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Direito Penal IV

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Direito Penal IV
Parte Geral X Parte Especial do CP
 São as normas gerais do São os crimes, quais estão previstos no
 Código Penal (Art. 1º a 120) Código Penal e nas chamadas Leis Penais
 Especiais (Art. 121 a 361).
Partindo da leitura da NORMA PENAL INCRIMINADORA, também denominada de TIPO PENAL temos: 
Art. 121 – Matar alguém: 
Pena: reclusão, de 6 a 20 anos.
 
Sendo que: 
 - Matar alguém = conduta criminosa (sempre representada por um VERBO) = preceito primário da norma penal incriminadora 
- Pena: reclusão, de 6 a 20 anos = preceito secundário da norma penal incriminadora
O estudo dos crimes da Parte Especial será feito com base nos elementos estruturais que formam o tipo penal. Sendo eles que adiante serão explicados com mais profundidade:
1 - OBJETIVIDADE JURÍDICA 
É o BEM JURÍDICO PROTEGIDO. Também chamada de objeto jurídico do crime. Significa aquilo que o legislador quis proteger quando criou o tipo penal. 
Ex: Art. 121 - Matar alguém: Pena: Reclusão 6 a 20 anos. O que o legislador quis proteger? O direito a vida. Logo a objetividade jurídica do crime de homicídio é a proteção à vida. 
Todo crime tem objetividade jurídica. 
O QUE SE ENTENDE POR OBJETO MATERIAL DO CRIME?
É a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa. 
Ex: art. 155 do CP – Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel. A objetividade jurídica do crime de furto é a proteção do patrimônio. O objeto material do crime é coisa alheia móvel. 
No art. 121, crime de homicídio: Matar alguém. A objetividade jurídica é a proteção da vida. O objeto material é a pessoa.
 2 – SUJEITOS DO CRIME
São os personagens do crime. 
Aquele que pratica a conduta criminosa é denominado de SUJEITO ATIVO. Qualquer pessoa física capaz e com 18 anos completos pode ser sujeito ativo de crime. 
Para o sujeito ativo responder pelo crime deve ele ainda possuir a chamada CAPACIDADE PENAL ATIVA que é a aptidão (capacidade, competência) para ser processado criminalmente, respondendo pelas consequências do ilícito penal. 
De acordo com o sujeito ativo o crime pode ser classificado em CRIME PRÓPRIO ou CRIME COMUM. 
Tem a capacidade ativa os denominados IMPUTÁVEIS que são aquelas pessoas com idade igual ou maior de 18 anos e que tenham capacidade de entender o fato criminoso praticado e de se determinar de acordo com esse entendimento. 
De outro lado, os menores de 18 anos e os doentes mentais que não conseguem entender o caráter criminoso são considerados INIMPUTÁVEIS. Não podem receber penas porque segundo o Código Penal (Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial) e a CF (Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial) estabelecem que faltam a eles imputabilidade penal. 
Os menores de 18 anos, ou seja, os adolescentes - pessoas com idade entre 12 anos até 18 anos incompletos praticam ato infracional (Art. 103 do ECA - Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal), conforme o ECA, e estão sujeitos às denominadas medidas sócio educativas (ver art. 112 do ECA). 
As crianças de 0 a 12 anos incompletos quando praticam ato infracional estão sujeitas a outras medidas (ver art. 101 do ECA).
Pessoa jurídica pode figurar como sujeito ativo do crime?
A CF/88, no art. 225, § 3°, estabelece que: "As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados". 
Conforme a CF, nasceu a Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais). Estabelece o art. 3°, caput que: "As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade". De uma maneira geral, falta a pessoa jurídica capacidade física para praticar uma conduta criminosa. O tema é discutido na doutrina em 2 teorias a saber:
 1ª – Teoria da Ficção Jurídica, defendida por Savigny, entende que a pessoa jurídica não pode praticar crimes (societas delinquere non potest), nem ser responsabilizada penalmente. A empresa é uma ficção jurídica, um ente virtual, desprovido de consciência e vontade. Logo não pode praticar o verbo da norma penal incriminadora. 
 2ª - Teoria da Realidade, Orgânica ou da Personalidade Real, defendida por Otto Gierke. É um ente autônomo e distinto de seus membros e tem vontade própria. É considerada um sujeito de direitos e obrigações logo pode cometer crimes ambientais e sofrer pena. A CF/88 autorizou a responsabilidade penal do ente coletivo, objetiva ou não. Teoria adotada pelo Direito Penal brasileiro. 
O SUJEITO PASSIVO é a pessoa ou ente que sofre as consequências da infração penal. 
Pode figurar como sujeito passivo qualquer pessoa física ou jurídica, ou mesmo ente indeterminado, destituído de personalidade jurídica (ex: coletividade, família, etc.), caso em que o crime é chamado pela doutrina de vago. 
3 – ELEMENTO OBJETIVO 
É a análise da CONDUTA CRIMINOSA representada pelo VERBO. Ex: Matar alguém, o verbo é matar, ou seja, a conduta é o ato de matar.
4 – ELEMENTO SUBJETIVO 
É a intenção necessária para caracterizar o crime, ou seja, a análise do DOLO ou da CULPA quando prevista no tipo penal. 
Para alguém responder por um crime é necessário que ele pratique a conduta criminosa com DOLO ou com culpa, se previsto no tipo penal. (princípio da responsabilidade penal subjetiva).
Por exemplo, no art. 121, crime de homicídio: Matar alguém. O elemento subjetivo é o dolo de matar. O agente tinha o dolo de matar.
5 – CONSUMAÇÃO 
Última fase do iter criminis. Ocorre quando o agente pratica todos os elementos do tipo penal. 
É o CRIME CONSUMADO, previsto no ART. 14, I DO CP.
Todo crime tem o seu momento de consumação que precisa ser estudado. Na consumação, geralmente, ocorre um resultado naturalístico. De acordo com a necessidade do resultado naturalístico para a CONSUMAÇÃO do crime, os crimes podem ser classificados em: 
A) CRIME MATERIAL – para a consumação é necessária a produção de um resultado 
B) CRIME FORMAL - Não é necessária a produção de um resultado para a consumação. A consumação ocorre com a prática da conduta. Denominado crime de consumação antecipada ou de resultado cortado. 
C) CRIME DE MERA CONDUTA – simples atividade - O tipo penal descreve a conduta sem a ocorrência de resultado algum. A consumação ocorre com a prática da conduta. Ex: art. 150 CP – violação de domicílio.
 6 – TENTATIVA
 É a não consumação do crime por CIRCUNSTÂNCIA ALHEIAS A VONTADE DO AGENTE. O agente não chega à última fase do iter criminis. A tentativa ocorre na fase da execução do iter criminis. O sujeito pratica um crime, só que TENTADO.
 Qual a pena da tentativa?
O juiz deverá analisar o seguinte: quanto mais próximo o agente chegar da consumação, MENOR a diminuição de sua pena.
7 – FORMAS QUALIFICADAS DO CRIME e CAUSAS DE AUMENTO DE PENA 
No Código Penal há situações previstas na lei, que se presentes no caso concreto, fazem com que a pena do crime seja aumentada. 
Essas situações podem ser classificadas em:
A) AGRAVANTES = situações previstas nos arts. 61 e 62 que influenciam na dosimetria da pena, 2ª fase do sistema trifásico. Ficam a critério subjetivo do juiz. 
B) QUALIFICADORAS = se presentes tornam o crime qualificado. São situações previstas no tipo penal que deslocam a pena base (prevista no caput) para um outro limite com mínimo e máximo. Ex: art. 121 caput – penal reclusão de 6 a 20 anos. Se o agente usar de veneno para matar a vítima a pena serádeslocada para reclusão de 12 a 30 anos. Ver art. 121, §2º, III do CP. Logo o veneno é uma qualificadora do crime de homicídio. 
C) CAUSAS DE AUMENTO DE PENA = se presente o crime será majorado ou com a pena aumentada. Podem estar presentes na parte geral ou na parte especial do CP. Você identifica as causas de aumento de pena porque elas representam uma fração, por exemplo, aumento de ½, de 1/3 a 2/3 etc. Diferenciam-se das qualificadoras porque as causas de aumento de pena não deslocam a pena base para outro limite com mínimo máximo e sim apenas aumentam a pena numa proporção. O juiz deverá aplica-las na 3ª fase do sistema trifásico. 
CRIMES CONTRA A VIDA
Homicídio
É a morte de um homem praticada por outro homem. É a eliminação da vida de uma pessoa provocada por outra. Tem por ação nuclear o verbo “matar”, que significa destruir ou eliminar, no caso a vida humana, utilizando-se de qualquer meio capaz de execução.
É um crime comum, pois o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, não exigindo a Lei, nenhum requisito especial, sendo excluídos aqueles que atentam contra a própria vida, já que o suicídio, por si mesmo, é fato atípico. Admite a coautoria ou participação, por ação ou omissão.
O sujeito passivo do crime de homicídio é “alguém”, ou seja, qualquer pessoa, independentemente de idade, sexo, condição social etc. É o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado.
· O crime de homicídio tem por objeto jurídico a vida humana. É se consuma com a morte da vítima.
homicídio doloso quando se tem a vontade e a consciência da produção e do resultado
homicídio culposo quando se age com imprudência, negligência ou imperícia
O Código Penal distingue várias modalidades de homicídio: simples (artigo 121, caput), privilegiado (§ 1º), qualificado (§ 2º) e culposo (§ 3º).
