconfiar de todos os homens. No modelo de aprendizagem social, uma criança pode desenvolver uma resposta de ansiedade imitando a ansiedade no ambiente, por exemplo, em casos de pais ansiosos. TEORIAS EXISTENCIAIS Dizem que não há um estímulo específico identificável para a sensação crônica de ansiedade. O conceito central da teoria 3 MÓDULO: SAÚDE MENTAL ANA CAROLINA CAIRES existencial é o de que as pessoas experimentam sentimentos de viver em um universo sem objetivo. A ansiedade é sua resposta ao vazio de sentido e existência. Essas preocupações existenciais podem ter aumentado desde o desenvolvimento das armas nucleares e do terrorismo biológico. TRANSTORNO DA ANSIEDADE GENERALIZADA Ansiedade e preocupação excessivas ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis meses, com diversos eventos ou atividades (tais como desempenho escolar ou profissional). O indivíduo considera difícil controlar a preocupação. A diferença principal entre as faixas etárias está no conteúdo da preocupação do indivíduo. Crianças e adolescentes tendem a se preocupar mais com a escola e o desempenho esportivo, enquanto adultos mais velhos relatam maior preocupação com o bem-estar da família ou da sua própria saúde física. EPIDEMIOLOGIA Mais comum em mulheres e nos países desenvolvidos. Tem idade de início aos 30 anos e muitos relatam nervos durante a vida toda. Mais comum no paciente que tem um parente de 1º grau portador, que tem afetividade negativa e que tem inibição comportamental. FATORES DE RISCO TEMPERAMENTAIS: Inibição comportamental, afetividade negativa (neuroticismo) e evitação de danos foram associadas ao transtorno de ansiedade generalizada. AMBIENTAIS: Embora as adversidades na infância e a superproteção parental tenham sido associadas ao transtorno de ansiedade generalizada, não foram identificados fatores ambientais específicos para o transtorno ou necessários ou suficientes para fazer o diagnóstico. GENÉTICOS E FISIOLÓGICOS. DIAGNÓSTICO A) Ansiedade e preocupação excessivas, ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos 6 meses, com diversos eventos. B) Ansiedade e preocupação estão associada com pelo menos 3 sintomas – em crianças, considerar 1: Inquietação ou nervos à flor da pele. Fatigabilidade. Dificuldade em concentrar ou ‘’deu branco’’. Irritabilidade. Tensão muscular. Perturbação do sono. C) Não ocorre pelo uso de substâncias. D) Não é mais bem explicada por outro transtorno mental. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL TRANSTORNO DE ANSIEDADE DEVIDO A OUTRA CONDIÇÃO MÉDICA: O diagnóstico de transtorno de ansiedade devido a outra condição médica deve ser dado se a ansiedade e a preocupação são consideradas, com base na história, em achados laboratoriais ou em exame físico, efeito fisiológico de outra condição médica específica (p. ex., feocromocitoma, hipertireoidismo). TRANSTORNO DE ANSIEDADE INDUZIDO POR SUBSTÂNCIA/MEDICAMENTO: Um transtorno de ansiedade induzido por substância/medicamento se diferencia do transtorno de ansiedade generalizada pelo fato de que uma substância ou medicamento (p. ex., droga de abuso, exposição a uma toxina) está etiologicamente relacionada com a ansiedade. TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL: Os indivíduos com transtorno de ansiedade social frequentemente têm ansiedade antecipatória que está focada nas próximas situações sociais em que devem apresentar um desempenho ou ser avaliados por outros, enquanto aqueles com transtorno de ansiedade generalizada se preocupam independentemente de estarem ou não sendo avaliados. TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO: No transtorno de ansiedade generalizada, o foco da preocupação são os problemas que estão por vir, e a anormalidade é o excesso de preocupação acerca dos eventos futuros. No transtorno obsessivo-compulsivo, as obsessões são ideias inadequadas que assumem a forma de pensamentos, impulsos ou