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DIREITO PENAL III RESENHA V (130 CP ao 137 CP)

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DIREITO PENAL III 
Prof: LUIZ FRANCISCO 
DISCENTE: FELIPE EMANOEL CHERR DA SILVA 
MATRÍCULA: 050836 
 
ATIVIDADE AVALIATIVA V 
 
 
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE 
Artigos 130 ao 137 do Código Penal 
 O art. 130, então, independe de intenção de transmitir a moléstia, mas caso tenha a 
intenção, temos a forma qualificada, deixando, então, de ser um crime de menor potencial ofensivo, 
afastando a possibilidade de transação penal, passando a ser penalizado com reclusão de 1 a 4 anos, 
cabendo apenas o benefício da suspensão condicional do processo, preenchendo os requisitos, 
evidentemente, do art. 77 do CP, suspendendo, então, o processo pelo prazo de 2 a 4 anos (período 
de prova). Cabendo ANPP na forma da lei, (pacote anti crime, anotar nesse espaço) 
Nesta toada, temos, ainda, que o art. 130, na modalidade relações sexuais, classifica-se 
como de forma vinculada, enquanto o art. 131 é de forma livre, pois existem várias moléstias graves 
e cada uma depende do seu modo para transmitir. 
O crime delineado no art. 130 é de ação penal pública condicionada, conforme o 
parágrafo 2º nos demonstra, ou seja, depende de representação para a propositura da ação penal, 
tendo o prazo de 6 meses, a contar da data que a vítima conhece a autoria do fato, sob pena de 
decadência. 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10623822/artigo-130-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10631078/artigo-77-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
 
A maioria da doutrina, ou quase sua totalidade, afirma que o delito do art. 130 é crime 
próprio ou especial, pois somente poderia ser praticado pelo agente que detém a moléstia venérea. 
Mas, como esclarecer se um agente que detém a moléstia venérea, poderá se valer de um terceiro, em 
concurso (tendo liame subjetivo ou vínculo psicológico), ou longa manus para transmitir a doença que 
ele tem, para o terceiro praticar a relação sexual e transmitir para a vítima? Pergunta é que se faz aos 
estudiosos, preclaros doutrinadores que não respondem esta pergunta... 
Rogério Greco, em seu Código Penal Comentado – 6ª edição, ao tratar da Classificação 
Doutrinária, de forma objetiva, mas com extremo conteúdo: “Crime próprio quanto ao sujeito ativo 
(uma vez que somente a pessoa contaminada é que poderá praticá-lo) 
 
\Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato 
capaz de produzir o contágio: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
É importante, nessa oportunidade, o estudo dessa conduta delituosa, uma vez que estamos 
diante de grave pandemia que envolve o covid-19 que, alastrando-se pela sociedade, de forma cruel, 
vem trazendo óbitos. 
Não se trata de mera gripe, mas de uma doença grave e transmissível. 
Daí porque os cuidados que os infectados devem ter de não o transmitir a terceiros. 
Trata-se de crime formal e de dano, com dolo de dano. 
O agente pratica ato capaz de produzir o contágio de moléstia grave da qual é portador, com 
o claro objetivo de transmitir o mal a outrem, portanto, causando-lhe danos à saúde – o que é uma 
lesão corporal. 
Trata-se de crime de perigo, de forma que no caso de haver o ato capaz de produzir o contágio, 
com a intenção do autor de que a moléstia se transmita, mas não ocorra a devida contração da 
enfermidade, o delito está consumado do mesmo modo. Nesse caso, houve o perigo de contágio 
desejado pelo agente, mas não atingido. 
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
 
O interesse do agente é transmitir a doença, mas ele será punido, do mesmo modo e com a 
mesma pena, pela simples exposição da vítima ao perigo de contrair o mal. Essa situação, acentue-se, 
não ocorre com a tentativa de lesão corporal. 
O sujeito ativo é a pessoa que está contaminada por moléstia grave contagiosa, enquanto o 
sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, mesmo aquela que já está enferma, visto que a transmissão 
de outra doença pode agravar-lhe a perturbação da saúde. 
O dolo é o específico. Há uma especial vontade do agente estampada no tipo penal exposto na 
lei. 
A moléstia terá que ser grave. 
Para Heleno Cláudio Fragoso (Lições de direito penal, Parte Especial, 7ª edição, pág. 147), se 
a moléstia grave vem, efetivamente, a transmitir-se haverá apenas o crime de lesão corporal, aplicando-
se as regras do concurso aparente de normas, em que o crime de perigo fica excluído (subsidiariedade). 
Se, porém, da moléstia sobrevier a morte, tem-se a lesão corporal seguida de morte (artigo 129, 
§ 3º), desde que não tenha havido por parte do agente o animus necandi, pois, nesse último caso, o 
crime será o de homicídio. 
Haverá um crime impossível se o agente não está contaminado. 
Caso o agente deseje, ou assuma o risco de provocar epidemia, ocorre concurso formal com o 
crime do artigo 267 ou o descrito no artigo 268. 
O crime configura-se até no ato de tossir diante de pessoa saudável. Aí cabe a hipótese de dolo 
eventual. 
Trata-se, pois, de crime formal, comissivo e anda comissivo por omissão, cuja conduta 
envolvendo o contágio se dá de maneira instantânea. 
E crime de ação penal pública incondicionada. 
Mas, ainda há um tipo genérico para o caso, previsto no artigo 132 do CP: 
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. 
 
