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Sistema cardiovascular dos mamíferos É constituído por uma bomba geradora de fluxo (coração), por uma série de vasos de distribuição e de coleta, e por um extenso sistema de finos vasos (capilares) que tornam possíveis as trocas de substancias entre o sangue e os tecidos. É composto por dois circuitos em séries de vasos: onde ocorrem as trocas gasosas com o ambiente externo (circulação pulmonar) e outro onde o sangue que sofreu trocas gasosas com o ambiente e contém substâncias fundamentais na homeostase do organismo é disponibilizado para todos os outros tecidos (circulação sistêmica). Controla o transporte de gases; homeostase; defesa e volume do liquido extracelular. Estrutura do coração Bomba dupla, que move o sangue pela circulação pulmonar (coração direito) e pela circulação sistêmica (coração esquerdo). O coração possui um sistema elétrico de gênese e condução de estímulos elétricos, que se propagam para o músculo atrial e ventricular, e disparam os mecanismos que levarão à contração e ao relaxamento do músculo cardíaco. A espessura da parede das câmaras cardíacas tem a ver com suas funções e habilidades de desenvolver gradientes de pressão; os átrios desenvolvem baixas pressões, tem paredes mais finas, os ventrículos desenvolvem pressões maiores, tem uma parede mais espessa. O ventrículo esquerdo, desenvolve alta pressão para vencer a resistência vascular sistêmica e ejetar o seu volume (pressão sistólica do VE é próximo à 120mmHg), tem parede mais espessa que a do ventrículo direito, que não necessita desenvolver pressão muito alta para bombear sangue, já que trabalha contra a resistência pulmonar, que é mais baixa (pressão sistólica do VD é próxima à 25mmHg). No coração existem quatro valvas, sendo duas entre átrios e ventrículos (valvas atrioventriculares: mitral e tricúspide) e duas nas vias de saída dos ventrículos (valvas ventrículo- arteriais: aórtica e pulmonar). A abertura das valvas atrioventriculares possibilita o fluxo de sangue dos átrios aos respectivos ventrículos, durante o enchimento ventricular, devido à diástole; e o fechamento das valvas atrioventriculares, devido à sístole. Estrutura e classificação dos vasos Possui três túnicas que se correlacionam com a função do vaso: A túnica mais externa (adventícia): constituída por tecido conjuntivo com grande quantidade de fibroblastos, colágeno, elastina e outras proteínas da matriz extracelular. A intermediaria (média): associada à função elástica ou contrátil da artéria; uma lâmina elástica externa que separa da túnica adventícia. A mais interna (íntima): constituída por uma única camada de células endoteliais, que se distribuem em um plano longitudinal vascular, seguindo o sentido do fluxo sanguíneo e uma lâmina subendotelial; é separada da túnica média por uma lamina elástica interna. Vasos de grande calibre não é realizada a nutrição adequada das camadas celulares por difusão, sendo assim, existem vasos específicos (vasa vasorium) que realizam a nutrição vascular (túnicas adventícia e média). Os vasos de grande calibre não são acompanhados de capilares linfáticos. Capilares A microcirculação consiste em pequenas artérias, arteríolas, capilares e vênulas. São formados por uma única camada de células endoteliais e uma fina lâmina basal, que facilita a rápida transferência de metabólitos entre o sangue e os tecidos, devido à sua espessura fina. Anastomoses arteriovenosas Em alguns tecidos, especialmente na pele e na mucosa nasal, existem vasos que conectam as arteríolas às vênulas diretamente, sem passar pelos capilares. Suas paredes musculares são inervadas pelos nervos simpáticos, e na pele estão envolvidos na regulação da temperatura. Não estão presentes em todos os tecidos. Sistema venoso A parte venosa do sistema vascular transporta o sangue de volta ao coração, se originando na parte venosa dos capilares, aumentando o diâmetro e espessura das camadas média e adventícia e reduzindo a área de seção transversal. As veias possuem características que as diferem das artérias: nos