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14 - TEORIA PSICANALÍTICA DE MELAINE KLEIN 1

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Melanie Klein (Viena, 30 de março de 1882 — Londres, 22 de setembro de 1960) foi uma 
psicanalista austríaca. Em geral é classificada como uma psicoterapeuta pós-freudiana. 
 
 
 
DISCIPLINA TEORIA PSICANALÍTICA DE MELAINE KLEIN 
 
 
 
 
 
 
Infância e adolescência 
 
O pai de Melanie, de origem judaica, era um estudioso do Talmude que aos 37 anos rompeu 
com a ortodoxia religiosa e cursou Medicina. Era um médico judeu polonês, originário de 
Lemberg, na Galícia, que se tornou clínico geral graças a uma ruptura com pais 
tradicionalistas. A mãe mantinha um pequeno comércio para colaborar com o marido na 
manutenção da casa. Judia eslovaca brilhante, dedica-se, por necessidades familiares, ao 
comércio de plantas e répteis, cuja família, erudita e culta, era dominada por uma linhagem de 
mulheres. 
 
Melanie Klein, pouco desejada, foi a quarta entre os filhos desse casal que não se entendia. 
Quando, por sua vez, se tornou mãe, também sofreria na vida particular as intrusões da mãe, 
Libussa, personalidade tirânica, possessiva e destruidora. A juventude de Melanie foi marcada 
por uma série de lutos, muitos provavelmente responsáveis pela culpa, cujos vestígios se 
encontram na obra teórica. 
 
Tinha quatro anos quando a irmã Sidonie morreu de tuberculose com a idade de 8 anos; tinha 
18 quando o pai, debilitado há longos anos, morreu, deixando-a com a mãe; tinha 20 quando 
seu irmão Emmanuel, que a influenciara muito e a quem estava ligada por uma relação de 
tons incestuosos, morreu esgotado pela doença, pelas drogas e pelo desespero. 
 
Em 1896, Melanie Klein interessava-se pelas artes, tendo-se preparado para o exame de 
admissão ao liceu feminino, visando cursar Medicina. Mas, após o casamento com Arthur 
Klein, em 1903, abandonou a Medicina e seguiu cursos de Arte e História, na Universidade de 
Viena, sem graduar-se. A seguir teve três filhos. 
 
Psicanálise 
 
Em 1916, em Budapeste, teve o primeiro contato com a obra de Sigmund Freud e fez análise 
com Sándor Ferenczi. Estimulada por ele, iniciou o atendimento de crianças. Em 1919 tornou- 
se membro da Sociedade de Psicanálise de Budapeste. No ano seguinte conheceu Freud e Karl 
Abraham, no Congresso Psicanalítico de Haia. Abraham convidou-a para trabalhar em 
Berlim. Em 1921, o marido se transferiu para a Suécia e Melanie permaneceu em Berlim com 
os filhos. 
 
A partir de 1923, passou a dedicar-se integralmente à Psicanálise e, aos 42 anos, iniciou uma 
análise de 14 meses com Abraham. Em 1924, no VIII Congresso Internacional de Psicanálise, 
Klein apresentou o trabalho A técnica da análise de crianças pequenas. 
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• Hanna Segal: Introduçao a obra de Melanie Klein, 1ª Edição - 1975, Editora: Imago, 
ISBN 8531208327 
• R. Horacio Etchegoyen: Fundamentos da Técnica Psicanalítica - 2ª Edição, Editora: 
Artmed, 2004 
 
 
 
 
 