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde 
de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos 
de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998) 
Esse tipo é válido para todas as formas de exposição da vida ou de terceiros a risco de dano, 
necessitando da prova da existência do perigo, para configurar-se. 
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa e o sujeito passivo deve ser pessoa certa. 
O crime exige dolo de perigo. 
O risco de dano há de ser palpável e voltado a pessoa determinada. A conduta, exige, para 
configurar este delito, a inserção de uma vítima certa numa situação de risco real – e não presumido – 
experimentando uma circunstância muito próxima ao dano. Há um perigo concreto. O dano é 
iminente, mas o perigo é atual. 
Como tal, trata-se de crime de perigo concreto (delito que exige prova de existência do perigo 
gerado para a vítima) e exige a forma comissiva. 
Quanto à questão do transporte público, que envolve a edição da Lei 9.777, de 29 de dezembro 
de 1998, a questão envolve os proprietários de veículos que promovem o transporte de trabalhadores 
sem lhes garantir a necessária segurança. 
Trata-se de crime de menor potencial ofensivo, caso não constitua crime mais grave. Ora, trata-
se de crime subsidiário, pois somente será utilizado quando outro mais grave deixa de se concretizar. 
Assim, se houver tentativa de homicídio, aplicam-se as regras atinentes a esse crime contra a vida. 
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, 
e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono: 
Pena - detenção, de seis meses a três anos. 
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
§ 2º - Se resulta a morte: 
 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
Aumento de pena 
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço: 
I - Se o abandono ocorre em lugar ermo; 
II - Se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima. 
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003) 
1. Considerações preliminares 
O crime de abandono de incapaz e o crime de exposição ou abandono de recém-nascido 
(CP, art. 134) foram previstosem tipos autônomos. Segundo a doutrina, o art. 133 prevê o tipo básico, 
fundamental, ao passo que o art. 134, uma figura privilegiada, em decorrência da previsão do 
“motivo de honra”. 
O crime de abandono de incapaz é um crime de perigo concreto em decorrência do 
próprio verbo empregado na figura criminosa, qual seja, abandonar, o que exige um risco efetivo, real. 
Inscreve-se a espécie no título dos crimes contra a pessoa, donde a proteção desta é o 
escopo do artigo. É ainda a defesa da vida e da saúde que se tutela, como bem claro deixa a 
denominação do Capítulo III. Objetividade jurídica, portanto, é o interesse relativo à segurança 
do indivíduo, que, por si, não se pode defender ou proteger, preservando sua incolumidade física. 
Abandonar significa deixar a vítima sem assistência, ao desamparo. O crime pode 
realizar-se mediante uma conduta comissiva, por exemplo, conduzir um incapaz até uma floresta, 
abandonando-o; como também por uma conduta omissiva, por exemplo, babá que abandona o 
emprego, deixando as crianças, que estavam sob a sua assistência, à própria sorte. Não basta para a 
configuração do crime o simples abandono do incapaz; o abandono deve criar uma situação de perigo 
concreto para a vítima, incumbindo ao juiz analisar em cada caso a efetiva situação de perigo. Nesse 
sentido, para quem a essência do abandono “está na presença de uma situação perigosa para o sujeito 
passivo. Disso resulta não haver abandono (expressão ampla) quando o sujeito ativo deixa o ofendido 
em lugar onde, sem qualquer risco para sua vida ou saúde, terá assistência de pessoa certa ou mesmo 
indeterminada”. Da mesma forma, inexiste o crime na hipótese em que o agente fique na espreita, 
vigiando a vítima, aguardando que terceiros a recolham. Observe-se que no caso nem mesmo há o 
dolo de expor o incapaz a uma situação de perigo para a sua vida ou saúde. Também não constitui 
abandono a hipótese em que o próprio assistido se furta aos cuidados daquele que tem o dever de 
prestar assistência. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.741.htm#art133%C2%A73iii
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10623311/artigo-134-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
 
Esse crime somente pode ser cometido por aquele que tenha o indivíduo sob o seu 
cuidado, guarda, vigilância ou autoridade. O crime é próprio, exigindo a descrição típica que exiba 
o agente especial vinculação com o sujeito passivo, vinculação está inserida no dever de assistência 
que o primeiro tem em relação ao segundo. O dever de assistência pode decorrer de lei, de um 
contrato, ou de um fato (lícito ou mesmo ilícito). 
Qualquer pessoa que se encontre sob o cuidado, guarda, vigilância ou autoridade do 
sujeito ativo e por qualquer motivo seja incapaz de defender-se dos riscos advindos do abandono. A 
incapacidade não é a civil, podendo ser corporal ou mental, durável ou temporária. Pode também 
ser absoluta (inerente à condição da vítima, uma criança, um ancião, um alucinado, um cego) ou 
relativa (decorrente do lugar, do tempo, das circunstâncias do abandono da vítima, deixada à própria 
sorte enquanto embriagada, enferma, amarrada). É inoperante o consentimento do ofendido, dada a 
indisponibilidade do bem jurídico protegido. 
É o dolo, consistente na vontade livre e consciente de abandonar a vítima, de modo a 
expor a perigo a sua vida ou saúde. Admite-se o dolo tanto na modalidade direta quanto na eventual. 
Se com o abandono o que se deseja é a morte da vítima, a presença do animus necandi determinará o 
deslocamento do tratamento típico para aquele do homicídio tentado (ou, na ocorrência de morte, 
consumado). Assim, se o abandono é realizado em local absolutamente deserto, pode haver o dolo 
eventual de homicídio. 
Vale apenas lembrar que todos os elementos (normativos, objetivos, subjetivos) que 
integram o tipo penal devem ser abrangidos pelo dolo. Assim, o desconhecimento justificável do 
sujeito ativo no tocante ao seu dever de assistência (que é elemento constitutivo do tipo penal) para 
com o sujeito passivo exclui o dolo e, portanto, o crime em tela, incidindo na hipótese as regras do 
erro de tipo. 
Consuma-se o delito com o abandono do incapaz, desde que haja perigo concreto para 
a vida ou a saúde da vítima. Assim, não há que se falar em exclusão do crime na hipótese em que o 
agente temporariamente abandone o assistido, vindo a retomar posteriormente a sua posição de 
garantidor, pois, desde que a vida ou a saúde do assistido tenha sido exposta a perigo com o 
abandono, estará consumado o delito. Contudo, nada impede que no caso incida o instituto do 
arrependimento posterior (CP, art. 16). 
Decerto, trata-se de crime instantâneo de efeitos permanentes, ou seja, o crime de 
abandono de incapaz consuma-se em um dado instante (com o abandono), mas seus efeitos 
perduram no tempo, independentemente da vontade do agente, já que o resultado produzido pela 
conduta subsiste sem precisar ser sustentado por ele. Cumpre não confundir com o crime 
permanente, pois neste há a manutenção da conduta criminosa, por vontade do próprio agente, por 
exemplo, delito de sequestro. 
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10637990/artigo-16-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
 