membros, a túnica intima tem pares de válvulas semilunares, que previnem o refluxo do sangue, que assim, flui em direção ao coração. As grandes veias centrais, da cabeça e do pescoço, não têm válvulas. Circulação sistêmica O sangue oxigenado dos pulmões, pelas veias pulmonares, alcança o átrio esquerdo e durante a diástole, enche o ventrículo esquerdo, para depois ser ejetado para a aorta, caindo na circulação sistêmica. Circulação pulmonar O sangue venoso, vindo da veia cava superior e inferior, flui para o átrio direito e depois para o ventrículo direito, que bombeia o sangue para o tronco pulmonar, artérias pulmonares, seus ramos de resistência e para os capilares pulmonares. Nos capilares, acontecem as trocas gasosas pela difusão na membrana alvéolo-capilar. A partir disso, o sangue oxigenado fluirá por vênulas e veias até desembocar nas veias pulmonares, retornando ao átrio esquerdo e depois ao ventrículo esquerdo. No AD, próximo à desembocadura da veia cava superior, é encontrado o nodo sinusal, que no coração é o local de gênese da atividade elétrica cardíaca espontânea. Por isso o NSA é considerado o marca-passo cardíaco. Também no AD, próximo ao seio coronariano, na superfície endocárdica da porção inferior do septo interatrial, fica o nodo atrioventricular (NAV), que atua no retardo da condução do potencial de ação entre o miocárdio atrial e ventricular. O feixe de His, que parte no NAV e se estende para a musculatura ventricular, dividindo-se e formando uma extensa rede de condução intraventricular, as fibras de Purkinje. Existem 4 fases: Fase zero: potencial de ação típico de célula miocárdica ventricular, onde há uma despolarização rápida; rápido influxo de Na+. Fase 1: repolarização transitória e rápida; momentâneo aumento de K+ Fase 2: um platô (correntes despolarizantes = repolarizantes) característico do miócito cardíaco; Fase 3: repolarização (por ação de correntes de efluxo; predomínio da condutância de K+) mais tardia; Fase 4: restauração do potencial de repouso; inexistente na NSA e equilíbrio das correntes. Todas as fases em sequência. Potencial de repouso Gênese do potencial de repouso: o potencial transmembrana depende das concentrações de íons nas duas faces da membrana plasmática e das condutâncias da membrana a esses íons. Desse modo, todos os íons presentes no meio intra e extracelular podem contribuir para o potencial transmembrana de uma célula. No miocárdio, o K+ é o íon mais importante na determinação do potencial de repouso. Corrente de influxo: entrada de carga positiva ou saída de carga negativa; Corrente de efluxo: saída de carga positiva ou entrada de carga negativa. Papel do potencial de repouso na excitação cardíaca: a manutenção do potencial de repouso dentro de certos valores é fundamental para a ativação normal do coração, uma vez que os principais canais iônicos responsáveis pela atividade elétrica cardíaca são dependentes de voltagem. Para a ativação normal do miocárdio (menos as células marca-passo), o potencial tem que estar mantido na faixa de -80 a -90Mv. Potenciais de ação cardíacos Possui longa duração, quando comparados aos potenciais de ação do axônio; as células de NSA e NAV de mamíferos não tem um potencial de repouso (fase 4) estável. Os potenciais de ação cardíacos são classificados em rápido ou lento. Potencial de ação rápido: fase 0; fase 1; fase 2; fase 3 e fase 4. Potencial de ação lento: não há participação de canais de Na+ dependentes de voltagem na gênese do potencial de ação nessas células. O potencial de ação nas células nodais não apresenta fase 1 nem fase 2, no sentido de um período platô em que o potencial de membrana permanece praticamente estável. Presente NAS e NAV; principal correntedespolarizante é Ca2+ do tipo L (ativação mais lenta); resulta em fase 0 mais lenta = propagação do PA será lenta; após a fase 0, segue uma repolarização contínua e lenta no início, e no final, torna-se mais rápida; todos os canais de K+ contribuem para despolarização. Período refratário do PA cardíaco: uma vez estimulado um PA rápido no miocárdio, um