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Hanseníase: Causas, Sintomas e Tratamento

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Natália Belido 
 
 
 
 
A hanseníase, antigamente conhecida como lepra, é 
uma doença infecciosa causada por uma bactéria 
chamada Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen, 
tendo sido identificada no ano de 1873 pelo cientista 
Armauer Hansen. Apresenta alta infectividade e baixa 
patogenicidade, isto é, infecta muitas pessoas, no 
entanto só poucas adoecem. Trata-se de uma doença 
infecciosa e contagiosa que afeta a pele e os nervos 
periféricos, principalmente as células de Schwan. 
A transmissão do M. leprae se dá por meio de 
convivência muito próxima e prolongada com o doente 
da forma transmissora, chamada multibacilar, que 
não se encontra em tratamento, por contato com 
gotículas de saliva ou secreções do nariz. Admite-se 
que as vias aéreas superiores constituem a principal 
porta de entrada e via de eliminação do bacilo. A pele 
erodida, eventualmente, pode ser porta de entrada da 
infecção. As secreções orgânicas como leite, esperma, 
suor, e secreção vaginal, podem eliminar bacilos, mas 
não possuem importância na disseminação da 
infecção. Tocar a pele do paciente não transmite a 
hanseníase. 
O período de incubação (tempo entre a aquisição a 
doença e da manifestação dos sintomas) varia de seis 
meses a cinco anos. É sabido que a susceptibilidade ao 
M. leprae possui influência genética. Assim, familiares 
de pessoas com hanseníase possuem maior chance de 
adoecer. 
A doença acomete principalmente os nervos 
superficiais da pele e troncos nervosos periféricos 
(localizados na face, pescoço, terço médio do braço e 
abaixo do cotovelo e dos joelhos), mas também pode 
afetar os olhos e órgãos internos (mucosas, testículos, 
ossos, baço, fígado, etc. 
Os pacientes diagnosticados com hanseníase têm 
direito a tratamento gratuito com a poliquimioterapia 
(PQT-OMS), disponível em qualquer unidade de saúde. 
O tratamento interrompe a transmissão em poucos 
dias e cura a doença. Quando a pessoa doente inicia o 
tratamento quimioterápico, ela deixa de ser 
transmissora da doença, pois as primeiras doses da 
medicação matam os bacilos, torna-os incapazes de 
infectar outras pessoas. 
 
 
 
 
Um caso de hanseníase é uma pessoa que 
apresenta uma ou mais de uma das seguintes 
características e que requer quimioterapia: 
• Lesão (ões) de pele com alteração de sensibilidade; 
• Acometimento de nervo(s) com espessamento 
neural; 
• Baciloscopia positiva. 
 
Sintomas 
• Áreas da pele, ou manchas esbranquiçadas 
(hipocrômicas), acastanhadas ou avermelhadas, 
com alterações de sensibilidade ao calor e/ou 
dolorosa, e/ou ao tato; 
• Formigamentos, choques e câimbras nos braços e 
pernas, que evoluem para dormência (a pessoa se 
queima ou se machuca sem perceber); 
• Pápulas, tubérculos e nódulos (caroços), 
normalmente sem sintomas; 
• Diminuição ou queda de pelos, localizada ou difusa, 
especialmente nas sobrancelhas (madarose); 
• Pele infiltrada (avermelhada), com diminuição ou 
ausência de suor no local. 
Além dos sinais e sintomas mencionados, pode-se 
observar: 
• Dor, choque e/ou espessamento de nervos 
periféricos; 
• Diminuição e/ou perda de sensibilidade nas áreas 
dos nervos afetados, principalmente nos olhos, 
mãos e pés; 
• Diminuição e/ou perda de força nos músculos 
inervados por estes nervos, principalmente nos 
membros superiores e inferiores e, por vezes, 
pálpebras; 
• Edema de mãos e pés com cianose (arroxeamento 
dos dedos) e ressecamento da pele; 
• Febre e artralgia, associados a caroços dolorosos, 
de aparecimento súbito; 
• Aparecimento súbito de manchas dormentes com 
dor nos nervos dos cotovelos (ulnares), joelhos 
(fibulares comuns) e tornozelos (tibiais 
posteriores); 
• Entupimento, feridas e ressecamento do nariz; 
• Ressecamento e sensação de areia nos olhos. 
Hanseníase 
Natália Belido Patologias 
 
Natália Belido 
Classificação 
Os doentes são classificados em paucibacilares (PB 
presença de até cinco lesões de pele com baciloscopia 
de raspado intradérmico negativo, quando disponível) 
ou multibacilares (MB – presença de seis ou mais 
lesões de pele ou baciloscopia de raspado intradérmico 
positiva). 
Entretanto, alguns pacientes não apresentam 
lesões facilmente visíveis na pele, e podem ter lesões 
apenas nos nervos (hanseníase primariamente neural), 
ou as lesões podem se tornar visíveis somente após 
iniciado o tratamento. Assim, para melhor 
compreensão e facilidade para o diagnóstico, exte a 
classificação de Madri (1953): hanseníase 
indeterminada (PB), tuberculóide (PB), dimorfa (MB) e 
virchowiana (MB). 
 