imagens intrusivos e indesejados. TRANSTORNOS DEPRESSIVO, BIPOLAR E PSICÓTICO. TRANSTORNO DO PÂNICO Ataques de pânico recorrentes e inesperados. Um ataque de pânico é um surto abrupto de medo intenso ou desconforto intenso que alcança um pico em minutos. Os indivíduos com transtorno do pânico também manifestam comportamento de esquiva, afastando-se dos fatores conhecidos que provocam a crise ou de situações em que possa ser preocupante ou perigoso ter um ataque de pânico, por exemplo, espaço públicos ou dirigir. Esse comportamento de esquiva pode se sobrepor aos sintomas de agorafobia. OBS: O surto abrupto pode ocorrer a partir de um estado calmo ou de um estado ansioso. 4 MÓDULO: SAÚDE MENTAL ANA CAROLINA CAIRES FATORES DE RISCO DE PROGNÓSTICO TEMPERAMENTAIS: Afetividade negativa e sensibilidade à ansiedade (disposição a acreditar que os sintomas de ansiedade são prejudiciais) são fatores de risco para o início de ataques de pânico. História de “períodos de medo” (ataques com sintomas limitados que não satisfazem todos os critérios para um ataque de pânico) pode ser um fator de risco para ataques de pânico posteriores e transtorno de pânico. AMBIENTAIS: Relatos de experiências infantis de abuso sexual e físico são mais comuns no transtorno de pânico do que em alguns outros transtornos de ansiedade. Fumar é um fator de risco para ataques de pânico e para o transtorno. GENÉTICOS E FISIOLÓGICOS: Acredita-se que múltiplos genes confiram vulnerabilidade ao transtorno de pânico. EPIDEMIOLOGIA Apresenta uma prevalência de 1,5 a 5% e os ataques de pânico, de 3 a 5,6%, durante o período de vida. É mais frequente em mulheres (2:1) e a idade média de início é de 25 anos. O único fator social identificado que parece estar envolvido no desenvolvimento do transtorno é história recentede divórcio. Costuma ser acompanhado por agorafobia, isto é, medo de estar sozinho em locais públicos – especialmente aqueles onde sair possa ser difícil ou o auxílio pode não estar disponível, caso sobrevenha um ataque de pânico. ETIOLOGIA Os principais neurotransmissores envolvidos são norepinefrina, serotonina e GABA. Algumas substâncias podem induzir os ataques de pânico em indivíduos portadores deste transtorno. Algumas dessas substâncias, também chamadas panicogênicas, são: dióxido de carbono, bicarbonato e lactato. Estudos com neuroimagem parecem indicar alterações nos lobos temporais, principalmente atrofia do lobo temporal direito. Quanto aos fatores genéticos, observou-se um aumento de quatro a oito vezes no risco de parentes de pacientes com transtorno do pânico, em comparação aos parentes em primeiro grau de outros pacientes psiquiátricos. Mecanismos psicodinâmicos de defesa, como a regressão, também parecem estar relacionados. Dentre os distúrbios biológicos que possivelmente subjazem ao pânico estão níveis mais altos de catecolamina no sistema nervoso central, uma anormalidade no locus ceruleus (uma área do tronco cerebral que regula o estado de alerta), hipersensibilidade ao dióxido de carbono (CO2), perturbação no metabolismo do lactato e anormalidades no sistema neurotransmissor do ácido γ-aminobutírico (GABA). CRITÉRIO DIAGNÓSTICO A) 4 ou + dos seguintes sintomas: Palpitações, coração acelerado, taquicardia. Sudorese. Tremores ou abalos. Sensações de falta de ar ou sufocamento. Sensações de asfixia. Dor ou desconforto torácico. Náusea ou desconforto abdominal. Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio. Calafrios ou ondas de calor. Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento). Desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (sensação de estar distanciado de si mesmo). Medo de perder o controle ou “enlouquecer”. Medo de morrer. B) Pelo menos um dos ataques foi seguido de um mês (ou mais) de uma ou de ambas as seguintes características: Apreensão ou preocupação persistente acerca de ataques de pânico adicionais ou sobre suas consequências (p. ex., perder o controle, ter um ataque cardíaco, “enlouquecer”). Uma mudança desadaptativa significativa no comportamento relacionada aos ataques (p. ex., comportamentos que têm por finalidade evitar ter ataques de pânico, como a esquiva de exercícios ou situações desconhecidas). C) Não associação ao uso de substancias ou outra condição médica. D) Não tem explicação por outro transtorno mental. OBS: O CID-10, por sua vez, exige que haja três ataques em três semanas ou quatro em quatro semanas. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL OUTRO TRANSTORNO DE ANSIEDADE ESPECIFICADO OU TRANSTORNO DE ANSIEDADE NÃO ESPECIFICADO: O transtorno de pânico não deve ser diagnosticado se nunca foram experimentados ataques de pânico com sintomas completos (inesperados). No caso de ataques de pânico inesperados apenas com sintomas limitados, um diagnóstico de outro transtorno de ansiedade especificado ou transtorno de ansiedade não especificado deve ser considerado. TRANSTORNO DE ANSIEDADE DEVIDO A OUTRA CONDIÇÃO MÉDICA: Exemplos de condições médicas que podem causar ataques de pânico incluem hipertireoidismo, hiperparatireoidismo, feocromocitoma, disfunções vestibulares, transtornos convulsivos e condições cardiopulmonares. TRANSTORNO DE ANSIEDADE INDUZIDO POR SUBSTÂNCIA/MEDICAMENTO. OUTROS TRANSTORNOS MENTAIS COM ATAQUES DE PÂNICO como característica associada (p. ex., outros transtornos de ansiedade e transtornos psicóticos). 5 MÓDULO: SAÚDE MENTAL ANA CAROLINA CAIRES RISCO DE SUICÍDIO Ataques de pânico e diagnóstico de transtorno de pânico nos últimos 12 meses estão relacionados a uma taxa mais elevada de tentativas de suicídio e ideação suicida, mesmo quando as comorbidades e uma história de abuso infantil e outros fatores de risco de suicídio são levados em conta. CONSEQUÊNCIAS FUNCIONAIS DO TRANSTORNO DE PÂNICO O transtorno de pânico está associado a níveis altos de incapacidade social, profissional e física; custos econômicos consideráveis; e ao número mais alto de consultas médicas entre os transtornos de ansiedade, embora os efeitos sejam mais fortes com a presença de agorafobia. Os indivíduos com transtorno de pânico podem se ausentar com frequência do trabalho ou escola para visitas ao médico ou ao serviço de urgência, o que pode levar a desemprego ou evasão escolar. FOBIA ESPECÍFICA Medo ou ansiedade acentuados acerca de um objeto ou situação (p. ex., voar, alturas, animais, tomar uma injeção, ver sangue). O objeto ou situação fóbica quase invariavelmente provoca uma resposta imediata de medo ou ansiedade. O objeto ou situação fóbica é ativamente evitado ou suportado com intensa ansiedade ou sofrimento. EPIDEMIOLOGIA Prevalência dos 7-11 anos. Mais frequente em mulheres. As fobias específicas de animais, ambiente natural e situacionais são predominantemente experimentadas por indivíduos do sexo feminino, enquanto a fobia por sangue- injeção-ferimentos é experimentada quase de forma igual por ambos os gêneros. ETIOLOGIA Geralmente e se desenvolve após um evento traumático, por observação de outras pessoas que passam por um evento traumático, ataque de pânico ou por transmissão de informações (ex: cobertura da mídia em um desastre com avião) – a maioria dos pacientes não consegue explicar ou lembrar porquê têm a fobia. A fobia específica geralmente se desenvolve no início da infância, com a maioria dos casos se estabelecendo antes dos 10 anos de idade. As fobias específicas situacionais tendem a ter uma idade mais tardia de início em comparação às fobias específicas de ambiente natural, animais ou sangue- -injeção-ferimentos. OBS: Quando a fobia específica está sendo diagnosticada em crianças, duas questões devem ser consideradas. Primeiro, as crianças pequenas podem expressar medo e ansiedade chorando, com ataques de raiva, imobilidade ou comportamento de agarrar-se. Segundo, elas geralmente não são capazes de compreender o conceito