Buscar

TRANSTORNOS DE ANSIEDADE

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

1 
MÓDULO: SAÚDE MENTAL 
ANA CAROLINA CAIRES 
 
TRANSTORNOS DE ANSIEDADE 
ANSIEDADE 
É uma sensação subjetiva, um sentimento vago, difuso e 
desagradável. 
É ALGO NORMAL, até benéfico!! Mas quando essa ansiedade é 
muito duradoura ou começa a trazer prejuízos torna-se uma 
ansiedade exagerada ou, até mesmo, um transtorno de 
ansiedade. 
O que diferencia ansiedade fisiológica da patológica é a 
intensidade dos sintomas, tempo e grau de prejuízo ou 
sofrimento. 
 
ANSIEDADE X MEDO 
ANSIEDADE é a antecipação de ameaça futura, é uma resposta 
insidiosa e adaptativa a uma ameaça desconhecida, interna, 
vaga ou conflituosa. 
Já o MEDO é a resposta emocional a ameaça iminente real ou 
percebida. 
Obviamente, esses dois estados se sobrepõem, mas também se 
diferenciam, com o medo sendo com mais frequência associado 
a períodos de excitabilidade autonômica aumentada, 
necessária para luta ou fuga, pensamentos de perigo imediato e 
comportamentos de fuga, e a ansiedade sendo mais 
frequentemente associada a tensão muscular e vigilância em 
preparação para perigo futuro e comportamentos de cautela ou 
esquiva. 
EX: quando você está num avião e passa por uma turbulência, 
você tem muito medo e começa a sentir tensão, taquicardia ... 
mas aí você chega no local esperado, vai curtir as férias e tudo 
ok ... no retorno da viagem, pega o taxi e vai para o aeroporto, 
chegando lá começa a pensar “e se o avião tremer novamente? 
e se a turbulência for mais grave e o avião cair?” ... a primeira 
situação é o MEDO e a segunda é a ANSIEDADE (a previsão, o 
pensamento futuro). 
TRANSTORNOS DE ANSIEDADE 
Segundo o DSM 5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de 
Transtornos Mentais, 5º edição), os transtornos obssessivo-
compulsivo e relacionados entram em outro capítulo fora dos 
transtornos de ansiedade. 
Os transtornos de ansiedade diferem entre si nos tipos de 
objetos ou situações que induzem medo, ansiedade ou 
comportamento de esquiva e na ideação cognitiva 
associada. 
FISIOPATOLOGIA 
Os neurônios hipotalâmicos que secretam o hormônio 
liberador de corticotrofina são regulados pela amígdala e pelo 
hipocampo. Quando o núcleo central da amígdala é ativado, 
interfere no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e a resposta ao 
estresse é emitida, sendo que a ativação inapropriada tem sido 
relacionada com os transtornos de ansiedade. O hipocampo 
contém receptores para glicocorticoides que são ativados pelo 
cortisol, e com altos níveis de cortisol circulante, participa da 
regulação por retroalimentação do eixo hipotálamo-hipófise-
adrenal, inibindo a liberação de corticotrofina e 
consequentemente de do hormônio adrenocorticotrófico e 
cortisol. 
A exposição contínua ao cortisol, em períodos de estresse 
crônico, pode levar à disfunção e à morte dos neurônios 
hipocampais. Assim, o hipocampo começará a apresentar falhas 
em sua capacidade de controlar a liberação dos hormônios do 
estresse e de realizar suas funções de rotina. O estresse 
também influencia a aptidão de induzir a potenciação de longo 
prazo no hipocampo, o que provavelmente explica o porquê da 
falha de memória. 
EIXO HIPOTALÂMICO-HIPOFISÁRIO-SUPRARRENAL: 
Evidências consistentes indicam que muitas formas de estresse 
psicológico aumentam a síntese e a liberação de cortisol. O 
cortisol serve para mobilizar e reabastecer os estoques de 
energia e contribui para aumentar o alerta, a vigilância, a 
atenção focada e a formação de memória; inibe o crescimento e 
o sistema reprodutivo; e contém a resposta imune. 
HORMÔNIO LIBERADOR DE CORTICOTROFINA (CRH). Um 
dos mais importantes mediadores da resposta de estresse, o 
CRH coordena as mudanças comportamentais e fisiológicas 
adaptativas que ocorrem durante esse estado. Os níveis 
hipotalâmicos de CRH são aumentados pelo estresse, 
resultando em ativação do eixo HHS e aumento da liberação de 
cortisol e desidroepiandrosterona (DHEA). O CRH também 
inibe uma variedade de funções neurovegetativas, como 
ingestão de alimento, atividade sexual, e programas endócrinos 
para crescimento e reprodução. 
A patogênese de muitos transtornos ansiosos, especialmente a 
síndrome do pânico, pode ser explicada como interpretações 
equivocadas das sensações somáticas normais. Assim, um 
indivíduo que sofre dessa condição se torna consciente de uma 
sensação do corpo normal ou minimamente anormal, 
interpretando-a como algo preocupante, levando à excitação 
simpática e outra excitação autonômica, que por sua vez 
 
