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ATUALIDADES EM PROTEÇÃO DE PLANTAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais 
1ª edição 2009 
Tiragem 300 exemplares 
 
Organização 
Edson Luiz Lopes Baldin 
Ricardo Toshio Fujihara 
Daniel Dias Rosa 
Rafael Forti Barbieri 
Ana Carolina Firmino 
 
Arte 
Ricardo Toshio Fujihara 
 
Impressão 
Destak Gráfica. Tel.: (14) 3882-8448 
 
FEPAF – Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais. 
Unesp – Campus de Botucatu – Lageado. 
Fazenda Experimental Lageado s/nº 
18.603.970 – Botucatu – SP – Brasil 
Tel.: (14) 3882-7373 – fepaf@fca.unesp.br 
www.fepaf.org.br 
 
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRA- 
TAMENTO DA INFORMAÇÃO – SERVIÇO TÉCNICO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO- 
UNESP - FCA - LAGEADO - BOTUCATU (SP) 
 
 
 Atualidades em proteção de plantas / organizado por 
 A885 Edson Luiz Lopes Baldin, Ricardo Toshio Fujiha- 
 ra, Daniel Dias Rosa, Rafael Forti Barbieri, Ana 
 Carolina Firmino. – Botucatu : FEPAF, 2009. 
 108 p.: il. color., gráfs., tabs. 
 
 ISBN 978-85-98187-16-7 
 
 1. Acarologia. 2. Entomologia. 3. Fitopatologia. 
 4. Matologia. 5. Nematologia. 6. Tecnologia de aplica- 
 ção. I. Baldin, Edson Luiz Lopes. II. Fujihara, Ricardo 
 Toshio. III. Rosa, Daniel Dias. IV. Barbieri, Rafael 
 Forti. V. Firmino, Ana Carolina. VI. Fundação de Estu- 
 dos e Pesquisas Agrícolas e Florestais. 
 
 
 CDD 21.ed. (632.9) 
 
 
 
 
 
 
ATUALIDADES EM PROTEÇÃO DE PLANTAS 
 
 
 
Organizadores 
 
Edson Luiz Lopes Baldin 
Ricardo Toshio Fujihara 
Daniel Dias Rosa 
Rafael Forti Barbieri 
Ana Carolina Firmino 
 
 
 
 
 
 
FEPAF 
 
Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais 
 
2009 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
O livro - Atualidades em Proteção de Plantas -, organizado pelo 
Prof. Dr. Edson Luiz Lopes Baldin e pelos pós-graduandos Ricardo 
Toshio Fujihara, Daniel Dias Rosa, Rafael Forti Barbieri e Ana 
Carolina Firmino é resultante do I SIMPROT - Simpósio em Proteção 
de Plantas, realizado na Faculdade de Ciências Agronômicas da 
UNESP de Botucatu – SP, entre 05 e 07 de maio de 2009. 
A criação dessa publicação tem como meta disponibilizar 
informações técnicas geradas por renomados pesquisadores que atuam 
em temas emergentes dentro da área de Fitossanidade no Brasil. 
As informações apresentadas pelos autores dos capítulos são 
provenientes de sua ampla experiência e muitas vezes resultantes de 
pesquisas associadas à Acarologia, Entomologia, Fitopatologia, 
Matologia, Nematologia e Tecnologia de Aplicação. Além da 
descrição de possíveis agentes prejudiciais às lavouras, são também 
divulgadas algumas práticas de diagnose e manejo, além das 
recomendações de controle, respeitando-se sempre os limites entre a 
eficiência pretendida e a preservação do meio meio ambiente. 
Esperamos que essa publicação possa servir como uma 
ferramenta adicional para produtores, acadêmicos e pesquisadores 
com interesse nos avanços da Área de Proteção de Plantas no Brasil. 
 
 
Os organizadores 
 
 
CONTEÚDO 
 
Capítulo 1 – A mosca-negra dos citros, Aleurocanthus woglumi Ashby.......... 01 
Márcia Reis Pena, Neliton Marques da Silva, José Djair Vendramim, André L. 
Lourenção e Pedro Takao Yamamoto 
 
 
Capítulo 2 - Indução de resistência contra doenças........................................... 13 
Sergio Florentino Pascholati e Patrícia Cia 
 
Capítulo 3 – Controle racional de plantas daninhas em cana-de-açúcar........ 17 
Weber Geraldo Valério 
 
Capítulo 4 - Aplicação aérea e o controle fitossanitário.................................... 32 
Wellington Pereira Alencar de Carvalho 
 
Capítulo 5 - Novas pragas da cultura do eucalipto e técnicas de manejo............... 54 
Nadia Cristina de Oliveira, Carlos Frederico Wilcken e Everton Pires Soliman 
 
Capítulo 6 - Pragas emergentes em cana-de-açúcar.......................................... 61 
Marcio Aurélio Garcia Correia Tavares 
 
Capítulo 7 – Huanglongbing (Greening) dos citros............................................ 72 
Marcos Antonio Machado e Helvécio Della Coleta Filho 
 
Capítulo 8 - Microscopia eletrônica em Fitossanidade...................................... 83 
Jaime Maia dos Santos e Pedro Luiz Martins Soares 
 
 6 
 
 
CAPÍTULO 1 
 
A MOSCA-NEGRA-DOS-CITROS, Aleurocanthus woglumi 
Ashby 
 
Márcia Reis Pena
1
, Neliton Marques da Silva
1
, José Djair Vendramim
2
, 
André L. Lourenção
3
 e Pedro Takao Yamamoto
4 
 
1Lab. de Entomologia Agrícola, Universidade Federal do Amazonas – UFAM 
2Lab. de Resistência de Plantas e Plantas Inseticidas – ESALQ/USP 
3Instituto Agronômico de Campinas (IAC) 
4Fundecitrus 
 
A mosca-negra-dos-citros, Aleurocanthus woglumi Ashby, de origem 
asiática, é uma importante praga dos citros (Dietz & Zetek, 1920). Trata -se de 
uma praga de hábito alimentar polífago, sendo as plantas cítricas seus 
hospedeiros favoritos. São relatadas cerca de 300 plantas hospedeiras deste 
inseto, incluindo manga, uva, citros, caju, abacate, goiaba, maçã, figo, banana, 
mamão, pêra, romã, marmelo, café e rosas, entre outras (Nguyen & Hamon, 
2003). 
A mosca-negra-dos-citros apresenta aparelho bucal sugador labial e tanto 
os adultos como as formas imaturas causam danos ao se alimentarem no floema 
da planta. As plantas ficam debilitadas, ocorrendo, em conseqüência, o 
murchamento e, na maioria das vezes, a morte. Durante a alimentação eliminam 
uma excreção açucarada na superfície da folha, facilitando o aparecimento da 
fumagina (Capnodium citri). A presença desse fungo reduz a fotossíntese, 
impede a respiração (Nguyen & Hamon, 2003) e diminui o nível de nitrogênio 
 7 
nas folhas. O ataque dessa praga pode levar à redução da frutificação em até 
80% (Barbosa et al., 2004) e perdas de 20 a 80% na produção, afetando a 
exportação, não apenas dos citros como de outras frutíferas. 
O Brasil é o maior produtor mundial de laranja e a partir da década de 1980 
consolidou-se também como o maior produtor mundial de suco dessa fruta. Em 
2003, participou com 78% do suco de laranja concentrado e congelado 
comercializado no mundo. Cerca de 98% do suco produzido no país é exportado 
principalmente para os Estados Unidos e União Européia, além do Japão e 
outros 45 países (Donadio et al., 2005). 
 
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA 
A. woglumi encontra-se disseminada nas Américas, África, Ásia e Oceania 
(Oliveira et al., 2001). Foi descoberta no Hemisfério Ocidental em 1913 na 
Jamaica. Propagou-se para Cuba em 1916, México em 1935 (Smith et al., 1964) 
e Key West na Flórida em 1934, de onde foi erradicada em 1937 (Newell & 
Brown, 1939), sendo, no entanto, redescoberta, nesse mesmo Estado, em 1976, 
em Fort Lauderdale (Dowell et al., 1981). Atualmente, encontra-se amplamente 
disseminada no centro e sul da Flórida de Cross Creek a Key West (Nguyen & 
Hamon, 2003). Na América do Sul, está presente na Colômbia, Venezuela, 
Equador, Peru, Guiana, Suriname e, recentemente, no Brasil. Segundo Angeles 
et al. (1968, 1972, 1974) e Martínez (1983), a mosca-negra está presente na 
Venezuela desde 1965 e está disseminada em todas as regiões citrícolas do país . 
Este inseto foi detectado pela primeira vez no Brasil no Estado do Pará em 
2001, na área urbana do município de Belém (Silva, 2005) e, atualmente, 
encontra-se disseminada em mais da metade dos municípios paraenses (Maia et 
al. 2005). 
Há registros de ocorrência nos estados do Maranhão em 2003 (Lemos et al. 
2006). No Amazonas, foi registrada em junho de 2004 sobre plantas cítricas e 
atualmente encontra-se disseminada por toda a área urbana do município de 
 8 
Manaus, ocorrendo também nos municípiosde Itacoatiara, Rio Preto da Eva e 
Iranduba (Pena & Silva, 2007; Ronchi-Teles et al. 2009). No Amapá, foi 
registrada em 2006 (Jordão & Silva, 2006). 
No Estado de São Paulo, a mosca-negra foi detectada, oficialmente em 
março de 2008, no município de Artur Nogueira, disseminando-se rapidamente 
para outros pomares de citros localizados nos municípios de Holambra, Conchal, 
Engenheiro Coelho, Limeira e Mogi Mirim. Foram verificadas altas infestações, 
principalmente em lima ácida „Tahiti‟ (Pena et al. 2008). A praga já foi 
detectada também nos Estados de Tocantins e Goiás (Ministério da Agricultura 
2008). Em função de sua atual dispersão geográfica, não mais se configura como 
praga quarentenária A-2. 
 
PLANTAS HOSPEDEIRAS 
Foram realizados vários trabalhos com preferência hospedeira, além de 
levantamentos da ocorrência da mosca-negra-dos-citros em plantas nativas e/ou 
exóticas (Dietz & Zetek, 1920; Clausen & Berry, 1932; Shaw, 1950; Weems, 
1962; Angeles et al. 1971, 1972; Howard & Neel, 1978; Steinberg et al., 1978; 
Dowell et al., 1978; Howard, 1979 a e b; Dowell, 1979; Dowell et al., 1979; 
Cunha, 2003). 
Levantamentos em 44 dos 71 municípios do estado do Pará realizados por 
Cunha (2003) revelaram altas infestações de A. woglumi em espécies cítricas 
como laranja doce, tangerinas, limão, pomelo, limas ácidas „Tahiti‟ e „Galego‟. 
Ainda segundo o autor, a mangueira, Mangifera indica, em geral apresenta altos 
índices de infestação, sendo grande o número de folhas com a face abaxial 
totalmente coberta por ninfas. Sendo assim, as plantas cítricas, mangueira e 
grumixama (Eugenia brasiliensis) são considerados hospedeiros de A. woglumi, 
enquanto o jambeiro (Syzygium malaccence) é hospedeiro não preferencial da 
praga. Na região urbana de Manaus, esta praga tem sido encontrada infestando 
 9 
folhas de citros, mangueiras, café e acerola (Pena & Silva, 2007; Ronchi-Teles 
et al., 2009). 
 
BIOLOGIA 
A duração do ciclo ovo-adulto, em lima ácida „Tahiti‟, é de 70 dias, em 
média, em condições de laboratório. O estádio de ninfa 4 é o mais longo da fase 
imatura. A duração do desenvolvimento embrionário é de 15 dias em média 
(Pena, 2007). Os ovos assemelham-se a bastonetes recurvados, colocados em 
forma de espiral, fixos através de um pedúnculo na face inferior das folhas. As 
ninfas de 2
o
, 3
o
 e 4
o
 estádios são ovaladas e possuem cerdas no corpo. As ninfas 
de 4
o
 estádio são completamente negras, possuem cerdas mais evidentes, mais 
convexas e brilhantes. Apresentam cerosidade ao redor do corpo, sendo visíveis 
a olho nu. O adulto possui asas negras-azuladas e brilhantes (Figura 1). 
 
INSPEÇÃO NO CAMPO 
Dowell & Cherry (1981) observaram que a amostragem visual foi mais 
eficiente para detectar baixa infestação da mosca-negra em plantas cítricas em 
área urbana, quando comparada com a armadilha amarela translúcida. 
Em estudo de distribuição espacial da mosca-negra-dos-citros, Silva et al. 
(2007) observaram que a distribuição da praga se dá em agrupamento descrita 
por um modelo esférico, formando reboleiras de 16 a 35 m. Esses dados 
evidenciam que a amostragem deve ser ao acaso e representativa de todo o 
talhão, para detecção da reboleiras. 
O monitoramento da praga deve ser feito sempre se observando a face 
inferior das folhas, com auxílio de uma lupa de bolso com aumento de 20 a 30 
vezes, ou a olho nu (ninfas de 3
o
 e 4
o
 estádio). As folhas mais jovens têm a 
preferência dos adultos (Figura 2A), podendo também conter ovos e ninfas de 1º 
e 2º estádio. As folhas mais velhas geralmente abrigam colônias de ninfas de 3º 
 10 
e 4º estádio (Figura 2B). A postura da mosca-negra é facilmente reconhecida por 
apresentar-se em espiral de tom alaranjado, preferencialmente em folhas jovens. 
A mosca-negra tem um grande número de hospedeiros, que podem estar 
dentro ou no entorno da propriedade. Essas plantas hospedeiras devem ser 
também monitoradas para eventual controle em casos de alta população, 
evitando-se dessa maneira a colonização dos citros após o final do período 
residual dos inseticidas. 
O monitoramento deve ser ininterrupto, mas deve-se prestar mais atenção e 
aumentar a freqüência de inspeção nos períodos de emissão de novas brotações, 
que são preferidos pelos adultos para alimentação, apesar de a oviposição 
ocorrer em folhas mais velhas. 
 
CONTROLE BIOLÓGICO 
Em diversas partes do mundo, o controle biológico da mosca-negra tem sido 
mais eficiente que o controle químico. Para o controle biológico, têm sido utilizadas 
pequenas vespas (parasitóides) como: Eretmocerus serius, Encarsia clypealis, E. 
opulenta (Hymenoptera: Aphelinidae); Amitus hesperidum (Hymenoptera: 
Platygasteridae) e predadores como as joaninhas Delphastus pellidus, D. pusillus e 
Scymnus spp. (Coleoptera: Coccinellidae) e Chrysoperla spp. (bicho-lixeiro) 
(Neuroptera: Chrysopidae). Complementando a ação dos parasitóides e predadores, 
os fungos entomopatogênicos como Aschersonia aleyrodis (Deuteromycotina: 
Coelomycetes) podem ser utilizados como importantes inimigos naturais dessa 
praga. 
No Brasil há registro de ocorrência de inimigos naturais associados a essa 
praga. Em levantamentos da entomofauna de inimigos naturais realizados por Maia 
et al. (2004) nos municípios de Belém, Capitão Poço e Irituia, no Estado do Pará. Os 
autores constataram presença de predadores da Ordem Coleoptera (Cycloneda 
sanguinea, Sthetorus sp. e Neojauravia sp.); Neuroptera (Chrysoperla sp. e 
Ceraeochrysa sp.), Diptera (Pseudodorus clavatus) e um parasitóide, Aphytis sp. 
 11 
Levantamentos realizados por Mendonça et al. (2004), no município de 
Capitão Poço no Pará, detectaram a presença de Diptera (sirfídios), Coleoptera 
(joaninhas), Neuroptera (bichos-lixeiros) e parasitóides do gênero Aphytis sp. Os 
dados faunísticos evidenciaram maior freqüência e abundância de predadores dos 
gêneros Chrysoperla sp, Ceraeochrysa sp. e Sthetorus sp. 
Em trabalhos posteriores, Maia (2006) registra Ceraeochrysa caligata Banks 
(1964), Ceraeochrysa everes (BANKS, 1920) (Neuroptera: Chrysopidae), 
Delphastus pusillus (LeConte) (Coleoptera: Coccinellidae) e Cales noacki Howard e 
Encarsia spp., (Hymenoptera: Aphelinidae) como predadores e parasitóides da 
mosca-negra, respectivamente. 
O fungo Aschersonia sp. teve melhor eficiência no controle da mosca-negra, 
em laboratório, em concentrações mais elevadas, a partir de 2,3 x 10
7
 conídios/ml, 
revelando-se como um bom agente de controle biológico dessa praga (Pena, 2007). 
As maiores mortalidades com o uso desse fungo ocorrem nas fases mais jovens de A. 
woglumi como ovo, ninfa 2 e ninfa 1. 
 
CONTROLE QUÍMICO 
Em altas populações, para que danos e prejuízos não ocorram, faz-se necessária 
a aplicação de inseticidas. No Brasil, existem dois inseticidas neonicotinóides à base 
de imidacloprido registrados no Ministério da Agricultura Pecuária e 
Abastecimento, sistema Agrofit 
(http://extranet.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons), para 
controle da mosca-negra-dos-citros. Em outros países, inseticidas fosforados, 
carbamatos, piretróides e reguladores de crescimento são registrados para o controle 
da praga. Portanto, há necessidade urgente de estudos e registro emergencial de 
novos produtos, que sejam eficientes no controle da mosca-negra e também seletivos 
aos inimigos naturais. Outros inseticidas podem ser utilizados em rotação com 
imidacloprido para se evitar a seleção de indivíduos resistentes. 
 
 12 
 
Figura 1. Estádios de desenvolvimento de A. woglumi. A) Ovos em espiral; B) 
Ninfa 1; C) Ninfa 2; D) Ninfa 3; E) Ninfa 4; F) Adulto. 
 
 
Figura 2. A) Adultos de mosca-negra em folhas novas de citros e B) Ninfas na 
superfície inferior das folhas. 
 13 
Como é intenso o desenvolvimento do fungo C. citri, recomenda-se 
também a adição de óleo mineral ao inseticida para diminuir e/ou eliminar a 
fumagina. O óleotem efeito no controle da mosca-negra, mas o seu efeito é mais 
evidente na eliminação da fumagina. É uma praga de rápida reprodução, e 
quando presente no pomar ocorre todas as fases do ciclo de vida. Como os 
inseticidas não são efetivos contra todas as fases, recomenda-se reaplicar o 
produto de 10 a 15 dias após, e em altas populações, provavelmente seja 
necessária uma terceira aplicação para controlar a praga. Outra opção é a 
utilização de inseticidas reguladores de crescimento em conjunto com inseticidas 
de efeito de choque. O primeiro controla as fases jovens e ovos e o segundo 
controla os adultos presentes no momento da aplicação. Entretanto, estudos 
devem ser realizados e os inseticidas reguladores de crescimento devem ser 
registrados para controle de A. woglumi. 
A ocorrência da mosca-negra no estado de São Paulo deve merecer maior 
atenção por parte dos citricultores paulistas com relação ao controle de pragas na 
cultura, o que deve refletir no uso de inseticidas. Há necessidade de se adotar o 
manejo integrado de pragas para evitar o uso excessivo e indiscriminado de 
inseticidas, que possam interferir nos inimigos naturais desta praga. Pesquisas 
devem ser incentivadas no sentido de avaliar o impacto desses agrotóxicos sobre 
os agentes biológicos. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A ampla distribuição geográfica da mosca-negra no Brasil, num espaço de 
tempo relativamente curto, mostra que, provavelmente, o homem tem sido seu 
principal agente dispersor, associado a outros fatores facilitadores de 
disseminação. As barreiras fitossanitárias não foram capazes de impedir ou 
dificultar sua dispersão no sentido Norte-Sudeste do Brasil. 
Atualmente, a melhor estratégia é implementar um amplo programa 
multidisciplinar de manejo ecológico dessa praga, que privilegie o uso de 
 14 
variedades resistentes, plantas inseticidas e os agentes de controle biológico, 
como os parasitóides, predadores e fungos entomopatogênicos. Os parasitóides 
são importantes agentes de controle biológico que precisam ser conhecidos e 
estudados para que se possa, em médio prazo, mantê-los e liberá-los em campo. 
Sugerem-se, por sua vez, campanhas de sensibilização e esclarecimento, 
com uso de veículos de comunicação, tendo como público alvo os citricultores, 
floricultores e outros fruticultores, para internalizar novas práticas de manejo e 
controle da mosca-negra. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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woglumi Ashby (Aleyrodidae – Homoptera) mosca prieta de los citricos. Agronomia Tropical, 
v. 18, n. 4, p. 487-488, 1968. 
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(Aleurocanthus woglumi Ashby) de los cítricos em Venezuela. Agronomia Tropical, v. 21, n. 
71-75, 1971. 
ANGELES, N. J. de.; DEDORD, J.R.; MARTINEZ, N.B.; PAREDES, P.P.; REQUENA, J.R. 
Aportes en el estudio de hospederas de la “mosca prieta de los cítricos”, Aleurocanthus 
woglumi Ashby, en Venezuela. Agronomia Tropical, v. 22, n. 5, p. 549-553, 1972. 
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cítricos” Aleurocanthus woglumi Ashby, em Venezuela. Agronomia Tropical, v. 24, n. 2, p. 
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Dissertação (Mestrado em Agronomia). 
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 18 
 
 
CAPÍTULO 2 
 
INDUÇÃO DE RESISTÊNCIA CONTRA DOENÇAS 
 
Sérgio Florentino Pascholati
1
 e Patrícia Cia
2 
 
1Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, 
Setor de Fitopatologia, Caixa Postal 9, 13418-900, Piracicaba, SP; 
e-mail: sfpascho@esalq.usp.br. 
2Centro Apta de Engenharia e Automação, Instituto Agronômico, 
Caixa Postal 26, 13201-970, Jundiaí, SP. 
 