segundo PA só poderá ocorrer depois que tenham ocorrido ao menos 50% de repolarização. Este período é chamado de período refratário absoluto (PRA), a partir daí, inicia o período refratário relativo (PRR), no qual um estímulo com intensidade supralimiar é capaz de disparar o segundo PA, o qual apresentará menor taxa de despolarização da fase 0 e menor velocidade de propagação quando comparado ao PA fisiológico. O intervalo de tempo mínimo necessário para que os dois PA propagados, sucessivos, possam ser estimulados com estimulo de intensidade limiar é chamado de período refratário efetivo (PRE). Automatismo cardíaco As células cardíacas miocárdicas do NSA, NAV e fibras de Purkinje não necessitam, em condições fisiológicas, de estímulo externo para iniciar um PA, sendo capazes de gerar PA. Propagação da atividade elétrica no coração No miocárdio, a propagação do PA é em três dimensões. A propagação ocorre através do fluxo de correntes locais entre a região ativa e as vizinhas, em repouso. As correntes locais formam um circuito fechado, percorrendo o espaço extracelular, atravessando a membrana celular (influxo), percorrendo o espaço intracelular e novamente atravessando a membrana (efluxo), para o meio extracelular. As células miocárdicas estão acopladas entre si pelas junções comunicantes (junção GAP), que foram vias de baixa resistência entre as células, possibilitando que o miocárdio se comporte como um sincício (contração atrial e depois ventricular) funcional. Portanto, ocorre fluxo de corrente entre os cardiomiócitos através das junções GAP, que se determinada região do miocárdio for estimulada, o PA se propagará por toda a massa muscular. A eficiência da propagação da atividade elétrica depende: da taxa de despolarização do PA; do limiar de excitabilidade da região em repouso; resistências extra e intracelulares e resistência juncional. Junções comunicantes: regiões especializadas no miocárdio denominadas discos intercalares, onde se encontram estruturas juncionais com várias funções. Desmossomos: adesão mecânica, para o coração suportar altas pressões. Junção comunicante: especializadas em comunicação (troca de substancias) entre células. Sequencia fisiológica de ativação cardíaca Se inicia no NSA com maior frequência intrínseca de disparo, e se propaga para todo o nodo atingindo o primeiro ponto no átrio (em geral, entre a veia cava e o AD). A partir desse ponto, ele se espalha pelos dois átrios, e depois alcança o NAV. Após isso, o estímulo elétrico alcança o feixe de His, e depois, as fibras de Purkinje. Controle neurovegetativo (autonômico) da atividade elétrica cardíaca SNP: a ativação vagal libera acetilcolina nas terminações pós-ganglionares, de modo que seus efeitos são mediados pela ação desse neurotransmissor nos receptores muscarínicos; Os principais efeitos na ativação cardíaca: bradicardia, redução da força de contração atrial e bloqueio de condução atriventricular. SNS: a ativação simpática ocasiona a liberação de norepinefrina nas varicosidades dos terminais nervosos em intimo contato com o miocárdio. A epinefrina circulante, liberada pela medula suprarrenal, ao atingir o coração, irá interagir com receptores adrenérgicos aí presentes. O principal receptor adrenérgico encontrado nas células cardíacas é do tipo beta. Os principais efeitos da ativação simpática no coração são: taquicardia, facilitação da condução atrioventricular, aumento na força de contração arterial e ventricular, além de aceleração do relaxamento ventricular. Bases do eletrocardiograma O desempenho adequado do coração depende da sincronia entre o período de relaxamento, permitindo que as câmaras se encham, e o período de contração, onde ocorre a ejeção do sangue, gerando a circulação sanguínea. A sincronia da atividade mecânica das câmaras depende da geração e propagação de potenciais elétricos ao longo do sincício elétrico miocárdio. Os cardiomiócitos possuem uma DDP entre os meios extra e intracelular. O valor da diferença é variável nas células do coração, sendo encontrados menores valores nos nodos (cerca de -50 a -55Mv) e maiores nas fibras subendorcádias de Purkinje (cerca de -85 a -90mv). Independente do valor do potencial de repouso, ele é sempre negativo no meio intracelular em relação ao extracelular. O meio extracelular tem baixa resistência elétrica e todas as células são envolvidas pelo mesmo meio condutor, a DDP entre dois pontos do meio extracelular é nula quando as células estão em repouso. Quando as fibras de um região são estimuladas e entram em atividade, há redução no valor do potencial elétrico e do meio extracelular nas vizinhanças da região ativa (fica mais negativo que o potencial elétrico do meio intracelular). Princípios da eletrocardiografia Leis de Einthoven: O meio condutor que envolve o coração é homogêneo. Com consequência, o dipolo elétrico gerado pela ativação cardíaca propaga-se igualmente por toda a superfície corporal; O campo elétrico a cada instante é representado por um dipolo único, resultante da atividade sincronizada de um grande número de células no coração; Os dipolos instantâneos têm um ponto de aplicação comum, representado pelo centro elétrico do coração; Os pontos de superfície corporal (braço esquerdo, braço direito e perna esquerda) escolhidos para o registro do campo elétrico cardíaco formam um triangulo equilátero, cujo centro corresponde ao centro elétrico do coração. Geração das ondas do eletrocardiograma A velocidade de propagação depende da intensidade dos circuitos locais de corrente em decorrência dos fluxos iônicos que geram o potencial de ação nos miócitos. As células que tem potencial de repouso mais negativo, como as fibras musculares dos ventrículos e as fibras de condução de Purkinje, vão apresentar correntes de influxo (entrada) de Na+. Nos tecidos nodais, as células apresentam potencial de repouso menos negativo, a despolarização destas células é feita por uma corrente lenta de influxo de Ca2+ através da membrana. Despolarização atrial e geração da onda P: o nodo sinusal é o primeiro a disparar potenciais de ação. Ele se localiza região de conexão das veias cavas com o átrio direito e tem células com grau mais elevado de automatismo do coração; possui baixa atividade elétrica pelas pequenas quantidades de células; a atividade elétrica sinusal não é captada por eletrodos. A atividade se propaga pelo átrio direito, crista terminallis, em seguida é despolarizado o septo intratrial e o átrio esquerdo. Condução atrioventricular: o anel que separa os átrios dos ventrículos funciona como isolante elétrico entre as câmaras atriais e ventriculares, e a única conexão elétrica entre as câmaras é por meio do nodo atriventricular. Ativação ventricular e geração do complexo QRS: a ativação ventricular começa no terço médio do septo interventricular e vai para o ápice do coração e paredes livres ventriculares e termina com a excitação das regiões posterobasais de ambos os ventrículos. A duração de todo o processo é dada pela duração do complexo QRS. No ECG de alguém saudável, a duração da QRS não deve passar de 110ms; quando maior que 120ms, ocorre retardo na propagação do impulso elétrico ao longo dos ventrículos. O alargamento do complexo QRS se dá pela redução na velocidade de propagação da onda ao longo dos ventrículos. Isso pode acontecer porque a velocidade de propagação no sistema de His-Purkinje é mais lenta, ou porque o estímulo não está sendo propagado no sentidofisiológico (anterógrado). Sabe-se que a propagação do impulso no sincício miocárdico em sentido retrogrado é mais lenta. Para análise do ECG, a excitação ventricular pode ser representada por quatro vetores: Vetor septal; vetor de parede livre de VD; vetor de parede anterolateral de VE; vetor de parede basal. Segmento ST e onda T – repolarização ventricular: a ativação das paredes ventriculares ocorre no sentido transversal, do endocárdio para o epicárdio, gerando o complexo QRS. Quando o miocárdio ventricular está despolarizado, não há fluxo de corrente no meio extracelular de uma região à outra do ventrículo, e o ECG volta para valores próximos à linha de base, correspondendo ao segmento