Homicídio simples O crime se refere à ação de matar alguém sem agravantes cruéis (qualificadoras) ou sem domínio de violenta emoção (privilegiado). A classificação depende das condições, das intenções e dos meios utilizados pelo autor.
Homicídio privilegiado É aquele que, em virtude de certas circunstâncias subjetivas, conduzem a uma menor reprovação social da conduta do homicida e, por este motivo, a pena é atenuada.
Homicídio qualificado É aquele que tem sua pena majorada (aumentada). Diz respeito aos motivos determinantes do crime e aos meios de execução, reveladores de maior periculosidade ou perversidade do agente.
TENTATIVA DE HOMICÍDIO 
Ocorre quando por circunstâncias alheias à vontade do agente não ocorre a morte da vítima. 
 Classificação da tentativa no homicídio: 
a) BRANCA: A vítima sobrevive sem ferimentos. 
b) CRUENTA: A vítima sobrevive com ferimentos. 
Diferença com o crime de Lesão Corporal? 
Na tentativa cruenta o agente age com dolo de matar e no crime de lesão corporal o agente age com dolo de lesionar. Não quer matar a vítima.
EUTANÁSIA
Também chamada de HOMICÍDIO PIEDOSO, HOMICÍDIO MÉDICO ou COMPASSIVO. 
É o ato de proporcionar a morte sem sofrimento de uma pessoa que sofre de um mal ou doença incurável. (estado terminal, ou portador de enfermidade incurável que esteja em sofrimento constante, uma morte rápida e sem dor).
Aqui há assistência ou a participação de terceiro.
A eutanásia é um direito legalmente previsto em alguns países como a Holanda e a Bélgica, nos casos para pacientes terminais ou portadores de doenças incuráveis que acarretam em sofrimento físico e emocional para o paciente e seus familiares. No Brasil, atualmente, configura homicídio privilegiado (por valor moral).
 ORTOTANÁSIA
Também chamada de EUTANÁSIA MORAL, PASSIVA ou TERAPÊUTICA. 
A pessoa tem uma morte natural, sem interferência da ciência. Na ortotanásia o médico deixa de ministrar remédios que prolonguem artificialmente a vida da vítima, portadora de enfermidade incurável, em estado terminal e irremediável. 
No Brasil a prática está regulamentada pela Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1805/2006. A resolução, que regulamenta a possibilidade de o médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente na fase terminal de enfermidades graves e incuráveis. 
TESTAMENTO VITAL ou BIOLÓGICO 
É um documento que contém as suas diretrizes (manifestação) antecipadas de vontade sobre cuidados à vida numa situação em que você não tem condições de tomar as próprias decisões ou expressar a sua vontade. 
Está regulamentada pela Resolução do Conselho Federal de Medicina n. 1.995/2012. Diretrizes antecipadas são o conjunto de desejos, prévia e expressamente manifestados pelo paciente, sobre cuidados e tratamentos que quer, ou não, receber no momento em que estiver incapacitado de expressar, livre e autonomamente, sua vontade.
Nas decisões sobre cuidados e tratamentos de pacientes que se encontram incapazes de comunicar-se, ou de expressar de maneira livre e independente suas vontades, o médico levará em consideração suas diretivas antecipadas de vontade. 
Caso o paciente tenha designado um representante para tal fim, suas informações serão levadas em consideração pelo médico. 
O médico deixará de levar em consideração as diretivas antecipadas de vontade do paciente ou representante que, em sua análise, estiverem em desacordo com os preceitos ditados pelo Código de Ética Médica. 
As diretivas antecipadas do paciente prevalecerão sobre qualquer outro parecer não médico, inclusive sobre os desejos dos familiares. O médico registrará, no prontuário, as diretivas antecipadas de vontade que lhes foram diretamente comunicadas pelo paciente.
Não sendo conhecidas as diretivas antecipadas de vontade do paciente, nem havendo representante designado, familiares disponíveis ou falta de consenso entre estes, o médico recorrerá ao Comitê de Bioética da instituição, caso exista, ou, na falta deste, à Comissão de Ética Médica do hospital ou ao Conselho Regional e Federal de Medicina para fundamentar sua decisão sobre conflitos éticos, quando entender esta medida necessária e conveniente. 
Homicídio qualificado
São qualificadoras do homicídio:
1. Mediante paga ou promessa de recompensa
O homicídio qualificado pela paga ou promessa de recompensa é chamada pela doutrina de “homicídio mercenário” ou “por mandato remunerado”.
O objetivo é de punir mais gravosamente a pessoa que comete o delito pela "cupidez”, isto é, pela ambição desmedida, pelo desejo imoderado de riquezas.
Será que sempre que um homicídio for praticado mediante paga ou promessa de recompensa, a qualificadora do inciso I do § 2º do art. 121 do CP deverá ser aplicada automaticamente tanto para o executor como para o mandante.
2. Motivo torpe
É todo motivo repugnante, desprezível que causa repulsa a sociedade. São motivos que vão contra os preceitos da sociedade.
Ex: 1- Motivo de sexo, religião, heranças, rivalidade profissional, valentia, disputas de terra.
 2- Preconceito racial, sexual
 3- Marido que não aceita fim da relação
A vingança sempre caracterizará o motivo torpe?
Pode ou não ser torpe, depende do que originou a vingança.
Quando não é: um cara matar o assassino do seu irmão não é um motivo repugnante.
Quando é: Um funcionário antigo matar um funcionário novo apenas porque o novo ganhou a promoção e ele não.
3. Motivo fútil
É um motivo de pouca importância, quando o motivo não é causa suficiente para gerar um crime. 
Ex: Uma pessoa pisar no seu pé e você matar ela por isso.
O MESMO MOTIVO NÃO PODE SER FUTIL E TORPE AO MESMO TEMPO, pois seria classificado como no bis in idem.
4. Meios empregados, ou seja, aquilo que causou a morte da vítima
A) Emprego de veneno: Por si só deve ser reconhecida quando a vítima não perceber que foi envenenada. Pois se for um envenenamento forçado configuraria como meio cruel.
B) Fogo e explosivo: Podem configurar crime específico quando gerarem perigo comum, ou seja, quando põe em risco um número indeterminado de pessoas. (art. 250 a 251).
C) Asfixia: é todo ato praticado pelo agente que causa falta de oxigênio no organismo da vítima. Existem espécies deasfixia sendo a mecânica e a toxica.
MECÂNICA: 
Estrangulamento: constrição do pescoço da vítima por meio de instrumento conduzido pela força, do agente ou de outra fonte qualquer, desde que não seja o próprio peso do ofendido (exemplos: utilização de corda ou arame apertado pelo homicida). Se for utilizado o peso da vítima, será caso de enforcamento;
Esganadura: aperto do pescoço da vítima provocado diretamente pelo agressor, que se vale do seu próprio corpo (exemplos: mãos, pés, antebraços etc.); 
Sufocação: emprego de objetos que vedam o ingresso de ar pelo nariz ou pela boca da vítima (exemplo: colocação de um saco plástico na garganta do ofendido); 
Enforcamento: constrição do pescoço da vítima provocada pelo seu próprio peso, em razão de estar envolvido por uma corda ou outro aparato de natureza similar (exemplo: forca); 
Afogamento: inspiração excessiva de líquidos, não se exigindo a imersão da vítima (exemplos: afundar alguém em uma piscina ou fazê-la ingerir água até a morte);
Soterramento: submersão em meio sólido (exemplo: enterrar uma pessoa com vida);
Imprensamento: impedimento da função respiratória pela colocação de peso sobre o diafragma da vítima, de modo que, em decorrência desse peso ou da exaustão por ele provocada, ela não mais seja capaz de efetuar o movimento respiratório. Esse meio é também conhecido como sufocação indireta. 
TÓXICA: 
Uso de gás asfixiante ou inalação. Exemplo: prender a vítima em um ambiente fechado e abrir a torneira do gás de cozinha; 
Confinamento: colocação da vítima em recinto fechado em que não há renovação do oxigênio por ela consumido. Atenção, se a vítima for colocada em um caixão e enterrada viva, a causa da morte será a asfixia tóxica por confinamento, e não a asfixia mecânica por soterramento.
D) Meio Insidioso: O sujeito arquiteta uma armadilha a fim de matar a vítima. O sujeito então utiliza de um meio fraudulento (a vítima não percebe), que acaba provocando a morte da vítima. Ex: Armadilha, sabotagem do freio do motor, sabotar o chuveiro para a vítima sofrer uma descarga elétrica, etc.
E) Tortura: É a prática de atos de extrema crueldade e que provocam um sofrimento físico ou mental da vítima, acarretando sua morte.
homicídio qualificado pela tortura: O sujeito tem dolo de matar e se utiliza da tortura como meio.
Existe uma lei que define os crimes de tortura, o ART. 1º: Para configurar crime de tortura existe sempre uma finalidade específica para o crime. Ex: Tortura por opção sexual da vítima. Aqui se tem o dolo da tortura.
Qual a diferença entre os crimes de:
1) Homicídio qualificado pela tortura e
2) Tortura qualificada pela morte
Dolo. No primeiro o sujeito tem dolo de matar e a tortura é a causa da morte, no segundo o dolo é de tortura e a morte é culposa.