A indução de resistência tem por objetivo ativar os mecanismos latentes de 
resistência de um hospedeiro vegetal suscetível ou moderadamente resistente, de 
modo que o mesmo tenha sucesso na defesa contra o ataque de patógenos 
(Pascholati et al., 2005). Esta nova ferramenta pode adequar-se perfeitamente ao 
manejo integrado de doenças e contribuir para que genótipos de alto valor 
agronômico continuem ou passem a ser utilizados no campo. 
A ativação das respostas de defesa se inicia pelo reconhecimento do 
patógeno, que pode ser mediado pela interação entre os genes de resistência da 
planta (R) e de avirulência (avr) do microrganismo ou pela ligação de 
eliciadores não-específicos (fatores abióticos, produtos do patógeno, frações da 
parede celular da planta ou do próprio microrganismo) e possíveis receptores da 
planta (Pascholati et al., 2008). Os mecanismos de defesa desencadeados após o 
contato do microrganismo com o hospedeiro incluem o colapso da célula 
desafiada, constituindo o que se conhece como resposta de hipersensibilidade 
(RH), a produção de espécies reativas de oxigênio ocasionando explosão 
 19 
oxidativa da célula, a ativação de genes de defesa, a síntese de fitoalexinas e de 
compostos capazes de promover mudanças estruturais na parede celular 
(Schwanestrada et al., 2008). Em adição, sinais podem ser translocados para 
partes distantes do sítio onde o eliciador foi percebido, incrementando os níveis 
de resistência da planta ao ataque de patógenos (Cavalcanti et al., 2005; Dixon 
et al., 1994). 
A resistência induzida consiste no aumento do nível de resistência por meio 
da utilização de agentes externos (indutores), sem qualquer alteração do genoma 
da planta (Stadnik, 2000), ocorrendo de maneira não-específica, por meio da 
ativação de genes que codificam para diversas respostas de defesa, tais como 
proteínas relacionadas à patogênese (proteínas-RP), enzimas envolvidas na rota 
de síntese de fitoalexinas, como a fenilalanina amônia-liase (FAL), acúmulo de 
lignina em tecidos circunvizinhos ao local de penetração do microrganismo, 
entre outras (Bonaldo et al., 2005). 
A indução de resistência pode ocorrer em condições controladas e também 
no campo, além de exibir vantagens, como: efetividade contra vírus, bactérias, 
fungos e nematóides; estabilidade devido à ação de diferentes mecanismos de 
resistência; caráter sistêmico, persistente e natural da proteção; transmissão por 
enxertia; economia de energia metabólica e utilização do potencial genético para 
resistência em todas as plantas suscetíveis (Kuhn & Pascholati, 2007; Pascholati, 
2002). Como desvantagem é uma resistência parcial, incompleta e que pode 
requerer reativações temporárias (Silva & Resende, 2001). 
A proteção induzida é dependente do intervalo de tempo entre o tratamento 
indutor e a subseqüente inoculação da planta (tratamento desafiador ou 
provocador), indicando que mudanças específicas no metabolismo da planta, que 
envolvem a síntese e/ou acúmulo de substâncias, são importantes no fenômeno 
da resistência induzida. O efeito protetor da resistência induzida, dependendo do 
indutor e da planta, pode durar desde poucos dias até mesmo por todo o ciclo da 
planta (Pascholati & Leite, 1995). 
 20 
Para que o processo de indução de resistência seja desencadeado, é 
necessário que o hospedeiro seja estimulado por agentes bióticos e/ou abióticos. 
Neste sentido, vários trabalhos vêm sendo desenvolvidos no país, com o objetivo 
de controlar doenças causadas principalmente por fungos e bactérias em 
diferentes plantas, através da utilização de agentes alternativos, que atuem como 
indutores de resistência nas plantas (Pascholati, 1998; 2002). 
Finalmente, o aumento da proteção dos tecidos da planta hospedeira 
durante os períodos de suscetibilidade através da resistência induzida, onde 
mecanismos de resistência são ativados, pode ser considerada como uma 
estratégia preferencial para os programas de manejo integrado de doenças (Silva 
& Resende, 2001). Portanto, um dos possíveis resultados desta recente 
tecnologia deverá ocasionar a diminuição do uso de defensivos, o que vem de 
encontro com a preocupação mundial no tocante à preservação do ambiente e 
redução da poluição e dos riscos à saúde (Deising et al., 2008). 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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 21 
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2002, p. 9. 
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Paulo: Editora Agronômica Ceres, 1995. v. 1, cap. 22, p. 417-454. 
PASCHOLATI, S. F.; LEITE, B.; STANGARLIN, J. R.; CIA, P. Interação planta-patógeno: 
fisiologia, bioquímica e biologia molecular. 1.ed. Piracicaba: Fealq, 2008. v. 13. 627 p. 
PASCHOLATI, S.F.; RESENDE, M.L.V.; ROMEIRO, R.S. (Eds). Indução de resistência em 
plantas a patógenos e insetos. Piracicaba: Fealq, 2005. p. 125-138. 
SCHWANESTRADA, K. R. F.; STANGARLIN, J. R.; PASCHOLATI, S. F. Mecanismos 
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Piracicaba: Fealq, 2008. v. 13, p. 227-248. 
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FITOPATOLOGIA, 23., Campinas, 2000. Anais... Campinas: GPF, 2000. p. 176-181. 
 22 
 
 
CAPÍTULO 3 
 
CONTROLE RACIONAL DE PLANTAS DANINHAS EM 
CANA-DE-AÇÚCAR 
 
Weber Geraldo Valério 
 
Consult Agro Ltda, Piracicaba - SP 
 
BIOLOGIA, MANEJO E CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS 
O termo agricultura sustentável está sendo utilizado com mais freqüência a 
cada dia, e tem como conceito o manejo e a conservação dos recursos naturais, a 
orientação das mudanças tecnológicas e institucionais, assegurando o sucesso e a 
satisfação das necessidades para as gerações presentes e futuras. 
Atualmente sabe-se que precisamos aprimorar (processo contínuo) as 
técnicas de manejo de plantas daninhas, necessitando-se de conhecimentos em 
diversos outros campos da ciência e tecnologia, isto é: 
 Ecologia vegetal: estudar a biologia das plantas daninhas e suas 
interações com as culturas econômicas; 
 Mecanização: associação de métodos mecânicos e toda tecnologia de 
aplicação de defensivos agrícolas; 
 Física e química do solo: conhecer o comportamento dos herbicidas no 
meio edáfico; 
 Bioquímica: conhecer os diferentes mecanismos de ação dos herbicidas. 
 Biotecnologia: conhecer a possibilidade de obtenção de organismos 
geneticamente modificados (OGM). 
 23 
 Climatologia: conhecer os efeitos das condições climáticas no 
desenvolvimento das plantas, e a eficácia dos herbicidas. 
 Fitotecnia: conhecer as características de cada cultura diminuindo a 
matocompetição. 
 
CARACTERÍSTICAS DE PLANTAS DANINHAS 
Monocotiledôneas: também chamadas de folhas estreitas ou gramíneas. 
Dicotiledôneas: também chamadas de folhas largas ou latifoliadas. 
 
CICLO DE VIDA DE UMA PLANTA DANINHA ANUAL 
 
 
 24 
BANCO DE SEMENTES 
O banco de sementes é a base do ciclo de vida e da sobrevivência das 
plantas daninhas em uma área. Estimou-se que foram encontradas em media 
30.000 a 350.000 sementes por m
2
 ou 300 milhões a 3,5 bilhões nos 10 cm 
superficiais do solo por hectare (Kock, 1969). 
O banco de sementes é constituído por todas sementes vivas, porém 
dormentes no solo, apresentando: 
 Dimensão espacial: distribuição horizontal e vertical das sementes no 
solo, refletindo a dispersão inicial e subseqüente movimentação no solo. 
 Dimensão temporal: distribui a germinação no decorrer do tempo. 
 
MEDIDAS DE MANEJO 
Visa utilizar medidas de manejo em vez de controle, buscando assim uma 
agricultura economicamente sustentável. 
Medidas preventivas: impede ou minimiza a introdução e disseminação de 
plantas daninhas em um determinado local. 
1. Limpeza de equipamento (preparo, cultivo e colheita); 
2. Utilização de mudas livres de plantas daninhas; 
3. Controle de páteos e depósitos de torta, compostos etc.; 
4. Manter livre de plantas daninhas, canais e reservatórios (vinhaça) . 
 
Medidas culturais: 
1. Escolha de variedades adaptadas as condições locais; 
2. Espaçamento / época de plantio: ocupação o mais rápido do solo pela 
cultura; 
3. Rotação de cultura: a utilização de uma mesma cultura por anos 
consecutivos tem proporcionado o desenvolvimento de uma flora 
associada à cultura. 
 25 
Medidas através de métodos mecânicos e físicos: o controle é exercido pelo 
enterrio de plântulas, exposição do sistema radicular e propágulos vegetativos a 
radiação solar. A inversão da camada superficial enterrando sementes e 
propágulos vegetativos contribuem muito na diminuição de pressão pós-plantio. 
Ex: capim-braquiária. 
Métodos químicos: através da utilização de herbicidas, provocando a morte 
ou a inibição da germinação e desenvolvimento das plantas daninhas. 
 
DESTINOS DOS HERBICIDAS NO AMBIENTE 
 
 
 
CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DOS HERBICIDAS 
Os herbicidas aplicados no solo podem ter sua dinâmica afetada por fatores 
relacionados a propriedades físico-químicas (solubilidade, adsortividade, 
 26 
volatilidade e resistência a degradação química e biológica). Quando essas 
propriedades interagem com as condições ambientais de campo (disponibilidade 
de água no solo, textura e matéria orgânica) irão determinar a disponibilidade do 
herbicida às plantas. Sendo assim, conhecer a interação entre esses fatores é 
essencial para que um herbicida seja aplicado de forma racional e econômica. 
 
KOW: é uma característica físico-química que indica a facilidade de 
movimentação (difundir) da molécula. Os herbicidas se diluem tanto no meio 
hidrofílico (polar) como no lipofilico (apolar), contudo tendem a privilegiar os 
dois meios, dependendo do seu kow (coeficiente de partição octanol / água). 
Herbicidas hidrofílicos: (kow < 1), tem maior facilidade de penetração 
pelas regiões polares, tais como pectina e celulose. 
Herbicidas lipofilicos: (kow > 1), tem mais facilidade de penetração pelas 
regiões apolares da cutícula como cera e cutina. 
A absorção foliar é maximizada por compostos solúveis em água e que 
apresentam kwo entre 10 e 100. 
Quanto maior o kow maior a adsorção, maior a persistência (Exemplo: 
Boral). Normalmente quanto maior a solubilidade(s), menor o kow e menor a 
sorção (Exemplo: Plateau). 
 
PKA: indica a constante de dissociação de um composto. Pode indicar o 
potencial de absorção e de translocação do herbicida na planta. 
Quanto maior for o pka do herbicida mais fraca é sua força ácida, logo 
menor a chance do herbicida ficar aniônico. 
Quanto menor for o pka do herbicida, menor sua força básica, isto é, menor 
a chance do herbicida ficar catiônico. 
Herbicidas iônicos: podem ser divididos em aniônicos e catiônicos. 
Herbicidas não iônicos: são moléculas apolares, independem do ph da 
solução do solo onde o herbicida está atuando. Exemplo:Dinitroanilinas. 
 27 
O isoxaflutole (IFT) é uma molécula não iônica, no entanto o ph tem 
efeito sobre ele. Rapidamente convertido ao metabólito (DKN), torna -se a 
molécula biologicamente ativa no controle de plantas daninhas. 
 
KOC: indica a tendência de adsorção do herbicida pela fração orgânica 
do solo, sendo que para os herbicidas iônicos o valor é dependente do ph do 
solo. 
Existe uma alta correlação entre koc e kow, pois quanto mais lipofilico o 
herbicida, maior é sua adsorção e menores perdas por lixiviação, porem menor 
é a disponibilidade do produto na solução do solo para absorção pela plantas. 
Exemplos: 
Herbicidas fortemente adsorvidos: Koc alto – Glifosato, Trifluralin, 
Pendiomenthalin, MSMA. 
Herbicidas pouco adsorvidos: Koc baixo – Amicarbazone, 2,4D amina, 
Hexaxinona, Imazapic. 
 
PRESSÃO DE VAPOR: indica a capacidade de um composto em 
“escapar” da forma líquida para a forma gasosa. 
Pressão de vapor dos herbicidas: 10
-3
 a 10
-12
 mmHg. 
Água: 17 mmHg. 
Conclusão: A água apresenta pressão de vapor 10.000 vezes maior do que 
o herbicida mais volátil, portanto, utilizar tecnologia de aplicação apropriada, 
e atentar para as condições ambientais ideais evita perdas por volatilização e 
deriva de herbicidas. 
 
SOLUBILIDADE EM ÁGUA: indica a habilidade do composto diluir-se 
em água. Herbicidas de aplicação no solo e que apresentam alta solubilidade 
apresentam boa movimentação pelo xilema. Contudo, esses compostos podem 
 28 
ser lixiviados, dependendo do koc e meia-vida do composto no solo. 
Exemplos: 
Herbicida muito solúveis: Amicarbazone, Tebuthiuron, Imazapic. 
Herbicida pouco solúveis: Trifluralin, Oxifluorfen, Diuron. 
MEIA-VIDA: indica a rapidez de decomposição de um herbicida no solo. 
A meia-vida é o tempo necessário para que a concentração do herbicida no 
solo atinja a metade da concentração aplicada, e é dependente do solo e do 
ambiente. Exemplos: 
Herbicidas muito persistentes: Sulfentrazone, Tebuthiuron. 
Herbicidas pouco persistentes: Ametrina, Metribuzin. 
 
Tabela 1. Características físico-químicas dos principais herbicidas utilizados em 
cana-de-açúcar. 
 
Ingrediente 
Ativo 
Nome 
Comercial 
Solubilida
de 
(mg/l) 
Pressão de 
vapor 
Pk
a 
Kow 
Koc 
(ml/g) 
Meia-
vida 
Sulfentrazone Boral 490 1,0X10-6 6,6 63.100 3.200 180 
Isoxaflutole/ 
DKN 
Provence 6/300 7,5X10-9 4,3 300 93 a 165 20 a 38 
Clomazone Gamit 1100 1,4X10-6 0 350 300 90 
Diuron 
Karmex / 
Herburon 
42 6,9X10-8 0 589 480 90 
Ametrina 
Gesapax / 
Herbipak 
200 8,4X10-7 4,1 427 30 > 60 
Imazapyc Plateau 2150 <1,0X10-7 3,9 - < 100 > 180 
Tebuthiuron 
Butiron 
Combine 
2500 1,0X10-7 - 63,1 80 
360 a 
450 
Carfentrazone Aurora 22 1,0X10-7 - 2290 750 2-4 
Amicarbazon
e 
Dinamic 4600 
1,3 a 
3,0X10-6 
0 23 a 27 
Metribuzin Sencor 1100 1,2X10-7 - 45 190 30 a 60 
Oxyfluorfen Gol < 0,1 2,0X10-6 0 29.400 100.000 30 a 40 
Trifluralin Trifluralina 0,3 1,0X10-4 0 
118.00
0 
> 5.000 
 29 
SELETIVIDADE DOS HERBICIDAS 
Herbicidas seletivos são aqueles que utilizados em determinadas doses 
controlam as plantas daninhas sem provocar injúrias às plantas cultivadas. 
Planta susceptível – é aquela que apresenta graus variáveis de sintomas. 
Altamente susceptível: quando morrem pela ação do herbicida 
Mediamente susceptível: quando sofrem injurias, mas recuperam após certo 
tempo. 
Planta tolerante – é aquela que não sofre os efeitos do herbicida em uma 
determinada dose, ou os efeitos são muito leves. 
O termo resistência refere-se às plantas que adquiriram a resistência no 
processo evolutivo em função do uso continuo e repetitivo dos herbicidas de um 
mesmo mecanismo de ação. 
 
FATORES QUE INFLUENCIAM NA SELETIVIDADE 
A verdadeira ou bioquímica: o herbicida é aplicado sobre a planta cultivada 
e a planta daninha, mas causando a morte apenas da planta daninha. 
A taponômica, ou de posição: o herbicida é aplicado em uma posição tal 
que não entra em contato com a planta cultivada. 
Na aplicação em pós-emergência a seletividade pode ser conseguida através 
de aplicação dirigida. Aplicações realizadas semanas antes do plantio são 
denominadas aplicações de manejo. A cultura pode ser sensível, mas ocorre a 
degradação não afetando a cultura no momento do plantio. 
Aplicações realizadas no solo podem ser seletivas a planta cultivada 
quando ficam posicionados na camada superficial (3 a 5 cm), onde germinam as 
principais plantas daninhas do banco de sementes. Exemplo: Diuron, 
Pendimenthalin. 
 
 
 
 30 
MECANISMO DE AÇÃO DOS HERBICIDAS 
Cada herbicida em geral inibe uma enzima especifica e assim desorganiza a 
produção de substancias necessária para a sobrevivência das plantas daninhas. 
Mecanismo de ação: é a principal reação bioquímica que é afetada no interior 
da célula, e que resulta na ação final do herbicida. 
Modo de ação: seqüências de reação que ocorrem desde o contato do herbicida 
até sua ação final, que pode ser a morte ou a inibição do crescimento. 
O herbicida inibe determinada enzima (interrompendo a síntese de um 
composto) posteriormente, outras rotas metabólicas serão afetadas em decorrência 
da falta de composto inicial. A conseqüência final é a morte da planta. 
 
Tabela 2. Principais herbicidas inibidores da protox. 
Grupo químico Ingrediente ativo Nomes comerciais 
Triazolona 
Sulfentrazone Boral 
Carfentrazone Aurora 
Éter Difenílico Oxyflurfen Goal 
 
Tabela 3. Principais herbicidas inibidores do fotossistema II. 
Grupo químico Ingrediente ativo Nomes comerciais 
Triazinas Ametrina 
Gesapax 500, Metrimex 500, 
Herbipak 500 
Triazinona 
Hexaxinona + 
Diuron 
Velpar-K 
Metribuzin Sencor 480 
Uréia substituída 
Diuron 
Karmex 500, Cention SC, Diuron 
500, Herburon 
Tebuthiuron Spike 500, Tebuthiuron, Butiron 
 
 
 31 
Tabela 4. Principais herbicidas inibidores da divisão celular. 
Grupo químico Ingrediente ativo Nomes comerciais 
Dinitroamilina 
Trifluralin 
Treflan, Premerlin 600, Herbiflan, 
Trifluralina Nortox 
Pendimenthalin Herbadox 
 
Tabela 5. Principais herbicidas inibidores da ALS. 
Grupo químico Ingrediente ativo Nomes comerciais 
Sulfoniluréias 
Flazasulfuron Katana 
Halosulfuron Sempra 
Imidazolinonas 
Imazapic Plateau 
Imazapyr Contain 
 
Tabela 6. Principais herbicidas inibidores de carotenóides. 
Grupo químico Ingrediente ativo Nomes comerciais 
Isoxazolidinona Clomazone Gamit 
Izoxazol Isoxafrutole Provence 
 
ESTRATÉGIAS NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS 
Fatores que influenciam na tomada de decisão para a recomendação de 
herbicidas: 
 Textura do solo (% Argila, % MO, Ambiente de produção). 
 Matologia (espécie / níveis de infestação). 
 Época de aplicação (seca / meia seca, úmida). 
 Residual necessário (1/2 vida do herbicida). 
 Características físico-químicas dos produtos. 
 Variedades (estágio, tolerância à herbicida, fechamento). 
 Aplicação de compostos. 
 Modalidade de aplicação. 
 32 
 * Plantios: Dessecação, despraguejamento, Pré-plantio incorporado, Pós-
plantio e “quebra-lombo”. 
 * Soqueiras: Pré-cultivo, pós-cultivo e repasse (dirigido). 
 Tipo de cultivo: com / sem escarificação. 
 Fertirrigação 
 Palha: Aleirada / Estendida. 
 
TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DE DEFENSIVOS 
Para o planejamento e execução do método de controle químico de plantas 
daninhas é primordial os princípios de funcionamento que norteiam a tecnologia 
de aplicação dos herbicidas. Segundo a Jacto (1999), tecnologia de aplicação é a 
colocação de um produto biologicamente ativo no alvo, em quantidade adequada 
de forma econômica e com riscos mínimos de contaminação ambiental. 
Pulverização é o processo físico-mecânico de transformação de uma 
substância líquida em partículas ou gotas. 
Aplicação é deposição de gotas sobre um alvo desejado, com tamanho e 
densidade adequadas ao objetivo proposto. 
Alvo é aquilo que é escolhido para ser atingido (praga, plantadaninha, 
solo, etc). 
Eficiência refere-se a quantidade de material que foi retido pelo alvo em 
relação a quantidade que foi emitido pela maquina de pulverização (%). 
Eficácia é a relação entre o efeito biológico do produto causado sobre a 
planta daninha e a quantidade de produto que atingiu o alvo. 
Tanto para se obter uma boa eficiência quanto uma boa eficácia numa 
aplicação, há a necessidade da interação de vários fatores. E estes fatores são: 
equipamentos adequados para a cultura, pontas (bicos) em boas condições, tipos 
de pontas x espaçamentos, altura de barramentos, velocidade da máquina e 
balanços nos barramentos (vertical / horizontal), tipos e como se encontra o alvo 
que deverá ser atingido. A aferição da distribuição pode ser feita através de 
 33 
mesas coletoras. As pontas podem causar desuniformidade de aplicação se não 
for realizada uma adequada manutenção dos mesmos e a sua troca ao fim de sua 
vida útil, sendo que esta depende do tipo de material (cerâmica, aço inox, 
polímero, latão). 
Pode-se afirmar com certeza que em relação ao conjunto aplicador (maquina, 
pulverizador) as pontas são as peças mais importantes do mesmo, pois dela 
depende a qualidade da aplicação (tamanho e uniformidade de gotas, distribuição 
do produto (calda) sob a barra, cobertura do alvo, volume de aplicação, etc). 
O volume está relacionado com o uso adequado do equipamento para 
conseguir a cobertura mínima do alvo (Christofoletti et al., 2004). 
A cobertura do alvo pela calda de pulverização é calculada pela formula 
desenvolvida por Courshec (1967), citada por Matuo (1985): 
C= (15 x V x R x K
2
) / (A x D), onde: 
C: Cobertura % da área 
V: Volume de aplicação (l/ha) 
R: Taxa de recuperação (eficiência %) 
K: Fator de espalhamento de gotas 
A: Superfície vegetal existente no hectare 
D: Diâmetro das gotas 
Conclusão: Uma das formas de melhorar a cobertura, é aumentando a 
vazão, ou diminuindo o tamanho da gota. 
Para herbicidas de contato, a cobertura do alvo tem que ser maior, pois 
possíveis áreas não atingidas podem propiciar falhas no controle. Já para os 
sistêmicos podem ser aplicados com uma cobertura menor, porém o suficiente 
para propiciar a transferência do ingrediente ativo para o alvo. 
Ainda em relação à tecnologia de aplicação, quando se falava em regular 
um pulverizador, resumia-se em conferir a vazão de bicos com os famosos 
canecos de calibração, mas atualmente isto deve ser visto sobre um outro 
enfoque. Calibrar um pulverizador é prepará-lo para conseguir o tamanho de 
 34 
gotas necessário, que em função da taxa de aplicação, adequa-se a situação do 
alvo e clima, distribuindo uniformemente ao longo da barra, e com riscos 
mínimos de deriva. 
 
