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Características dos laudos periciais

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DESCRIÇÃO
O papel dos peritos e dos assistentes técnicos na elaboração de avaliações, perícias e laudos técnicos
ligados à segurança do trabalho.
PROPÓSITO
Durante uma demanda trabalhista, a elaboração do laudo pericial, feita pelo perito nomeado pelo juízo, é
fundamental para que o juiz apresente sua sentença ao final do processo. Porém, as partes envolvidas,
seja reclamante ou reclamada, têm o direito, por meio de seus respectivos assistentes técnicos, de
emitir seus laudos, concordantes ou discordantes, conforme entenderem as abordagens e a conclusão
do perito judicial.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer a importância dos laudos periciais
MÓDULO 2
Analisar a elaboração dos laudos do perito e dos assistentes técnicos
A IMPORTÂNCIA DO LAUDO PERICIAL NO PROCESSO
TRABALHISTA
MÓDULO 1
 Reconhecer a importância dos laudos periciais
LIGANDO OS PONTOS
 
Foto: Shutterstock.com
Os laudos periciais são fundamentais para que o juiz tenha entendimento das demandas e, a partir de
sua análise, possa emitir a sentença. Assim, o laudo pericial é peça fundamental em uma demanda
judicial trabalhista.
Veja o case a seguir.
Após ser nomeado pela Vara do Trabalho de determinada comarca de um município, o perito do juízo
aceitou essa honrosa nomeação e agendou, com os assistentes técnicos das partes envolvidas na
demanda processual trabalhista, a data da diligência para as avaliações do ambiente de trabalho onde o
reclamante laborou para a reclamada. Durante essa diligência, verificou-se que as atividades
transcorreram sob exposição ao calor decorrente de trabalho a céu aberto, em função da exposição
permanente ao sol sofrida pelo trabalhador. Outro fator importante foi a exposição à vibração e ao ruído
ocupacional, visto que suas operações ocorriam com equipamentos manuais que emitiam tais agentes
nocivos. O perito utilizou-se de equipamentos de medições para as avaliações quantitativas de ruído e
de vibração.
Apresentou em seu laudo uma conclusão informando o seguinte:
Este perito do juízo constatou, por meio de medições quantitativas, que o reclamante faz jus ao
adicional de 20% incidentes sobre o salário mínimo, durante todo o período imprescrito de sua
jornada laboral.
Por meio das avaliações técnicas quantitativas para o ruído ocupacional, ficou evidenciado que os
níveis de exposição, apesar de estarem acima dos níveis de ação, estavam abaixo dos limites de
tolerância. Logo, por todo o período, não faz jus a nenhum adicional.
Este perito não considerou o calor por exposição ao sol em suas considerações técnicas.
Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos?
1. A RECLAMADA, APÓS VERIFICAR A CONCLUSÃO DO PERITO DO JUÍZO,
ENTROU COM A IMPUGNAÇÃO POR MEIO DE SEU PATRONO, VISTO QUE NÃO
CONCORDOU COM O RECONHECIMENTO DO ADICIONAL DURANTE O
PERÍODO IMPRESCRITO, OU SEJA, REFERENTE AOS CINCO ÚLTIMOS ANOS
DE JORNADA LABORAL. O JUIZ DESCONSIDEROU A IMPUGNAÇÃO E
MANTEVE O LAUDO OFICIAL EMITIDO PELO EXPERT, OU SEJA, PELO
ESPECIALISTA DA JUSTIÇA. NESSE CASO, É CORRETO AFIRMAR QUE
A) o perito agiu corretamente ao considerar, de acordo com a legislação trabalhista, as avaliações
referentes aos cinco últimos anos, e, nesse sentido, o juiz manteve seu trabalho técnico.
B) não cabe ao perito informar em sua peça processual o período em que um adicional seria devido,
cabendo apenas ao juiz essa decisão.
C) o risco não está atrelado a determinado período, ou seja, durante toda a jornada laboral, caso o
trabalhador tenha atuado sob condições nocivas, o adicional será devido de forma retroativa pelos 100%
do tempo de exposição.
D) o laudo pericial deverá sempre se limitar às informações técnicas, não cabendo abordar a questão do
período laborado, bem como o percentual que lhe for devido.
E) o laudo deverá conter todos os riscos referentes a toda a jornada laboral, e não apenas no período
imprescrito.
2. EM SEU LAUDO TÉCNICO, O PERITO DESCONSIDEROU O CALOR.
CONSIDERANDO ESSA INFORMAÇÃO, ASSINALE A OPÇÃO CORRETA:
A) O perito atuou de forma correta ao desconsiderar o calor por fonte natural.
B) O perito deveria avaliar, mesmo qualitativamente, esse agente e inserir a informação em seu laudo.
C) O perito errou em desconsiderar as avaliações quantitativas do calor nesse caso.
D) O calor, seja de qualquer fonte, deverá ser considerado como agente nocivo.
E) O perito deveria avaliar os equipamentos de proteção individual para constatar a eficácia de sua
proteção para o reclamante.
GABARITO
1. A reclamada, após verificar a conclusão do perito do juízo, entrou com a impugnação por meio
de seu patrono, visto que não concordou com o reconhecimento do adicional durante o período
imprescrito, ou seja, referente aos cinco últimos anos de jornada laboral. O juiz desconsiderou a
impugnação e manteve o laudo oficial emitido pelo expert, ou seja, pelo especialista da Justiça.
Nesse caso, é correto afirmar que
A alternativa "A " está correta.
 
O perito do juízo agiu corretamente ao avaliar tecnicamente apenas o período imprescrito do
reclamante, seguindo a própria legislação trabalhista e referendado pela correta decisão do magistrado.
2. Em seu laudo técnico, o perito desconsiderou o calor. Considerando essa informação, assinale
a opção correta:
A alternativa "A " está correta.
 
