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www.pneumoatual.com.br 
Oxigenoterapia 
 
Autor 
José Roberto Jardim1 
Dez-2008 
 
1 - A quem está indicada a oxigenoterapia domiciliar prolongada? 
A oxigenoterapia domiciliar prolongada (ODP) está indicada para todos os pacientes com 
doença pulmonar crônica e hipoxemia crônica, casos em que determina aumento da sobrevida 
e a melhora da qualidade de vida. 
2 - Quais as doenças que têm indicação de oxigenoterapia domiciliar prolongada? 
A DPOC com hipoxemia é doença em que a oxigenoterapia foi melhor estudada, constituindo 
sua principal indicação. Entretanto, várias outras condições que cursam com hipoxemia crônica 
beneficiam-se deste tratamento: 
• doenças pleurais extensas, 
• ressecções pulmonares, 
• seqüelas pleuropulmonares da tuberculose, 
• doenças neuromusculares, 
• deformidades da caixa torácica (cifoescoliose), 
• tromboembolia pulmonar crônica, 
• pneumoconiose, 
• asma perene, 
• doenças pulmonares difusas (ex. fibrose pulmonar idiopática), 
• outras. 
 
3 - Como é a ação do oxigênio na correção da dispnéia? 
A hipoxemia aumenta a estimulação dos quimioreceptores no corpo carotídeo e leva ao 
aumento da freqüência respiratória e, conseqüentemente, da sensação de dispnéia. Pode-se 
observar um aumento na sensação de dispnéia na realização de atividade física, já que os 
pacientes hipoxêmicos precocemente mudam o substrato energético e acumulam ácido lático, 
com conseqüente aumento da freqüência respiratória e dispnéia. Em ambas situações a 
administração de oxigênio, evitando a queda da sua concentração no sangue, alivia 
substancialmente a dispnéia. 
4 - Qual a importância da hipoxemia no desenvolviennto do cor pulmonale? 
A circulação pulmonar é um circuito de grande distensibilidade e baixa resistência, sendo capaz 
de acomodar o mesmo fluxo sanguíneo que a circulação sistêmica, com uma pressão média, 
aproximadamente, cinco vezes menor. Os mecanismos envolvidos no aumento da resistência 
vascular pulmonar são vasomotores e/ou anatômicos. A hipóxia alveolar aguda ou crônica é 
um estímulo potente para vasoconstrição pulmonar e é o fator mais importante na fisiopatologia 
do cor pulmonale crônico. A hipóxia pode resultar da ventilação inadequada de alvéolos bem 
perfundidos ou da diminuição difusa da ventilação alveolar. Em conjunto com os estímulos 
vasomotores, as alterações anatômicas também concorrem para hipertensão pulmonar. A 
camada íntima das artérias submetidas a regime de hipóxia crônica sofre acúmulo de células 
musculares lisas, que leva ao seu espessamento. 
A hipóxia arterial sistêmica potencializa os efeitos locais da hipóxia alveolar, através de reflexos 
neurais simpáticos. Outros fatores como acidose (pH<7,2), hipercapnia e aumento da 
viscosidade sanguínea agem de maneira sinérgica à hipóxia. A hipercapnia exerce seu efeito 
indiretamente, através da acidose que induz. O aumento da viscosidade decorre da policitemia 
secundária à hipóxia crônica. Hipoxemia e acidose freqüentemente agravam uma doença de 
ventrículo esquerdo que pode coexistir de forma independente e pioram os sintomas 
respiratórios se a falência de ventrículo esquerdo levar a edema pulmonar. 
 
1 Professor Associado Livre Docente de Pneumologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); 
Diretor do Centro de Reabilitação Pulmonar da Unifesp / Lar Escola São Francisco. 
 
 
 
www.pneumoatual.com.br 
A utilização suplementar de oxigênio produz benefícios fisiológicos, diminuindo os sintomas e 
aumentando a expectativa de vida. A correção da hipoxemia diminui a dispnéia aos esforços e 
melhora o desempenho das atividades da vida diária. A utilização de pelo menos 15 horas/dia 
de oxigênio já provou que leva a melhora na qualidade de vida e aumenta a sobrevida de 
pacientes com DPOC e cor pulmonale. 
5 - Como a oxigenoterapia pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes? 
Diante de todos os benefícios relatados com o uso do oxigênio para os pacientes que 
apresentam hipoxemia, pode-se constatar, de forma indireta, melhora na qualidade de vida 
relacionada ao estado de saúde desses indivíduos. O aumento na tolerância ao exercício é um 
importante marcador para melhora na qualidade de vida. Um estudo que avaliou a capacidade 
física de pacientes com DPOC, que, em momentos diferentes, utilizavam oxigênio ou ar 
comprimido, mostrou que o uso do oxigênio líquido portátil aumentava a distância caminhada, o 
que, sem dúvida, reflete na melhor realização das atividades comuns do dia a dia, promovendo 
uma reintegração social do paciente com conseqüente melhora na qualidade de vida. 
Outro fator importante para melhora indireta na qualidade de vida dos pacientes é a diminuição 
no número de internações que é observada nos que recebem oxigenoterapia domiciliar 
prolongada. De forma direta também já se constatou melhora da qualidade de vida, medida 
pelo CRQ (Chronic Respiratory Questionnaire), de pacientes com DPOC que faziam uso de 
oxigênio ambulatorial por 12 semanas, comparados com outro grupo de características 
semelhantes que utilizava ar comprimido. Estes pacientes obtiveram melhora nos quatro 
domínios do questionário CRQ. 
Contudo, todos os benefícios acima seguem uma fase inicial de adaptação à oxigenoterapia, a 
qual, comumente, é constrangedora tanto para o paciente quanto para a família. A qualidade 
de vida de pacientes com DPOC com baixo poder aquisitivo sob oxigenoterapia de longa 
duração é significativamente pior que a dos pacientes sem hipoxemia. Isto é explicado tanto 
pelo estádio da doença, mais graves no primeiro caso, quanto pelo transtorno causado pelos 
aparelhos e acessórios necessários para a realização da oxigenoterapia, prejudicando a saída 
de casa, habitualmente pelo uso de cilindros e não por equipamento portáteis. Estes dados 
enfatizam a necessidade de critérios adequados para a prescrição de ODP e do perfeito 
acompanhamento por parte da equipe multiprofissional na fase inicial de adaptação. 
6 - Quais os efeitos da hipoxemia na cognição e na vida diária de pacientes idosos? 
O processo de envelhecimento é acompanhado pelo declínio das capacidades física e 
cognitiva dos idosos, de acordo com suas características de vida, o que faz com que alguns 
hábitos ou vícios possam gerar sobreposição de fatores naturais, como a idade e o próprio 
envelhecimento, com deficiências adquiridas como a hipóxia devido a alguma doença pulmonar 
crônica. 
Distúrbios neuropsíquicos são freqüentes em pacientes com hipoxemia crônica, sendo que o 
padrão freqüentemente observado é semelhante ao do indivíduo idoso, com dificuldade para 
concentração, perda da memória e redução na habilidade de abstração. A hipoxemia piora 
durante o sono e particularmente durante a fase de movimentos rápidos dos olhos em 
portadores de DPOC grave. Estudos têm demonstrado que existe relação positiva entre o grau 
de hipoxemia e a presença desses distúrbios; tais estudos demonstram, também, que há 
melhora da função neuropsíquica após o primeiro mês de oxigenoterapia e que há 
reversibilidade das alterações eletroencefalográficas da hipoxemia crônica após 15 a 20 
horas/dia de oxigenoterapia domiciliar prolongada. 
A baixa escolaridade também já foi relacionada como um fator importante em associação com 
a hipoxemia, levando a uma perda mais efetiva da função cognitiva nesses pacientes. A 
hipoxemia associada à idade avançada, à baixa escolaridade e a existência de doenças 
cardiovasculares são as explicações mais aceitas quanto à origem dos distúrbios de cognição 
em pacientes portadores de DPOC. 
7 - Ocorre melhora das trocas gasosas com o uso contínuo de oxigenoterapia domiciliar 
no paciente com DPOC grave? 
Sim, ocorre melhoria na PaO2 com o paciente, mesmo respirando ar ambiente, a partir do 
terceiro mês de uso de oxigenoterapia domiciliar. 
 