 
MELANIE KLEIN: PESSOA, PERSONAGEM E CONTEXTOS 
 
Melanie Klein nasceu Melanie Reizes, nome de família de seu pai. Adotou o Klein só 
aos 21 anos, após o casamento com Arthur Klein. Ela veio ao mundo em Viena, no dia 
30 de março de 1882, em uma família de origem hebraica bastante humilde, embora 
dotada de certo nível cultural. Era a quarta e última filha do casal Moriz (médico e 
dentista) e Libussa (dona de casa e proprietária de um pequeno comércio). Dois de 
seus irmãos, aos quais era especialmente ligada, morreram precocemente: sua irmã 
Sidonie, aos sete anos, quando Melanie contava apenas quatro, e seu querido irmão 
Emanuel, quando ela chegava aos vinte. Os temas da perda e da melancolia 
insinuaram-se bem cedo em sua existência e marcariam profundamente seu 
pensamento teórico. Mais adiante, a morte acidental de seu filho veio, ao que tudo 
indica, dar um impulso e uma direção ainda mais importantes em suas teorizações. 
 
• Tudo indica que Melanie Klein sofreu muito com as mortes de seus irmãos, 
especialmente Emanuel, que foi para ela uma espécie de mentor intelectual. Pouco 
tempo depois desta perda, ela se casaria com um dos amigos do irmão, o engenheiro 
químico Arthur Klein, de quem estava noiva desde os 17 anos. Ao lado de Emanuel, 
ou por seu intermédio, Melanie entrara em contato com o riquíssimo mundo cultural, 
artístico e filosófico da Viena da virada de século; e desde os 14 anos acalentara o 
sonho de se tornar médica. 
Em 1927, Anna Freud publicou o livro O tratamento psicanalítico de crianças e Melanie 
criticou suas idéias, dando início a um subgrupo kleiniano na Sociedade Britânica de 
Psicanálise. No mesmo ano tornou-se membro da Sociedade. 
 
De 1929 a 1946, Melanie Klein realizou a análise em Dick, um menino autista com cinco 
anos. Em 1930 começou as análises didáticas e o atendimento de adultos. Em 1932 publicou a 
obra A psicanálise da criança, simultanemante em inglês e alemão; em 1936 realizou 
conferência sobre O desmame; em 1937 publicou Amor, ódio e reparação, com Joan Rivière; 
entre 1942 e 1944 foi elaborou, com discípulos, a sua teoria. 
 
Em 1945 foi solicitada a expulsão dos kleinianos da Sociedade, sem sucesso. Em 1947, aos 65 
anos, publicou Contribuições à psicanálise. Em 1955 foi fundada a Fundação Melanie Klein. 
No mesmo ano foi publicado o artigo A técnica psicanalítica através do brinquedo; sua 
história, sua significação, escrito a partir de uma conferência de 1953. 
 
