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apostila Perícias Técnicas em Insalubridade e Periculosidade

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PERÍCIAS TÉCNICAS EM INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 1 
 
 
Perícias Técnicas em Insalubridade 
e Periculosidade 
 
 
 
 
PERÍCIAS TÉCNICAS EM INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 2 
Perícias técnicas em insalubridade e Periculosidade 
Introdução 
O trabalho sempre teve uma especial importância para os indivíduos e as sociedades, 
não apenas pelo aspecto econômico, ponto central de toda a atividade produtiva, mas 
também por outros aspectos não materiais não menos importantes que fornecem ao 
trabalhador a realização como indivíduos, a autoconfiança, a autoestima e o 
reconhecimento social. 
Sendo assim, o labor é um ato imprescindível para o ser humano, pois se refere à 
própria sobrevivência e ao seu condicionamento social. É através do trabalho que o 
indivíduo pode criar a cultura, a linguagem, a história e a si mesmo. Pode-se observar 
a referida importância pela polêmica afirmação de Karl Marx, em sua conhecida obra, 
O Capital, conforme transcrito abaixo: 
“O trabalho é a propriedade fundamental do homem, que este é, em certa 
medida, criado pelo trabalho e não mais criado por Deus”. 
O homem trabalhador, contudo, no exercício de suas atividades, teve sua 
integridade física e capacidade produtiva ameaçada pelos acidentes da caça, da pesca 
e da guerra, que eram consideradas as atividades mais importantes de sua época. 
Depois, quando o homem das cavernas se transformou em artesão, descobrindo o 
minério e os metais que puderam facilitar seu trabalho pela fabricação das primeiras 
ferramentas, conheceu também as primeiras doenças do trabalho, provocadas pelos 
próprios materiais que utilizava. 
A partir daí, grande parte das atividades às quais o homem tem se dedicado ao longo 
dos anos apresenta uma série de riscos em potencial, frequentemente concretizados 
em lesões que afetam sua integridade física e/ou sua saúde. 
O risco é uma característica inevitável da existência humana. Nem o homem, nem as 
organizações e a sociedade às quais ele pertence podem sobreviver por um longo 
período sem a existência de tarefas perigosas. 
Com a Revolução Industrial, surgiram as primeiras fábricas modernas, a extinção das 
fábricas artesanais e o fim da escravatura, conduzindo a mudanças profundas na 
 
 
PERÍCIAS TÉCNICAS EM INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 3 
econômica e na sociedade. Contudo, foi com o surgimento das primeiras indústrias 
que os acidentes de trabalho se alastraram, tomando proporções alarmantes. Os 
acidentes eram, em grande parte, provocados por substâncias e ambientes 
inadequados, dadas as condições subumanas em que as atividades fabris se 
desenvolviam, e grande era o número de doentes e mutilados. 
Para resolver esses problemas, inicialmente surgiram os trabalhadores especializados 
e mais treinados para manusear equipamentos complexos, que necessitavam de 
cuidados especiais para garantir maior proteção e melhor qualidade; todavia, só após 
a segunda metade do século XX, adotou-se definitivamente o conceito prevencionista 
de segurança do trabalho, dando função importante aos processos produtivos. 
No Brasil, as relações de trabalho passaram a ser regidas pela Consolidação das Leis 
do Trabalho (CLT), Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, que, no seu Capítulo 
V do Título II, pela primeira vez aborda a questão da segurança no trabalho. No 
entanto, grande reformulação desse assunto aconteceu em 1967, quando se destacou 
a necessidade de organização das empresas com a criação do SESMT (Serviços 
Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho). O grande 
salto qualitativo da legislação brasileira em segurança do trabalho ocorreu em 1978 
com a introdução das primeiras normas regulamentadoras (NR) do Ministério do 
Trabalho. 
O artigo 189 da CLT conceitua a insalubridade, definindo que toda e qualquer atividade 
que, acima dos limites estipulados, cause danos à saúde do empregado seja 
denominada como atividade insalubre. O art. 190 cita “limites de tolerância fixados”; 
para essa fixação, é delegado ao Ministério do Trabalho regulamentar os limites. 
Assim, esses limites foram estipulados na Norma Regulamentadora 15 da Portaria nº 
3.214/1978, que impõe limites ao empregador quando ele expuser o empregado a 
agentes agressivos. 
Particularmente, a NR-16 (atividades e operações perigosas) regulamenta as 
atividades e as operações legalmente consideradas perigosas, estipulando as 
recomendações prevencionistas correspondentes. Especificamente no que diz respeito 
ao anexos n° 1, atividades e operações perigosas com explosivos, e n° 2, atividades e 
operações perigosas com inflamáveis, ela tem a sua existência jurídica assegurada 
através dos artigos 193 a 197 da CLT. 
 
 
PERÍCIAS TÉCNICAS EM INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 4 
A fundamentação legal, ordinária e específica, que dá embasamento jurídico à 
caracterização da energia elétrica como sendo o 3° agente periculoso, está na Lei n° 
7.369, de 22 de setembro de 1985, que institui o adicional de periculosidade para os 
profissionais da área de eletricidade. 
A NR-4 estabelece o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do 
Trabalho (SESMT), que reúne uma equipe multidisciplinar composta por técnico de 
segurança do trabalho, engenheiro de segurança do trabalho, médico do trabalho e 
enfermeiro do trabalho. 
A especialização em engenharia de segurança do trabalho habilita os profissionais de 
qualquer modalidade da engenharia, arquitetos e agrônomos a exercerem nas 
empresas a função de engenheiro de segurança do trabalho. Essa habilitação é 
concedida pelo sistema Confea/Crea por meio de apostilamento na carteira profissional 
das novas habilitações que são acrescentadas às obtidas no curso de graduação. 
Segundo resolução do Confea nº 359, de 31 de julho de 1991, as atividades dos 
agrônomos, engenheiros de qualquer modalidade profissional e arquitetos que tenham 
cursado a especialização, em nível de pós-graduação, em engenharia de Segurança 
do trabalho, são, entre outras, as de inspecionar locais de trabalho no que se relaciona 
com a segurança do trabalho, delimitando áreas de periculosidade. 
O estabelecimento dessas áreas de periculosidade não é muitas vezes facilmente 
delimitado e gera divergências entre o trabalhador e os empregadores, resultando em 
conflitos judiciais. No Brasil, o art. 114 da Constituição Federal de 1988 define que a 
competência para decidir tais conflitos é da justiça do trabalho. 
As demandas na justiça com questões ligadas às condições nas quais uma atividade 
de labor é desenvolvida, necessitando definir se são perigosas ou não, muitas vezes 
exigem a atuação de um profissional com formação específica. 
O engenheiro de segurança do trabalho e o médico do trabalho são os profissionais 
habilitados a realizar tais investigações, tendo em vista que o juiz não tem 
conhecimento técnico para avaliar e examinar os fatos. As atividades desses 
profissionais são denominadas na justiça de perícias e são materializadas num laudo 
técnico que transmite ao magistrado o conhecimento necessário para o julgamento da 
lide. 
 