A tentativa é admissível nos crimes de perigo, desde que o delito seja praticado na 
modalidade comissiva, de modo a haver um iter criminis a ser fracionado. 
É a figura descrita no caput do art. 133 
7.2. Qualificada §§ 1º e 2º 
São as figuras descritas nos §§ 1º e 2º. O legislador previu a majoração da pena em duas 
hipóteses: 
(i) Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave (pena – reclusão, de 1 a 5 
anos); 
(ii) Se do abandono resulta morte (pena – reclusão, de 4 a 12 anos). Ambas são formas 
preterdolosas. O resultado agravador não é querido pelo agente, nem mesmo eventualmente, mas 
lhe é imputado a título de culpa, se previsível. A falta de previsibilidade quanto ao resultado danoso 
exclui a qualificadora. 
7.3. Causa de aumento de pena, § 3º 
O § 3º prevê três circunstâncias que majoram a pena (aumento de 1/3): 
I) Inc. I - Se o abandono ocorre em lugar ermo – Lugar ermo é aquele que não é 
frequentado, é solitário, isolado, o que representa um perigo maior para o incapaz que é nessas 
circunstâncias abandonado, ante a maior dificuldade de ser socorrido. Para a incidência dessa causa 
de aumento exige a doutrina que o lugar seja habitualmente, e não acidentalmente, solitário. Desse 
modo, se o local é muito frequentado por pessoas, mas, no momento da realização do crime de 
abandono de incapaz, estava ermo, não incide a majorante em tela (p. ex., uma rua do centro urbano 
a certas horas da noite). Da mesma forma, afasta-se a majorante se no local habitualmente ermo 
encontravam-se frequentadores. Conforme a doutrina, o local deve ser relativamente ermo, se for 
absoluta a solidão, poderá constituir meio de execução do crime de homicídio. 
II) Inc. II - Se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador 
da vítima – Esta majorante visa sancionar de forma mais gravosa a conduta daquele que tem com a 
vítima um dever maior de assistência. A doutrina sustenta a taxatividade desse rol legal, não se 
admitindo a analogia para incluir outros entes, tais como sogro, genro e primo. Ressalte-se que a 
 
expressão “descendente” abrange igualmente todos os filhos, havidos ou não da relação do 
casamento, ou por adoção, em face do comando constitucional inserto no art. 227, § 6º. No que se 
refere aos companheiros, unidos pelos laços da união estável, o art. 226, § 3º, da CF reconhece 
expressamente a união estável entre homem e mulher como entidade familiar, de modo que estão 
incluídos nesse rol legal, pois são equiparados constitucionalmente aoscônjuges. 
III) Inc. III - Se a vítima é maior de 60 anos – O art. 110 da Lei n. 10.741/2003 (Estatuto 
do Idoso), acrescentou uma nova causa especial de aumento de pena ao § 3º do art. 133, qual seja, a 
pena do abandono de incapaz é aumentada de 1/3 se o crime é praticado contra pessoa maior de 60 
anos. Antes da vigência da referida lei, a circunstância de o crime ser praticado contra pessoa idosa 
funcionava apenas como agravante (CP, art. 61, II, h). Com a inovação legislativa, tal circunstância 
foi erigida, no crime de abandono de incapaz, em causa especial de aumento de pena. Obviamente 
que a incidência desta afasta a circunstância agravante genérica prevista no art. 61, II, h, do CP (delito 
cometido contra maior de 60 anos), sob pena da ocorrência de bis in idem. 
Não há previsão da modalidade culposa do delito. No entanto, se o agente abandonar 
o incapaz e sobrevier a sua morte ou a ocorrência de lesões corporais, deverá ele responder pelos 
delitos de homicídio ou lesão corporal na modalidade culposa. 
O estado de necessidade atua como causa excludente da ilicitude desde que 
preenchidos os requisitos constantes no art. 24, CP. Há, inclusive, decisão do Tribunal do Rio de 
Janeiro no sentido de que não se configura o delito de abandono de incapaz se a mãe deixava os 
filhos trancados por absoluta necessidade de ir trabalhar fora (RT 533/387). 
Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada, que independe de 
representação da vítima ou de seu representante legal. De acordo com o art. 394 do CPP, o 
procedimento será comum ou especial. O procedimento comum se divide em: 
(i) Ordinário: crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) 
anos de pena privativa de liberdade, salvo se não se submeter a procedimento especial; 
(ii) sumário: crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena 
privativa de liberdade, salvo se não se submeter a procedimento especial; 
(iii) sumaríssimo: infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da Lei 
n. 9.099/95, ainda que haja previsão de procedimento especial. Dessa forma, a distinção entre os 
procedimentos ordinário e sumário dar-se-á em função da pena máxima cominada à infração penal 
e não mais em virtude de esta ser apenada com reclusão ou detenção. 
Com relação à incidência da Lei dos Juizados Especiais Criminais, é cabível a suspensão 
condicional do processo (art. 89 da Lei n. 9.099/95) nas seguintes hipóteses, em que a pena mínima 
prevista para o delito é igual ou inferior a um ano: 
(i) do caput do art. 133 (pena – detenção de 6 meses a 3 anos); ainda que incida a causa 
de aumento do § 3º (aumento de 1/3), é cabível o sursis processual, pois a pena não ultrapassará o 
patamar mínimo de 1 ano; 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10644726/artigo-227-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10644116/par%C3%A1grafo-6-artigo-227-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10645133/artigo-226-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10645006/par%C3%A1grafo-3-artigo-226-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10983678/artigo-110-da-lei-n-10741-de-01-de-outubro-de-2003
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028080/estatuto-do-idoso-lei-10741-03
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028080/estatuto-do-idoso-lei-10741-03
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028080/estatuto-do-idoso-lei-10741-03
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10633092/artigo-61-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10633010/inciso-ii-do-artigo-61-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10632643/alinea-h-do-inciso-ii-do-artigo-61-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10637299/artigo-24-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10642453/artigo-394-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/773841431/lei-dos-juizados-especiais-lei-9099-95
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/773841431/lei-dos-juizados-especiais-lei-9099-95
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11304243/artigo-89-da-lei-n-9099-de-26-de-setembro-de-1995
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/773841431/lei-dos-juizados-especiais-lei-9099-95
 