Em 1960 ficou anêmica e em setembro foi operada de um câncer do cólon. Morreu no dia 22 
de setembro, aos 78 anos de idade. 
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• Tudo isso foi impedido pelo casamento e nascimento de seus três filhos: Mellita, em 
1904, Hans, em 1907, e Erich, em 1914, quando seu casamento já ia mal e Melanie 
Klein começava a buscar novos horizontes. No entanto, nunca cursou uma 
universidade: é a única dos grandes criadores da psicanálise que jamais teve uma vida 
acadêmica de base. Nem médica, como a maioria, nem psicóloga nem socióloga, 
antropóloga ou lingüista (como foram alguns analistas de renome no seu tempo), ela 
foi sempre uma pesquisadora autodidata - talvez por isso mesmo absolutamente 
original, embora um tanto inepta na comunicação escrita de suas idéias. 
• Após o casamento, o casal Klein deixa Viena e reside em diversas cidades do Império 
Austro-Húngaro, até chegar a Budapeste, na Hungria, em 1910. Durante esses 
primeiros anos, Melanie Klein teve dificuldades de cuidar de seus dois primeiros 
filhos e entrou em estados de profundo desânimo e desespero, o que a aproximou do 
tratamento psicanalítico. Para ela, a psicanálise, antes de ser uma profissão ou um 
interesse intelectual, foi uma experiência de crescimento e cura pessoal. 
• O ano de 1914 trouxe acontecimentos importantes. No âmbito mundial, estourava a 
Primeira Grande Guerra. No plano privado, morria Libussa, a mãe de Melanie, muito 
amada e muito invejada - seja por sua força e capacidade de apoio, quando tomava 
conta dos netos (durante os afastamentos de Melanie por razões de saúde e/ou 
depressão), seja por sua tendência à intrusão na vida das filhas. Uma "iídiche mama" 
exemplar. 
• Por fim, em 1914, já com 32 anos, dá-se o encontro de Melanie Klein com a 
psicanálise: ela lê um texto de Freud sobre os sonhos e começa a sua primeira análise 
com Sándor Ferenczi (1873-1933), o grande discípulo húngaro de Freud, buscando 
livrar-se da depressão. Pouco depois, quando o filho caçula Erich começava a 
apresentar alguns sinais de inibição intelectual (dificuldade de aprendizagem 
generalizada), ela daria início a uma intervenção analítica com ele, guiada pelas 
teorias psicanalíticas. Erich nasceu no mesmo ano em que nascia a psicanálise na vida 
de Melanie Klein e foi seu primeiro "paciente". Anos mais tarde, a morte acidental de 
outro filho, na década de 1930, ensejaria a redação do primeiro dos trabalhos mais 
influentes da autora, dedicado à compreensão dos estados depressivos e maníacos. 
• Em 1918, Melanie Klein participa do 5º Congresso Internacional de Psicanálise,sediado em Budapeste, e escuta Freud ler um texto sobre os avanços da terapia 
psicanalítica. No ano seguinte, ela escreve e apresenta seu primeiro texto, baseado no 
tratamento de Erich, e ingressa na Sociedade Psicanalítica de Budapeste. 
• Em 1921, muda-se para Berlim, um centro de atividade e formação psicanalítica quase 
tão importante quanto Viena. Na Alemanha, em 1922 - com 40 anos de idade -, 
Melanie Klein ingressa como membro- associado na Sociedade Psicanalítica de 
Berlim e, em 1924, começa uma segunda análise com Karl Abraham (1887-1925), 
outro dos mais destacados discípulos de Freud. 
• Já em 1925, ela é convidada a dar algumas palestras em Londres, para onde se mudará 
no ano seguinte. Essa mudança respondia aos convites dos analistas ingleses - muito 
impressionados pelo pensamento ousa do e pela singularidade da jovem senhora 
Klein, que co meça a se converter em personagem - e também ao sentimento de 
orfandade de Melanie, após a morte inesperada e precoce de Karl Abraham, no final 
do ano anterior. Sem seu analista e protetor, ela ficava exposta às críticas de membros 
mais conservadores da Sociedade às suas idéias relativas ao atendimento de crianças, 
completamente novas e originais, e divergindo do que pensavam Freud e sua filha 