 
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Existiam dúvidas sobre se as variações na PaO2 depois do uso contínuo de oxigênio se devem 
a flutuações fisiológicas ou a seus efeitos benéficose se questionavam quais mecanismos 
estavam implicados nisto. Um estudo em 24 pacientes com DPOC avaliados antes e depois de 
oxigenoterapia domiciliar prolongada demonstrou estabilização da PaO2 e PaCO2 durante a 
evolução da doença com o tratamento, contrastando com uma progressiva piora das mesmas 
variáveis antes da terapia com oxigênio. A diminuição dos volumes pulmonares com a evolução 
natural da doença diminuiu sensivelmente, mas, obviamente, não se estacionou. 
Existem duas hipóteses para explicar a melhora na PaO2 depois da estabilização da doença 
em indivíduos que recebem oxigenoterapia domiciliar: 
• a primeira é que o uso continuo de oxigênio possa reverter as alterações estruturais 
nos pequenos vasos pulmonares e “remodelar” a árvore vascular pulmonar com a 
conseqüente melhora da vasoconstrição e diminuição da hipertensão arterial pulmonar; 
• a segunda hipótese está relacionada ao transporte e ao conteúdo arterial do oxigênio 
no sangue. A diminuição da resistência vascular pulmonar melhora o desempenho do 
ventrículo direito e o débito cardíaco, com melhora do conteúdo arterial de oxigênio, do 
transporte de oxigênio e, conseqüentemente, da PaO2. 
 
8 - De um modo geral, existe necessidade de algum controle na oxigenoterapia 
domiciliar prolongada? 
Sim, existe a necessidade de um controle rígido com relação à indicação, uso e manutenção da 
oxigenoterapia domiciliar prolongada por ser um procedimento médico-social de alto custo, 
instituindo-se as medidas restritivas para coibir seu uso impróprio e abusivo. Dentro destas 
medidas estão a padronização de suas indicações e o registro inicial para o controle periódico 
dos pacientes. 
9 - Quais são os objetivos da oxigenoterapia domiciliar prolongada? 
O objetivo primordial da administração de oxigênio é a melhorar da sobrevida dos pacientes. 
Neste sentido, a correção ou a prevenção da hipoxemia tem grande importância, devendo ser 
acompanhada da manutenção da hemoglobina, do débito cardíaco e da perfusão tissular 
adequados, parâmetros associados ao transporte de oxigênio no sangue. A correção de outras 
condições clínicas encontradas nesse grupo de pacientes, como broncoespasmo, infecções 
broncopulmonares e insuficiência cardíaca congestiva, também contribuem para a correção da 
hipóxia tissular. 
Estes procedimentos podem reverter a policitemia, melhorar as funções neuropsíquica e 
cardíaca, a resistência ao exercício, facilitando as atividades da vida diária, com ganho de peso 
e melhora do estado global de saúde. 
10 - Qual é o estudo americano que deu base para o uso da oxigenoterapia domiciliar 
prolongada em pacientes com DPOC? 
A oxigenoterapia domiciliar prolongada (ODP) está praticamente baseada em dois estudos 
internacionalmente conhecidos, um americano e outro britânico. O estudo americano NOTT 
(Nocturnal Oxygen Therapy Trial) foi realizado em seis centros nos Estados Unidos em 
pacientes com DPOC e PaO2 menor ou igual a 55 mmHg ou PaO2 menor ou igual a 59 mmHg 
associada a sinais de insuficiência cardíaca direita. Os pacientes foram divididos e 
randomizados para dois grupos: oxigenoterapia noturna por 12 horas/dia (n=102) ou 
oxigenoterapia contínua por 24 h/dia (n=101). O tempo de oxigenoterapia nos dois grupos foi 
controlado por um marcador de tempo e o grupo de oxigenoterapia contínua utilizou, em média, 
17,7 horas/dia de oxigênio, enquanto o grupo de oxigenoterapia noturna 12 horas/dia. Ambos 
os grupos recebiam oxigênio com baixo fluxo, entre 1 e 4 L/min. A administração era feita por 
concentrador, oxigênio líquido ou gasoso. A idade, sexo, volume expiratório forçado no 1º 
segundo (VEF1) e pressão parcial de oxigênio arterial (PaO2) entre os dois grupos eram 
semelhantes. Após 26 meses de seguimento, foi demonstrado que a taxa de mortalidade no 
grupo sob oxigenoterapia contínua era quase a metade da do grupo sob oxigenoterapia apenas 
noturna. 
Em um outro estudo derivado dos pacientes do NOTT, foram avaliadas as medidas 
hemodinâmicas invasivas pré-tratamento e após seis meses de seguimento de 46 pacientes. 
Demonstrou-se que não houve diferença entre os dois grupos quanto à melhora na pressão de 
átrio direito, pressão capilar pulmonar, índice cardíaco e índice de trabalho sistólico de 
ventrículo direito. Porém, o grupo sob oxigenoterapia contínua apresentou diminuição na 
 