As fontes de calor, bem como os agentes físicos para avaliações periciais e apresentação em laudo,
somente devem ser consideradas se elas tiverem origem nos postos de trabalho, emitidas por máquinas
e por equipamentos. Logo, fontes naturais de calor não são consideradas para fins ocupacionais e
respectivos pagamentos de adicionais de insalubridade.
3. OBSERVOU-SE, NA CONCLUSÃO DO PERITO DO JUÍZO,
QUE ELE NÃO CONSIDEROU O RUÍDO OCUPACIONAL
COMO ELEMENTO DE ENQUADRAMENTO DE ADICIONAL
DE INSALUBRIDADE, MESMO ESTANDO ACIMA DOS NÍVEIS
DE AÇÃO. AGIU CORRETAMENTE O EXPERT DA JUSTIÇA?
RESPOSTA
Ao realizar as avaliações quantitativas de ruído ocupacional, o perito constatou, por meio de seus
equipamentos de medições, que o reclamante atuou acima dos níveis de ação, ou seja, acima de 80dB
(A)/8horas, mas abaixo dos limites de tolerância estabelecidos pela Norma Regulamentadora – NR 15 em
seu Quadro I, que é de 85dB (A)/8horas. Nesse sentido, agiu corretamente ao não considerar as atividades
do reclamante como insalubres, o que não significa dizer que ele estaria protegido durante seu pacto laboral.
Sob o ponto de vista da insalubridade, seu parecer técnico foi inquestionável.
O LAUDO DO PERITO E AS CONSIDERAÇÕES DOS
ASSISTENTES TÉCNICOS
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LAUDO PERICIAL
O laudo pericial é o relato das impressões captadas pelo técnico em torno do fato litigioso, ou seja, de
uma reclamação trabalhista, por meio dos conhecimentos especiais de quem o examinou. Essas
impressões podem ser materializadas por meio de avaliações qualitativas, como para os agentes
biológicos; ou por meio de avaliações quantitativas, com equipamentos de medições específicos para
cada agente físico ou químico a ser avaliado.
Como as demais provas, a pericial trabalhista se sujeita à livre apreciação do juiz (art. 131 e art. 436),
não vinculando a aceitação do seu resultado. Ou seja, apesar de nomeado pelo juízo da Vara do
Trabalho, um perito entrega o seu laudo no prazo estabelecido pelo magistrado, porém não significará
que seu trabalho será de pleno convencimento do juiz. Nesse sentido, é fundamental entendermos que
o laudo pericial, de extrema importância no rito processual em função de suas características técnicas,
poderá não ser aceito em algumas circunstâncias:
 
Imagem: Danielle Ribeiro
Quando carecer de fundamentação lógica, se, por exemplo, o perito subtrair ao conhecimento do juiz e
dos interessados os motivos em que se baseou para emitir a sua opinião, nenhum valor poderá ser
atribuído ao seu laudo.
 
Imagem: Danielle Ribeiro
Quando outros elementos de prova do processo conduzirem à formação da convicção diversa daquela
apontada pelo perito,pois a perícia não é prova hierarquicamente superior às demais provas, e na
técnica do Código de Processo Civil o juiz não se vincula à opinião do perito, mas apenas à sua própria
convicção.
 ATENÇÃO
Observe que os aspectos anteriormente exemplificados em uma prova pericial nos deixam cientes de
que o perito são os “olhos” do juiz em uma prova pericial, mas não significa, absolutamente, que o seu
laudo será, inequivocamente, utilizado para a decisão do magistrado. Outras provas, inclusive a dos
próprios assistentes técnicos das partes envolvidas, poderão ser objetos de seu convencimento e
consequente sentença.
O laudo pericial é uma peça do processo, que deverá ser interpretada e avaliada pelo juiz ou pelo
Tribunal do Trabalho, como qualquer outro instrumento de prova e de convencimento, uma vez que o
laudo pericial é um dos meios de prova utilizados pelo juiz para proferir a sua sentença. O laudo pericial
é a materialização da prova pericial, que é um dos tipos de prova pericial definidos no Código de
Processo Civil e, neste sentido, poderá versar sobre variadas matérias e, neste nosso caso, em
questões de insalubridade e periculosidade, ou ambas em um mesmo processo trabalhista.
 
Foto: Shutterstock.com
Logo, conforme a matéria técnica que trata o processo ou a reclamação trabalhista, o juiz se valerá de
profissionais especializados para lhe garantirem as informações necessárias. São eles: o engenheiro de
segurança do trabalho ou o médico do trabalho. Vale lembrar que esses dois profissionais são os únicos
habilitados na Justiça do Trabalho para atuarem como peritos trabalhistas em casos de reclamações que
envolvam pedidos de insalubridade ou de periculosidade, porém é sempre conveniente lembrar que uma
reclamação trabalhista poderá abordar outros aspectos, como doenças relacionadas ao trabalho, com o
estabelecimento de nexo técnico epidemiológico, com a necessidade de avaliações médicas para a
verificação do estado de saúde física ou mesmo mental de um reclamante, e, nesse caso, somente o
médico do trabalho estará habilitado para uma possível nomeação.
LOGO, DIANTE DE MATÉRIA TÉCNICA QUE EXIGE
CONHECIMENTOS ESPECIALIZADOS, O JUIZ PEDIRÁ UM
LAUDO AO ESPECIALISTA RESPECTIVO, NO CASO, O
ENGENHEIRO DE SEGURANÇA DO TRABALHO.
Quando elaboramos um laudo pericial na condição de peritos nomeados pelo juiz, precisamos atentar
que estamos tratando com partes interessadas que podem não possuir o mesmo conhecimento técnico
que o expert nomeado pelo magistrado; logo, é fundamental que a linguagem utilizada em seu trabalho
seja objetiva e sem os tecnicismos que somente outros profissionais da área venham a entender.
 