2 
MÓDULO: SAÚDE MENTAL 
ANA CAROLINA CAIRES 
 
produz sensações somáticas (taquicardia, sudorese), formando 
um círculo vicioso de pensamentos e sintomas somáticos. 
SNA: A estimulação do sistema nervoso autônomo causa certos 
sintomas – cardiovasculares (p. ex., taquicardia), musculares 
(p. ex., cefaleia), gastrintestinais (p. ex., diarreia) e 
respiratórios (p. ex., taquipneia). Os sistemas nervosos 
autônomos de alguns pacientes com transtorno de ansiedade, 
sobretudo aqueles com transtorno de pânico, exibem tônus 
simpático aumentado, se adaptam lentamente a estímulos 
repetidos e respondem de maneira excessiva a estímulos 
moderados. 
OBS: Acredita-se que o núcleo central da amigdala seja o 
principal componente na coordenação da resposta da 
ansiedade. A amigdala recebe a entrada glutamatérgica 
excitatória de várias áreas corticais e do tálamo, permitindo 
que sejam montadas respostas a vários estímulos, inclusive 
informações sensoriais do meio externo assim como 
estressores que são processados e reconhecidos por áreas de 
associação corticais. 
NEUROTRANSMISSORES 
De maneira geral, as sinapses são mediadas pelos 
neurotransmissores. Os neurotransmissores podem ter caráter 
excitatório ou inibitório, regulando assim a velocidade das 
sinapses. 
Os três principais neurotransmissores associados a ansiedade, 
com base em estudos com animais e em respostas a tratamento 
medicamentoso, são a norepinefrina (NE), a serotonina e o 
ácido !-aminobutírico (GABA). 
NOREPINEFRINA: Os sintomas crônicos vivenciados por 
pacientes com transtorno de ansiedade, como ataques de 
pânico, insônia, sobressalto e hiperexcitação autonômica, são 
característicos de aumento da função noradrenérgica. A teoria 
geral sobre seu papel nos transtornos de ansiedade é a de que 
os pacientes afetados podem ter um sistema noradrenérgico 
com problemas de regulação, com surtos ocasionais de 
atividade. e. Os corpos celulares desse sistema estão 
localizados principalmente no locus ceruleus na ponte rostral e 
projetam seus axônios para o córtex cerebral, o sistema 
límbico, o tronco cerebral e a medula espinal. Experimentos em 
primatas demonstraram que a estimulação do locus ceruleus 
produz uma resposta de medo e que a ablação dessa mesma 
área inibe ou bloqueia completamente a capacidade dos 
animais de formar uma resposta de medo. Estudos com 
humanos verificaram que, em pacientes com transtorno de 
pânico, os agonistas dos receptores !-adrenérgicos (p. ex., o 
isoproterenol) e os antagonistas dos receptores "2-
adrenérgicos (p. ex., a ioimbina) podem provocar ataques de 
pânico frequentes e graves. 
SEROTONINA: Diferentes tipos de estresse agudo resultam do 
aumento no turnover de 5-hidroxitriptamina (5-HT) no córtex 
pré-frontal, no nucleus accumbens, na amígdala e no 
hipotálamo lateral. Os corpos celulares da maioria dos 
neurônios serotonérgicos estão localizados nos núcleos da rafe 
do tronco cerebral rostral e se projetam para o córtex cerebral, 
o sistema límbico (em especial para a amígdala e o hipocampo) 
e o hipotálamo. Vários relatos indicam que a meta-
clorofenilpiperazina (mCPP), uma droga com efeitos 
serotonérgicos e noradrenérgicos múltiplos, e a fenfluramina, 
que causa a liberação de serotonina, provocam aumento da 
ansiedade em pacientes com transtornos de ansiedade. 
GABA: O papel do GABA nos transtornos de ansiedade é 
apoiado com mais força pela eficáciaincontestável dos 
benzodiazepínicos, que aumentam sua atividade no receptor 
tipo A de GABA, no tratamento de alguns tipos de transtornos 
de ansiedade. Estudos com primatas verificaram que os 
sintomas no sistema nervoso autônomo dos transtornos de 
ansiedade são induzidos quando se administra um agonista 
inverso dos benzodiazepínicos, o ácido !-carbolino-3-
carboxílico (BCCE). Este também causa ansiedade em 
voluntários sadios. Um antagonista dos benzodiazepínicos, o 
flumazenil, causa ataques de pânico frequentes e graves em 
pacientes com o transtorno. 
TEORIA PSICANALÍTICA 
Segundo Freud, a teoria original sobre a ansiedade resultava de 
uma descarga, de um represamento inadequado da libido. Em 
seu artigo clássico Inibições, sintomas e ansiedade, Freud 
afirma que “era a ansiedade que produzia a repressão, e não, 
como eu antes acreditava, a repressão que produzia a 
ansiedade”. 
Hoje, muitos neurobiologistas continuam a corroborar várias 
das ideias e teorias originais de Freud. Um exemplo é o papel 
da amígdala, que facilita a resposta de medo sem qualquer 
referência à memória consciente e fundamenta o conceito de 
Freud de um sistema de memória inconsciente para respostas 
de ansiedade. 
A ansiedade aparece como resposta a várias situações durante 
o ciclo de vida, e, embora agentes psicofarmacológicos possam 
melhorar os sintomas, nada podem fazer para tratar a situação 
de vida ou seus correlatos internos que induziram o estado de 
ansiedade. 
Para compreender plenamente a ansiedade de um determinado 
paciente de um ponto de vista psicodinâmico, muitas vezes é 
útil relacionar a ansiedade a questões do desenvolvimento. No 
nível mais inicial, pode estar presente a ansiedade de 
desintegração. 
TEORIAS COMPORTAMENTAIS 
As teorias comportamentais ou de aprendizagem da ansiedade 
postulam que a ansiedade é uma resposta condicionada a 
um estímulo específico do ambiente. Em um modelo de 
condicionamento clássico, uma menina criada por um pai 
abusivo, por exemplo, pode se tornar ansiosa assim que 
enxerga esse pai. Por meio de generalização, ela pode passar a 
desconfiar de todos os homens. No modelo de aprendizagem 
social, uma criança pode desenvolver uma resposta de 
ansiedade imitando a ansiedade no ambiente, por exemplo, em 
casos de pais ansiosos. 
TEORIAS EXISTENCIAIS 
Dizem que não há um estímulo específico identificável para a 
sensação crônica de ansiedade. O conceito central da teoria 
 