NOVAS FERRAMENTAS NO MANEJO DE PLANTAS DANINHAS 
Conhecendo as características tanto das plantas daninhas quanto dos 
herbicidas, podem ser acrescentadas novas “ferramentas” que auxiliem no 
manejo de plantas daninhas, como por exemplo, à utilização de uma área sem 
herbicida, conhecida popularmente como “matologia”. 
Essa “ferramenta” consiste no estudo das plantas daninhas através da 
utilização de uma testemunha de 100 m² deixada a cada 30 a 50 ha com o 
objetivo de identificar as principais ervas predominantes na área, a eficácia e 
seletividade dos produtos aplicados; visando assim o controle eficiente das 
plantas daninhas com segurança e de forma economicamente viável. 
A leitura é efetuada de 70 a 90 dias após a aplicação, no entanto, o melhor 
momento para a avaliação (flora definida) só será definido com visitas a área. 
As plantas daninhas são catalogadas e quantificadas através de um 
percentual de cobertura e controle, além de ser avaliada a seletividade do 
tratamento quando comparada a testemunha à área tratada. 
Nos anos subseqüentes as “matologias” serão instaladas em áreas próximas 
a instalada no ano anterior, para que possa ser realizado um comparativo entre as 
avaliações e concluir se houve ou não redução no banco de sementes, além de 
poder constatar uma possível mudança de flora. 
Mudança da Composição Florística: Troca da composição florística de uma 
comunidade de planta daninhas. Normalmente a substituição da flora ocorre por 
plantas daninhas tolerantes que se encontram em baixa freqüência ou devido às 
mudanças climáticas ocorridas nos últimos anos. Até recentemente, as plantas 
daninhas mais importantes economicamente a cultura da cana-de-açúcar eram as 
gramíneas, ou seja, capim-colonião (Panicum maximum), capim-colchão 
 35 
(Digitaria spp.), capim-braquiária (Brachiaria decumbens), capim-marmelada 
(Brachiaria plantaginea), além da tiririca (Cyperus rotundus) e grama-seda 
(Cynodon dactylon). Atualmente verifica-se que a flora até então predominada 
por monocotiledôneas, está sendo alterada, isto é, com altas infestações de 
folhas largas, especialmente cordas-de-viola (Ipomoea spp.). Fatores como: uso 
contínuo de graminicidas específicos, colheita-mecânica-crua (palha), novas 
modalidades de cultivo, e fator clima contribuem integradamente com o 
surgimento dessas espécies, obrigando os técnicos a adotarem novas estratégias 
de controle, devido a alta agressividade dessas plantas daninhas. 
 
NOVAS MODALIDADES APLICAÇÃO NO MANEJO DE PLANTAS 
DANINHAS 
Em relação ao controle químico, novas modalidades de manejo podem ser 
adotadas racionalizando o controle com mais eficácia e viabilidade econômica. 
A modalidade de aplicação em PPI (Pré-plantio incorporado), vem sendo 
utilizada como “ferramenta” altamente eficaz na redução do banco de sementes 
na formação dos canaviais. Por exemplo: Aplicações em PPI com produtos 
específicos visando o “despraguejamento” de plantas daninhas como tiririca e 
grama-seda. Como também, altas infestações de gramíneas e folhas largas que 
podem ter o banco de sementes reduzido utilizando essa modalidade, diminuindo 
as pressões de infestação após os plantios. Outra vantagem dessa estratégia é a 
redução dos custos em relação a possíveis “repasses” (catações químicas e/ou 
mecânicas), até o fechamento do canavial. 
 
RFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ANDREI, E. (Ed.). Compêndio de defensivos agrícolas. São Paulo: Andrei, 1999. 
672p. 
ARÉVALO, R.A. Plantas daninhas da cana-de-açúcar. Araras: 
IAA/PLANALSUCAR CONESUL, 1979. 46p. 
 36 
CHRISTOFFOLETI, P.J.; OVEJERO, R. F. L.; NICOLAI, M. Manejo de plantas 
daninhas. Revista Atualidades Agrícolas Basf S.A. São Bernardo do Campo, 
p. 11, 2004. 
KISSMANN, K.G. Plantas infestantes e nocivas. 2. ed. São Paulo: BASF, 1997. 
825 p. (Tomo I). 
LORENZI, H. Plantas daninhas e seu controle na cultura da cana-de-açúcar. In: 
SEMINÁRIO DE TECNOLOGIA AGRONÔMICA, 4., Piracicaba, 1988. 
Anais... Piracicaba, 1988. São Paulo: COPERSUCAR, 1988. p. 281-301. 
MATUO, T. Enfoque multidisciplinar da tecnologia de aplicação de defensivos 
agrícolas. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE TECNOLOGIA DE 
APLICAÇÃO DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS: EFICIÊNCIA, ECONOMIA 
E PRESERVAÇÃO DA SAÚDE HUMANA E DO AMBIENTE. Jaboticabal, 
1985. Resumos expandidos... Jaboticabal: FCAV, 1985. p. 3-11. 
MÔNACO JR, L. C.; PAGGIARO, C.; BOSCH CABRAL, S.; ASSIS, M.; 
CHRISTOFFOLETI, P. J.; CARVALHO, S. J. P.; NICOLAI, M. Novo manejo 
de áreas infestadas com tiririca (Cyperus rotundus) através de sulfentrazone 
aplicado em condições de pré e pós-plantio da cana-de-açúcar In: 
CONGRESSO BRASILEIRO DA CIÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS, 
26., 2008, Ouro Preto. Resumos expandidos... Sete Lagoas: SBCPD /Embrapa 
Milho e Sorgo, 2008. (CD ROM). 
VICTÓRIA FILHO, R.; CHRISTOFFOLETI, P. J.; Manejo de plantas daninhas e 
produtividade da cana. Visão Agrícola, Piracicaba, n. 1 p. 32-37, jan/jun 2004. 
 37 
 
 
CAPÍTULO 4 
 
A APLICAÇÃO AÉREA E O CONTROLE 
FITOSSANITÁRIO 
 
Wellington Pereira Alencar de Carvalho 
 
Máquinas e Mecanização Agrícola – Tecnologia de Aplicação. 
Universidade Federal de Lavras- UFLA - Departamento de Engenharia Agrícola, 
Cx Postal37 Lavras – MG 
E-mail: wellingt@ufla.br 
 
O uso correto de produtos químicos tem sido uma preocupação não apenas 
do produtor rural, que quer reduzir custos, mas sobretudo, obter o controle 
efetivo dos problemas que afetam as lavouras. Para os técnicos que recomendam 
o uso dos produtos químicos, uma aplicação segura ao operador e ambiente de 
forma eficaz tem sido uma busca constante. 
Quando são discutidos os conceitos de tecnologia de aplicação, os 
processos que envolvem o controle fitossanitário com o uso de máquinas 
aplicadoras deverão obrigatoriamente ser analisados para que o sucesso seja 
alcançado. 
A tecnologia da aplicação de produtos fitossanitários quer estes sejam 
químicos ou biológicos, envolvem ações a serem praticadas e conhecimentos 
englobando diversas áreas que se interagem e que deverão ser objeto de estudos 
entre os técnicos que atuam em pulverizações. 
A aplicação aérea apresenta particularidades específicas em relação a aplicação 
terrestre e que muitas vezes por envolverem os mesmos objetivos alvo no controle 
mailto:wellingt@ufla.br
 38 
fitossanitário, aparentemente se confundem principalmente quanto à altura de 
pulverização tende operar nas mesmas situações operacionais, o que não é correto. 
As aplicações aéreas, geralmente quando são feitas com o uso de bicos hidráulicos, 
ocorrem entre 2 a 4 metros da copa da planta e com o uso de equipamentos rotativos 
entre 3 a 5 metros. A altura correta deverá levar em consideração a natureza do 
produto, tipo de aeronave, distribuição de bicos na barra, modelo de barra, e 
principalmente as condições meteorológicas que poderão influenciar de forma 
significativa os níveis de deposição e qualidade de cobertura e distribuição. 
Em pulverizações com o uso de aeronaves, é importante se respeitar as alturas 
de aplicação; diferente das aplicações terrestres, onde a barra de pulverização se 
mantém próxima ao solo, nas aplicações aéreas, estas são realizadas entre 2 a 4 
metros acima da copa da planta, quando empregado bicos hidráulicos (bicos de jato 
plano ”leque” ou cônico), e com o uso de equipamentos rotativos (discos ou telas 
rotativas) estas aplicações devem localizar-se entre 3 a 5 metros. Estas condições 
são situações operacionais que tem apresentado os melhores resultados para uma boa 
cobertura e distribuição uniforme do produto. A observação das condições 
meteorológicas, características do produto, a necessidade do ajuste do tamanho de 
gota e densidade de gotas, o apoio técnico e principalmente bom senso nas 
operações tem sido a chave do sucesso esperado pelos produtores. 
Neste sentido, a contratação de empresas qualificadas, a adoção de 
equipamentos ajustados, com alta performance, o emprego de produtos adequados 
com baixo impacto ambiental, o respeito ao momento correto de aplicação, e o 
acompanhamento técnico obrigatório, comuns nas operações aeroagrícolas, fazem 
da aviação agrícola uma ótima opção ao produtor. 
Comparativamente com outras modalidades de pulverização, a aplicação aérea 
proporciona além da qualidade semelhante de controle, a possibilidade de aplicação 
sem danos físicos às lavouras e ao solo, associada com sua rapidez e seu alto 
rendimento operacional. 
 39 
Os critérios para a escolha dos equipamentos utilizados, tipo de ponta ou 
sistema de pulverização (bicos hidráulicos ou rotativos) exige a verificação das 
necessidades de controle. O sucesso do controle está intimamente associado ao 
momento da execução da aplicação, o monitoramento dos níveis de atuação das 
pragas e doenças, ao tipo e características do produto e ao treinamento das equipes 
aplicadoras. 
A aplicação aérea se destaca entre outros pontos pela alta velocidade 
operacional com que são realizadas as pulverizações, a utilização de menores 
volumes, proporcionalmente comparada a aplicação terrestre. Há também uma 
maior concentração do produto na calda, a possibilidade de realizar uma maior área 
de cobertura na mesma unidade de tempo, quando comparada aos demais processos 
de aplicação. Considerando estes aspectos, aliado aos efeitos aerodinâmicos e as 
condições atmosféricas estes são pontos importantes para serem observados neste 
processo. 
Neste sentido dois conceitos devem ser compreendidos: primeiro o conceito de 
pulverização, que envolve o processo de geração de gotas, onde deveremos conhecer 
e definir os tipos de pontas e bicos de pulverização e o conceito de aplicação, que 
retrata a condução destas gotas até o alvo. 
Neste ambiente, interferindo positivamente ou negativamente estão os fatores 
meteorológicos que tem uma influência direta nos resultados a serem alcançados 
(Figura 1). 
Conhecer a máquina, o alvo e os fatores que conduzem o produto até atingir 
seu objetivo, com o mínimo de contaminação ambiental e ao operador, com o 
mínimo de perdas, de forma segura e eficiente e apresentando um menor custo têm 
sido os aspectos mais procurados. 
A relação entre os fatores envolvidos nos custos de produção das lavouras tem 
sido cada vez mais motivo de análises técnicas, pois todos os itens são importantes 
no objetivo de minimizar gastos. 
 40 
Estudos mostram que sem o uso da aplicação dos agroquímicos na agricultura a 
produção de alimentos no mundo sofreria uma redução de 40 a 45 % e o custo da 
alimentação seria acrescido de 50 a 75%, além do comprometimento na qualidade 
dos alimentos e fibras produzidas. 
 
 
Figura 1. Influências na aplicação aérea. 
 
De acordo com a Crop Protection Products (http://www.gcpf.org/agricultural-
pesticides.htm), com o constante crescimento da população mundial, onde temos que 
produzir cada vez mais, em menor espaço de área disponível, a produção de alimentos 
compete com cerca de 30.000 espécies de plantas daninhas, 3.000 espécies de 
nematódides e 10.000 espécies de insetos que atacam as plantas. Sem o uso de 
pesticidas na moderna teríamos uma perda de 20 a 40 % nas produções, perdas estas 
provenientes do campo ou em condições de armazenamento. Contudo o uso dessa 
prática exige atenção às condições de segurança pessoal e ambiental. 
 41 
A ANDEF (2009) cita algumas médias de perda na produção anual das principais 
culturas brasileiras relacionadas a pragas e plantas daninhas (Tabela 1). 
Na área de cana-de-açúcar, a aviação agrícola tem uma participação muito 
importante no processo de produção e é uma ferramenta fundamental para que os 
objetivos de produção possam ser alcançados. 
 
Tabela 1. Dados de perdas relativas a ataques de pragas e a ocorrência de 
plantas daninhas. 
 
CULTURA 
PERDAS (%) 
PRAGAS (1) PLANTAS DANINHAS (2) 
Algodão 37 71 
Amendoim 43 50 
Arroz 55 70 
Café 34 68 
Cana 15 83 
Cevada 7 - 
Citrus 20 40 
Feijão 33 58 
Fumo 31 - 
Girassol 79 - 
Milho 23 48 
Pastagem 25 - 
Soja 26 54 
Milho 23 48 
Pastagem 25 - 
Soja 26 54 
Sorgo 65 40 
Trigo 24 - 
 
Fontes: (1) Depto. Entomologia, USP-Piracicaba, 1981. (2) CREA-SP, 1985. (3) Controle 
integrado de plantas daninhas, 2. ed, 
 
 42 
Dados apontam que o Brasil precisará dobrar o plantio de cana-de-açúcar 
para cumprir a meta de produção de álcool combustível (etanol) estipulada pelo 
governo até 2.030. A informação é do presidente da Empresa de Pesquisa 
Energética (EPE), Maurício Tolmasquim citada em 
(http://www.agrosoft.org.br/agropag/100556.htm). Segundo Tolmasquim, o 
Brasil produz atualmente 6,9 bilhões de litros de etanol por ano. Para chegar a 
13,9 bilhões de litros (meta para 2.030), deverá dobrar até lá a produção de 
cana-de-açúcar para 1 bilhão de toneladas por ano. "Nós precisaremos, segundo 
as projeções, que são bastante arrojadas, de 14 milhões de hectares de terras”. 
Isso é o dobro da quantidade de terras que utilizamos para produção das atuais 
495 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano", disse o presidente da EPE. 
Para aumentar a área plantada de cana, Tolmasquim sugere o 
aproveitamento de terras destinadasà pastagem, o que também não pressionaria 
a área destinada ao plantio de culturas alimentícias, nem exigiria o avanço da 
fronteira agrícola. "A média de gado por terra [ocupada] é muito baixa", disse. 
"Com um pouco de esforço e otimização do gado, poderíamos ter 10 vezes mais 
terras do que a quantidade necessária para o etanol". A produção extensiva de 
gado ocupa hoje 210 milhões de hectares. 
Soja, milho, trigo, carnes, etanol, farelo de soja, óleo de soja e leite são os 
produtos agropecuários com maior potencial de crescimento nos próximos 10 
anos. A previsão é do estudo Projeções do Agronegócio Brasil 2008/2009 a 
2018/2019, que foi divulgado no dia 30 de outubro do ano passado pelo ministro 
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes. A pesquisa, 
realizada pela Assessoria de Gestão Estratégica (AGE) do Ministério da 
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), aponta cenários de produção, 
participação no mercado mundial, exportação e consumo de 18 produtos da 
pauta agropecuária do País. 
 
 
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 43 
Tabela 2. Prejuízos estimados de pragas para algumas culturas agrícolas do 
Brasil. 
 
Cultura Praga 
Prejuízo da 
Produção 
(%) 
Citação 
 
 
 
 
 
Algodão 
Ácaro rajado 17,2 a 25,3 Oliveira (1972) 
Pulgões 44 Calcagnolo & Sauer (1952) 
Ácaro vermelho 38 Calcagnolo (1963) 
Ácaro branco 30 Fadigas et alii (1958) 
Broca do colo 50-95 Sauer (1948) 
Lagarta das maçãs 25 Santos (1977) 
Curuquerê 28 
Almeida & Cavalcante 
(1966) 
Arroz Gorgulho 20-30 Gallo et alii (1978) 
Café Bicho mineiro 44-80 Paulini (1975) 
Broca do fruto 21 Souza & Reis (1980) 
Cana-de-açúcar Cigarrinhas 39 Veiga (1964) 
 
Milho 
Lagarta do 
cartucho 
20 Carvalho (1970) 
Lagarta rosca 7,2 Lusvarghi (1973) 
Lagarta das espigas 8,4 Carvalho (1977) 
Morango Ácaro rajado 51,2 Chiavegatto (1979) 
Pastagens Saúva parda 50 Amante (1967) 
Tomateiro Broca pequena 45 Gallo et alii (1978) 
Trigo Pulgões 25-38 Caetano (1972) 
Grãos armazenados Pragas gerais 30 Rossetto (1966) 
 
Fonte: PNP defensivos agrícolas - CNPDA - Set. 1984. 
 
A produção dos principais grãos, como soja, milho, trigo, arroz e feijão, 
deverá passar de 139,7 milhões de toneladas, em 2007/2008, para 180 milhões, 
em 2018/2019, com crescimento de 28,7%. Já a produção de carnes (bovina, 
suína e aves) deverá aumentar em 12,6 milhões de toneladas, totalizando 
 44 
acréscimo de 51%, em relação à produção de 2008. Outros itens com alto 
potencial de crescimento são: açúcar (mais 14,5 milhões de toneladas), etanol 
(37 bilhões de litros) e leite (9 bilhões de litros). 
Quanto a outros produtos, o Brasil deve melhorar sua posição no comércio 
mundial, devido à relação entre quantidade de exportações e comércio mundial. 
Essa relação, para a soja, deverá sair de 36%, em 2008, para 40%, em 
2018/2019; para o óleo de soja, de 63% para 73,5%; para o milho, de 13% para 
21,4%, e, para o açúcar, de 58,4% para 74,3%. 
 
MERCADO INTERNO 
Apesar da previsão de forte aumento nas exportações, o mercado interno 
será um grande fator de crescimento nos próximos anos, aponta o estudo. Do 
aumento previsto nos próximos 10 anos na produção de soja e milho, 52% 
deverão ser destinados ao consumo interno. A distribuição será da seguinte 
forma: 57,9% do aumento da produção de milho deverão ser destinadas ao 
mercado interno, em 2018/2019, assim como 44,9% do aumento da produção de 
soja. 
Haverá, assim, uma dupla pressão sobre o aumento da produção nacional, 
relacionada ao crescimento do mercado interno e às exportações do país. Nas 
carnes, também haverá forte pressão do mercado interno. Do aumento previsto 
na produção, de 12,6 milhões de toneladas entre 2007/2008 a 2018/19, 50% 
deverão ser absorvidos internamente. 
Considerando todo este mercado, o potencial de produção e a certeza do 
controle fitossanitário, dos vários fatores envolvidos na produção agrícola, a 
pulverização tem se destacado pelas implicações decorrentes não somente do 
aspecto do próprio valor de aquisição do insumo, mas também da importância na 
exatidão e momento da aplicação. 
Vários são os tipos de máquinas utilizadas para este fim e, independente de 
qual processo empregado, o agricultor busca sempre, qualidade, eficiência, e 
 45 
menor custo final. O custo/benefício é também um item de grande importância, 
que muitas vezes o agricultor menos atento deixa em segundo plano, mas que 
também deve ser analisado na moderna agricultura. 
Entre os processos de aplicação, a utilização de aeronaves agrícolas tem 
como atrativo principal à rapidez na execução dos trabalhos e qualidade na 
aplicação. Trabalhos desenvolvidos por BOLLER (2004), compararam os efeitos 
do amassamento e compactação de solo com o uso de equipamentos terrestres 
sobre a produtividade na cultura do trigo na região de Passo Fundo - RS, com 
variações de espaçamentos nas aplicações entre 6 e 24 metros nas passagens de 
um pulverizador de arrasto e verificaram que, dependendo da distância entre as 
aplicações, estas promovem reduções significativas nos índices de produção, 
conforme observado na Figura 2. 
Os resultados sobre os níveis de amassamento e os efeitos da passagem do 
pulverizador/trator sobre a lavoura foram significativos. A quebra causada pelo 
amassamento foi calculada comparando-se o que foi colhido nas faixas com e 
sem tráfego. Os prejuízos de produção foram determinados pela ação dos efeitos 
de passagem pelas duas rodas, descontando-se da produção total esperada para 
determinada largura de faixa de trabalho, e os dados refletem a média de 48 
amostragens. Na Figura 3 podemos verificar que para produções de até 3000 
kg/ha, os custos relativos pelo uso da aplicação aérea, para uma perda de 2% 
devido ao amassamento e compactação quando o agricultor contratar uma 
empresa aplicadora, por exemplo, que lhe cobre o valor relativo a 1,0 sc/soja por 
ha aplicado, haverá a necessidade de desembolso quando as produções forem 
inferiores ao nível de equilíbrio, que neste caso é de 3000 kg/ha. 
Se as produções da cultura forem superiores a 3000 kg/ha (ponto de 
equilíbrio), ao invés de haver desembolso pelo agricultor na contratação do 
serviço, o uso da aplicação aérea proporcionará um ganho adicional a sua 
produção. 
 