ST. A velocidade de propagação da onda de repolarização é bem mais lenta que a onda de despolarização. A onda T representa um fenômeno de propagação mais lendo, como também acontece com a onda P. O epicárdio ventricular tem duração do PA menor que as fibras de localização endocárdica, como consequência, o epicárdio, que foi o último a se despolarizar, é o primeiro a se repolarizar, ou seja, desenvolver a fase 3 do PA. Assim, a repolarização caminha do epicárdio para o endocárdio. Entretanto, o vetor representativo da repolarização, responsável pela inscrição da onda T, dirige-se do epicárdio para o endocárdio. Os sentidos do complexo QRS e onda T ficam divergentes quando os sentidos elétricos da despolarização e repolarização da parede ventricular são contrários. Isso ocorre na vigência da extrassístole. A inversão da onda T na extrassístole ocorre porque tanto a despolarização quanto a repolarização se iniciam no endocárdio, o que leva os vetores de despolarização e repolarização a adquirirem sentidos opostos. Intervalo QT: o intervalo vai do início da ativação ventricular até o final da repolarização ventricular, que coincide com o final da onda T. O intervalo QT expressa a duração do PA ventricular; Alargamentos ou diminuições da duração do PA em fibras ventriculares, notadamente nas fibras de Purkinje, determinam alterações na duração do intervalo QT; O intervalo QT é dependente da frequência cardíaca. Sistema de registro do ECG O registro do ECG permite reconstruir os passos do processo de ativação das câmaras cardíacas, tanto em tempo, como no espaço. As derivações bipolares (D1, D2, D3), medem a cada instante a ddp entre os dois eletrodos situados em membros diferentes. Derivações do plano frontal: captam as flutuações do campo elétrico no plano frontal, considerando apenas o eixo lateral e vertical do coração. No plano frontal, são registradas as três derivações bipolares e as três derivações unipolares dos membros. Para o registro das D1, D2 e D3, os eletrodos são colocados no braço direito e esquerdo e na perna esquerda. O aterramento é feito por outro eletrodo na perna direita. A amplitude de um vetor registrado em D2 tem que ser igual à soma das amplitudes registradas em D1 e D3. (Lei de Einthoven). Leitura e interpretação do ECG Permite a reconstrução dos processos de despolarização e repolarização das câmaras cardíacas. Determinação do ritmo: o intervalo entre as ondas do ECG é, aproximadamente, igual em distintos batimentos, dependendo de vários fatores, inclusive a respiração. Quando há regularidade entre os intervalos, ocorre ritmo cardíaco regular. A presença de extrassístoles determina irregularidade no ritmo que pode ser detectada com a palpação do pulso arterial. No ECG a onda P deve preceder o complexo QRS em todos os batimentos, assim, no ritmo cardíaco fisiológico, a sequência onda P, complexo QRS e onda T é mantida em todos os ciclos cardíacos. Frequência cardíaca: no ECG convencional, o registro é realizado na velocidade de 25mm/s, sendo em 1 min, 1500 mm. Quando o ritmo é regular, usa o intervalo entre os picos de duas ondas R como o intervalo entre os batimentos. Dividindo-se 1500 pelo espaço em mm entre duas ondas R, tem-se a frequência cardíaca instantânea, em BPM. Duração de ondas e dos intervalos: o aumento de duração de uma onda (ou intervalo) indica diminuição da velocidade de propagação no segmento especifico que o ECG representa. O aumento de duração do PR está associado à dificuldade de propagação do estímulo ao longo do nodo AV. A duração do complexo QRS reflete o tempo de ativação ventricular, e quando em condições fisiológicas, não deve ultrapassar 110 ms. O aumento de duração desse complexo pode decorrer de duas situações: bloqueio no sistema de condução intraventricular ou propagação da ativação ventricular por vias não fisiológicas. Determinação dos eixos médios de ativação das câmaras cardíacas: a ativação atrial é representada por um único vetor P, o qual em indivíduos saudáveis dirige-se para a esquerda e para baixo no plano frontal. Geralmente situa-se paralelo