Anna, que também se dedicava à extensão da psicanálise ao atendimento de crianças. 
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• Em 1927, Melanie Klein torna-se membro da Sociedade Psicanalítica Britânica. A 
partir de então sua ascensão é fulminante. Os primeiros pacientes infantis eram filhos 
de colegas que nela já depositavam muita confiança, apesar do caráter revolucionário 
do que propunha. Havia, de fato, uma oposição radical entre sua proposta para a 
análise de crianças, que deveria ser o mais próxima possível da análise de adultos, e o 
modelo defendido por Anna Freud, muito mais conservadora nesse aspecto. Para ela, a 
psicanálise com crianças se aproximava mais de um trabalho de feição pedagógica e 
preventiva, enquanto para Klein o atendimento mesmo de crianças muito pequenas 
exigia modificações técnicas, mas não diferia do tratamento psicanalítico de adultos 
em seus objetivos e metas. 
• Em 1932, Melanie Klein publica seu primeiro livro, A Psicanálise de Crianças, que 
expõe os fundamentos técnicos da análise infantil mediante o brincar, e aborda as 
ansiedades precoces e seus efeitos no desenvolvimento: em excesso, as ansiedades 
bloqueiam o desenvolvimento emocional e cognitivo, mas sua ausência também é 
contraproducente. Como desenvolver a capacidade da criança acolher, experimentar, 
enfrentar e dominar suas ansiedades de modo a tornar-se apta à vida, à aprendizagem e 
à criação? É a questões como essas que o livro procura trazer respostas. 
• No âmbito familiar, a década de 1930 traria duas grandes dores: a morte de seu filho 
Hans, em 1934, ao escalar uma montanha, e as agressões da filha Mellita, que se 
tornara analista e ingressara na Sociedade Britânica. A morte de Hans afetou-a 
profundamente. Foi na elaboração desta perda que Melanie Klein escreveu o seu 
primeiro texto realmente ousado e totalmente inovador: "Uma Contribuição Para a 
Psicogênese dos Estados Maníaco-Depressivos" (1935), em que o tema da perda e da 
melancolia ingressava no campo de sua teorização. No outro front, suas relações com 
a filha Mellita iam de mal a pior e jamais puderam ser recuperadas. 
• Freud e Anna Freud não apreciavam as propostas kleinianas. A partir da década de 
1940 - depois que os Freud se refugiaram do nazismo em Londres - formam- se dois 
blocos na Sociedade Britânica: de um lado,os adeptos de Melanie Klein, que aos 
poucos vai-se tornando uma figura carismática, verdadeira chefe-de-escola; do outro, 
os adeptos do freudismo clássico e os "inimigos de Melanie", como sua filha. É bom 
que se diga que muitos analistas importantes da Sociedade Britânica procuraram se 
manter eqüidistantes e equilibrados, mas o período foi marcado pela polarização. 
• Tal controvérsia ficará mais intensa a partir do texto de 1935. Durante toda a década 
de 1940, outros textos de Klein e de seu grupo de seguidores (em sua maioria, 
analistas mulheres) alimentam a polêmica. O "grupo kleiniano" tinha à frente Suzan 
Isaacs, Paula Heimann e Joan Rivière; a própria Melanie Klein exerce desde então seu 
domínio com mão de ferro. A partir desta época, à pessoa da psicanalista sobrepõe-se 
de fato a personagem "Melanie Klein", representando uma linha evolutiva do 
pensamento psicanalítico e uma posição institucional. 
• Apesar da contundência dos debates, é notável o fato de que Melanie Klein e seu 
grupo permanecem na Sociedade Britânica de Psicanálise e na Associação 
Internacional de Psicanálise (IPA), não sendo expulsos - como viria a acontecer com 
Lacan na década seguinte - nem abrindo uma dissidência contra Freud, como haviam 
feito Adler e Jung anteriormente. 
• Na segunda metade da década de 1940, Melanie Klein lança mais um texto 
impactante, uma nova radicalização de seu pensamento teórico: "Notas Sobre os 
Mecanismos Esquizóides", e no início da década seguinte o grupo kleiniano publica 