3 
MÓDULO: SAÚDE MENTAL 
ANA CAROLINA CAIRES 
 
existencial é o de que as pessoas experimentam sentimentos de 
viver em um universo sem objetivo. A ansiedade é sua resposta 
ao vazio de sentido e existência. Essas preocupações 
existenciais podem ter aumentado desde o desenvolvimento 
das armas nucleares e do terrorismo biológico. 
TRANSTORNO DA ANSIEDADE GENERALIZADA 
 
Ansiedade e preocupação excessivas ocorrendo na maioria dos 
dias por pelo menos seis meses, com diversos eventos ou 
atividades (tais como desempenho escolar ou profissional). 
O indivíduo considera difícil controlar a preocupação. 
A diferença principal entre as faixas etárias está no conteúdo 
da preocupação do indivíduo. Crianças e adolescentes tendem a 
se preocupar mais com a escola e o desempenho esportivo, 
enquanto adultos mais velhos relatam maior preocupação com 
o bem-estar da família ou da sua própria saúde física. 
EPIDEMIOLOGIA 
Mais comum em mulheres e nos países desenvolvidos. 
Tem idade de início aos 30 anos e muitos relatam nervos 
durante a vida toda. 
Mais comum no paciente que tem um parente de 1º grau 
portador, que tem afetividade negativa e que tem inibição 
comportamental. 
FATORES DE RISCO 
TEMPERAMENTAIS: Inibição comportamental, afetividade 
negativa (neuroticismo) e evitação de danos foram associadas 
ao transtorno de ansiedade generalizada. 
AMBIENTAIS: Embora as adversidades na infância e a 
superproteção parental tenham sido associadas ao transtorno 
de ansiedade generalizada, não foram identificados fatores 
ambientais específicos para o transtorno ou necessários ou 
suficientes para fazer o diagnóstico. 
GENÉTICOS E FISIOLÓGICOS. 
DIAGNÓSTICO 
A) Ansiedade e preocupação excessivas, ocorrendo na maioria dos 
dias por pelo menos 6 meses, com diversos eventos. 
B) Ansiedade e preocupação estão associada com pelo menos 3 
sintomas – em crianças, considerar 1: 
 Inquietação ou nervos à flor da pele. 
 Fatigabilidade. 
 Dificuldade em concentrar ou ‘’deu branco’’. 
 Irritabilidade. 
 Tensão muscular. 
 Perturbação do sono. 
C) Não ocorre pelo uso de substâncias. 
 
D) Não é mais bem explicada por outro transtorno mental. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
TRANSTORNO DE ANSIEDADE DEVIDO A OUTRA CONDIÇÃO 
MÉDICA: O diagnóstico de transtorno de ansiedade devido a 
outra condição médica deve ser dado se a ansiedade e a 
preocupação são consideradas, com base na história, em 
achados laboratoriais ou em exame físico, efeito fisiológico de 
outra condição médica específica (p. ex., feocromocitoma, 
hipertireoidismo). 
TRANSTORNO DE ANSIEDADE INDUZIDO POR 
SUBSTÂNCIA/MEDICAMENTO: Um transtorno de ansiedade 
induzido por substância/medicamento se diferencia do 
transtorno de ansiedade generalizada pelo fato de que uma 
substância ou medicamento (p. ex., droga de abuso, exposição a 
uma toxina) está etiologicamente relacionada com a ansiedade. 
TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL: Os indivíduos com 
transtorno de ansiedade social frequentemente têm ansiedade 
antecipatória que está focada nas próximas situações sociais 
em que devem apresentar um desempenho ou ser avaliados 
por outros, enquanto aqueles com transtorno de ansiedade 
generalizada se preocupam independentemente de estarem ou 
não sendo avaliados. 
TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO: No transtorno de 
ansiedade generalizada, o foco da preocupação são os 
problemas que estão por vir, e a anormalidade é o excesso de 
preocupação acerca dos eventos futuros. No transtorno 
obsessivo-compulsivo, as obsessões são ideias inadequadas 
que assumem a forma de pensamentos, impulsos ou imagens 
intrusivos e indesejados. 
TRANSTORNOS DEPRESSIVO, BIPOLAR E PSICÓTICO. 
TRANSTORNO DO PÂNICO 
 
Ataques de pânico recorrentes e inesperados. Um ataque 
de pânico é um surto abrupto de medo intenso ou 
desconforto intenso que alcança um pico em minutos. 
Os indivíduos com transtorno do pânico também manifestam 
comportamento de esquiva, afastando-se dos fatores 
conhecidos que provocam a crise ou de situações em que possa 
ser preocupante ou perigoso ter um ataque de pânico, por 
exemplo, espaço públicos ou dirigir. Esse comportamento de 
esquiva pode se sobrepor aos sintomas de agorafobia. 
OBS: O surto abrupto pode ocorrer a partir de um estado calmo 
ou de um estado ansioso. 
 
