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ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR TÉCNICA DE COMBATE A INCÊNDIO PORTO ALEGRE/RS 2021 ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL CADERNO TEMÁTICO DE COMBATE A INCÊNDIO Comandante Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio Grande do Sul CEL QOEM CÉSAR EDUARDO BONFANTI Diretor da Academia de Bombeiro Militar TC QOEM CARLOS ALBERTO DA SILVA SOUTO Orientador Cap QOEM Luiz Gustavo da Silva Lock Organizador Al. Ten QTBM Vagner Silveira da Silva Colaboração Técnica Major QOEM Sandro Carlos Goncalves da Silva Major QOEM Marcelo Carvalho Soares Maj QOEM Airton Juarez Ickert Maj QOEM Elisandro Machado Maj QOEM Marcio Muller Batista Maj QOEM Jaqueline da Silva Ferreira Cap QOEM Luiz Gustavo da Silva Lock Cap QOEM Silvano Oliveira Rodrigues 1° Sgt QPBM Vagner Silveira da Silva 1° Sgt QPBM Fabiano Rodrigues Moraes 2º Sgt QPBM Marcelo Lovatto Mariani Sd QPBM Cristóvão Broglio Ceccon Junior Sd QPBM Vagner Ribeiro Pietro ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL Sumário INTRODUÇÃO 7 LIÇÃO 1 – TEORIA DA COMBUSTÃO DE COMBATE INCÊNDIO 9 Introdução 9 1.1. Constituição e propriedades da matéria: 10 1.2. Estados físicos da matéria: 11 1.3. O fenômeno da combustão: 11 1.4. Triângulo (tetraedro) do fogo: 11 1.5. Calor 12 1.6. Comburente: 21 1.7. Combustível: 22 1.8. Reação em Cadeia: 27 1.9. Pontos de Temperatura: 28 1.10. Tipos de Combustão: 29 1.11. Tipos de Chamas: 32 1.12. Produtos da Combustão 33 LIÇÃO 2 – TEORIA DA COMBUSTÃO 38 Introdução 38 2.1. O CFBT e sua história 39 2.2. Incêndio ao Ar Livre e Incêndio em Compartimento 40 2.3. Fases do Incêndio em Compartimento 43 2.4. Comportamentos Extremos do Fogo 54 2.4.1. Ignição da Fumaça e suas manifestações 56 2.4.2. Generalização do Incêndio por Flashover 60 2.4.3. Explosão da Fumaça - Backdraft 62 LIÇÃO 3 – ÁGUA NO COMBATE A INCÊNDIO 64 Introdução 64 3.1. Propriedades extintora da água 66 3.2. Elementos que interferem na utilização da água no combate a incêndios 67 3.2.2. Vazão: 72 3.2.3. Regulagem do jato: 72 3.2.4. Regulagem do Fluxo de água: 72 3.2.5. Velocidade: 72 LIÇÃO 4 - TÉCNICAS DE COMBATE A INCÊNDIO 74 ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL Introdução 74 4.2. Isolamento e Confinamento 76 4.3. Técnicas de extinção 79 4.3.1. Incêndio Classe A (incêndios estruturais) 79 LIÇÃO 5 - ESTRATÉGIA E TÁTICA APLICADA A OPERAÇÕES DE COMBATE A INCÊNDIO 105 Introdução: 106 5.1. Definindo estratégia, tática e técnica 106 5.2. O planejamento estratégico 108 5.3. Estratégia para ocorrência peculiares 109 5.4. Decisão tática 109 5.5. Comparando Estratégia é Tática 112 5.6. Uma metodologia para avaliação de riscos 112 5.7. Filosofia dos riscos versos benefício 113 5.8. Comportamento dos incêndios modernos e novas tecnologias de combate 116 LIÇÃO 6 - PROCESSO DE DECISÃO OPERACIONAL 119 6.1. Conceitos gerais: 119 6.1.1. Sistemas de comando e controle 119 6.1.2. Hierarquia da informação 123 6.2. Princípios fundamentais de comando e controle 124 6.2.1. Graus de comando: 124 6.2.2. Princípios fundamentais: 124 6.3. O processo de comando e controle 126 6.4. Tomada de decisão 128 6.4.1. Incerteza e tempo: 128 6.4.2. Modelo do processo de decisão operacional 129 LIÇÃO 7 – FASES DOS SERVIÇOS DE CONTROLE DE INCÊNDIOS ESTRUTURAIS 137 7.1 Estratégias de combate a incêndio 138 7.2 Fases do combate a incêndio 138 7.2.1 Recebimento da chamada 138 7.2.2 Deslocamento para o local do incêndio 140 7.2.3 Chegada no local da ocorrência: 140 7.2.4 Confirmação da ocorrência e confirmação/assunção de comando: 141 ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL 7.2.5 Dimensionamento da cena: 142 7.2.6 Identificação e gerenciamento dos riscos: 143 7.2.7 Planejamento (decisão estratégica) 147 7.2.8 Estabelecimento (Maneabilidade de Mangueiras); 149 7.2.9 Controle do Incêndio 170 7.2.10 Operações de resgate à vítimas 172 7.2.11 Ações de apoio e suporte 173 7.2.12 Preservação do local sinistrado 174 7.2.13 Rescaldo 175 7.2.14 Desmobilização 176 LIÇÃO 8 APLICAÇÃO DO SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTES NO COMBATE A INCÊNDIOS 177 Introdução 177 8.1 Tarjeta de Campo 178 8.2 Incidente hipotético 178 8.3 SCI aplicado a algumas fases de Combate a Incêndios: 179 8.3.1 Deslocamento (Saída do Socorro) 179 8.3.2 Deslocamento (Chegada no incidente) 180 8.3.3 Reconhecimento 181 8.3.4 Planejamento 183 8.3.5 Estabelecimento 186 8.3.6 Controle 192 8.3.7 Inspeção final 193 8.3.8 Rescaldo 194 8.3.9 Desmobilização 194 9.VENTILAÇÃO CONTROLADA EM OCORRÊNCIAS DE INCÊNDIOS 196 Introdução 197 9.1 O porquê ventilar. 197 9.2 Riscos de uma ventilação inadequada 197 9.3 Classificações da ventilação controlada 198 9.4 Associação de ventiladores 201 9.4.1 Ventiladores em Paralelos (lado a lado) 202 9.4.2 Ventiladores em Série (em fila) 202 9.5 procedimentos para ventilação controlada 203 ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL 9.5.1 Regras Gerais: 203 9.5.2 Procedimentos para Ventilação Horizontal 204 9.5.3 Procedimentos para Ventilação Vertical 204 9.6 Missões específicas dos Componentes da Guarnição 205 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 207 ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL INTRODUÇÃO O Combate a Incêndio é a missões operacional que deu origem ao Corpo de Bombeiros no mundo, e constitui-se em uma atividade extremamente técnica, com fundamentação científica, pois a combustão é uma reação química que resulta em efeitos químicos, físicos nos combustíveis e fisiológicos nas vítimas e no bombeiro. Desde a década de 80 bombeiros suecos desenvolveram estudos para entender o comportamento do incêndio, após diversos acidentes envolvendo bombeiros. A partir destes estudos começou-se a ter uma visão diferenciada das ocorrências, agora não mais focado apenas nas chamas, mas tendo uma leitura completa da cena, incluindo a fumaça com agente ígneo. Com o aperfeiçoamento das técnicas, o avanço tecnológico dos equipamentos de proteção individuais e respiratório, além de ferramentas de combate a incêndio modernas, como os esguichos, é possível fazer o combate com mais eficiência, segurança e principalmente salvando vidas e protegendo os bens ainda não danificados pelas chamas. Disso tudo decorre a grande responsabilidade dos homens do fogo de estarem sempre atualizado em relação as tecnologias. Considerando que tecnologia inclui equipamentos e conhecimento técnico, esse caderno trás o que existe de mais moderno em relação o controle de incêndios. As técnicas aqui apresentadas são fruto de avanço científico acumulado por anos e entregues ao leitor de forma suscinta. Outro desafio que se apresenta, é a superação de comportamentos que por anos marcaram nossa forma de combater. Associando a bagagem do passado com as inovações recentes podemos apresentar um serviço de bombeiro de qualidade. Por fim, espera-se que cada que buscar conhecimentos nas páginas seguintes possam se apaixonar pela matéria. Poucas atividades de bombeiros são tão dinâmicas e desafiadoras como grandes sinistros envolvendo chamas. Uma boa leitura. ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL Sandro Carlos Goncalves da Silva Márcio Müller Batista Vagner Silveira da Silva ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL LIÇÃO 1 – TEORIA DA COMBUSTÃO DE COMBATE INCÊNDIO MÓDUL Caro aluno Seja bem-vindo a primeira lição de Técnicas de Combate a Incêndio. O objetivo geral desta disciplina é apresentar uma fundamentação teórica a respeito do Combate a Incêndio com ênfase nas técnicas de combate a incêndio utilizadas em Táticas ofensivas. Bons estudos! Objetivos Específicos Ao final da lição o aluno deverá: → Entender os elementos da combustão; → Conhecer os efeitos físico-químicos do calor; → Identificar os efeitos fisiológicos do calor; → Analisar as Formas de propagação do calor; → Identificar os pontos notáveisda temperatura; → reconhecer os tipos de combustão; → Diferenciar os tipos de chama; → Compreender quais são os produtos da combustão. Introdução Para prevenir e combater incêndios de modo eficiente é necessário entender o “funcionamento do incêndio”. As bases teóricas sobre como ocorrem e como se comportam o fogo e o incêndio são indispensáveis para podermos entender e dominar as técnicas de combate e prevenção. Bombeiros Realce ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL Inicialmente convém diferenciar incêndio de fogo. Incêndio não é sinônimo de fogo, ou então, em cada churrasqueira, teríamos um incêndio. Então qual é a diferença? Na churrasqueira o fogo está controlado, em um incêndio não. Assim, podemos definir incêndio como fogo fora de controle. E fogo? Como definir fogo? Passaremos a estudar neste capítulo a Teoria da Combustão, onde veremos como ocorre a reação química da Combustão e todos os elementos que envolvem este fenômeno. 1.1. Constituição e propriedades da matéria: Para que possamos ter a perfeita compreensão dos efeitos e do desenvolvimento da combustão é necessário entender a constituição física e química da matéria. Normalmente os átomos buscam combinar-se entre si ou com outros átomos, uma estabilidade maior, formando moléculas. ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL 1.2. Estados físicos da matéria: ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL 1.3. O fenômeno da combustão: A combustão (ou fogo) é uma reação química na qual um material combustível reage com um oxidante, chamado de comburente e que normalmente é o oxigênio, produzindo energia na forma de calor e, muitas vezes, luz. Essa reação depende de uma energia de ativação (calor) para que se inicie e, após iniciada, prossegue de forma autossustentável. A reação de combustão pode ser entendida como uma reação oxidante exotérmica: oxidante por ser uma reação química que consome oxigênio (O2), e exotérmica porque libera calor durante a reação (DRYSDALE, 1998). O conceito de incêndio está relacionado ao fogo que foge ao controle do homem, provocando danos ao patrimônio e aos seres humanos. 1.4. Triângulo (tetraedro) do fogo: Independentemente da representação gráfica do fenômeno da combustão, o importante é ficar claro que se for retirado do processo qualquer um dos elementos que a compõe – combustível, comburente, energia de ativação e reação em cadeia – a mesma será interrompida. Resumindo: para que a combustão se inicie (requisitos) são necessários 3 componentes: calor, comburente e combustível (triângulo do fogo). Quando ela surge, podemos constatar a presença de 4 componentes (elementos): os três anteriores acrescidos da reação em cadeia. Qual a diferença de fogo e chama? A combustão libera energia na forma de calor, que retroalimenta a reação, e na forma de luz, que pode ser incandescência do material (brasas) ou ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL na formação da chama, que nada mais é do que a ionização dos gases em combustão pelo calor produzido, liberando parte da energia na forma de luz. A partir de agora, passaremos a estudar cada um dos elemento que compõem a combustão: a) Energia de ativação (calor) b) Combustível c) Comburente e) Reação em cadeia 1.5. Calor 1.5.1 Energia de ativação: É o componente energético capaz de fazer com que a temperatura do combustível aumente para que haja então a liberação dos gases que sofrerão a queima. A energia de ativação pode ser qualquer elemento que faça com que o combustível, independentemente de seu estado físico, desprenda gases combustíveis. 1.5.2 Efeitos físico-químicos do calor: O calor gerado irá produzir efeitos físicos e químicos nos corpos. a) Aumento/diminuição da temperatura b) Aumento do volume; c) Mudança do estado físico ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL d) Mudança do estado químico a) Aumento/diminuição da temperatura Este fenômeno se desenvolve com maior rapidez nos corpos considerados bons condutores de calor, como os metais; e, mais vagarosamente, nos corpos tidos como maus condutores de calor, como por exemplo, o amianto. O conhecimento sobre a condutibilidade de calor dos diversos materiais é de grande valia na prevenção de incêndio. Aprendemos que materiais combustíveis nunca devem permanecer em contato com corpos bons condutores, sujeitos a uma fonte de aquecimento. b) Aumento do volume: Dilatação / contração térmica: O aumento do volume pode ocorrer em razão do aquecimento dos materiais no seu volume, expansão superficial e linear: ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL Todos os corpos – sólidos, líquidos ou gasosos – se dilatam e se contraem conforme o aumento ou diminuição da temperatura. A atuação do calor não se faz de maneira igual sobre todos os materiais. Alguns problemas podem decorrer dessa diferença. Imaginemos, por exemplo, uma viga de concreto de 10m exposta a uma variação de temperatura de 700 ºC. A essa variação, o ferro, dentro da viga, aumentará seu comprimento cerca de 84mm, e o concreto, 42mm. Com isso, o ferro tende a deslocar-se no concreto, que perde a capacidade de sustentação, enquanto que a viga “empurra” toda a estrutura que sustenta em, pelo menos, 42 mm, provocando danos estruturais. Os materiais não resistem a variações bruscas de temperatura. Por exemplo, ao jogarmos água em um corpo superaquecido, este se contrai de forma ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL rápida e desigual, o que lhe causa rompimentos e danos. Pode ocorrer um enfraquecimento deste corpo, chegando até a um colapso, isto é, há o surgimento de grandes rupturas internas que fazem com que o material não mais se sustente. Mudanças bruscas de temperatura, como as relatadas acima, são causas comuns de desabamentos de estruturas. c) Mudança no estado físico: Com o aumento do calor, os corpos tendem a mudar seu estado físico: alguns sólidos transformam-se em líquidos (liquefação), líquidos se transformam em gases (gaseificação) e há sólidos que se transformam diretamente em gases (sublimação). Isso se deve ao fato de que o calor faz com que haja maior espaço entre as moléculas e estas, separando-se, mudam o estado físico da matéria. No gelo, as moléculas vibram pouco e estão bem juntas; com o calor, elas adquirem velocidade e maior espaçamento, transformando um sólido (gelo) em um líquido (água). d) Mudança no estado químico: Mudança química é aquela em que ocorre a transformação de uma substância em outra. A madeira, quando aquecida, não libera moléculas de madeira em forma de gases, e sim outros gases, diferentes, em sua composição, das moléculas originais de madeira. Essas moléculas são menores e mais simples, por isso têm grande capacidade de combinar com outras moléculas, as de oxigênio, por exemplo. ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL Nos sólidos ocorre a TERMÓLISE e PIRÓLISE: Na presença do calor ocorre a decomposição do material sólido (combustível) em vapores combustíveis que são liberados na atmosfera reagindo com moléculas de Oxigênio. Esse processo de decomposição em razão do calor resultando na liberação de vapores combustíveis é chamado de pirólise ou termólise. A palavra vem de lise – quebra – e piros – fogo – ou termos – calor. Preferimos o uso da palavra termólise pelo fato de que a decomposição ocorre mesmo sem a presença de fogo (queima). No entanto, não existem fenômenos distintos. Trata- se de dois nomes diferentes para o mesmo efeito. O mero aquecimento, mesmo em ambiente sem oxigênio capaz de sustentar a chama, pode resultar na decomposição de um sólido com a liberação de vapores combustíveis. É fácil entender porque o aumentoda temperatura gera alterações químicas. Com o aumento da temperatura, aumenta a agitação das moléculas. Com o aumento da agitação elas se rompem causando mudança na estrutura molecular, normalmente uma decomposição em moléculas mais simples. e) Efeitos fisiológicos do calor: Alguns gases presentes no sinistro são nocivos e até mesmo letais, muitos inodoros e incolores, há necessidade de utilização de equipamentos por ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL parte de quem combate a incêndios (como o Equipamento de Proteção Respiratória Autônomo) Desta forma o calor presente no incêndio pode causar desidratação; intermação, fadiga; problemas para o aparelho respiratório; queimaduras (1°, 2° e 3° graus) e até levar a morte. O esforço físico em ambiente de elevada temperatura provoca um desgaste muito grande. O ritmo cardio-respiratório rapidamente se eleva. Ocorre também grande perda de líquidos pela transpiração, o que gera desidratação e auxilia a causar exaustão. As queimaduras de vias aéreas superiores também são letais. Respirar fumaça e gases superaquecidos pode queimar a mucosa das vias aéreas superiores causando inchaço e obstrução, o que ocasiona a morte por asfixia. Por vezes o mecanismo corporal de regulação térmica, na tentativa de manter normal a temperatura do organismo, não suporta a sobrecarga e falha. Então, ocorre algo similar à insolação (falha do mecanismo de regulação térmica provocada pela longa exposição ao sol). Ocorre a intermação, que é a falha do mecanismo de regulação térmica provocada pela sobrecarga do mecanismo de regulação térmica decorrente de longa exposição a altas temperaturas. Com a falha do sistema de “arrefecimento” corporal, a temperatura do corpo pode subir perigosamente e acarretar na morte da pessoa. 1.5.4 Transmissão / Propagação de Calor A transferência de calor de um corpo para outro ou entre áreas diferentes de um mesmo corpo. A propagação do calor pode sofrer interferências ou variáveis de acordo com: a) Pelo tipo molecular do material combustível que está sendo aquecido. (sólido/líquido/gasoso) b) Pela capacidade do material combustível de reter calor (natureza do material), e; ... até que as temperaturas se igualem ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL c) Pela distância da fonte de calor até o material combustível O calor pode se propagar de três diferentes maneiras: condução; convecção e irradiação. CONDUÇÃO: Condução é a transferência de calor através de um corpo sólido, de molécula a molécula. IRRADIAÇÃO: É a transmissão de calor por meio de ondas eletromagnéticas que se propagam através do espaço vazio, não necessitando de continuidade molecular entre a fonte e o corpo que recebe o calor. ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL CONVECÇÃO: A convecção é a transmissão de calor pelo deslocamento de fluídos (gases ou líquidos). ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL PROJEÇÃO: É o deslocamento ou queda de objetos (essencialmente os sólidos) em combustão, podendo provocar outro foco de incêndio. Ex.: janela de madeira de um edifício que cai, em chamas, sobre uma loja ou, ainda, em um incêndio florestal, um tronco que rola do alto de um morro em chamas, até um local mais baixo e não incendiado. FONTE: Manual CBMRJ 1.6. Comburente: É o elemento que possibilita vida às chamas e intensifica a combustão. O mais comum é que o oxigênio desempenhe esse papel. ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL A atmosfera é composta aproximadamente por: 21% de oxigênio, 78% de nitrogênio e 1% de outros gases. Contudo, a combustão consome o oxigênio do ar num processo contínuo. Quando a porcentagem do oxigênio do ar do ambiente passa de 21% para a faixa compreendida entre 14% e 7%, a queima torna-se lenta, notam-se brasas e não mais chamas. Quando o oxigênio contido no ar do ambiente atinge concentração menor que 4%, não há combustão. No entanto, mesmo não havendo combustão poderá haver o desprendimento de vapores combustíveis pela termólise. Pode ocorrer a decomposição de materiais combustíveis e liberação de vapores combustíveis. Concentração do Oxigênio no ambiente Acima de 21% amplia a taxa de concentração de combustível em que é possível ocorrer uma explosão. Combustão 14% a 21% chamas 7% a 14% brasas Na tabela abaixo é possível ver alguns sintomas e sinais que ocorrem com a redução da concentração de oxigênio em um ambiente com vítimas. ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL 1.7. Combustível: Podemos entender combustível como sendo toda substância capaz de queimar, servindo de campo de propagação do fogo. Para efeitos práticos as substâncias foram divididas em combustíveis e incombustíveis, tendo como parâmetro a temperatura de 1000 °C (em regra). No entanto, não raras vezes as temperaturas em um incêndio em compartimentos podem atingir temperaturas acima de 1000ºC. Pode-se dizer que material combustível é toda a substância capaz de entrar em combustão, e reagir com o oxigênio. Entre os materiais combustíveis aqueles que são maus condutores de calor queimam mais facilmente que os bons condutores, pois enquanto estes dissipam a energia térmica recebida, aqueles absorvem a energia concentrando-a ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL e entrando em combustão mais rapidamente. Os metais são exemplo de bom condutores de calor, enquanto a madeira é um mal condutor de energia térmica. 7.1 Diferença entre combustível e Inflamável: Ser inflamável significa ser capaz, à temperatura ambiente (20º C) liberar vapores em quantidade capaz de sustentar uma combustão, ou seja, estão acima do ponto de combustão. Os combustíveis são classificação quanto ao estado físico em sólidos, líquidos e gasosos. 7.2 Combustíveis sólidos: Na maioria dos casos não queimam no estado sólido, pois a energia de ativação (calor) quebra as moléculas na forma de vapor (termólise ou pirólise) desprendendo-se da superfície de contato reagindo com o oxigênio. Os sólidos são constituídos de moléculas grandes e complexas. O calor quebra essas moléculas grandes em radicais menores que se libertam. Esses radicais menores libertos são os vapores combustíveis que reagem com o oxigênio. Quanto maior a superfície exposta, mais rápido será o aquecimento do material, maior será a área para liberação de vapores e maior será a área de contato com o oxigênio, consequentemente, mais rápido será o processo de combustão. Assim sendo, quanto maior a fragmentação do material, quanto maior for a relação superfície/massa, maior será a velocidade da combustão. Pós de material orgânico e de alguns metais estão sujeitos à combustão ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL instantânea ou “explosão”, quando em suspensão no ar, portanto, seu mecanismo não é a pirólise. Os pós em suspensão no ar comportam-se praticamente como os gases no que diz respeito à combustão. Isso se deve à grande relação superfície massa. Outra característica dos sólidos combustíveis é que sua estrutura molecular permite a queima no interior do corpo, assim os sólidos queimam em superfície e em profundidade. Além disso, os sólidos podem apresentar um estado de queima no qual não há chamas, mas apenas incandescência do combustível em queima. a) Propagação do fogo em razão da posição: Como os sólidos tem forma definida, o fogo em um corpo se propagará de acordo com sua forma, preferindo o rumo ascendente, pois as massas de vapores combustíveis sobem devido à convecção. Isso interfere na velocidade da propagação das chamas. Por exemplo, uma placa de compensado deitada queima mais lentamentedo que se estivesse em pé. b) Combustíveis sólidos especiais: Algumas substâncias sólidas apresentam riscos especiais de incêndio, quando em contato com a água, ou ar, ou pela sua constituição química. São elas: Metais reativos com a água – Necessitam de maior atenção, pois além de queimarem liberando muita energia, reagem com a água “quebrando-a”. A quebra da água libera oxigênio, que reage com o material intensificando a combustão, e hidrogênio, que é altamente combustível. Assim, estes metais em ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL contato com a água, liberam quantidade de calor considerável. Exemplos: sódio, pó de alumínio, cálcio, hidreto de sódio, soda cáustica, potássio, etc. Halogênios – São materiais que apresentam risco de explosão, quando misturados a outros materiais. Exemplos: flúor, cloro, bromo, iodo e astatínio. 7.3 Combustíveis líquidos: As moléculas dos líquidos possuem a tendência de se desprenderem e se dispersarem no ar. É o que chamamos de evaporação. Diferentemente dos sólidos, os combustíveis líquidos não sofrem decomposição térmica, mas um fenômeno chamado de vaporização. Os vapores em contato com o oxigênio do ar, formam a mistura inflamável. Essa mistura na presença de uma fonte de calor (energia de ativação) se inflama. Os combustíveis líquidos queimam apenas em superfície. Os Líquidos inflamáveis liberam vapores em temperatura ambiente capaz de sustentar combustão. 7.4 Combustíveis gasosos: Esse combustível em contato com o oxigênio do ar forma a mistura inflamável, mas para isto ocorrer precisam estar na concentração adequada: Mistura Inflamável. Para cada gás (ou vapor ou sólido/líquido em suspensão) há uma faixa de concentração com o ar na qual pode ocorrer a queima. AR Fonte Ígnea Gás Combustível Mistura Explosiva Combustão Mistura Inflamável Limite Inferior de explosividade: (LIE) mínima proporção de gás ou vapor no ar que torna a mistura explosiva é denominada Limite Superior de explosividade: (LSE) máxima proporção de gás ou vapor no ar que torna a mistura explosiva. Só ocorre a queima dos gases/vapores caso estejam em mistura com o ar dentro dessa faixa entre os limites inferior e superior. ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL 1.8. Reação em Cadeia: A reação em cadeia torna a queima autossustentável. O calor irradiado das chamas atinge o combustível e este é decomposto em partículas menores, que se combinam com o oxigênio e queimam, irradiando outra vez calor para o combustível, formando um ciclo constante. ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL 1.9. Pontos de Temperatura: Os pontos notáveis são temperaturas mínimas nas quais podemos observar determinados efeitos relacionados aos vapores liberados: ponto de fulgor, ponto de combustão e ponto de ignição. 9.1 Ponto de fulgor: Com o aquecimento de um material, chega-se a uma temperatura em que o material libera vapores em quantidade tal que se incendeiam se houver uma fonte externa de calor, mas a queima não se mantém se a chama externa for retirada. 9.2 Ponto de combustão: Prosseguindo no aquecimento, atinge-se uma temperatura em que há uma liberação de vapores do material tal que, ao entrarem em contato com uma fonte externa de calor, iniciam a combustão, e continuam a queimar mesmo com a retirada da fonte externa. 9.3 Ponto de ignição: Atinge-se um ponto no qual os vapores liberados pelo combustível estão em quantidade tal que, expostos ao ar, entram em combustão sem que haja fonte externa de calor, tanta é a energia que apresentam. Exemplos dos Pontos notáveis de temperatura: ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL 1.10. Tipos de Combustão: O fogo pode se apresentar fisicamente de duas maneiras diferentes, as quais podem aparecer de forma isolada ou conjunta, sendo como chama ou como brasas. Essas apresentações físicas do fogo geralmente são determinadas pelo combustível. Se for gasoso ou líquido, sempre terá a forma de chamas. Se for sólido, o fogo poderá se apresentar em chamas e brasas ou somente em brasa. Os sólidos de origem orgânica quando submetidos ao calor, destilam gases que queimam como chamas, restando o carbono que queima como brasa formando o carvão. Alguns sólidos como a parafina e as gorduras se liquefazem e se transformam em vapores, queimando unicamente como chamas, outros sólidos queimam diretamente apresentando-se incandescentes, como os metais pirofóricos. A combustão pode ser classificada: a) Quanto à sua velocidade de reação: em viva ou lenta, combustão espontânea e Explosão ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL b) Quanto à formação de produtos da combustão, pode ser classificada como completa ou incompleta. 