Quando o agente agir com dolo de tortura e dolo de matar existem dois crimes autônomos, o agente responde por ambos os crimes.
F) Qualquer meio que possa resultar perigo comum: 
Perigo comum são aqueles que para a consumação basta colocar em situação de risco um número indeterminado de pessoas.
Ex: Inundação, desabamento.
G) Meio cruel
A causa da morte revela uma brutalidade incomum do agente e um sofrimento da vítima.
Ex: Pisoteamento, pontapés, pauladas, etc.
Reiteração de golpes por si só não é meio cruel, mas demostra uma brutalidade.
Ex: Dar vários tiros depois do primeiro já ter acertado a cabeça da vítima não causa mais sofrimento a vítima. A REINTERAÇÃO DE GOLPES / TIROS POR SI SÓ NÃO REPRESENTA A QUALIFICADORA, MAS SE O AGENTE POR DIVERSOS GOLPES QUISER QUE A VÍTIMA SOFRA, PODE SIM CARACTERIZAR A QUALIFICADORA - DEPENDE DA VONTADE DO AGENTE
5. Modo de execução, ou seja, a maneira de praticar o crime
A vítima tem seu direto de defesa diminuído ou impossibilitado pela forma de agir do agente.
A) Emboscada: O agente fica escondido esperando a vítima passar para agir. 
B) Traição: Quebra de confiança, por alguma razão a vítima confiava no autor, e o autor se aproveita dessa confiança. Configura um ataque brusco, sorrateiro. 
C) Dissimulação: Seu propósito é o uso de um meio fraudulento para chegar perto da vítima e matá-la. Pode ser de duas espécies:
Material onde o agente utiliza de um disfarce. Ex: O maníaco do parque que fingiu ser um fotógrafo.
Moral o agente utiliza de uma conversa enganosa e ilude a vítima.
D) Qualquer outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima: Ex: Surpresa, vítima atacada pelas costas, vítima ficar de joelhos, gesto repentino do agente etc.
6. Por conexão 
É o vínculo de ligação entre o homicídio e outro crime. Sendo de dois tipos:
Conexão Teleológica: O homicídio tem uma finalidade, o agente primeiro mata e depois pratica o outro crime. Ex: Mata o marido a fim de estuprar a mulher.
Conexão Consequencial: O homicídio é praticado como consequência de outro crime, primeiro ocorre o outro crime e depois o homicídio. Ex: Matar uma testemunha do crime de roubo.
Existem 4 hipóteses:
A) Garantir a execução: Para garantir a execução o agente primeiro mata e depois pratica o outro crime. Sendo uma conexão teleológica.
B) Ocultação: O agente mata a vítima para evitar que se descubra a existência de outro crime por ele praticado. Sendo uma conexão consequencial. 
C) Impunidade: O agente mata para evitar a sua punição. Aqui já se sabe da existência de um crime, porém não se sabe da autoria. Sendo uma conexão consequencial.
D) Vantagem: O agente mata a vítima para ficar com o proveito de um crime anterior. Ex: Homicídio do coautor de um roubo. 
7. Feminicídio 
Assim como os outros, é uma qualificadora e não um crime autônomo. Tem como finalidade punir de forma mais grave autores de homicídio contra mulher.
Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:
I - Violência doméstica e familiar; 
II - Menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
§2º, VI C/C §2º-A, I ou §2º, VI C/C §2º-A, II = tipificação da qualificadora do feminicídio
Violência doméstica e familiar: verificar arts. 5º e 7º da Lei Maria da Penha.
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
I - No âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; 
II - No âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; 
III - Em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. 
Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: 
I - A violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; 
II - A violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; 
III - A violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação;ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; 
IV - A violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
Menosprezo ou discriminação à condição de mulher: O inciso II do § 2º-A do art. 121 do Código Penal assegura ser também qualificado o homicídio quando a morte de uma mulher se der por menosprezo ou discriminação a essa sua condição. Menosprezo, aqui, pode ser entendido no sentido de desprezo, sentimento de aversão, repulsa, repugnância a uma pessoa do sexo feminino; discriminação tem o sentido de tratar de forma diferente, distinguir pelo fato da condição de mulher da vítima.
Pode figurar como vítima do feminicídio pessoa transexual? 
Pode, leva em conta o Provimento 73 da Corregedoria Nacional de Justiça. 
Assim, somente aquele que for portador de um registro oficial (certidão de nascimento, documento de identidade) em que figure, expressamente, o seu sexo feminino, é que poderá ser considerado sujeito passivo do feminicídio. 
Aqui, pode ocorrer que a vítima tenha nascido com o sexo masculino, havendo tal fato constado expressamente de seu registro de nascimento. No entanto, posteriormente, ingressando com uma ação judicial, vê sua pretensão de mudança de sexo atendida, razão pela qual, por conta de uma determinação do Poder Judiciário, seu registro original vem a ser modificado, passando a constar, agora, como pessoa do sexo feminino. Somente a partir desse momento é que poderá, segundo nossa posição, ser considerada como sujeito passivo do feminicídio.
Causas de aumento de pena no feminicídio 
A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:
I – Durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (pois o sujeito também cometerá crime de aborto)
II – Contra pessoa menor de 14 (quatorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência física ou mental; (pois a mulher se encontra em uma situação de vulnerabilidade)
III – Na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima.
IV – Em cumprimento das medidas protetivas de urgência. 
Dolo: para que incidam tais causas de aumento, o agente deve ter ciência das situações expostas, ou seja, ele precisa saber que a vítima estava grávida, que ela era menor que 14 anos, que tinha deficiência etc.
8. Contra autoridades policiais, forças armadas, integrantes do sistema prisional e/ou seus familiares 
Para que se configure a qualificadora, é necessário que o crime tenha sido cometido no exercício da função ou em decorrência dela. Por isso, eventual assassinato de um policial, por exemplo, em seu dia de folga, em circunstância sem qualquer vínculo com sua função não se caracterizará esta qualificadora, ainda que o assassino tenha conhecimento de que se trata de um policial, mas essa circunstância não foi a causa da morte. 
Observações finais de homicídio qualificado
1. A premeditação (planejamento anterior ao crime) é qualificadora do homicídio?
Não é qualificadora por falta de amparo legal, não está especificada no artigo de qualificadoras de homicídio. O juiz empregará com circunstancia judicial negativa.
2. Parricidio ou marricidio (matar o pai ou matar mãe)
Não é qualificadora por falta de amparo legal, não está especificada no artigo de qualificadoras de homicídio. Ex: Matar o pai por falta de herança é considerado motivo torpe.
3. Tentativa de homicídio qualificado
Existe porque a tentativa diz respeito a morte e não a qualificadora.
4. Qualificadora objetiva e subjetiva 
As qualificadoras podem ser de natureza subjetiva ou objetiva. As primeiras são motivo fútil e torpe; já as segundas se referem ao modo e meio de execução.
5. Homicídio privilegiado-qualificado
Existe, porém, é indispensável que as qualificadoras sejam de natureza OBJETIVA.
6. Homicídio é crime HEDIONDO?
Crimes hediondos são crimes desprezíveis, repugnantes, causam consequências penais e processuais mais graves que os demais crimes. Portanto, sim, o homicídio é considerado crime hediondo em duas situações, da mesma forma que crimes como lesão corporal dolosa de natureza gravíssima, a lesão corporal seguida de morte, o latrocínio, a extorsão, o genocídio e o estupro por exemplo.
 Lesões Corporais 
Lesão corporal é qualquer ofensa a integridade corporal o a saúde de alguém.
O agente, aqui, não pretende matar a vítima, ele pretende (tem o dolo de) apenas ofender a integridade física e a saúde da vítima. 
O que seria a ofensa a saúde? 
1- Perturbações fisiológicas usar boa noite cinderela, ou dar laxante para alguém, por exemplo, na bebida, mexe com as funções fisiológicas da pessoa. 
2- Perturbações mentais
A conduta pode ser praticada de qualquer forma, por isso o crime de lesão corporal é chamado crime de ação livre. 
Esse crime também pode ser punido por culpa.
E tem a forma preterdolosa, onde a lesão corporal vem seguida de morte. 
Lesão corporal leve ou simples
Art. 129, caput
Tudo aquilo que não for grave ou gravíssima.
Ex: Um tapa que deixa um hematoma roxo, um apertão que deixa um inchaço na pele etc. 
· Tem uma pena de detenção de 3 meses a 1 ano, ou seja, é um crime de menor potencial ofensivo.
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.
· Gera uma ação penal pública incondicionada
Vias de Fato não é sinônimo de lesão corporal, pois não é crime, é uma contravenção penal. Vias de fato é toda agressão que não deixa vestígios, por exemplo um puxão de cabelo, ou bater com uma torta na cara da pessoa. 
A diferença entre vias de fato e lesão corporal leve é o dolo, se existe dolo de machucar e o sujeito resultou algum dano a vítima é lesão corporal leve. 
Lesão corporal grave
Art. 129, parágrafo 1º
Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias
Se a lesão corporal fizer com que a vítima não possa realizar suas ocupações habituais, como por exemplo jogar tênis, por mais de trinta dias. Portanto, aquele que pratica lesão corporal grave em um sujeito e este deixa de frequentar a escola ou o trabalho por mais de 30 dias pratica a conduta
· Exige que seja feito o exame de corpo de delito para que se apresente os vestígios do crime, e o exame complementar que é feito após os 30 dias. 