4 
MÓDULO: SAÚDE MENTAL 
ANA CAROLINA CAIRES 
 
FATORES DE RISCO DE PROGNÓSTICO 
TEMPERAMENTAIS: Afetividade negativa e sensibilidade à 
ansiedade (disposição a acreditar que os sintomas de 
ansiedade são prejudiciais) são fatores de risco para o início de 
ataques de pânico. História de “períodos de medo” (ataques 
com sintomas limitados que não satisfazem todos os critérios 
para um ataque de pânico) pode ser um fator de risco para 
ataques de pânico posteriores e transtorno de pânico. 
AMBIENTAIS: Relatos de experiências infantis de abuso sexual 
e físico são mais comuns no transtorno de pânico do que em 
alguns outros transtornos de ansiedade. Fumar é um fator de 
risco para ataques de pânico e para o transtorno. 
GENÉTICOS E FISIOLÓGICOS: Acredita-se que múltiplos genes 
confiram vulnerabilidade ao transtorno de pânico. 
EPIDEMIOLOGIA 
Apresenta uma prevalência de 1,5 a 5% e os ataques de 
pânico, de 3 a 5,6%, durante o período de vida. 
É mais frequente em mulheres (2:1) e a idade média de 
início é de 25 anos. 
O único fator social identificado que parece estar envolvido no 
desenvolvimento do transtorno é história recentede divórcio. 
Costuma ser acompanhado por agorafobia, isto é, medo de 
estar sozinho em locais públicos – especialmente aqueles onde 
sair possa ser difícil ou o auxílio pode não estar disponível, caso 
sobrevenha um ataque de pânico. 
ETIOLOGIA 
Os principais neurotransmissores envolvidos são 
norepinefrina, serotonina e GABA. 
Algumas substâncias podem induzir os ataques de pânico 
em indivíduos portadores deste transtorno. Algumas dessas 
substâncias, também chamadas panicogênicas, são: dióxido de 
carbono, bicarbonato e lactato. 
Estudos com neuroimagem parecem indicar alterações nos 
lobos temporais, principalmente atrofia do lobo temporal 
direito. 
Quanto aos fatores genéticos, observou-se um aumento de 
quatro a oito vezes no risco de parentes de pacientes com 
transtorno do pânico, em comparação aos parentes em 
primeiro grau de outros pacientes psiquiátricos. 
Mecanismos psicodinâmicos de defesa, como a regressão, 
também parecem estar relacionados. 
Dentre os distúrbios biológicos que possivelmente subjazem ao 
pânico estão níveis mais altos de catecolamina no sistema 
nervoso central, uma anormalidade no locus ceruleus (uma 
área do tronco cerebral que regula o estado de alerta), 
hipersensibilidade ao dióxido de carbono (CO2), 
perturbação no metabolismo do lactato e anormalidades 
no sistema neurotransmissor do ácido γ-aminobutírico 
(GABA). 
CRITÉRIO DIAGNÓSTICO 
A) 4 ou + dos seguintes sintomas: 
 Palpitações, coração acelerado, taquicardia. 
 Sudorese. 
 Tremores ou abalos. 
 Sensações de falta de ar ou sufocamento. 
 Sensações de asfixia. 
 Dor ou desconforto torácico. 
 Náusea ou desconforto abdominal. 
 Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou 
desmaio. 
 Calafrios ou ondas de calor. 
 Parestesias (anestesia ou sensações de 
formigamento). 
 Desrealização (sensações de irrealidade) ou 
despersonalização (sensação de estar distanciado de 
si mesmo). 
 Medo de perder o controle ou “enlouquecer”. 
 Medo de morrer. 
 
B) Pelo menos um dos ataques foi seguido de um mês (ou 
mais) de uma ou de ambas as seguintes características: 
 Apreensão ou preocupação persistente acerca de ataques de 
pânico adicionais ou sobre suas consequências (p. ex., perder o 
controle, ter um ataque cardíaco, “enlouquecer”). 
 Uma mudança desadaptativa significativa no comportamento 
relacionada aos ataques (p. ex., comportamentos que têm por 
finalidade evitar ter ataques de pânico, como a esquiva de 
exercícios ou situações desconhecidas). 
 
C) Não associação ao uso de substancias ou outra condição 
médica. 
 
D) Não tem explicação por outro transtorno mental. 
 
OBS: O CID-10, por sua vez, exige que haja três ataques em três 
semanas ou quatro em quatro semanas. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
 OUTRO TRANSTORNO DE ANSIEDADE ESPECIFICADO OU 
TRANSTORNO DE ANSIEDADE NÃO ESPECIFICADO: O 
transtorno de pânico não deve ser diagnosticado se nunca 
foram experimentados ataques de pânico com sintomas 
completos (inesperados). No caso de ataques de pânico 
inesperados apenas com sintomas limitados, um diagnóstico de 
outro transtorno de ansiedade especificado ou transtorno de 
ansiedade não especificado deve ser considerado. 
 TRANSTORNO DE ANSIEDADE DEVIDO A OUTRA CONDIÇÃO 
MÉDICA: Exemplos de condições médicas que podem causar 
ataques de pânico incluem hipertireoidismo, 
hiperparatireoidismo, feocromocitoma, disfunções 
vestibulares, transtornos convulsivos e condições 
cardiopulmonares. 
 TRANSTORNO DE ANSIEDADE INDUZIDO POR 
SUBSTÂNCIA/MEDICAMENTO. 
 OUTROS TRANSTORNOS MENTAIS COM ATAQUES DE 
PÂNICO como característica associada (p. ex., outros 
transtornos de ansiedade e transtornos psicóticos). 
 
5 
MÓDULO: SAÚDE MENTAL 
ANA CAROLINA CAIRES 
 
RISCO DE SUICÍDIO 
Ataques de pânico e diagnóstico de transtorno de pânico 
nos últimos 12 meses estão relacionados a uma taxa mais 
elevada de tentativas de suicídio e ideação suicida, mesmo 
quando as comorbidades e uma história de abuso infantil e 
outros fatores de risco de suicídio são levados em conta. 
CONSEQUÊNCIAS FUNCIONAIS DO TRANSTORNO DE PÂNICO 
O transtorno de pânico está associado a níveis altos de 
incapacidade social, profissional e física; custos econômicos 
consideráveis; e ao número mais alto de consultas médicas 
entre os transtornos de ansiedade, embora os efeitos sejam 
mais fortes com a presença de agorafobia. Os indivíduos com 
transtorno de pânico podem se ausentar com frequência do 
trabalho ou escola para visitas ao médico ou ao serviço de 
urgência, o que pode levar a desemprego ou evasão 
escolar. 
FOBIA ESPECÍFICA 
 