1.10.1 Quanto à sua velocidade de reação: a) Combustão Viva: A combustão viva é o fogo caracterizado pela presença de chama. Pela sua influência na intensidade do incêndio e pelo impacto visual e psicológico que gera, é considerada como sendo o tipo mais importante de combustão e, por causa disso, costuma receber quase todas as atenções durante o combate. b) Combustão Lenta: A incandescência é um processo de combustão relativamente lento que ocorre entre o oxigênio e um sólido combustível, comumente chamado de brasa. As incandescências podem ser o início ou o fim de uma chama, ou seja, de uma combustão viva. Em todos os casos há produção de luz, calor e fumaça. c) Combustão espontânea: A combustão espontânea é um processo de combustão que começa, geralmente, com uma lenta oxidação do combustível exposto ao ar. Pode ocorrer com materiais, como o fósforo branco, amontoados de algodão ou em curtumes (tratamentos de peles de animais). Alguns materiais entram em combustão sem fonte externa de calor (materiais com baixo ponto de ignição); outros entram em combustão à temperatura ambiente (20 ºC), como o fósforo branco. Ocorre também na mistura de determinadas substâncias químicas, quando a combinação gera calor e libera gases em quantidade suficiente para iniciar combustão como, por exemplo, a adição de água e sódio. d) Explosão: A Explosão é um rápido aumento de volume em um curto espaço de tempo que gera uma onda de pressão que se desloca em grande velocidade. A queima de gases, vapores de líquidos inflamáveis, e partículas (sólidas ou líquidas) em suspensão no ar comporta-se dessa maneira. São as chamadas de explosões químicas, que são derivadas de uma reação química rápida que libera produtos com grande volume rapidamente. ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL Conforme a velocidade da onda de choque gerada a explosão é classificada em detonação e deflagração. A detonação ocorre quando a onda de choque supera a barreira da velocidade do som gerando grande estrondo. A deflagração acontece quando a onda de choque é subsônica. 1.10.2 Quanto à liberação de produtos: a) Combustão Completa: Em algumas reações químicas pode ocorrer uma combustão completa, o que significa dizer que todas as moléculas do combustível reagiram completamente com as moléculas de oxigênio, tornando seus produtos estáveis. Também é chamada de combustão ideal. É importante lembrar que a combustão completa NÃO é o mesmo que queima total. A queima total é a situação na qual todo o material combustível presente no ambiente já foi atingido pela combustão, enquanto que a combustão completa é a combinação perfeita entre o combustível e o oxigênio, fazendo com que todo o combustível reaja. Na verdade, a combustão completa ocorre apenas em situações especiais ou em laboratórios, não sendo encontrada na prática de combate a incêndio, pois não se atinge um índice de 100% de queima facilmente, e 99% de queima significamcombustão incompleta, pois ficou combustível sem queimar. Exemplo de chamas completa é a chamas do fogão e do maçarico. b) Combustão Incompleta: Todos os produtos instáveis (moléculas e átomos) provenientes da reação em cadeia caracterizam uma combustão incompleta, que é a forma mais comum de combustão. Esses átomos e moléculas instáveis resultantes da quebra molecular dos combustíveis continuarão reagindo com as moléculas de oxigênio, decompondo-as e formando outras substâncias. ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL 1.11. Tipos de Chamas: As chamas podem ser de dois tipos, variando conforme o momento em que se dá a mistura entre combustível e comburente. Podem elas ser: Chamas de pré-mistura ou chamas difusas. a) Chama pré-mistura: As chamas de pré-mistura são aquelas em que o combustível e o comburente são misturados antes da zona de queima. É o caso dos maçaricos, equipamentos de oxi-acetileno, bicos de bunsen, etc. Nesses casos, a zona de queima não precisa estar envolta em ar, já que a queima ocorre com oxigênio fornecido pelo equipamento e não pela atmosfera, daí o fato de se perceber que os maçaricos queimam mesmo embaixo d’água. Quando bem regulada a mistura combustível-comburente, apresentam uma combustão completa, praticamente sem resto de gases. b) Chama difusa: São as chamas em que os vapores combustíveis misturam-se ao comburente, o oxigênio do ar, na zona de queima. São as chamas de uma fogueira, uma vela, um fósforo, etc. Nesse tipo de chama, há diferença na queima ao longo da chama, daí a diferença de coloração da chama. O tom amarelado na ponta das chamas deve-se aos átomos de carbono que não conseguiram queimar e que liberam energia excedente na forma de luz amarelada. Nas chamas difusas, a oferta de oxigênio é melhor na base da chama. Por isso, se a ponta da chama, rica em carbono, for perturbada, o carbono não consegue queimar e, com isso, surge uma fumaça preta. A coloração preta da fumaça é proveniente do carbono que não queimou (fuligem) e é o que impregna as paredes e o teto. ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL 1.12. Produtos da Combustão 12.1 Fumaça: Com estudos mais recentes, foram valorizadas cinco características da fumaça. Verifica-se que ela é quente, móvel e inflamável, tóxica e opaca. Quente – A combustão libera calor, transmitindo-o a outras áreas que ainda não foram atingidas. Como já tratado na convecção, a fumaça será a grande responsável por propagar o calor ao atingir pavimentos superiores quando se desloca (por meio de dutos, fossos e escadas), levando calor a outros locais distantes do foco. A fumaça acumulada também propaga calor por radiação. Móvel – É um fluido que está sofrendo uma convecção constante, movimentando-se em qualquer espaço possível e podendo, como já dito, atingir diferentes ambientes por meio de fossos, dutos, aberturas ou qualquer outro espaço que possa ocupar. Daí o cuidado que os bombeiros devem ter com elevadores, sistemas de ventilação e escadas. Essa característica da fumaça também explica porque ocorrem incêndios que atingem pavimentos não consecutivos em um incêndio estrutural. Inflamável – Por possuir em seu interior combustíveis (provenientes da degradação do combustível sólido do foco e pela decomposição de materiais pelo calor) capazes de reagir com o oxigênio, a fumaça é combustível e, como tal, pode queimar e até “explodir”. Não dar a devida atenção à fumaça ou procurar combater apenas a fase sólida do foco ignorando essa característica é um erro ainda muito comum. A fumaça é combustível e queima! ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL Tóxica – Os seus produtos são asfixiantes e irritantes, prejudicando a respiração dos bombeiros e das vítimas. Opaca – Os seus produtos, principalmente a fuligem, permanecem suspensos na massa gasosa, dificultando a visibilidade tanto para bombeiros, quanto para as vítimas, o que exige técnicas de entrada segura (como orientação e cabo guia) em ambientes que estejam inundados por fumaça. Em um ambiente fechado, como um compartimento, a fumaça tende a subir, atingir o teto e espalhar-se horizontalmente até ser limitada pelas paredes, acumulando-se nessa área. A partir daí, a fumaça começará a descer para o piso. 12.2 Principais gases produzidos em um incêndio: A inalação de gases tóxicos pode ocasionar vários efeitos danosos ao organismo humano. Alguns dos gases causam danos diretos aos tecidos dos pulmões e às suas funções. Outros gases não provocam efeitos danosos diretamente nos pulmões, mas entram na corrente sanguínea e chegam a outras partes do corpo, diminuindo a capacidade das hemácias de transportar oxigênio. Os gases nocivos liberados pelo incêndio variam conforme quatro fatores: - Natureza do combustível; - Calor produzido; - Temperatura dos gases liberados; e - Concentração de oxigênio. Os principais gases produzidos são o monóxido de carbono (CO), dióxido de nitrogênio (NO2), dióxido de carbono (CO2), acroleína, dióxido de enxofre (SO2), ácido cianídrico (HCN), ácido clorídrico (HCl), metano (CH4) e amônia (NH3), e serão abordados a seguir. a) Monóxido de Carbono (CO): Características: inodoro e incolor, principal causador de morte. Por ter maior afinidade do que o oxigênio em relação à hemoglobina (responsável pelo transporte do O2 para as células e tecidos), na ordem de 200 a 300 vezes, causa asfixia química. ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL b) Dióxido de Carbono (CO2): Características: asfixiante; tóxico, causa dano e morte. Desloca o Oxigênio do Ambiente. c) Ácido Cianídrico (HCN): É produzido a partir da queima de combustíveis que contenham nitrogênio, como os materiais sintéticos (lã, seda, nylon, poliuretanos, plásticos e resinas). É aproximadamente vinte vezes mais tóxico que o monóxido de carbono. d) Ácido Clorídrico: Forma-se a partir da combustão de materiais que contenham cloro em sua composição, como o PVC. É um gás que causa irritações nos olhos e nas vias aéreas superiores, podendo produzir distúrbios de comportamento, disfunções respiratórias e infecções. Efeitos da exposição humana ao CO2 nível tempo sintomas Concentração de exposição 6% 1 a 2 minutos Distúrbios visuais e auditivos; 10 a 15% 1 minuto Tonturas, sonolência, espasmos musculares e inconsciência, 17 a 30% menos 1’ Perda de coordenação motora, inconsciência convulsões, pode levar ao coma e à morte. ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL e) Acroleína: É um irritante pulmonar que se forma a partir da combustão de polietilenos encontrados em tecidos. Pode causar a morte por complicações pulmonares horas depois da exposição. f) Amônia: É um gás irritante e corrosivo, podendo produzir queimaduras graves e necrose na pele. Os sintomas à exposição incluem, desde náusea e vômitos, até danos aos lábios, boca e esôfago, sendo encontrado em borracha, seda, nylon, etc. Bombeiros contaminados por amônia devem receber tratamento intensivo, serem transportados com urgência para um hospital, sem utilizar água nem oxigênio na prestação dos primeiros socorros. h) Óxidos de Nitrogênio: Uma grande variedade de óxidos, correspondentes aos estados de oxidação do nitrogênio, podem ser formados num incêndio. As suas formas mais comuns são o monóxido de dinitrogênio (N2O), óxido de nitrogênio (NO), dióxido de nitrogênio (NO2)e tetróxido de dinitrogênio (N2O4). O óxido de nitrogênio não é encontrado livre na atmosfera porque é muito reativo com o oxigênio, formando o dióxido de nitrogênio. Esses óxidos são produzidos, principalmente, pela queima de nitrato de celulose (filmes e papel fotográfico) e decomposição dos nitratos orgânicos. São bastante irritantes, podendo em seguida, tornarem-se anestésicos. Atacam o aparelho respiratório, onde formam os ácidos nitroso e nítrico, quando em contato com a umidade da mucosa. Na figura abaixo, observamos alguns materiais e os gases tóxicos liberados na queima dos mesmos. ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL LIÇÃO 2 – TEORIA DA COMBUSTÃO Introdução A disciplina de desenvolvimento do incêndio visa atualizar os graduados nas mais recentes descobertas ligadas ao reconhecimento do incêndio e de suas fases. Estas descobertas fomentaram ainda mais o estudo do tema o que trouxe consigo novas técnicas de combate, possibilitando o Bombeiro o agir consciente em sinistros. A relevância de se tratar o Desenvolvimento dos Incêndios num curso de Habilitação a Sargentos Bombeiros, reside na necessidade de dar subsídio teórico para o correto diagnóstico do incêndio. Razão pela qual iniciaremos esse capítulo com uma abordagem histórica para então tratar entre a diferença do incêndio em compartimento, as fases do incêndio em compartimento, os comportamentos extremos do fogo e os indicadores de um incêndio. Com os conhecimentos adquiridos nesta disciplina os Chefes de Guarnição/Comandantes de Socorro/Coordenadores Operacionais poderão estabelecer as melhores táticas e preparar seus subordinados para escolherem as melhores técnicas. Bombeiros Realce ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL 2.1. O CFBT e sua história Em 1982 durante um sinistro na Suécia, dois bombeiros perderam suas vidas em razão de uma bola de fogo, até então inexplicável. Acidentes como esse começaram a ser mais comum porque a evolução dos EPI’s, especialmente os EPRA’s, possibilitaram aos bombeiros ingressarem nos incêndios. Essas mortes motivaram as autoridades suecas a estudarem os sinistros a fim de entender melhor seu objeto de trabalho, os incêndios. Podemos dizer que nesse momento onde há a busca pelo estudo do incêndio, é considerado um marco histórico para as habilidades de avaliar incêndio. E este estudo chama-se CFBT. A sigla CFBT refere-se à expressão em Inglês Compartment Fire Behavior Training podendo ser traduzida como Treinamento do Comportamento do Incêndio em Compartimento. Essa técnica visa adestrar bombeiros em ao observar os Incêndios Confinados identificar aspectos relevantes do desenvolvimento do sinistro. A diferença entre o treinamento em geral e o CFBT é a ênfase dada ao desenvolvimento de uma compreensão do comportamento do fogo e a influência das ações táticas nele. Embora a capacidade tática seja importante, compreender o comportamento do fogo e reconhecer indicadores-chave do desenvolvimento e do comportamento do fogo são fundamentais para a segurança e a proteção/sobrevivência dos bombeiros. O CFBT é a Ciência que torna o bombeiro mais técnico ao abordar um incêndio. Isso porque lhe da capacidade de “enxergar” muito mais do que um fogo fora do controle. Mas também, como o incêndio progrediu e as possibilidades de evolução e riscos de comportamentos extremos. Nesse momento histórico tornou-se notável a tese de dois engenheiros que defenderam que a fumaça incendeia, sendo eles Krister Giselsson e Mats Rosander. Num primeiro momento eles foram rejeitados, mas mais tarde, outro oficial da brigada de incêndios de Estocolmo (Anders Lauren) introduziu o conceito de usar contêineres de transporte compatíveis com ISO para treinar operadores a usar essas técnicas. Hoje o Treinamento em Comportamento de ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL Incêndios em Compartimentos está consolidado a nível mundial e muitas pesquisas, técnicas e equipamentos vêm sendo desenvolvidos. Então os paradigmas do Combate a Incêndio mudaram. Até a década de 70 a ênfase era salvar apenas o patrimônio dos vizinhos, onde o combate exterior prevalecia. O combate era à distância com jatos de longe e com arremesso de água em abundância, unicamente nos combustíveis. Já hoje se exige dos combatentes o uso de ventilação tática, resfriamento da fumaça, aproximação do foco e uso racional da água para salvar também os bens do local sinistrado. O CFBT chegou ao Brasil em 2006 por meio do CBMDF. De lá pra cá, várias corporações brasileiras têm trabalhado para formar e atualizar sua tropa no sentido de conhecer o incêndio, especialmente quanto as fumaça e seu comportamento. O grande desafio é criar novos paradigmas de forma a mostrar que a maneira de salvar em incêndio é bem diferente daquelas da época que não era possível nem se quer entrar nos locais sinistrados. 2.2. Incêndio ao Ar Livre e Incêndio em Compartimento Dominar as técnicas de combate a incêndio implica em saber a diferença entre incêndio em compartimento daqueles que acontecem em lugares abertos. Além disso, num incêndio estrutural o colapso de edificações altera significativamente o incêndio. No entanto, precisamos também conhecer um comportamento comum em toda queima, a saber: zonas de baixa pressão e zona de alta pressão. Sabe-se que calor é a excitação das moléculas. Quanto mais agitadas as moléculas maior é o afastamento entre elas. Aumentando o afastamento, aumenta também o volume dos materiais. Quando um fluido (gasoso ou líquido) é aquecido temos correntes de convecções que nada mais é do que a subida dos fluidos quentes e a descida dos fluidos mais frios. Isso gera um movimento contínuo. As zona de alta pressão ocorre porque os gases aquecidos de um incêndio exercem força ascendente tanto no ar livre como no teto da edificação Bombeiros Realce ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL que estiver incendiando. O efeito das Zonas de Alta Pressão é o surgimento de Zonas de Baixa Pressão. As Zonas de Baixa geralmente são na base do foco do incêndio. Isso faz com que o ar seja sugado pelas áreas baixas do cômodo alimentando o incêndio de Oxigênio. Por isso temos a máxima que todo incêndio produz o seu próprio vento como é visto notadamente nos incêndios em zona rural. Além da existência de paredes, tetos e do acúmulo de fumaça, os dois aspectos mais característicos do incêndio em compartimento são: - a oferta de oxigênio, e - o feedback radioativo. Sobre a oferta de oxigênio devemos considerar que em ambientes abertos sua concentração tende a se manter em torno 21% da composição do ar. Já nos compartimentos essa dinâmica se altera pelo fato do seu consumo do incêndio, como, do insuficiente suprimento de ar vindo com ambiente externo e a ocupação do cômodo pelos produtos da combustão. Logo é de conhecimento de todos que a concentração de oxigênio em locais fechados tende a diminuir. Isso é fundamenta para a caracterização das fases do incêndio, o surgimento de comportamentos extremos do fogo e para o correto procedimento ao abordar tal ambiente. Isso exige que bombeiros a partir da análise do comportamento da fumaça e das chamas façam aberturas conforme a tática e as técnicas que domina. Para falar em feedback radioativo convém definir o que é Capa Térmica e Plano Neutro. Chamamos de Capa Térmica o acúmulo de fumaça na parte ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL superior do cômodo. Pelo aquecimento dos vapores e gases que compõem a fumaça a tendência dela é manter-se próxima ao teto. Geralmente seulimite inferior é a altura das aberturas dos prédios (portas, janelas, etc.), especialmente se tiverem frestas ou se estiverem abertas. Devemos lembrar que justamente por substituir parte do ar rico em oxigênio nas elevações que a Capa Térmica “evita” a combustão rente ao teto. Já o Plano Neutro é zona de separação entre a camada de gases quentes, que apresentam maior pressão e a camada de ar frio, de menor pressão E ainda, onde o oxigênio se mistura com vapores combustíveis aquecidos causando fenômenos de ignição da fumaça. As dimensões da Capa Térmica e a altura do Plano Neutro estão associadas a temperatura dentro do cômodo, a altura, aos espaços das aberturas, a quantidade de ar que entra no local, a produção de fumaça decorrente da progressão do fogo e do tipo de combustível. Quando a Capa Térmica e o Plano Neutro estão formados, a fumaça que flui do foco em direção as regiões mais distantes da área já queimada estarão aquecidas. Essa fumaça quente radia calor para todo o compartimento. Esse aquecimento chamamos de Feedback Radiativo e ele representa 70% da propagação do calor em cômodos. A distância da fonte de calor é indiretamente proporcional a quantidade de calor radiado. Ou seja, quanto mais longe a Capa Térmica estiver dos combustíveis, menor será o aquecimento. Nesse caso, independente da proximidade das chamas, todos os combustíveis serão aquecidos. Os efeitos desse aquecimento será a secagem – retirada da umidade ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL dos combustíveis – e a termólise (pirólise) que é o desprendimento de vapores combustíveis dos móveis, aberturas, piso e outros materiais orgânicos que compõem os salvados ou sinistrados. 