Foto: Shutterstock.com
Após a entrega do laudo por parte do perito, o juiz intima as partes para tomarem conhecimento dele,
estabelecendo, a partir da sua publicação, o prazo para que os assistentes técnicos das partes ofereçam
suas considerações, concordantes ou discordantes, ou, ainda, para solicitar esclarecimentos, formular
quesitos adicionais (também chamados de suplementares) ou mesmo impugnar o laudo e pedir a
realização de nova perícia técnica, com agendamento prévio da futura diligência, com o objetivo de
responder às dúvidas ou de resolver as remanescentes, contidas no laudo anterior.
Todos os procedimentos, inclusive as respostas aos quesitos adicionais ou suplementares, exigirão a
carga dos autos e novo exame da causa, pelo intervalo de tempo que decorre entre a entrega do laudo e
a intimação para a complementação.
Outra possível situação a ocorrer após a entrega do laudo pericial pode acontecer quando o juiz solicitar
esclarecimentos adicionais ao perito, ou ainda, utilizar a data agendada para a audiência de instrução e
julgamento. Nesse caso, reagenda-se a audiência para data posterior e realiza-se, neste dia, uma
“audiência pericial”, na qual o perito do juiz e os assistentes técnicos poderão apresentar suas
considerações complementares e responder verbalmente às possíveis dúvidas geradas pelo laudo
oficial. Assim o juiz pode ampliar seu convencimento e sua decisão.
O IMPORTANTE NESTE CONTEXTO É QUE AS PARTES
DEVERÃO INDICAR COM ANTECEDÊNCIA OS QUESITOS A
SEREM RESPONDIDOS, POIS NÃO O FAZENDO, NA
AUDIÊNCIA, O PERITO PODE ALEGAR A COMPLEXIDADE
DA QUESTÃO E SOLICITAR PRAZO PARA RESPONDÊ-LOS.
Além disso, quando o trabalho adicional é significativo, exigindo tempo, dedicação e despesas extras, o
perito pode solicitar os honorários complementares correspondentes. Para que as dúvidas sejam
minimizadas, o profissional perito judicial, ao produzir seu trabalho para a Justiça, deve ser meticuloso
no desempenho de suas atividades, não devendo, absolutamente, agir de forma parcial ou com senso
comum, e sim imparcialmente em sua análise e na elaboração de seu laudo.
O profissional perito deve se policiar nos estudos do caso tratado para que finalize o laudo pericial com
pleno êxito, pois mesmo sendo um trabalho bem-feito, haverá sempre alguém que irá contestá-lo,
querendo assim impugná-lo.
LEGISLAÇÃO E NORMAS SOBRE LAUDO
PERICIAL
Observe o que aborda o Código de Processo Civil (CPC) em relação ao laudo pericial:
ART. 473
O laudo pericial deverá conter:
A exposição do objeto da perícia;
A análise técnica ou científica realizada pelo perito;
A indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser predominantemente aceito
pelos especialistas da área do conhecimento da qual se originou;
Resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do
Ministério Público.
§ 1º No laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação em linguagem simples e com coerência
lógica, indicando como alcançou suas conclusões.
§ 2º É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem como emitir opiniões pessoais
que excedam o exame técnico ou científico do objeto da perícia.
§ 3º Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes técnicos podem valer-se de todos os
meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam
em poder da parte, de terceiros ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com planilhas,
mapas, plantas, desenhos, fotografias ou outros elementos necessários ao esclarecimento do objeto da
perícia.
Percebe-se que, quanto ao que foi apontado no laudo do assistente técnico, o perito deve se atentar e
se declarar sobre os tópicos discordantes, mas deve ter um conhecimento técnico compatível, pois, se o
assistente técnico esclarecer tais tópicos discordantes, o lado do perito será negado, conforme
estabelece o CPC em seu art. 477:
ART. 477
O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da
audiência de instrução e julgamento.
§ 1º – As partes serão intimadas para, querendo manifestar-se sobre o laudo do perito do juízo no prazo
comum de 15 (quinze) dias, podendo o assistente técnico de cada uma das partes, em igual prazo,
apresentar seu respectivo parecer.
§ 2º – O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15 (quinze) dias, esclarecer ponto:
Sobre o qual exista divergência ou dúvida de qualquer das partes, do juiz ou do órgão do Ministério
Público;
Divergente apresentado no parecer do assistente técnico da parte.
§ 3º – Se ainda houver necessidade de esclarecimentos, a parte requererá ao juiz que mande intimar o
perito ou o assistente técnico a comparecer à audiência de instrução e julgamento, formulando, desde
logo, as perguntas, sob forma de quesitos.
§ 4º – Perito ou o assistente técnico será intimado por meio eletrônico, com pelo menos 10 (dez) dias.