Hanseníase Indeterminada (paucibacilar) 
Todos os pacientes passam por essa fase no início 
da doença. Geralmente afeta crianças abaixo de 10 
anos, ou mais raramente adolescentes e adultos que 
foram contatos de pacientes com hanseníase. A fonte 
de infecção é normalmente um paciente com 
hanseníase multibacilar não diagnosticado. 
Características da lesão de pele: 
• Geralmente única; 
• Mais clara do que a pele ao redor (mancha); 
• Não é elevada (sem alteração de relevo) 
• Apresenta bordas mal delimitadas; 
• É seca (“não pega poeira” – uma vez que não 
ocorre sudorese na respectiva área); 
• Há perda de sensibilidade (hipotesia ou 
anestesia) térmica ou dolorosa; 
• Sensibilidade tátil geralmente é preservada. 
 A prova da histamina é incompleta na lesão, a 
biópsia de pele frequentemente não confirma o 
diagnóstico e a baciloscopia é negativa. Portanto, os 
exames laboratoriais negativos não afastam o 
diagnóstico clínico 
Atenção! 
Casos com manchas hipocrômicas grandes e dispersas, 
ocorrendo em mais de um membro, ou seja, lesões muito 
distantes, pois pode se tratar de um caso de hanseníase 
dimorfa macular (forma multibacilar); nesses casos, é 
comum o paciente queixar-se de formigamentos nos pés e 
mãos, e/ou câimbras, e na palpação dos nervos 
frequentemente se observa espessamentos. 
Hanseníase tuberculóide (paucibacilar) 
É a forma da doença em que o sistema imune da 
pessoa consegue destruir os bacilos 
espontaneamente. Assim como na hanseníase 
indeterminada, a doença também pode acometer 
crianças (o que não descarta a possibilidade de se 
encontrar adultos doentes), tem um tempo de 
incubação de cerca de cinco anos, e pode se 
manifestar até em crianças de colo, onde a lesão de 
pele é um nódulo totalmente anestésico na face ou 
tronco (hanseníase nodular da infância). 
Características da lesão de pele: 
• Manifesta-se por uma placa (mancha elevada 
em relação à pele adjacente) totalmente 
anestésica ou u por placa com bordas elevadas, 
bem delimitadas e centro claro (forma de anel 
ou círculo). 
Nesses casos, a baciloscopia é negativa e a biópsia 
de pele quase sempre não demonstra bacilos, e nem 
confirma sozinha o diagnóstico. Sempre será 
necessário fazer correlação clínica com o resultado da 
baciloscopia e/ou biópsia, quando for imperiosa a 
realização desses exames. Os exames subsidiários 
raramente são necessários para o diagnóstico, pois 
sempre há perda total de sensibilidade, associada ou 
não à alteração de função motora, porém de forma 
localizada. 
 
Hanseníase dimorfa (multibacilar) 
É comum haver comprometimento assimétrico de 
nervos periféricos, as vezes visíveis ao exame clínico. É 
a forma mais comum de apresentação da doença 
(mais de 70% dos casos). Ocorre, normalmente, após 
um longo período de incubação (cerca de 10 anos ou 
mais), devido à lenta multiplicação do bacilo (que 
ocorre a cada 14 dias, em média). A baciloscopia da 
borda infiltrada das lesões (e não dos lóbulos das 
orelhas e cotovelos), quando bem coletada e corada, é 
frequentemente positiva, exceto em casos raros em 
que a doença está confinada aos nervos. Todavia, 
quando o paciente é bem avaliado clinicamente, os 
exames laboratoriais quase sempre são 
desnecessários. Esta forma da doença também pode 
aparecer rapidamente, podendo ounão estar 
associada à intensa dor nos nervos, embora estes 
sintomas ocorram mais comumente após o início do 
tratamento ou mesmo após seu término (reações 
imunológicas em resposta ao tratamento). 
Características da lesão de pele: 
• Caracteriza-se, geralmente, por mostrar várias 
manchas de pele avermelhadas ou 
esbranquiçadas; 
 
Natália Belido 
• Bordas elevadas e mal delimitadas na periferia 
Ou 
• Múltiplas lesões bem delimitadas semelhantes 
a lesão tuberculoide; 
• Borda externa maecida (pouco definida). 
 