(ii) do § 1º do art. 133 (pena – reclusão, de 1 a 5 anos). Nesta hipótese, se incidir a causa 
de aumento de pena prevista no § 3º, não será cabível o sursis processual, na medida em que a pena 
mínima prevista ultrapassará o patamar mínimo de 1 ano. 
O sursis processual não será possível na hipótese do § 2º, em face de a pena mínima 
prevista ser superior a um ano (pena – reclusão, de 4 a 12 anos). 
A conduta consistente em abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde, entidades 
de longa permanência, ou congêneres, ou não prover suas necessidades básicas, quando obrigado 
por lei ou mandado, configura crime previsto no art. 98 do Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/2003), 
punido com pena de detenção de seis meses a três anos e multa. Trata-se de crime de ação penal 
pública incondicionada, não se lhe aplicando os arts. 181 e 182 do CP (cf. art. 95 do Estatuto). 
 
O Código Penal, prevê em seu art. 134 o crime de “exposição ou abandono de recém-nascido”, 
que, segundo os doutrinadores, constituiria uma forma privilegiada do delito de abandono de incapaz 
(CP, art. 133), em face do especial motivo que “empurra” o agente a praticar o crime: ocultar a desonra 
própria. 
Contudo, o Código Penal não prevê o infanticídio honoris causa (título de honra), ou seja, a ocisão 
(ação de matar) da vida do ser nascente para ocultar desonra própria. O legislador optou em conceder 
o privilégio ao delito de abandono de recém-nascido como estímulo para que o agente não vá até a 
ocisão (ação de matar) do recém-nascido, isto é, até a prática de um malefício mais grave, que é o 
cometimento do delito de infanticídio. 
Tutela-se a vida e a saúde do recém-nascido; sua incolumidade pessoal. 
São ações nucleares os verbos expor ou abandonar. Ambos significam deixar o recém-nascido 
sem assistência, ao desamparo. Contudo, o primeiro verbo exprime uma conduta ativa, o recém-
nascido é removido do local onde lhe é prestada a assistência para outro diverso, em que está inexiste; 
por outro lado, o segundo exprime uma conduta omissiva: o sujeito ativo, sem remover a vítima para 
outro local, deixa de prestar-lhe a devida assistência. Trata-se aqui do abandono físico. 
Se o abandono for moral e não físico, poderá constituir crime contra a assistência familiar (arts. 
244 a 247). 
A exposição ou abandono do recém-nascido deve criar uma situação de perigo concreto, a qual 
deve ser comprovada. Como elenca E. Magalhães Noronha, tratando-se de recém-nascido “há uma 
presunção juris et de jure da impossibilidade de ele defender-se, porém circunstâncias de fato podem 
impedir o perigo: a criada que, à sorrelfa, coloca o próprio filho no quarto da criança da casa onde 
trabalha, não comete o crime em questão. Nem nesse caso há dolo: vontade de abandonar, com risco 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10984371/artigo-98-da-lei-n-10741-de-01-de-outubro-de-2003
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028080/estatuto-do-idoso-lei-10741-03
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028080/estatuto-do-idoso-lei-10741-03
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10615513/artigo-181-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10615412/artigo-182-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
 
para a vida ou a saúde do abandonado (...)”. Dessa forma, nota-se que a incapacidade de autodefesa 
do neonato não gera uma presunção absoluta de perigo. 
O sujeito ativo é a mãe, solteira, adúltera, viúva, que concebeu fora do matrimônio, ou seja, 
crime próprio. Contudo, a doutrina admite que o pai que abandone recém-nascido para ocultar incesto 
ou relação adulterina possa ser sujeito ativo do delito em estudo. 
Portanto, o crime é praticado com o fim de salvaguardar a honra pessoal do agente que pode 
vir a ser maculada com o conhecimento por parte de terceiros da concepção extra matrimonium. A honra 
a ser preservada é a de natureza sexual, a boa fama e a reputação do agente. Se a pessoa for desonesta 
ou de desonra conhecida ou se já concebeu ou foi pai extra matrimonium, não cabe a alegação de 
preservação da honra. Dessa forma, prostituta não pode ser sujeito ativo desse delito, devendo 
responder pelo delito de abandono de incapaz (CP, art. 133). 
É o recém-nascido, isto é, ao contrário do art. 133, que pode ser qualquer incapaz. Entretanto, 
diverge na doutrina acerca do exato limite de tempo em que o sujeito passivo se considera recém-
nascido, vejamos a posição de alguns doutrinária: 
recém-nascido é aquele considerado até a queda do cordão umbilical; 
 O motivo de honra constitui elementar do tipo, de modo que o terceiro que concorrer para a 
exposição ou abandono de recém-nascido, pelo genitor, responderá como coautor ou partícipe do 
crime em tela, em face da comunicabilidade daquela condição pessoal entre os participantes (CP, art. 
30). 
É o dolo direto de perigo, consistente na vontade e consciência de expor ou abandonar o recém-
nascido, acrescido do fim especial do agente, de “ocultar desonra própria”. Não se admite o dolo 
eventual por ser incompatível com o especial fim de agir exigido pelo tipo penal. Se o motivo do 
abandono for a miséria, prole excessiva, filho doentio etc., ocorre abandono de incapaz. Observe-se 
que só haverá a possibilidade deste crime se o nascimento infamante for sigiloso, uma vez que, sendo 
notório, o abandono do bebê não poderá “ocultar” um fato desonroso já descoberto. Contudo, tal 
requisito deve ser analisado de forma menos severa, não se podendo afastar o crime nos casos em que 
o conhecimento se limite a determinadas pessoas, em especial aos próprios familiares. 
Se houver dolo de dano, ou seja, se o agente realizar o abandono com a intenção de causar a 
morte do neonato, responderá, se estiver sob influência do estado puerperal, pelo delito de infanticídio; 
por outro lado, ausente esse estado, pelo delito de homicídio. 
Consuma-se o delito com o abandono, desde que resulte perigo concreto para o recém-nascido. 
Dessa forma, trata-se de crime instantâneo de efeitos permanentes, ou seja, que o crime de exposição 
 