Por meio das informações obtidas pelo entrevistado e das pesquisas realizadas, ficou clara a
importância da qualificação dos profissionais peritos e dos assistentes técnicos para a elaboração de
laudos periciais relacionados à segurança do trabalho. Conclui-se que, em relação ao perito judicial, é
fundamental que ele possua três quesitos essenciais: aptidão técnica, experiência e confiançado juízo,
principalmente em relação às perícias que buscam caracterizar e classificar a insalubridade e a
periculosidade em um ambiente de trabalho.
Para que tenhamos pleno entendimento quanto à importância de um laudo pericial, vale destacar, de
forma resumida, as seguintes informações complementares:
SOBRE O LAUDO PERICIAL
SOBRE O JUIZ
SOBRE AS ANÁLISES DAS DILIGÊNCIAS PERICIAIS
SOBRE O LAUDO PERICIAL
O laudo pericial é o relato das impressões captadas pelo técnico, em torno do fato litigioso, por meio dos
conhecimentos especiais de quem o examinou. Logo, como as demais provas, a perícia trabalhista se
sujeita à livre apreciação do juiz conforme determina o art. 131 e o art. 436, não vinculando a aceitação
do seu resultado.
SOBRE O JUIZ
O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer fase do processo, inspecionar pessoas
ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato, que interesse à decisão da causa. “Mediante a vistoria o
juiz recolhe as observações diretas dos próprios sentidos sobre as coisas que constituem objeto da lide,
ou atinentes a ela” (CHIOVENDA, 2009, p. 148).
SOBRE AS ANÁLISES DAS DILIGÊNCIAS PERICIAIS
Nas análises das diligências periciais, perito do juízo e assistentes deverão ter pleno conhecimento das
abordagens insalubres e periculosas, conforme estabelece a Portaria 3.214/78 do Ministério do Trabalho
e Emprego (atual Ministério da Economia), em suas Normas Regulamentadoras NRs 15 e 16,
respectivamente, conforme segue: a) Trabalho insalubre é aquele realizado em condições que expõem o
trabalhador a agentes nocivos à saúde acima dos limites tolerados, seja por sua natureza, intensidade
ou tempo de exposição. Logo, trabalhar em condições de insalubridade assegura ao trabalhador um
adicional sobre o salário mínimo da região e, se houver previsão convencional, esse adicional poderá
ser sobre o salário nominal. Esse adicional varia de acordo com o grau de insalubridade e é de: 40%,
para o grau máximo; 20%, para o grau médio; ou 10%, para o grau mínimo; e, b) Trabalho periculoso é
aquele realizado com atividades e operações que coloquem em risco acentuado o trabalhador, por meio
de exposições a combustíveis inflamáveis, explosivos, sistema elétrico, além de atividades de motoboy e
vigilantes armados, conforme Decreto (e não pelas Normas Regulamentadoras). Caso tais atividades
sejam caracterizadas em laudo pericial, o trabalhador terá direito a adicional de 30% incidentes sobre
seu salário-base.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. OS LAUDOS PERICIAIS DEVERÃO SER ENTREGUES NO PRAZO
ESTABELECIDO PELO JUIZ NA RESPECTIVA VARA DO TRABALHO DE SEU
VÍNCULO. APÓS RECEBIMENTO DO TRABALHO ELABORADO PELO EXPERT
DA JUSTIÇA, O JUIZ PODERÁ NÃO O UTILIZAR COMO PROVA DE SEU
CONVENCIMENTO, NÃO FICANDO LIMITADO AO LAUDO PERICIAL EMITIDO
PELO PERITO JUDICIAL NA SEGUINTE SITUAÇÃO:
A) Quando o laudo pericial for elaborado por um engenheiro de segurança do trabalho.
B) Quando o laudo pericial for elaborado por um médico do trabalho.
C) Quando o laudo técnico pericial versar sobre temas de insalubridade ou de periculosidade.
D) Quando o laudo pericial tratar de insalubridade por agentes biológicos e não apresentar avaliações
quantitativas de vírus e bactérias no posto de trabalho do reclamante.
E) Quando o laudo carecer de fundamentação lógica, se, por exemplo, o perito subtrair ao conhecimento
do juiz e dos interessados os motivos em que se baseou para emitir a sua opinião, nenhum valor poderá
ser atribuído ao seu laudo.
2. OS LAUDOS PERICIAIS DEVERÃO SEGUIR CORRETAMENTE O PRÓPRIO
FLUXO DO PROCESSO TRABALHISTA, LOGO, NESSE SENTIDO, SEGUINDO O
ESTABELECIDO PELO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL EM SEU ARTIGO 477, O
PRAZO LIMITE FIXADO PELO JUIZ DA VARA TRABALHISTA PARA QUE O
PERITO FAÇA A ENTREGA DE SEU LAUDO SERÁ DE
A) 5 dias da audiência de conciliação.
B) 30 dias da sentença.
C) 20 dias da audiência de instrução e julgamento.
D) 10 dias da audiência de conciliação.
E) 10 dias contados a partir de sua nomeação.
GABARITO
1. Os laudos periciais deverão ser entregues no prazo estabelecido pelo juiz na respectiva Vara
do Trabalho de seu vínculo. Após recebimento do trabalho elaborado pelo expert da Justiça, o
juiz poderá não o utilizar como prova de seu convencimento, não ficando limitado ao laudo
pericial emitido pelo perito judicial na seguinte situação:
A alternativa "E " está correta.
 