II - Perigo de vida
A lesão corporal que traga perigo de vida à vítima enquadra-se como lesão corporal grave. Em decorrência da lesão corporal praticada, a vítima suporta grave risco de morrer.
· Só se aplica a qualificadora quando o agente não quer matar a vítima. 
· Esse perigo deve ser apontado por médicos em laudo, por exemplo, um laudo atestando que a vítima ficou em coma porque sofreu um traumatismo craniano em decorrência da lesão corporal.
III - Debilidade permanente de membro, sentido ou função
Debilidade é a diminuição da capacidade funcional. Exige o CP que seja permanente. Permanência, entretanto, não significa perpetuidade. Basta que seja duradoura.
Portanto a lesão que cause a quebra de um braço e o torne debilitado permanente ou a lesão que prejudique a visão da vítima de forma permanente enquadram-se na tipificação
· Sobre membro, sentido ou função
Membros são os apêndices do corpo, superiores (braços) e inferiores (pernas). Sentidos são todas as funções perceptivas do mundo exterior (visão, audição, olfato, gosto e tato). Função é a atividade desempenhada por vários órgãos (respiratória, renal, circulatória, digestiva, secretora, locomotora, reprodutora, sensitiva etc.).
IV - Aceleração de parto
A lesão que cause aceleração do parto é uma lesão corporal de natureza grave.
Aceleração do parto é a antecipação do nascimento do feto com vida. 
· É indispensável que o feto esteja vivo, nasça com vida e continue a viver, caso contrário, se morrer, noútero ou fora dele, configurar-se-á aborto, e a lesão corporal será qualificada como gravíssima
QUESTÕES TRADICIONAIS 
1 - Questão: A EXTIRPAÇÃO é PERDA de membro = LOGO LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA 
2 - Questão: Órgão duplo: a supressão de 1, debilita a função = LOGO LESÃO CORPORAL GRAVE 
3 Questão: A extirpação de 1 dedo (mão ou pé). Configura qual lesão? = TECNICAMENTE DEBILIDADE PERMANENTE = LESÃO CORPORAL GRAVE. MAS HÁ JULGADOS QUE CONFIGURAM A DEFORMIDADE PERMANENTE – LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA. 
4 - Questão: A supressão completa de movimento de braço ou perna. Configura qual lesão? INUTILIZAÇÃO = LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA 
5- Questão: Perda de dentes? = Depende: se afetar a mastigação LESÃO CORPORAL GRAVE por debilidade de função. Se não afetar = LESÃO CORPORAL LEVE
6 – PÊNIS e SEIOS = considerado órgão, logo dizem respeito à função.
Lesão corporal gravíssima
Art. 129, parágrafo 2º
Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho
Quando a lesão corporal resultar em incapacidade permanente da vítima para o trabalho (por um período duradouro de tempo, sem prazo para restabelecimento de suas atividades), seja de forma culposa ou dolosa, poderá seu agente ser enquadrado no crime de lesão corporal gravíssima. 
· Ao contrário do que dispõe em idêntico inciso do parágrafo 1º, a lei fala aqui em trabalho e não ocupações habituais. Trata-se, consequentemente, de profissão, emprego ou ofício, lucrativo, excluindo-se, pois, a criança ou o aposentado.
Aqui exige que a incapacidade deve ser genérica, ou seja, aquela em que a capacidade é permanente para qualquer trabalho. 
Ex: Se o sujeito sofre uma incapacidade na qual não pode mais apenas tocar piano e sua profissão é pianista, ele tem a chance de mudar de profissão, por isso não se enquadra, sendo a incapacidade do pianista específica e não genérica.
II - Enfermidade incurável
A enfermidade incurável diz respeito aquela doença, resultado de uma lesão corporal, que a medicina atual ainda não tenha conhecimento da cura.
Ex: Um trauma na cabeça, hepatite C, AIDS 
III - Perda ou inutilização do membro, sentido ou função
Também de forma dolosa ou culposa, é possível enquadrar em uma lesão de natureza gravíssima, a perda ou inutilização do membro, sentido ou função.
· Diferente do parágrafo 1º, aqui não é a diminuição e sim a perda total.
A perda do menbro pode ocorrer por mutilação ou amputação.
A mutilação ocorre no momento da ação delituosa: com um machado, ou serra elétrica, alguém secciona o braço, ou a mão, de outrem. 
A amputação se apresenta na intervenção cirúrgica imposta pela necessidade de salvar a vida do ofendido, ou para impedir consequências mais funestas, nocivas ou graves: o seccionamento cirúrgico de um braço gangrenado pela faca que o ofendido recebeu.
Na inutilização, o membro permanece ligado ao corpo, mas incapaz de sua atividade própria ou função, como, por exemplo, quando a vítima passa a ter paralisia total de um braço ou perna.
IV - Deformidade permanente
A deformidade permanente diz respeito a modificação ao que antes existia e que acabe por resultar em um constrangimento a vítima perante a sociedade. Ou seja, todo dano estético considerável, permanente e visível (basta aparecer no corpo, mesmo nas partes íntimas).
Ex: A vítima é cortada no rosto com uma faca, a cicatrização do rosto não consegue recuperar aquela marca. Ou a perda de um dedo da mão, por exemplo.
V – Aborto
O aborto que resultar de uma lesão corporal, só poderá ser assim classificado caso resulte em uma situação culposa, em que o agente não desejava o resultado. Caso o aborto tenha sido resultado de uma ação dolosa, há de se falar no crime em si e não em lesão corporal.
· É exclusivamente preterdolosa, o sujeito só tem a intenção da lesão corporal, não do aborto, porem responde por culpa e resultado do aborto.
· Não é necessário que o sujeito tenha consciência da gravidez da vítima. ???
Lesão corporal seguida de morte
Art. 129, parágrafo 3º
Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo.
Trata-se, também, de crime (exclusivamente) preterdoloso, em que o agente apenas quer lesionar a vítima e acaba provocando sua morte de forma não intencional, ou seja, culposa; caso contrário, se desde o início, queria a morte da vítima, não é o caso do crime em questão, mas de homicídio.
Diferença entre homicídio culposo e lesão corporal seguida de morte:
A morte a lesão corporal tem origem de um comportamento doloso.
Lesão corporal privilegiada
Art. 129, parágrafo 4º
Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
· Essa causa de diminuição de pena é aplicada para todas as espécies de lesão corporal dolosa. 
Lesão corporal culposa
Art. 129, parágrafo 6º
O crime de lesões corporais culposas tem a mesma sistemática do crime de homicídio culposo, modificando-se apenas o resultado, já que, nesse caso, a vítima não morre.
O artigo 129, § 7º, do Código Penal estabelece que a pena da lesão culposa será aumentada em um terço quando:
· o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima,
· quando foge para evitar prisão em flagrante, 
· quando não procura diminuir as consequências de seu ato e, por fim, 
· quando o crime resulta da inobservância de regra técnica de arte, profissão ou ofício.
Por fim, o § 8º, do artigo 129 estabelece que aplica-se à lesão culposa o instituto do perdão judicial, quando: as consequências do crime tiverem atingido o agente de forma tão grave que a imposição da pena se torne desnecessária.
SUBSTITUIÇÃO DA PENA
Art. 129, parágrafo 5º
O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa:
I – Se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo 4º (lesão corporal privilegiada)
Assim, em se tratando de lesões leves, o juiz tem duas opções nas hipóteses de relevante valor social, moral ou de violenta emoção. Pode reduzir a pena de um sexto a um terço (§ 4º) ou substituí-la por multa (§ 5º). 
Inciso II - Se as lesões são recíprocas.
O dispositivo em questão somente se aplica quando uma pessoa agride a outra e, cessada a agressão, ocorre a retorsão. É pacífico o entendimento que se um, apenas se defendendo, causou lesões no outro, não há se falar em lesões recíprocas, já que essas são lícitas, ou seja, o sujeito agiu em legítima defesa. 
Periclitação da vida e da saúde
PERICLITAR significa COLOCAR EM PERIGO / ESTAR EM PERIDO
Os crimes previstos nos arts. 130 a 136 SÃO DENOMINADOS DE CRIMES DE PERIGO.
Essa bipartição dos crimes – de dano e de perigo – relaciona-se com o grau de intensidade do resultado almejado pelo agente como consequência da conduta. Com efeito, crimes de dano ou de lesão são aqueles em que somente se produz a consumação com a efetiva lesão do bem jurídico.
Os CRIMES DE PERIGO SÃO SUBSIDIÁRIOS, isto é, ficam absorvidos quando o fato se tornar mais grave porque estão dentro do fato maior. Ele faz parte do maior e acaba absorvido. 
Ex: caso alguém cometa o crime de perigo de contágio venéreo e desse fato resultar uma lesão corporal grave na vítima, o crime do art. 130 do CP fica absorvido porque já está dentro do fato mais grave que é o art. 129, §1º, por exemplo.
Classificação dos crimes de perigo: 
a) CRIMES DE PERIGO ABSTRATO, presumido ou de simples desobediência: são os que se consumam, automaticamente, com a mera prática da conduta. Não se exige a comprovação da produção da situação de perigo. Ao contrário, há presunção absoluta (iuris et de iure) de que determinadas condutas acarretam perigo a bens jurídicos. É o caso do tráfico de drogas (Lei 11.343/2006, art. 33, caput). 