Medo ou ansiedade acentuados acerca de um objeto ou 
situação (p. ex., voar, alturas, animais, tomar uma injeção, ver 
sangue). 
O objeto ou situação fóbica quase invariavelmente provoca 
uma resposta imediata de medo ou ansiedade. 
O objeto ou situação fóbica é ativamente evitado ou suportado 
com intensa ansiedade ou sofrimento. 
EPIDEMIOLOGIA 
Prevalência dos 7-11 anos. 
Mais frequente em mulheres. 
As fobias específicas de animais, ambiente natural e 
situacionais são predominantemente experimentadas por 
indivíduos do sexo feminino, enquanto a fobia por sangue-
injeção-ferimentos é experimentada quase de forma igual por 
ambos os gêneros. 
ETIOLOGIA 
Geralmente e se desenvolve após um evento traumático, por 
observação de outras pessoas que passam por um evento 
traumático, ataque de pânico ou por transmissão de 
informações (ex: cobertura da mídia em um desastre com 
avião) – a maioria dos pacientes não consegue explicar ou 
lembrar porquê têm a fobia. 
A fobia específica geralmente se desenvolve no início da 
infância, com a maioria dos casos se estabelecendo antes dos 
10 anos de idade. 
As fobias específicas situacionais tendem a ter uma idade mais 
tardia de início em comparação às fobias específicas de 
ambiente natural, animais ou sangue- -injeção-ferimentos. 
OBS: Quando a fobia específica está sendo diagnosticada em 
crianças, duas questões devem ser consideradas. Primeiro, as 
crianças pequenas podem expressar medo e ansiedade 
chorando, com ataques de raiva, imobilidade ou 
comportamento de agarrar-se. Segundo, elas geralmente não 
são capazes de compreender o conceito de esquiva. 
FATORES DE RISCO 
TEMPERAMENTAIS: Os fatores de risco temperamentais para 
fobia específica, como afetividade negativa (neuroticismo) ou 
inibição comportamental, também são fatores de risco para 
outros transtornos de ansiedade. 
AMBIENTAIS: Os fatores de risco ambientais para fobias 
específicas, como superproteção, perda e separação parentais e 
abuso físico e sexual, também tendem a predizer outros 
transtornos de ansiedade. Conforme observado anteriormente, 
encontros negativos ou traumáticos com o objeto ou situação 
temidos ocasionalmente (mas nem sempre) precedem o 
desenvolvimento de fobia específica. 
GENÉTICOS E FISIOLÓGICOS: Pode haver suscetibilidade 
genética para certa categoria de fobia específica (p. ex., um 
indivíduo com um parente de primeiro grau com uma fobia 
específica de animais tem probabilidade significativamente 
maior de ter a mesma fobia específica do que qualquer outra 
categoria de fobia). Indivíduos com fobia de sangue-injeção-
ferimentos apresentam propensão peculiar a síncope vasovagal 
(desmaio) na presença de estímulos fóbicos. 
DIAGNÓSTICO 
A) Uma característica essencial desse transtorno é que o medo ou 
ansiedade está circunscrito à presença de uma situação ou 
objeto particular, que pode ser denominado estímulo fóbico. 
OBS: Em crianças, o medo ou ansiedade pode ser expresso por 
choro, ataques de raiva, imobilidade ou comportamento de 
agarrar-se. 
Para satisfazer os critérios para um diagnóstico, o medo ou 
ansiedade deve ser intenso ou grave. Além disso, o medo ou 
ansiedade pode assumir a forma de um ataque de pânico com 
sintomas completos ou limitados. 
B) Outra característicadas fobias específicas é que o medo ou 
ansiedade é evocado quase todas as vezes que o indivíduo 
entra em contato com o estímulo fóbico. 
 
C) O indivíduo evita ativamente a situação, ou, se não consegue ou 
decide não evitá-la, a situação ou objeto evoca temor ou 
ansiedade intensos. 
 
 
6 
MÓDULO: SAÚDE MENTAL 
ANA CAROLINA CAIRES 
 
D) O medo ou ansiedade é desproporcional em relação ao perigo 
real apresentado pelo objeto ou situação ou mais intenso do 
que é considerado necessário. 
 
E) O medo, a ansiedade ou a esquiva é persistente, geralmente 
durando mais de seis meses. 
 
F) A fobia específica deve causar sofrimento clinicamente 
significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional 
ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo para que 
o transtorno seja diagnosticado. 
 