Os laudos periciais, que podem ser realizados por profissionais, engenheiros de segurança ou médicos
do trabalho nomeados pelo juiz, podem não ser considerados pelo magistrado, se, por exemplo,
carecerem de fundamentação técnica, ou ainda se apresentarem abordagens não condizentes com as
Normas Regulamentadoras.
2. Os laudos periciais deverão seguir corretamente o próprio fluxo do processo trabalhista, logo,
nesse sentido, seguindo o estabelecido pelo Código de Processo Civil em seu artigo 477, o prazo
limite fixado pelo juiz da Vara Trabalhista para que o perito faça a entrega de seu laudo será de
A alternativa "C " está correta.
 
De acordo com o artigo 477 do CPC: “O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo fixado pelo juiz,
pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento”.
MÓDULO 2
 Analisar a elaboração dos laudos do perito e dos assistentes técnicos
LIGANDO OS PONTOS
 
Foto: Shutterstock.com
Nos processos trabalhistas, os laudos periciais merecem especial atenção em função de diversas
peculiaridades e informações para serem apreciadas pelo magistrado. Vamos analisar o cenário a seguir
considerando esses aspectos de um laudo pericial.
Veja o case a seguir.
Em uma demanda trabalhista, o perito do juízo apresentou em seu laudo oficial as seguintes
informações técnicas.
Por meio da vistoria no local de trabalho, constatou-se que não há existência de concentrações
excessivas de agentes químicos, conforme avaliações químicas demonstradas no Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) ao longo do pacto laboral, ou seja, as concentrações dos
produtos químicos em suspensão não ultrapassam o permitido. Por outro lado, de acordo com as
atividades do reclamante, ele atuava no posto de trabalho de reparo e pintura, onde há presença
comprovada das substâncias álcool isopropílico e tolueno, as quais são facilmente absorvidas pela pele,
conforme quadro do referido anexo, o que exigiria o uso contínuo de luvas adequadas e a aplicação de
creme protetivo. Quando é identificado um agente químico com características de absorção também
através da pele, não há limites seguros de exposição, tornando a avaliação qualitativa, conforme requer
o item 2 do anexo 11 e Manual de Proteção Respiratória, referência técnica no Brasil. A legislação, em
seu item 2 do anexo nº 11, cita: “Todos os valores fixados no Quadro N 1 – Tabela de Limites de
Tolerância – são válidos para absorção apenas por via respiratória.”
Não há limites mínimos quando a contaminação também ocorrer pela pele, uma vez que as substâncias
com esse tipo de característica podem ser rapidamente metabolizadas pelo organismo, tal como se
tivessem sido inaladas. Quando o agente químico entra em contato com o tecido, diferentes eventos
podem ocorrer: o agente químico pode se difundir na epiderme, nas glândulas sebáceas e sudoríparas e
nos folículos pilosos, e ingressar na corrente sanguínea para posterior ação sistêmica. Os efeitos
resultam da atuação de agentes tóxicos sobre as células ou os tecidos situados distantes do local de
acesso, após sua absorção e distribuição pelo organismo. Dessa forma, mesmo identificadas em baixa
concentração, as substâncias tolueno e álcool isopropílico, possuindo como características a absorção
também pela pele, são nocivas ao organismo do reclamante.
CONCLUSÃO PERICIAL: Por meio da perícia no local de trabalho, constatou-se que há presença de
substâncias tóxicas capazes de causar danos ao organismo do autor, caracterizando-se o
enquadramento legal da insalubridade, em grau médio, conforme item 5 do anexo nº 11da NR-15 da
Portaria nº 3.214/78.
Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos?
1. FICOU CLARO, NO LAUDO PERICIAL, QUE O EXPERT DEIXOU EVIDENCIADO
QUE A AUSÊNCIA DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
ESPECÍFICOS PARA OS AGENTES QUÍMICOS AVALIADOS FOI DECISIVA PARA
QUE O RECLAMANTE TIVESSE DIREITO AO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.
NESSES TERMOS, É CORRETO AFIRMAR QUE
A) para alguns agentes nocivos, os equipamentos de proteção individual podem servir como redutores
das exposições.
B) esse tipo de avaliação somente estaria correto caso a abordagem fosse de natureza periculosa.
C) em um laudo pericial, apenas as proteções coletivas devem ser abordadas; logo, o EPIs devem ser
desconsiderados para todo e qualquer fim.
D) os equipamentos de proteção individual, estando com seus certificados de aprovação corretos,
servem para eliminar os riscos e encerrar a discussão sobre insalubridade.
E) nesse caso específico, apenas as medidas administrativas deveriam ser consideradas no trabalho do
vistor.
2. O PERITO DEFINIU EM SUA CONCLUSÃO PELO ADICIONAL EM GRAU MÉDIO
PARA O RECLAMANTE. ELE AGIU CORRETAMENTE NESSE CASO?
A) Não, ele deveria aplicar o adicional de 30% incidentes sobre o salário-base.
B) Em função da natureza qualitativa da avaliação, deveria aplicar o grau máximo da insalubridade.
C) O perito agiu corretamente em aplicar o grau médio para essa exposição do reclamante.
D) O perito errou em suas abordagens, visto que todos os agentes químicos podem ser avaliados
quantitativamente.
E) Nesse caso, caberia ao juiz definir qual adicional seria devido ao reclamante.
GABARITO
1. Ficou claro, no laudo pericial, que o expert deixou evidenciado que a ausência de
equipamentos de proteção individual específicos para os agentes químicos avaliados foi decisiva
para que o reclamante tivesse direito ao adicional de insalubridade. Nesses termos, é correto
afirmar que
A alternativa "A " está correta.
 
Os equipamentos de proteção individual poderão minimizar os riscos em relação às possíveis
exposições nocivas do trabalhador, especificamente para os agentes físicos, químicos ou biológicos;
logo, as abordagens constantes no parecer do expert foram perfeitas em suas considerações e
conclusão.
2. O perito definiu em sua conclusão pelo adicional em grau médio para o reclamante. Ele agiu
corretamente nesse caso?
A alternativa "C " está correta.
 
Na Reclamação Trabalhista em tela, em função de nem todos os agentes químicos permitirem
avaliações quantitativas, o perito agiu corretamente ao avaliar o PPRA da reclamada e os equipamentos
de proteção individual disponibilizados para o reclamante em seu período de trabalho para a reclamada.
Assim, seguiu os trâmites corretos ao concluir pela insalubridade, em grau médio, com base no item 5
do anexo nº 11 da NR-15 da Portaria nº 3.214/78.
3. EM FUNÇÃO DAS CONSIDERAÇÕES E, ESPECIALMENTE,
DA CONCLUSÃO APRESENTADA PELO PERITO JUDICIAL,
APRESENTE TRÊS PONTOS QUE PODERIAM SER
QUESTIONADOS PELO ASSISTENTE TÉCNICO DA
RECLAMADA NESSA RECLAMAÇÃO TRABALHISTA.
RESPOSTA
O assistente técnico da reclamada poderá, nesse caso, apresentar, os seguintes questionamentos em seu
trabalho discordante:
Quais são os modelos comparativos entre as avaliações qualitativas estabelecidas no PPRA e o apresentado
nas Fichas de Informações de Segurança dos Produtos Químicos (FISPQs) dos fabricantes?
A luva fornecida pela reclamada possuía registros e certificados de aprovação expedidos pelo Ministério do
Trabalho? Não auxiliou em nenhum momento na redução dos referidos agentes?
A reclamada realizava treinamentos periódicos para a conscientização quanto às medidas de proteção para
seus colaboradores? Importante registrá-los em seu laudo.
COMO ELABORAR UM LAUDO PERICIAL?
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COMO ELABORAR UM LAUDO PERICIAL?
Vamos agora abordar a característica de um laudo pericial trabalhista, trazendo para você, neste
momento, um modelo de laudo elaborado por profissional perito do juízo, com os comentários e as
análises específicas em sua composição.
O exemplo que apresentaremos a seguir trata-se de uma perícia para apuração de adicional de
periculosidade, sob o ponto de vista da Norma Regulamentadora – NR-16, de acordo com as atividades
ou as operações de riscos acentuados e a respectiva conclusão para a avaliação e a sentença do juiz.
 