 
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resistência vascular pulmonar e na pressão da artéria pulmonar. A redução na pressão na 
artéria pulmonar também já foi observada em outros dois estudos prospectivos. Porém, foi 
demonstrado que apesar de poder ocorrer redução inicial da pressão da artéria pulmonar com 
a ODP, o acompanhamento por dois anos mostrou que a resistência vascular pulmonar retorna 
ao nível inicial com a piora progressiva da função pulmonar e da PaO2. 
11 - Qual a importância do estudo britânico para o uso da oxigenoterapia domiciliar 
prolongada (ODP) em pacientes com DPOC? 
O estudo britânico do Medical Research Council (MRC) foi realizado em três centros com 87 
pacientes, todos com menos de 70 anos de idade, portadores de DPOC, com sinais de 
insuficiência ventricular direita e hipercápnicos. Os pacientes eram randomizados em dois 
grupos: oxigenoterapia por pelo menos 15 horas/dia e outro grupo sem oxigenoterapia 
(controle). 
O estudo foi randomizado, mas não foi cego. A oxigenoterapia era fornecida por cateter nasal 
com fluxo mínimo de 2 L/min. Os dois grupos eram semelhantes tanto clinicamente quanto na 
função pulmonar e nos exames laboratoriais. Para o grupo sob oxigenoterapia foram 
randomizados 42 pacientes e 19 morreram nos cinco anos de seguimento, comparados com 30 
dos 45 do grupo controle. Os pacientes envolvidos neste estudo tinham PaO2 entre 40 e 60 
mmHg e mais de um episódio documentado de insuficiência cardíaca direita com edema de 
tornozelos. Os resultados demonstraram que houve melhora na sobrevida em cinco anos para 
o grupo sob oxigenoterapia de 15 horas/dia. 
12 - Algum outro estudo foi importante para demonstrar a viabilidade da oxigenoterapia 
domiciliar prolongada em pacientes com DPOC? 
Dois outros estudos avaliaram pacientes com DPOC e hipoxemia leve (PaO2 entre 56 e 69 
mmHg), os quais foram randomizados em dois grupos: oxigenoterapia prolongada e grupo 
controle. Ambos os grupos recebiam o tratamento habitual com broncodilatadores e diuréticos, 
se necessário. Ao final do seguimento dos dois estudos não foi encontrado diferença 
significante na mortalidade entre os dois grupos. A conclusão destes estudos é que a 
oxigenoterapia domiciliar prolongada não melhora a sobrevida em pacientes com DPOC com 
estes níveis de hipoxemia. 
13 - Quanto tempo após a retirada do oxigênio os sintomas decorrentes da hipoxemia 
voltam a aparecer? 
A retirada aguda do oxigênio em pacientes com DPOC em oxigenoterapia domiciliar 
prolongada produz elevação da pressão na artéria pulmonar e da resistência vascular 
pulmonar, aumento do trabalho ventricular direito e, em alguns pacientes, aumento do consumo 
de oxigênio. Estas alterações se instalam plenamente, na maioria dos pacientes, entre 2 e 3 
horas depois da suspensão do oxigênio. 
14 - Em que parâmetros se baseiam a indicação para oxigenoterapia domiciliar 
prolongada em DPOC? 
A indicação de oxigenoterapia domiciliar prolongada (ODP) baseia-se em parâmetros clínicos e 
de gasometria arterial. Freqüentemente, os pacientes portadores de DPOC apresentam 
exacerbação e, nesta fase, há piora da relação ventilação/perfusão e conseqüente redução da 
PaO2, sendo necessária suplementação com oxigênio. Naqueles pacientes que necessitem 
oxigenoterapia prolongada durante uma fase de exacerbação, deve-se realizar nova avaliação 
clínica e gasométrica após 60 a 90 dias, visto que a hipoxemia pode ser transitória nessas 
circunstâncias. 
As indicações atuais para ODP são: 
• Pacientes hipoxêmicos com PaO2<55 mmHg ou saturação de oxigênio <88 % em 
repouso; 
• Pacientes com PaO2 entre 56 e 59mmHg ou saturação de oxigênio de 89% na 
presença de qualquerdos seguintes: 
o Sinais clínicos de cor pulmonale (edema de membros inferiores, turgência 
jugular) 
o Onda P pulmonale no ECG (onda P maior que 3 mm nas derivações DII, DIII 
ou aVF) 
o Policitemia (hematócrito acima de 56%) 
 
 
 