Nos dois casos há: 
• Perda parcial a total da sensibilidade; 
• Diminuição das funções autonômicas 
(sudorese e vasorreflexia à histamina). 
 
Hanseníase virchowiana (multibacilar) 
É a forma mais contagiosa da doença. O paciente 
virchowiano não apresenta manchas visíveis. 
Características da pele: 
• A pele apresenta-se avermelhada, seca, 
infiltrada, cujos poros apresentam-se dilatados 
(aspecto de “casca de laranja”); 
• Geralmente o couro cabeludo, axilas e o meio 
da coluna lombar (áreas quentes) são 
poupadas. 
 Na evolução da doença, é comum aparecerem 
caroços (pápulas e nódulos) escuros, endurecidos e 
assintomáticos (hansenomas). Quando a doença se 
encontra em estágio mais avançado, pode haver perda 
parcial a total das sobrancelhas (madarose) e também 
dos cílios, além de outros pelos, exceto os do couro 
cabeludo. A face costuma ser lisa (sem rugas) devido a 
infiltração, o nariz é congesto, os pés e mãos 
arroxeados e edemaciados, a pele e os olhos secos. O 
suor está diminuído ou ausente de forma generalizada, 
porém é mais intenso nas áreas ainda poupadas pela 
doença, como o couro cabeludo e as axilas. 
São comuns as queixas de câimbras e 
formigamentos nas mãos e pés, que entretanto 
apresentam-se aparentemente normais. “Dor nas 
juntas” (articulações) também são comuns e, 
frequentemente, o paciente tem o diagnóstico clínico 
e laboratorial equivocado de “reumatismo” (artralgias 
ou artrites), “problemas de circulação ou de coluna”. 
Os exames reumatológicos frequentemente resultam 
positivos, como FAN, FR, assim como exame para sífilis 
(VDRL). É importante ter atenção aos casos de 
pacientes jovens com hanseníase virchowiana que 
manifestam dor testicular devido a orquites. Em idosos 
do sexo masculino, é comum haver comprometimento 
dos testículos, levando à azoospermia (infertilidade), 
ginecomastia (crescimento das mamas) e impotência. 
Os nervos periféricos e seus ramos superficiais estão 
simetricamente espessados, o que dificulta a 
comparação. Por isso, é importante avaliar e buscar 
alterações de sensibilidade térmica, dolorosa e tátil no 
território desses nervos (facial, ulnar, fibular, tibial), e 
em áreas frias do corpo, como cotovelos, joelhos, 
nádegas e pernas. Na hanseníase virchowiana o 
diagnóstico pode ser confirmado facilmente pela 
baciloscopia dos lóbulos das orelhas e cotovelos. 
 
Diagnóstico 
O diagnóstico da hanseníase é realizado através do 
exame clínico, quando se busca os sinais 
dermatoneurológicos da doença. 
 
O roteiro de diagnóstico clínico constitui-se das 
seguintes atividades: 
• Anamnese - obtenção da história clínica e 
epidemiológica; 
• Avaliação dermatológica - identificação de 
lesões de pele com alteração de sensibilidade; 
• Avaliação neurológica - identificação de 
neurites, incapacidades e deformidades; 
• Diagnóstico dos estados reacionais; 
• Diagnóstico diferencial; 
• Classificação do grau de incapacidade física. 
 
Deve ser feita uma inspeção de toda a superfície 
corporal, no sentido crânio-caudal, seguimento por 
seguimento, procurando identificar as áreas 
acometidas por lesões de pele. As áreas onde as lesões 
ocorrem com maior frequência são: face, orelhas, 
nádegas, braços, pernas e costas, mas elas podem 
ocorrer, também, na mucosa nasal. Devem ser 
realizadas as seguintes pesquisas de sensibilidade nas 
lesões de pele: térmica, dolorosa, e tátil, que se 
complementam. 
A pesquisa de sensibilidade térmica nas lesões e nas 
áreas suspeitas deve ser realizada, sempre que 
possível, com dois tubos de vidro, um contendo água 
fria e no outro água aquecida. Deve-se ter o cuidado de 
a temperatura da água não ser muito elevada (acima 
de 450C), pois neste caso poderá despertar sensação 
de dor, e não de calor. Devem ser tocadas a pele sã e a 
área suspeita com a extremidade dos tubos frio e 
quente, alternadamente, solicitando-se à pessoa que 
identifique as sensações de frio e de calor (quente). As 
respostas como menos frio, ou menos quente devem 
também ser valorizadas nessa pesquisa. 
Já a pesquisa de sensibilidade tátil nas lesões e nas 
áreas suspeitas é apenas com uma mecha fina de 
algodão seco ou um pedaço de fio-dental. 
O teste de sensibilidade a dor é feito usando uma 
agulha de insulina, não é necessário furar o paciente 
apenas encostar a agulha no local da lesão. Pode-se 
 