 46 
 
Figura 2. Curva de redução produção x distância de passagem do pulverizador 
 
 
Figura 3. Níveis de desembolso, considerando 2% de perdas e remuneração de 1 
saca/ha de soja. 
 
 47 
EVOLUÇÃO DA AVIAÇÃO AGRÍCOLA NAS ÁREAS DE MILHO E O 
CONTROLE FITOSSANITÁRIO 
Não há como negar que o mercado americano tem uma influência muito 
significativa em toda a cadeia produtiva mundial, com reflexos no mercado 
brasileiro. Os indicadores econômicos para a área de milho mostram que os 
estoques mundiais sofreram forte queda entre 2007/2008 e que há uma tendência 
de que os preços se mantenham neste ano, mantendo a tendência de alta. Há 
previsões otimistas naquele país que para que ocorra um período de rápido 
crescimento na produção de etanol, com um aumento expressivo no consumo. 
Este panorama positivo trará como reflexos para que se consiga atender as 
necessidades requeridas de consumo mundial à obrigatoriedade de aumento na 
produção. 
O controle de pragas na cultura de milho ainda é uma prática executada 
esporadicamente pelos agricultores. Em outras culturas como: algodão, 
amendoim, citrus, etc; esse fato não ocorre pois os lavradores que a elas se 
dedicam tem uma preocupação permanente com relação às pragas que as atacam. 
Ainda no site, os autores destacam que, em relação à cultura do milho, tem-se 
verificado um progresso palpável nas práticas de fertilização, emprego de 
sementes selecionadas, tratos culturais, etc. Quanto ao controle de pragas, a 
cultura, praticamente, não sofreu grandes evoluções, motivo pelo qual 
defrontamos comlavouras muito bem semeadas, adubadas e cultivadas, mas 
chegando à colheita com produtividade relativamente baixa. 
Um dos principais fatores responsáveis pelo baixo rendimento obtido na 
cultura de milho no nosso meio é a ausência de controle de pragas. Dentre as 
causas da não adoção dessa prática, pela grande maioria dos lavradores, pode-se 
citar: 
- O milho, sendo uma cultura extremamente difundida, sofre uma variação 
muito grande no grau de tecnificação, de acordo com regiões, grau de instrução 
http://www.criareplantar.com.br/agricultura/milho/milho.php?tipoConteudo=texto&idConteudo=1405
 48 
e poder aquisitivo dos lavradores, tamanho das culturas e principalmente com a 
finalidade da produção; 
- O produto, via de regra, apresenta uma grande oscilação de preço, com 
baixas acentuadas durante a safra, concorrendo para que os lavradores sintam-se 
inseguros no sentido de investir maior soma com a cultura; 
- Dificuldade de aplicação de inseticidas, devido ao rápido desenvolvimento 
das plantas, atingindo porte que torna difícil o tratamento com aplicadores 
manuais ou mesmo mecanizados, que convencionalmente, são utilizados em 
outras culturas de porte menos elevado; 
- Falta de divulgação, entre os lavradores, sobre a existência de aparelhos 
adequados para aplicação mais eficiente e correta dos inseticidas; 
- Falta de demonstração da viabilidade econômica e as vantagens que o 
tratamento contra as pragas proporciona sobre o rendimento da cultura; 
- Falta de conhecimento, por parte dos lavradores, sobre as principais pragas 
da cultura e os prejuízos que acarretam; 
- Falta de um esquema de tratamentos, como os existentes outras culturas, 
que venha a servir de orientação aos lavradores fornecendo-lhes, também, 
condições para calcular o custo dos inseticidas e das aplicações. Esse aspecto, 
talvez, seja um dos importantes, pois, havendo possibilidade de se fazer essa 
previsão de gastos, os mesmos poderão ser ajustados com maior segurança 
dentro dos limites econômicos que a cultura permite. 
Uma vez apontadas as principais causas e dificuldades que impedem a 
adoção da prática de controle de pragas na cultura de milho, surge necessidade 
de encarar o problema com o objetivo de fazer com que os lavradores passem a 
adotá-la e a mesma se torne rotina, evitando que grandes prejuízos ocorram, 
principalmente nos anos que ocorrem ataques mais intensos. Em contrapartida, 
diante deste quadro favorável de crescimento de produção, principalmente nos 
meses de dezembro e janeiro de 2008, houveram em muitas regiões produtoras, 
ataques intensos de lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda), ocasionando 
http://www.dowagro.com/br/lorsban/pragas/lagartacartuchom.htm
 49 
severos danos às lavouras, obrigando ações rápidas e precisas, visando redução 
nos custos de produção e manutenção da produção esperada. 
Tentando minimizar estes ataques, muitos produtores procuraram auxílio 
nas aplicações aéreas, com resultados satisfatórios. Em algumas regiões do país, 
como na região do Sul de Minas Gerais, diversos produtores experimentaram 
pela primeira vez esta tecnologia com sucesso e as perspectivas é que as 
utilizem novamente no próximo plantio. 
Com relação ao controle na lavoura de milho com o uso de aeronaves, temos 
acompanhado mais diretamente nesta região (Sul de Minas Gerais) e nos últimos 
dois anos onde temos visto um crescimento significativo da aplicação aérea. 
Nestas áreas, os produtores tem conseguido obter aumento expressivo de 
produção, em média, 15 sacas/ha com o uso da aplicação aérea. Tal aumento 
paga todos os custos de investimento na aplicação aérea e estes resultados têm 
colaborado para que a cada safra novos produtores adotem esta tecnologia, 
abrindo novos horizontes para os operadores e empresas aplicadoras. 
Resultados de produção empregando-se aeronaves agrícolas em grandes 
áreas comerciais no centro-este do Brasil, apresentaram em diversas aplicações, 
adotando-se a técnica de baixo volume oleoso (BVO), com volumes de 5 litros 
de calda/ha no Estado de Goiás, ganhos de produção superiores a 150 sacas/ha 
nas regiões de Montividiu e 151 sacas/ha na região de Planalto Verde (Aerotex, 
2008), confirmando os excelentes resultados do uso desta tecnologia. 
 
AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE DEPOSIÇÃO 
O uso de ferramentas que possibilitem um diagnóstico rápido, preciso e 
com baixo custo sobre a qualidade de deposição em condições práticas de 
campo, tem sido uma busca constante por parte dos técnicos durante as 
pulverizações. 
Para tanto, várias técnicas freqüentemente testadas e aplicadas ao longo dos 
tempos tem sido adotadas, tais como o uso de papéis sensíveis, emprego de 
 50 
cromatografia e espectrofotometria nas análises de depósitos. A utilização de 
traçantes e a pulverização com o uso de produtos marcadores, entre outras 
formas de identificação, vem sendo utilizados por diferentes pesquisadores. 
Entretanto, muitas destas técnicas, apesar de serem eficientes, apresentam o 
inconveniente de serem caras, necessitarem de equipamentos auxiliares e demoradas 
operações, e que nem sempre estão disponíveis para uma observação rápida visando 
uma verificação da qualidade de cobertura nas mais diferentes partes da planta em 
condições de campo. 
O uso de um marcador de baixo custo, onde seja possível avaliar os níveis de 
penetração da pulverização na cultura, proporcionando um diagnóstico das 
condições reais de deposição em qualquer parte da planta, se torna um instrumento 
muito importante para uma tomada de decisão imediata durante as aplicações, sobre 
como se encontra o processo de pulverização, e a conseqüente aplicação do produto 
sobre o alvo desejado. 
Muitas vezes temos sido questionados por produtores e técnicos, sobre as 
dificuldades em se observar como estão sendo processadas as deposições nas 
plantas, e por não terem condições fáceis de visualização em campo na percepção 
das gotas depositadas sobre as plantas. Em razão disso, surgem dúvidas sobre a 
eficácia de aplicações realizadas com a pulverização onde são empregados 
principalmente menores volumes de calda, comuns nas aplicações aéreas. Somadas a 
isto, muitos usuários tem dúvidas se estas são eficientes e se o produto aplicados por 
via aérea consegue atingir a superfície desejada (alvo), por estas trabalharem com 
volumes tão reduzidos. 
Na busca de respostas a estas questões, temos realizado diversos ensaios em 
diferentes culturas, sobre o comportamento da aplicação aérea e seu controle e os 
resultados de controle têm sido bastante favoráveis, comprovando que não é o 
volume que define qualidade de aplicação e sim uma somatória de fatores em 
qualquer que seja a modalidade escolhida, tais como observação das condições 
meteorológicas, tipo de ponta de pulverização, adequação dos tamanhos de gotas 
 51 
desejado, manutenção do equipamento e aspectos operacionais entre outros resultam 
no melhor controle. 
Com o uso de um pigmento adicionado a calda, produto este sem efeito tóxico 
a planta, ao ambiente e ao homem, de fácil solubilidade, com baixo custo, passível 
de ser utilizado em qualquer tipo de mistura, temos testado em diferentes regiões do 
país, o que tem nos permitido uma verificação interessante sobre a qualidade da 
pulverização nas mais diferentes partes da planta em condições de campo. 
Por ser um pigmento empregado na marcação e identificação de sementes, sem 
comprometimento a eficácia do produto, nos despertou o interesse se sua utilização 
em nossos dias de campo. A idéia inicial foi adicionando-o as caldas, permitisse a 
verificação de como a qualidade da aplicação aérea estava acontecendo em 
pulverizações inicialmente de maturadores. Participando de inúmeros eventos (dias 
de campo) promovidos pela Empresa Du Pont nas mais diferentes regiões do país, 
resolvemos adicionar às caldas o produto Levanyl RU da Empresa Lanxess, 
(marcador GV) e observar ocomportamento do mesmo na alteração da aplicação e 
sua possibilidade de ser empregado como um marcador de visualização nas 
deposições na identificação da qualidade do trabalho executado. 
O uso do marcador possibilitou além da verificação dos níveis de deposição, 
nas mais diferentes partes da planta, a real identificação dos pontos impregnados e a 
dificuldade das deposições, como também permitiu verificar possíveis 
deslocamentos durante as aplicações (deriva). Com isto facilitou propor ações 
visando a melhoria da qualidade da aplicação. 
Outro aspecto interessante detectado com o uso desta tecnologia, tem sido a 
praticidade para o operador na identificação de problemas nos equipamentos de 
aplicação, vazamentos, desgastes etc., pois quaisquer destes pontos, facilmente se 
torna visível devido à coloração e o contraste no ponto problema. 
Temos observado que a valorização da qualidade do serviço prestado nem 
sempre tem sido reconhecido por aqueles que a utilizam, ressaltando e valorando 
muito mais alguns insucessos do que o próprio sucesso das aplicações. Não se 
 52 
pode esquecer que os fatores que envolvem os resultados esperados durante uma 
aplicação é muito dinâmico. 
Em muitas aplicações nem sempre bem sucedidas, onde são atribuídos erros 
pelo uso do equipamento de aplicação, quer aérea ou terrestre, na realidade, o que 
tem que ser considerado e avaliado não é apenas a máquina aplicadora, a empresa 
prestadora de serviço, mas a qualidade do produto utilizado, o momento ¨timing¨ 
da aplicação e as condições meteorológicas, o que tem sido negligenciado por 
muitas vezes. Nos trabalhos desenvolvidos por VIEIRA (2004) Figuras 7, 8 e 9 
realizados na Fundação MT, podemos ver a importância e as implicações em se 
aplicar produtos no momento e estágio adequado. 
Reduções significativas de produção são observadas quando os momentos 
mais adequados não são verificados. Muitas dos insucessos de pulverizações 
podem ser atribuídos a falhas na qualidade de geração de gotas e conseqüente 
deposição, o que também está intimamente ligado a não observação de tais 
momentos, aplicando-se produtos ora em sub-doses, ora em doses acima do 
recomendado. 
Uma parcela significativa de usuários de defensivos agrícolas não tem tido o 
cuidado devido com os equipamentos. A realização de treinamentos e a 
verificação periódica dos pulverizadores se fazem cada vez mais necessária. Os 
cuidados na preparação dos solos, colheita e aquisição de insumos também deve 
ser motivo de atenção, pois envolve aumento de custos de produção e interferem 
na decisão para as pulverizações. Muitas empresas rurais mesmo de grande porte 
têm se descuidado da importância que se deve dar a manutenção adequada dos 
equipamentos aplicadores. Tem sido comum encontrarmos todo um planejamento 
na aquisição e escolha de insumos; entretanto, a mesma atenção não tem sido 
observada quando se fala na manutenção dos equipamentos aplicadores, quer na 
substituição de partes danificadas e/ou desgastadas, tais como pontas de 
pulverização responsável direta por toda a passagem do produto da máquina em 
direção o alvo. 
 53 
 
Figura 4. Aplicação sobre a lavoura de cana-de-açúcar – Uso de papéis hidro-
sensíveis. 
 
 
Figura 5. Nível de deposição sobre a cultura da cana-de-acúcar após aplicação 
aérea e “no detalhe” - grau de cobertura em uma planta daninha “escondida” e 
nível de penetração (produto Levanyl RU- marcador GV). 
 
 
Figura 6. Aplicação terrestre de fungicidas em soja (80 L/ha, com 
autopropelido). 
 
 
Figura 7. Produção x época ideal de aplicação. (VIEIRA, 2004). 
 54 
 
Figura 8. Produção x época de difícil controle (VIEIRA, 2004). 
 
 
Figura 9. Produção x época fora do controle (VIEIRA, 2004). 
 
 55 
Qual o valor de um produto químico? Quanto isto representa no custo de 
produção e quanto vale uma ponta de pulverização ? Com certeza muito mais que o 
seu valor físico. 
Trabalhos desenvolvidos por GANDOLFO (2001), estudando máquinas 
aplicadoras terrestres em algumas regiões do Estado de São Paulo e Paraná como 
pode ser observado na Tabela 3, apresenta uma situação bastante preocupante de 
como estão nossos equipamentos aplicadores. Entre os equipamentos analisados 
81,6 % apresentaram bicos ruins, e um percentual muito significativo de outras 
ocorrências. Os reflexos diretos com certeza refletirão nos aumentos dos custos de 
aplicação e a certeza de que o agricultor estará perdendo dinheiro pela ineficácia da 
operação, sem contar com a possibilidade das contaminações a que estará sujeito 
com valores imensuráveis. 
 
MÁQUINAS REPROVADAS DE ACORDO COM AS AVALIAÇÕES 
CONSIDERADAS – EQUIPAMENTOS TERRESTRES 
No processo de pulverização, em especial com aplicação aérea, temos que 
analisar alguns pontos importantes antes de se falar na composição do seus custos. A 
pulverização como o processo de geração de gotas é influenciada por: tipo de ponta 
instalada, produto utilizado, sistema de geração de partículas (hidráulico ou 
centrífugo), volume de calda, posicionamento e distribuição dos bicos etc. 
O respeito às condições meteorológicas, altura apropriada das 
pulverizações, adequação ao tipo de equipamento, associados ao momento da 
aplicação e a escolha correta do(s) método(s) empregado(s) resultam em 
reduções de custos. Quando o agricultor optar por utilizar aeronaves, devido ao 
seu alto rendimento operacional, deverá empregar essa prática respeitando os 
limites desta tecnologia. 
Na composição dos custos operacionais por hectare das aplicações de 
produtos rendimento operacional deverá ser empregada respeitando estes limites 
desta tecnologia. 
 56 
Tabela 3. Avaliação de máquinas pulverizadoras (GANDOLFO, 2001). 
 
 
Na composição dos custos operacionais por hectare das aplicações de 
produtos fitossanitários, é importante também levar em consideração o 
custo/hora e o rendimento operacional das máquinas. Se forem considerados 
apenas o custo/hora, veremos que os custos das aplicações aéreas são bastante 
elevados, entretanto considerando diretamente apenas seu rendimento 
operacional e fatores tais como o não amassamento, a rapidez e eficácia nas 
aplicações, o custo por área trabalhada será bastante reduzido o que o torna 
atrativo. 
Nos últimos anos tem havido um esforço entre os técnicos que trabalham 
com tecnologia de aplicação no aprimoramento das técnicas de pulverização, na 
redução dos volumes aplicados, mantendo-se o padrão de qualidade de controle 
esperado. O rendimento hectare/hora leva em consideração volumes de 
aplicação. 
 57 
Recentemente as técnicas a baixo volume tem se destacado como uma 
técnica aliada a esta redução de volume a baixo custo, exigindo maior 
qualificação entre os aplicadores e cuidados operacionais principalmente no que 
tange as condições de vôo e meteorológicas. 
É errado achar que aeronaves por também possuírem rodas e barras de 
pulverização como os pulverizadores terrestres, devam operar com suas rodas 
em contato com a lavoura. Os resultados dos efeitos aerodinâmicos responsáveis 
pela condução da pulverização em direção a cultura se torna ineficaz se a altura 
de pulverização com aeronaves não for respeitada. O operador não deverá voar 
em circunstâncias adversas, com possibilidade de realizar um serviço de péssima 
qualidade, comprometendo toda a pulverização pretendida. 
 
APLICAÇÃO AÉREA DE INSETICIDAS EM CITROS 
Segundo dados divulgados pela Agrolink (2009), atualmente, a citricultura 
ocupa uma área de cerca de 700.000 hectares plantados, gerando milhares de 
empregos diretos e indiretos, com grande importância para o agronegócio 
brasileiro. Nos últimos anos, a aviação agrícola vem se desenvolvendo com 
aplicações contínuas, mostrando toda a sua eficiência. Com volumes que variam 
de 2 (dois) l/ha a 5 (cinco) l/ha, atingimos um alto rendimento, chegando a 
aplicar até 180 ha/hora com aeronaves Embraer 202 Ipanema,utilizando a 
tecnologia de GPS e equipamentos como atomizadores rotativos (denominados 
micronair), atingindo grande eficiência e precisão. As principais pragas a serem 
controladas são: Mosca da Fruta (de 2 l/ha a 4l/ha), Mineradora, praga essa 
responsável pelo aumento de Cancro Cítrico, cujas lesões são de difícil 
cicatrização (3,1 l/ha), cigarrinhas e psilídeos – vetores estes responsáveis 
respectivamente pela transmissão da CVC e Greening (5 l/ha). 
Pelos dados levantados e os resultados encontrados, o uso de aeronaves 
proporciona efetivo controle fitossanitário; assim podemos adotá-lo com bom 
senso, critério técnico e a certeza que ao empregar tal tecnologia as equipes que 
 58 
acompanham e monitoram todo o trabalho devem estar atentas às condições 
operacionais e aos parâmetros associados. 
 
RFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
AGROLINK. Aplicação aérea de inseticidas em citros. Disponível em: 
<http://www.agrolink.com.br/aviacao/NoticiaDetalhe.aspx?CodNoticia=53586>. Acesso em: 
20 abr. 2009. 
ANDEF. Perdas na agricultura ocasionadas por insetos, doenças e plantas invasoras. Disponível 
em: <http://www.andef.com.br/util_defensivos/capitulo02.htm>. Acesso em: 18 abr. 2009. 
BOLLER. Comunicação pessoal. UPF. Passo Fundo/RS. 2004. 
CROP PROTECTION PRODUCTS. Disponível em: <http://www.gcpf.org/agricultural-
pesticides.htm.> Acesso em: 20 abr. 2009. 
GANDOLFO, M.A. Inspeção periódica de pulverizadores agrícolas. Botucatu: Faculdade de 
Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", 2002. 92 f. 
(Doutorado em Energia na Agricultura). 
TOLMASQUIM, M. (EPE). Área plantada de cana tem que dobrar até 2030 para cumprir meta de 
produção de álcool. 2008. Disponível em: 
<http://www.agrosoft.org.br/agropag/100556.htm>. Acesso em: 17 abr. 2009. 
VIEIRA, T. Comunicação pessoal. Rondonópolis. MT. 2004. 
http://www.gcpf.org/agricultural-pesticides.htm
http://www.gcpf.org/agricultural-pesticides.htm
http://www.agrosoft.org.br/agropag/100556.htm
 59 
 
 
CAPÍTULO 5 
 
NOVAS PRAGAS DA CULTURA DO EUCALIPTO E 
TÉCNICAS DE MANEJO 
 
Nádia Cristina de Oliveira¹, Carlos Frederico Wilcken² e Everton Pires Soliman² 
 
1 Faculdade Integrado de Campo Mourão – Depto. de Agronomia, Rodovia BR 158 KM 207, 
s/n, Cep 87300-970 – Campo Mourão - PR, Brasil. 
e-mail: nadia.oliveira@grupointegrado.br 
2 Depto. de Produção Vegetal, Faculdade de Ciências Agronômicas, 
Universidade Estadual Paulista. Caixa Postal 237, 
Cep 18603-970 – Botucatu - SP, Brasil. 
e-mail: cwilcken@fca.unesp.br 
 
INTRODUÇÃO 
O Brasil é reconhecido como o principal país com plantações florestais 
compostas por espécies, híbridos e clones de Eucalyptus, destinadas 
principalmente à produção de celulose e papel, chapas de fibra e carvão vegetal 
(Mora & Garcia, 2000; Ministério da Ciência e Tecnologia, 2004). A 
eucaliptocultura brasileira é intensiva e baseada principalmente em florestas 
clonais formadas com material de alta produtividade média (Mora & Garcia, 
2000). Nos últimos anos além de espécies de insetos-pragas comumente 
conhecidas e frequentemente presentes nas áreas plantadas com Eucalyptus 
outras espécies introduzidas acidentalmente em nosso país vem preocupando o 
setor florestal. Estes insetos, assim como a maioria das espécies de Eucalyptus 
são originários da Austrália, apresentam alto potencial de disseminação e podem 
atingir diferentes regiões produtoras no país. Para o manejo, a integração de 
 60 
várias técnicas e a utilização de agentes de controle biológico parece ser a 
melhor alternativa. 
 