B) CRIMES DE PERIGO CONCRETO: são aqueles que se consumam com a efetiva comprovação, no caso concreto, da ocorrência da situação de perigo. É o caso do crime de perigo de vida (CP, art. 132). 
C) CRIMES DE PERIGO INDIVIDUAL: são os que atingem uma pessoa determinadaou então um número determinado de pessoas, tal como no perigo de contágio venéreo. É o que se dá com os crimes disciplinados nesse capítulo (CP, arts. 130 a 136). 
D) CRIMES DE PERIGO COMUM OU COLETIVO: são os que alcançam um número indeterminado de pessoas, como no caso da explosão criminosa. Estão previstos no capítulo I do Título VIII da Parte Especial do Código Penal (arts. 250 a 259).
Crimes contra a Honra
São crimes que atingem a integridade moral da pessoa, vão do artigo 138 a 145 do CP, sendo apenas 3:
· Calúnia (art. 138)
· Difamação (art. 139)
· Injuria (art. 140)
Esses são crimes formais, ou seja, não exige a produção do resultado para a consumação do crime. 
Conceito de honra: 
Honra é o conjunto de atributos físicos, morais e intelectuais de um ser humano, que o fazem merecedor de respeito no meio social e promovem sua autoestima. É inerente a todo indivíduo e sua ofensa causa dor psíquica, abolo moral, desdobrando-se em repulsa ao ofensor.
Traduz o valor social do indivíduo, porque intimamente ligada à sua aceitação ou reprovação no seio social. Assim, não há dúvidas de que integra um patrimônio moral digno de tutela penal. Trata-se, pois, de direito fundamental, previsto no art. 5º, inciso X, da Constituição Federal, corroborando a releitura constitucional do Direito Penal.
A honra se subdivide em 4 espécies: 
Honra objetiva 
Honra objetiva é a visão externa da sociedade, sobre as qualidades de determinado indivíduo. Cuida-se da reputação do sujeito no seio social. Em suma, trata-se do julgamento que as pessoas fazem de alguém.
Os tipos de calúnia e de difamação vulneram a honra objetiva, exigindo a atribuição da prática de um fato a outrem, previsto em lei como crime (calúnia) ou tão somente ofensivo à sua reputação (difamação). Em ambos os delitos, demanda-se a imputação de um fato específico e determinado. Além disso, por tutelar a honra objetiva, ou seja, o julgamento feito por terceiros, consumam-se quando a ofensa proferida contra o sujeito passivo chega ao conhecimento de outra pessoa.
Honra subjetiva 
Honra subjetiva é o próprio sentimento que cada um possui sobre as suas respectivas qualidades físicas, morais e intelectuais. É o juízo singular que cada um faz de si mesmo (autoestima). A injuria ofende a honra subjetiva. 
Honra dignidade 
São os aspectos morais da pessoa, o seja, a honestidade, lealdade, etc. Geralmente ligada ao crime de injuria. 
Honra decoro 
São os demais atributos, ou seja, a inteligência, forma física, etc. Também geralmente ligada ao crime de injuria. 
Calunia:
· É um crime de menor potencial ofensivo. 
· Tem por objetivo proteger a honra objetiva.
O crime de calúnia está previsto no artigo 138 do Código Penal, e consiste em atribuir falsamente a alguém a autoria de um crime. 
Para que se configure o crime de calúnia, é preciso que seja narrado publicamente um fato criminoso. Um exemplo seria expor, na internet, o nome e foto de uma pessoa como autor de um homicídio, sem ter provas disso.
· Espalhar o falso fato configura a mesma pena daquele que a contou primeiro
Caso alguém seja acusado de calúnia, e puder apresentar provas de que o fato criminoso narrado é verdadeiro, é possível que se defenda judicialmente, em processo criminal, por meio de um incidente processual chamado “exceção de verdade”.
Art. 523. Quando for oferecida a exceção da verdade ou da notoriedade do fato imputado, o querelante poderá contestar a exceção no prazo de dois dias, podendo ser inquiridas as testemunhas arroladas na queixa, ou outras indicadas naquele prazo, em substituição às primeiras, ou para completar o máximo legal.
O CP adotou um sistema misto no que se refere a exceção da verdade, ou seja, hora permite, hora não. Não é permitido a exceção da verdade quando:
Art. 138, § 3º, CP - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - Se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
II - Se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III - Se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
Requisitos para que seja considerado calúnia:
1- Deve haver a imputação de um fato concreto, ou seja, a pessoa que estiver ouvindo deve entender que o agente está se referindo a um acontecimento, devendo esse acontecimento ser concreto, ou seja, especificar como, onde, quando.
TOMAR CUIDADO: Tião é um ladrão. Não foi imputado o fato concreto, por isso se torna um insulto, configura injuria.
2- O fato contado deve ser definido como crime.
3- O fato contado deve ser obrigatoriamente falso.
Calúnia e Denunciação Caluniosa
A calúnia é punível porque o delinquente ofende a honra da vítima, enquanto a denunciação caluniosa é punida porque o criminoso faz com que o aparato estatal perca tempo e recursos investigando alguém por um crime que não ocorreu ou do qual ele é inocente.
Difamação:
· É um crime de menor potencial ofensivo. 
· Tem por objetivo proteger a honra objetiva.
Prevista no artigo 139 do Código Penal, a difamação consiste em imputar a alguém um fato ofensivo a sua reputação, embora o fato não constitua crime, como ocorre com a calúnia. 
Exemplo: É o caso de uma atriz que tem detalhes de sua vida privada exposta em uma revista.
· Neste caso, ainda que o fato narrado seja verídico, divulgá-lo constitui crime, portanto não existe a exceção de verdade como na calunia. 
A única exceção de verdade é se a difamação se der contra funcionário público e a ofensa for relativa ao exercício de suas funções. A pena para este crime é detenção de três meses a um ano e multa.
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
I - Estar provada a inexistência do fato;
II -Não haver prova da existência do fato;
III - Não constituir o fato infração penal;
IV – Estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; 
V – Não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal
VI – Existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência;
VII – Não existir prova suficiente para a condenação. 
No entanto, caso o réu, antes da sentença, se retrate cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena, conforme determina o artigo 143 do Código Penal.
Requisitos para que seja considerado difamação:
1- Deve haver a imputação de um fato concreto.
2- Esse fato deve ser ofensivo a reputação da vítima.
Injúria:
O crime de injúria, previsto no artigo 140 do Código Penal, ocorre quando uma pessoa dirige a outra algo desonroso e que ofende a sua dignidade – é o famoso xingamento.
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - Quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - No caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
Como se trata de um crime que ofende a honra subjetiva, ao contrário do que ocorre com a calúnia e difamação, no crime de injúria não é necessário que terceiros tomem ciência da ofensa. 
O juiz pode deixar de aplicara pena quando a pessoa ofendida tiver provocado a ofensa de forma reprovável, ou caso tenha respondido imediatamente com outra injúria. 
Não caracteriza injúria:
· a crítica literária, artística ou científica, conforme o artigo 142 do Código Penal
· ofensas proferidas durante um julgamento, durante a discussão da causa, por qualquer uma das partes
Na hipótese da injúria envolver elementos referentes à raça, cor, etnia, religião origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência, a pena é aumentada para reclusão de um a três anos e multa. 
Requisitos para que seja considerado Injúria:
1- Não há imputação de um fato.
2- Deve haver uma atribuição de uma qualidade negativa da vítima.
3- Deve atingir a dignidade e o decoro.
· Injuria real
O sujeito quer humilhar determinada pessoa e para isso se utiliza de violência ou viasde fato.
Art. 140, § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
· Injuria preconceituosa
Art. 140, § 3º - Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.
A diferença entre o racismo é de que a injuria pressupõe que a ofensa seja dirigida a vítima determinada, e não a um grupo de pessoas.
Informações gerais dos crimes contra a honra:
RETRATAÇÃO 
Retratar-se, no entanto, não significa apenas negar ou confessar a prática da ofensa. É muito mais. É escusar-se, retirando do mundo o que afirmou, demonstrando sincero arrependimento. 
É essa uma causa de extinção da punibilidade, tornando o ofensor imune à pena (nada obsta a ação cível). A retratação, em regra, dispensa a concordância do ofendido (ato unilateral). 
Contudo, o artigo foi alterado pela Lei 13.188/15, nele acrescentando parágrafo Único, anunciando que, nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa. Sendo de caráter subjetivo, a retratação de um dos querelados não se estende aos demais que não se retratarem. 
Como estampado no artigo em estudo, a legislação penal só admite a retratação nos crimes de calúnia e difamação. Apesar de controvertido, prevalece o entendimento no sentido de que, tratando-se de difamação contra funcionário público, a ação deixa de ser privada (art. 145 do CP), não gerando nenhum efeito eventual pedido de desculpa, até porque, no caso, não se protege primacialmente sua moral, mas o Estado, real interessado na defesa do cargo público (RT703/303). Discute-se, ainda, qual o momento apropriado para a retratação. Há tendência em aceitá-la como causa extintiva da punibilidade se ofertada até o julgamento de primeira instância.