2.3. Fases do Incêndio em Compartimento Para melhor entendermos o Incêndio em Compartimento, dividimos em fases que são visivelmente notáveis durante o sinistro. Identificar essas fases possibilita o Bombeiro, já na chegada da ocorrência, perceber como o incêndio se desenvolveu e como irá evoluir. Não é possível perceber todas as fases num incêndio justamente pela intervenção que realizada. Contudo, nos simuladores em container, o exercício é conduzido de forma a manter todas elas para serem observadas, identificadas e conhecidas. A relevância desse conhecimento reside na forma de abordagem na operação de combate para ser aplicadas as mais adequadas táticas e técnicas. As fases do incêndio estão diretamente relacionadas com a produção de calor conforme o desenvolvimento do incêndio. Tais fases são representadas pelo gráfico abaixo que relaciona tempo com desprendimento de calor, marcando as etapas que passaremos a descrever. Bombeiros Realce ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL 1ª FASE – INICIAL OU INCIPIENTE Todo bombeiro sabe a diferença entre Incêndio e Princípio de Incêndio. O Princípio de Incêndio é quando o fogo fora do controle está ainda em um foco muito pequeno. A Inicial começa quando a combustão se torna autossustentável até o ponto das chamas começarem a subir pela coluna de fumaça. Quando o triângulo do fogo se forma temos a combustão. Isso não resulta necessariamente em chamas como num cigarro, por exemplo. Havendo combustão e/ou chamas surge à reação química em cadeia tornando a queima autossustentável e com isso os quatro elementos do tetraedro do fogo. E quando há reação química em Cadeia temos o ponto notável de temperatura denominado Combustão. O calor da combustão gera Secagem e Termólise. Mas na Fase Incipiente apenas os combustíveis próximos ao foco “termolizam” e desidratam e posteriormente queimam. Todo combustível orgânico possui em sua composição quantidades de água a depender da porosidade, composição e umidade do ambiente. O aquecimento dos materiais e da água que estão presentes faz com que os vapores sejam desprendidos. A secagem explica a fumaça que tende a cor branca no princípio do incêndio. Essa fumaça não é tão quente, opaca, inflamável e tóxica o que geralmente permite o uso de aparelhos extintores sem equipamentos de proteção respiratória. Logo após a secagem teremos a termólise que é a liberação de vapores combustíveis decorrente da quebra das ligações iônicas dos materiais por causa do calor. A queima em um incêndio quase sempre é incompleta porque sempre há sobras de produtos da combustão. No entanto, se a chama não for perturbada por obstáculos (como o teto ou a coluna de fumaça) a quantidade subprodutos da combustão será pequena. É muito importante destacar que durante a fase inicial não há limitação do incêndio pelo oxigênio. A única limitação existente durante a Incipiente é a quantidade de combustível e o progresso do fogo, que nessa fase esta diretamente ligada a um conjunto de fatores que é mostrado no quadro abaixo. ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL Além do exposto neste quadro, há também o afastamento entre os combustíveis. De forma que o isolamento do material que está queimando tende a extinguir a combustão. Bombeiros treinados notarão na Fase Inicial que a Capa Térmica será tendente a branca e sem turbulência lembrando “nuvens tranquilas”. Como foi dito tal fase se encerra quando as chamas começam a subir pela coluna de fumaça. E com isso a dinâmica do incêndio mudará drasticamente porque as chamas serão perturbadas ao tocarem no teto ou na própria capa térmica. E a partir deste momento teremos a fase de Crescimento ou Desenvolvimento. 2ª FASE – CRESCIMENTO OU DESENVOLVIMENTO De todas as fases que estamos tratando, na segunda fase é quando geralmente equipes de bombeiros podem aplicar todo seu melhor potencial técnico. Isso porque dificilmente será possível chegar ao local ainda na fase ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL inicial. Já na terceira fase o incêndio já estará generalizado e haverá poucos salvados no compartimento atingido. Durante o Crescimento do Incêndio será possível salvar ou destruir patrimônio e riquezas alheias. Destruir porque o uso indiscriminado da água, por mais que leve ao decaimento da combustão, também será destrutiva. No vídeo abaixo podemos observar um combate na fase de desenvolvimento. Aperte “Ctrl” e clique aqui ou acesse o link https://youtu.be/EYNK19vRt3g Essa fase tem como marco inicial a chamas subindo pela coluna de gases e marco final a generalização do incêndio. Ao subir pela coluna de vapores, imediatamente após o final da fase anterior, a chama irá ser perturbada pelo teto ou pela própria fumaça acumulada próximo a ele. Aqueles carbonos produzidos pela própria combustão que em regra são queimados na ponta da chama, não serão consumidos devido a perturbação causada pelo obstáculo. Isso porque os subprodutos da combustão não serão totalmente misturados com o oxigênio presente no ar. Tal sobra de carbono fará com que a capa térmica comece a ter uma coloração mais escura pela abundância de carbono. As informações até aqui tratadas sobre a fase de desenvolvimento nos levaram a concluir que quanto mais baixo for o pé direito do cômodo maior será a velocidade do aumento da combustão. E Segundo o Coronel Ferrari do Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo um foco no centro do cômodo tende a ter um desenvolvimento mais lento que um foco contra uma parede. Um foco no canto de um cômodo tende a evoluir mais rapidamente (Manual do CBMES, Pag 54). ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL Além da característica construtiva do cômodo atingido outro fator que influenciará drasticamente a progressão do incêndio nessa fase é o suprimento de ar no cômodo. Se as portas e janelas estiverem abertas, por exemplo, a tendência do incêndio éacelerar. Por isso os bombeiros devem dominar técnicas de ventilação e conforme o caso ir fechando aquelas aberturas que permitem suprimento de Oxigênio. Quanto mais entrada de ar no incêndio mais oxigênio poderá reagir com os vapores combustíveis e seus derivados aumentando a taxa de liberação de calor e tornando o incêndio agressivo. Por isso dizemos que o Incêndio em Compartimento tem como especificidade a limitação pela ventilação e isso começa a se aplicar na segunda fase. Como já foi explicado, acima das chamas há uma zona de sobrepressão que empurra a fumaça para longe do foco. Logo, observar de onde está vindo a fumaça é um indicador para onde o esguicho deve ser direcionado. Diferentemente disso, o ar mais fresco e os vapores que estão rente ao piso irão em direção ao foco, devido o surgimento da Zona de Baixa Pressão. Mover-se abaixado durante a ocorrência repercute em receber menos calor no EPI. É nessa fase que a estratificação da fumaça fica mais evidente. Observar e avaliar o comportamento da Capa Térmica é fundamental nesse momento e pode salvar o bombeiro. À medida que a capa térmica vai ficando mais aquecida ela ficará mais turbulenta como a água fervente num recipiente. Se antes ela parecia nuvens serenas agora ela ficará agitada e instável. Além disso, se antes o limite inferior dela era o topo das aberturas e frestas, agora à medida que for aumentando a produção de gases e diminuindo a concentração de ar, ela certamente irá baixar diminuindo o plano neutro. A capa térmica aquecida proporcionará o aumento do feedback radioativo. Essa transmissão do calor proporcionará secagem e termólise nos combustíveis mais distantes das chamas. Os vapores de água e os combustíveis agregam à fumaça dentro do cômodo. Devemos destacar que fumaça branca indica vapor de água, fumaça preta indica abundância de carbono e fumaça de cor caqui abundância de vapores combustíveis decorrente da decomposição térmica (termólise/pirólise). Os combustíveis distantes do fogo num primeiro momento não ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL entram em combustão, mas liberam vapores combustíveis que por estarem quentes sobem até a capa térmica. A capa fica, então, mais inflamável e perigosa. Outro aspecto de suma relevância durante o crescimento do incêndio é o surgimento de comportamentos extremos do fogo pela inflamabilidade da fumaça. A doutrina classifica esses comportamentos em 3 gêneros que são a Ignição da Fumaça, o Flashover e o Backdraft que serão veremos adiante. Conforme o incêndio se desenvolve e a fumaça começa a aquecer e ficar mais inflamável surge os fenômenos de ignição da fumaça, ainda nesta fase. No interior do compartimento poderemos ver Ghost Flame, Rollover e Flashover e no exterior Flame Over e Flash Fire. Geralmente o surgimento dos fenômenos internos ocorrem na seguinte sequência de progressão: Ghost Flames, Rollovers e Flashover. De forma que os treinamentos preparam combatentes a estabilizar o ambiente de forma a evitar essa progressão e também decidir quando progredir, recuar ou se proteger. A generalização do incêndio em compartimento dará início à próxima fase. Mas generalização do incêndio não deve ser confundida com perda total da edificação. É possível que tal generalização se restrinja a um dos compartimentos ou alguns compartimentos de uma mesma edificação. Logo, progredir por debaixo da capa térmica pode acontecer desde muito longe do cômodo incendiado. Isso exige que bombeiros estabilizem o ambiente a fim de chegar próximo ao fogo. A generalização na maioria dos casos acontece pelo Flashover. Aqui convém dizer que um iminente Flashover provavelmente será precedido por Rollovers e por abaixamento súbito da capa térmica como demonstrado no vídeo abaixo. ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL Aperte “Ctrl” e clique aqui ou acessse o link https://youtu.be/fsaLCdC3iWw É necessário ressaltar a finalização dessa fase tem diversas possibilidades. Uma delas é o início da fase de decaimento em decorrência da subventilação. Se durante o desenvolvimento do incêndio e antes da sua generalização, o teor de O² reduzir a valores inferiores a 14% de concentração, inicia-se o que chamamos de fase de decaimento. Nesse caso não haverá a fase de desenvolvimento completo porque não houve a generalização. Por outro lado, se forem realizadas aberturas de um cômodo, sem a correta avaliação, poderá ocorrer o fornecimento de Oxigênio necessário para ocorrência do Flashover induzido pela ventilação. Torna-se imprescindível então, observar a coloração da fumaça. Fumaça preta indica presença de chama pela produção de calor. Já fumaça de cor caqui indica subventilação pela baixa concentração de Oxigênio. Este caso podemos dizer que é o mais perigoso e demanda maiores cuidados. Há também a possibilidade de generalização do incêndio sem a ocorrência do Flashover. Nesta situação a área queimada propaga-se atingindo todo o cômodo de forma progressiva, dos combustíveis mais próximos para os mais distantes do foco. Neste caso não há combustão simultânea de tudo, mas as chamas vão “caminhando” pelo compartimento como acontece nos incêndios florestais. 3ª FASE – DESENVOLVIMENTO COMPLETO A tendência dos incêndios em compartimento é que todos combustíveis sejam consumidos durante o sinistro. Mesmo quando isso acontece há necessidade de uma abordagem técnica a fim de salvar a estrutura e o mobiliário dos demais cômodos. Quando essa fase se estabelece haverá a maior taxa de liberação de calor e produção de fumaça, que são perigosas e destrutivas. Também a ventilação poderá contribuir ou prejudicar as operações de combate. ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL Se bombeiros estiverem dentro da edificação, mas em outros compartimentos não atingidos, receberão muito calor pelo Feedback radiativo da capa térmica. Assim, será necessário estabilizar o ambiente sempre cuidando para não gerar vapor excessivo. Pois, o vapor além de terminar de “cozinhar” possíveis vítimas irá tornar o serviço mais desconfortável e prejudicar a visibilidade. É no desenvolvimento completo que a capa térmica estará próxima ao chão na área em chamas. Além da máxima liberação de calor é nesse momento que teremos maior pressão dentro do cômodo devido a dilatação térmica e a intensa produção de gases. Razão essa, pela qual a fumaça será liberada por pulsos de dentro do cômodo como em uma panela de pressão. Consequentemente o ar será aspirado para dentro do ambiente em forma de pulsos à medida que a pressão é aliviada. Já no ambiente externo é comum a fumaça queimar apresentando o fenômeno do Flameover. Aquela fumaça, que não queima, sairá do cômodo com movimentos turbulentos indicando a alta temperatura dos produtos da combustão e do compartimento. Nessa fase a fumaça poderá ser de cor preta, indicando que há chamas no interior. Bem como de cor preta com misturas na cor caqui, proveniente da pirólise. A pirólise, mencionada anteriormente, ocorre nos combustíveis na periferia da área queimada e em especial nos demais compartimentos. Durante esta fase do incêndio a combustão estará limitada ou pelo combustível, que tende a se consumir totalmente, ou pela ventilação dependendo das condições da estrutura. Razão pela qual o domínio das técnicas de ventilação tática é relevante também durante o desenvolvimento completo. Enquanto a quantidade de liberação de calor estiver no ápice conforme demonstrada no gráfico no início da página 6, a última fase ainda não se estabeleceu. Assim como nas demais fases a velocidade da combustão irá variar considerando a combinação dos trêselementos do triangulo do fogo, a posição dos combustíveis, a quantidade de comburente vindo do exterior etc. ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL Segundo o Tenente Coronel Ferrari a temperatura média dos gases em um cômodo na fase de desenvolvimento completo fica em torno de 700º a 1500º C dependendo das características dos combustíveis presentes e da configuração do cômodo (Manual do CBMES, Pag 61). Considerando que os EPI’s de combate a incêndio são projetados para resistirem a 240°C, nenhum bombeiro deve estar num ambiente de incêndio totalmente desenvolvido. Razão pela qual convém conhecer os indicadores de um iminente Flashover que será tratado a seguir. Aperte Ctrl e clique aqui ou acesse o link https://youtu.be/xr6b9b8FYKk 4ª FASE – DECAIMENTO Chamamos de fase de decaimento quando um incêndio começa a diminuir a quantidade de liberação de calor. Mas é necessário deixar claro que tal decaimento não ocorre necessariamente após o seu desenvolvimento completo. Ou seja, mesmo durante a fase incipiente, de crescimento ou desenvolvimento completo o incêndio pode começar a decair. Isso ocorre quando um dos elementos do tetraedro do fogo é total ou parcialmente retirado da área de queima. Não podemos confundir decaimento com extinção. Isso significa que mesmo que a combustão tenha diminuído ela pode voltar a crescer ou se desenvolver novamente dependendo das alterações realizadas no ambiente. a. Decaimento pela diminuição de combustíveis – Logicamente estamos tratando do decaimento pelo exaurimento dos combustíveis do incêndio. Nesse caso o incêndio tende a se extinguir e a progressão limitar-se pelo material ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL queimado. Nem por isso o evento deixa de ser perigoso porque a depender do isolamento do compartimento o ambiente pode apresentar temperaturas extremas. Uma das características dessa condição é a diminuição das chamas e/ ou a presença somente de brasas. Mas o cuidado deve se concentrar nos gases ainda quentes, especialmente nas elevações da edificação, que se indevidamente ventilados podem entrar em ignição ou mesmo explodir. O mais comum é que o decaimento pelo exaurimento dos combustíveis ocorra após a fase de desenvolvimento completo, mas pode acontecer pela simples retirada do combustível a qualquer tempo. b. Decaimento pela quebra da reação química em cadeia – Se decaimento é a diminuição da liberação de calor do incêndio, qualquer intervenção que ocasione isso pode ser chamada de decaimento. A quebra da reação química em cadeia só pode extinguir o incêndio por intervenção artificial. Alguns sistemas ativos de extinção de incêndios, visando proteger o patrimônio presentes nos compartimentos, agem liberando agentes químicos que interferem na combustão sem abafar, resfriar ou retirar o combustível. Por terem maior afinidade com o comburente, com os vapores provenientes da termólise ou com os subprodutos da combustão, impedem que a combustão se concretize. c. Decaimento pela retirada de calor – Assim como a quebra da reação química em cadeia o resfriamento decorre de uma extinção artificial. É isso que as equipes de bombeiros fazem ao jogarem água na fumaça ou no combustível. A outra possibilidade é a ativação de sprinklers previamente instalados no compartimento. Geralmente esse acionamento ocorre nas fases incipientes ou de desenvolvimento. Pois se fosse na de desenvolvimento completo não se justificaria o investimento em sistemas como esse. No vídeo a seguir há duas possibilidades de resfriamento, uma por acionamento dos sprinklers e outro pela aplicação do pulso longo de alta vazão (ZOTI). ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL Aperte Ctrl e clique aqui ou acesse o link https://youtu.be/Y8ktyf4uxtc d. Decaimento pela diminuição de oferta de Oxigênio ou INCUBAÇÃO – A incubação também pode acontecer antes ou depois do desenvolvimento completo. As condições de um incêndio em compartimento incubado são especialmente perigosas devido ao comportamento extremo do fogo chamado Backdraft. A tabela abaixo mostra os efeitos da subventilação nos incêndios. Tabela do Manual do CBMES Podemos concluir que só é possível extinguir a combustão por abafamento se levarmos a concentração de Oxigênio no ambiente a uma proporção menor do que 7%. Enquanto a concentração de O² estiver entre 21 e 14% teremos queima viva cuja característica é a presença de chamas. Abaixo dos 14% teremos queima lenta e ainda que não tenha chamas a combustão se mantém com uma intensidade menor. Ou seja, presença somente de brasas. Se há combustão haverá produção de calor, mesmo que em menor quantidade do que na fase de ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL desenvolvimento completo. Para a temperatura aumentar, se manter ou diminuir dependerá muito do isolamento térmico do compartimento. Todavia, devemos concluir que o consumo dos vapores inflamáveis será menor, o que torna a capa térmica mais combustível. Devido ao menor consumo de vapores combustíveis e a manutenção das altas temperaturas é que decorre a maior possibilidade de ignição ou explosão da capa térmica durante o decaimento Se a concentração de Oxigênio for menor do que 7%, ele não sustenta a combustão. Mas isso não implica necessariamente rápida redução da temperatura. O calor residual pode estar ainda produzindo termólise o que mantém o ambiente com alto risco de explosividade. A consequência disso é que mesmo um incêndio incubado sem presença de combustão ainda não está controlado e requer procedimentos técnicos de ventilação e/ou resfriamento de forma a neutralizar os riscos presentes. No vídeo a seguir é possível notar pelo exterior da edificação os indicadores de um incêndio incubado. Aperte Ctrl e clique aqui ou acesse o link