Natália Belido 
fazer também com a ponta de uma caneta 
esferográfica. Essa pesquisa é a mais importante para 
prevenir incapacidades, pois detecta precocemente 
diminuição ou ausência de sensibilidade protetora do 
paciente. 
O diagnóstico, portanto, baseia-se na identificação 
desses sinais e sintomas, e uma vez diagnosticado, o 
caso de hanseníase deve ser classificado, 
operacionalmente, para fins de tratamento. Esta 
classificação também é feita com base nos sinais e 
sintomas da doença: 
• Paucibacilares (PB): casos com até 5 lesões de 
pele; 
• Multibacilares (MB): casos com mais de 5 
lesões de pele 
 
Avaliação neurológica 
No estágio inicial da doença, a neurite hansênica 
não apresenta um dano neural demonstrável, contudo, 
sem tratamento adequado frequentemente, a neurite 
torna-se crônica e evolui, passando a evidenciar o 
comprometimento dos nervos periféricos: a perda da 
capacidade de suar (anidrose), a perda de pelos 
(alopecia), a perda das sensibilidades térmica, 
dolorosa e tátil, e a paralisia muscular. 
Os processos inflamatórios podem ser causados 
tanto pela ação do bacilo nos nervos, como pela 
resposta do organismo à presença do bacilo, ou por 
ambos, provocando lesões neurais, que se não 
tratadas, podem causar dor e espessamento dos 
nervos periféricos, alteração de sensibilidade e perda 
de força nos músculos inervados por esses nervos, 
principalmente nas pálpebras e nos membros 
superiores e inferiores, dando origem a incapacidades 
e deformidades. 
A avaliação neurológica deve ser realizada no 
momento do diagnóstico, semestralmente e na alta 
do tratamento, na ocorrência de neurites e reações ou 
quando houver suspeita das mesmas, durante ou após 
o tratamento PQT e sempre que houver queixas. Os 
principais nervos periféricos acometidos na hanseníase 
são os que passam: 
• Pela ela face - trigêmeo e facial, que podem 
causar alterações na face, nos olhos e no nariz; 
• Pelos braços - radial, ulnar e mediano, que 
podem causar alterações nos braços e mãos; 
• Pelas pernas - fibular comum e tibial posterior, 
que podem causar alterações nas pernas e pés 
 
A identificação das lesões neurológicas é feita 
através da avaliação neurológica e é constituída pela 
inspeção dos olhos, nariz, mãos e pés, palpação dos 
troncos nervosos periféricos, avaliação da força 
muscular e avaliação de sensibilidade nos olhos, 
membros superiores e membros inferiores. 
Deve ser verificado na inspeção dos olhos: 
• Ardor; 
• Coceira; 
• Vista embaçada; 
• Ressecamento dos olhos; 
• Pálpebras pesadas; 
• Lacrimejamento; 
• Nódulos; 
• Infiltrações; 
• Secreção; 
• Vermelhidão (hiperemia); 
• Ausência de sobrancelhas (madarose); 
• Cílios invertidos (triquíase); 
• Eversão (ectrópio); 
• Desabamento da pálpebra inferior 
(lagoftalmo); 
• Opacidade da córnea. 
Ainda deve ser verificado se há alteração no contorno, 
tamanho e reação das pupilas, e se as mesmas se 
apresentam pretas ou esbranquiçadasDiagnóstico laboral 
A baciloscopia é o exame microscópico onde se 
observa o Mycobacterium leprae, diretamente nos 
esfregaços de raspados intradérmicos das lesões 
hansênicas ou de outros locais de coleta selecionados: 
lóbulos auriculares e/ou cotovelos, e lesão quando 
houver. É um apoio para o diagnóstico e também serve 
como um dos critérios de confirmação de recidiva 
quando comparado ao resultado no momento do 
diagnóstico e da cura. 
Por nem sempre evidenciar o Mycobacterium 
leprae nas lesões hansênicas ou em outros locais de 
coleta, a baciloscopia negativa não afasta o diagnóstico 
da hanseníase. O tratamento é iniciado 
imediatamente após o diagnóstico de hanseníase e a 
classificação do paciente em pauci ou multibacilar 
baseado no número de lesões de pele. 
 
