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A reforma urbana do Rio de Janeiro no governo de Pereira Passos

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5
Sistema de Ensino Presencial Conectado
núcleo comum 6º/7º semestre
rafael henrique leão
 a reforma urbana do rio de janeiro no goveno de pereira passos
Arcos / MG
2021
rafael henrique leão
a reforma urbana no rio de janeiro no governo de pereira passos
Trabalho de História apresentado à Universidade Unopar, como requisito parcial para a obtenção de média Semestral nas disciplinas:
Gestão Educacional.
História do Brasil República I.
Geografia Geral.
Patrimônio, Museus e Arquivos.
 Tutor a Distância: Caroline Torres Minorelli.
Arcos / MG
2021
SUMÁRIO
	1
	INTRODUÇÃO...........................................................................................
	4
	2
	DESENVOLVIMENTO...............................................................................
	5
	3
	CONCLUSÃO............................................................................................
	12
	4
	REFERÊNCIAS..........................................................................................
	13
INTRODUÇÃO
No começo do século XX, o Rio de Janeiro era a capital do país e vivia um período de transformações. A nova imagem do Rio era planejada por Pereira Passos, prefeito da cidade, que queria dar ao Brasil características mais modernas, fugindo da visão de atraso, de país escravocrata. O prefeito se inspirou em Paris para fazer as reformas urbanísticas no Rio, construindo praças, ampliando ruas e criando estruturas de saneamento básico. Entre as principais heranças da gestão Passos estão o Theatro Municipal, o Museu Nacional de Belas Artes e a Biblioteca Nacional. 
Incentivado pelo presidente Rodrigues Alves, Pereira Passos começou as reformas em 1903. O presidente levantou os recursos e o prefeito pôde realizar as obras, a higienização ficou nas mãos do médico Oswaldo Cruz, diretor do Serviço de Saúde Pública. A reforma urbana carioca foi inspirada na reforma feita em Paris no século XIX, entre 1853 e 1870. Em sua gestão, Passos modernizou a Zona Portuária, criou a Avenida Central, hoje Rio Branco, a Avenida Beira-Mar e a Avenida Maracanã.
A reforma Pereira Passos buscou adaptar a cidade também para os automóveis. É nesse período que o Rio de Janeiro vê a chegada da energia elétrica e a reorganização do espaço urbano carioca. O prefeito proibiu ainda a atuação de ambulantes. Foi nessa época que muitas favelas surgiram. Com a destruição dos cortiços, parte das pessoas foi para a periferia da cidade e a outra parte subiu o morro, formando favelas.
 PLANO DE AULA INTERDISCIPLINAR
A REFORMA URBANA DO RIO DE JANEIRO NO GOVERNO DE PEREIRA PASSOS	
Público Alvo: O plano de Aula é destinado aos alunos do 2º ano do Ensino Médio.
Conteúdos: Marginalidade Social – História.
 Revolta da Vacina – História.
 Modernização Urbana – Geografia.
Objetivos: -Compreender a relação entre o discurso da modernidade do regime republicano brasileiro e as reformas urbanas realizadas pelo Rio de Janeiro.
-Analisar o processo de exclusão dos pobres das áreas urbanas e suas consequências, percebidas principalmente pela expansão das periferias e favelas do Rio.
-Ver o levante da vacina como uma resposta popular à modernização do espaço urbano e dos costumes cariocas impostos pelo governo republicano.
-Discutir a relação entre a reforma Pereira Passos e a obra do Porto Maravilha, enfatizando os conceitos de urbanização, exclusão social e gentrificação.
Nº de aulas: 3
Metodologia: O professor deve explicar a necessidade de transformar o Rio de Janeiro, então capital nacional, de acordo com as capitais europeias, especialmente Paris, para que o discurso da modernidade do regime republicano recém-instituído mostre claramente a população e os turistas urbanos do Rio de Janeiro. Depois disso, o professor deve iniciar a análise de imagens. Ao mesmo tempo, deve-se questionar quem tirou essas fotos e as intenções do fotógrafo em tirá-las. Estão servindo ao governo e mostrando quantas moradias populares tornam a cidade "feia", ou se opõem a Pereira Passos e condenam o abandono dos mais pobres? Vale ressaltar que o governo pretendia demolir as moradias populares denominadas Chinatown da área central da cidade.