PEDIDO DE EXPLICAÇÕES EM JUÍZO – ART. 144 DO CP
É uma medida preparatória e facultativa para o oferecimento da queixa crime. 
Pode ocorrer que o agente, embora não afirmando fatos ofensivos à honra da vítima, deixe pairar no ar alguma dúvida, valendo-se de expressões equívocas, com duplo sentido etc. 
O juiz no pedido de explicações em juízo não julga as ofensas. Simplesmente as reúne, se forem dadas, e as encaminha para o ofendido tomar as medidas que achar necessárias. 
Finalmente, não existe procedimento específico para o pedido de explicações que venha determinado pelo Código de Processo Penal ou mesmo pelo Código Penal, razão pela qual se tem entendido que o pedido deve ser encaminhado a uma das Varas Criminais que seria a competente para o julgamento da ação penal.
Ação Penal nos Crimes contra a Honra
A regra é de que somente se procede mediante queixa, sendo ação penal privada.
As exceções são:
1- Quando decorre de injúria real que se acontece a lesão corporal. Se a lesão corporal for leve a ação penal é pública condicionada a representação, já quando é grave ou gravíssima a ação penal é pública incondicionada. 
2- Quando acontece contra o presidente da república, sendo a ação penal pública condiciona a requisição do ministro da justiça.
3- Quando acontece contra funcionário público em razão de suas funções, ação penal é pública condicionada a representação, ou ação penal privada. No caso de desacato, ação penal é pública incondicionada.
4- Quando decorre de injuria preconceituosa, a ação penal é pública condicionada a representação
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMONIO
Se dividem em 8 capítulos:
Capítulo 1 - Do Furto
Art. 155, CP - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel 
pena: reclusão de 1 a 4 anos, e multa.
Furto é o assenhoramento (tornar-se dono) da coisa com o fim de apoderar-se dela de modo definitivo.
Esse artigo tem como objetivo jurídico proteger o patrimônio da coisa.
Essa conduta é representada pelo verbo subtrair, podendo ele ser de 2 hipóteses:
1. Sem a autorização apodera-se de bem alheio:
É o furto comum. Pode acontecer mesmo à vista do proprietário.
2. A vítima entrega o bem ao agente mas não o autoriza a deixar o local com o objeto:
O agente tem uma relação vigiada com o objeto, podendo o agente ter posse ou detenção do objeto.
A posse é o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. Exemplo: o locatário e o comodatário exercem posse sobre o bem. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. 
A detenção é aquela situação em que alguém conserva a posse em nome de outro e em cumprimento às suas ordens e instruções. A detenção não é posse, portanto confere ao detentor direitos decorrentes desta. Exemplo: caseiro em relação ao imóvel de que cuida. Se eventualmente uma ação possessória for dirigida indevidamente ao detentor, este deverá nomear a autoria o proprietário ou o possuidor. A nomeação a autoria é obrigatória, sob pena por responder pelas perdas e danos. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
· A relação desvigiada configura apropriação indébita.
Coisa alheia móvel:
É o objeto material (pessoa ou coisa que cai a conduta) do furto.
Coisa para fins do furto é toda substancia material corpórea passível de subtração e que tenha valor para o dono, ou seja, que faça parte do patrimônio de alguém. 
 Bens imóveis não podem ser objeto de furto.
· Equipara-se a coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. 
Ânimo de assenhoramento definitivo:
É a intensão de tornar-se dono da coisa. 
O crime furto é um crime apenas doloso (animus furandi). E necessita de uma finalidade especifica, sendo essa finalidade o animus rem sibi habendi, ou seja, vontade de possuir determinada coisa de modo definitivo.
Furto de uso?
Fato atípico no CP. Se a subtração do bem for para um uso momentâneo do agente e se este, espontaneamente, proceder à pronta e integral restituição da coisa, intacta (no mesmo estado em que se encontrava quando subtraída), antes de início de procedimento investigatório, estará configurado o chamado “furto de uso”, considerado pela doutrina e jurisprudência majoritárias como fato atípico, por não haver intenção de apoderamento definitivo.
Ex: a pessoa que furta o carro de uma vítima apenas para dar um passeio, devolvendo-o voluntariamente no mesmo exato lugar que o encontrou, com o mesmo tanto de combustível, sem nenhum dano no veículo.
Requisitos para se configurar furto de uso:
- o objetivo de fazer uso momentâneo da coisa 
- a devolução voluntária
Consumação do furto
A jurisprudência entende que o crime de furto se consuma no momento em que o agente se torna possuidor da coisa subtraída, ainda que haja imediata perseguição e prisão, sendo prescindível (dispensável) que o objeto subtraído saia da esfera de vigilância da vítima.
O STJ adota a teoria da amotio ou apprehencio (sinônimos)– basta se APODERAR DO BEM, ainda que este não seja retirado da esfera de vigilância da vítima. Assim, para a consumação do furto, é suficiente que se efetive a inversão da posse. A consumação deve ser mansa e pacífica, ou seja, não sofre tentativa de retomada pela vítima, ainda que por pouco tempo.
OSTF adota a TEORIA DA INVERSÃO DA POSSE. Para ela, não basta o agente se apoderar do bem, mas também NÃO se exige a posse mansa e pacífica. Assim, o furto estará consumado no momento em que o agente consegue obter disponibilidade do objeto, como se fosse dono. Não é necessário a posse mansa e pacifica. 
Furto noturno
Se o crime de furto é praticado durante o repouso noturno, a pena será aumentada de um terço
A causa especial de aumento do § 1º, do art. 155, do CP (repouso noturno) somente incide sobre o furto simples, sendo, pois, descabida a sua aplicação na hipótesede delito qualificado.
Repouso é o período de tempo em que a cidade do local do furto repousa
Furto privilegiado 
O furto privilegiado está previsto no § 2º do Art. 155 do Código Penal. 
§ 2º – Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
Sendo que a primariedade do réu e o pequeno valor da coisa furtada (não é avaliado de acordo com a condição financeira da vítima) são requisitos para a configuração do furto privilegiado.
Não confundir com o Furto de Ínfimo Valor, sendo este aquele onde se aplica o principio da insignificância, onde uma vez reconhecido gera a ABSOLVIÇÃO do réu. 
· Admite-se o furto noturno privilegiado.
· Admite-se também o furto privilegiado qualificado quando as qualificadoras forem compatíveis com o privilégio, ou seja, quando elas forem objetivas.
Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas
1- Destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa (art. 155, § 4º, I, do Código Penal)
Destruir é aniquilar, fazer desaparecer, tal como ocorre nas ações de explodir, queimar etc. Romper significa danificar de alguma forma, por meio, por exemplo, de arrombamento, perfuração, corte etc. 
Obstáculo significa qualquer objeto que dificulte o acesso ao bem e seu consequente apoderamento, como portas, janelas, grades, cadeados, cofres etc.29 
Assim, incidirá na qualificadora do inciso I do § 4º qualquer conduta hábil a destruir ou romper os empecilhos à subtração, como explodir um cofre ou um caixa eletrônico,30 forçar uma porta com um pé de cabra, arrebentar o vidro da janela, serrar uma grade ou um cadeado etc.31 
· A destruição ou rompimento de obstáculo deverá ser comprovada pericialmente, conforme prevê o art. 171 do Código de Processo Penal.
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
Trata-se de um conflito aparente de normas que é solucionado pelo princípio da consunção: como o dano, crime menos grave, é o meio utilizado para a subtração,32 o furto qualificado (crime mais grave) o absorve. 
Um aspecto discutido na doutrina é se a destruição ou rompimento do obstáculo deve anteceder (ou ao menos ser concomitante) à apreensão da coisa ou se poderia ser posterior, como no caso em que o indivíduo apodera-se livremente do bem, mas necessita quebrar a janela para fugir do local.
Para Magalhães Noronha, a destruição ou rompimento do obstáculo devem ocorrer antes ou durante a apreensão, devido à própria redação legal: “se o crime é cometido com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa”, ou seja, para permitir a apreensão da coisa.
Já para Rogério Greco, o momento da danificação do obstáculo é indiferente para qualificar o furto, pois “o comportamento do agente foi dirigido a destruir ou romper um obstáculo ali colocado com o fim de impedir a subtração, o que, ao final, acabou ocorrendo”.34 Filiamo-nos a este segundo entendimento, já que a destruição ou rompimento do obstáculo, embora posterior à apreensão do bem propriamente dita, é essencial para o êxito da empreitada do agente.
Outra questão bastante polêmica é se o obstáculo danificado pode ser parte integrante da coisa furtada ou se necessita ser estranho a ela. 
Essa discussão ganhou bastante relevo nos furtos de veículos ou objetos que estão em seu interior, a partir da quebra dos vidros. 
Para Nelson Hungria, o obstáculo necessariamente deve ser algo externo à coisa, não se podendo qualificar o furto quando o agente danifica a própria coisa subtraída. Segundo tal pensamento, se o agente quebrar o vidro para furtar algum objeto no interior no veículo haverá furto qualificado; mas se subtrair o próprio veículo haveria furto simples (salvo se presente outra qualificadora). 
Para outra parte da doutrina, a qualificadora incide tanto quando o obstáculo for exterior à coisa como quando for parte integrante dela. O fundamental é a destruição ou rompimento de objeto impeditivo da subtração, sem as quais o crime não se consumaria. 