ou abandono de recém-nascido consuma-se em um dado instante (com a exposição ou abandono), mas 
seus efeitos perduram no tempo, independentemente da vontade do agente, já que o resultado 
produzido pela conduta subsiste sem precisar ser sustentado por ele. 
Da mesma forma que o delito de abandono de incapaz, não há que se falar em exclusão do 
crime na hipótese em que o agente temporariamente abandone o recém-nascido, vindo a retomar a sua 
guarda posteriormente, pois, desde que a vida ou a saúde do recém-nascido tenha sido exposta a 
perigo com o abandono, estará consumado o delito. Entretanto, nada impede que no caso incida o 
instituto do arrependimento posterior (art. 16, CP). 
De igual forma ao delito de abandono de incapaz, a tentativa é admissível nos crimes de perigo, 
desde que o delito seja praticado na modalidade comissiva, de modo a haver um iter criminis a ser 
fracionado. 
Formas 
 Simples 
 
 Está totalmente previsto no Caput. 
Qualificada (art. 134, §§1º e 2º) 
As formas qualificadas do crime em estudo estão previstas nos §§ 1º e 2º do art. 134, sendo: 
Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave (pena – detenção, de 1 a 3 anos); 
Se resulta morte (pena – detenção, de 2 a 6 anos). Cuida-se aqui dos crimes qualificados pelo resultado 
na modalidade preterdolo. 
Há dolo de perigo no fato principal (exposição ou abandono do recém-nascido); já os 
resultados agravadores são punidos a título de culpa. Se presente o dolo de dano, o agente poderá 
responder pelo delito de infanticídio ou homicídio, conforme esteja ou não sob influência do estado 
puerperal, ou então pelo delito de lesão corporal qualificada, se presente o animus laedendi, ou seja, 
vontade de ferir. 
Não há previsão da modalidade culposa. Entretanto, se o agente abandonar culposamente o 
recém-nascido e sobrevier a sua morte ou a ocorrência de lesões corporais, deverá ele responder pelos 
delitos de homicídio ou lesão corporal na modalidade culposa. 
Ação penal e lei de juizados especiais 
 
Para finalizar este conteúdo, trata-se de crime de ação penal pública incondicionada, que 
independe de representação do ofendido ou de seu representante legal. O caput desse artigo é 
considerado infração de menor potencial ofensivo e, por essa razão, está submetido ao procedimento 
dos Juizados Especiais Criminais. 
Em face das penas mínimas previstas no caput (detenção, de 6 meses a 2 anos) e no § 1º 
(detenção, de 1 a 3 anos), é cabível a suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei n. 9.099/95). 
 
Omissão de socorro (art. 135) 
A razão da tipificação da omissão de socorro reside na tutela da vida e da integridade física da pessoa. 
Ao contrário do que se afirma, não se protege a solidariedade humana; apenas se impõe ao cidadão a 
solidariedade, com o fim de proteger a vida e a integridade física. 
Sujeito ativo é qualquer pessoa; a lei impõe um dever genérico de prestar assistência, sem exigir 
qualquer condição especial. 
Já o sujeito passivo é: 
a) criança abandonada ou extraviada: abandonada é a que foi deixada por familiares em qualquer lugar, 
onde não tenha condições de sobreviver, extraviada é a que se perdeu de seus familiares. 
b) pessoa inválida ao desamparo: inválida é a pessoa que não tem condições de sobrevivência, nas 
condições em que se encontra; é a pessoa indefesa, que encontra-se desamparada, ou seja, sem proteção 
ou assistência. 
c) pessoa ferida ao desamparo: ferida é a pessoa que sofreu algum tipo de lesão e, por isso, se encontra 
sem condições de defender-se. 
d) qualquer pessoa em grave e iminente perigo: independentemente de sua condição, pode ser sujeito 
passivo, pessoa que se encontre em perigo grave e iminente. Assim, um adulto que tenha caído em poço, 
mesmo que não seja inválido nem esteja ferido, poderá figurar como sujeito passivo deste delito. 
A conduta é deixar de prestar assistência, que significa não socorrer, omitir socorro, abster-se de 
socorrer. Não importa que comportamento teve o agente, se ficou presente, se saiu, etc; basta que não 
tenha feito o que a lei determina, ou seja, prestar assistência. Essencial à configuração da conduta típica, 
que a omissão se dê em face de pessoa que se encontre em uma das situações anteriormente descritas. 
Como todo crime omissivo, a abstenção só será típica se o sujeito tinha possibilidade de agir. Se não há 
como socorrer, inexiste a conduta típica. Nesse sentido, o tipo traz a locução “sem risco pessoal”, com 
a qual fica excluída a tipicidade se para prestar socorro, o agente tiver que expor sua própria vida ou 
integridade física a perigo. Não teria sentido que para preservar o bem jurídico da pessoa que se 
https://jus.com.br/tudo/penas
 