Imagem: Márcio Jorge Gomes Vicente
Vejamos a seguir.
OBJETIVO
Inspecionar os locais de trabalho onde o Reclamante exerceu suas funções como funcionário da
Reclamada;
Identificar áreas de risco e condições perigosas nos locais de trabalho;
Responder os quesitos do Reclamante e da Reclamada.
CONSIDERAÇÕES
O Laudo Pericial observou criteriosamente os seguintes princípios fundamentais:
O Laudo Pericial foi elaborado com estrita observância dos postulados constantes do Código de
Ética Profissional do CONFEA;
Os honorários profissionais do Perito não estão, de forma alguma, sujeitos às conclusões deste
laudo;
O Perito não tem nenhuma inclinação pessoal em relação à matéria envolvida neste laudo, nem
contempla, tanto agora, quanto no futuro, qualquer interesse nos bens relativos a esta perícia;
No melhor conhecimento e crédito do Perito, as análises, opiniões e conclusões expressadas no
presente trabalho são baseadas em dados, diligências e levantamentos verdadeiros e corretos, de
acordo com os padrões normalmente aceitos;
O presente trabalho observou rigorosamente o previsto no artigo 195 da CLT, Lei n.º 6514, de 22
de dezembro de 1977, Portaria nº 3214 de 8 de junho de 1978, Norma Regulamentadora nº 10,
Instalações e Serviços de Eletricidade. As diligências foram realizadas no dia XX/XX/XXXX, às
11:00 horas, na sede administrativa da Reclamada, local em que o Reclamante trabalhou, sito na
Rua do XXXXXX nº XXX, no Centro desta cidade, em companhia do Reclamante e do
XXXXXXXXXX, Assistente Técnico da parte Reclamada.
DESCRIÇÃO DOS LOCAIS DE TRABALHO E ATIVIDADES
DESEMPENHADAS PELO RECLAMANTE
No período de XX/XX/XXXX (admissão) até XX/XX/XXXX (demissão), o Reclamante atuou como
mantenedor do Depósito, da Reclamada, em todas as áreas, realizando atividades de manutenção
preventiva, corretiva, emergências e melhorias em instalações tipo:
Eletrônica: no-breaks, alarmes, CFTV e som.
Mecânica: ar-condicionado, serralheria, elevadores, letreiros.
Predial: hidráulica, reparos em revestimentos, pisos, forros, paredes, divisórias e argamassas,
marcenaria, carpintaria, limpeza de lojas, telhados e impermeabilizações, elétrica de alta e baixa
tensão.
Durante todo o pacto laboral, o Reclamante tinha acesso e precisava frequentar subestações elétricas e
cabines de quadros eletrônicos para operar comandos e monitorar informações de funcionamento do
sistema conforme fotos anexas.
Foto 1 – Vista da entrada da subestação elétrica.
 
Foto: Shutterstock.com
Foto 2 – Vista interior da subestação elétrica.
 
Foto: Shutterstock.com
Foto 3 – Vista do medidor.
 