de esquiva. FATORES DE RISCO TEMPERAMENTAIS: Os fatores de risco temperamentais para fobia específica, como afetividade negativa (neuroticismo) ou inibição comportamental, também são fatores de risco para outros transtornos de ansiedade. AMBIENTAIS: Os fatores de risco ambientais para fobias específicas, como superproteção, perda e separação parentais e abuso físico e sexual, também tendem a predizer outros transtornos de ansiedade. Conforme observado anteriormente, encontros negativos ou traumáticos com o objeto ou situação temidos ocasionalmente (mas nem sempre) precedem o desenvolvimento de fobia específica. GENÉTICOS E FISIOLÓGICOS: Pode haver suscetibilidade genética para certa categoria de fobia específica (p. ex., um indivíduo com um parente de primeiro grau com uma fobia específica de animais tem probabilidade significativamente maior de ter a mesma fobia específica do que qualquer outra categoria de fobia). Indivíduos com fobia de sangue-injeção- ferimentos apresentam propensão peculiar a síncope vasovagal (desmaio) na presença de estímulos fóbicos. DIAGNÓSTICO A) Uma característica essencial desse transtorno é que o medo ou ansiedade está circunscrito à presença de uma situação ou objeto particular, que pode ser denominado estímulo fóbico. OBS: Em crianças, o medo ou ansiedade pode ser expresso por choro, ataques de raiva, imobilidade ou comportamento de agarrar-se. Para satisfazer os critérios para um diagnóstico, o medo ou ansiedade deve ser intenso ou grave. Além disso, o medo ou ansiedade pode assumir a forma de um ataque de pânico com sintomas completos ou limitados. B) Outra característicadas fobias específicas é que o medo ou ansiedade é evocado quase todas as vezes que o indivíduo entra em contato com o estímulo fóbico. C) O indivíduo evita ativamente a situação, ou, se não consegue ou decide não evitá-la, a situação ou objeto evoca temor ou ansiedade intensos. 6 MÓDULO: SAÚDE MENTAL ANA CAROLINA CAIRES D) O medo ou ansiedade é desproporcional em relação ao perigo real apresentado pelo objeto ou situação ou mais intenso do que é considerado necessário. E) O medo, a ansiedade ou a esquiva é persistente, geralmente durando mais de seis meses. F) A fobia específica deve causar sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo para que o transtorno seja diagnosticado. G) A perturbação não é mais bem explicada pelos sintomas de outro transtorno mental, incluindo medo, ansiedade e esquiva de situações associadas a sintomas do tipo pânico ou outros sintomas incapacitantes (como na agorafobia); objetos ou situações relacionados a obsessões (como no transtorno obsessivo-compulsivo); evocação de eventos traumáticos (como no transtorno de estresse pós-traumático); separação de casa ou de figuras de apego (como no transtorno de ansiedade de separação); ou situações sociais (como no transtorno de ansiedade social). OBS: É comum que os indivíduos tenham múltiplas fobias específicas. O indivíduo com fobia específica em geral teme três objetos ou situações, e aproximadamente 75% daqueles com fobia específica temem mais de uma situação ou objeto. Nesses casos, seria necessário dar os diagnósticos de fobia específica múltipla, cada uma com seu código diagnóstico refletindo o estímulo fóbico. Por exemplo, se um indivíduo teme tempestades e voar, então seriam dados dois diagnósticos: fobia específica, ambiente natural e fobia específica, situacional. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL AGORAFOBIA: A fobia específica situacional pode se parecer com a agorafobia na sua apresentação clínica, dada a sobreposição nas situações temidas (p. ex., voar, locais fechados, elevadores). Se um indivíduo teme apenas uma das situações da agorafobia, então fobia específica, situacional, pode ser diagnosticada. Se duas ou mais situações agorafóbicas são temidas, um diagnóstico de agorafobia é provavelmente justificado. Por exemplo, um indivíduo que tem medo de aviões e elevadores (que se sobrepõe à situação agorafóbica do “transporte público”), mas não tem medo de outras situações agorafóbicas, seria diagnosticado com fobia específica, situacional, enquanto um indivíduo que tem medo de aviões, elevadores e multidões (que se sobrepõe a duas situações agorafóbicas, “uso de transporte público” e “ficar em uma fila e estar em uma multidão”) seria diagnosticado com agorafobia. TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL: Se as situações são temidas devido a possível avaliação negativa, deve ser diagnosticado transtorno de ansiedade social em vez de fobia específica. TRANSTORNO DE ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO: Se as situações são temidas devido à separação de um cuidador primário ou figura de apego, deve ser diagnosticado transtorno de ansiedade de separação em vez de fobia específica. TRANSTORNO DE PÂNICO: Os indivíduos com fobia específica podem experimentar ataques de pânico quando confrontados com a situação ou objeto temido. Deve ser dado um diagnóstico de fobia específica se os ataques de pânico ocorrem apenas em resposta ao objeto ou situação específica, e um diagnóstico de transtorno de pânico se o indivíduo também experimentou ataques de pânico inesperados. TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO: Se o medo ou ansiedade primária de um indivíduo é de um objeto ou situação como resultado de obsessões (p. ex., medo de sangue devido a pensamentos obsessivos acerca de contaminação por agentes patogênicos transmitidos pelo sangue, medo de dirigir devido a imagens obsessivas de causar ferimentos a outras pessoas). TRANSTORNOS RELACIONADOS A TRAUMA E ESTRESSORES: Se a fobia se desenvolve após um evento traumático, deve ser considerado TEPT como diagnóstico. Entretanto, eventos traumáticos podem preceder o início de TEPT e a fobia específica. Nesse caso, um diagnóstico de fobia específica é dado somente se não são satisfeitos todos os critérios para TEPT. TRANSTORNOS ALIMENTARES: Um diagnóstico de fobia específica não é dado se o comportamento de esquiva está limitado exclusivamente à esquiva de alimentos e estímulos relacionados a alimentos, em cujo caso um diagnóstico de anorexia nervosa ou bulimia deveria ser considerado. TRANSTORNOS DO ESPECTRO DA ESQUIZOFRENIA E OUTROS TRANSTORNOS PSICÓTICOS: Quando o medo e a esquiva são devidos a pensamento delirante (como na esquizofrenia ou outro transtorno do espectro da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos), um diagnóstico de fobia específica não é justificado. FOBIA SOCIAL Medo ou ansiedade acentuados ou intensos em situações sociais nas quais o paciente pode ser avaliado pelos outros. Exemplos incluem interações sociais (p. ex., manter uma conversa, encontrar pessoas que não são familiares), ser observado (p. ex., comendo ou bebendo) e situações de desempenho diante de outros (p. ex., proferir palestras). OBS: Em crianças, a ansiedade deve ocorrer em contextos que envolvem seus pares, e não apenas em interações com adultos. Quando exposto a alguma situação social, o paciente tem medo de ser avaliado de forma negativa – ansioso, débil, maluco... Possuem medo de ofender os outros ou serem rejeitados com frequência. São inadequadamente assertivos, muito submissos ou com bem menos frequência, podem ser controladores da conversa. Possuem postura corporal rígida, contato visual inadequado ou falar com voz suave. Empregos em áreas que possuem pouco contato social. É comum beber antes de eventos sociais. 