 
PERÍCIAS TÉCNICAS EM INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 5 
A proposta deste texto é desenvolver uma metodologia de elaboração de laudos 
periciais em ações trabalhistas para caracterização de insalubridade e/ou 
periculosidade para trabalhadores em contato com os agentes previstos nas NR-15 e 
NR-16, auxiliando os diversos profissionais, sobretudo engenheiros de segurança do 
trabalho, a exercerem a atividade de perito judicial. 
 
A justiça do trabalho 
A Constituição Federal de 1988 define a competência da justiça do trabalho: 
 
Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios 
individuais e coletivos entre trabalhadores e empregadores, 
abrangidos os entes de direito público externo e da 
administração pública direta e indireta dos Municípios, do Distrito 
Federal, dos Estados e da União, e, na forma da lei,outras 
controvérsias decorrentes da relação de trabalho, bem como os 
litígios que tenham origem no cumprimento de suas próprias 
sentenças inclusive coletivas. 
 
Em resumo, tudo o que se relacionar com conflitos entre trabalhadores e empregados, 
no plano individual ou coletivo, resultante da relação de emprego, é da competência 
da justiça do trabalho. 
Cabe ressaltar que, por decisão do Supremo Tribunal Federal (no 492, de 12 de 
dezembro de1992), a justiça do trabalho não julga as ações dos servidores públicos 
nos seus diversos níveis, mas apenas os trabalhadores regidos pela Consolidação das 
Leis Trabalhistas (Decreto-lei no 5.452, de 1º de maio de 1943). 
Para o exercício das suas funções, a justiça do trabalho é subdividida em três graus: 
As varas do trabalho são consideradas instâncias de primeiro grau responsáveis por 
julgar os dissídios individuais, ou seja, as controvérsias surgidas nas relações de 
trabalho entre o empregador (pessoa física ou jurídica) e o empregado (este sempre 
como indivíduo, pessoa física). Esse conflito chega à vara na forma de reclamação 
trabalhista (RT). 
As instâncias de segundo grau são constituídas pelas turmas de juízes dos Tribunais 
Regionais do Trabalho (TRT), normalmente localizados nas capitais dos Estados, que 
 
 
PERÍCIAS TÉCNICAS EM INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 6 
julgam os recursos ordinários contra decisões das varas do trabalho, agravos de 
instrumento, ações originárias (dissídios coletivos de categorias de sua área de 
jurisdição – sindicatos patronais ou de trabalhadores organizados em nível regional), 
mandados de segurança, ações rescisórias de decisões suas ou das varas, entre 
outros. 
O Tribunal Superior do Trabalho (TST) é o terceiro grau da estrutura da justiça do 
trabalho. É composto por 17 ministros, togados e vitalícios, nomeados pelo Presidente 
da República. Tem por principal função uniformizar a jurisprudência trabalhista. Julga 
recurso de revista, recursos ordinários e agravos de instrumento contra decisões dos 
TRTs e dissídios coletivos de categorias nacionalmente organizadas, como bancários, 
aeronautas, aeroviários, petroleiros e outros, além de mandados de segurança, 
embargos opostos a suas decisões. 
O Ministério Público do Trabalho (MPT) é órgão do Ministério Público da União (MPU). 
De acordo com a Constituição Federal, é uma instituição permanente e essencial às 
funções da justiça. Não faz parte do poder judiciário nem do poder executivo. Cabe ao 
Ministério Público a “defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses 
sociais e individuais indisponíveis”. Outra função do MPT é coordenar as ações entre 
a justiça do trabalho e os ministérios do Emprego e Trabalho e da Previdência Social. 
A Procuradoria-Geral do Trabalho emite parecer nos processos que tramitam no 
Tribunal Superior do Trabalho (TST), não sendo considerado voto, tratando-se apenas 
da posição desse órgão na matéria em exame. Trata-se de uma orientação que pode 
o tribunal levar em conta, mas que não decide a matéria em julgamento. 
O processo trabalhista diz respeito a toda a sequência de acontecimentos e aos 
procedimentos relacionados a uma demanda judicial, tendo por objetivo alcançar os 
meios necessários para sair uma resolução da forma prevista em lei. Seu elemento 
principal é o que comumente é chamado de processo ou autos. Será por meio de seu 
conteúdo que se buscará chegar à verdade dos fatos: por depoimentos e pelos 
documentos acostados em defesa dos interesses das partes litigantes. Pelo processo 
também se estabelece o convencimento do julgador e sua tomada de decisão, sendo 
nele registrado todos os acontecimentos. 
 
 
 
PERÍCIAS TÉCNICAS EM INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 7 
Os principais atores do processo são juiz, partes (demandante (s) e demandado (s)) e 
os auxiliares do juízo (escrivão, perito, intérprete, auxiliares da secretaria da vara). 
Cada um desses elementos tem papel especifico no andamento do processo. A seguir, 
é apresentada a sequência de atividades em uma reclamação trabalhista. 
Os processos trabalhistas podem ter, a critério do juiz, a audiência desdobrada. 
Normalmente, ocorrem 3 (três) ou 4(quatro) audiências em cada ação: audiência 
inaugural (ou inicial), audiência de instrução, audiência de encerramento e razões 
finais (menos comum) e audiência de julgamento (essa, na prática, em regra, não 
ocorre de fato). 
 