Desenvolvimentos em Psicanálise, com artigos de Melanie Klein, Joan Rivière, Suzan 
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Isaacs e Paula Heimann, produzidos no contexto das Controvérsias Freud-Klein, e que 
reúne e aprofunda as divergências entre a teoria kleiniana e a freudiana, dando um 
maior acabamento ao "sistema kleiniano". Desde então, o kleinismo se converte em 
uma "escola" de pensamento psicanalítico, o que lhe dá grande força institucional e 
criativa, mas também um impulso na direção do dogmatismo e da auto-referência. 
• Na verdade, a emergência do kleinismo inaugura a "era das escolas": passaram a 
existir freudianos (ligados a Anna Freud e aos autores da Ego Psychology, vienenses 
emigrados para os Estados Unidos, como H. Hartmann), kleinianos e "independentes" 
(os analistas britânicos não alinhados às duas posições anteriores); mais tarde, surgirão 
os lacanianos (freudianos a seu modo), os bionianos, os psicanalistas da Self 
Psychology, como H. Kohut, os intersubjetivos etc. Cada grupo passa a se referir 
quase só à literatura científica dos que pensam e atuam de forma idêntica ou muito 
semelhante, excluindo os demais. Três décadas do movimento psicanalítico estiveram 
sob a égide da "era das escolas" e da dispersão teórica inaugurada pelo kleinismo. 
Hoje, esta divisão tende a ser superada e o pensamento kleiniano, entre outros, está 
muito mais integrado ao conjunto da psicanálise contemporânea. 
• No entanto, enquanto a era das escolas estava em seu apogeu, o kleinismo foi sempre 
muito atuante, e ainda hoje autores estritamente kleinianos continuam em atividade e 
publicando. Em 1955, saía uma nova coletânea dos pensadores alinhados com a teoria 
kleiniana - New Directions in Psycho-Analysis (Novas Direções em Psicanálise) -, 
incluindo, ao lado de textos de Klein, ca pítulos de autoria de Bion, Money-Kyrle, 
Elliot Jacques e Herbert Rosenfeld, com artigos de duas novas colaboradoras: Marion 
Millner e Hanna Segal, esta última uma das mais lúcidas e equilibradas kleinianas, que 
segue produzindo até os dias de hoje. A obra tem uma parte clínica e outra dedicada à 
interpretação psicanalítica da vida institucional, da ética e da estética: seu conjunto 
revela a força e a abrangência das teorizações kleinianas e seu poder de inspiração 
para novos pensadores. 
• Finalmente, em 1957, seria publicado o último livro de Melanie Klein com grandes 
novidades teóricas: Inveja e Gratidão, um livro pequeno em tamanho, mas denso, 
mostrando as duas disposições afetivas básicas do ser humano, amor e ódio, desde os 
primeiros anos e ao longo de toda a existência. 
• Um texto mais antigo, de sua autoria, será logo em seguida editado: Narrativa da 
Análise de uma Criança, no qual Melanie Klein esteve trabalhando até poucos dias 
antes de morrer, em 1960. Trata-se do relato, passo a passo,de seu trabalho clínico 
com um paciente de 10 anos, apresentando graves comprometimentos psíquicos e 
relacionais, a quem ela atendera intensivamente durante quatro meses. Todas as 
sessões tinham sido anotadas e discutidas em seus aspectos clínicos e teóricos. A 
análise fora conduzida no início dos anos 40, durante a guerra, quando analista e 
paciente se achavam refugiados em uma pequena cidade próxima de Londres, para 
fugir dos bombardeios. 
• Durante os anos seguintes, Melanie Klein foi relendo e comentando em notas de 
rodapé as 93 sessões transcritas, em um grande exemplo de seriedade e honestidade 
intelectual. No livro, o seu trabalho clínico de duas décadas antes é exposto, revisto e 
analisado com base em tudo que ela fora descobrindo e elaborando teoricamente nos 
vinte anos seguintes. É um exemplo excepcional da analista em atividade e evidencia 
como nunca o processo reflexivo e produtivo de Melanie Klein. 
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A TÉCNICA PSICANALÍTICA ATRAVÉS DO BRINCAR 
 