 
 Neste momento da aula, o professor deve abordar as obras realizadas, utilizando as imagens anexadas de modo que seja incitada com a turma a discussão que trata da abertura de largas vias e espaços que, antes ocupados pelos cortiços e populações pobres, seriam de desfile da elite carioca vestida à europeia. Nas imagens, os alunos devem ser estimulados a pensar sobre as fotografias tiradas, tendo sempre em vista as intenções do fotógrafo. As imagens podem ser encaradas como fotografias que visavam propagandear os feitos de Pereira Passos. Nesse aspecto, pode ser pensado sobre o caráter restrito da fotografia, estando este recurso na maioria das vezes nas mãos das classes dominantes, sendo estabelecido um contraponto aos dias atuais, quando a fotografia é algo muito mais democrático em função dos avanços tecnológicos. Pode ser ressaltado também o quanto as fotografias podem ter a intenção de esconder realidades, tendo como exemplo o fato de as imagens esconderem o Rio de Janeiro real, no qual havia negros, mulatos, grande população pobre, cortiços e favelas, mostrando apenas o Rio idealizado.
Este momento da aula fica reservado para a explanação oral do professor sobre a Revolta da Vacina. Este movimento deve ser apresentado como uma reação popular ao processo de modernização imposto violentamente sobre a população pobre carioca. A caricatura do médico sanitarista Oswaldo Cruz anexada, pode servir para ilustrar o autoritarismo do projeto de vacinação contra a varíola.
O último momento da aula fica reservado para a realização da atividade proposta pelo professor.
Recursos: Projetor (caso este não esteja disponível, o professor poderá imprimir as imagens e os textos, dimensionando-os ao tamanho da folha, para que todos os estudantes possam visualizá-los sem muita dificuldade). No caso dos textos, além da impressão eles poderão ser transcritos no quadro. O docente também poderá fazer mais cópias destas fontes para ser entregues aos estudantes, dependendo da sua disponibilidade em relação ao número de cópias.
Avaliação: A turma será dividida em grupos e cada um desses receberá uma charge para análise. Cada grupo deverá analisar as charges tendo por base os seguintes questionamentos: quem produziu o material, para quem produziu e a possível repercussão dessas. Outra reflexão possível é sobre se as mensagens quando transmitidas através de charges, são mais facilmente compreendidas ou não. Após isso, cada grupo deve apresentar ao professor e ao restante da turma suas reflexões. Mediante as ideais expostas pelos estudantes, o professor deverá avaliar a apreensão dos alunos em relação ao conteúdo da aula.
Referências: MULTIRIO. A administração do prefeito Pereira Passos: o Bota-abaixo. Disponível em: <http://multirio.rio.rj.gov.br/index.php/estude/historia-do-brasil/rio-de-janeiro/66-o-rio-de-janeiro-como-distrito-federal-vitrine-cartao-postal-e-palco-da-politica-nacional/2911-administracao-pereira-passos-o-bota-abaixo>
ATLAS HISTÓRICO DO BRASIL. O RIO NO TEMPO DAS REVOLTAS: A REFORMA PEREIRA PASSOS E A REVOLTA DA VACINA. Disponível em: <https://atlas.fgv.br/marcos/reforma-pereira-passos-e-revolta-da-vacina/mapas/o-rio-no-tempo-das-revoltas>
BENCHIMOL, Jaime Larry. Pereira Passos, um Haussmann tropical: a renovação urbana da cidade do Rio de Janeiro no início do século XX, 1992. Disponível em: <http://memoriadasolimpiadas.rb.gov.br/jspui/handle/123456789/945>.