GORGULHO-DO-EUCALIPTO - Gonipterus scutellatus 
Gonipterus scutellatus Gyllenhal, 1833, espécie vulgarmente conhecida por 
gorgulho do eucalipto, é considerada a principal espécie dentre os besouros 
desfolhadores de Eucalyptus no mundo. Esta espécie originária da Austrália e 
Tasmânia (Mally, 1924) encontra-se distribuída na África, em vários países da 
região mediterrânea, na Ásia, América do Norte e na Europa (EPPO, 2005). Na 
América do Sul, a praga encontra-se estabelecida na Argentina, no Chile, no 
Brasil (Lanfranco & Dungey, 2001) e no Uruguai (EPPO, 2005). Ao contrário 
do que ocorre na área de distribuição natural, onde é considerado de importância 
econômica secundária devido à presença de predadores nativos que controlam a 
população, G. scutellatus tem adquirido importância internacional, devido aos 
danos que ocasionou nos países onde foi introduzido. 
No Brasil, o gênero Gonipterus foi relatado, inicialmente, em Pelotas no 
Rio Grande do Sul, representado pela espécie Gonipterus gibberus (Barbiellini, 
1955; Kober, 1955), no entanto o primeiro registro da espécie G. scutellatus foi 
feito em 1979 na região de Curitiba, no estado do Paraná em Eucalyptus 
viminalis e Eucalyptus saligna (var. protusa) (Freitas, 1979). 
Os ataques de G. scutellatus durante um longo perído ocorreram de 
maneira esporádica em plantações de eucalipto na Região Sul e sul do Estado de 
São Paulo, onde a praga manteve-se em equilíbrio devido à presença do inimigo 
natural específico Anaphes nitens (Hymenoptera: Mymaridae). Em 2003, foi 
verificada a ocorrência do gorgulho do eucalipto atacando plantios clonais de 
eucalipto E. grandis X E. urophylla („urograndis‟), em Aracruz no estado do 
Espírito Santo onde num período aproximado de 2 anos a praga causou desfolha 
em cerca de 60 mil hectares (Wilcken et al., 2008b). Neste caso, para o manejo 
populacional da praga foram utilizadas estratégias de controle químico e o 
 61 
controle biológico com uso do fungo entomopatogênico Bauveria bassiana em 
aplicações terrestres e principalmente com liberações do parasitóide de ovos A. 
nitens que se destacou entre as técnicas empregadas (Wilken et al., 2008b). 
Cabe ressaltar que apesar do sucesso obtido no controle da praga, a 
detecção de G. scutellatus em 2003 no estado do Espírito, demonstrou que esta 
espécie continua a se dispersar lentamente pelo Brasil, podendo atingir ainda 
outros estados produtores de eucalipto. Além disso, estudos realizados 
demonstraram que hibridos de E. urophylla x E. grandis “urograndis” que 
apresentam destaque em área plantada nas diferentes regiões do país são 
favoráveis ao desenvolvimento biológico e também a reprodução da praga 
(Oliveira, 2006). 
 
PSILÍDEO-DE-CONCHA - Glycaspis brimblecombei 
O psilídeo-de-concha Glycaspis brimblecombei Moore (Hemiptera: 
Psyllidae), trata-se de uma espécie de origem australiana e que se encontra 
distribuída em várias regiões do mundo onde foi introduzida acidentalmente. No 
Brasil esta espécie de psilídeo foi detectada pela primeira vez em 2003 no estado 
de São Paulo (Wilcken et al. 2003; Santana & Burckhardt, 2007) e tornou-se um 
problema de grande importância, por ser específico ao gênero Eucalyptus. 
Atualmente, esta espécie encontra-se distribuída também em plantios comerciais 
de Eucalyptus spp. nos estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná, 
Goiás (Wilcken et al. 2003; Santana et al. 2003) e Santa Catarina (Lutinski et al. 
2006). 
Os danos causados pelo psilídeo-de-concha se dão por meio da alimentação 
tanto das ninfas como dos adultos, extraindo as substâncias que se encontram 
nas folhas. O ataque de G. brimblecombei causa descoloração das folhas, 
redução da área fotossintética e secamento dos ponteiros, podendo levar as 
árvores à morte após ataques sucessivos (Wilcken et al., 2003; Carne & Taylor, 
1984). Os danos podem ser de grande proporção, já que chegam a causar 15% 
 62 
de mortalidade no primeiro ano e até 40% no segundo ano, se não forem 
realizados métodos de controle (Gill, 1998). A sua infestação de G. 
brimblecombei reconhecida devido a presença de secreção açucarada em forma 
de concha sobre as ninfas 
No Brasil E. camaldulensis é a principal espécie atacada por esta praga, no 
entanto também têm sido observadas ocorrências em E. urophylla e vários 
clones híbridosde E. urophylla e E. grandis („urograndis‟). 
Trabalhos referentes à biologia, danos, monitoramento e alternativas de 
controle desta praga vem sendo realizados (Firmino-Winckler et al., 2009; 
Ferreira Filho et al., 2008; Couto et al., 2008). Atualmente, o manejo da praga é 
realizado através de monitoramento com uso de armadilhas adesivas amarelas e 
controle biológico com o parasitóide de ninfas Psyllaephagus bliteus liberado de 
forma inoculativa em plantios de Eucalyptus com presença da praga. De acordo 
com (Wilcken et al., 2008) taxas de parasitismo têm variado entre 25 a 94% 
dependendo da região. 
 
VESPA-DA-GALHA - Leptocybe invasa 
A vespa-de-galha Leptocybe invasa (Hymenoptera: Eulophidae) é 
originária da Austrália e trata-se de uma minúscula vespa de coloração marrom 
escuro brilhante que mede cerca de 1 mm de comprimento. Esta espécie 
encontra-se distribuída em várias regiões do mundo (Ásia, Oriente Médio, 
Europa e África) (FAO, 2007) e foi detectada pela primeira vez no Brasil no ano 
de 2007 em mudas de mudas de diferentes clones de eucalipto no nordeste da 
Bahia (Wilcken & Berti Filho 2008). 
As fêmeas de L. invasa apresentam reprodução por partenogênese e 
colocam os ovos na epiderme foliar resultando deformações (galhas) nas folhas 
(Mendel et al., 2004). As galhas prejudicam a circulação normal da seiva 
ocorrendo consequentemente queda de folhas e secamento de ponteiras 
 63 
impedindo o crescimento das plantas e reduzindo a produtividade (Wilcken et 
al., 2008). 
No Brasil estudos relacionados à bioecologia e monitoramento da praga 
vêm sendo realizados e são de suma importância para o conhecimento dos níveis 
de infestação e para a identificação de fatores que possam influenciar em sua 
ocorrência e população nas diferentes regiões produtoras de Eucalyptus no país. 
 
PERCEVEJO BRONZEADO - Thaumastocoris peregrinus 
Thaumastocoris peregrinus (Hemiptera: Thaumastocoris) trata-se de uma 
espécie de percevejo originária da Austrália e que se encontra distribuída na 
África do Sul, Argentina, e Uruguai. No Brasil a espécie foi detectada pela 
primeira vez em 2008 atacando Eucalyptus camaldulensis nos estados de São 
Paulo e clone híbrido de E. grandis x E. urophylla no Rio Grande do Sul. 
Atualmente encontra-se também presente no estado de Minas Gerais (Wilcken, 
2008). 
Os adultos de T. peregrinus medem aproximadamente 3 mm de 
comprimento e apresentam reprodução sexuada. As fêmeas depositam os ovos 
de coloração preta nas folhas (Noak & Rose, 2007; Wilcken et al., 2008). Os 
danos são o prateamento seguindo de secamento e quedas das folhas devido o 
hábito alimentar das ninfas e adultos, que perfuram as folhas e ramos finos para 
sugarem seiva (Wilcken et al., 2008). 
No Brasil não existem técnicas de controle desta praga até o momento, no 
entanto, pesquisas para o levantamento de possíveis predadores e 
microorganismos entomopatogênicos vem sendo realizadas, além disso, caso 
seja necessária, a introdução de agentes exóticos de controle a biológico não 
deve ser descartada. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BARBIELLINI, A.A. Combate à praga do eucalipto no sul. Chácaras e Quintais, v. 91, n. 2, p. 
191-192, 1955. 
 64 
COUTO, E.B.; WILCKEN, C.F.; SARRO, F.B.; VELINI, E.D. Avaliação de metil jasmonato na 
indução de resistência de plantas de "Eucalyptus" spp. ao psilídeo-de-concha "Glycaspis 
brimblecombei" Moore (Hemiptera: Psyllidae). Boletín de Sanidad Vegetal Plagas, v. 33, n. 
4, p. 563-574, 2007. 
EPPO. Data sheets on quarantine pest: Gonipterus gibberus and Gonipterus scutellatus. Bulletin, v. 
35, n. 3, p. 368-370, 2005. 
FAO FORESTRY. Forest pest species profile. 3p. Disponível em: <http: 
www.fao.org/forestry/webview/media?mediaId=13569&langId=1>. Acesso em: 28 mai. 
2008. 
FERREIRA FILHO, P.J.; WILCKEN, C.F.; OLIVEIRA, N.C.; AMARAL DAL POGETTO, 
M.H.F.A.; I LIMA, A.C. Dinâmica populacional do psilídeo-de-concha Glycaspis 
brimblecombei (Moore, 1964) (Hemiptera: Psyllidae) e de seu parasitóide Psyllaephagus 
bliteus (Hymenoptera: Encyrtidae) em floresta de Eucalyptus camaldulensis. Ciência Rural, 
v. 38, n. 8, p. 2109-2114, 2008. 
FIRMINO-WINCKLER, D.C.; WILCKEN, C.F.; OLIVEIRA, N.C. MATOS, C.A.O. Biologia do 
psilídeo-de-concha Glycaspis brimblecombei Moore (Hemiptera:Psyllidae) em Eucalyptus 
spp. Revista Brasileira de Entomologia, v. 53, p. 144-46, 2009. 
FREITAS, S. Contribuição ao estudo da morfologia e biologia de Gonipterus gibberus (Boisduval, 
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 66 
 
 
CAPÍTULO 6 
 
PRAGAS EMERGENTES EM CANA-DE-AÇÚCAR 
 
Marcio Aurélio Garcia Correia Tavares
1 
 
1Pesquisador de Fitossanidade - Centro de Tecnologia Canavieira – CTC 
 
O setor sucroalcooleiro ocupa posição de destaque no cenário 
socioeconômico brasileiro, dada sua importância na geração de renda, empregos 
e divisas para o país. No Brasil, a cana-de-açúcar ocupa cerca de 6,9 milhões de 
hectares, sendo a terceira cultura em área cultivada, atrás da soja e do milho 
(Fnp, 2008). Na safra 2007/08,estima-se que foram moídas 473,2 milhões de 
toneladas de cana, que resultaram em 21,3 bilhões de litros de álcool e 30 
milhões de toneladas de açúcar (Unica, 2008). 
A região Centro-Sul possui uma área cultivada de aproximadamente 5,7 
milhões de hectares, que representa 82% da produção nacional. O Estado de São 
Paulo é o principal produtor de cana-de-açúcar e seus derivados no Brasil, 
respondendo por 60% de todo o açúcar e álcool produzido e 70% das 
exportações brasileiras desses produtos (Fnp, 2008). Esses números evidenciam 
a importância do setor sucroalcooleiro para a economia da região Centro-Sul do 
país e conduz a uma reflexão sobre o impacto que poderiam ser ocasionados pela 
disseminação de pragas com elevados potenciais de danos na produção de cana-
de-açúcar no país. 
Dentre as pragas que ocorrem nas diferentes regiões produtoras de cana-de-
açúcar, destacam-se como as principais a broca da cana, Diatraea saccharalis 
 67 
(Lepidoptera: Crambidae); a cigarrinha-das-raízes, Mahanarva fimbriolata 
(Hemiptera: Cercopidae), formigas cortadeiras e as pragas de solo, como cupins 
e os besouros Sphenophorus levis (Coleoptera: Curculionidae) e Migdolus 
fryanus (Coleoptera: Vesperidae). 
A broca gigante Telchin licus licus (Lepidoptera: Castiniidae), importante 
praga da cultura da cana na Região Nordeste do país foi identificada, no ano de 
2007, pelo Centro de Tecnologia Canavieira na região Centro-Sul, mais 
especificamente na cidade de Limeira/SP. Até então, a distribuição desta praga 
em cana-de-açúcar estava restrita as regiões Norte e Nordeste do país e devido 
ao seu potencial de danos à cultura da cana-de-açúcar e à dificuldade no controle 
tem gerado o desenvolvimento de pesquisas visando à implantação de um 
sistema de controle eficiente, bem como um plano para evitar sua disseminação 
para outras regiões produtoras. 
Além da broca gigante, o bicudo da cana, S. levis, também tem ocasionado 
preocupação aos produtores nos últimos anos, em razão da possibilidade de sua 
expansão para novas áreas produtoras de cana-de-açúcar, principalmente, por 
meio de mudas de cana-de-açúcar infestadas pela praga, reflexo do rápido 
aumento das áreas cultivadas com a cultura. 
Desta maneira, este capitulo tem o objetivo de apresentar informações 
quanto a broca gigante, Telchin licus licus, e o bicudo da cana, Sphenophorus 
levis, e capacitar profissionais do setor canavieiro sobre estas pragas emergentes 
na cultura da cana-de-açúcar. 
 
A BROCA GIGANTE, Telchin licus licus (LEPIDOPTERA: 
CASTINIIDAE) 
A broca gigante, Telchin licus licus (Drury, 1773) (Lepidoptera; 
Castiniidae) é uma praga de importância econômica para a cultura da cana-de-
açúcar em vários países do Continente Americano, especialmente das Américas 
Central e do Sul. No Brasil, esse inseto está presente em cana-de-açúcar e em 
 68 
uma série de outros hospedeiros alternativos como plantas nativas, ornamentais 
e cultivadas, entre elas a cultura da bananeira (Araújo e Silva et al., 1968; 
Guagliumi, 1972-1973; Mendonça, 1977). 
O primeiro registro de ocorrência dessa praga em cana-de-açúcar foi feito 
por Costa Lima em 1927 (Costa Lima, 1928) no Estado de Pernambuco. Sua 
distribuição inclui os Estados do Amazonas e Pará (Myers, 1935), Bahia, Rio 
Grande do Norte, Acre, Alagoas, Goiás, Paraíba, Pernambuco e Rio de Janeiro 
(Guagliumi, 1972-1973), Sergipe e Maranhão (Mendonça et al., 1996). 
O primeiro registro dessa praga na cultura da cana-de-açúcar na região 
Sudeste foi feito em 2007 no município de Limeira-SP. A hipótese mais 
provável para sua introdução é que tenha ocorrido migração de adultos a partir 
de viveiros onde são produzidas e comercializadas diversas espécies de plantas 
ornamentais hospedeiras da broca gigante, algumas delas trazidas diretamente de 
regiões de ocorrência natural da praga (Almeida et al., 2008). A detecção de 
formas biológicas da broca gigante em plantas de Strelitzia e Helicônia e o 
reconhecimento da praga, durante inspeções realizadas nesses viveiros, reforçam 
essa hipótese. A possibilidade de a introdução ter ocorrido a partir de mudas de 
cana-de-açúcar infestadas também foi investigada por meio do rastreamento de 
viveiros que deram origem a esses canaviais, mas não se constatou nenhuma 
evidência de que isso possa ter ocorrido na região citada. 
A espécie em estudo pertence à ordem Lepidoptera, superfamília 
Castnioidea, família Castniidae. Em 2005 essa espécie, anteriormente 
classificada no gênero Castnia, foi reclassificada no gênero Telchin, durante 
uma revisão da família (Lamas, 1995). Portanto o nome científico atualmente 
válido para a broca gigante da cana é T. licus licus. Alguns sinônimos 
registrados para essa espécie são: Castnia licoides (Boisduval), Eupalomides 
licus (Drury, 1773) Leucocastnia licus (Drury, 1770), Castnia licus (Drury), 
Castnia complex licus/licoides, Castniomera licus (Drury) (González, 2003). 
 69 
Os adultos de T. licus licus são mariposas grandes, medindo cerca de 3 cm 
de comprimento e 9 cm de envergadura, possuem hábito diurno e são de 
coloração escura com manchas e faixa transversal branca nas asas anteriores e 
faixa transversal branca mais larga e manchas alaranjadas na margem externa 
das asas posteriores. Os ovos são alongados, medem cerca de 4 mm de 
comprimento e apresentam cinco arestas laterais que conferem a eles o aspecto 
de pequenas carambolas. As larvas apresentam coloração branco-marfim com 
manchas pardas no pronoto, podendo atingir cerca de 9 cm de comprimento no 
máximo desenvolvimento. As pupas são de coloração castanho-escura, medem 
cerca de 4 cm, e estão sempre envoltas em um casulo de fibras na base das 
touceiras (Mendonça, 1996). 
Não existem métodos de criação desse inseto em laboratório. As 
informações sobre o ciclo biológico da praga foram obtidas na região Nordeste, 
mas necessitam de maior detalhamento. Segundo a literatura, as fêmeas, após o 
acasalamento, depositam seus ovos na superfície ou em fendas no solo, sempre 
próximo à base das touceiras. Em condições de campo cada fêmea coloca, em 
média, de 50 a 100 ovos individuais, distribuídos em diferentes touceiras . Após 
a eclosão, as larvas perfuram a base dos perfilhos, um pouco abaixo do nível do 
solo, e passam a se alimentar abrindo galerias ascendentes no colmo. O período 
larval tem uma duração média de 110 dias. Antes de completarem seu 
desenvolvimento as larvas constroem um casulo de fibra no interior do qual se 
transforma em pupas. O período pupal tem a duração de aproximadamente 45 
dias, quando se transformam em adultos que vivem cerca de 10 a 15 dias. Nas 
condições do Nordeste, o ciclo biológico completo tem a duração de cerca de 
180 dias e apresenta duas gerações anuais (Mendonça, 1977, 1996). Para o 
Estado de São Paulo esses parâmetros ainda não foram determinados. O ataque 
dessa praga em cana-de-açúcar resulta em danos diretos, decorrentes da 
alimentação das larvas, e indiretos, resultado da ação de outros organismos. Os 
danos diretos variam de acordo com o estágio de desenvolvimento da cultura. 
 70 
Em canaviais jovens, as galerias abertas pelas larvas atingem a região de 
crescimento da planta, provocando a destruição da gema apical e, 
conseqüentemente, a morte dos perfilhos. O que se observa no campo são 
plantas com sintoma de “coração morto”. Em canaviais mais desenvolvidos, ela 
provoca a destruição dos tecidos dos colmos, prejudicando o fluxo de seiva que 
resultam no amarelecimento e secamento de folhas, sendo freqüente a 
mortalidade de perfilhos devido à severidade dos danos. Em caso de elevadas 
infestações pode ocorrer a morte de touceiras, provocando falhas de brotação e a 
redução da longevidade dos canaviais. Os danos indiretos são causados por 
microorganismos, principalmente fungos, que penetram pelos orifícios deixados 
pela broca gigante e vão causar infecções nos tecidos vegetais, resultandoem 
um sintoma conhecido como podridão vermelha (Guagliumi, 1972-1973; Villas 
Boas & Alves, 1988; Mendonça, 1996). 
Os prejuízos econômicos são decorrentes de perdas na produtividade 
agrícola, perdas na qualidade da matéria-prima e redução da longevidade dos 
canaviais, que acabam tendo que ser renovados precocemente. Estudos 
realizados no Nordeste indicam que a cada 1% de tocos atacados perde-se 0,37% 
na produtividade agrícola, 0,22% na produção de açúcar e 0,20% na produção de 
álcool; além da redução de 1,2% no stand seguinte (Viveiros et al., 1992). Além 
dos danos acima citados, a importância desse inseto para a cultura da cana-de-
açúcar se torna ainda maior em função das dificuldades de controle relacionadas 
à sua biologia e comportamento. Trata-se de um inseto de ciclo longo que passa 
a maior parte desse período abrigado dentro de seus hospedeiros. Em momentos 
que estariam mais vulneráveis às ações de controle, as larvas têm um 
comportamento de autodefesa, como a migração para as partes mais profundas 
das touceiras, ao perceberem a movimentação de corte do canavial, e o 
tamponamento de galerias, após a colheita, buscando se proteger contra seus 
inimigos naturais. Apesar dos estudos realizados com diferentes técnicas de 
controle, o método atualmente utilizado em áreas de cana-de-açúcar infestadas 
 71 
pela broca gigante, em especial a região Nordeste, é a coleta e destruição de 
formas biológicas da praga com ferramentas manuais (Mendonça, 1996). Essas 
práticas embora necessárias para manutenção das populações em níveis 
aceitáveis envolvem grande quantidade de mão-de-obra, apresentam custo 
elevado e nem sempre proporcionam índices satisfatórios de eficiência, fatores 
estes que dificultam sua adoção por unidades produtoras da região Centro-Sul. 
 