 
1. O atendimento de crianças 
 
• A partir do período de latência(de 6 anos em diante); 
 
• As interpretações deveriam ser cuidadosas; 
 
• As camadas mais profundas do inconsciente não poderiam ser exploradas; 
 
• A situação edipiana inconsciente não poderia ser analisada; 
 
• O superego era considerado fraco; 
 
• Devido a suposta fraqueza do superego, os analistas assumiam uma postura educativa; 
 
• Postulava-se que a “situação analítica”(interpretação, solução gradual das resistências, 
foco na transferência) não poderia ser obtida com a criança; 
 
• Usava-se a transferência positiva e evitava-se a transferência negativa. 
 
2. A proposta kleiniana 
 
A- O significado do brincar 
 
• O brincar é uma expressão de processos inconscientes profundos; 
 
• O brincar equivale ao conteúdo manifesto do sonho, que após ser interpretado, revela 
o significado latente. 
 
 
B- A ludoterapia 
 
• A interpretação da ansiedade e das defesas contra ela; 
 
• O princípio da associação livre(atenção dirigida ao brincar, à fala e ao comportamento 
surgido espontaneamente); 
 
• A exploração do inconsciente; 
 
• A análise da transferência(principalmente a negativa); 
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• A situação transferencial deve ser conduzida no consultório e não na casa do paciente; 
 
• O uso do brinquedo numa caixa exclusiva para cada criança; 
 
• A composição da caixa: pequenos homens e mulheres de madeira, carros e carrinhos 
de mão, balanços, trens, aviões, animais, árvores, blocos, casas, cercas, papel, tesoura, 
uma faca, lápis, giz ou tinta, cola, bolas e bolas de gude, massa de modelar e barbante. 
 
• O equipamento do consultório: um chão lavável, água corrente, uma mesa, algumas 
cadeiras, um pequeno sofá, algumas almofadas e um móvel com gavetas. 
 
 
C- A agressividade no brincar 
 
• É essencial permitir à criança a expressão da agressividade; 
 
• Mais importante ainda é compreender a causa e o contexto em que a agressividade 
surge; 
 
• A atitude da criança para com o brinquedo é sempre reveladora(a destruição e a 
reparação); 
 
• O analista não deve permitir ataques físicos a sua pessoa, para resguardá-lo e evitar o 
aumento da culpa e da ansiedade persecutória; 
 
• O analista não deve mostrar desaprovação quando a criança quebra um brinquedo; 
 
• O analista não deve encorajar a expressão da agressividade ou sugerir reparações; 
 
• A interpretação deve estar ligada ao material produzido no momento, ao 
comportamento observado e em conexão com o que foi colhido dos pais; 
 
• Mesmo as crianças pequenas compreendem as interpretações quando estas dizem 
respeito a pontos relevantes do material; 
 
• A criança tem uma capacidade de insight maior que o adulto, pois as conexões entre 
consciente e inconsciente são mais próximas e as repressões menos poderosas. 
 
TEORIA DAS POSIÇÕES 
 
 
 
1. A posição esquizo-paranóide 
 
• Uma estrutura que organiza a vida mental nos 3 primeiros meses de vida. É constituída 
por: 
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- angústia persecutória: o ego sente que vai ser atacado; 
 
- relação de objeto parcial: com um seio idealizado e outro persecutório, que são 
percebidos como objetos dissociados e excludentes; 
 
- mecanismos de defesa do ego: a projeção, a introjeção, a dissociação, a identificação 
projetiva, a negação e a idealização. 
 
➔ Existe um ego incipiente desde o nascimento que realiza mecanismos 
de defesa de natureza psicótica. 
 
- este ego sente a angústia persecutória devido a: 
 
- um fator interno: a pulsão de morte; 
 
- fatores externos: a experiência do nascimento e outras de frustração. 
 
➔ O bebê experimenta fantasias inconscientes oral-sádicas( devorar o 
seio e o corpo maternos) e anal-sádicas( de atacá-los com 
excrementos); 
 
➔ Isto gera no bebê temores de ser devorado e envenenado; 
 
➔ A pulsão de morte é projetada no primeiro objeto externo( o seio da mãe) e as pulsões 
libidinais são projetadas no objeto parcial(seio bom), que fica dissociado do seio mau, 
persecutório; 
 
➔ Os mecanismos de projeção e introjeção de objetos e situações externas e pulsões e 
fantasias internas ficam misturados. 
 
 
2. Mecanismos de defesa da posição esquizo-paranóide 
Projeção 
➔ A primeira projeção está ligada à pulsão de morte, cuja ameaça de destruição interna é 
expulsa para fora do sujeito; também há projeção de libido. Assim se constituem os 
objetos parciais seio bom e seio mau. 
 
Dissociação 
 
➔ Diante da angústia persecutória, o ego efetua uma primeira divisão bom-mau dos objetos 
internos externos. 
 
- se a dissociação fracassar, ocorre desintegração e fragmentação, dando origem às 
doenças psicóticas. 
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Introjeção 
 
➔ Através da introjeção dos primeiros objetos, constroem-se os objetos 
internos, permitindo a formação do ego e do superego. 
 