PRODUÇÃO TEXTUAL
A REFORMA URBANA DO RIO DE JANEIRO NO GOVERNO DE PEREIRA PASSOS	
A Reforma Urbana Pereira Passos foi uma tentativa de europeizar e aburguesar a culturapor meio de ideais, literaturas e costumes. Na Europa, especialmente as cidades de Paris e Londres, era tida como um modelo de civilização, progresso e modernidade a ser seguido. O progresso era sinal de desenvolvimento material; a civilização de comportamento pautado em um ideal burguês europeu; a modernidade no embelezamento e no saneamento relacionada a sair de um passado colonial e se adequar a um novo presente, certamente europeu. Dessa forma, as mudanças na capital tiveram um caráter urbanístico, sanitário e também comportamental, e a transformação da cidade se deu em um nível simbólico-espacial. Uma frase muito usual na época era “o Rio civiliza-se”, que demonstra todo esse imaginário.
A reforma municipal, gerida por Pereira Passos, por mais que não tenha deixado de lado os aspectos urbanísticos e sanitários, deu bastante importância para os aspectos comportamentais, muito em função do conceito de civilização que regeu a reforma do prefeito. De acordo com Azevedo), um objetivo do governo municipal foi a ligação das diversas partes da cidade, associada a uma tentativa de difundir a civilização, em virtude de o Centro ser tido como um lugar civilizador. Para isso, a municipalidade ficou responsável pelo prolongamento, pelo alargamento e pela abertura de ruas que ligavam o Centro às Zonas Norte e Sul, com destaque para a Avenida Beira-Mar. Ainda ficou responsável por melhoramentos urbanos, como instalação de iluminação e de redes de água e esgoto. Por fim, assumiu a regulamentação dos usos urbanos, estabelecendo diversas medidas proibitivas, como andar descalço e sem camisa. A reforma municipal tinha como ideal o organicismo, cuja finalidade era interligar as diversas regiões da cidade ao Centro. Essa ligação era essencial para o bom funcionamento do todo. O conceito que regeu a reforma municipal foi a civilização por meio da ideia de individualidade, do respeito à lei, à ordem pública, da afinação do gosto estético e cultural.
Nessa perspectiva, houve uma tentativa – ainda que conservadora – de integração urbana proposta pelo governo municipal, por meio das vias construídas para ligar as diferentes áreas da cidade ao Centro, por ser visto como um lugar civilizador. Nessa direção, a integração urbana estava ligada à visão organicista de cidade do prefeito. Portanto, essa ligação não era apenas para melhorar a circulação de mercadorias, mas também para que os trabalhadores pudessem civilizar-se de acordo com um ideal burguês europeu, aderindo à sua visão de mundo e ao seu comportamento. Pereira Passos estimulou a circulação da população pelo Centro, só que tinha nesse ideal uma característica conservadora: ele não queria excluir as camadas populares da área central.
 Houve uma tentativa de integração urbana entre diversos pontos da cidade, sendo que essa integração tinha um aspecto conservador, já que o prefeito queria que a população pobre fosse ao Centro para civilizar-se. Isto é, um dos objetivos da intervenção não seria simplesmente expulsar a população pobre do Centro, o que também não significa que ele quisesse que ela morasse nele. Por outro lado, a literatura costuma retratar a remodelação urbana como uma tentativa de excluir a população pobre do Centro, como argumentam Santana & Soares (2009, p. 10): “Mas foram as gestões do Presidente Rodrigues Alves e do Prefeito Francisco Pereira Passos entre 1902 e 1906, que a modernização conservadora e excludente se afirma enquanto estratégia de expulsão dos desfavorecidos do núcleo metropolitano”. Como ficará demonstrado nas cartas entre Pereira Passos e Souza Rangel, o prefeito comenta das habitações que ele fez aos trabalhadores e que a prefeitura deveria construir mais habitações localizadas na área central, próximas ao seu local de trabalho. Isso demonstra uma diferença entre a versão contada na historiografia e a versão do próprio prefeito.