Além disso, consoante ensinamentos de como Cleber Masson, “seria incoerente, exemplificativamente, punir por furto qualificado aquele que destrói o vidro de um carro para subtrair uma camiseta que estava em seu interior e, ao mesmo tempo, imputar o crime de furto simples ao sujeito que destrói a porta do veículo automotor para furtá-lo. A aplicação da lei penal estaria fora da realidade e levaria à descrença generalizada e à banalização do direito penal”.
A segunda corrente parece-nos mais correta. Primeiro porque em nenhum momento a legislação exige que o obstáculo seja externo à coisa. A ideia é punir com maior rigor a conduta daquele que usa de violência contra a coisa para permitir a concretização da subtração. Segundo porque a posição anterior parece-nos afrontar ao princípio da proporcionalidade, pois se traria solução mais rigorosa para casos potencialmente menos graves.
Por fim, prevalece o entendimento jurisprudencial de que a qualificadora em testilha é incompatível com a aplicação do princípio da insignificância. Neste trilhar: 
“1. A verificação da tipicidade penal não pode ser percebida como o exercício abstrato de adequação do fato concreto à norma jurídica. Além da correspondência formal, para a configuração da tipicidade é necessária análise materialmente valorativa das circunstâncias da espécie em exame, no sentido de se concluir sobre a ocorrência de alguma lesão grave, contundente e penalmente relevante do bem jurídico tutelado. Paciente reincidente. Não incidência do princípio da insignificância. 2. A circunstância de ter sido cometido o crime pelo paciente com rompimento de obstáculo, confirmada nas instâncias antecedentes, também afasta a incidência do princípio da insignificância.” (Supremo Tribunal Federal, 2ª Turma, HC 131.618/MS, rel. Min. Cármen Lúcia, DJe 13.05.2016).
“Não é insignificante a conduta de furtar uma bolsa e um rádio automotivo do interior de um veículo, depois de tê-lo arrombado, quebrando o vidro que o guarnecia (rompimento de obstáculo) (..). Em tais circunstâncias, não há como reconhecer o caráter bagatelar do comportamento imputado, havendo afetação do bem jurídico.” (Superior Tribunal de Justiça, 6ª Turma, HC 283551/RS, rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe 04.11.2014).
2- Abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza (art. 155, § 4º, II, do Código Penal)
Abuso de confiança é a única qualificadora do furto de natureza subjetiva. Isto porque somente se pode falar em confiança quando existir um vínculo de lealdade entre o autor do furto e a vítima.
Há abuso de confiança quando o agente aproveita-se deste elo preexistente para subtrair a coisa, que ficou ao seu alcance justamente devido à esta relação de credibilidade antecedente (a qual faz, naturalmente, com que a vigilância do ofendido sobre seus bens seja flexibilizada em relação ao agente). 
Os exemplos mais comuns são o do amigo que furta objetos do outro; ou o do empregado que subtrai pertences do patrão.
Mediante fraude ocorre fraude quando o furtador empregar algum meio enganoso para iludir a vigilância, da vítima ou de terceiro, e assim subtrair o bem.
O meio enganoso pode ser um artifício fraudulento ou o ardil. 
Artifício é a fraude material, representada por algum objeto, vestimenta ou instrumento utilizados para diminuir a vigilância sobre a coisa, como na hipótese em que o indivíduo, trajando uniforme de uma companhia de TV a cabo, ingressa na residência da vítima para supostamente colocar um aparelho que faria melhorias na imagem. Ocorre que, dentro do imóvel, o indivíduo subtrai joias da vítima. Percebe-se que afraude foi essencial para que o agente, iludindo a vítima, ingressasse na casa e subtraísse a coisa alheia móvel.
Ardil é a fraude moral, baseada na conversa, na lábia do agente, que, mediante uso de palavras, engana a vítima, permitindo-se a subtração. Exemplo: um agente distrai um vendedor da loja simulando interesse em comprar produtos, enquanto seu comparsa, aproveitando-se da menor vigilância, subtrai bens que estão na vitrine. 
O furto mediante fraude difere-se do estelionato porque no furto a fraude é utilizada para diminuir a vigilância (da vítima ou de terceiro) e facilitar a subtração da coisa, ao passo que no estelionato a fraude é empregada para iludir a vítima, a qual, induzida ou mantida em erro, entrega a coisa espontaneamente para o agente. 
No caso, do test drive há furto mediante fraude.
Perceba: o vendedor entrega o bem esperando alguma contraprestação? Não. O vendedor entrega a coisa ao agente, devido à fraude empregada pelo sujeito que, assim diminuiu a proteção que recaía sobre o automóvel. O vendedor não incidiu em erro algum. O que houve foi que, os meios empregados pelo autor do delito afastaram a vigilância que havia sobre a coisa. Logo, o agente praticou o crime de furto mediante fraude.
Escalada é qualquer via de acesso anormal para ingresso ou saída de um ambiente fechado, onde é praticada a subtração da coisa.
A escalada abrange não apenas a entrada ou saída pelo alto (como, por exemplo, pular um alto muro), mas toda e qualquer forma de entrada ou saída extraordinária (como, por exemplo, a escavação de um túnel).
Para se reconhecer a qualificadora, é imprescindível que a via de acesso seja fora dos padrões comuns. Pode dar-se a partir da utilização de objetos como escadas ou cordas para um acesso pelo alto, ou pás e enxadas para um acesso subterrâneo, ou mesmo a partir de uma habilidade ou de um esforço incomum do agente para se entrar ou sair do local do furto, como no exemplo daquele que escala a fachada de um edifício.
Destreza é a habilidade manual do agente, que subtrai a coisa sem que a vítima perceba sua ação. Podemos citar como exemplo o do indivíduo que, sorrateiramente, subtrai a carteira do bolso de alguém que estava andando pelas ruas, ou aquele do agente que abre a bolsa da ofendida e dela retira um aparelho de telefone celular. 
Importante considerar que para a incidência da qualificadora em apreço são necessários dois pressupostos: 
(a) que a ação do furtador, também chamado pela doutrina de “punguista”, deve buscar objetos que estejam sendo portados pela vítima, ou seja, que são trazidos junto ao corpo dela; 
(b) referida ação não pode ser notada pela vítima. Se a conduta do agente for por ela percebida, não está caracterizada a especial habilidade que qualifica o delito e estaremos diante de uma tentativa de furto simples.
3- Emprego de chave falsa (art. 155, § 4º, III, do Código Penal)
A chave falsa é qualquer “instrumento falso, com ou sem forma de chave, para fazer funcionar o mecanismo de uma fechadura ou dispositivo análogo, possibilitando ou facilitando a execução do furto.
Constitui a qualificadora o uso de uma chave copiada da verdadeira sem autorização de seu proprietário; o uso da “gazua” ou “mixa”, que é um instrumento, em formato de chave, especificamente destinado a imitar a chave verdadeira; ou ainda objetos que, mesmo sem formato de chave, prestam-se a abrir fechaduras, como grampos, arames etc.
O uso da própria chave verdadeira, perdida pelo proprietário ou até mesmo anteriormente subtraída, não dá azo ao reconhecimento da qualificadora, ante ao princípio da legalidade (chave verdadeira evidentemente não é “chave falsa”). Para a maioria dos doutrinadores, pode configurar furto qualificado pela fraude.
4- Mediante o concurso de duas ou mais pessoas (art. 155, § 4º, IV, do Código Penal)
Qualifica-se o furto quando este for cometido em conjunto por dois ou mais agentes, sendo necessário um liame, uma combinação prévia entre eles, em conformidade com as regras alusivas ao concurso de pessoas (art. 29 do Código Penal). 
· Conta-se, para fins de caracterização do concurso de pessoa os inimputáveis ou pessoas não identificadas, pois o que importa é o efetivo número de sujeitos ativos, que proporciona uma maior facilidade para a consumação da subtração, independentemente se eles serão ou não criminalmente responsabilizados no caso concreto. 
Exemplificativamente, será aplicada a qualificadora ao agente preso em flagrante na prática do furto ainda que seu comparsa consiga fugir e não seja identificado pela Polícia. Do mesmo modo, incide a qualificadora ao furtador maior de idade quando ele age em concurso de pessoas com um menor de idade.
· O coautor é aquele que detém o domínio do fato e que, em conformidade com um planejamento delitivo, presta contribuição independente, essencial à pratica da infração penal.
· O partícipe é quem não tem domínio sobre função ou tarefa no ato criminoso, seu domínio se restringe ao ato de auxiliar indiretamente o autor, quem pratica o crime em si
A qualificadora do concurso de agentes se admite aos executores do crime (coautoria) ou também para todos aqueles sujeitos que dele participam de alguma forma (participação). Desde que o crime seja cometido mediante o concurso.
Furto de veículo automotor
§ 5º do art. 155 prevê uma pena de 3 (três) a 8 (oito) anos de reclusão se o objeto material da subtração for “veículo automotor que venha a ser levado a outro Estado ou para o exterior”. 
Esta qualificadora não se relaciona ao meio de execução da subtração, mas sim a um resultado posterior (condução ou transporte do veículo automotor a outro Estado ou país) que torna mais gravoso o crime em virtude da maior dificuldade de se recuperar o bem.
· Abrange automóveis, motocicletas, caminhões, ônibus, tratores, lanchas, aeronaves etc. 