encontre na situação de perigo, a lei exigisse que outro indivíduo expusesse sua própria vida ou 
integridade física em perigo. Assim, se alguém se afoga em uma lagoa e quem assiste a isso não sabe 
nadar, seria umdespropósito exigir que este indivíduo colocasse sua própria vida em perigo para 
salvar aquele que está se afogando. 
A outra conduta descrita é não pedir socorro da autoridade pública. 
Há, como se vê, duas formas de socorro: o direto, e o indireto. O socorro direto ocorre quando a própria 
pessoa socorre, usando para isso seus próprios recursos. No socorro indireto o indivíduo, ao invés de 
socorrê-lo, chama a autoridade pública (corpo de bombeiros, ambulância, salva-vidas, etc) para que 
esta realize o socorro. 
O entendimento predominante sempre foi no sentido de que só é válido ao agente lançar mão do 
socorro indireto, quando for impossível socorrer diretamente. Todavia, tem sido difundida a idéia de 
que o melhor, em acidentes, é chamar a autoridade pública, para evitar que um socorro mal feito 
redunde em danos à integridade física (como lesões na coluna cervical). Quando o agente opta pelo 
socorro indireto por entender que este é o melhor modo de garantir a integridade física da pessoa em 
perigo, não há que se falar em crime, pois agiu para melhor preservar o bem jurídico tutelado. 
Em hipóteses de acidente, em que a vítima tem morte instantânea, mesmo que o omitente não tenha 
consciência disso, não há que se falar em crime de omissão de socorro. Como a omissão de socorro é 
crime de perigo, inexiste o delito se não houver bem jurídico a ser tutelado. (Sobre este tema, confira-
se na seção Dúvidas comentadas, neste site, a questão: Homicídio culposo e omissão de socorro) 
Trata-se do dolo de perigo, ou seja, a vontade livre de abster-se de socorrer, com a consciência da 
situação de perigo em que se encontra a vítima. 
É irrelevante a motivação do agente, se egoística ou não. 
Consuma-se com a simples abstenção, ou seja, no exato instante em que a vítima poderia agir e preferiu 
omitir o socorro estará consumado o crime. 
É impossível a tentativa, por tratar-se de crime omissivo próprio. 
O parágrafo único do art. 135 prevê duas causas de aumento de pena, se o resultado for decorrente da 
omissão de socorro. Se houver lesão corporal grave (art. 129, §§ 1º e 2º), a pena será aumentada de 
metade. Se o resultado for a morte, a pena será triplicada. 
 
O art. 135-A foi inserido pela Lei n. 12.653/2012, ao Código Penal e tem a seguinte redação: 
 
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de 
formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial: 
 
Pena — detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. 
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza 
grave, e até o triplo se resulta a morte. 
O tipo penal em comento busca extinguir situação corriqueira em hospitais, clínicas 
médicas e demais estabelecimentos de saúde do país, quando da necessidade de socorro médico de 
emergência. Diga-se, que “diante da crescente mercantilização da medicina, é mesmo lamentável que se tenha 
chegado à necessidade de haver uma tipificação penal nesse sentido, sendo o primeiro dever dos médicos salvar 
vidas humanas” 
A obediência da conduta típica aos preceitos constitucionais da subsidiariedade e da 
intervenção mínima do direito penal 
O crime previsto no art. 135-A, do Código Penal é um bom exemplo da estrita observância 
dos princípios da subsidiariedade e intervenção mínima, vez que a sua inserção no ordenamento 
jurídico pátrio se deu após a verificação da ineficácia das leis civis e regulamentações administrativas 
para coibir a prática da conduta ora tipificada. 
Lamentavelmente a exigência de garantias e preenchimento de formulários 
administrativos para o acesso ao atendimento médico emergencial era (e ainda é!) uma prática 
constante no país. Tudo em prol da necessidade de se garantir o pagamento das despesas hospitalares 
daquele que fosse atendido pelo socorro emergencial. 
Temos, pois, valores a serem sopesados. O primeiro, o do adimplemento contratual, que 
permite à iniciativa privada valer-se de instrumentos legais para efetuar a cobrança pertinente aos 
serviços prestados. De outro lado, tem-se o direito à saúde, à vida e à incolumidade física da pessoa 
humana, que em face de uma situação emergencial não deve ter seu atendimento médico negado ou 
postergado em razão de circunstâncias que visam unicamente garantir interesses patrimoniais dos 
estabelecimentos privados. 
Mas, lembre-se que a saúde é um dos direitos e garantias fundamentais sociais 
insculpidos no art. 6º, caput, da CF/88 [3]. E, assim sendo, deve ser compreendida como um daqueles 
direitos cuja competência para proteção e oferecimento compete ao Estado. 
Aliás, da leitura do art. 197, da CF/88, conclui-se que é da competência do Poder Público 
a regulamentação, a fiscalização e o controle das atividades de atenção à saúde, sejam elas executadas 
pelo próprio Poder Público ou pela iniciativa privada. Veja bem, ainda que prestada pela iniciativa 
privada, a assistência à saúde não deve ser concebida como uma mercadoria comum posta no mercado. 
 