Um ponto que merece ser abordado é o urbanismo culturalista de Pereira Passos, caracterizado por uma modernização conservadora. Isso significa que ela une a modernização do espaço urbano à conservação da tradição da cidade e de suas características naturais. Essa concepção culturalista se fez presente, por exemplo, no segundo relatório da Comissão de Melhoramento da Cidade do Rio de Janeiro, em 1876. Essa Comissão foi a primeira tentativa de renovação urbana, em que o prefeito criou um projeto alternativo, qual seja: a abertura de duas vias capazes de captar as brisas oceânicas, para evitar a derrubada dos morros do Castelo e do Santo Antônio. No entanto, essa ideia estava em oposição aos engenheiros e médicos que pediam a derrubada dos morros, pois acreditavam que estes impediam a circulação do ar, acarretando a concentração de miasmas, causadores de doenças. Pereira Passos, quando prefeito, manteve o Morro do Castelo, mesmo sendo pressionado, por vê-lo como parte da história da cidade. No mesmo relatório, ele respeitou a integração da cidade com o mar por meio da construção da Avenida Beira-Mar. Além do mais, ele valorizava a arquitetura colonial, que era vista como obsoleta, por isso ele preservou um importante imóvel histórico para a cidade: a Câmara Municipal. 
Além da reforma urbanística, também houve uma reforma sanitária, que ficou a cargo do governo federal, mais precisamente do Serviço de Saúde Pública do qual o médico higienista Oswaldo Cruz foi nomeado Diretor-Geral, em 1903. Antes de mais nada, é necessário relatar o pensamento médico da época que influenciou as medidas tomadas.
A medicina social que vinha se constituindo desde 1830/1840 passou a situar as causas das doenças não nos corpos dos indivíduos doentes, mas no próprio meio ambiente, por isso a medicina tornou-se preventiva. Esses médicos foram reivindicar a polícia médica, isto é, ter o poder para intervir em tudo o que pudesse vir a causar doenças, o que incluía demolir habitações insalubres, impondo um controle sob a cidade e sua população com relação às normas sanitárias. Para eles, a desordem urbana era a causadora da degeneração física e moral da população, tendo ela duas causas: a causa natural, que se encontrava na geografia e nas condições climáticas da cidade; e a causa social, que se referia às habitações coletivas e à falta de planejamento da cidade. Desde 1850, os médicos pediam uma intervenção urbana e a normatização do saber e da prática médica, combatendo o saber médico popular denominado charlatanismo (Benchimol, 1992; Pereira, 1992). As habitações populares eram consideradas produtoras dos comportamentos desviantes, como os vícios, e a origem das doenças que prejudicavam a saúde dos indivíduos. Assim, havia uma vinculação entre imoralidade, pobreza e saúde; logo, os pobres eram vistos como potenciais criminosos ou mesmo portadores de germes, então havia uma tentativa de disciplinar os indivíduos (Rago, 1985).
Oswaldo Cruz tinha o propósito de erradicar as epidemias de varíola, febre amarela e peste bubônica, e sua primeira campanha foi contra a febre amarela, em abril de 1903. Ele propôs acabá-la em quatro anos por meio da profilaxia – já com bons resultados em Cuba –, o que significava utilizar meios para se evitar a propagação da doença, eliminando o mosquito ou seus possíveis criadouros (Pereira, 1992). A prioridade ao combate à febre amarela se deu por ser a doença que mais contribuía para prejudicar a imagem do Brasil no exterior. O combate se dava de duas formas: pela persuasão, tentando mobilizar e conscientizar a opinião pública; e pela repressão, por meio das Brigadas Sanitárias e de leis rígidas. Oswaldo Cruz reivindicou a lei de notificação compulsória, que punia quem não comunicasse a doença (Del Brenna, 1985). No início de 1904, foi a vez do combate à peste bubônica, que era transmitida pela pulga do rato. Para acabar com essa doença, foi criado um novo cargo público, a dos compradores de ratos, que pagavam às pessoas por cada rato capturado, o que deu origem às criações piratas desses animais. Ademais, homens do governo percorriam a cidade espalhando raticida e recolhendo lixo (Benchimol, 1992). Emoutubro de 1904, foi aprovado a lei da vacinação obrigatória em todo o país contra a varíola, mas, em 1905, o ex-prefeito Barata Ribeiro, então senador, conseguiu a revogação da lei, tornando a vacina voluntária (Del Brenna, 1985). O combate à febre amarela e à peste bubônica deram bons resultados, mas a campanha antivariólica, que dependia da aceitação da vacinação, não obteve resultados prósperos, pois houve forte rejeição popular.