a D2. Esta é a razão pela qual a onda P tem maior amplitude em D2. A ativação ventricular é influenciada pela posição do vetor 3, que representa a ativação da maior parte do VE. O eixo médio de ativação ventricular é voltado para a esquerda e para baixo no plano frontal e para trás no horizontal. Quando há crescimento do VE, o eixo elétrico de QRS sofre rotação no sentido anti-horário, deslocando-se para a esquerda e para trás. Analise da morfologia das ondas: a ativação atrial é um processo lento quando comparado à ventricular. Em consequência, a onda P é arredondada. Tem amplitude baixa (0,25 mv quando paralela ao eixo de derivação) e é voltada para baixo e para a esquerda do plano frontal (0º e +90º). Quando há crescimento do átrio esquerdo, a duração da onda P tende a aumentar. Por outro lado, o crescimento do átrio direito determina aumento de amplitude da onda P. Analise do QRS: em um ciclo normal, a região esquerda do septo intraventricular é a primeira a se ativar, o vetor aparece como uma pequena onda R em V1, dai porque sua ausência, em associação com o aumento de duração total do QRS, pode indicar bloqueio do ramo esquerdo do feixe de His. Onda T: tem inscrição lenta, com amplitude menor que o QRS e polaridade semelhante ao QRS. Tem fase de subida mais lenta e de queda mais rápida. A inversão da onda T pode indicar repolarização precoce em fibras localizadas no subendocárdio. Isso acontece, por exemplo, quando o endocárdio recebe quantidade suficiente de oxigênio (isquemia) e as células musculares sofrem lesão. A inversão também pode ocorrer por aumento de espessura da parede ventricular. O segmento ST, que vai do final do complexo QRS ao pico da onda T, é influenciado pela duração média dos PA nos ventrículos. O encurtamento deste tempo indica menor duração do platô, enquanto seu alargamento sugere aumento da duração do PA. Mecanismo da contração Envolve aspectos morfológico, bioquímico e funcional. O mecanismo morfológico prevê que o encurtamento se realize porque os filamentos finos deslizam por entre os filamentos grossos e com isso é observado aproximação das linhas ou discos Z; diminuição da banda I; diminuição da banda H e manutenção da banda A. Contração cardíaca A contração muscular é resultado da ativação da miosina pela actina em resposta à elevação intracelular de cálcio. AMP cíclico: ativa quinases no sarcolema, retículo sarcoplasmático e complexo troponina-tropomiosina. A fosforilação acelera o sequestro de cálcio, melhorando o relaxamento diastólico. A formação do AMPc depende do consumo de ATP e é iniciada pela ativação dos receptores B-drenérgicos. Acoplamento excitação-contração: É uma propriedade mecânica. Conjunto de mecanismos que são desencadeados pela excitação elétrica promovida pelo PA, resultando contração. Alta dependência de Ca2+. AEC inicia-se com o PA, que ao excitar a célula, promove aumento de Ca2+ mioplasmático. Mecanismo pelo qual o PA causa contração das fibras musculares através da liberação de Ca do retículo sarcoplasmático e dostúbulos T para o sarcoplasma promovendo o deslizamento dos filamentos de actina e miosina resultando na contração miocárdica. Mecanismos de influxo de Ca2+: Na fase de platô: ao ser atingido um PA, inicia-se a entrada de Ca2+ na fibra – promove aumento da permeabilidade – gera lcaL. Sistema transverso: liberação de Ca2+ no retículo sarcoplasmático. Ação do Ca2+ mioplasmático: já aumentada pelos processos anteriores, promove maior liberação do Ca2+ armazenado no retículo. O Ca2+ mioplasmático é responsável por convergir todo o cálcio proveniente de outros sítios e ativar a contração cardíaca. Mecanismos envolvidos na regulação da contratilidade miocárdica 1. Alteração na [Ca] livre intracelular. 2. Mudança da sensibilidade dos miofilamentos contrateis ao Ca. 3. Mudança na força máxima ativada por Ca que pode ser alcançada pelos miofilamentos, podendo variar o número de pontes cruzadas. Fatores que alteram a responsividade miofibrilar ao Ca 1. Estimulação alfa e beta-drenérgica. 2. Fosforilação de cadeia leve da miosina. 