O BICUDO DA CANA-DE-AÇÚCAR, Sphenophorus levis (COLEOPTERA: 
CURCULIONIDAE) 
No complexo de pragas do solo que afetam o sistema radicular da cana-de-
açúcar, reduzindo consideravelmente a produtividade agrícola, longevidade dos 
canaviais e a qualidade da matéria prima, pode-se citar como uma das mais 
importantes pragas, o besouro Sphenophorus levis (Almeida & Stingel, 2005). 
O besouro S. levis é conhecido por gorgulho-rajado ou bicudo da cana, e foi 
constatado em cana-de-açúcar no Brasil no ano de 1977. Atualmente, em virtude 
dos danos e perdas que ocasiona, é considerada praga chave na cultura da cana-
de-açúcar no Estado de São Paulo. Esta espécie pertence à família 
Curculionidae, sendo descrita por Vaurie em 1978 (Degaspari et al., 1983; 
Precetti & Arrigoni, 1990; Almeida, 2005). 
Apesar de sua identificação ter ocorrido em 1977, com a crescente 
expansão da cultura canavieira na região Centro-Sul nos últimos anos, a possível 
disseminação desta praga para outras regiões, principalmente, em virtude do 
transporte de mudas de cana-de-açúcar infestadas pelo inseto, tem sido motivo 
de grande preocupação, em razão dos elevados prejuízos econômicos que ela 
pode ocasionar. 
S. levis é semelhante ao bicudo do algodão, possuindo o dobro do tamanho, 
medindo cerca de 15 mm. Assemelha-se também ao besouro Metamasius 
hemipterus (Coleoptera: Curculionidae), praga de pouca importância na cultura. 
 72 
Ao contrário de M. hemipterus, S.levis não apresenta manchas nos élitros, possui 
pouca agilidade e tende a ficar imóvel ao ser manipulado. 
O bicudo da cana coloca seus ovos na base dos colmos e as larvas destroem 
a parte subterrânea da touceira (rizoma), matando os perfilhos ou a touceira 
inteira, causando prejuízos de, em média, 20 a 23 toneladas de cana por hectare 
por ano nas áreas infestadas, além de significativa redução da longevidade do 
canavial. 
A praga encontra-se disseminada em 30 municípios próximos à região de 
Piracicaba-SP, além de 23 municípios mais distantes, existindo a perspectiva de 
aumento de sua dispersão a cada ano. A disseminação da praga por meio do 
trânsito de mudas é a hipótese mais provável para explicar a rápida expansão da 
área infestada, visto que o inseto praticamente não voa e seu caminhamento é 
lento, com uma reduzida taxa de dispersão. 
Esta importante praga para o setor sucroalcooleiro pode causar a morte de 
50 a 60% dos perfilhos da cana-de-açúcar com cinco a sete meses de 
crescimento. Embora a cana tenha capacidade de repor parte dos perfilhos 
mortos, as perdas podem atingir até 30 toneladas de cana/ha/ano, além da 
redução significativa da longevidade do canavial (Precetti & Arrigoni,1990; 
Almeida, 2005). 
Trabalhando em condições experimentais, Arrigoni (2000), determinou o 
dano causado por diferentes níveis populacionais de S. levis durante quatro 
cortes da cana-de-açúcar. Os índices de perdas para cada corte foram estimados 
em 0,55 a 2,08% na produção agrícola, de 0,08 a 0,33% na TPH e de 1,63 a 
13,34% na margem de contribuição do sistema agroindustrial a cada 1% de 
colmos infestados por S. levis. 
As fêmeas perfuram a base de colmos e de perfilhos e efetuam a deposição 
de ovos que darão origem às larvas responsáveis pelos danos. O período de 
incubação dos ovos é de 7 a 12 dias. As larvas nascidas são brancas, ápodas, de 
hábitos subterrâneos e apresentam elevada sensibilidade ao calor e à 
 73 
desidratação. Estas, ao se alimentarem, escavam galerias e danificam os tecidos 
no interior e na base das canas, podendo provocar a morte das plantas, falhas nas 
brotações das soqueiras e redução na longevidade dos canaviais, que muitas 
vezes não passam do segundo corte. O período larval é de 30 a 60 dias, quando 
se transformam em pupas. Estas formas desenvolvem em 7 a 15 dias, quando 
formam os adultos, que apresentam longevidade de 200 a 220 dias. As fases 
imaturas deste inseto duram 70 dias, podendo ocorrer até 5 gerações anuais. 
O método mais recomendado para o controle da praga é o cultural, que 
consiste na destruição antecipada das soqueiras nas áreas infestadas, destinadas 
à reforma, preferencialmente no período de maio a setembro. O equipamento 
denominado Eliminador Mecânico de Soqueira (EMS) tem se mostrado eficiente 
no preparo de solo, visando ao controle de Sphenophorus. A eliminação 
mecânica da soqueira tem como finalidade destruir ou expor a população de 
larvas e pupas, portanto deve ser realizada quando a maior parte da população se 
encontra nestas fases. A seguir a área deverá ser mantida livre de plantas 
hospedeiras da praga e o próximo plantio deverá ser realizado o mais tarde 
possível, em março-abril, em ciclo de cana de ano e meio, reduzindo, desta 
forma, a probabilidade de infestação a partir dos adultos que normalmente estão 
presentes em maiores quantidades no período de janeiro a março. As mudas a 
serem utilizadas no plantio deverão estar isentas da praga, sendo originárias de 
áreas não infestadas ou tendo sido colhidas em sistema de corte basal alto. 
Os métodos de controle que incluem a aplicação de inseticidas ou a 
distribuição de iscas tóxicas apresentam as desvantagens de necessitarem 
dispêndio elevado com mão-de-obra e a necessidade de reaplicações constantes. 
Em relação às áreas destinadas ao plantio de cana incluindo os viveiros, 
recomenda-se o preparo antecipado e a inspeção das mudas provenientes do 
viveiro anterior, que deverão estar totalmente isentas de qualquer forma 
biológica da praga. 
 74 
O monitoramento de S. Levis é realizado em conjunto ao levantamento de 
pragas de solo, sendo direcionado para as áreas destinadas à reforma, com a 
realização de amostragens até um mês após o último corte e antes da realização 
de qualquer operação agrícola. 
Os levantamentos são realizados nos talhões destinados para a reforma, em, 
no mínimo, duas trincheiras por hectare, até um mês após o ultimo corte, sendo 
as trincheiras de dimensões de 0,5m x 0,5m de largura e 0,3 m na profundidade, 
escavadas sobre as linhas de cana, efetuando-se as coletas das formas biológicas 
presentes em cada ponto de amostragem.Em cada ponto, serão também anotadas 
a ocorrência de danos e a nota populacional e espécies de cupins. O material 
coletado é mantido em recipiente, devidamente etiquetado, contendo uma 
solução de álcool 70%, sendo o mesmo levado ao laboratório para identificação 
e contagem. 
Em cada amostra são anotados, em ficha apropriada, os seguintes itens: 
ocorrência de danos em touceiras, nota populacional de cupins, gêneros ou 
espécies de cupins, Migdolus e outras pragas de hábitos subterrâneos. Caso a 
unidade apresente a praga Sphenophorus levis, deve anotar as formas biológicas 
do inseto e também o total de tocos e tocos atacados na touceira de canas 
avaliadas na trincheira. 
Os dados médios obtidos em cada talhão são arquivados na unidade e, a 
partir desses resultados, é realizado o enquadramento de cada área nas categorias 
de infestação por pragas de solo, adotando-se a porcentagem de touceiras 
atacadas e a ocorrência do besouro Migdolus fryanus, quando houver, como 
itens prioritários de classificação. 
As categorias foram convencionalmente divididas com os seguintes 
intervalos: azul (0 a 20% de touceiras atacadas), verde (21 a 40%), amarela (41 a 
60%), vermelha (61 a 80%) e preta (81 a 100%). 
Através deste manejo da entomofauna presente no solo é possível 
racionalizar o uso de inseticidas, contribuindo com a preservação dos agentes de 
 75 
controle biológico de outras pragas da cana, reduzindo os riscos ao homem e ao 
meio ambiente, além de diminuir os custos de implantação da cultura da cana-
de-açúcar. 
 
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CAPÍTULO 7 
 
HUANGLONGBING (GREENING) DOS CITROS 
 
Marcos Antonio Machado e Helvécio Della Coleta Filho 
 
Centro de Citricultura Sylvio Moreira, IAC 
 
A citricultura brasileira se destaca como uma das mais importantes 
atividades do agronegócio brasileiro, com uma cadeia estruturada em diferentes 
segmentos (viveiristas, produtores, fornecedores de insumos e máquinas, 
prestadores de serviço, indústrias, etc.). Seus indicadores são significativos e, 
embora seja uma fornecedora de commodities, ela tem expressiva participação e 
controle brasileiros. Sem sombra de dúvidas o Estado de São Paulo sempre foi e 
ainda será o principal produtor e exportador dessa commodity internacional. 
Com um setor altamente organizado e competitivo, a citricultura no Brasil é 
uma das mais importantes agroindústrias, respondendo por um faturamento 
anual da ordem de 1,5 bilhão de dólares, com exportação de suco concentrado e 
subprodutos da laranja (pectina, óleo, ração). A grande expansão dessa 
agroindústria nos anos 60 e 70 deveu-se muito mais à expansão da área de 
plantio do que ao aumento de produtividade. A baixa produtividade brasileira 
(média de duas caixas/planta/ano) está estritamente associada à expansão 
simultânea de pragas e doenças, com significativo reflexo nos custos de 
produção, associado ao fato de grande parte dessa produção ser conduzida em 
áreas não irrigadas, e à estreita base genética utilizada. 
A grande maioria dos problemas fitossanitários que atualmente desafia a 
citricultura reflete uma estratégia de expansão acelerada, muitas vezes sem a 
 78 
devida atenção quanto a fatores de ordem biótica e abiótica. Os principais 
fatores bióticos limitantes aos citros incluem doenças como a clorose variegada 
dos citros (CVC), o cancro cítrico, a leprose, a tristeza, a pinta preta, a morte 
súbita, diversas pragas, e mais recentemente, o huanglongbing (greening). 
 
Huanglongbing 
A doença atualmente conhecida como huanglongbing (HLB) ou greening 
foi relatada desde o século XVIII causando prejuízos na Índia. No entanto, 
somente no final do século XIX e início do século ela foi descrita na China 
como doença do dragão amarelo ou doença do ramo amarelo. Até confirmação 
do seu caráter patogênico, ela teve diferentes nomes nos diversos países onde foi 
relatada, como likubin em Taiwan, degeneração do floema nas Filipinas, ramo 
amarelo na Índia e greening na África do Sul. Uma vez que a doença foi 
primeiramente descrita por Reinking na China em 1919, seu nome oficial é 
huanglongbing.(Gottwald et al, 2007). A doença é relatada em toda a Ásia, 
assim como em parte da África, assim como seus vetores principais, Diaphorina 
citri e Tryoza eritreae. 
Embora sempre tenha sido considerada uma das mais importantes 
doenças de citros, o patossistema doHLB ainda não tinha suficiente volume de 
informações de pesquisa. Foi principalmente com a constatação de ocorrência no 
Brasil em 2004 (Coletta Filho et al., 2004;2005;Teixeira et al., 2005) e na 
Flórida em 2005 (Halbert, 2005) que se intensificaram os trabalhos de pesquisa, 
em todos os seus aspectos. 
 
SINTOMATOLOGIA DO HLB 
Por muito tempo o HLB foi associado a distúrbios nutricionais, 
principalmente pela clorose generalizada de folhas afetadas, lembrando 
deficiência de zinco e ferro. No entanto, atualmente o sintoma de clorose 
mosqueada (“blotchy mottle”) (Figura 1) em laranja doce, associado aos 
 79 
sintomas de frutos, são os dois principais sintomas que permitem diagnosticasr 
com segurança o HLB em condições de campo. A clorose mosqueada poder ser 
caracterizada com uma clorose irregular quando se observa ambos os lados da 
folha a partir da nervura central. Esses sintomas ocorrem principalmente em 
folhas logo abaixo da ponta do ramo que está com clorose generalizada, isto é, o 
ramo amarelo ou dragão. São essas folhas que se prestam para a confirmação da 
presença da bactéria através de ensaio por PCR. Com o desenvolvimento dos 
sintomas as folhas podem desenvolver nervuras suberificadas, com aspecto 
corticoso, sintomas de deficiência de zinco e normalmente caem. 
Outro sintoma típico da doença ocorre nos frutos que podem apresentar 
mosqueamento representado por áreas cloróticas sobre o fundo verde, além de 
apresentarem deformação sendo tortos em um dos lados, sementes abordadas, 
vazias e escuras e columela com feixes vasculares amarelados. A planta 
severamente afetada por HLB apresenta seca de ramos, redução de crescimento 
e clorose generalizada (Figura 1). 
Uma vez que a identificação precisa dos sintomas é uma etapa 
extremamente importante no processo de inspeção, deve-se adotar a seguinte 
sistemática para o diagnóstico da doença em condições de campo: 
1. identificar a planta que tenha o ramo ou dragão amarelo; 
2. verificar se a clorose de folhas pode estar associada a outros problemas, 
como rubelose, gomose, deficiência nutricional, lesões nos ramos, CVC; 
3. verificar se as folhas mais velhas abaixo da ponta clorótica (dragão) 
apresentam o mosqueamento. Para confirmar o mosqueamento compare os dois 
lados superiores da folha, com a nervura central como referência. 
4. se a planta tiver frutos verificar se existem frutos tortos, com coloração 
irregular, com a columela torta e com feixes vasculares amarelados; 
5. observar se a planta apresenta ramos secos; 
6. observar se há muita queda de folhas. 
 
 80 
 
Figura 1. Sintomas típicos do huanglongbing em plantas de citros: (A, B, C, D, 
H) plantas com amarelecimento e acentuada queda de folhas; (E) detalhe da 
folha com sintomas semelhantes a deficiência mineral (D, E) e mosqueamento 
(I). Frutos apresentando tamanho reduzido, coloração irregular (F), columela 
torta, sementes abortadas e amadurecimento (Fotos A, B, C, D, E, G: Marcos A. 
Machado; Foto F: Fundecitrus; Foto I: E.F. Carlos). 
 81 
ETIOLOGIA, TRANSMISSÃO E DIAGNÓSTICO 
O HLB está associado a pelo menos três bactérias Gram negativas: 
Candidatus Liberibacter asiaticus, Ca. Liberibacter africanus e Ca. Liberibacter 
americanus. O termo Candidatus é utilizado para microrganismos não 
cultiváveis em meios artificiais. No entanto, deve ser alterado em função da 
confirmação do cultivo e do postulado de Koch com as três espécies dessa 
bactéria (Sechler et al., 2009). Todas essas bactérias são restritas ao floema e, 
portanto, podem ser consideradas sistêmicas, isto é, podem circular em todos os 
órgãos e tecidos da planta. 
No Brasil a doença está associada a Candidatus Liberibacter asiaticus 
(CLas) e Candidatus Liberibacter amaricanus (CLam). Ambas bactérias são 
transmitidas para o floema das plantas através do inseto vetor conhecido como 
Diaphorina citri, sendo portanto imposta ás plantas quando da alimentação 
destes insetos. A bactéria pode também ser transmitida por material de 
propagação vegetativo, como borbulhas e garfos. Embora existam indicações 
que a bactéria possa ser detectada em sementes, não existe nenhuma evidência 
de transmissão da doença por sementes. Experimentalmente a bactéria também 
pode ser transmitida por cuscuta e infecta outras hospedeiras, como tabaco e 
vinca. 
Embora ocorra as duas espécies de bactérias no Brasil, tem havido uma 
significativa prevalência de CLas sobre CLam, sendo que a forma asiática é 
mais fácil de ser transmitida por enxertia e por D. citri, além de alcançar 
maiores títulos dentro da planta. Além do mais CLam mostra-se sensível a 
temperaturas acima de 30
o
C. 
A transmissão da bactéria se dá através do psilídeo Diaphorina citri, um 
inseto presente na citricultura brasileira desde a década de 1940. O inseto é 
capaz de adquirir a bactéria mesmo de plantas assintomáticas, sendo suas ninfas 
mais eficientes na aquisição do que a forma adulta. Uma vez infectado o inseto é 
 82 
capaz de transmitir a bactéria por toda sua vida, uma vez que a bactéria também 
é capaz de se multiplicar nele. 
O período de incubação da bactéria na plantas antes que os sintomas sejam 
evidentes varia em função da idade da planta. Quanto mais jovem ela se 
contaminar, mais rápido poderão ser observados sintomas. No entanto, admite -se 
que, em média, o período de incubação pode ser até de 14 meses após a 
infecção. Em condições controladas através de enxertia com borbulhas 
contaminadas, os sintomas podem ser observados até seis meses após a enxertia. 
Em condições de campo, a melhor época para observação dos sintomas é o 
outono/inverno. Na primavera/verão, o grande volume de brotações novas 
associada à queda de folhas doentes dificulta a caracterização dos sintomas. 
Atualmente o diagnóstico mais preciso da bactéria é feito através de reação 
de polimerase em cadeia (PCR) baseado nas regiões 16S do rDNA, ou em outras 
regiões genômicas típicas (Coletta Filho et al., 2005) (Figura 2). Apesar da 
sensibilidade o método de PCR tradicional é um método confirmatório, pois 
necessita de folhas com sintomas típicos (mosqueamento), nas quais a 
concentração da bactéria é alta. Variações de PCR, seja por nested-PCR seja 
PCR quantitativo (qPCR), também se prestam para diagnóstico, no entanto, são 
extremamente sensíveis, com riscos de contaminação e falsos positivos, além de 
serem muito mais caros. 
Antes do desevolvimento de PCR técnicas como cromatografia de camada 
fina para identificação de produtos da planta, como o ácido gentísico, ou 
acúmulo de amido foram testados. No entanto, não se prestam para diagnóstico 
pois não apresentam especificidade suficiente. 
 
 83 
 
Figura 2. Padrão de amplificação de rDNA 16S de Candidatus Liberibacter 
asiaticus por PCR tradicional. A seta indicação a amplificação da primeira 
detecção dessa bactéria no Brasil em 2004 (Foto: Helvécio Della Coletta Filho). 
 
MANEJO E EPIDEMIOLOGIA DO HLB 
Desde sua primeira detecção em 2004 até o momento fica evidente que para 
um eficiente controle o HLB é uma doença que deve ser manejada 
constatemente. Não existe qualquer perspectiva de eliminação dessa doença no 
Brasil. Embora a legislação preconize a erradicação como forma de controle, ela 
deve ser feita sempre com o objetivo de reduzir o potencial de inóculo em uma 
área. 
Evidentemente que o melhor e mais eficiente método de controle de uma 
doença é a utilização de varieades resistentes. No entanto, essa opção ainda não 
existe para o HLB, uma vez que todas as varieades e espécies de citros são 
igualmente eficientes para multiplicação da bactéria em seus tecidos. Isso 
parecer se aplicar tanto a variedades copa como porta-enxertos. Existem 
indicações que Poncirus trifoliata apresenta tolerância ou resistência às 
bactérias do HLB, mas ainda faltam evidências da aplicação prática dessa 
informação. Por outro lado, todas as variedades comerciaisde citros apresentam 
 84 
sintomas de HLB, mas esses sintomas nem sempre são aqueles típicos de laranja 
doce. Tangerinas e pomelos apresentam alta suscetibilidade, enquanto lima ácida 
Tahiti desenvovlvem sintomas foliares diferentes de laranja, mas os sintomas em 
frutos são muito semelhantes. 
Ainda não existam informações sobre o efeito do porta-enxerto no 
desenvolvimento da doença, muito embora haja consenso de que porta-enxertos 
que induzam muitas brotações devem favorecer a atração do inseto vetor e, em 
consequencia, a transmissão da bactéria. 
O progresso da doença no pomar ocorre tanto por infecção primária (de 
dentro do pomar) como por infecção secundária (de fora do pomar). Ambas são 
igualmente importantes no desenvolvimento da doença, mas sobre a infecçãos 
secundária nem sempre é possível estabelecer um bom plano de manejo do 
vetor. 
Em função do conhecimento desenvolvido pela pesquisa nos últimos cinco 
anos tem sido possível estabelecer um pacote de manejo da doença baseado nos 
seguintes pontos: 
- inspeção constante. A legislação preconiza pelo menos quatro inspeções 
por ano (Instrução Normativa nr. 53 do MAPA), porém frequencias maiores 
podem ser necessárias de acordo com o grau de contaminação da região. A 
eficiência de inspeção depende do treinamento da equipe, assim como da idade 
do pomar e tamanho das plantas. Recomenda-se o uso de plataformas para 
melhoria da eficiência da inspeção, uma vez que uma equipe a pé pode deixar de 
observar mais de 40 % de plantas sintomáticas. 
- eliminação de plantas com sintomas. Deve ser uma constante em todos os 
talhões. Deve ser destacado que, de acordo com alguns dados de pesquisa, para 
cada planta sintomática podem existir até cinco outras assintomáticas, o que faz 
supor que o progresso da doença poderá ser mais rápido do que sua erradicação. 
De acordo com a IN 53, quando o talhão tiver mais que 28 % de plantas com 
sintomas, todas as plantas desse talhão deverão ser eliminadas. 
 85 
- controle do vetor. É uma estratégia sempre tentada em doenças 
transmitidas por vetores. Embora seja utilizada extensivamente, sua eficiência é 
questionável, principalmente porque nem é possível controlar a infecção 
secundária. Isto é, nem sempre é possível ter controle sobre o manejo que o 
vizinho tem em seu pomar. Inseticidas sistêmicos podem ser utilizados com 
certa eficiência em plantas jovens (até três anos de idade). A freqüência de 
pulverização deverá em função da taxa de plantas infectadas, muito embora 
devesse levar em conta a população do vetor. Para monitorar a população do 
vetor, armadilhas verde-claro (cor das brotações) são mais eficientes do que 
armadilhas amarelas. 
- uso de mudas sadias. Essencial para o bom estabelecimento do pomar. 
Mudas infectadas com HLB praticamente não alcançam um ano de vida. 
Portanto, mudas provenientes de viveiros credenciados e de matrizes certificadas 
são essenciais para iniciar um pomar livre de HLB. 
 