7 MÓDULO: SAÚDE MENTAL ANA CAROLINA CAIRES EPIDEMIOLOGIA Mais comum em mulheres. Começa a desenvolver entre 8-15 anos, com histórico de inibição social na infância ou timidez. Algumas vezes está associado com uma experiência estressante ou humilhante mas pode ser insidioso. Pode resolver quando a pessoa casa e volta quando se divorcia. FATORES DE RISCO TEMPERAMENTAIS: Os traços subjacentes que predispõem os indivíduos ao transtorno de ansiedade social incluem inibição comportamental e medo de avaliação negativa. AMBIENTAIS: Não existe um papel causal dos maus-tratos na infância ou outra adversidade psicossocial com início precoce no desenvolvimento do transtorno de ansiedade social. Contudo, maus-tratos e adversidades na infância são fatores de risco para o transtorno. GENÉTICOS E FISIOLÓGICOS. DIAGNÓSTICO A) Medo ou ansiedade acentuados com 1+ situações sociais em que o paciente será avaliado por outras pessoas. Em crianças, o medo ou ansiedade deve ocorrer em contextos com os pares, e não apenas durante interações com adultos. B) O indivíduo teme agir ou aparecer de certa forma ou demonstrar sintomas de ansiedade, tais como ruborizar, tremer, transpirar, tropeçar nas palavras, que serão avaliados negativamente pelos demais. C) As situações sociais quase sempre provocam medo ou ansiedade. Assim, um indivíduo que fica ansioso apenas ocasionalmente em situação(ões) social(is) não seria diagnosticado com transtorno de ansiedade social. D) Os indivíduos com frequência evitarão as situações sociais temidas ou então as suportarão com intenso medo ou ansiedade. A esquiva pode ser abrangente (p. ex., não ir a festas, recusar a escola) ou sutil (p. ex., preparando excessivamente o texto de um discurso, desviando a atenção para os outros, limitando o contato visual). E) O medo ou ansiedade é julgado desproporcional ao risco real de ser avaliado negativamente ou às consequências dessa avaliação negativa.F) A duração do transtorno é geralmente de pelo menos seis meses. Esse limiar de duração ajuda a diferenciar o transtorno dos medos sociais transitórios comuns, particularmente entre crianças e na comunidade. Contudo, o critério de duração deve ser usado como um guia geral, com a possibilidade de algum grau de flexibilidade. G) O medo, a ansiedade e a esquiva devem interferir significativamente na rotina normal do indivíduo, no funcionamento profissional ou acadêmico ou em atividades sociais ou relacionamentos ou deve causar sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes de sua vida. Por exemplo, alguém que tem medo de falar em público não receberia um diagnóstico de transtorno de ansiedade social se essa atividade não é rotineiramente encontrada no trabalho ou nas tarefas de classe e se o indivíduo não tem um sofrimento significativo a respeito disso. Entretanto, se evita ou ignora o trabalho ou educação que realmente deseja ter devido aos sintomas de ansiedade social. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL TIMIDEZ NORMAL: A timidez é um traço de personalidade comum e não é por si só patológica. AGORAFOBIA: Os indivíduos com agorafobia podem ter medo ou evitar situações sociais (p. ex., ir ao cinema) porque escapar pode ser difícil ou o auxílio pode não estar disponível no caso de incapacitação ou sintomas do tipo pânico, enquanto os indivíduos com transtorno de ansiedade social têm mais medo da avaliação dos outros. TRANSTORNO DE PÂNICO: Os indivíduos com transtorno de ansiedade social podem ter ataques de pânico, mas a preocupação está relacionada ao medo de avaliação negativa, enquanto no transtorno de pânico a preocupação se relaciona aos próprios ataques de pânico. TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA: Preocupações sociais são comuns no transtorno de ansiedade generalizada, mas o foco é mais na natureza das relações existentes do que no medo de avaliação negativa. TRANSTORNO DE ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO: Os indivíduos com transtorno de ansiedade de separação podem evitar contextos sociais (incluindo recusa à escola) devido às preocupações de serem separados das figuras de apego ou, em crianças, por demandarem a presença de um dos pais quando essa exigência não é apropriada ao seu estágio de desenvolvimento. Geralmente ficam confortáveis em contextos