Audiência 
 
Na audiência inicial, o não comparecimento do reclamante dá ensejo ao arquivamento 
do processo. Todavia, essa ausência pode ser justificada se o for por motivo de 
doença. O reclamado, se for o patrão, tem a faculdade de se fazer representar por 
preposto ou gerente que tenha conhecimento dos fatos. 
A audiência é iniciada com o questionamento da possibilidade de acordo. A proposta 
conciliatória é obrigatória por lei e, por isso, deve constar da ata de audiência, sob 
pena de nulidade do processo. 
Uma vez não obtida a conciliação, deve o reclamado apresentar na audiência a sua 
contestação, acompanhada, pelo menos, dos seguintes documentos: procuração, 
carta de preposto (se for o caso) e produção de provas documentais. Alguns juízes 
concedem o prazo de 5 (cinco) dias para o exame dos documentos ofertados pelas 
partes. Na audiência de instrução, as partes são intimadas para prestar depoimento 
pessoal. 
 
Provas 
 
As provas devem versar tão somente sobre os fatos controvertidos. Vale destacar que 
não pode haver contestação genérica. Deve o advogado do reclamado, a partir do que 
tiver sido argumentado na inicial, rebater ponto a ponto preferencialmente, pois o que 
 
 
PERÍCIAS TÉCNICAS EM INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 8 
não tiver sido contestado será considerado fato incontroverso sobre o qual não se 
produzem provas. 
Ao teor do que estabelece o art. 818 da CLT, o ônus da prova recai sobre aquele que 
alega (em princípio, o trabalhador). Entretanto, muitas vezes, para negar um fato, a 
parte contrária contrapõe um outro extintivo ou modificativo do direito alegado. 
Exemplo: o empregador, para negar a demissão injusta, sustenta que houve abandono 
do emprego. Nesse caso, o ônus probatório é atraído para a parte que fez a alegação, 
ou seja, ocorre a chamada inversão do ônus da prova. 
Observe-se, assim, que, em havendo simples negativa do que tiver sido alegado 
inicialmente pelo reclamado, com ele permanece o ônus de provar suas alegações. Se 
não tiver sido provado o alegado, o juiz decide em detrimento daquele que deveria tê-
lo feito e não se desincumbiu disso. 
Os meios de prova são: documental, testemunhal, pericial, confissão. Não existe 
hierarquia com relação às provas, o juiz pode decidir livremente a partir do seu 
convencimento. Assim, não há a supervalorização de qualquer tipo de prova em 
detrimento de outra. 
As nulidades das provas devem ser arguidas na primeira oportunidade em que a parte 
falar nos autos. Assim, o cerceamento de defesa, no caso do indeferimento de prova 
testemunhal, por exemplo, deve ser objeto de protesto para evitar a preclusão, pois 
as decisões interlocutórias não são atacáveis mediante agravo no processo do 
trabalho. 
 
Prova documental 
Quanto à forma, o documento apresentado como prova respeita as regras do art. 830 
da CLT, ou seja, deve ser original, cópia autenticada ou certidão a respeito. Se o 
original estiver em poder da parte contrária, pode-se requerer que o juiz determine a 
exibição (mesmo na hipótese de não se ter a cópia do documento, esse pedido pode 
ser feito). 
Se a parte contrária não exibir o documento, presumir-se-á verdadeiro o fato alegado 
que daquela prova dependia. 
O momento oportuno para apresentação de provas documentais para o reclamante é 
a petição inicial; para o reclamado, é o momento da contestação. Fora desses 
 
 
PERÍCIAS TÉCNICAS EM INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 9 
momentos, é possível, mas o documento passará pelo crivo do juiz, que poderáou 
não deferir a produção da prova. Respeita-se aqui, por aplicação subsidiária, a regra 
inserta no art. 397 do CPC. 
 
Prova oral 
O depoimento pessoal do reclamante só é considerado prova quando ele confessar 
algo diferente do alegado anteriormente ou quando confirmar o alegado pela outra 
parte. 
Os advogados podem relacionar as testemunhas com a qualificação ou convidá-las 
para o comparecimento espontâneo. São ouvidas em primeiro lugar as testemunhas 
do reclamante, após o que haverá a oitiva das testemunhas do reclamado. As 
testemunhas são qualificadas e advertidas de que “estão ali para dizer apenas a 
verdade”, sob pena da prática de crime de falso testemunho. Em seguida, prestam 
compromisso. A oitiva obedece ao sistema presidencialista: todas as perguntas devem 
ser feitas através do juiz, que poderá ou não deferir a pergunta. 
 
Prova pericial 
A prova pericial é utilizada sempre que se faz necessário o parecer de um especialista 
(expert) sobre determinado assunto diante de uma situação de fato não provada nos 
autos. O resultado final do trabalho desse perito é apresentado através do chamado 
laudo pericial. 
Nos casos de insalubridade e periculosidade (art. 195, § 2o, CLT), a perícia é 
obrigatória, mesmo diante de confissão e revelia, por expressa determinação legal. 
Caso seja indeferida a produção da prova pericial, de forma a ensejar o cerceamento 
de defesa, mesmo que a parte interessada na produção da prova tenha a sentença 
julgado a seu favor, convém que, se a outra parte recorrer da decisão, no prazo das 
contrarrazões, seja interposto o recurso adesivo. 
A perícia mais comumente utilizada no processo do trabalho é a contábil. Há ainda a 
perícia médica nos casos de insalubridade e a grafotécnica para a hipótese de falsidade 
documental, além de outras. 
O juiz não está adstrito ao laudo do perito para fundamentar sua decisão, uma vez 
que ela deve ser tomada pelo seu livre convencimento. 
 
 
PERÍCIAS TÉCNICAS EM INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 10 
Uma vez determinada a perícia, as partes devem apresentar os seus respectivos 
quesitos para que o perito proceda a determinadas verificações. Podem também 
indicar, por sua conta, assistente técnico para acompanhar o trabalho pericial. Caso o 
laudo pericial não esclareça o suficiente, poderão ainda os advogados protestar pelo 
oferecimento de quesitos suplementares ou solicitar esclarecimentos. A parte que não 
concordar com o laudo pericial deve manifestar sua discordância expressamente a fim 
de que não ocorra a preclusão. 
Os honorários do perito são normalmente adiantados pela parte que solicita a perícia 
e ressarcidos por quem não lograr provar o fato alegado cuja prova lhe competia, e 
não necessariamente por aquele que perder a ação. 
 