G) A perturbação não é mais bem explicada pelos sintomas de 
outro transtorno mental, incluindo medo, ansiedade e esquiva 
de situações associadas a sintomas do tipo pânico ou outros 
sintomas incapacitantes (como na agorafobia); objetos ou 
situações relacionados a obsessões (como no transtorno 
obsessivo-compulsivo); evocação de eventos traumáticos 
(como no transtorno de estresse pós-traumático); separação de 
casa ou de figuras de apego (como no transtorno de ansiedade 
de separação); ou situações sociais (como no transtorno de 
ansiedade social). 
OBS: É comum que os indivíduos tenham múltiplas fobias 
específicas. O indivíduo com fobia específica em geral teme três 
objetos ou situações, e aproximadamente 75% daqueles com 
fobia específica temem mais de uma situação ou objeto. Nesses 
casos, seria necessário dar os diagnósticos de fobia específica 
múltipla, cada uma com seu código diagnóstico refletindo o 
estímulo fóbico. Por exemplo, se um indivíduo teme 
tempestades e voar, então seriam dados dois diagnósticos: 
fobia específica, ambiente natural e fobia específica, situacional. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
AGORAFOBIA: A fobia específica situacional pode se parecer 
com a agorafobia na sua apresentação clínica, dada a 
sobreposição nas situações temidas (p. ex., voar, locais 
fechados, elevadores). Se um indivíduo teme apenas uma das 
situações da agorafobia, então fobia específica, situacional, 
pode ser diagnosticada. Se duas ou mais situações agorafóbicas 
são temidas, um diagnóstico de agorafobia é provavelmente 
justificado. Por exemplo, um indivíduo que tem medo de aviões 
e elevadores (que se sobrepõe à situação agorafóbica do 
“transporte público”), mas não tem medo de outras situações 
agorafóbicas, seria diagnosticado com fobia específica, 
situacional, enquanto um indivíduo que tem medo de aviões, 
elevadores e multidões (que se sobrepõe a duas situações 
agorafóbicas, “uso de transporte público” e “ficar em uma fila e 
estar em uma multidão”) seria diagnosticado com agorafobia. 
TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL: Se as situações são 
temidas devido a possível avaliação negativa, deve ser 
diagnosticado transtorno de ansiedade social em vez de fobia 
específica. 
TRANSTORNO DE ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO: Se as 
situações são temidas devido à separação de um cuidador 
primário ou figura de apego, deve ser diagnosticado transtorno 
de ansiedade de separação em vez de fobia específica. 
TRANSTORNO DE PÂNICO: Os indivíduos com fobia específica 
podem experimentar ataques de pânico quando confrontados 
com a situação ou objeto temido. Deve ser dado um diagnóstico 
de fobia específica se os ataques de pânico ocorrem apenas em 
resposta ao objeto ou situação específica, e um diagnóstico de 
transtorno de pânico se o indivíduo também experimentou 
ataques de pânico inesperados. 
TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO: Se o medo ou 
ansiedade primária de um indivíduo é de um objeto ou situação 
como resultado de obsessões (p. ex., medo de sangue devido a 
pensamentos obsessivos acerca de contaminação por agentes 
patogênicos transmitidos pelo sangue, medo de dirigir devido a 
imagens obsessivas de causar ferimentos a outras pessoas). 
TRANSTORNOS RELACIONADOS A TRAUMA E 
ESTRESSORES: Se a fobia se desenvolve após um evento 
traumático, deve ser considerado TEPT como diagnóstico. 
Entretanto, eventos traumáticos podem preceder o início de 
TEPT e a fobia específica. Nesse caso, um diagnóstico de fobia 
específica é dado somente se não são satisfeitos todos os 
critérios para TEPT. 
TRANSTORNOS ALIMENTARES: Um diagnóstico de fobia 
específica não é dado se o comportamento de esquiva está 
limitado exclusivamente à esquiva de alimentos e estímulos 
relacionados a alimentos, em cujo caso um diagnóstico de 
anorexia nervosa ou bulimia deveria ser considerado. 
TRANSTORNOS DO ESPECTRO DA ESQUIZOFRENIA E 
OUTROS TRANSTORNOS PSICÓTICOS: Quando o medo e a 
esquiva são devidos a pensamento delirante (como na 
esquizofrenia ou outro transtorno do espectro da esquizofrenia 
e outros transtornos psicóticos), um diagnóstico de fobia 
específica não é justificado. 
FOBIA SOCIAL 
 
Medo ou ansiedade acentuados ou intensos em situações 
sociais nas quais o paciente pode ser avaliado pelos outros. 
Exemplos incluem interações sociais (p. ex., manter uma 
conversa, encontrar pessoas que não são familiares), ser 
observado (p. ex., comendo ou bebendo) e situações de 
desempenho diante de outros (p. ex., proferir palestras). 
OBS: Em crianças, a ansiedade deve ocorrer em contextos que 
envolvem seus pares, e não apenas em interações com adultos. 
Quando exposto a alguma situação social, o paciente tem medo 
de ser avaliado de forma negativa – ansioso, débil, maluco... 
Possuem medo de ofender os outros ou serem rejeitados com 
frequência. São inadequadamente assertivos, muito submissos 
ou com bem menos frequência, podem ser controladores da 
conversa. Possuem postura corporal rígida, contato visual 
inadequado ou falar com voz suave. Empregos em áreas que 
possuem pouco contato social. É comum beber antes de 
eventos sociais. 
 