Foto: Shutterstock.com
O reclamante, no exercício de suas atividades, não estabelecia contato com substâncias inflamáveis ou
explosivas. Não houve divergências entre o reclamante e a reclamada relacionadas aos locais de
trabalho e às atividades desempenhadas.
DESCRIÇÃO DOS RISCOS ENVOLVIDOS NAS ATIVIDADES
LABORAIS
No período descrito, as ações diretas de manutenção em rede elétrica de alta tensão não eram rotina do
reclamante, porém medições eram realizadas por ele quase que diariamente, em subestação elétrica
situada no pavimento térreo, do prédio da administração e das lojas da reclamada. Embora utilizasse
EPIs, como luvas de borracha, as atividades de “Manobras em subestação” e “Leitura em consumidores
de alta tensão”, realizadas pelo reclamante, são sujeitas à possibilidade de energização acidental ou de
falha operacional.
DO ENQUADRAMENTO LEGAL
Conforme a Norma Regulamentadora NR-16, constam do “Quadro de Atividades e Operações
Perigosas”, as atividades de “Manobras em subestação” e“Leitura em consumidores de alta tensão” e a
área de risco “Pátios e sala de operação de subestação”.
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE: Art. 193 – Parágrafo 1º: “O trabalho em condições de
periculosidade assegura ao empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os
acréscimos resultantes de gratificações, prêmios, ou participações nos lucros da empresa”.
QUESITOS DO RECLAMANTE
1 – Queira o I. perito informar se os serviços executados em subestações elétricas, a teor da Lei nº
7.369 e Dec. 93412, estão enquadrados como sendo periculosos.
Resposta: Sim. Conforme o art. 2º da Lei 7.369 “são equipamentos ou instalações elétricas em situação
de risco aqueles de cujo contato físico ou exposição aos efeitos da eletricidade possam resultar
incapacitação, invalidez permanente ou morte. Mantendo a característica de outras situações de
periculosidade, o Decreto 93.412/86 apresenta um quadro em que as atividades estão acompanhadas
de suas respectivas áreas de risco. A análise cuidadosa desse quadro nos permite resumir as atividades
da seguinte forma: a) Atividades de construção, operação e manutenção de redes de linhas aéreas e
subterrâneas, usinas, subestações, cabinas de distribuição e áreas afins; b) Atividades de inspeção,
testes, ensaios, calibração, medição, reparo e treinamento em equipamentos e instalações elétricas.
Duas observações importantíssimas complementam este resumo: Obs. 1. os equipamentos e as
instalações referidos podem ser de alta ou baixa tensão, mas devem ser integrantes de sistemas
elétricos de potência; Obs. 2. os equipamentos e as instalações referidos podem estar energizados ou
desenergizados, mas com possibilidade de energização acidental ou por falha operacional”.
2 – Queira o I. perito informar se em caso de fornecimento de luva contra choques elétricos e de
calçados com a mesma finalidade ao empregado excluem-se totalmente os riscos ao empregado e se
exonera o empregador do pagamento do adicional de periculosidade, quando em labor dentro de
subestações elétricas.
Resposta: Não. Quem trabalha dentro de subestações elétricas está sujeito à possibilidade de
energização acidental ou de falha operacional.
3 – Queira o I. perito informar se em caso de reparos elétricos realizados em altura superior a três
metros existe risco de morte/incapacidade/invalidez para o operador.
Resposta: Sim.
4 – Queira o I. perito informar se, de acordo com a relação em anexo, as subestações relacionadas
podem gerar o ganho do adicional de periculosidade para seus operadores/ mantenedores.
Resposta: O exercício de atividades em subestações elétricas implica o pagamento do adicional de
periculosidade para seus operadores/ mantenedores.
5 – Queira o I. perito informar qualquer outra questão pertinente ao presente processo.
Resposta: Na próxima série de quesitos.
QUESITOS DA RECLAMADA
1. As funções e as atividades exercidas pelo reclamante na empresa reclamada; favor especificar.
Resposta: Atendido no item 3 deste laudo.
2. O reclamante realizava atividades relacionadas com a geração, distribuição ou manutenção em
sistemas elétricos de potência?
Resposta: Atendido no item 3 deste laudo.
3. O reclamante, no exercício de suas atividades, estabelecia contato com substâncias inflamáveis ou
explosivas?
Resposta: Não. Atendido do item 3 deste laudo.
4 – Qual é o local de trabalho e os riscos relacionados, que caracterizem a condição de periculosidade?
Resposta: Atendido do item 4 deste laudo.
5 – O reclamante desenvolvia atividades relacionadas com a manutenção em sistemas hidráulicos e a
manutenção em sistemas de refrigeração? Em caso afirmativo, tais atividades ensejavam caracterizar a
periculosidade?
Resposta: Sim, o reclamante desenvolvia atividades relacionadas com a manutenção em sistemas
hidráulicos e a manutenção em sistemas de refrigeração, porém essas atividades não caracterizam
periculosidade.
CONCLUSÃO
De todo o exposto, resta ao perito do juízo concluir que no período de XX/XX/XXXX (admissão) até
XX/XX/XXXX (demissão) as ações diretas de manutenção em rede elétrica de alta tensão não eram
rotina do reclamante, porém medições eram realizadas quase que diariamente, por ele, em subestação
elétrica situada no pavimento térreo, do prédio da administração e das lojas da reclamada. As atividades
de “Manobras em subestação” e “Leitura em consumidores de alta tensão” são realizadas em áreas de
risco com características típicas de ambiente perigoso e estão sujeitas à energização acidental ou à
falha operacional. Portanto, em nosso entender, o reclamante faz jus ao adicional pleiteado de 30%
(trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou
participações nos lucros da empresa.
E, nada mais havendo, encerro o presente laudo ressalvando o disposto no art. 435 do CPC.
XXXXXXXXXXXX, XX de XXXXXXXXX de XXXX.
XXXXXX XXXX XXXXX XXXXXXX
Considerações importantes sobre o laudo pericial:
 
Imagem: Danielle Ribeiro
Ao apresentar o laudo pericial, a primeira página deve ser dirigida ao juiz, solicitando-lhe o
“levantamento” ou o pagamento de seus honorários que foram previamente depositados pela parte que
requereu a perícia.
 
Imagem: Danielle Ribeiro
O laudo deve conter, de forma bem clara, o objetivo dele, de acordo com o pedido do reclamante e os
respectivos riscos a serem apurados. Nesse caso em tela, as abordagens foram sobre periculosidade,
especialmente em relação ao sistema elétrico.
 
Imagem: Danielle Ribeiro
O laudo deve apresentar a sua linha de trabalho, sempre condicionada aos aspectos legais. O perito não
pode, de forma alguma, apresentar um laudo com considerações pessoais e “achismos” que não
tenham nenhuma relação com as Normas Regulamentadoras, neste caso, a NR-16.
 
Imagem: Danielle Ribeiro
No laudo em questão, o perito utilizou-se de uma linguagem bem clara e de fácil compreensão para
todos os envolvidos; ou seja, não se utilizou de tecnicismos desnecessários para seu entendimento.
 
Imagem: Danielle Ribeiro
O perito também foi bem claro e objetivo nas respostas aos quesitos das partes. Ao responder aos
quesitos, também se utilizou de um artifício bem interessante; ou seja, quando em algum momento no
laudo a resposta estava implícita, citou em suas respostas tais referências, sem a necessidade de
elaborar novas respostas para evitar a redundância, ou mesmo contradições entre a resposta e o texto
do laudo. Respostas como “sim” e “não” também podem ser bem aceitas, se as perguntas forem
objetivas. Logo, cuidado ao se alongar demais em suas respostas, pois os assistentes das partes podem
oferecer, nos detalhes, questionamentos discordantes.
 