Bem, de fato, todas essas normatizações cíveis e administrativas não foram capazes, com 
efetividade, de coibir a conduta agora tipificada pelo Código Penal. Por isso, a adequação do tipo aos 
princípios penais da subsidiariedade e da intervenção penal mínima decerto, a reprimenda criminal 
foi apresentada pelo legislador pátrio somente após outras searas da ciência jurídica, menos lesivas, 
não lograrem êxito na proteção das pessoas que em situação de emergência se vêm diante de práticas 
abusivas cometidas por instituições prestadoras de saúde no país. 
Maus-tratos (art. 136) 
Bem jurídico 
Trata-se de crime de perigo, portanto o bem jurídico tutelado é a vida, a integridade 
corporal e a saúde. 
O crime de maus-tratos, em qualquer de suas modalidades, é crime de perigo: necessário 
e suficiente para a sua existência é o perigo de dano à incolumidade da vítima.” 
Sujeitos do crime 
Crime próprio, somente comete o crime quem possui com o sujeito passivo relação 
jurídica especificada: autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação ensino, tratamento ou 
custódia. 
Sujeito passivo é a pessoa que esteja subordinada a uma das situações descritas. 
Tipo objetivo 
A conduta é expor a perigo, mediante uma das formas descritas. Crime de ação vinculada, 
a conduta só será típica se a exposição a perigo se der mediante uma das formas de execução: a) 
privação de alimentos, b) privação de cuidados indispensáveis, c) sujeição a trabalhos excessivos ou 
inadequados ou d) abuso dos meios de disciplina e correção. 
a) privação de alimentos: a privação pode ser absoluta, quando o autor não dá nenhuma 
comida à vítima, ou ou relativa, quando a vítima recebe comida insuficiente. Em qualquer hipótese, só 
haverá o crime se a vítima não puder, por seus próprios meios, obter alimentação, seja pela idade ou 
por sua condição física. No caso de privação absoluta de alimentos, por um período considerável de 
tempo, o crime que se configura é o homicídio, tentando ou consumado. 
b) privação de cuidados indispensáveis: trata-se da privação cuidados relacionados à 
saúde da vítima, que não tem condições de se cuidar sozinha. Como privar de higiene, de agasalho no 
frio, de banho de sol, quando necessário. Há situações em que a pessoa é privada de alimentação e de 
cuidados indispensáveis, em tal caso haverá um só crime, devendo o juiz levar em conta a gravidade 
na fixação da pena. 
 
“Pratica o crime de maus-tratos, previsto no art. 136 do CP, o agente que expõe sua 
curatelada, pessoa com problemas mentais, a perigo de vida e saúde, privando-a de sua alimentação e 
medicação. (…) 
c) sujeição a trabalhos excessivos ou inadequados: sujeitar é impor um domínio, submeter 
a pessoa a trabalho excessivo ou inadequado. Excessivo diz respeito à quantidade de trabalho, como a 
criança que é obrigada a trabalhar durante muitashoras, e inadequado relaciona-se à natureza do 
trabalho, que não é apropriado àquela pessoa. Assim, uma criança que é obrigada a trabalhar durante 
muitas horas, auxiliando sua mãe a lavar louça, é submetida a trabalho excessivo. A natureza do 
serviço não é incompatível com a idade da criança, mas a quantidade de horas, sim. Por outro lado, 
uma criança que é obrigada, pelo pai, a trabalhar em uma carvoaria, é submetida a um trabalho 
inadequado. 
d) abuso dos meios de disciplina e correção: abusar significa exceder-se, exorbitar no uso 
na disciplina e correção. 
Esse modo de execução do crime é um dos mais controvertidos. Corretivos que eram 
considerados válidos décadas atrás, hoje seria visto como um ato de inominável violência nos dias de 
hoje. Além disso, em razão da diversidade cultural existente em um país com dimensões continentais 
como o Brasil, há diversas visões sobre a melhor forma de se educar, especialmente a criança. Por outro 
lado, o crime exige que a vida ou a saúde da vítima seja exposta a perigo. 
Maus-tratos é um crime de perigo concreto, de modo que é imprescindível que se 
demonstre a ocorrência de uma concreta exposição a perigo. Não é suficiente conjecturar que a conduta 
poderia acarretar uma situação de dano, é necessário que, concretamente, se constate que a pessoa 
ficou exposta a perigo. 
Tipo subjetivo 
É o dolo de perigo, que pode ser direto ou eventual. É necessário que exista a consciência 
de que, com aquela conduta, a vítima está sendo exposta a uma situação perigosa. Não é necessário 
que exista dolo de causar sofrimento. 
Não há previsão de conduta culposa. 
Consumação e tentativa 
Com a prática de uma das formas descritas, desde que ocorra a situação de perigo. 
A tentativa é tecnicamente possível, apenas nas modalidades comissivas. 
Formas qualificadas 
 
Como nos demais crimes de perigo, o tipo traz as figuras preterdolosas, em que a 
produção do resultado qualifica. Se houver lesão corporal grave, a pena será de reclusão de 1 a 4 anos, 
e se houver morte, de 4 a 12 anos. 
A pena sofrerá, ainda, uma majoração de 1/3, se a vítima for menor de 14 anos. Tal 
aumento incidirá na pena do caput, tanto quanto nas penas dos §§ 1º e 2º. 
 