Razões finais 
Ocorrem logo após a renovação da proposta conciliatória, que, se deixar de ser 
realizada, enseja nulidade do processo. Na prática, a maioria dos advogados 
trabalhista dispensa as razões finais. 
 
Sentença 
Após as razões finais, segue-se a sentença, que é sempre publicada em audiência. 
Finda a audiência, as partes já devem sair com um acordo ou uma sentença prolatada. 
Há um dispositivo que autoriza o juiz a proferir a sentença e juntar a fundamentação 
em 48 horas. 
Toda sentença trabalhista está inserida numa ata de audiência, pois somente pode ser 
prolatada em audiência. 
A sentença trabalhista é composta, no rito ordinário, de 3 partes: relatório, 
fundamentação e conclusão. Na fundamentação, o juiz informará os motivos que o 
levaram a formar a sua convicção, analisando as preliminares e as questões de mérito. 
No mérito, o juiz julgará a ação procedente, parcialmente procedente (caso em que 
se diz que houve sucumbência recíproca) ou improcedente. 
 
A prova pericial A perícia judicial ocorre quando o juiz necessita de conhecimento 
técnico ou especializado de um profissional para poder tomar certas decisões nos 
julgamentos. Tanto o juiz como qualquer uma das partes poderão solicitar a perícia. 
 
 
PERÍCIAS TÉCNICAS EM INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 11 
Assim que o juiz compreender que haverá necessidade da prova pericial, ele nomeia 
o perito, que, por sua vez, terá prazo de 5 (cinco) dias para fixar o valor dos seus 
honorários, os quais deverão ser pagos por quem solicitou a perícia ou quem o juiz 
determinar. É nesse momento que surge o perito, auxiliando o juiz com seus 
conhecimentos técnicos ou especializados, esclarecendo o litígio de acordo com as 
imposições determinadas pelo juiz, visando à apresentação de um parecer técnico ou, 
excepcionalmente, a uma apresentação verbal. 
Dessa forma, ganha a prova pericial relevado destaque quando houver no processo 
fatos cuja percepção ou apreciação dependa de conhecimentos técnicos especializados 
não exigíveis do juiz nem das partes. 
Como o juiz não é suficientemente apto para proceder direta e pessoalmente à 
verificação e mesmo à apreciação de certos fatos, suas causas ou consequências, o 
trabalho visando tal objetivo se fará por pessoas entendidas na matéria, quer dizer, a 
verificação e a apreciação se operarão por meio de perícia. Assenta-se ela, por 
conseguinte, na conveniência ou necessidade de se fornecerem ao juiz conhecimentos 
de fatos que ele, pessoalmente, por falta de aptidões pessoais, não conseguiria obter 
ou, pelo menos, não obteria com a clareza e segurança requeridas para a formação 
da convicção, ou, ainda, que ele não poderia ou deveria pessoalmente colher sem 
sacrifício ou desprestígio das funções do magistrado. 
A perícia é, portanto, um meio de prova, sendo por meio dela que o julgador toma 
certa a decisão, sendo o perito o responsável pelos erros tomados pelo julgador, que 
usou como base a prova pericial para a tomada de decisões. 
A prova é um instrumento colocado à disposição dos litigantes para demonstrar a 
existência dos fatos alegados, tendo como finalidade a formação da convicção em 
torno dos mesmos fatos. 
A prova pericial destina-se ao juiz, pois é ele quem precisa formar o convencimento 
sobre a verdade dos fatos a fim de dar solução ao litígio existente entre as partes, 
podendo, para tanto, o perito utilizar-se de todos os meios legais em busca dessa 
verdade. O Código de Processo Civil (CPC), em seu artigo 473, em especial no 
parágrafo 3º, diz que: 
 
 
 
 
PERÍCIAS TÉCNICAS EM INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 12 
Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes 
técnicos podem valer-se de todos os meios necessários, ouvindo 
testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que 
estejam em poder da parte, de terceiros ou em repartições 
públicas, bem como instruir o laudo com planilhas, mapas, 
plantas, desenhos, fotografias ou outros elementos necessários 
ao esclarecimento do objeto da perícia. 
Os meios de prova encontrados no CPC são: 
 
- depoimento pessoal, tratado nos artigos 342 a 347; 
- confissão, tratada nos artigos 348 a 354; 
- exibição de documento ou coisa, tratada nos artigos 355 e 363; 
- prova documental, tratada nos artigos 363 a 391; 
- prova testemunhal, tratada nos artigos 400 a 419; 
- prova pericial, tratada nos artigos 420 a 439; 
- inspeção judicial, tratada nos artigos 440 a 443. 
 
Segundo o art. 420 do CPC, a prova pericial consiste em: exame, vistoria e avaliação. 
O exame é a inspeção judicial feita por perito que tem por objeto pessoas, animais ou 
coisa móveis de qualquer espécie. 
Vistoria é a inspeção judicial feita por perito que tem por objeto bem imóvel para 
constatar sua localização, estado ou outra circunstância qualquer. 
Avaliação ou arbitramento é a apuração do valor em dinheiro de coisas, direitos ou 
obrigações em litígio. 
A função primordial da prova é a de transformar os fatos relativos à lide, de natureza 
técnica ou científica, em verdade formal ou certeza jurídica. A prova pericial tem por 
função afiançar que os fatos técnico-científicos e os fatos da engenhariade segurança 
do trabalho venham a se constituir na certeza jurídica, excluindo a decisão do 
magistrado de suas convicções pessoais ou suposições: sua convicção é adquirida com 
base nas provas produzidas nos autos. 
Ao perito é vedado externar sua opinião pessoal sobre o que se debate nos autos do 
processo judicial: ele deve se restringir ao relato dos fatos, objeto da lide tal qual os 
tenha analisado, em conformidade aos princípios fundamentalmente aceitos da 
engenharia de segurança e sua boa técnica. 
 