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15 - O que é titulação de oxigênio e como deve ser realizada? 
Titular o oxigênio é encontrar a concentração adequada de sua suplementação para o paciente 
realizar as suas atividades da vida diária. Os fluxos de oxigênio necessários devem ser 
titulados individualmente com o oxímetro. A titulação deve ser realizada em repouso e em 
atividades da vida diária, como caminhar dentro de casa, durante simulação de banho, arrumar 
a cama, andar depressa e subir escadas. Outras atividades que o paciente realize 
cotidianamente também devem ser simuladas durante o procedimento. O fluxo necessário será 
o suficiente para manter a SpO2 maior ou igual a 90%. 
16 - Quanto tempo depois do inicio da oxigenoterapia domiciliar prolongada o paciente 
deve ser reavaliado? 
Depois de 2 a 3 meses deve ser realizada uma reavaliação total do paciente para comparar a 
PaO2 encontrada com a inicial. A medida da PaO2 se mantém como o “padrão ouro” para 
comprovar a necessidade de oxigenoterapia domiciliar prolongada contínua. Deve-se fazer 
uma reavaliação anual da prescrição ou sempre que seja necessário, como, por exemplo, após 
exacerbações ou melhorias. 
17 - Deve-se ofertar oxigênio a pacientes hipoxêmicos durante o exercício? 
O uso de oxigênio durante o exercício pode aumentar a tolerância ao mesmo e reduzir a 
dispnéia nos pacientes que apresentam grande dessaturação arterial de oxigênio durante a 
atividade física. Os pacientes com DPOC e outras doenças pulmonares crônicas devem 
sempre ser estimulados a não permanecer sedentários, apesar de suas limitações para o 
exercício. 
A hipoxemia tende a piorar durante o exercício. Alguns trabalhos têm demonstrado que o O2 
suplementar durante os esforços previne o aumento transitório da pressão da artéria pulmonar 
e da resistência vascular pulmonar que pode ocorrer durante o exercício. O benefício imediato 
do oxigênio durante os exercícios é reduzir a sensação de dispnéia e melhorar a tolerância aos 
esforços com baixas cargas de trabalho submáximo, principalmente por diminuir a ventilação 
minuto. Apesar de ainda não haver estudos definitivos sobre o impacto da oxigenoterapia 
durante o exercício, ela deve ser prescrita nesta condição. 
18 - Deve-se ofertar oxigênio suplementar aos pacientes que dessaturam durante a 
noite? 
Existe a possibilidade de se ofertar oxigênio aos pacientes que apresentem as seguintes 
situações: 
• PaO2<55 mmHg ou SaO2<88% durante o sono; 
• SaO2<85% com sinais ou sintomas de hipoxemia, definidos como dificuldades no 
processo cognitivo, fadiga ou insônia. 
Os pacientes com hipoxemia diurna estão sujeitos a piorar durante o sono. Se não há nenhuma 
anomalia do centro respiratório durante o sono, a administração de oxigênio noturno poderá 
corrigir a hipoxemia. Recomenda-se o aumento de um litro de oxigênio à titulação realizada em 
repouso e com o paciente desperto. Obviamente, quando está disponível, a medição da 
oximetria noturna contínua ajuda na prescrição da dose de O2 mais precisa. 
19 - Quando a oxigenoterapia domiciliar prolongada pode ser suspensa? 
Nas doenças crônicas deve-se avisar o paciente que, muito provavelmente, ele irá fazer uso de 
oxigênio o resto da vida. Entretanto em alguns casos pode haver melhora da PaO2 com a 
oxigenoterapia domiciliar prolongada, a qual pode vir a ser suspensa, após um período mínimo 
de 6 meses, se o paciente estiver clinicamente estável e fora dos níveis de hipoxemia que 
indicam a suplementação de O2. 
20 - Quais pacientes deveriam realizar exame de triagem para oxigenoterapia domiciliar 
prolongada? 
Os indivíduos portadores de DPOC com VEF1 menor que 40% do previsto e/ou aqueles que 
apresentem sinais clínicos de insuficiência cardíaca direita, como edema de membros inferiores 
e turgência jugular, devem realizar gasometria arterial para avaliar indicação de oxigenoterapia 
domiciliar prolongada. A realização de oximetria de pulso pode ser útil. Os pacientes que 
apresentarem SpO2 menor que 92% devem ser selecionados para realizar gasometria arterial, 
uma vez que a oximetria de pulso tem uma margem de erro de mais ou menos 2% e não 
 
 
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fornece valores de PaCO2. Os mesmos critérios de oximetria devem ser usados nas outras 
doenças pulmonares crônicas para indicação de gasometria arterial de triagem. 
21 - Quais os mecanismos de ação da oxigenoterapia domiciliar prolongada? 
Apesar de que os estudos mostrarem que a ODP aumenta a sobrevida dos pacientes com 
DPOC hipoxêmicos, o mecanismo de como isto ocorre ainda não está bem esclarecido. Parece 
estar comprometida uma alteração hemodinâmica pulmonar, pois com o uso de oxigênio há 
diminuição da pressão das artérias pulmonares com a conseqüente diminuição do trabalho 
cardíaco e melhor utilização do oxigênio pelos tecidos. 
22 - Existe algum perigo em se administrar oxigênio contínuo a pacientes com DPOC 
grave? 
Alguns médicos receiam administrar oxigênio a pacientes com DPOC grave. Eles acreditam 
que os pacientes que já se apresentam hipercápnicos estão com depressão do centro 
respiratório e que a administração de oxigênio vai retirar o único estímulo que eles têm, que é a 
hipoxemia, estimulando os corpos carotídeos. Entretanto já se sabe que a retenção de gás 
carbônico nesses indivíduos é conseqüência ou da falha mecânica da caixa torácica ou do 
desequilíbrio da ventilação/perfusão, e não de depressão do centro respiratório. 
Em realidade, estes pacientes têm o estímulo respiratório 2 a 4 vezes maior do que o de uma 
pessoa sem DPOC, conforme comprovado por estudos de avaliação do estímulo neuro-
muscular. Em outras palavras, em vez de terem depressão do centro respiratório, eles o têm 
trabalhando em maior intensidade. A explicação é que eles, por apresentarem maior resistência 
das vias aéreas, têm de fazer um esforço maior. 
De qualquer modo, pode-se iniciar a correção da hipoxemia crônica com baixos fluxo de 
oxigênio e depois aumentá-lo se houver necessidade. Devemos lembrar que a diminuição da 
ventilação com oxigenoterapia ocorre praticamente só em pacientes que estão em 
exacerbação, raramente ocorrendo no paciente estável. Durante a exacerbação, se ocorrer 
hipoventilação alveolar, deve-se aplicar ar ventilação não invasiva. 
23 - Quais são os dados objetivos que demonstram a ação benéfica da oxigenoterapia 
domiciliar prolongada? 
Nos usuários de oxigenoterapia domiciliar contínua, nota-se o benefício por: 
• redução do hematócrito, 
• redução na diferença alvéolo-arterial de O2, 
• aumento da tolerância ao exercício, 
• redução da resistência vascular pulmonar, 
• redução da hospitalização. 
 
24 - Quais são as fontes de oxigênio para oxigenoterapia domiciliar prolongada? 
Existem três fontes para fornecimento de oxigênio domiciliar prolongado: 
• oxigênio gasoso comprimido em cilindros, 
• concentradores de oxigênio, 
• oxigênio líquido. 
 