PESQUISAS SOBRE HLB 
Embora o HLB seja uma das mais antigas doenças de citros, foi somente 
com sua introdução no Brasil e nos Estados Unidos que progressos em novos 
conhecimentos e tecnologia foram feitos. Tanto no Estado de São Paulo como na 
Flórida houve um forte engajamento da comunidade de pesquisa para atuar em 
todas as frentes de pesquisa e tecnológica. Evidentemente que significativos 
progressos já foram feitos em temos de diagnóstico, conhecimento do patógeno, 
do vetor, manejo, etc. No entanto, falta a ´solução definitiva´, aquela que 
permitirá à citricultura brasileira continuar sendo competitiva. As principais 
linhas de pesquisa sobre HLB no Brasil e na Flórida são: 
- Cultivo da bactéria e fechamento do postulado de Koch; 
- Uso de repelentes contra o vetor; 
- Biologia da bactéria e das interações com a planta e o vetor; 
- Danos em frutos e suco; 
 86 
- Epidemiologia do HLB; 
- Métodos de transmissão; 
- Resistência varietal; 
- Obtenção de transgênicos; 
- Novas abordagens para diagnóstico; 
- Uso de imagens espectral para levantamento; 
- Genoma da planta e da bactéria.; 
- Controle biológico do vetor; 
 
Dentre os grupos envolvidos com P&D no Brasil, incluem: 
- Centro de Citricultura Sylvio Moreira: biologia da bactéria, biologia 
molecular das interações, genoma da bactéria, genoma da planta, 
desenvolvimento de diagnóstico, produção de transgênicos, resistência varietal, 
etc. 
- ESALQ/USP: biologia do vetor, semioquímicos. 
- Fundecitrus: transmissão, epidemiologia, diversidade da bactéria, 
diagnóstico, etc. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
COLETTA FILHO, H.D. ; TARGON, M.L.N.P. ; TAKITA, M.A.; DE NEGRI, J.D. ; AMARAL, A. 
M. DO; MÜLLER, G.W.; POMPEU JÚNIOR, J.; CARVALHO, S.A.; MACHADO, M.A. 
Detecção do agente causal do greening dos citros (Candidatus Liberibacter asiaticus) no 
estado de São Paulo. In: CONGRESSO PAULISTA DE FITOPATOLOGIA, 27., Campinas 
2004, Campinas. Summa Phytopathologica. Botucatu: Sociedade Paulista de Fitopatologia, 
2004. v. 20, p. 510. 
COLETTA-FILHO, H.D., M. A. TAKITA, M. L. P. N. TARGON; MACHADO, M. A. Analysis of 
the 16S rDNA sequences from citrus-huanglongbing bacteria reveal a different “Ca. 
Liberibacter” strain associated to the citrus disease in Sao Paulo, Brazil. Plant Disease, v. 
89, n. 8, p. 848-852, 2005. 
 
 87 
HALBERT, S. The discovery of huanglongbing in Florida. In: PROCEEDINGS OF THE 
INTERNACIONAL CITRUS CANKER AND HUANGLONGBING WORKSHOP, 2., 
Orlando, FL. 2005. Proceedings. Orlando, 2005. p. 50. 
TEIXEIRA, D.C., AYRES, A.J., KITAJIMA, E.W., TANAKA, F.A.O., DANET, J.L., JAGOUEIX-
EVEILLARD, S., SAILLARD, C.; BOVÉ, J.M. First report of a Huanglongbing-like disease 
of citrus in São Paulo State, Brazil, and association of a new liberibacter species, 
"Candidatus Liberibacter americanus", with the disease. Plant Disease, v. 89, p. 107, 2005a. 
SECHLER, A., L. SCHENZEL, P.; COOKE, S.; DONNUS, N.; THAVEECHAI, E.; POSTNIKO, 
A.L.; STONE, W.L.; SCHNEIDER, V.D.; DAMSTEEG; SCHAAD, N.W. Cultivation of 
Candidatus Liberibacter asiaticus, Ca. L. africanus, and Ca. L. americanus associated with 
huanglongbing. Phytopathology, v. 99, n. 5, p. 480-486, 2009. 
 88 
 
 
CAPÍTULO 8 
 
MICROSCOPIA ELETRÔNICA EM FITOSSANIDADE 
 
Jaime Maia dos Santos¹ e Pedro Luiz Martins Soares¹ 
 
UNESP/Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Departamento de Fitossanidade. 
Via de acesso Prof. Paulo Donato Castellane s/n, CEP 14884.900 Jaboticabal, SP 
¹Bolsista 1D do CNPq, jmsantos@fcav.unesp.br 
 
INTRODUÇÃO 
O nosso mundo sensorial é primordialmente um mundo visual. Pela nossa 
visão obtemos muito mais informações ao nosso redor que pelos demais 
sentidos. O olho humano pode “resolver” objetos que estejam separados por até 
0,1 mm de distância, se houver suficiente diferença de contraste. Por exemplo, 
dois pontos brancos sobre um cartão preto, a 0,1 mm um do outro, ainda 
poderiam ser vistos como entidades distintas em face do grande contraste. Se 
fossem escuros, não poderiam ser vistos como objetos distintos com a vista 
desarmada. 
A invenção e o aperfeiçoamento das lentes de aumento e dos microscópios, 
bem como o desenvolvimento de técnicas de preparação de amostras, ampliaram 
as fronteiras da nossa visão e foram, em grande parte, a base do progresso da 
ciência que experimentamos nas últimas décadas, notadamente na área 
biológica. O estudo da ultraestrutura celular só foi possível graças ao advento do 
microscópio eletrônico e à melhoria das técnicas de preparação das amostras. 
Muitas das nossas concepções sobre a morfologia de certos organismos, sobre a 
organização de tecidos e funções celulares foram radicalmente alteradas. O 
 89 
nosso conhecimento sobre a estrutura e reprodução dos vírus e a divisão dos 
seres vivos em procariotos e eucariotos são relevantes contribuições da 
microscopia eletrônica. Face ao pronto reconhecimento das potencialidades da 
microscopiaeletrônica para as diferentes áreas do conhecimento, a partir do 
final da década de 1930, nenhuma outra ferramenta de pesquisa experimentou 
tão rápido avanço em toda a história da ciência quanto os microscópios 
eletrônicos (Grimstone, 1977; Postek Junior et al, 1980). 
 
ALGUNS CONCEITOS 
a) Microscopia fotônica – diz respeito à microscopia que utiliza a luz 
visível como a energia para iluminação do espécime. É o termo atualmente 
empregado para denominar a tradicional “microscopia óptica comum” ou 
“microscopia de luz”. O termo é uma alusão ao fóton, partícula da luz visível. 
b) Microscopia eletrônica – diz respeito à microscopia que utiliza um 
feixe de elétrons para iluminar o espécime. 
c) Fotografia - é a arte de grafar uma imagem utilizando a luz visível. 
d) Fotomicrografia – é uma imagem grafada com o auxílio de um 
microscópio fotônico (= microscópio óptico composto). 
e) Eletromicrografia de transmissão – é uma imagem grafada com um 
microscópio eletrônico de transmissão. 
f) Eletromicrografia de varredura - é uma imagem grafada com um 
microscópio eletrônico de varredura. 
g) Microfotografia – é o produto final da técnica de microfilmagem, a 
exemplo do que fazem os bancos microfilmando os cheques que são emitidos 
pelos seus clientes. 
Comparativamente, o microscópio eletrônico de varredura (MEV) foi 
inventado por último, mas rapidamente tornou-se muito popular entre os tipos já 
estabelecidos, quais sejam, o microscópio fotônico (MF) e o microscópio 
eletrônico de transmissão (MET). Suas aplicações se estendem à eletrônica, à 
 90 
medicina, à biologia e à física (Postek Junior et al., 1980). Embora o MET e o 
MEV representem conquistas espetaculares, eles não substituem o MF. Ao 
contrário, cada tipo de microscópio tem seus méritos e deméritos, dependendo 
do campo de aplicação. Por exemplo, espécimes vivos podem ser observados ao 
MF, a exemplo do fitonematóide alimentando-se numa raiz, ilustrado na Figura 
1 (Fonte: Lucas et al., 1985). 
 
 
Figura 1. Fotomicrografia de Xiphinema sp. alimentando-se numa raiz de 
cebola. 
 
Em um microscópio eletrônico, usualmente, o evento ilustrado na Figura 
1 não poderia ser observado nem documentado, uma vez que nesses 
equipamentos somente espécimes fixados podem ser observados. 
Os microscópios eletrônicos e o MF são, portanto, parceiros e não 
competidores. Se uma alta resolução e uma grande profundidade de foco não 
são requeridas para o exame de determinado espécime, um MF é o 
equipamento recomendado. Se um alto poder de resolução é requerido, 
 91 
recomenda-se a utilização de um MET. Nesse caso, o espécime deverá ter uma 
espessura menor que 1 m. Para isso, são necessários equipamentos especiais 
(ultramicrótomos) e muita habilidade do usuário no preparo da amostra. 
Partículas de um vírus transmitido por um nematóide, por ex., como exibido na 
Figura 2, ilustra tal situação. 
O MEV, por outro lado, propicia uma resolução muitas vezes maior que o 
MF e com uma profundidade de campo muito superior, porém menor que o 
MET. Como podem ser observados espécimes inteiros, a preparação da 
amostra é muito mais simples que no caso do MET. Além disso, o MEV 
proporciona profundidade de campo muito maior, o que possibilita a 
observação e registro de imagens tridimensionais do material examinado 
(Figura 3). 
 
PODER DE RESOLUÇÃO 
As limitações do MF, notadamente quanto ao poder de resolução, foram 
as principais motivações para o desenvolvimento dos microscópios 
eletrônicos. Nosso objetivo, ao utilizarmos um microscópio qualquer é 
observarmos uma quantidade de detalhes maior do que podemos ver com a 
vista desarmada. A ampliação é simplesmente um meio de alcançar esse 
objetivo, mas será inútil se a imagem obtida não revelar mais detalhes do que 
podemos ver sem o equipamento auxiliar. Quando dizemos que um 
microscópio nos dá, por exemplo, 1000x de aumento, isso não nos informa 
absolutamente nada sobre a quantidade de detalhes que o citado equipamento 
pode nos proporcionar. A riqueza de detalhe que pode ser obtida por um 
microscópio é medida pelo PODER DE RESOLUÇÃO. O limite do poder de 
resolução é a menor separação na qual dois pontos podem ser vistos como 
entidades distintas. Portanto, quanto menor o valor do poder de resolução, 
maior será a quantidade de detalhes que se pode observar. 
 
 92 
Figura 2. Eletromicrografias de transmissão de partículas de vírus de planta que podem 
ser transmitidos por nematóides. A) Nepovirus (Arabis Mosaic Virus) transmitido por 
nematóides longidorídeos <http://image.fs.uidaho.edu/vide/genus016.htm>. B) 
Tobravirus (Tobacco Rattle Virus) transmitido por nematóides tricodorídeos < 
http://image.fs.uidaho.edu/vide/genus030.htm>. Barras das escalas = 200 nm. 
 
 
Figura 3. Eletromicrografia de varredura ilustrando a profundidade de campo 
obtida ao MEV. A) Seção transversal de um ramo de planta de fumo inoculada 
com suspensão de Xilella fastidiosa. B) Grãos de pólen de sibipiruna 
(Caesalpinia peltophoroides). 
 
 93 
Dos estudos de Ernest Abbe, na segunda metade do século XIX (Postek 
Junior et al., 1980), obteve-se a conhecida equação de Abbe que, 
matematicamente, expressa o limite da resolução de um sistema óptico: 
 
d = 0,612  / n. sen  
 
onde: 
 
d = poder de resolução 
  = comprimento de onda da energia utilizada para iluminação do sistema 
 n = índice de refração do meio entre o espécime e a lente frontal da 
objetiva 
 = ângulo ilustrado na Figura 4A 
0,612 = uma constante. 
 
O valor n.sen  é também chamado de abertura numérica (AN) da objetiva. 
As objetivas para uso com óleo de imersão proporcionam a melhor 
resolução. O maior valor da A.N. (n.sen ) dessas objetivas é cerca de 1,4. A 
luz visível possui um comprimento de onda em torno de 0,5 m. Substituindo-se 
esses valores na equação de Abbe, obtém-se um valor aproximado para o poder 
de resolução de 0,2 m. Esse é o melhor valor (menor) do poder de resolução 
obtido com o MF (Postek Junior et al., 1980). 
Se usarmos luz visível de comprimento de onda mínimo (0,45 m), ainda 
assim, não obteríamos melhoria significativa. A luz ultravioleta ( = 0,30 m), 
nas melhores condições, pode proporcionar um poder de resolução de 0,1 m. 
Esse valor representa o limite da resolução que se obteve com um microscópio 
fotônico. Dificuldades de ordem prática, entretanto, tais como o fato de a luz 
ultravioleta não ser satisfatoriamente transmitida pelo vidro, além de outras, 
tornaram o microscópio de ultravioleta um instrumento superado, se bem que 
 94 
ainda é útil à citoquímica, pois ácidos nucléicos, por exemplo, absorvem 
seletivamente luz ultravioleta de determinado comprimento de onda, o que 
permite sua identificação e localização na célula (Jeol, s.d.) . 
 
 
Figura 4. Diagrama representativo do funcionamento de três tipos de 
microscópios. A) Microscópio fotônico. B) Microscópio eletrônico de 
transmissão.C) Microscópio eletrônico de varredura (Fonte: Jeol, s.d.). 
 
A equação de Abbe indicava que os microscopistas tinham chegado às 
fronteiras das possibilidades do MF quanto à resolução. Melhorias só 
poderiam ser introduzidas se outra fonte de iluminação de comprimento de 
 95 
onda menor fosse utilizada. Então, considerou-se o uso de uma fonte de 
elétrons, do que resultou o desenvolvimento do microscópio eletrônico. Se 
assumirmos um cumprimento de onda de elétrons igual a 0,0054 nm 
(dependendo do potencial de aceleração do microscópio), o ângulo de abertura 
 = 90
o 
 e o índice de refração do vácuo igual a 1, obtemos, pela equação de 
Abbe, um valor do poder de resolução (calculado) igual a 0,21 nm. 
Comparando-se esse valor com o valor teórico obtido para o MF, concluímos 
que a resolução (teórica) do ME é cerca de 1000x melhor. O primeiro 
microscópio desse tipo (MET) foi publicamente demonstrado por Max Knoll e 
Ernest Ruska em 1931, em Berlin (Meek, 1976).SÚMULA HISTÓRICA DA MICROSCOPIA ELETRÔNICA 
Em 1897, Thompson demonstrou a existência dos elétrons. Logo no início 
do século XX, foi constatado que um feixe eletrônico pode ser defletido por 
um campo magnético. Essas descobertas levaram ao desenvolvimento das 
lentes eletromagnéticas, por Busch, em 1926. Já em 1924, de Broglie havia 
proposto que os elétrons tinham um comprimento de onda muito curto. Esse 
conceito foi demonstrado por Davisson e Germer em 1927. Stintzing, em 
1929, elaborou um descrição teórica do MEV, mas Knoll e Ruska construíram 
um MET primeiro, em 1932. A demonstração da teoria do MEV deu-se em 
1935, por Knoll, mas foi Von Ardenne que construiu a primeira unidade, em 
1938. No ano seguinte, o primeiro MET foi comercializado, enquanto que a 
produção comercial do MEV só foi iniciada em 1965, pela Cambridge 
Instrument Co., Ltd., na Inglaterra. O lançamento comercial do MEV foi um 
sucesso imediato tendo, inclusive, ganho o Prêmio para Tecnologia , daquele 
ano, oferecido pela Rainha (Posteck Junior et al., 1980). Do exposto, nota -se 
que da época em que o primeiro MEV foi construído, até o início de sua 
produção comercial e, por conseguinte, sua ampla utilização nas pesquisas 
 96 
biológicas, demandou um período de 27 anos. Esse foi o período gasto no 
desenvolvimento das técnicas de preparação das amostras. 
 
PREPARAÇÃO DE ESPÉCIMES PARA A MICROSCOPIA 
ELETRÔNICA DE VARREDURA 
Não existem argumentos contra o fato de que a preparação do espécime é 
a parte mais importante na microscopia eletrônica de varredura. De uma 
amostra adequadamente preparada, pode-se obter eletromicrografias de alta 
qualidade, mesmo se utilizarmos uma máquina da década de 60. Por outro 
lado, se a amostra não foi preparada adequadamente, nem uma máquina de 
última geração poderá proporcionar-nos imagens sequer razoáveis. A 
complexidade operacional das máquinas, ao contrário do que se poderia 
pensar, já que elas são cada vez mais sofisticadas, tem sido minimizada. Em 
pouco tempo, aprende-se a operar qualquer uma delas. A preparação dos 
espécimes, entretanto, é um processo complexo, pois a natureza do material 
determina o processo a ser utilizado (Hayat, 1970. Embora existam técnicas 
aparentemente padronizadas, descritas para o processamento de material de 
origem animal ou vegetal, essas técnicas só devem ser vistas como uma 
orientação geral. A prática tem mostrado que muitos detalhes da preparação de 
uma amostra não podem ser extrapolados para outra, nem mesmo entre 
espécies de um mesmo gênero. Por exemplo, um método considerado clássico 
para preparação de nematóides de galha (Meloidogyne spp.) não proporciona 
resultados igualmente satisfatórios para todas as espécies do gênero. 
Em geral, a seqüência para preparação de espécimes biológicos inclui: 
 
1. Limpeza dos espécimes 
2. Fixação 
3. Desidratação 
4. Secagem 
 97 
5. Montagem sobre um porta-espécime metálico 
6. Metalização do espécime 
7. Observação e documentação 
 
LIMPEZA DO ESPÉCIME 
O MEV é mais comumente usado para a observação de detalhes 
estruturais da superfície de espécies biológicos. Por conseguinte, tudo que diz 
respeito ao estado da superfície do espécime, especialmente quanto a sua 
integridade e limpeza, deverá ser considerado no processo de preparação. 
Materiais biológicos podem ser encontrados cobertos por substâncias diversas 
tais como certos mucos, sais ou partículas estranhas do ambiente em volta que, 
se não forem cuidadosamente removidas, irão obstruir detalhes da superfície 
do espécime. Vários enfoques têm sido dados à prevenção de materiais 
contaminantes, incluindo-se desde simples lavagem em água, solução salina ou 
tampões, até métodos mais elaborados de limpeza como ultra-som ou, ainda, 
métodos enzimáticos. Na prática, recomenda-se que cada interessado recorra à 
literatura na busca de um método que tenha sido empregado com sucesso na 
preparação de uma amostra semelhante a sua. No caso de situações inéditas, 
faça as adaptações necessárias a partir de um método bem sucedido numa 
situação mais próxima. Antes, examine seu espécime ao estereoscópio. 
Procure informações sobre detalhes estruturais da superfície da amostra e de 
suas estruturas física e química. Essas informações não apenas auxiliam na 
elaboração do protocolo de preparação mais adequado como também irão ser 
úteis na interpretação dos resultados. 
 
FIXAÇÃO 
A fixação é o processo pelo qual se tenta obter a imobilização de todas as 
moléculas que compõem a amostra, preservando a estrutura fina das células e 
tecidos, tornando-os "imunes" a alterações e distorções durante as etapas 
 98 
subseqüentes da preparação. É, sem dúvida, a operação mais crítica de todo o 
processo de preparação de material biológico (Eisenback, 1991). Uma 
adequada fixação irá proporcionar às células e tecidos, em nível 
ultraestrutural, uma aparência mais próxima quanto possível do estado in vivo. 
Usualmente, consideram-se dois tipos de fixação: a fixação química e a 
mecânica. A fixação química pressupõe a utilização de substâncias para matar 
e fixar o tecido, enquanto que, na fixação mecânica, utiliza-se do 
congelamento rápido para se obter a estabilidade das estruturas de interesse. 
As substâncias utilizadas na fixação química são chamadas geneticamente 
de fixadores e são agrupadas em duas categorias principais, fixadores 
coagulativos e não coagulativos (Hayat, 1970). 
Até o advento do microscópio eletrônico, os fixadores mais comuns eram 
coagulativos. Isso porque, mesmo atuando por um mecanismo de 
microprecipitação, o aspecto granuloso das estruturas fixadas escapava à 
resolução do microscópio fotônico. O ganho em cerca de mil vezes na 
resolução do microscópio eletrônico, em relação à microscopia fotônica 
(=microscopia de luz), mostrou que esses fixadores não são adequados para a 
maioria dos estudos em microscopia eletrônica. 
Formaldeído é um clássico fixador coagulativo muito útil à microscopia 
fotônica. Na microscopia eletrônica, sua utilização é praticamente restrita a 
imunocitoquímica (Grimstone, 1977). 
Alguns fixadores não coagulativos preservam a estrutura e o conteúdo 
celular muito próximo do estado in vivo. A qualidade da fixação obtida com 
esse tipo de fixador foi primeiramente confirmada na microscopia eletrônica 
de transmissão. Por isso, passaram a ser rotineiramente usados na microscopia 
eletrônica de varredura. Glutaraldeído e tetróxido de ósmio são os fixadores 
não coagulativos mais usados. Além de não promoverem a coagulação do 
conteúdo celular, esses fixadores usualmente formam ligações cruzadas com as 
 99 
moléculas que compõem o espécime, contribuindo para a sua estabilidade 
estrutural. 
Vários outros fatores, além do próprio fixador, influenciam 
acentuadamente a qualidade da fixação. Entre esses, são citados a temperatura, 
o pH, a velocidade de penetração do fixador e o balanço iônico. Cada um 
desses fatores exercerá maior ou menor influência sobre a fixação, dependendo 
do fixador utilizado e do próprio material em processo de preparação. 
No processo de fixação, pressupõe-se que o fixador irá simular, para o 
tecido fixado, um ambiente o mais próximo do normal (o estado in vivo) 
quanto possível. A concentração do fixador é, portanto, de particular 
importância. A experiência já demonstrou que a preparação para o MEV 
requer fixadores mais isotônicos que a preparação para o MET, tendo em vista 
evitar o choque osmótico nas camadas superficiais do espécime, já que essas 
são as áreas de interesse (Hayat, 1970). Por isso, recomenda-se que sejam 
escolhidos, criteriosamente, não apenas o fixador em determinada 
concentração, mas também a solução-tampão adequada. 
A manutenção do ambiente normal das células do espécime requer que o 
fixador em uso seja aplicado em uma temperatura adequada para o espécime e 
que seu pH seja mantido durante a fixação. Mudanças no pH,durante o 
processo, podem resultar em drásticas mudanças nas células, pois afetam 
diretamente as proteínas (Postek Junior et al., 1980). 
Na prática, os fixadores mais utilizados em microscopia eletrônica de 
varredura são glutaraldeído e o tetróxido de ósmio. Material de origem animal, 
geralmente, é fixado em glutaraldeído a 3%, em solução de cacodilato de sódio 
(ou fosfato de sódio) 0,1 M e pH 7,2 a 7,4 no refrigerador (em torno de 5 - 
8
o
C). Outros fixam a 37
o
 C. Material de origem vegetal, usualmente, é fixado 
em glutaraldeído a 3%, em solução-tampão de cacodilato de potássio 0,05 M e 
pH 7,2 a 7,4 no refrigerador. Outros o fazem à temperatura de 28
o
C. O tempo 
de fixação pode variar de 15 minutos a 15 horas, ou mais. Salienta -se que a 
 100 
fixação de material vegetal não deve ser processada em solução-tampão 
contendo sais sódicos, uma vez que a célula vegetal não transporta o sódio. 
Além disso, material vegetal geralmente demanda mais tempo para a fixação 
que material de origem animal (Eisenback, 1991). 
Após a fixação inicial em glutaraldeído, o material deverá ser lavado 
cinco a seis vezes consecutivas na solução tampão pura, em um intervalo de 15 
minutos. Não se recomenda a lavagem por período de tempo mais prolongado, 
nem mesmo a manutenção do espécime no glutaraldeído por um período de 
tempo maior que o necessário para fixação, visto que esse fixador atua mais 
sobre proteínas, ligando-se ao grupamento amino. Moléculas de lipídeos, 
praticamente, não são estabilizadas por essa substância. A manutenção da 
amostra por um intervalo de tempo muito prolongado na solução fixadora, ou 
mesmo a lavagem excessiva após a fixação, poderá remover moléculas de 
lipídeos não fixadas. 
Após a lavagem na solução tampão pura, o espécime deverá ser pós-
fixado em tetróxido de ósmio a 2%, na mesma solução tampão e à mesma 
temperatura, por 1 ou 2 horas, no mínimo. Em um período aproximado de 1 a 
2 horas de exposição ao tetróxido de ósmio, os materiais biológicos 
geralmente tornam-se pretos. Em seguida à pós-fixação, a amostra é 
novamente lavada como no caso anterior e então submetida à desidratação. 
 