Tratamento 
*Baseado na nota técnica de 2020* 
Tanto na multibacilar quanto na paucibacilar: 
Rifampcina 600 mg mensal (supervisionada) 
Dapsona 100 mg mensal (supervisionada) + 100 mg 
diária (autoadministrada) 
 
Natália Belido 
Clofazimina 300 mg mensal (supervisionada + 50 mg 
diária (autoadministrada) 
PB tratamento por 6 meses e é considerado cura 
quando 6 doses no intervalo máximo de 9 meses. 
MB tratamento por 12 meses e é considerado cura 
quando 12 doses em 18 meses (esquema completo). 
 
Para tratamento da hanseníase resistente usa-se 
clindamixina. 
 
Reações adversas: 
Rifampicina: Suor e urina vermelhos; diminui o efeito 
do anticoncepcional. 
Clofazimina: coloração da pele fica bronzeada. 
Dapsona: metahemoglobinemia (alteração do ferro 
dentro da hemoglobina); agranulocitose; hemólise; 
coceira e descamação da pele; tremores; icterícia leve; 
cefaleia; cianose; dispneia; fadiga; desmaios; náuseas; 
anorexia e vômito. 
 
Prevenção 
• Diagnóstico precoce; 
• Tratamento regular e acompanhado; 
• Investigação dos contatos; 
• BCG (forma de prevenção cruzada; somente 
para contactantes que estejam sem sintomas 
tanto de paucibacilar quanto multibacilar); 
 
BCG para sintomáticos potencializa o aparecimento da 
doença. 
 
• Prevenção de incapacidades (principalmente 
olhos, pês e mãos); 
• Prevenir a exclusão social. 
 
Reações hansenicas 
Os estados reacionais ou reações hansênicas são 
reações do sistema imunológico do doente ao 
Mycobacterium leprae. Apresentam-se através de 
episódios inflamatórios agudos e sub-agudos. Podem 
acometer tanto os casos Paucibacilares como os 
Multibacilares. 
Os estados reacionais ocorrem, principalmente, 
durante os primeiros meses do tratamento 
quimioterápico da hanseníase, mas também podem 
ocorrer antes ou depois do mesmo, nesse caso após a 
cura do paciente. Quando ocorrem antes do 
tratamento, podem induzir ao diagnóstico da doença. 
Os estados reacionais são a principal causa de lesões 
dos nervos e de incapacidades provocadas pela 
hanseníase. Portanto, é importante que o diagnóstico 
dos mesmos seja feito precocemente, para se dar início 
imediato ao tratamento, visando prevenir essas 
incapacidades. 
São gatilhos para as reações hansenicas: 
• Infecções; 
• Alterações hormonais; 
• Alterações emocionais. 
 
As reações hansenicas são divididas em: 
Tipo 1 
É quadro clínico, que se caracteriza por apresentar 
novas lesões dermatológicas (manchas ou placas), 
infiltração, alterações de cor e edema nas lesões 
antigas, bem como dor ou espessamento dos nervos 
(neurites). 
Inicio: Antes do tratamento ou do 1º ao 6º mês. 
Clinica: Novas lesões; reagudização das antigas. 
Comprometimento sistêmico: Não é frequente. 
 Tratamento: Prednisona 1 mg/Kg/dia em caso de 
problemas cardíacos usa-se a dexametasona no lugar. 
 
Tipo 2 
É quadro clínico manifestado principalmente como 
Eritema Nodoso Hansênico (ENH) que se caracteriza 
por apresentar nódulos vermelhos e dolorosos, febre, 
dores articulares, dor e espessamento nos nervos e 
mal-estar generalizado. Geralmente as lesões antigas 
permanecem sem alteração. 
Inicio: no 1º sinal da doença; durante ou depois do 
tratamento. 
Clinica: Nódulos vermelhos dolorosos a palpação e 
que podem evoluir para vesículas, pústulas, bolhas ou 
ulcera. 
Cpmrpmetimento sistêmico: É frequente; 
apresenta febre, astenia, mialgias, náuseas (estado 
toxêmico) e dor articular. 
Tratamento: Prednisona 1mg/Kg/dia + Talidomida 
(causa malformação teratogênica do bebê) 100 a 400 
mg/dia + Pentoxifilina 400 mg 3x ao dia.

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