25 - Quais as vantagens e desvantagens do oxigênio em cilindro? 
De um modo geral, nos países em que ainda se está iniciando a oxigenoterapia domiciliar, a 
forma de apresentação mais utilizada é a de gás comprimido sob pressão em cilindros. 
Os cilindros que armazenam o oxigênio sob alta pressão são pesados, grandes e de difícil 
transporte e necessitam de reposição freqüente. Eles são providos de válvulas reguladoras de 
pressão e fluxômetros que têm a função de ajustar a pressão e o fluxo de oxigênio fornecido. 
Seu armazenamento pode ser feito por longos períodos, sem perdas. Oxigênio em cilindros 
pode ser prescrito se o paciente tiver pouca mobilidade ou se estiver limitado ao leito e/ou 
domicílio. Os cilindros não devem sofrer quedas, havendo perigo de explosões; no entanto, 
quando usados adequadamente, são bastante seguros. 
Existem cilindros de alumínio ou aço, pequenose mais leves que os tradicionais, que permitem 
seu uso portátil, sendo indicados aos pacientes parcialmente limitados e que saiam dos seus 
domicílios ocasionalmente. Eles não necessitam de auxílio de familiares ou cuidados para 
 
 
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recarga, têm baixo custo operacional e podem ficar na posição horizontal. Os cilindros não 
devem ser carregados pela válvula, nem armazenados em áreas sem ventilação. Nos casos de 
uso de oxigênio portátil, o uso da válvula poupadora inspiratória pode ser muito útil na 
economia do oxigênio dos cilindros, aumentando, assim, a sua autonomia, sem necessidade 
de recargas constantes. 
É possível calcular a duração de um cilindro conhecendo-se seu volume e o fluxo empregado. 
No caso de oxigenoterapia domiciliar prolongada (24 horas/dia - 2 l/min de dia + 3l/min a noite), 
a troca de cilindros (tipo H=6.900 litros de oxigênio) deve ser feita a cada 2 dias e meio. As 
válvulas redutoras são importantes, pois reduzem a pressão do sistema a 50 psi. A revisão 
freqüente dos fluxômetros assegura que o fluxo prescrito esteja sempre adequado. 
26 - Quais as vantagens e desvantagens da utilização do oxigênio líquido? 
A estocagem de oxigênio na fase líquida tem a função de aumentar a capacidade de 
armazenagem do produto. Ele pode ser armazenado em um reservatório matriz de até 50 litros 
de O2 líquido, mantido à temperatura de 186°C negativos. Acompanha o reservatório matriz 
uma mochila portátil, ideal para pacientes com mobilidade conservada e vida social ou 
profissional ativa, que pode fornecer fluxo de até 6 l/min. Sua principal vantagem é permitir a 
total mobilidade do paciente, dentro e fora do seu domicílio, por longos períodos - podem durar 
de 4 a 6 horas, dependendo do fluxo. Esta duração pode ser maior em caso de se acoplar 
algum método econômico de administração de oxigênio, como a válvula economizadora do 
gás. 
Para tornar mais fácil o transporte dos pequenos cilindros nas mochilas, existe hoje a versão de 
alumínio, que os torna ainda mais leves. Cada litro de O2 líquido se transforma em 840 litros de 
O2 em forma gasosa. Seu custo é maior do que o do concentrador, mas é mais barato que o do 
cilindro, conforme a necessidade de cargas mensais. É necessário cuidado nas recargas, pelo 
risco de ocorrer queimaduras pela temperatura baixa do oxigênio liquido. 
27 - Quais as vantagens e desvantagens da utilização do concentrador de oxigênio? 
Concentradores de oxigênio são equipamentos elétricos que aspiram o ar ambiente, passando-
o por um filtro especial, separando o oxigênio dos outros gases. Esta é, no momento, a forma 
mais econômica de administrar oxigenoterapia domiciliar. Concentradores de oxigênio 
fornecem o gás com pureza de 95% a 97% e fluxos de até 6 l/min. O volume de oxigênio 
fornecido é ilimitado. São fáceis de manusear, ocupam pouco espaço e têm autonomia de 
funcionamento enquanto houver energia elétrica. Não são portáteis e podem ser muito 
ruidosos. Os custos de manutenção são baixos, porém, apesar de menos dispendiosos, 
elevam o consumo de energia elétrica, dependendo do número de horas diárias de uso. Podem 
ser alugados, sendo o valor do aluguel independente do fluxo ou do tempo utilizado. Os filtros 
externos devem ser lavados semanalmente, com água e sabão neutro, para que não haja 
acúmulo de poeira. Revisões semestrais dos concentradores, assim como a limpeza e troca de 
filtros internos, garantem o funcionamento dos seus componentes. 
É necessário um cilindro de oxigênio extra na falta de energia elétrica. Residências com 
problemas no fornecimento de energia elétrica limitam o uso desse equipamento. Seu tamanho 
e peso permitem que eles possam ser levados de um cômodo a outro e até em viagens. 
Existem modelos aperfeiçoados que podem ser desarticulados parcialmente, resultando em 
concentradores portáteis que podem ser operados com baterias de corrente contínua de 12V, e 
que se assemelham a uma maleta. Há também modelos que conseguem carregar de oxigênio 
pequenos cilindros portáteis, facilitando a locomoção, mas gastando muito mais energia 
elétrica. 
28 - O fluxo titulado de oxigênio varia conforme a fonte de sua administração? 
Sim, as doses de oxigênio são diferentes conforme a fonte de oxigênio utilizada, devendo-se, 
portanto, titular individualmente cada paciente e cada fonte. Por exemplo, se a dose indicada 
de 1 l/min de O2 tiver como fonte o cilindro, no concentrador o fluxo será em torno de 1,5 l/min 
ou mais. 
29 - Como podem ser classificados os sistemas de administração de oxigênio? 
Os sistemas de administração de O2 podem ser classificados em: 
• de baixo fluxo ou fluxo variável: cânula nasal, máscaras simples etc. 
• de alto fluxo ou fluxo fixo: máscara de Venturi. 
 