 
PERÍCIAS TÉCNICAS EM INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 13 
Como já informado anteriormente, o ônus da prova é dever de quem alega ou nega 
determinado fato no interesse de fortalecer e validar tais alegações. Quem oferecer as 
provas mais convincentes certamente obterá sucesso. Nenhuma das partes está 
obrigada a produzir provas; contudo, não fazendo, arcará com as consequências. 
 
O engenheiro de segurança do trabalho como perito 
 
O engenheiro de segurança do trabalho e o médico do trabalho são os profissionais 
que podem executar as perícias de insalubridade e periculosidade. Contudo, é mais 
relacionada à engenharia de segurança a questão de periculosidade. 
O Capítulo V do Título II da CLT dispõe especificamente sobre a qualificação do perito 
no que tange aos adicionais de risco de insalubridade e periculosidade. 
A falta de qualificação e habilitação específica, com relação à natureza dos fatos 
submetidos à perícia, pode motivar a impugnação pelas partes do profissional 
nomeado. Cabe, no entanto, às partes verificar a qualificação do perito quando de sua 
nomeação e arguir nessa ocasião o impedimento, e não depois de realizada a perícia 
ante o resultado desfavorável para a parte. Se a prova pericial requerer competências 
diferentes, o juiz poderá determinar mais de uma perícia, nomeando, para cada uma, 
profissionais com a requerida qualificação. Nos locais onde não houver perito, o próprio 
juiz requisitará a perícia ao órgão competente do Ministério do Trabalho na 
caracterização das atividades insalubres e perigosas. 
A especialização em engenharia de segurança do trabalho habilita o profissional de 
qualquer modalidade da engenharia, arquitetos e agrônomos a exercerem nas 
empresas a função de engenheiro de segurança do trabalho. Essa habilitação é 
concedida pelo sistema Confea/Crea por meio de apostilamento na carteira profissional 
das novas habilitações que são acrescentadas às obtidas no curso de graduação. 
Segundo resolução do Confea nº 359, de 31 de julho de 1991, as atividades dos 
agrônomos, engenheiros de qualquer modalidade profissional e arquitetos que tenham 
cursado a especialização, em nível de pós-graduação, em engenharia de segurança do 
trabalho são, entre outras, as de inspecionar locais de trabalho no que se relaciona 
com a segurança do trabalho, delimitando áreas de insalubridade e periculosidade. 
 
 
 
PERÍCIAS TÉCNICAS EM INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 14 
Nomeação do perito 
Segundo o artigo 145 do CPC, ocorre a nomeação do perito quando “A prova do fato 
depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por perito”. A 
nomeação do perito será feita pelo juiz por uma comunicação formal, sendo por 
mandado de intimação ou carta de intimação, segundo o CPC, art. 421: “O juiz 
nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo”. Mediante um 
mandado de intimação é que o perito fica ciente de sua nomeação. 
Quando o perito aceitar fazer perícia, ele deverá estar ciente de que o trabalho pericial 
tem cunho eminentemente pessoal. Por essa razão, diz-se que é indelegável. Contudo, 
o perito pode obter a colaboração de auxiliares, que operem sob sua permanente 
orientação e supervisão, mantendo-se consciente de tudo o que está sendo feito e 
como está sendo feito. 
A nomeação, a escolha ou a contratação para o exercício do encargo de perito deve 
ser considerada como distinção e reconhecimento da capacidade e honorabilidade do 
profissional, devendo ele se escusar dos serviços por motivo legítimo ou foro íntimo, 
ou sempre que reconhecer não estar capacitado a desenvolvê-los, contemplada a 
utilização do serviço de especialista de outras áreas, quando parte do objeto da perícia 
assim o requerer. 
A escusa ocorre por motivo legítimo; sendo assim, a lei determina que o perito pode 
escusar-se ou ser recusado por impedimento ou suspeição. Ao aceitar a escusa ou 
julgar procedente a impugnação, o juiz nomeará novo perito (art. 467, CPC). 
 
Honorários 
Após ter aceitado a nomeação, o perito faz a solicitação de seus honorários através de 
petições, demonstrando o valor do seu trabalho através de argumentos por escrito e, 
se for o caso, por planilha, relacionando suas despesas com o desenvolvimento do 
trabalho. Determinado o valor fixo, esse poderá ser reajustado no caso de a carga 
horária ultrapassar o previsto; desde que ele tenha se precavido, o reajuste também 
poderá ser solicitado de acordo com a inflação. 
 
 
 
 
PERÍCIAS TÉCNICAS EM INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 15 
Os honorários periciais incluem: o deslocamento necessário até e desde o local de 
levantamento de fatos, comunicações e diligências para a realização dos 
levantamentos, o uso de equipamentos (câmara fotográficas, equipamentos de 
medição e avaliação ambiental), serviços de terceiros (revelação de filmes, cópias 
fotográficas, laboratórios, entre outros), os investimentos realizados nesses estudos 
(aquisição de bibliografia e normas específicas), a experiência profissional, muitas 
vezes em anos de atividades, o tempo dedicado a estudos prévios, estadia e custos 
associados (alimentação e hospedagem), caso sejam necessários. Esses parâmetros 
podem ser utilizados pelo perito na especificação do valor dos honorários solicitados 
ao juiz, que pode deferi-lo integral ou parcialmente. 
O juiz pode determinar que a parte responsável pelo pagamento dos honorários do 
perito deposite em juízo o valor correspondente a essa remuneração. O numerário, 
recolhido em depósito bancário à ordem do juízo e com correção monetária (TR + 
0,5%), será entregue ao perito após a apresentação do laudo, facultada a sua 
liberação parcial quando solicitada (CPC, art. 95). 
Existe anexado a este trabalho um modelo de petição de estimativa de honorários 
periciais. 
 