3. Fosfato inorgânico (Pi). 4. Mudança no ph intracelular. 5. Efeitos da hipóxia e isquemia. 6. Sensibilizadores naturais e sintéticos. 7. Mecanismo de Frank-Starling. Alça pressão-volume ventricular A cada ciclo cardíaco o volume ejetado pelo coração na aorta ou na artéria pulmonar durante a sístole é igual ao volume que o coração recebe pelo retorno venoso. (Relaçao Frank-Starling). Ciclo cardíaco Sístole atrial: o ciclo cardíaco inicia com a excitação atrial, com duração de 0,11s. É vista no ECG pela onda P, que representa a despolarização atrial, e leva a contração atrial. A valva mitral já se encontra aberta (ocorre na diástole atrial), pois ocorre quando os valores de pressão do átrio ultrapassam os valores observados no ventrículo no final da fase de relaxamento isovolumétrico e inicio do enchimento ventricular. A elevação da pressão atrial durante a contração origina a onda alfa. Dessa forma, o enchimento ventricular será finalizado, pois nesse momento a valva aórtica permanece fechada, e nota-se a subida da curva do volume intraventricular. Enquanto o ventrículo está relaxado e se enchendo de volume, a pressão aórtica diminui durante a diástole, pois nessa fase o sangue flui dos grandes vasos arteriais em direção a microcirculação. Em frequências cardíacas baixas, a sístole atrial para o enchimento ventricular é pequena, entretanto, quando a frequência aumenta, ocorre um progressivo encurtamento da duração da diástole. Contração isovolumétrica ventricular: quando a despolarização atinge o ventrículo esquerdo, começa a contração ou sístole ventricular. Nesse curto intervalo de tempo, um rápido aumento da pressão intraventricular, força o fechamento da valva mitral e produz a primeira bulha. A elevação da pressão atrial produz a onda C no pulso venoso. Caso uma valva atrioventricular seja insuficiente (não se fecha direito), haverá refluxo de sangue em direção ao átrio, aumentando a amplitude da onda C. No período em que as valvas mitral e aórtica permanecem fechadas, a contração ventricular continua sem ter alteração de volume na câmara. No momento em que a pressão ventricular ultrapassa a pressão na aorta, a valva semilunar se abre, começando a ejeção de sangue da cavidade ventricular para a aorta. Ejeção ventricular: inicia-se com a abertura das valvas semilunares e tem componente inicial rápido seguido por uma fase de ejeção mais lenta. Quando a pressão intraventricular esquerda ultrapassa a pressão aórtica, abre-se a valva semilunar aórtica e inicia a ejeção ventricular rápida. A pressão máxima (pressão arterial sistólica) se dá pelo aumento da pressão aórtica até atingir um valor máximo na metade do período de ejeção. Nesse momento, o miocárdio esquerdo começa a se repolarizar. A pressão intraventricular fica inferior à pressão aórtica, mas a ejeção continua ainda que reduzida em relação a primeira fase. Relaxamento ventricular isovolumétrico: nesta fase, ocorre a segunda bulha cardíaca. No caso da valva aórtica ser insuficiente (não fechar direito), certa quantidade de sangue reflui para o interior do ventrículo durante essa fase. As quatro valvas estão fechadas, não havendo variação de volume ventricular, período chamado de relaxamento ventricular isovolumétrico, que marca o início da diástole. A pressão arterial aórtica cai lentamente, devido a elasticidade da parede arterial, mas depois diminui durante toda a diástole a medida que o sangue escoa da aorta para os vasos mais periféricos. A pressão atrial continua aumentada, em decorrência do retorno venoso e por as valvas mitral e tricúspide estarem fechadas, até o momento em que essa supera a pressão intraventricular. Nesse ponto, abrem as valvas mitral e tricúspide e termina a fase de relaxamento ventricular isovolumétrico. Enchimento ventricular: no período em que a pressão arterial é superior a ventricular, ocorrem a abertura das valvas mitral e tricúspide e, consequentemente, o enchimento ventricular (diástole ventricular). O enchimento ventricular termina com a contração atrial (primeira fase), a fase diastólica ventricular termina com o