 
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Nos sistemas de baixo fluxo, a fração inspirada de O2 (FIO2) está determinada por vários 
fatores: fluxo entregado de oxigênio, tamanho da reserva do equipamento, volume da máscara 
facial, tamanho do espaço morto anatômico (cavidade nasal e orofaringe). Nos sistemas de alto 
fluxo, a FIO2 administrada é precisa e constante, independentemente das alterações do padrão 
respiratório. 
30 - Como deve ser a utilização da cânula nasal? 
A cânula nasal necessita de um tubo flexível que transporta o oxigênio da fonte até o nariz do 
paciente. É o método mais comumente usado, sendo simples e de baixo custo. Não interfere 
nas atividades da vida diária do paciente, como falar, comer e tomar banho. Algumas cânulas 
podem passar despercebidas por serem discretas e transparentes. Pode ocorrer ressecamento 
e não é rara a ocorrência de sangramento da mucosa nasal, sendo necessária a umidificação 
em caso de uso de fluxos acima de 4 l/min. As cânulas nasais são indicadas para baixo fluxo 
de oxigênio ou fluxo variável. Protetores atrás da orelha podem evitar irritação pelo atrito do 
cateter. 
A cânula deve colocar-se de modo que suas extremidades não penetrem mais de 2,5 cm no 
interior das narinas. Pode aumentar-se a FIO2 até o fluxo máximo de 5 l/min, a partir do qual 
ele se modifica de forma importante e incomoda o paciente, podendo ressecar e sangrar a 
mucosa nasal. 
As frações inspiradas de oxigênio (FIO2) aproximadas de acordo com os fluxos aéreos estão 
expostas na tabela 1. 
Tabela 1. Frações inspiradas de O2 de acordo com os fluxos fornecidos 
L/min FIO2 
1 0,24 
2 0,28 
3 0,32 
4 0.36 
5 0,40 
6 0,44 
 
31 - Quais os cuidados a serem tomados com o uso das máscaras para oxigenoterapia? 
As máscaras são freqüentemente usadas para as pessoas que precisam de fluxo mais alto de 
oxigênio. Uma vez que não existem tamanhos ou modelos para todos os tipos de rosto, pode 
haver desperdício de oxigênio (dependendo do padrão respiratório, pode-se desperdiçar 
aproximadamente 2/3 dooxigênio administrado). Pode ainda causar úlceras de pressão na face 
ou orelhas, risco de aspiração, desconforto devido ao calor e sensação de claustrofobia. 
Também pode ocorrer irritação ocular pelo fluxo de gás que escapa pela porção superior da 
máscara. Os pacientes podem usar protetores entre a máscara e o rosto, caso haja irritação do 
local. Elas são indicadas para administração de alto fluxo ou fluxo fixo de oxigênio. As 
máscaras são de uso individual e devem sofrer desinfecção periódica, com água e sabão. 
32 - Ainda se utiliza cateter orofaríngeo? Como colocá-lo? 
O cateter orofaríngeo tem uso cada vez mais infreqüente, devido ao incômodo que ele causa 
ao paciente. Para sua instalação, utiliza-se o método prático de medir a distância entre a narina 
e ou lóbulo da orelha, introduzindo-se uma porção equivalente do cateter pela narina, de modo 
que não se visualize a ponta do mesmo na orofaringe. Os números 8-10 são mais apropriados 
para as crianças, 10-12 para mulheres e 12 a 14 para homens. O cateter deve ser trocado de 
narina a cada 8-12 horas. A permeabilidade do cateter deve ser perfeita, pois em caso de 
obstrução de algum orifício, a corrente de oxigênio que sai pelos demais produzirá uma 
sensaçãode queimadura local. 
O cateter nasal oferece as vantagens de poder ser utilizado também em pacientes com rinite, 
com respiração predominantemente oral, e, quando é colocado na rinofaringe, evita que as 
crostas de muco obstruam os orifícios. Além disto, pode-se utilizar uma FIO2 menor, uma vez 
que na fase expiratória o oxigênio acumula-se nas vias aéreas superiores, sendo reaproveitado 
na próxima inspiração. 
 
 
 
 
 
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33 - O que é o cateter transtraqueal? 
O cateter transtraqueal consiste na administração de O2 diretamente na traquéia, através de 
um pequeno cateter (1 a 2 mm de diâmetro interno) inserido percutaneamente através do 
primeiro anel traqueal. A maior vantagem deste método é a economia de O2 em 
aproximadamente 50% em repouso e 30% durante o exercício, devido ao armazenamento de 
oxigênio no espaço morto da via aérea superior e da traquéia, que ocorre ao final da expiração 
subsequente, além de que o oxigênio não se dilui com o ar ambiente antes de alcançar as vias 
aéreas. A FIO2 não varia com o padrão respiratório e é possível seu uso contínuo, sem 
interferir com as tarefas e atividades da vida diária. Esteticamente é o melhor método, pois o 
cateter fica introduzido no pescoço, podendo ser totalmente escondido ou camuflado. 
A oxigenoterapia pode iniciar-se 2 à 3 dias depois da introdução do cateter transtraqueal, 
sendo necessário um programa de educação e supervisão do paciente. É ideal para pacientes 
que requerem altos fluxos de oxigênio por cânula nasal ou que não desejam utilizar-la por 
irritação local ou motivos estéticos. Este método de administração produz excelentes 
resultados clínicos quando se compara com os demais, provavelmente porque o paciente 
recebe O2 realmente por 24 horas. As desvantagens mínimas, podendo muito raramente 
produzir disfonia, eritema cutâneo, hemoptise, enfisema subcutâneo e formação de tampões de 
muco. 
34 - Quando usar a máscara de Venturi? 
A máscara de Venturi, ou máscara com sistema de entrada de ar, é um dispositivo de alto 
fluxo, no qual o oxigênio passa por um orifício de baixa pressão, causando aspiração do ar 
ambiente para o interior da máscara. Desta forma o paciente respira uma mescla precisa de ar 
ambiente e oxigênio. Pela máscara de Venturi se administram concentrações de oxigênio 
(24%, 28%, 31%, 35% e 40%) totalmente controladas. Sua grande desvantagem é não poder 
ser utilizada para oxigenoterapia domiciliar devido ao alto fluxo utilizado (mínimo 3 l/min). 
35 - Quais os métodos de economizar oxigênio? 
Sabe-se que apenas 17% do oxigênio administrado ao paciente pela cânula nasal participam 
das trocas gasosas e que os 83% restantes se perdem no ar por causa da relação 
inspiração/expiração de 1:3. Com o fim de diminuir o O2 utilizado na oxigenoterapia e seu 
custo, principalmente nos cilindros portáteis, desenharam métodos de economizar O2. 
Uma opção é o uso do reservatório mecânico que limita a perda de O2 na expiração e provê 
uma reserva de oxigênio de 100% para o inicio da inspiração seguinte. O mesmo ocorre com o 
cateter transtraqueal, que faz das vias aéreas um reservatório anatômico natural de O2. 
Existem válvulas economizadoras de oxigênio inspiratório, cuja abertura e administração do 
gás ocorre somente no início da inspiração, quando a válvula se abre e libera o oxigênio para 
os pulmões. O objetivo da válvula economizadora inspiratória de O2 ou de demanda é liberar 
oxigênio só no inicio da inspiração, economizando mais de 50% de oxigênio. As válvulas de 
liberação de O2 por demanda utilizam sensores eletrônicos que são acionadas por temperatura 
ou por pressão negativa. Podem ser utilizadas com cânula nasal ou com cateter transtraqueal. 
Por liberar um menor fluxo de O2, não produz secura da mucosa nasal. Alguns pacientes 
requerem um tempo para acostumar-se ao pulso inspiratório, o qual freqüentemente cursa sem 
dificuldades. 
A máscara com reservatório consiste em uma máscara simples, com um acessório de reserva 
que permite a reutilização parcial de O2. O reservatório pode ser pequeno (20 ml) e ficar abaixo 
do nariz como um bigode, ou maior e ficar como um pendente no tórax. Na inspiração, o O2 
passa da máscara para o reservatório que se encontra preenchido. Como se trata de um 
espaço morto, o gás carbônico (CO2) entra no reservatório, a não ser que ocorra vazamento de 
mais da metade do mesmo na inspiração. Desta forma, o O2 que pré-insufla o reservatório é a 
inspiração inalada no início da inspiração seguinte, levando a uma economia de 30 a 50%. A 
máscara debe ficar muito bem fixada entre ela e o rosto do paciente. A cânula de reservatório 
deve ser trocada a cada três semanas. 
36 - Qual o comprimento dos cateteres para uso nos pacientes? 
Extensões longas para as fontes de oxigênio em silicone e látex podem ser encontradas no 
comércio especializado, aumentando a autonomia do paciente. Apesar de haver registros 
afirmando que a distância entre o tubo conector da fonte de oxigênio e o paciente não deva 
 