Legislação de apoio à perícia 
Por ser um assunto legal, a perícia trabalhista de periculosidade encontra na 
Constituição Federal as primeiras diretrizes: o art. 7o, inciso XXII, que trata da redução 
dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de saúde, higiene e segurança, 
e o inciso XXIII, que estabelece adicional de remuneração para as atividades penosas, 
insalubres ou perigosas na forma da lei. 
A Consolidação das Leis trabalhistas (CLT) traz, em seu Título II, Capítulo V, as 
orientações específicas sobre as questões relativas à segurança e à medicina do 
trabalho. Em especial na seção XIII deste capítulo, temos orientações quanto às 
atividades insalubres ou perigosas contidas no conjunto dos artigos 189 a 197. 
A Portaria nº 3.214, de 08 de junho de 1978, aprova as normas regulamentadoras 
(NR) do Capítulo V do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho relativas à 
segurança e à medicina do trabalho. Relativamente às perícias trabalhistas de 
insalubridade e de periculosidade, respectivamente, há as NRs 15 (atividades e 
 
 
PERÍCIAS TÉCNICAS EM INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 16 
operações insalubres)–, a 16 (atividades e operações perigosas) e a 20 (líquidos 
combustíveis e inflamáveis). 
No caso da periculosidade relativamente à energia elétrica, além do contido no anexo 
4 da NR-16, há também as determinações contidas no anexo ao Decreto nº 93.412, 
de 14 de outubro de 1986. 
A abrangência do conteúdo dessas normas regulamentadoras é aplicada, no que convir 
aos trabalhadores avulsos, às entidades ou às empresas contratantes e aos sindicatos 
que representamas categorias profissionais. 
Sendo assim, segue abaixo um resumo das NRs para cada tipo de agente: 
 
INSALUBRIDADE 
 
NR-15 - Portaria nº 3214, de 08 de junho de 1978. 
 
• Ruído contínuo ou intermitente - anexo 1; 
• Ruídos de impacto - anexo 2; 
• Calor - anexo 3; 
• Radiações ionizantes - anexo 5; 
• Trabalho sob condições hiperbáricas - anexo 6; 
• Radiações não ionizantes - anexo 7; 
• Vibrações - anexo 8; 
• Frio - anexo 9; 
• Umidade - anexo 10; 
• Agentes químicos com limites de tolerância - anexo 11; 
• Poeiras minerais - anexo 12; 
• Agentes químicos (sem limites de tolerância) - anexo 13; 
• Agentes biológicos - anexo 14. 
 
 
 
 
 
 
 
PERÍCIAS TÉCNICAS EM INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 17 
PERICULOSIDADE 
 
NR-16 - Portaria nº 3214, de 08 de junho de 1978. 
 
• Explosivos - anexo 1 da NR-16 da Portaria 3214/78; 
• Inflamáveis - anexo 2 da NR-16 da Portaria 3214/78; 
• Roubos ou violência física profissionais de segurança pessoal ou patrimonial - 
anexo 3 da NR-16 da Portaria 3214/78; 
• Energia elétrica - anexo 4 da NR-16 da Portaria 3214/78; 
• Radiações ionizantes ou substâncias radioativas - Portaria nº 3.393, de 17 de 
dezembro de 1987. 
 
Além disso, a fixação dos adicionais de insalubridade e periculosidade é estabelecida 
também nas respectivas normas regulamentadoras. 
 
ADICIONAL DE INSALUBRIDADE 
 
A Norma Regulamentadora nº 15, item 15.2, da Portaria 3214/78 estabelece que o 
exercício de trabalho em condições de insalubridade assegura ao trabalhador a 
percepção de adicional, incidente sobre o salário mínimo, equivalente a: 
 
• 40% (quarenta por cento) para insalubridade grau máximo; 
• 20% (vinte por cento) para insalubridade grau médio; 
• 10% (dez por cento) para insalubridade grau mínimo. 
 
GRAUS DE INSALUBRIDADE 
 
• MÁXIMO: Radiações ionizantes, trabalho sob condições hiperbáricas, poeiras 
minerais, alguns agentes químicos (quadro nº 1 do anexo nº 11 e anexo nº 13 da NR-
15) e alguns agentes biológicos (anexo nº 14 da NR-15); 
 
 
PERÍCIAS TÉCNICAS EM INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 18 
• MÉDIO: Ruído, calor, radiações não ionizantes, vibrações, frio, umidade, alguns 
agentes químicos (quadro nº 1 do anexo nº 11 e anexo nº 13 da NR-15) e alguns 
agentes biológicos (anexo nº 14 da NR-15); 
• MÍNIMO: Alguns agentes químicos (quadro nº 1 do anexo nº 11 e anexo nº 13 
da NR-15). 
 
As avaliações podem ser tanto qualitativas quanto quantitativas. 
Tanto a periculosidade como, principalmente, a insalubridade são definidas pela 
análise do agente nocivo no ambiente de trabalho. 
As referidas avaliações dos agentes podem ser caracterizadas como qualitativa ou 
quantitativa: 
 
• Qualitativa: a nocividade é presumida e independe de mensuração, 
constatada pela simples presença do agente no ambiente do trabalho, 
conforme constante nos anexos 6, 13, 13-A, e 14 da Norma 
Regulamentadora nº 15 (NR-15) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) 
e no anexo IV do RPS, para os agentes iodo e níquel; 
 
• Quantitativa: quando a nocividade é considerada pela ultrapassagem dos 
limites de tolerância ou doses, dispostos nos anexos 1, 2, 3, 5, 8, 11 e 12 
da NR-15 do MTE, por meio da mensuração da intensidade ou da 
concentração, consideradas no tempo efetivo da exposição no ambiente de 
trabalho. 
• 
 
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE 
 
A Norma Regulamentadora nº 16, item 16.2, da Portaria 3214/78 estabelece que o 
exercício do trabalho em condições de periculosidade assegura ao trabalhador a 
percepção de adicional de 30% (trinta por cento) incidente sobre o salário, sem os 
acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da 
empresa. 
 
Cabe ressaltar que, em relação às normas regulamentadoras, elas não desobrigam as 
empresas do cumprimento de outras disposições que estejam contidas em códigos de 
 
 
PERÍCIAS TÉCNICAS EM INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 19 
obras ou regulamentos sanitários dos estados ou municípios, além daquelas que forem 
acordadas em convenções e acordos coletivos de trabalho. 
São adotados também outros documentos normativos, como os da Associação 
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e da Fundacentro, que é uma autarquia 
vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego, cuja função é desenvolver e difundir 
conhecimentos sobre saúde e segurança do trabalho. 
As constantes mudanças na própria sociedade dão um caráter dinâmico à legislação, 
que deve se ajustar ou evoluir para adequar-se a essas mudanças, o que torna 
imprescindível ao perito sua atualização contínua no que pertence a essa legislação. 
 