Identificação Projetiva 
 
➔ O sujeito expulsa violentamente uma parte de si mesmo, colocando-a em outro objeto, 
identificando-se com o não projetado; ao objeto, por sua vez, são atribuídos os aspectos 
projetados, dos quais o sujeito se desprendeu e queria se livrar ou proteger. 
 
Negação 
 
➔ É um mecanismo onipotente, pelo qual a mente nega a existência de objetos persecutórios, 
que cliva e projeta no exterior. 
Idealização 
 
➔ É um mecanismo característico da posição esquizo-paranóide. Aumentam-se os traços 
bons e protetores do objeto bom ou acrescentam-se-lhe qualidades que não tem. 
 
• É necessária a predominância de experiências boas sobre as más para que a criança siga ao 
passo seguinte, a posição depressiva, de maneira suave e menos perturbadora 
 
3. Posição Depressiva 
 
• Momento chave para o desenvolvimento e a normalidade; 
 
• Produz-se entre os 3 e os 6 meses de idade, após a posição esquizo-paranóide; 
• É constituída por: 
 
➔ Angústia depressiva: o ego sente culpa e teme pelo dano causado ao objeto amado. 
 
➔ Relação com um objeto total: processo de integração(da mãe em seus aspectos bons e 
maus, e do ego); 
 
➔ Mecanismo de defesa de reparação: atender e se preocupar com o estado do objeto( 
interno e externo); 
 
• Cisão e projeção diminuem 
• Os processos de introjeção se intensificam: a criança vê a mãe como um ser independente 
e tenta possuí-la e conservá-la dentro de si 
 
➔ Sentimentos predominantes: tolerância à dor psíquica e a culpa pelas fantasias 
agressivas; 
 
• Maior consciência de si mesma 
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➔ Vínculo com o mundo externo: mais realista( reconhecido em seus aspectos bons e 
maus); há maior discriminação entre fantasias e realidade e entre realidade interna e 
externa. 
• Os mecanismos psicóticos dão lugar aos neuróticos e começa a formação de símbolos 
• A posição depressiva jamais é totalmente elaborada 
 
➔ Psicopatologia 
 
- é o ponto de fixação da psicose maníaco-depressiva; 
 
- o luto : a perda de um ente querido reativa no adulto a posição depressiva infantil. É aperda da mãe como objeto amado que é revivida em cada perda do adulto; 
 
➔ O ego 
 
- desenvolve uma capacidade de controle das pulsões agressivas. O amor impulsiona a 
reparação; 
 
➔ A neurose infantil 
 
- as defesas maníacas e obsessivas diminuem; 
 
- o estabelecimento de estruturas defensivas para elaborar a posição depressiva; 
 
➔ A simbolização 
 
- através do luto a criança recria o objeto perdido dentro do self; 
 
- a ausência do objeto é substituída por um símbolo do mesmo; 
 
- aumenta a capacidade de esperar que o objeto volte. 
 
➔ As defesas maníacas 
 
- modo de enfrentar sentimentos de culpa e de perda; 
 
- caracterizam-se pela tríade triunfo, controle onipotente e desprezo, nas relações de 
objeto; 
- fantasias onipotentes de dominar e controlar os objetos, para não sofrer por sua perda( 
são normais no desenvolvimento); 
 
- caso a elaboração da posição depressiva fracasse, pode ocorrer: 
 
1. uma regressão à posição esquizo-paranóide, ou 
 
2. um ponto de fixação para a doença maníaca. 
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A FANTASIA E O MUNDO INTERNO 
 
 
• O mundo interno é composto de fantasias inconscientes 
 
• O que determina o caráter da psicologia do indivíduo é a natureza dessas fantasias 
inconscientes e o modo como se relacionam com a realidade 
 
• Para Klein, a fantasia inconsciente é a expressão mental dos instintos, e existe desde o 
começo da vida 
• Os instintos buscam objetos 
 