A rixa, crime capitulado no artigo 137 do Código Penal Brasileiro, no título dos crimes 
contra a pessoa, está tipificado como único crime do capítulo IV, e nos descreve algumas condutas, as 
quais serão previamente abordadas no presente artigo. 
Elemento fundamental nesse crime, como em qualquer outro é o verbo penal, pois este 
tem o condão de demonstrar o especial fim de agir do criminoso e seu elemento subjetivo, o dolo. 
No tipo em tela temos dois verbos nucleares com peculiaridades distintas, o primeiro 
“participar”, manifesta-se de tal forma que o participante da rixa deve ter efetivamente vontade de 
interagir, juntamente em conluio com outros participantes para praticar o crime por algumas formas, 
como socos, pontapés, arremesso de objetos perigosos, dentre outras. 
Já por outro lado, temos o verbo “separar”, que possui característica de eximir 
determinada pessoa do aludido crime, já que esta sequer participa da rixa, tendo por manifesta 
vontade, indubitavelmente, o intuito de cessar a rixa, de separar os contendores, ou seja, o confronto 
que possa estar acontecendo, ou porque não, que está prestes a acontecer. 
Perceba que o verbo separar, carrega consigo caráter benéfico, a atitude daquele, que não 
é participante de rixa, de tentar separar os rixosos, que a princípio estão sob forte rivalidade, nos denota 
isenção de pena, já que a intervenção, por questão de política criminal é resguardar e restabelecer a 
ordem pública em local que encontra-se evidente a rixa. 
O objetivo do interventor é trazer e restabelecer a interrupção e a paz, respectivamente, 
do dissídio violento entre participantes de rixas. 
Fator social relevante e infortúnio que depuramos na cultura brasileira, são os confrontos 
entre “torcedores” pelos estádios de futebol no Brasil, onde não se sabe o porquê, mas por certo, que 
dentre o apurado e efetivamente visualizado na mídia, é que a rixa está presente nesses estádios, onde 
gangues rivais, disfarçadas de torcedores, ao invés de irem torcer por seus respectivos times, vão para 
se confrontar, trazendo pânico e medo às pessoas que estão praticando o lazer dos finais de semana e 
pura e simplesmente torcendo e apreciando seus times, bem como o esporte nacional. 
 
No direito penal, a rixa tem caráter de multiplicidade de participantes, é crime coletivo, 
o que evidencia a dificuldade no reconhecimento destes, usando desse artifício para praticarem, além 
de lesões corporais recíprocas, atos de vandalismo e destruição, tal como desse arcabouço tem 
atingindo diretamente a ordem pública. lee uma melhor valoração da concorrência de cada um na rixa. 
A rixa é inegavelmente o meio mais eficaz e reprovável de agredir pessoas, em caráter 
múltiplo, em razão da pluralidade de rixosos, a integridade física e a vida de outrem, com atual e 
violento ataque, já que com esta natureza criminal, visto as questões de complexidade que se têm, nos 
traz processualmente uma difícil elucidação da concorrência delituosa de cada rixento. 
Sabe-se que a rixa é utilizada também nos meios de interação dos jovens, principalmente 
em bares e boates nas grandes capitais, onde rixosos já se encaminham aos locais de encontro mais 
populares com a pretensão de encontrar e propugnar rivais, provocando por motivos fúteis, brigas ou 
desavenças. 
O papel da rixa transpassa delicado e tortuoso trabalho para a polícia repressiva, tendo 
em vista a sua quantidade de participantes. Seria um delicado e longo trabalho o estudo da participação 
de cada rixoso para a aplicação da pena na medida de suas respectivas culpabilidades. 
Dois fatores neste tópico devem ser considerados, a saber: social e jurídico. O quão 
tendencioso esse crime pode abalar o ordenamento jurídico-social, já que a união para prática reiterada 
de crimes, pode se dá por diversas esferas, o que necessitaria uma análise mais profunda. 
Considerando a desenvoltura da rixa quando iniciada e perpetuada, sabe-se que o estrago 
é grande, e o trabalho da polícia judiciária é imenso para repreender essa prática criminosa. 
A sociedade, de quando desta ação delituosa fica extremamente frágil e desprotegida, 
inclusive, exemplificando novamente a questão da violência nos estádios, e a dificuldade no 
reconhecimento dos rixosos, cidadãos de bem são confundidos pelas guarnições de polícia, isso é 
demonstrado de forma cabal. 
Veja-se o tipo em retrato, onde destacamos algumas palavras para trazer correspondência 
com as explicações somadas: 
Art. 137 – Participar de rixa, salvo para separar os contendores: 
Pena – detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. 
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da 
participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. 
 
Perceba que o caput foi oportunamente destacado no início do artigo, expusemos a 
questão da participação e da separação, a importância dos verbos. Porém, o crime nos descreve duas 
hipóteses de qualificações, as quais terão uma incidência maior de pena, que dizem respeito à 
consumação do crime, e não mais à sua execução, conforme explanamos anteriormente, que são elas: 
- resultado morte; 
- resultado lesão corporal de natureza grave ou também gravíssima. 
Ressalte-se que a tentativa não enseja a aplicação maior de pena descrita para essas 
qualificadoras. 
Da consumação morte ou lesão corporal grave, o juiz, com base na lei, somente pelo fato 
do agente ter participado da rixa, com o animus rixandi, e ainda, quando estiver patente o preterdolo, 
ou seja, o dolo será direto ou eventual, agente quer participar da rixa, e lutar de forma física e violenta, 
entretanto não prevê ou não espera um resultado agravado às vítimas ou mesmo vítima, odolo assim, 
será eventual, bem como, o agente tem a consciência do ilícito e efetivamente deseja participar deste, o 
dolo será o direto, poderá então o citado magistrado singular aplicar a pena de detenção, a dosando 
de seis meses a dois anos, a depender do caso concreto. 
Assim, note-se que diante das considerações elencadas, os objetos jurídicos protegidos 
são: ordem pública, possuidora de caráter mediato, e a integridade física juntamente com a vida, estas 
de relevância imediata, pois são bens fielmente protegidos em nosso ordenamento. 
Dessa forma, pela natureza perigosa do crime retratado, a título exemplificativo, o 
arremessamento de pedras, objetos cortantes, entre outros, podemos afirmar de maneira cristalina tais 
circunstâncias geram a presunção absoluta, em virtude dos moldes nos quais foram perpetrado o 
crime, além da ofensa à coletividade, inclusive dispensando quaisquer meios de prova pericial, seja 
preliminar ou definitivo. 
Felipe Cherr, 15 de setembro de 2021

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