 
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ultrapassar 15 metros, não há dados científicos que comprovem que medidas mais longas 
desses acessórios levem à perda no fluxo de oxigênio fornecido pela fonte. 
37 - A oxigenoterapia pode trazer algum risco? 
Sim, existem riscos relacionados à oxigenoterapia domiciliar prolongada: 
• Risco de incêndio: na maior parte das vezes ocasionado pelo hábito de fumar durante 
o uso do oxigênio. 
• Riscos de explosão: ocorre por golpes ou quedas dos cilindros ou pela manipulação 
inadequada dos redutores de pressão. 
• Risco de trauma: ocasionado pelo cateter ou pela máscara. 
• Risco de queimadura: pela manipulação das fontes de oxigênio com cremes, graxas, 
óleos e outras substâncias que possam sofrer combustão. 
• Risco de ressecamento das mucosas: devido à umidificação inadequada. 
• Risco de manifestações citotóxicas do oxigênio: deve ser utilizado o menor fluxo de 
oxigênio necessário para manter a saturação adequada. 
Nunca devem ser usados lubrificantes oleosos para rachaduras dos lábios ou narinas, assim 
como cremes ou pomadas, pelo perigo de combustão quando em contato com o oxigênio. 
Equipamentos que fornecem oxigênio devem permanecer longe de fontes de calor. 
Para qualquer equipamento prescrito na administração de oxigenoterapia domiciliar 
prolongada, é necessário observar fatores limitantes tais como enfermidades psiquiátricas 
graves dos usuários, dificuldade de compreensão do paciente e seus familiares quanto aos 
riscos associados ao tratamento e em manter medidas de segurança adequadas, residências 
em locais de difícil acesso, persistência do tabagismo ou dificuldades econômicas extremas. O 
manual de todo equipamento deve ser lido atentamente antes do seu manuseio, assim como 
devem ser seguidas as orientações do fabricante/revendedor. 
38 - É obrigatório o uso de umidificação durante a oxigenoterapia? 
Apesar do oxigênio administrado na forma gasosa em cilindros ser seco, não é necessária a 
adição de vapor de água se o fluxo é igual ou menor que 4 l/min. Os umidificadores de 
borbulhamento provêm uma umidade relativa de 60% a 100%. A eficácia dos umidificadores 
pode ser alterada por alguns fatores: 
• área de contato entre gás e a água, 
• duração do contato entre o gás e a água, 
• temperatura do sistema. 
Os fluxos acima de 4 l/min produzem secura da mucosa nasal, da orofaringe, cefaléia, 
incômodo torácico e aumento da produção de muco. A água no interior dos umidificadores 
deve ser destilada e esterilizada e não deve ultrapassar o nível indicado no frasco para que, ao 
fazer o borbulhamento, a água não penetre no sistema de administração de oxigênio. 
39 - O oxigênio pode ser administrado em associação com equipamentos que mantêm 
pressão positiva nas vias aéreas? 
O uso de oxigênio associado a sistemas que geram pressão positiva nas vias aéreas é útil nas 
situações em que se tenha por objetivo corrigir o colapso alveolar e a hipoxemia, como é o 
caso da síndrome de apnéia do sono (SAOS),assim como na síndrome de sobreposição 
(SAOS associada à DPOC). 
O sistema de pressão positiva nas vias aéreas pode aplicar-se como pressão contínua nas vias 
aéreas durante a inspiração e a expiração (CPAP), ou mediante o método de duplo nível de 
pressão nas vias aéreas, que administra uma pressão na inspiração e outra menor na 
expiração (BiPAP). 
O principal problema com o CPAP é a incapacidade do sistema de administrar fluxos 
adequados e a freqüente dificuldade dos pacientes para tolerar a máscara. O CPAP, que tem 
um fluxo contínuo, tem por objeto também minimizar ao máximo possível o trabalho 
respiratório. O uso de qualquer destes sistemas implica no controle periódico da saturação de 
O2 e das variações de pressão do dispositivo, sendo aceitáveis variações até de 2 cmH2O. 
40 - Um paciente hipoxêmico pode viajar de avião? 
Pode, mas ele deverá ter algum conhecimento do que ocorre em uma cabina de avião e 
observar algumas regras. 
 