O projeto urbanístico-sanitário foi inspirado na Europa, sobretudo nas cidades de Londres e de Paris. Contudo, ele não foi simplesmente copiado, havendo uma adaptação dos modelos europeus à realidade da cidade. Havia dois modelos de reformulação urbana das cidades europeias: a inglesa, que era mais lenta, gradual e harmoniosa; e a francesa, que era mais drástica e radical.
Paris foi uma inspiração em muitos sentidos, no papel do Estado como idealizador, promotor e gestor da reforma; no modelo arquitetônico; nas obras feitas por meio de empréstimos particulares; e no valor dado à competência técnica de profissionais. Na reforma inglesa, havia uma ausência de planejamento por parte do Estado, estando a burguesia à frente do processo de transformação urbana, enquanto, na francesa, já existia um planejamento do Estado. Nessa direção, a reforma de Paris foi a opção adotada nas reformas do Rio de Janeiro.
Apesar de Paris ter sido inspiração para o plano urbanístico do Rio de Janeiro, há diferenças entre as duas reformas. A reforma de Paris foi mais extensa e drástica; já a renovação urbana da então capital brasileira foi mais modesta, por exemplo, incidiu sobre uma parte da cidade e não foi tão definitiva e totalizadora. Nesse sentido, a reforma do Rio de Janeiro se aproximou mais da reforma inglesa. Existia uma disputa entre Buenos Aires e Rio de Janeiro pelo título de “a Paris Tropical”, e isso impulsionava as transformações urbanas. Esse sonho de ser Paris representava o desejo de anular uma situação periférica no mundo por meio da construção física e simbólica, tal como as capitais civilizadas europeias.
A necessidade de transformações radicais no aspecto físico da cidade acarretou profundas modificações na vida tradicional do habitante da Cidade do Rio de Janeiro. Era o novo superando o velho.
Mas, apesar de todas essas melhorias, a reforma teve também o seu lado sombrio e excludente. Centenas de casebres e cortiços foram demolidas por motivos de higiene ou para dar passagem às novas artérias que surgiam em ritmo vertiginoso. Com as demolições, a população que tinha alguma fonte de renda deslocou-se do centro para o subúrbio, enquanto que os mais pobres foram habitar as encostas dos morros, engrossando o contingente populacional das favelas que começavam a surgir. O “furor das picaretas regeneradoras” – para usar a expressão de Olavo Bilac – recebeu da população o apelido de “Bota-Abaixo”.
CONCLUSÃO 
O processo de reurbanização do Rio de Janeiro exemplifica o aspecto autoritário e excludente das políticas estatais verificadas durante a República Oligárquica, expulsando da área de expansão da modernidade capitalista os grupos sociais considerados perigosos à ordem. Porém, esses grupos não aceitariam passivamente a situação, e a Revolta da Vacina de 1904 deu mostras da resistência da população explorada do Rio de Janeiro a essa situação.
. 
 REFERENCIAS
AZEVEDO, A. N. de. A grande reforma urbana do Rio de Janeiro e o apelo visual da urbe reformada como retórica e enlevo civilizador. Revista Maracanan, publicação dos docentes do PPGH-UERJ, v. 12, n. 14, p. 161-174, jan/jun 2016. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/maracanan/article/view/20867
SILVA, M. G. C. F. Algumas considerações sobre a reforma urbana Pereira Passos. Urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana, 11, e10180179. Disponível em: http://doi.org/10.1590/2175-3369.011.e20180179

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