O veículo deve ser conduzido (isto é, guiado pelo furtador) ou transportado (levado de outra forma que não a condução, como uma lancha que é rebocada)
· não aplica a qualificadora se o transporte for de peças do veículo (pneus, rodas, acessórios etc.), desmontado no mesmo Estado Federativo/país. 
A qualificadora incidirá quando houver a transposição da fronteira do Estado ou do país. O legislador não se referiu expressamente ao Distrito Federal, mas pensamos que a Capital da República deve, também, ser incluída para qualificar o delito. 
Furto de semovente domesticável de produção
Segundo o art. 155, § 6º, do Código Penal, a pena será de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de “semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração”
A novel qualificadora não se refere nem aos meios de execução do furto, nem a um resultado mais gravoso, mas sim em razão do objeto material da subtração, qual seja o semovente domesticável de produção.
· Semovente é aquele ser que tem aptidão para se movimentar de um lugar para o outro por força própria. 
· Domesticável é o animal suscetível de amansamento para convivência com ser humano, geralmente empregado para produção agrícola ou mesmo no seio da residência, exemplo de bovinos, equinos, aves como galinhas ou codornas, entre outras. 
· De produção, dessa forma, não basta ser um animal doméstico, como um cão ou gato, se faz necessário que o semovente seja empregado na produção, ou seja, a finalidade deve ser de geração ou circulação de riqueza, na atividade comercial ou industrial.
A qualificadora, por disposição expressa, será aplicada tanto para aquele que subtrair o semovente vivo, como para aquele que primeiro o abater (ou até dividir em partes) e depois levá-lo do local da subtração para outro local.
Furto e uso de explosivo
A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause PERIGO COMUM.
O objetivo declarado desse novo parágrafo foi o de punir com mais rigor os furtos realizados em caixas eletrônicos localizados em agências bancárias ou em estabelecimentos comerciais (ex: drogarias, postos degasolina etc.).
Se o agente é punido por furtar uma substância explosiva ou acessório que, conjunta ou isoladamente, possibilite sua fabricação, montagem ou emprego a pena é de reclusão de 4 a 10 anos e multa. Ex: sujeito que furta uma banana de dinamite.
Capítulo 2 – Do Roubo
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência.
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa
· O roubo é um crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, salvo o proprietário do objeto
Visa proteger o patrimônio (posse e propriedade), a vida, a integridade física, a saúde e a liberdade pessoal, daí ser considerado crime complexo em que são conjugados emprego de violência ou ameaça e a subtração patrimonial.
Esse crime refere-se à subtração de coisa móvel alheia, mas é acrescido pelo emprego de violência, grave ameaça ou qualquer outro meio que reduza a possibilidade de resistência da vítima. A violência pode ser:
A) física (vis absoluta) que compreende as vias de fato, lesão corporal leve, grave ou morte (essas duas últimas qualificam o delito);
B) moral (vis compulsiva) que se constata em atemorizar ou amedrontar a vítima com ameaças, gestos ou simulações, como a de portar arma, por exemplo. A ameaça pode ser dirigida à vítima ou a terceiro;
C) imprópria é a que reduz a capacidade de resistir, como a superioridade física do agente, colocar droga na bebida da vítima, jogar areia nos seus olhos, hipnotizá-la, induzi-la a ingerir bebida alcoólica até a embriaguez etc.
Roubo Simples
Se divide em próprio e impróprio.
1- PRÓPRIO 
É aquele em que o emprego da violência ou grave ameaça é empregado antes, ou durante a subtração do bem.
O crime estará consumado quando: ocorrer a subtração do bem, após ter empregado violência, grave ameaça, ou qualquer outro meio, independente de conseguir a posse mansa e pacifica. 
Tentativa: ocorre quando o bandido não consegue tirar o bem da vítima por circunstancias alheias a sua vontade.
2- IMPRÓPRIO
É aquele em que o emprego da violência ou grave ameaça é empregado depois da subtração. Ou seja, é o chamado furto frustrado ou mal-executado. 
Ex. O agente subtrai o bem e a vítima grita: “pega ladrão” e, então, o meliante aponta a arma pra vítima e diz: “fica quieta, senão eu atiro”. Pronto, o agente deixa de responder por furto e passa a responder por roubo, o chamado roubo impróprio.
O crime estará consumado: no momento em que o agente empregar violência ou grave ameaça com a finalidade de garantir a posse do bem ou sua impunidade.
Tentativa: Não é possível tentativa. Ou o agente emprega a violência ou a grave ameaça, logo depois de subtraída a coisa e o crime se consuma, ou não subtrai a coisa, mas emprega violência para fugir e, então, o crime será de tentativa de furto em concurso material de lesão corporal.
Roubo com a pena aumentada
 § 2º do Art. 157
O artigo 157, § 2º, do Código Penal, dispõe que a pena será aumentada de um terço até metade nas hipóteses descritas nesse parágrafo.
Aumento decorrente da existência de majorantes: Se houver pluralidade de causas de aumento no crime de roubo, o juiz não poderá incrementar a pena aplicada com base unicamente no número de majorantes nem se valer de tabelas com frações matemáticas de aumento. Para se proceder ao aumento, é necessário que o magistrado apresente fundamentação com base nas circunstâncias do caso concreto.
São causas de aumento de pena:
1- SE A VIOLENCIA OU AMEAÇA É EXERCIDA COM EMPREGO DE ARMA 
Aumenta a pena do crime de roubo apenas quando a violência ou ameaça for exercida mediante o emprego de arma de fogo.
Conceito de arma de fogo: “arma que arremessa projéteis empregando a força expansiva dos gases, gerados pela combustão de um propelente confinado em uma câmara, normalmente solidária a um cano, que tem a função de dar continuidade à combustão do propelente, além de direção e estabilidade ao projétil”. 
Ex: revólver, pistola, fuzil, carabina etc.
É necessário que a arma utilizada no roubo seja apreendida e periciada para que incida a majorante?
NÃO. O reconhecimento da causa de aumento prevista no art. 157, § 2º, I, do Código Penal prescinde (dispensa) da apreensão e da realização de perícia na arma, desde que provado o seu uso no roubo por outros meios de prova. Se o acusado alegar o contrário ou sustentar a ausência de potencial lesivo na arma empregada para intimidar a vítima, será dele o ônus de produzir tal prova, nos termos do art. 156 do Código de Processo Penal.
Se, após o roubo, foi constatado que a arma empregada pelo agente apresentava defeito, incide mesmo assim a majorante?
Depende:
· Se o defeito faz com que o instrumento utilizado pelo agente seja absolutamente ineficaz, não incide a majorante. Ex: revólver que não possui mecanismo necessário para efetuar disparos. Nesse caso, o revólver defeituoso servirá apenas como meio para causar a grave ameaça à vítima, conforme exige o caput do art. 157, sendo o crime o de roubo simples;
· Se o defeito faz com que o instrumento utilizado pelo agente seja relativamente ineficaz, INCIDE a majorante. Ex: revólver que algumas vezes trava e não dispara. Nesse caso, o revólver, mesmo defeituoso, continua tendo potencialidade lesiva, de sorte que poderá causar danos à integridade física, sendo, portanto, o crime o de roubo circunstanciado.
O Ministério Público que deve provar que a arma utilizada estava em perfeitas condições de uso?
NÃO. Cabe ao réu, se assim for do seu interesse, demonstrar que a arma é desprovida de potencial lesivo, como na hipótese de utilização de arma de brinquedo, arma defeituosa ou arma incapaz de produzir lesão.
Se, após o roubo, foi constatado que a arma estava desmuniciada no momento do crime, incide mesmo assim a majorante?
NÃO. A utilização de arma desmuniciada, como forma de intimidar a vítima do delito de roubo, caracteriza o emprego de violência, porém, não permite o reconhecimento da majorante de pena, já que esta está vinculada ao potencial lesivo do instrumento, pericialmente comprovado como ausente no caso, dada a sua ineficácia para a realização de disparos.
A arma branca é a considerada arma imprópria, como faca, facão, canivete
Arma de fogo de uso restrito ou proibido: conforme o art. 2º, incisos II, alíneas a, b e c; e inciso III, alíneas a e b, do Decreto nº. 9.846/2019, considera-se: “II – arma de fogo de uso restrito – as armas de fogo automáticas, semiautomáticas ou de repetição que sejam: a) não portáteis; b) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; ou c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; III – arma de fogo de uso proibido: a) as armas de fogo classificadas de uso proibido em acordos e tratados internacionais dos quais a República Federativa do Brasil seja signatária; ou b) as armas de fogo dissimuladas, com aparência de objetos inofensivos”.
Consequência para quem praticar o crime de roubo majorado pelo emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido: a pena do caput (reclusão, de quatro a dez anos, e multa) será aplicada em dobro. Da simples leitura do §2º-B, verifica-se que está causa só se aplica no caso do caput. Portanto, chega-se à conclusão que a causa de aumento de pena do §2º-A, inciso I (§ 2º-A – A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo) só será aplicável aos casos de arma de fogo de uso permitido.
2- SE HÁ CONCURSO DE DUAS OU MAIS PESSOAS 
Havendo o concurso de duas ou mais pessoas, a pena do crime é aumentada de 1/3 (um terço) até metade.
3- SE A VÍTIMA ESTÁ EM SERVIÇO DE TRANSPORTE DE VALORES

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