• A formação da fantasia é uma função do ego 
• Existe desde o nascimento um ego capaz de formar relações de objeto 
primitivas(na fantasia e na realidade) 
• A experiência do nascimento leva a criança a lidar com uma realidade gratificante 
e frustrante, provocando uma influência mútua entre fantasia e realidade 
 
• A inter-relação entre fantasia inconsciente e realidade externa mostra a importancia do 
ambiente no desenvolvimento da criança 
 
• O efeito das experiências frustrantes sobre as fantasias agressivas 
 
• O efeito de experiências gratificantes sobre as fantasias agressivas 
 
• Além de expressão mental dos instintos, as fantasias tem uma importante função defensiva 
 
• A gratificação derivada da fantasia é uma defesa contra uma realidade externa de privação 
 
• Mas também, e principalmente, uma defesa contra a realidade interna(ex.: fome e 
raiva) 
 
• O mecanismo de defesa é o processo usado pelo ego, enquanto a fantasia inconsciente é a 
representação mental pormenorizada 
 
• Existe uma relação complexa entre fantasia inconsciente, mecanismos e estrutura mental 
 
• Mecanismos de introjeção e projeção contribuem para a formação do ego e de 
objetos internos com os quais o próprio ego se relaciona(superego) 
 
A FORMAÇÃO DO SUPEREGO 
 
 
• Forma-se no início da vida, pela introjeção de dois objetos contraditórios: 
 
a) um objeto de qualidades protetoras e benevolentes; 
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b) um outro objeto de características punitivas. 
 
• Este superego deve sofrer um processo de integração, transformando-se num objeto 
interno, resultado da elaboração das angústias depressivas e da união dos objetos internos 
em um objeto total. 
 
• Existindo desde a primeira introjeção do objeto, o superego vai influenciar todas as 
relações objetais, incluindo o complexo de Édipo precoce 
 
 
 
COMPLEXO DE ÉDIPO PRECOCE 
 
 
• Surge ao redor dos seis meses de vida 
 
• Coincide com a posição depressiva 
 
• O amor aos pais nas fases de evolução oral e anal geraria o Édipo precoce 
 
• Fase feminina na menina e no menino 
 
• A figura combinada 
 
• O amor pelos pais e o desejo de preservá-los juntos produz a renúncia edípica e o controle 
dos sentimentos agressivos 
 
 
 
A TEORIA DA INVEJA 
 
 
• Pulsão agressiva que o bebê sente desde o começo da vida(é constitucional) 
 
• Dirigido ao seio da mãe, com o desejo de danificar os aspectos bons e protetores(dirigida 
pelo ódio) 
 
• A inveja ataca o que o outro nos oferece, porque não podemos tolerar que estas 
capacidades sejam alheias 
 
• A inveja implica relação com apenas uma pessoa(reproduz a relação primitiva com a mãe) 
 
• A inveja aparece porque o bebê na fantasia acha que o peito guarda para si o leite e outras 
qualidades(amor e cuidados maternos) 
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• A inveja excessiva aumenta a intensidade e duração dos ataques ao objeto primário, 
impedindo a construção segura do bom objeto interno 
 
A gratidão 
 
• É um dos maiores derivados da capacidade de amar 
 
• É essencial para o estabelecimento de uma relação segura com o bom objeto e a base do 
reconhecimento da bondade em si mesmo e nas outras pessoas 
 
• A satisfação é a base da gratidão e está estreitamente ligada a generosidade 
 
 
O ciúme 
 
• É baseado na inveja, mas envolve a relação pelo menos com duas outras pessoas 
 
• O ciúme existe uma relação triangular, quando se deseja possuir a pessoa amada e 
eliminar o terceiro 
 
 
A voracidade 
 
• Extrai tudo o que de bom o objeto possui 
 
• É um pulsão insaciável, que sempre exige mais do que o objeto pode ou quer dar 
 
• Seu objetivo principal não é destruir, como no caso da inveja

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