Imagem: Danielle Ribeiro
Se o tema versa sobre periculosidade, apresente sua conclusão, como realizado pelo perito, de forma
objetiva, se, de acordo com suas apurações, o reclamante esteve ou não exposto a riscos que
pudessem gerar adicional de periculosidade. No caso, o Ilustre expert do juízo deixou claro que o
reclamante fazia jus a 30% de adicional incidentes sobre o salário-base.
 
Imagem: Danielle Ribeiro
Observe que o perito constatou as atividades periculosas, mas caberá ao juiz a decisão, após a leitura
deste laudo e seu convencimento.
 
Imagem: Danielle Ribeiro
As partes poderão apresentar seus laudos complementares, concordantes ou discordantes, da mesma
forma, seguindo os parâmetros normativos. Observe ainda que, neste caso em tela, apenas o assistente
técnico da reclamada esteve presente na diligência, o que lhe facilitará as suas avaliações e a emissão
de laudo complementar.
 
Imagem: Danielle Ribeiro
As fotos são sempre muito bem aceitas nos laudos, especialmente se elas representarem efetivamente
o posto de trabalho do reclamante, o que realmente ocorreu neste caso. Excessos de registros
fotográficos ou fotos que não representem as atividades do reclamante, ou ainda que não tenham
nenhuma relação com o processo, devem ser evitados.
 
Imagem: Danielle Ribeiro
Caso o peritoutilize equipamentos de medições para avaliações quantitativas ou aferições de cargas,
como neste caso, deverá anexar os registros dos equipamentos junto ao Inmetro e os certificados de
calibração. Caso não proceda dessa forma, uma das partes que não concordar com seu laudo poderá
impugná-lo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. EM RELAÇÃO AO LAUDO PERICIAL, É CORRETO AFIRMAR QUE
A) as fotos não devem ser inseridas no laudo, pois não são parte da prova pericial.
B) o laudo apresentado pelo perito do juízo é a prova única para a decisão do juiz.
C) o perito tem livre-arbítrio para decidir se responderá ou não a quesitos técnicos.
D) a conclusão do laudo deverá conter a decisão do processo.
E) ao apresentar o seu laudo pericial, o perito deverá solicitar o pagamento de seus honorários.
2. NA RECLAMAÇÃO TRABALHISTA, O RECLAMANTE REQUER O
RECONHECIMENTO DE ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. MARQUE A
ALTERNATIVA CORRETA A SER CONSIDERADA PELO PERITO DO JUIZ EM SEU
TRABALHO PERICIAL.
A) Caso o perito verifique que além da periculosidade existe a insalubridade, deverá concluir seu
trabalho somando os dois adicionais.
B) Se o perito verificar que a exposição é nociva, deverá desconsiderar a periculosidade e abordar a
insalubridade em seu trabalho.
C) O perito do juízo deverá tratar em seu trabalho especificamente das questões para as quais foi
nomeado.
D) O laudo pericial deverá conter em sua conclusão os valores correspondentes aos possíveis
adicionais.
E) O perito do juízo deverá responder em seu trabalho apenas pelos quesitos que abordem a
periculosidade e jamais abordar temas paralelos, como equipamentos de proteção individual.
GABARITO
1. Em relação ao laudo pericial, é correto afirmar que
A alternativa "E " está correta.
 
O perito do juízo deverá, já na primeira página de seu trabalho, solicitar ao juiz a liberação de seus
honorários periciais.
2. Na Reclamação Trabalhista, o reclamante requer o reconhecimento de adicional de
periculosidade. Marque a alternativa correta a ser considerada pelo perito do juiz em seu trabalho
pericial.
A alternativa "C " está correta.
 
Em um laudo, devem estar explícitos o objetivo do reclamante e todos os riscos a serem apurados. No
caso abordado, falamos sobre periculosidade relacionada ao sistema elétrico.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em todas as demandas trabalhistas que envolvam a necessidade de provas periciais, o laudo oficial,
emitido pelo perito do juízo, é um documento fundamental para o convencimento do juiz e para a
aplicação de sua sentença. Porém, ele não está restrito ao laudo emitido pelo perito; podem ocorrer
situações em que o laudo emitido por um dos assistentes técnicos das partes, reclamante ou reclamada,
possa conter informações mais consistentes e de que ele necessitava para sua decisão. Logo, é
importante verificarmos que os laudos emitidos, tanto pelo profissional nomeado pelo juiz quanto pelos
indicados pelas partes, possuem grande força em uma Reclamação Trabalhista e garantirão uma
decisão imparcial por parte do magistrado. As funções dos peritos judiciais e dos assistentes técnicos
são fundamentais para que o juiz tenha um convencimento técnico para a definição de sua sentença.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Diretrizes sobre Sistemas de Gestão de Segurança e
Saúde no Trabalho. Genebra/Brasília, 2002.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978. Normas
Regulamentadoras. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 1978.
BRASIL. Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978. NR-15 – Atividades e Operações Insalubres.
Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 1978. p. 238-319.
BRASIL. Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978. NR-16 – Atividades e Operações Perigosas.
Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 1978. p. 320-333.
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil.
Brasília, 2015.
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis n º 6.019,
de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim de
adequar a legislação às novas relações de trabalho. Brasília, 2017.
CHIOVENDA, G. Instituições de Direito Processual Civil. 4. ed. Tradução: Paolo Capitanio; com
anotações do prof. Enrico Tullio Liebman. Campinas: Bookseller, 2009.
EXPLORE+
Após os estudos, acesse o canal do Tribunal Superior do Trabalho no YouTube e pesquise a
expressão “laudo pericial”. Você vai encontrar uma série de casos interessantes sobre as
peculiaridades de um laudo pericial trabalhista!
CONTEUDISTA
Márcio Jorge Gomes Vicente

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