https://youtu.be/JdEI7g2i1ZU 2.4. Comportamentos Extremos do Fogo Se distinguir cada fase do incêndio em compartimento nos torna mais técnicos e atualizados, não é diferente em relação a cada comportamento extremo do fogo. Isso porque cada ambiente ou fenômeno tem uma forma peculiar de abordagem. O estudo dos comportamentos extremos do fogo surge Bombeiros Realce ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL juntamente com o próprio CFBT. Na verdade, foram tais fenômenos que motivaram as autoridades suecas a entender o que estava matando bombeiros. Depois da descoberta de que a fumaça também é combustível foi possível classificar cada um desses comportamentos. Hoje os comportamentos extremos do fogo são classificados em três gêneros, a saber: A ignição da Fumaça, a Generalização do Incêndio e a Explosão da Fumaça. Será justamente por essa classificação que vamos estudar cada um deles e seus subgrupos. Usaremos os termos em inglês porque estão consagrados e para facilitar o estudo de materiais produzidos no mundo todo. E ainda chamamos a atenção ao gênero ignição da fumaça pela existência de vários tipos. Abaixo temos uma tabela do Manual de Incêndio do CBMDF que diferencia e resume cada um desses grupos e sua ocorrência nos incêndios urbanos. Manual básico de combate à incêndio CBMDF – Módulo I Tentaremos aqui, além de identificar e explicar cada um deles, enumerar cada um dos indicadores de condições favoráveis a sua ocorrência para subsidiar os operadores de combate a incêndio com informações pertinentes a sua atuação. Algumas condições são comuns a qualquer comportamento, vejamos: ● Podem acontecer em edificações com qualquer característica construtiva (concreto, madeira, metal ou mistas); ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL ● Não precisam demuito tempo de queima e podem ocasionar em incêndio de propagação rápida; ● São eventos que ocorrem em ambientes compartimentados com limitação de paredes, tetos, pavimentos etc. Para ocorrerem precisam de limitadores do escoamento da fumaça porque dependem desse acúmulo. 2.4.1. Ignição da Fumaça e suas manifestações Como já explicado anteriormente o carbono e os vapores presentes na fumaça a tornam inflamável e até explosiva. O gênero ignição da fumaça ocorre quando tais vapores combustíveis entram em contato com o oxigênio ausente no ambiente ou com uma fonte de calor que da origem a combustão na fumaça. Passamos então a tratar cada um desses fenômenos. a. GHOST FLAMES (tradução literal – chamas fantasmas) – São pequenos, esporádicos e repentinos clarões localizados, dentro da capa térmica. Isso justifica sua comparação com fantasmas. Podem ser comparados também com os raios que acontecem dentro das nuvens em uma tempestade. A capa térmica não queima por causa da ausência de oxigênio. No entanto quando ela esta aquecida sua turbulência proporciona a entrada de ar no seu interior. A mistura combustível/comburente com o calor proporciona pequenas queimas no interior da fumaça. INDICADORES ● ocorrem em fumaças altamente inflamáveis e com elevadas temperaturas no interior do compartimento; ● antecedem a ocorrência de Rollover e Flashover; ● a temperatura estará em torno de 600° C. Bombeiros Realce ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL Aperte Ctrl e clique aqui ou acesse https://youtu.be/jNxhPkeAli0?t=31s b. ROLLOVER (tradução literal: rolamento) – Tem esse nome porque as chamas “rolam” na capa térmica a partir do foco em direção a áreas mais afastadas. Abaixo dessas chamas haverá grande temperatura pelo aumento do feedback radiativo e deve ser evitado a presença de bombeiros. INDICADORES ● ocorrem em fumaças altamente inflamáveis e com elevadas temperaturas no interior do compartimento; ● são precedidos de GhostFlames; ● são evidentes indicadores da eminência de Flashover; ● pode mostrar a localização do foco. ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL Aperte Ctrl e clique aqui ou acesse https://youtu.be/t_eHBqVYa8A?t=19s c. FLAME OVER (tradução literal: chamas de ponta) – São popularmente chamadas de línguas de fogo devido sua aparição nos marcos de janelas ou portas. Diferentemente do Backdraft, nesse caso é a fumaça que vai em direção ao oxigênio que lhe falta. Ocorrem porque a fumaça já em temperatura de ignição entra em contato com o comburente no exterior. O Flame Over ocorre fora do compartimento sinistrado, mas não necessariamente no exterior da edificação. Por decorrer justamente da subventilação no compartimento, o Flame Over não indica que há necessariamente chama no interior. Ele pode acontecer em aberturas expostas ou quando há rápidas aberturas nas janelas ou portas. INDICADORES ● ocorrem em fumaças altamente inflamáveis e com elevadas temperaturas no exterior do compartimento sinistrado; ● decorrem de fumaça com temperatura acima ou no ponto de ignição; ● podem preceder Blackdraft ou Flashover; ● não permitem supor a existência ou não de chama no interior da edificação; ● são precedidos de fumaça quentes e turbulenta; Aperte Ctrl e clique aqui ou acesse https://youtu.be/b_cYov8IDsc?t=3m28s ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL FLASHFIRE (tradução literal: fogo rápido). Esse fogo rápido acontece quando o combustível da fumaça altamente inflamável está adequadamente misturado ao comburente. No entanto não está aquecida suficientemente para entrar em combustão. Logo ela precisa apenas de uma fonte de calor. Esse fenômeno acontece comumente nos cômodos adjacentes aos compartimentos sinistrados. Quando o incêndio entra em decaimento por subventilação há condições para queima lenta. Tal queima lenta além de aquecer os combustíveis e produzir termólise consome poucos vapores oriundos da decomposição térmica. A produção de vapor aumenta a pressão e faz com que esses vapores sejam expulsos para os compartimentos onde ainda não há combustão nem temperatura elevada. Essa fumaça, geralmente na cor caqui, se acumula nas partes superiores da edificação, especialmente nos pavimentos superiores. Mas pode acontecer em edificações de apenas um pavimento ou no mesmo pavimento do local incendiado. Logo, para formar o triangulo do fogo só é necessária uma fonte de calor que pode vir da abertura inadequada do compartimento de origem ou do acendimento de uma lâmpada na peça da edificação, por exemplo. E importante destacar que o Flashfire pode atingir bens que até então eram salvados e não sinistrados. INDICADORES ● ocorrem em fumaças altamente inflamáveis sem elevadas temperaturas no exterior do compartimento; ● atingem geralmente os salvados; ● indicam que no compartimento de origem pode haver queima lenta; ● a fumaça não está no ponto notável de temperatura chamado de ignição. ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL Aperte Ctrl e Clique aqui ou acesse https://youtu.be/2f5TTDd0klo Ações incorretas em incêndios podem agravar e destruir mais do que já foi atingido. Para finalizar a sessão sobre ignição da fumaça transcrevemos parte do Manual Operacional de Bombeiro do CBMGO como segue: “A ignição da fumaça decorre principalmente de: ● Colapso de estruturas da edificação sinistrada, permitindo com que a fumaça antes confinada no ambiente entre em contato com uma fonte de calor ou com o comburente; ● Curto circuito da rede elétrica ou faiscamento de equipamento motomecanizados presentes no ambiente incendiado; ● Uso incorreto de ventilação por pressão positiva, que poderá direcionar a fumaça para um ambiente onde haja algum tipo de agente ígneo; ● Uso de jatos de água de forma indiscriminada e incorreta, tendo em vista que o deslocamento de ar gerado pela utilização desses jatos podem empurrar a fumaça para ambientes que contenham fontes de calor; ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL ● Ação de rescaldo mal conduzida, tendo em vista que o rescaldo pode deixar a mostra materiais incandescentes com potencial para incendiar a fumaça.” 2.4.2. Generalização do Incêndio por Flashover Entendemos como Flashover, o fenômeno no qual todos os combustíveis presentes no compartimento entram em ignição simultaneamente. Inclusive aqueles que estão longe do foco. Como já foi dito, esse comportamento extremo do fogo só acontece porque as paredes e tetos da edificação proporcionam o feedback radiativo. No entanto, a característica da edificação não deve causar subventilação. A alta pressão próxima ao foco faz com que os vapores aquecidos se distanciem das chamas tornando a capa térmica aquecida. A dinâmica que afasta os vapores mais quente da chama permite que toda a capa térmica se aqueça. E é justamente a capa térmica que radia calor aos materiais combustíveis que estão abaixo dela. Tais materiais sofrem secagem e posteriormente termólise. Mas seu afastamento do foco não proporciona sua combustão num primeiro momento. Os vapores da decomposição térmica compõem a capa térmica que vai se tornando cada vez mais combustível. Enquanto a fumaça vai se tornando mais combustível e quente as condições para a generalização do incêndio se estabelecem. O Flashover ocorre quando todos os combustíveis atingem os pontos de ignição ao mesmo tempo. INDICADORES ● Fumaça densa, escura e quente; ● Desprendimento de vapores dos materiais orgânicos presentes do compartimento. ● Capa térmica turbulenta; ● Presença de chamas no interior da edificação; ● Ghost flame; ● Flameover; ● Rollover; Bombeiros Realce ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – ABM COMUNICAÇÃO OPERACIONAL
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