 
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As cabinas dos aviões pressurizados mantêm a pressão interna equivalente à altitude de 2.400 
metros, portanto, com um ambiente pobre de oxigênio. Nessa pressão atmosférica, uma 
pessoa saudável deve ter a PaO2 por volta de 70 mmHg. As viagens aéreas são seguras para 
pacientes com hipoxemia crônica, desde que aumentem, durante o vôo, de 1 a 2 litros a dose 
de oxigênio que usualmente utilizam em repouso. O ideal é manter a PaO2 durante o vôo acima 
de 50 mmHg. Os pacientes que, em nível do mar, mantenham a PaO2 maior do que 70 mmHg 
não requerem oxigênio suplementar durante o vôo, a não ser que exista alguma co-morbidade 
que possa prejudicar a liberação de oxigênio aos tecidos (anemia, insuficiência cardíaca ou 
outras). 
O ideal é que os pacientes hipoxêmicos sentem-se perto do banheiro, para que não andem 
muito; que não comam muito ou tomem muita bebida gaseificada, para que não apresentem 
distensão gástrica e prejudique a movimentação do diafragma. 
41 - O que é estresse oxidativo e como ele ocorre? 
O desequilíbrio entre os agentes oxidantes e antioxidantes em favor dos oxidantes é 
denominado estresse oxidativo e seu aumento está diretamente relacionado com a oxidação 
de proteínas do DNA e de lipídeos, os quais podem causar lesão pulmonar ou induzir outras 
respostas celulares, gerando mais agentes oxidantes. 
Habitualmente, as moléculas de oxigênio são reduzidas em água e em espécies reativas do 
metabolismo do oxigênio (ERTO), sendo elas o radical superóxido (O2-), o peróxido de 
hidrogênio (H2O2) e o radical hidroxila (OH-). Essas espécies reativas denominam-se oxidantes 
e causam lesão oxidativa em moléculas biológicas e membranas celulares. A citoxicidade 
determinada pelas ERTO constitui a via final da lesão tissular em várias situações patológicas. 
Há diversos processos que originam essas espécies reativas: a respiração mitocondrial, o 
processo inflamatório, a exposição a drogas e a radiação, dentre outros. 
Em contraposição, existem enzimas e moléculas que atuam como linha de defesa do 
organismo, os agentes antioxidantes: glutationa (GSH), catalase, superóxido dismutase (SOD), 
glutationa peroxidase (GPx), vitamina E, vitamina C, vitamina A e ácido úrico. A superóxido 
dismutase (SOD) catalisa a reação do superóxido (O2-) em peróxido de hidrogênio (H2O2) e 
molécula de oxigênio. A catalase e a GPx atuam na decomposição do peróxido de hidrogênio 
(H2O2). 
A suplementação de oxigênio (cateter a 2 l/min) em indivíduos sadios não hipoxêmicos em 
repouso por 30 minutos resulta no aumento de oxidantes no ar exalado, como reflexo do 
estresse oxidativo. Os mesmos achados foram observados em pacientes com DPOC. No 
entanto, este aumento do estresse oxidativo e da inflamação em ambos os grupos pode ser 
uma resposta adaptativa ao uso contínuo da oxigenoterapia domiciliar. 
A oferta de oxigênio se constitui em um substrato fundamental para o funcionamento celular e, 
em sua ausência, ocorre sem dúvida a destruição e morte celular. Contudo, o oxigênio é fator 
precursor para a formação de ERTO e 3% a 5% do oxigênio que chega às células é utilizado 
para sua formação. Assim, não deixa de ser lógico o raciocínio de que quanto mais oxigênio 
seja administrado ao paciente, mais estresse oxidativo poder-se-ia produzir. Contudo, a 
administração de oxigenoterapia em doses baixas ou em quantidade adequada não parece 
piorar o estresse oxidativo, mas sim proteger o paciente de outro fator extremamente deletério: 
a hipóxia tissular. 
42 - Leitura recomendada 
Chaouat A., Weitzenblum E, Kessler R et al. A randomized trial of nocturnal oxygen therapy in 
chronic obstructive pulmonary disease patients. Eur Respir J 1999;14:1002-8. 
Crockett AJ, Cranston JM, Moss JR, Alpers JH. A review of long-term oxygen therapy for 
chronic obstructive pulmonary disease. Respir Med 2001;95:437-43. 
Eaton T, Garrett JE, Young P et al. Ambulatory oxygen improves quality of life of COPD 
patients: a randomised controlled study. Eur Respir J 2002;20:306-12. 
Gorecka D, Gorzelak K, Sliwinski P et al. Effect of long-term oxygen therapy on survival in 
patients with chronic obstructive pulmonary disease with moderate hypoxaemia. Thorax 
1997;52:674-9. 
 
 
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Jardim J, Machado M, Zancanari G, Borges C, Silva C. Oxigenoterapia crónica en el paciente 
com EPOC, Diagnostico y manejo integral del paciente com EPOC - Enfermidad Pulmonar 
Obstrutiva Crónica, 2a edición ed. Editora Panamericana, 2003, Bogotá. 
Nocturnal Oxygen Therapy Trial Group. Continuous or nocturnal oxygen therapy in hypoxemic 
chronic obstructive lung disease: a clinical trial. Ann Intern Med 1985;93:391-8. 
Report of the Medical Research Council Working Party. Long term domiciliary oxygen therapy in 
chronic hypoxic cor pulmonale complicating chronic bronchitis and emphysema. Lancet 
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Roberts CM, Bugler JR, Melchor R et al. Value of pulse oximetry in screening for long-term 
oxygen therapy requirement. Eur Respir J 1993;6:559-62. 
Sant'Anna CA, Stelmach R, Zanetti Feltrin MI et al. Evaluation of health-related quality of life in 
low-income patients with COPD receiving long-term oxygen therapy. Chest 2003;123:136-41. 
Tarpy SP, BR Celli. Long-term oxygen therapy. N Engl J Med 1995;333:710-4. 
Timms RM, Khaja FU, Williams GW. Hemodynamic response to oxygen therapy in chronic 
obstructive pulmonary disease. Ann Intern Med 1985;102:29-36. 
Viegas C, Adde F, Paschoal I, Godoy I, Machado M. I Consenso Brasileiro de Oxigenoterapia 
Domiciliar Prolongada / SBPT. J Pneumol 2000;26:341-350.

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