Equipamentos de proteção individual (EPIs) 
O equipamento de proteção individual (EPI), criado na Lei 6.514, de 22 de dezembro 
de dezembro de 1977 (artigos 166, 167 – NR-6 - Portaria 3.214/78 MTE. Alterada para 
Portaria 25, de 15 de outubro de 2001), é de uso individual e tem por finalidade 
neutralizar a ação de agentes que podem causar lesões ao trabalhador, além de 
protegê-lo contra possíveis danos à saúde causados pelas condições de trabalho. 
O uso dos EPIs é uma medida de proteção fundamental quando não houver como 
eliminar o risco e, também quando for necessário, como complemento à proteção 
coletiva em trabalhos eventuais e em exposições de curto período. 
O serviço de engenharia e segurança e medicina do trabalho deve sugerir o uso do s 
EPIs sempre que não for possível eliminar, neutralizar ou diminuir o risco, com a 
adoção de medidas de proteção geral. 
A NR-6 define a seleção e a indicação de fornecimento de cada tipo de EPI. 
A necessidade da utilização de EPIs característicos para cada atividade se dá em 
função do risco de insalubridade que pode ocorrer no local de trabalho. Contudo, a 
neutralização dos riscos, através do uso do EPI, é de difícil verificação. Os EPIs, ainda 
que aprovados pelo Ministério do Trabalho e implementados com orientação e 
instruções de uso, não asseguram isso de imediato, cabendo uma avaliação da sua 
eficácia. Um dos indicadores de eficiência pode ser verificado através dos resultados 
dos exames periódicos dos trabalhadores. 
 
 
 
PERÍCIAS TÉCNICAS EM INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 20 
A seleção deve ser feita por pessoal competente, conhecedor do equipamento e das 
condições em que o trabalho é executado. É preciso conhecer as características, 
qualidades técnicas e, principalmente, o grau de proteção que o equipamento deve 
proporcionar. Deve-se verificar também se ele se adapta ao trabalhador e se este se 
adapta ao equipamento. 
 
Laudo pericial 
O laudo pericial é um documento legal realizado pelos peritos por solicitação de 
autoridade, normalmente magistrado da justiça do trabalho. Esse documento é 
resultado de exame pericial que tem fundamentos técnicos, podendo ser utilizado 
como meio de prova. Chama-se de laudo técnico pericial a esse documento. 
Sendo assim, o laudo pericial apresenta a caracterização dos fatos investigados e/ou 
levantados em relação aos aspectos de insalubridade e/ou periculosidade nas 
atividades dos trabalhadores com os diferentes agentes (materiais), fornecendo 
subsídios à formação de opinião do juiz para posterior julgamento de determinado 
aspecto em uma demanda trabalhista. Para tanto, o perito utiliza-se de visitas ao local 
de trabalho do reclamante, de entrevistas com pessoal da empresa e reclamante, de 
levantamento bibliográfico e medições, entre outras fontes técnicas e legais. 
Medições realizadas pelo perito devem ser entendidas como um retrato atual do posto 
de trabalho. Não há como garantir que tais medições reproduzam as condições que o 
trabalhador estava sujeito à época em que trabalhava na empresa reclamada. 
Alterações do nível de produção da empresa e todas as implantações dela decorrentes, 
bem como novos arranjos físicos, composições de matéria-prima, jornada de trabalho, 
podem conduzir a significativas diferenças entre o hoje observado e a realidade 
vivenciada outrora.Por isso, o laudo pericial deve ser conciso, preciso e esclarecedor. Isto é, não deve 
suscitar novas dúvidas nem se alongar exaustivamente, devendo atender 
completamente aos questionamentos formulados. 
 
Redação do laudo pericial 
O laudo pericial deve ser redigido em duas vias, devendo a primeira ser entregue à 
secretaria da vara do trabalho em que tramita o processo juntamente com os autos 
 
 
PERÍCIAS TÉCNICAS EM INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 21 
para a devida baixa da carga e responsabilidade sobre os mesmos, enquanto a outra 
é arquivada pelo perito, no mínimo, até a conclusão do processo e dos prazos para 
recursos previstos em lei, ou seja, até o trânsito em julgado da decisão judicial. 
O perito deve dosar adequadamente as palavras e redigir de forma direta e simples, 
cabendo apenas a descrição do ambiente de trabalho constatado e das informações 
pertinentes colhidas, as quais, em confronto com as questões apresentadas pelas 
partes e pelo juiz, resultem num relato e na emissão de opinião. 
O estilo não pode conter em demasia termos técnicos, sob pena de se tornar 
incompreensível ao magistrado que irá utilizar-se dele para estruturar sua decisão. 
Tampouco pode pautar-se apenas por termos leigos, sob pena de torná-lo inacessível 
aos assistentes técnicos das partes. 
Na confecção do laudo pericial, destacam-se alguns itens abaixo identificados que 
servem de subsídios à sua redação: 
 
• O uso da terminologia, autor ou reclamante, réu ou ré, reclamada ou 
reclamado; 
 
• No caso de ação com vários reclamantes, ou em caso de substituição 
processual, em que o sindicato autor substitui os empregados, devem ser 
nominados todos os empregados envolvidos, com a indicação da situação 
de cada um. Exemplo: para um, existe periculosidade; para outro, não existe 
periculosidade; 
 
• No corpo do laudo pericial, ou mesmo na conclusão, nunca deve o perito 
indicar qual a base de cálculo do adicional que está analisando, pois isso é 
atribuição do julgador. Por exemplo, se o perito concluir pela existência de 
periculosidade, deve simplesmente confirmar tal fato e não mencionar se o 
adicional é de 30% sobre a remuneração ou sobre outras verbas. 
• 
 
Constituição do laudo pericial 
Os laudos periciais de periculosidade e insalubridade são documentos de análise das 
condições de trabalho em relação às avaliações de risco do seu ambiente de labor. 
O procedimento detalhado no laudo quanto à insalubridade e à periculosidade seguem, 
essencialmente, o mesmo modelo. Os laudos técnicos devem abordar os seguintes 
aspectos: 
 