fechamento das valvas mitral e tricúspide. O aparecimento da onda P no ECG e a gênese da sístole atrial indicam o início de um novo ciclo cardíaco. Princípio de Frank-Starling Baseia-se na capacidade do músculo de variar seu encurtamento e desenvolver tensão em função de seu comprimento de repouso. O débito sistólico está relacionado com o volume diastólico final, posto que o desenvolvimento da pressão sistólica ventricular se correlaciona com o comprimento das fibras musculares em repouso. Pode ser considerado como um resposta adaptativa funcional a curto prazo, no qual o estiramento causado pelo aumento do retorno venoso eleva a contratilidade miocárdica para atender à demanda de ejeção de sangue batimento a batimento. Debito cardíaco Consiste na quantidade de sangue que cada ventrículo lança na circulação pulmonar e sistêmica em uma unidade de tempo. O volume de sangue ejetado pelo ventrículo a cada ejeção é chamado de débito sistólico. Em uma pessoa em repouso, o débito sistólico é em torno de 70 a 80ml por batimento. O débito cardíaco pode ser calculado: débito sistólico x frequência cardíaca. Medida do débito cardíaco: medido em repouso ou durante a descarga do SNS (como no exercício físico), avalia o estado funcional do coração. Nos quadros de insuficiência cardíaca, é comum o debito cardíaco ser baixo, já em atletas, o débito cardíaco é maior devido ao desempenho aeróbio maior. Nesse caso, maior débito cardíaco, maior a capacidade de ofertar O2 aos tecidos e, principalmente para os músculos em atividade, e com isso, será maior a capacidade do indivíduo de suportar cargas mais elevadas de trabalho aeróbio. Método de Fick: a medida do débito cardíaco em humanos é feita por este método. O princípio estabelece que a quantidade de uma substância utilizada pelo corpo é proporcional à diferença arteriovenosa dessa substância e ao fluxo sanguíneo. Determinantes do débito cardíaco: Aumentos da frequência cardíaca determina o aumento do DC, porém, o débito sistólico não se mantém constante quando ocorrem grandes variações da frequência cardíaca. O débito sistólico também exerce grande influência no débito cardíaco. O débito sistólico é determinado por três variáveis: retorno venoso, contratilidade miocárdica e resistência à ejeção. Retorno venoso (pré-carga): quanto maior a pressão de enchimento, maior será o estiramento da câmara cardíaca. Tensão exercida na parede ventricular após a contração arterial. Depende do retorno venoso. Determina o grau de estiramento do sarcômero no final da diástole. Quanto maior o estiramento, maior o número de sítios onde haverá acoplamento actina-miosina (até um limite). Depois de um limite, a capacidadecontrátil passa a declinar. Equivale à pressão sistólica e pressão diastólica final. Resistência à ejeção (pós-carga): a carga pressórica contra a qual o ventrículo deve ejetar o sangue. Com o aumento da resistência à ejeção, ocorre aumento de força de contração ventricular, com o intuito de manter o débito cardíaco. Definida como a carga contra a qual o coração contrai durante a sístole. Depende da complacência arterial e da resistência que determina a pressão arterial. A pós-cargs determina um estresse na parede ventricular, A pós-carga equivale à pressão arterial sistêmica e pressão na raiz da aorta. Regulação do débito cardíaco durante o exercício: o aumento de O2 é proporcional ao trabalho realizado, portanto, o débito cardíaco se ajustará à maior demanda de O2 pelo organismo decorrente do aumento do consumo de O2 na musculatura em atividade. O aumento da frequência faz com que o tempo de enchimento ventricular fique mais curto, mas o aumento do relaxamento miocárdico permite um enchimento ventricular adequado, mesmo com o tempo mais curto entre as estimulações elétricas. Assim, as câmaras ventriculares passam a funcionar em um ponto mais baixo da curva de Frank-Starling. Entretanto, o débito sistólico aumenta, porque o inotropismo cardíaco (contratilidade miocárdica) faz com que o esvaziamento sistólico seja aumentado.
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