sociais quando sua figura de apego está presente ou quando estão em casa. FOBIAS ESPECÍFICAS: Os indivíduos com fobias específicas podem ter medo de constrangimento ou humilhação (p. ex., vergonha de desmaiar quando lhes é tirado sangue), mas geralmente não têm medo de avaliação negativa em outras situações sociais. MUTISMO SELETIVO: Os indivíduos com mutismo seletivo podem fracassar em falar devido ao medo de avaliação negativa, mas não têm medo de avaliação negativa em outras situações sociais em que não seja exigido falar (p. ex., um jogo não verbal). TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR: Os indivíduos com transtorno depressivo maior podem se preocupar em serem avaliados negativamente pelos outros porque acham que são maus ou não merecedores de que gostem deles. Em contraste, aqueles com transtorno de ansiedade social preocupam-se em serem avaliados negativamente devido a certos comportamentos sociais ou sintomas físicos. AGORAFOBIA 8 MÓDULO: SAÚDE MENTAL ANA CAROLINA CAIRES Medo ou ansiedade marcantes acerca de duas (ou mais) das cinco situações seguintes: Uso de transporte público (p. ex., automóveis, ônibus, trens, navios, aviões). Permanecer em espaços abertos (p. ex., áreas de estacionamentos, mercados, pontes). Permanecer em locais fechados (p. ex., lojas, teatros, cinemas). Permanecer em uma fila ou ficar em meio a uma multidão. Sair de casa sozinho. O indivíduo tem medo ou evita essas situações devido a pensamentos de que pode ser difícil escapar ou de que o auxílio pode não estar disponível no caso de desenvolver sintomas do tipo pânico ou outros sintomas incapacitantes ou constrangedores (p. ex., medo de cair nos idosos; medo de incontinência). As situações agorafóbicas quase sempre provocam medo ou ansiedade. As situações agorafóbicas são ativamente evitadas, requerem a presença de uma companhia ou são suportadas com intenso medo ou ansiedade. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL O diagnóstico diferencial para agorafobia inclui todos os transtornos clínicos que possam causar ansiedade ou depressão. O diagnóstico diferencial psiquiátrico inclui transtorno depressivo maior, esquizofrenia, transtorno da personalidade paranoide, transtorno da personalidade esquiva e transtorno da personalidade dependente. TRATAMENTO PARA OS TRANSTORNOS TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO Exercício físico. Boa alimentação (evitar bebidas estimulantes e fumo). Terapias alternativas (Yoga, acupuntura) Higiene do sono. Terapia psicológica. TRATAMETNO FARMACOLÓGICO E SEU MECANISMO DE AÇÃO ANTIDEPRESSIVOS 1. INIBIDORES SELETIVOS DA CAPTAÇÃO DE SEROTONINA REPRESENTANTES: fluoxetina, paroxetina, sertralina, citalopram, escitalopram, fluvoxamina. MECANISMO DE AÇÃO: atuam inibindo seletivamente a recaptação da serotonina (seletividade de 300 a 3.000 vezes maior para o transportador de serotonina do que para o de norepinefrina), eles bloqueiam a captação de serotonina, levando ao aumento da concentração do neurotransmissor na fenda sináptica. Além de ter atividade bloqueadora em receptores muscarínicos, alfa-adrenergicos e H1 histaminicos. 2. INIBIDORES DA CAPTAÇÃO DE SEROTONINA E NOREPINEFRINA REPRESENTANTES: venlafaxina, desvenlafaxina, levomilnaciprana e duloxetina. MECANISMO DE AÇÃO: bloqueiam a recaptação de serotonina e norepinefria, aumentando a concentração desses neurotransmissores na fenda sináptica, sendo benéfico para pacientes com depressão. 