DESIDRATAÇÃO 
Materiais biológicos freqüentemente são muito ricos em água, sendo 
muitas vezes, coletados em ambientes aquáticos. Nos tecidos, as água mantém 
a turgescência celular e participa da estrutura de certas proteínas, entre outras 
funções. A remoção da água contida no espécime é indispensável, visto que a 
coluna do microscópio opera em alto vácuo. A volatilização da água em seu 
interior traria sérios danos à máquina e/ou à amostra. A máquina poderá ser 
danificada pela contaminação da coluna, enquanto que a topografia da amostra 
 101 
pode ser seriamente distorcida. Além disso, salienta-se que os elétrons são 
partículas dotadas de massa. Qualquer colisão de elétrons com moléculas de 
ar, ou vapores de água dentro da coluna seria danosa ao funcionamento do 
microscópio. Portanto, a remoção da água da amostra a ser examinada é out ra 
etapa muito importante no processo de preparação. A desidratação, sem danos 
à estrutura do espécime, requer que o processo seja lento e gradual. 
Usualmente, é feita com álcool etílico (ou acetona), utilizando-se da seguinte 
série gradual: 30; 50; 70; 80, 90, 95 e 100 %. Material de origem animal é 
mantido de 5 a 20 minutos em cada uma dessas soluções, enquanto que 
material vegetal pode demandar até 8 horas. O processo deve ser executado a 
frio (em torno de 5
o
 C) sendo que o último passo (álcool 100%) deverá ser 
repetido duas vezes, à temperatura ambiente. Se uma razão fortuita obrigar a 
interrupção do processo de desidratação, a amostra poderá ser retida em álcool 
70%, no refrigerador. A água que ainda permanece na amostra, após a 
desidratação, será removida no processo de secagem (Posteck Junior et al., 
1980; Eisenback, 1991). 
 
SECAGEM DO ESPÉCIME 
As forças que decorrem da tensão superficial são os maiores obstáculos a 
serem vencidos na preparação de biológicos para observação ao MEV. Todas 
as alterações observadas na superfície de uma passa de uva, por exemplo, 
decorrem da ação dessas forças. São tão elevadas que seriam suficientes para 
quebrar a corda de um piano. 
A grande maioria dos materiais biológicos, se expostos ao ar, estariam 
sujeitos a sérias distorções por ação das forças de tensão superficial. Alguns 
materiais, tais como pólen, ossos, exoesqueletos de alguns insetos e outros, 
possuem uma estrutura muito rígida e baixo teor de umidade. Materiais com 
essas características podem ser secos ao ar, sem que apresentem distorções 
 102 
apreciáveis. Na maioria dos outros casos, entretanto, a secagem requer a 
adoção de métodos e equipamentos especiais. 
A secagem em nitrogênio líquido (“Freeze drying”) ainda é um método 
muito utilizado para espécimes delicados. O espécime é rapidamente 
congelado, geralmente em um meio líquido, e o gelo é sublimado do espécime 
em baixa temperatura e alto vácuo. Quando o gelo é completamente 
vaporizado, retorna-se a amostra à temperatura ambiente, em um estado seco. 
Vários líquidos e equipamentos já foram sugeridos para esse tipo de secagem. 
São citados como desvantagens do método: 1) A formação de cristais de gelo 
pode distorcer ou destruir detalhes estruturais da superfície do espécime; 2) A 
adição de substâncias crioprotetoras pode prevenir a formação de cristais de 
gelo, mas também pode, por si só, produzir alterações indesejáveis sobre a 
amostra; 3) O tempo requerido para secagem de uma única amostra pode ser 
longo demais. Em face disso, métodos alternativos têm sido pesquisados 
(Hayat, 1970). 
A secagem ao ponto crítico é o método cada vez mais utilizado na 
maioria dos laboratórios. Trata-se de um método simples e mais barato que o 
anterior (usa-se CO2, comparativamente mais barato que nitrogênio líquido). O 
método baseia-se no seguinte princípio: quando um líquido em equilíbrio com 
seu próprio vapor são aquecidos em um ambiente confinado, a temperatura 
crítica é alcançada, na qual, a densidade da fase líquida é idêntica à da fase 
gasosa. A pressão sob a qual a substância pode existir como um gás em 
equilíbrio com o líquido na temperatura crítica é chamada pressão crítica. O 
binômio pressão crítica/temperatura crítica, no qual o fenômeno ocorre, é 
definido como ponto crítico. Acima do ponto crítico não há tensão superficial, 
porque não existe distinção entre líquido e gás. O que existe é um fluído de 
densidade variável. Se controlarmos a temperatura, a pressão e a massa de um 
fluído em um volume fixado podemos, acima do ponto crítico, transformá-lo 
de um líquido em um gás na ausência de forças de tensão superficial. Se agora 
 103 
retornarmos à temperatura e pressão normais, teremos promovido a secagem 
da amostra. As máquinas utilizadas nesse processo são chamadas secadores de 
ponto crítico e existem várias marcas e modelos no mercado (Postek Junior et 
al., 1980). 
Usualmente, o solvente a ser removido de um espécime biológico em 
preparação para microscopia eletrônica de varredura é a própria água. Sua 
remoção pela técnica de ponto crítico, em sua forma mais simples, seria a 
utilização da pressão e temperatura críticas da própria água. Entretanto, de 
acordo com os dados da Tabela 1, os valores desses parâmetros para a água 
são excessivamente altos, em se tratando de materiais biológicos. Além disso, 
a água, próximo do ponto crítico, poderia solubilizar muitos constituintes 
orgânicos e inorgânicos da amostra. Em função dos baixos valores da pressão 
e temperatura críticas, sua disponibilidade e baixo custo, o dióxido de carbono 
é o preferido (Eisenback, 1991). 
 
Tabela 1. Pressão crítica e temperatura crítica de algumas substâncias. 
Substância crítica Pressão crítica Temperatura 
 (Atm) 
o
C 
Água 218,3 374,1 
Dióxido de carbono 72,9 31,0 
Etanol 63,0 243,0 
Freon 13 
(Clorotrifluorometano) 
38,2 28,9Freon 116 
(hexafluoretano) 
29,4 19,7 
Propano 42,0 96,8 
Fonte: Posteck Junior et al. (1980). 
 
 104 
A amostra contida em um recipiente adequado, após o último passo da 
desidratação, é transferida para a câmara de secagem do secador de ponto 
crítico, contendo um volume de álcool absoluto (ou acetona) suficiente para 
cobri-la. Essa transferência deverá ser muito rápida de modo a não permitir a 
secagem parcial da amostra sob ação do ar. Fecha-se hermeticamente a câmara 
e promove-se o seu resfriamento até cerca de 5
o
C. Abre-se lentamente a 
válvula de admissão de CO2 líquido, até o preenchimento da câmara. Então, 
abre-se completamente a válvula de admissão de CO2. A seguir, abre-se a 
válvula de saída da mistura de CO2 com álcool (ou acetona) e monitora-se a 
remoção do álcool absoluto contido na câmara em mistura com CO2. Quando 
não mais se detectar a presença de álcool, em mistura com CO 2 liberado, 
fecha-se a válvula de saída de CO2 e permite-se que todo o volume da câmara 
seja preenchido com CO2 puro. Então, fecha-se a válvula de admissão. A partir 
desse ponto, o processo é controlado de acordo com as peculiaridades do 
funcionamento da máquina em uso. 
A amostra deverá ser mantida nas condições ligeiramente acima do ponto 
crítico (em torno de 32
o
C e 1.100 psi) por 4 minutos. Então, promove-se a 
descompressão lenta da câmara, abrindo-se a válvula de saída de CO2 (estado 
gasoso). Quando a pressão da câmara atingir o equilíbrio com a pressão 
atmosférica (valor zero no manômetro), abre-se a câmara e retira-se a amostra 
seca em condições de ser montada. Se a montagem não for feita de imediato, a 
amostra deverá ser armazenada sob baixo vácuo em dessecador, contendo 
sílica ou outro agente dessecante. 
 
MONTAGEM DA AMOSTRA 
As amostras são montadas sobre porta-espécime metálicos de tamanho e 
forma variáveis de acordo com a marca e o modelo do microscópio utilizado. 
Nos modelos da JEOL, geralmente, são utilizados cilindros metálicos (latão ou 
alumínio) de aproximadamente 10 mm de diâmetro por 10 mm de altura. 
 105 
A amostra é fixada com fita adesiva de material condutivo (cobre ou 
alumínio) disponíveis no mercado (ou fita adesiva de face dupla). Caso não 
utilize um adesivo de material condutivo de prata ou carbono sobre os bordos 
da fita adesiva, deve ser aplicado uma pasta condutiva de prata ou carbono, 
tendo em vista a neutralização de sua ação isolante. A amostra é então fixada 
sobre o cilindro com a superfície de interesse voltada para cima. Embora o 
microscópio seja dotado de um dispositivo que possibilita a orientação da 
amostra em quase todas as direções, recomenda-se que a sua fixação sobre o 
porta-espécime seja feita de modo a facilitar a observação. Caso a superfície 
de interesse seja a extremidade de uma estrutura filiforme (região labial dos 
nematóides vistas de topo) aplica-se um suporte, sobre o qual repousaria a 
extremidade de interesse, formando um ângulo de inclinação com a superfície 
do porta-espécime. Como suporte para montagem de nematóides, geralmente 
se utiliza uma pequena peça de fio de cabelo. 
 
METALIZAÇÃO 
Os materiais biológicos geralmente são maus condutores de eletricidade e 
calor (Hayat, 1970). Usualmente não poderão ser observados ao MEV, a 
menos que sejam transformados em materiais eletricamente condutivos. A 
cobertura desses materiais com um fina camada (cerca de 35 nm) de ouro ou 
uma liga de ouro-paládio é o meio utilizado para solucionar esse problema. 
Essa cobertura, além de tornar os materiais biológicos condutivos, melhora a 
emissão de elétrons secundários, os quais compõem o sinal usado no processo 
de formação da imagem da superfície do espécime. 
Como anteriormente mencionado, se o feixe de elétrons incidir sobre um 
espécime não condutor, irá conferir a esse espécime uma carga negativa que 
não pode ser dissipada. Isso causará o fenômeno chamado descarga (“charge -
up”). A cobertura metálica do espécime irá torná-lo, juntamente com o adesivo 
e o porta-espécime, um corpo condutor único que, conectado ao fio-terra do 
 106 
equipamento, irá tornar a descarga um fenômeno negligível. Embora essa 
metalização possa ser obtida por via química, na prática, utilizam-se de 
máquinas que promovem a “vaporização” do outro ou da liga de ouro -paládio 
sobre o espécime. Várias marcas e modelos de metalizadores são disponíveis 
no mercado. 
As amostras montadas sobre os porta-espécimes são transferidas para a 
câmara de metalização formada por uma campânula de vidro transparente. O 
disco de ouro é depositado sobre o cátodo dentro da câmara. Quando se 
submete a câmara a um vácuo relativamente baixo (0,15 a 0,2 torr) e a uma 
voltagem de 1200V (5 a 10 mA), as moléculas de ar remanescentes na câmara 
irão ionizar-se, produzindo íons positivos e elétrons. Pela ação da passagem da 
corrente pelos eletrodos, os elétrons são atraídos para o ânodo e os íons 
positivos para cátodo sobre o qual foi depositado o disco de ouro ou ouro -
paládio. O bombardeamento do disco metálico pelos íons irá remover 
partículas do material que formarão uma nuvem dentro da câmara. A 
deposição dessas partículas sobre o espécime irá promover a sua cobertura 
com um filme do metal contido no disco. A espessura da camada é controlada 
em função do tempo de cobertura. Após esta operação, a amostra, finalmente, 
está pronta para observação ao MEV. 
 
ALGUMAS TÉCNICAS DE PREPARAÇÃO DE NEMATÓIDES 
1. Padrões Perineais 
As técnicas descritas por Eisenback (1991) são clássicas e proporcionam 
resultados satisfatórios para todos os tipos de preparação. Contudo, resultados 
similares podem ser obtidos com procedimentos mais simples, em alguns 
casos. Tal é o caso da preparação de padrões perineais de Meloidogyne spp. 
pela técnica descritas por Santos & Maia (1997). Consiste no seguinte: 
 
 107 
1. Segmentos de raízes com galhas, de no máximo 10 mm, são fixados em 
glutaraldeído a 3%, em tampão de fosfato de potássio a 0,05 M e pH 7,2 a 
7,4, por um período superior a 48 horas, a cerca de 8
o
C (em geladeira). 
2. A seguir, são lavados na solução tampão pura e parcialmente dissecados, 
ao estereoscópio, até se descobrir a região posterior de fêmeas ou outras 
estruturas internas nas raízes de interesse. 
3. Os segmentos são lavados mais quatro ou cinco vezes consecutivas no 
tampão puro e pós-fixados em tetróxido de ósmio a 2 %, no mesmo 
tampão e mesma temperatura, por cerca de 10 a 12 horas. 
4. São novamente lavados cinco a seis vezes consecutivas no tampão puro, 
em um intervalo de 15 minutos, e desidratados a frio, mantendo a série 
gradual de álcool etílico ou acetona na geladeira (30, 50, 70, 80, 90, 95, 
100, 100 e 100 %), 20 a 30 minutos em cada passo. O álcool ou acetona de 
certa concentração é aplicado a amostra e o recipiente é mantido na 
geladeira. Os três passos na concentração de 100 % devem ser feitos 
assim: coloca-se o primeiro passo de 100 % gelado e mantém-se o 
recipiente na geladeira. O segundo passo deverá ser feito colocando -se o 
álcool 100 gelado e mantendo-se o recipiente sobre o balcão. No terceiro 
passo, coloca-se álcool 100 % `a temperatura ambiente e o recipiente é 
mantido sobre o balcão. 
5. Efetua-se a secagem em secador de ponto crítico. 
6. Monta-se os espécimes com a estrutura de interesse voltada para cima. 
7. Efetua-se a metalização. 
8. Observa-se e documenta-se ao MEV em 15kV. 
 
As vantagens desse método são: 1) não se submete as fêmeas ao ácido 
láctico; 2) as fêmeas não são cortadas; 3) como são menos manuseadas, estão 
menos sujeitas a artefatos; 4) a fixação em glutaraldeído preserva os espécimes 
em melhores condições; 5) é muito mais fácil de ser executado que os métodos 
 108 
tradicionais envolvendo o corte de fêmeas; 6) permite a observação 
concomitante de outros detalhes da interação patógeno-hospedeiro. 
 
2. Espécimes Vermiformis 
Proceda do seguintemodo: 
1. Obtenha a suspensão de nematóides vivos. 
2. Preencha 3/4 do volume de um vidro tipo penicilina, ou similar, com 
água filtrada (não utilizar água deionizada nem destilada). 
3. "Pesque" os nematóides um a um e transfira-os para o vidro contendo 
água (o maior número possível pois, usualmente, muitos são perdidos). 
4. Tampe o vidro e agite-o manualmente por cerca de 5 minutos para 
limpá-los. 
5. Transfira-os novamente, um a um (para evitar partículas de sujeira), 
para outro vidro similar, contendo apenas 10 a 20 gotas de água. 
6. Coloque o vidro na geladeira a cerca de 4 oC, por cerca de 20 a 30 
minutos, para os nematóides ficarem relaxados. 
7. Preencha o vidro com solução fixadora de glutaraldeído a 3%, em 
tampão de cacodilato de sódio ou fosfato de sódio, ou potássio a 0,05 a 0,1 M 
e pH 7,2 a 7,4 gelada (cerca de 2 
o
C) e mantenha-o na geladeira por um 
período de 48 horas ou, preferencialmente, mais (os nematóides não podem 
voltar a se movimentar; caso contrário ficarão todos distorcidos). 
8. Depois desse período no glutaraldeído, se preciso for (criconematídeos 
é obrigatório), submeta o vidro com os nematóides ao ultra -som "banho" por 
cerca de 1 ou 2 minutos. 
9. Transfira os nematóides para uma câmara feita com cápsula "beem" 
utilizada para inclusão de espécimes com resina para ultramicrotomia. 
10. Lave os nematóides por cinco vezes consecutivas na solução tampão 
pura, em um intervalo de 15 minutos. 
 109 
11. Feche a câmara e transfira-a para um vidro de boca larga. Adicione 
algumas gotas de tetróxido de ósmio a 2% no mesmo tampão, EM CÂMARA 
DE EXAUSTÃO DE GASES, e mantenha-o na geladeira por cerca de 10 a 12 
horas. 
12. Remova o tetróxido de ósmio com uma pipeta de Pasteur, 
trabalhando na câmara de exaustão de gases, e coloque-o num recipiente 
contendo cerca da metade de seu volume preenchido com óleo vegetal 
(imediatamente, o tetróxido reage com óleo e inativa-se). Lave os nematóides 
por duas vezes com tampão puro, ainda na câmara, e coloque o produto da 
lavagem no vidro contendo o descarte de tetróxido. Então, trabalhando no 
balcão, lave mais três ou quatro vezes consecutivas no tampão puro num 
intervalo de cerca de 10 minutos. 
13. Efetue a desidratação como descrito no item 1. 
14. Seque a amostra em secador de ponto crítico. 
15. Monte os nematóides, utilizando um fio de cabelo como calço para a 
extremidade anterior. 
16. Metalize 
17. Observe em 15kV e documente as estruturas de interesse. 
 
3. Preparação de Cistos de Fitonematóides 
Uma técnica simples e eficaz para preparação de cistos inteiros e cones 
vulvares foi publicada por Santos (1994). A técnica pode ser útil, também, 
quando não se dispõe de um secador de ponto crítico. Nematóides vermiformes 
e esporos de fungos micorrízicos podem ser eficientemente preparados como 
descrito a seguir: 
 
1. Fixe cistos cheios de ovos (cistos viáveis) em formalina a 4 - 5 %, por 
cerca de 72 horas em vidro tipo penicilina ou similar. 
 110 
2. Submeta os cistos em suspensão no vidro ao ultra-som banho por 2 a 3 
minutos. 
3. Pesque os cistos inteiros um a um com um estilete de ponta em "U" 
fechado e transfira-os para um vidro tipo BPI contendo a solução I de 
Seinhorst (1959) . 
4. Conclua a infiltração dos cistos em glicerina pelo método de Seinhorst 
(1959). 
5. Transfira alguns cistos para uma placa de Petri de plástico e corte -os 
ao meio para observação do cone vulvar. 
6. Transfira alguns cones e cistos inteiros para uma placa de Petri forrada 
com papel de filtro. 
7. Mantenha-a numa estufa a 39-40oC por 1 a 2 horas. 
8. Monte cistos inteiros e cones. 
9. Metalize-os. 
10. Observe-os e faça a documentação ao MEV operando-o em 15kV. 
 
4. Preparação de Estiletes Removidos dos Nematóides 
Estilete e outras estruturas esclerotizadas de nematóides tais como 
espículos podem ser removidos e preparados para o MEV pela técnica descrita 
por Eisenback (1991): 
1. Prepare uma lâmina com um anel feito com esmalte de unha incolor, 
de modo a formar um "poço". 
2. Fixe por um canto, no centro do anel, um pedaço de lamínula de 
tamanho menor que a superfície útil do porta-espécime. 
3. Coloque uma gota de hipoclorito de sódio a 0,01% sobre o pedaço de 
lamínula dentro do anel. 
4. Transfira um nematóide para a gota ou corte um espécime um pouco 
abaixo dos nódulos basais, sobre uma placa de Petri de plástico e transfira a 
extremidade anterior para a gota. 
 111 
5. Com um estilete muito fino maneje a poção do nematóide dentro da 
gota, ao estereoscópio com ampliação de 60 a 80 X, sobre o pedaço de 
lamínula, de modo a desalojar o estilete. Este, quando é removido do corpo do 
nematóide é facilmente aderido ao pedaço de lamínula. 
6. Acrescente uma gota de formalina a 2 %, recém preparada, a cada 
minuto, por alguns minutos. 
7. Esgote a mistura formalina-hipoclorito e acrescente outra gota de 
formalina. 
8. Deixe o estilete na formalina por 5 a 10 minutos. 
9. Drene a formalina e preencha, novamente com formalina. 
10. Drene a formalina e coloque a lâmina para secar dentro de um 
dessecador por cerca de 10 a 12 horas. 
11. Marque a posição do estilete no pedaço de lamínula com uma 
pequena peça triangular de uma fita adesiva tipo durex. 
12. Remova o pedaço de lamínula e prenda-o ao porta-espécime com a 
pasta condutiva. 
13. Faça a metalização e observe-o ao MEV em 15kV. 
 
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https://www.researchgate.net/publication/286930073

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