7 
MÓDULO: SAÚDE MENTAL 
ANA CAROLINA CAIRES 
 
EPIDEMIOLOGIA 
Mais comum em mulheres. 
Começa a desenvolver entre 8-15 anos, com histórico de 
inibição social na infância ou timidez. 
Algumas vezes está associado com uma experiência estressante 
ou humilhante mas pode ser insidioso. 
Pode resolver quando a pessoa casa e volta quando se divorcia. 
FATORES DE RISCO 
TEMPERAMENTAIS: Os traços subjacentes que predispõem os 
indivíduos ao transtorno de ansiedade social incluem inibição 
comportamental e medo de avaliação negativa. 
AMBIENTAIS: Não existe um papel causal dos maus-tratos na 
infância ou outra adversidade psicossocial com início precoce 
no desenvolvimento do transtorno de ansiedade social. 
Contudo, maus-tratos e adversidades na infância são fatores de 
risco para o transtorno. 
GENÉTICOS E FISIOLÓGICOS. 
DIAGNÓSTICO 
A) Medo ou ansiedade acentuados com 1+ situações sociais em 
que o paciente será avaliado por outras pessoas. Em crianças, o 
medo ou ansiedade deve ocorrer em contextos com os pares, e 
não apenas durante interações com adultos. 
B) O indivíduo teme agir ou aparecer de certa forma ou 
demonstrar sintomas de ansiedade, tais como ruborizar, 
tremer, transpirar, tropeçar nas palavras, que serão avaliados 
negativamente pelos demais. 
C) As situações sociais quase sempre provocam medo ou 
ansiedade. Assim, um indivíduo que fica ansioso apenas 
ocasionalmente em situação(ões) social(is) não seria 
diagnosticado com transtorno de ansiedade social. 
D) Os indivíduos com frequência evitarão as situações sociais 
temidas ou então as suportarão com intenso medo ou 
ansiedade. A esquiva pode ser abrangente (p. ex., não ir a 
festas, recusar a escola) ou sutil (p. ex., preparando 
excessivamente o texto de um discurso, desviando a atenção 
para os outros, limitando o contato visual). 
E) O medo ou ansiedade é julgado desproporcional ao risco real 
de ser avaliado negativamente ou às consequências dessa 
avaliação negativa.F) A duração do transtorno é geralmente de pelo menos seis 
meses. Esse limiar de duração ajuda a diferenciar o transtorno 
dos medos sociais transitórios comuns, particularmente entre 
crianças e na comunidade. Contudo, o critério de duração deve 
ser usado como um guia geral, com a possibilidade de algum 
grau de flexibilidade. 
G) O medo, a ansiedade e a esquiva devem interferir 
significativamente na rotina normal do indivíduo, no 
funcionamento profissional ou acadêmico ou em atividades 
sociais ou relacionamentos ou deve causar sofrimento 
clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, 
profissional ou em outras áreas importantes de sua vida. Por 
exemplo, alguém que tem medo de falar em público não 
receberia um diagnóstico de transtorno de ansiedade social se 
essa atividade não é rotineiramente encontrada no trabalho ou 
nas tarefas de classe e se o indivíduo não tem um sofrimento 
significativo a respeito disso. Entretanto, se evita ou ignora o 
trabalho ou educação que realmente deseja ter devido aos 
sintomas de ansiedade social. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
TIMIDEZ NORMAL: A timidez é um traço de personalidade 
comum e não é por si só patológica. 
AGORAFOBIA: Os indivíduos com agorafobia podem ter medo 
ou evitar situações sociais (p. ex., ir ao cinema) porque escapar 
pode ser difícil ou o auxílio pode não estar disponível no caso 
de incapacitação ou sintomas do tipo pânico, enquanto os 
indivíduos com transtorno de ansiedade social têm mais medo 
da avaliação dos outros. 
TRANSTORNO DE PÂNICO: Os indivíduos com transtorno de 
ansiedade social podem ter ataques de pânico, mas a 
preocupação está relacionada ao medo de avaliação negativa, 
enquanto no transtorno de pânico a preocupação se relaciona 
aos próprios ataques de pânico. 
TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA: 
Preocupações sociais são comuns no transtorno de ansiedade 
generalizada, mas o foco é mais na natureza das relações 
existentes do que no medo de avaliação negativa. 
TRANSTORNO DE ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO: Os 
indivíduos com transtorno de ansiedade de separação podem 
evitar contextos sociais (incluindo recusa à escola) devido às 
preocupações de serem separados das figuras de apego ou, em 
crianças, por demandarem a presença de um dos pais quando 
essa exigência não é apropriada ao seu estágio de 
desenvolvimento. Geralmente ficam confortáveis em contextos 
sociais quando sua figura de apego está presente ou quando 
estão em casa. 
FOBIAS ESPECÍFICAS: Os indivíduos com fobias específicas 
podem ter medo de constrangimento ou humilhação (p. ex., 
vergonha de desmaiar quando lhes é tirado sangue), mas 
geralmente não têm medo de avaliação negativa em outras 
situações sociais. 
MUTISMO SELETIVO: Os indivíduos com mutismo seletivo 
podem fracassar em falar devido ao medo de avaliação 
negativa, mas não têm medo de avaliação negativa em outras 
situações sociais em que não seja exigido falar (p. ex., um jogo 
não verbal). 
TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR: Os indivíduos com 
transtorno depressivo maior podem se preocupar em serem 
avaliados negativamente pelos outros porque acham que são 
maus ou não merecedores de que gostem deles. Em contraste, 
aqueles com transtorno de ansiedade social preocupam-se em 
serem avaliados negativamente devido a certos 
comportamentos sociais ou sintomas físicos. 
AGORAFOBIA 
 
8 
MÓDULO: SAÚDE MENTAL 
ANA CAROLINA CAIRES 
 
 
Medo ou ansiedade marcantes acerca de duas (ou mais) das 
cinco situações seguintes: 
 Uso de transporte público (p. ex., automóveis, ônibus, trens, 
navios, aviões). 
 Permanecer em espaços abertos (p. ex., áreas de 
estacionamentos, mercados, pontes). 
 Permanecer em locais fechados (p. ex., lojas, teatros, cinemas). 
 Permanecer em uma fila ou ficar em meio a uma multidão. 
 Sair de casa sozinho. 
O indivíduo tem medo ou evita essas situações devido a 
pensamentos de que pode ser difícil escapar ou de que o auxílio 
pode não estar disponível no caso de desenvolver sintomas do 
tipo pânico ou outros sintomas incapacitantes ou 
constrangedores (p. ex., medo de cair nos idosos; medo de 
incontinência). 
As situações agorafóbicas quase sempre provocam medo ou 
ansiedade. 
As situações agorafóbicas são ativamente evitadas, requerem a 
presença de uma companhia ou são suportadas com intenso 
medo ou ansiedade. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
O diagnóstico diferencial para agorafobia inclui todos os 
transtornos clínicos que possam causar ansiedade ou 
depressão. O diagnóstico diferencial psiquiátrico inclui 
transtorno depressivo maior, esquizofrenia, transtorno da 
personalidade paranoide, transtorno da personalidade esquiva 
e transtorno da personalidade dependente. 
TRATAMENTO PARA OS TRANSTORNOS 
TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO 
 Exercício físico. 
 Boa alimentação (evitar bebidas estimulantes e fumo). 
 Terapias alternativas (Yoga, acupuntura) 
 Higiene do sono. 
 Terapia psicológica. 
TRATAMETNO FARMACOLÓGICO E SEU MECANISMO DE AÇÃO 
ANTIDEPRESSIVOS 
1. INIBIDORES SELETIVOS DA CAPTAÇÃO DE SEROTONINA 
 
REPRESENTANTES: fluoxetina, paroxetina, sertralina, 
citalopram, escitalopram, fluvoxamina. 
MECANISMO DE AÇÃO: atuam inibindo seletivamente a 
recaptação da serotonina (seletividade de 300 a 3.000 vezes 
maior para o transportador de serotonina do que para o de 
norepinefrina), eles bloqueiam a captação de serotonina, 
levando ao aumento da concentração do neurotransmissor na 
fenda sináptica. 
Além de ter atividade bloqueadora em receptores 
muscarínicos, alfa-adrenergicos e H1 histaminicos. 
2. INIBIDORES DA CAPTAÇÃO DE SEROTONINA E 
NOREPINEFRINA 
 