3. ANTIDEPRESSIVOS TRICICLICOS REPRESENTANTES: amitriptilina, clomipramina, doxepina e trimipramina (aminas terciárias), nortriptilina e protriptilina (aminas secundárias). MECANISMO DE AÇÃO: Inibição da captação do neurotransmissor: Os ADTs e a amoxapina são inibidores potentes da captação neuronal de norepinefrina e serotonina no terminal nervoso pré-sináptico. Maprotilina e desipramina são inibidores relativamente seletivos da captação de norepinefrina. Bloqueio de receptores: Os ADTs também bloqueiam os receptores serotoninérgicos, α-adrenérgicos, histamínicos e muscarínicos. Ainda não se sabe se alguma dessas ações é responsável pelo benefício terapêutico dos ADTs. Contudo, as ações nesses receptores provavelmente são responsáveis por muitos dos seus efeitos adversos. A amoxapina também bloqueia os receptores 5-HT2 e dopamina D2. BENZODIAZEPÍNICOS 9 MÓDULO: SAÚDE MENTAL ANA CAROLINA CAIRES Os benzodiazepínicos modulam os efeitos do GABA (principal neurotransmissor inibitório no sistema nervoso central) ligando-se a um local específico de alta afinidade (distinto do local de ligação do GABA), situado na interface da subunidade α e da subunidade γ no receptor GABAA (esses locais de ligação podem ser denominados de receptores benzodiazepínicos). Os benzodiazepínicos aumentam a frequência da abertura dos canais produzida pelo GABA. (a ligação do benzodiazepínico ao seu receptor aumentará a afinidade do GABA por seus locais de ligação, e vice-versa). Os efeitos clínicos dos vários benzodiazepínicos se correlacionam bem com a afinidade de ligação de cada fármaco pelo complexo receptor GABA-canal de íon cloreto. Em resumo, os BZDs se ligam a subunidade γ no receptor GABAA e assim, agem potencializando a ação do GABA (aumento da quantidade da abertura dos canais de cloreto) que vai gerar uma hiperpolarização e consequentemente, inibir a ação de neurotransmissores excitatórios (ocorrendo um efeito ansiolítico ou hipnóticode forma mais potente). TRANSTORNO DO PÂNICO Uso de antidepressivos (ISRS em doses baixas > tricíclicos) para os casos crônicos. Na fase aguda do ataque, usar benzodiazepínicos de ação curta. O tratamento dura de 8-12 meses e sempre que possível, associar com a psicoterapia individual. Se o paciente estiver respondendo bem, fazer em grupo. Podem ser feitos exercícios de relaxamento aplicado para aprender a controlar os níveis de ansiedade e relaxamento com treinamento respiratório. FOBIA ESPECÍFICA A 1ª opção é o tratamento comportamental a partir da dessensibilização (expor o paciente ao estímulo de forma lenta e gradual e com uso de relaxantes e hipnóticos, o paciente costuma autoinduzir um repouso mental e físico). Pode ser feita psicoterapia voltada para o insight. Alguns pacientes necessitam do uso de benzodiazepínicos e antagonistas β-adrenérgicos – mas quando o paciente apresenta sintomas autonômicos, mas de curto prazo ou até melhora. FOBIA SOCIAL Psicoterapia + farmacoterapia, com ISRS como 1ª escolha. Em casos mais graves, usar IMAO ou fenelzina. Antagonistas β-adrenérgicos podem ser utilizados antes da exposição ao estímulo (atenolol e propranolol) – mas quando tem sintomas autonômicos, mas de curto prazo ou até melhora. TAG Fazer psicoterapia com terapia cognitivo-comportamental, de apoio e voltada para o insight (apresentam resultado em curto e longo prazo. Retirar os fatores estressantes que desencadeiam a ansiedade. A farmacoterapia é feito com ISRS > buspirona > benzodiazepínicos, sendo mantido por 6-12 meses mas pode aumentar o prazo se o paciente ainda apresentar sintomas. APOIO FAMILIAR Os portadores, familiares e amigos podem e devem participar de instituições como a APORTA, a ASTOC e a ABRATA, que desenvolvem programas psicoeducacionais e promovem a formação de grupos de autoajuda. Tais programas ajudam a proporcionar um melhor conhecimento da doença, a desenvolver estratégias para lidar com ela, além de estimularem a troca de experiências e melhorarem as chances de controlar esses transtornos e incrementar a qualidade de vida de seus portadores. REFERÊNCIAS MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS, 5º EDIÇÃO, ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. ANSIEDADE, TELESSAÚDE , UFRGS, 2017. TRANSTORNO DE ANSIEDADE, MANUAL INFORMATIVO, ABRATA. COMPÊNDIO DE PSIQUIATRIA, KAPLAN E SADOCK, 11º ED.
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