 
PERÍCIAS TÉCNICAS EM INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 22 
1. INTRODUÇÃO: onde constam o motivo do trabalho (insalubridade ou 
periculosidade), a qualificação do perito, a indicação (folhas dos autos) se convier; 
2. INFORMAÇÕES INICIAIS: neste item, informa um resumo da peça inicial do 
reclamante, contestação da ré e período de apuração; 
3. DILIGÊNCIAS: este tópico é dedicado às informações dos contatos realizados com 
as partes, além de informar também o dia em que foi realizada a perícia, o local, quem 
recebeu, quem acompanhou, quem serviu de paradigma (modelo); 
4. RELATÓRIO: cabe neste item informar a metodologia utilizada para elaboração do 
laudo, além dos subitens abaixo: 
4.1. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DO RECLAMANTE: apresenta o reclamante, sua 
função, atividades, local de atuação e o período de labor na empresa. 
Se for constatado que a empresa fornecia treinamento, deve ser mencionado pelo 
perito (que verificará a questão em documentos); 
4.2. DESCRIÇÃO DO AMBIENTE DE TRABALHO: descreve o local de trabalho do 
reclamante e fluxograma de trabalho. Esta parte do laudo deve ser a mais precisa 
possível, incluindo, se possível, fotos, desenhos, croquis. Na descrição do local de 
atuação do reclamante, devem constar as características físicas do ambiente de 
trabalho (dimensão, tipo de construção, localização do local de atuação do autor - 
setor, piso, telhado, ventilação, aeração, iluminação e outros dados em que houver 
necessidade de sua inclusão, maquinários e produtos fabricados ou material 
pertinentes à atividade da empresa/reclamante). Neste item, deve-se descrever 
também os equipamentos de segurança coletiva implantados nos setores visitados; 
4.3. POSSÍVEIS RISCOS OCUPACIONAIS: deve-se identificar nas atividades do 
reclamante os maquinários operados, produtos manipulados, a maneira como é 
executada a tarefa, adotando como parâmetro as atividades desenvolvidas por 
paradigma (se houver). Descrever também se o reclamante permanecia de pé, 
sentado. Enquadrar os agentes insalubres e perigosos nos itens das NR-15 e/ou NR-
16. Se existir a necessidade de realizar medições, deve ser mencionado o equipamento 
utilizado durante a perícia, informando marca e data de aferição do mesmo, além dos 
resultados obtidos nestas aferições; 
4.4. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPIS: deverá incluir neste item, 
se existirem, os equipamentos de segurança individuais utilizados pelos trabalhadores 
 
 
PERÍCIAS TÉCNICAS EM INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 23 
da empresa visitada, verificar a ficha de fornecimento e reposição de EPIs assinada 
pelo reclamante na qual se identificam tipo, nível de proteção, fabricante, CA; 
4.5. TEMPO DE EXPOSIÇÃO AO RISCO: neste item, é delimitada a exposição do 
trabalhador ao agente (insalubre e/ou perigoso) em caráter eventual, intermitente ou 
permanente. Ou seja, em situações eventuais e esporádicas, que não fazem parte da 
rotina de trabalho diária, não é considerado o mesmo enquadramento. Sendo a 
exposição habitual, ainda que intermitente, deve-se considerar a exposição como 
permanente para fins de enquadramento; 
5. RESPOSTAS AOS QUESITOS: os quesitos das partes deverão ser respondidos na 
ordem ofertada, destacando as respostas, procurando ser claro e objetivo, e, se houver 
necessidade, complementar o laudo durante essas respostas; 
6. CONCLUSÃO: neste item, devem constar todos os dados obtidos durante a perícia, 
de forma resumida, informando o resultado da avaliação realizada, dentro do que 
impõe a NR de informar o agente e o grau da mesma (no caso da empresa ou da 
atividade do autor). No caso de periculosidade, também deve constar o anexo em que 
a empresa está caracterizada como periculosa (empresa ou atividade do autor), 
citando a lei (NR-15, informando de forma sucinta o anexo e o grau de insalubridade, 
ou NR-16, se existir periculosidade) e delimitando o período; 
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS: informar o término do trabalho, se colocando ao inteiro 
dispor das partes, e em especial do juízo, para prestar quaisquer novos 
esclarecimentos julgados necessários. 
 
Conclusão 
Neste trabalho, foi proposta e avaliada uma metodologia para a elaboração de laudo 
pericial para caracterização de insalubridade e periculosidade dos trabalhadores em 
atendimento às demandas de ações trabalhistas. Com base nas investigações 
efetuadas, pôde-se verificar a aplicação dessa metodologia na formação dos 
engenheiros de segurança do trabalho e, sobretudo, nos novos peritos trabalhistas. 
O poder judiciário trabalhista necessita de provas, e algumas delas são realizadas com 
a colaboração dos peritos engenheiros de segurança do trabalho, que atuam como 
auxiliadores da justiça. A perícia é, portanto, um meio de prova que as partes podem 
utilizar para garantir seus direitos na justiça. 
 
 
PERÍCIAS TÉCNICAS EM INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 24 
A perícia trabalhista de insalubridade e/ou periculosidade é um ramo da engenharia 
de segurança do trabalho de grande responsabilidade que deve ser desenvolvida por 
profissional com capacidade adquirida por meio de formação sólida e de vivência na 
área. A perícia judicial exige que o perito tenha muita experiência em assuntos de 
segurança do trabalho, além de fortes conhecimentos sobre direito processual, pois a 
decisão do juiz, na maioria dos casos, é adotada com base naopinião do perito. 
A contribuição deste trabalho centrou-se em apresentar procedimentos, rotinas e 
sistematização para a elaboração de laudos periciais de periculosidade a fim de que se 
buscasse uma conduta pautada na legislação existente, enfocando a atuação do 
engenheiro de segurança do trabalho. 
Na complexidade das leis, portarias, normas regulamentadoras, apresentaram-se 
dados para utilização pelos profissionais de engenharia de segurança, destacando-se 
aqueles pertinentes aos procedimentos para elaboração de laudos periciais de 
insalubridade e/ou periculosidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PERÍCIAS TÉCNICAS EM INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 25 
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