REPRESENTANTES: venlafaxina, desvenlafaxina, 
levomilnaciprana e duloxetina. 
MECANISMO DE AÇÃO: bloqueiam a recaptação de serotonina 
e norepinefria, aumentando a concentração desses 
neurotransmissores na fenda sináptica, sendo benéfico para 
pacientes com depressão. 
3. ANTIDEPRESSIVOS TRICICLICOS 
 
REPRESENTANTES: amitriptilina, clomipramina, doxepina e 
trimipramina (aminas terciárias), nortriptilina e protriptilina 
(aminas secundárias). 
MECANISMO DE AÇÃO: Inibição da captação do 
neurotransmissor: Os ADTs e a amoxapina são inibidores 
potentes da captação neuronal de norepinefrina e serotonina 
no terminal nervoso pré-sináptico. Maprotilina e desipramina 
são inibidores relativamente seletivos da captação de 
norepinefrina. Bloqueio de receptores: Os ADTs também 
bloqueiam os receptores serotoninérgicos, α-adrenérgicos, 
histamínicos e muscarínicos. Ainda não se sabe se alguma 
dessas ações é responsável pelo benefício terapêutico dos 
ADTs. Contudo, as ações nesses receptores provavelmente são 
responsáveis por muitos dos seus efeitos adversos. A 
amoxapina também bloqueia os receptores 5-HT2 e dopamina 
D2. 
BENZODIAZEPÍNICOS 
 
 
9 
MÓDULO: SAÚDE MENTAL 
ANA CAROLINA CAIRES 
 
Os benzodiazepínicos modulam os efeitos do GABA (principal 
neurotransmissor inibitório no sistema nervoso central) 
ligando-se a um local específico de alta afinidade (distinto do 
local de ligação do GABA), situado na interface da subunidade α 
e da subunidade γ no receptor GABAA (esses locais de ligação 
podem ser denominados de receptores benzodiazepínicos). Os 
benzodiazepínicos aumentam a frequência da abertura dos 
canais produzida pelo GABA. (a ligação do benzodiazepínico ao 
seu receptor aumentará a afinidade do GABA por seus locais de 
ligação, e vice-versa). Os efeitos clínicos dos vários 
benzodiazepínicos se correlacionam bem com a afinidade de 
ligação de cada fármaco pelo complexo receptor GABA-canal de 
íon cloreto. 
Em resumo, os BZDs se ligam a subunidade γ no receptor 
GABAA e assim, agem potencializando a ação do GABA 
(aumento da quantidade da abertura dos canais de cloreto) que 
vai gerar uma hiperpolarização e consequentemente, inibir a 
ação de neurotransmissores excitatórios (ocorrendo um efeito 
ansiolítico ou hipnóticode forma mais potente). 
TRANSTORNO DO PÂNICO 
Uso de antidepressivos (ISRS em doses baixas > tricíclicos) 
para os casos crônicos. Na fase aguda do ataque, usar 
benzodiazepínicos de ação curta. 
O tratamento dura de 8-12 meses e sempre que possível, 
associar com a psicoterapia individual. 
Se o paciente estiver respondendo bem, fazer em grupo. 
Podem ser feitos exercícios de relaxamento aplicado para 
aprender a controlar os níveis de ansiedade e relaxamento com 
treinamento respiratório. 
 
FOBIA ESPECÍFICA 
A 1ª opção é o tratamento comportamental a partir da 
dessensibilização (expor o paciente ao estímulo de forma 
lenta e gradual e com uso de relaxantes e hipnóticos, o paciente 
costuma autoinduzir um repouso mental e físico). 
Pode ser feita psicoterapia voltada para o insight. 
Alguns pacientes necessitam do uso de benzodiazepínicos 
e antagonistas β-adrenérgicos – mas quando o paciente 
apresenta sintomas autonômicos, mas de curto prazo ou até 
melhora. 
 
FOBIA SOCIAL 
Psicoterapia + farmacoterapia, com ISRS como 1ª escolha. 
Em casos mais graves, usar IMAO ou fenelzina. 
Antagonistas β-adrenérgicos podem ser utilizados antes da 
exposição ao estímulo (atenolol e propranolol) – mas quando 
tem sintomas autonômicos, mas de curto prazo ou até melhora. 
 
TAG 
Fazer psicoterapia com terapia cognitivo-comportamental, 
de apoio e voltada para o insight (apresentam resultado em 
curto e longo prazo. 
Retirar os fatores estressantes que desencadeiam a ansiedade. 
A farmacoterapia é feito com ISRS > buspirona > 
benzodiazepínicos, sendo mantido por 6-12 meses mas pode 
aumentar o prazo se o paciente ainda apresentar sintomas. 
 
APOIO FAMILIAR 
Os portadores, familiares e amigos podem e devem participar 
de instituições como a APORTA, a ASTOC e a ABRATA, que 
desenvolvem programas psicoeducacionais e promovem a 
formação de grupos de autoajuda. Tais programas ajudam a 
proporcionar um melhor conhecimento da doença, a 
desenvolver estratégias para lidar com ela, além de 
estimularem a troca de experiências e melhorarem as chances 
de controlar esses transtornos e incrementar a qualidade de 
vida de seus portadores. 
REFERÊNCIAS 
 MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS, 
5º EDIÇÃO, ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. 
 ANSIEDADE, TELESSAÚDE , UFRGS, 2017. 
 TRANSTORNO DE ANSIEDADE, MANUAL INFORMATIVO, ABRATA. 
 COMPÊNDIO DE PSIQUIATRIA, KAPLAN E SADOCK, 11º ED.

Outros materiais