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Processos Específicos para Tratamento e Gestão de Efluentes Industriais Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitor de Administração Acadêmica Carlos de Oliveira Varella Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-graduação Emilio Antonio Francischetti Pró-Reitora Comunitária Sônia Regina Mendes Direção geral: Jeferson Pandolfo Desenvolvimento do material: Gil Leonardo Projeto Gráfico: Fábrica de Conteúdo Desenvolvimento instrucional: Grupo Orion Brasil Copyright © 2018, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Sumário Processos Específicos para Tratamento e Gestão de Efluentes Industriais Objetivos .......................................................................................... 04 Introdução ........................................................................................ 05 1. Legislação Ambiental Aplicada ............................................... 06 2. Estações de Tratamento de Efluentes (ETE) Aplicadas às Indústrias Alimentícias .......................................................... 11 2.1 Indústria de Bebidas ............................................................. 12 2.2 Indústria de Pescados ........................................................... 14 2.3 Indústria de Frigoríficos ........................................................ 16 2.3.1 Abatedouros de Bovinos ou Suínos ......................................... 16 2.3.2 Abatedouro de Aves ............................................................. 17 2.4 Indústria de Laticínios ........................................................... 18 3. Estações de Tratamento de Efluentes Aplicadas às Indústrias Químicas ............................................................................ 20 3.1 Indústria de Tintas ............................................................... 20 3.2 Indústria Têxtil .................................................................... 22 3.3 Indústria Petroquímica .......................................................... 23 3.4 Indústria Farmacêutica ......................................................... 23 3.5 Indústria de Papel e Celulose ................................................. 24 3.6 Indústria de Galvanoplastia ................................................... 25 Síntese ............................................................................................ 26 Referências ....................................................................................... 27 Objetivos Ao final desta unidade de aprendizagem, você será capaz de: ▪ Empregar a legislação ambiental referente ao tratamento de efluentes; ▪ Determinar as especificidades das Estações de Tratamento de Efluentes (ETE) de cada segmento industrial. 5Processos Industriais e Tratamento de Efluentes Introdução Nesta unidade, será possível observar os principais conceitos das diferentes atividades industriais, identificadas por duas grandes áreas: área de produtos alimentícios e área de produtos químicos, que englobam diferentes tipos de indústrias e seus respectivos produtos. A área de alimentos envolve processos químicos e biológicos na fabricação de laticínios e seus derivados, produtos de pescados em geral, processamento das principais carnes de corte (bovina, suína e aves) e os processos de fabricação de bebidas alcoólicas (cervejas, vinhos, bebidas destiladas etc.), sucos e refrigerantes. Na área de produtos químicos, os processos destacados são os de fabricação de tintas e vernizes, materiais têxteis (fios, tecidos etc.), produtos petroquímicos em geral (óleos lubrificantes, combustíveis etc.), produtos farmacêuticos, produtos e subprodutos de papel e celulose e na área de galvanoplastia de metais. Para cada tipo de processo industrial serão observadas as características que apontam para os sistemas de tratamento dos efluentes gerados mais adequados. Ainda nesta unidade, serão abordados alguns aspectos relativos à legislação ambiental brasileira, que se refere aos lançamentos de efluentes de origem industrial, assim como seus aspectos sociais e econômicos. 6 Processos Industriais e Tratamento de Efluentes 1. Legislação Ambiental Aplicada De maneira geral, a legislação ambiental brasileira é bastante complexa em todos seus aspectos, inclusive aquela aplicada à área industrial. Para estudar a legislação ambiental referente aos processos de tratamento e lançamento de efluentes industriais, é necessário conhecer os padrões determinados para alguns estados brasileiros, identificando, principalmente, suas especificidades. Dessa forma, a legislação acaba sendo o primeiro fator condicionante para o desenvolvimento de um projeto de implantação de uma estação de tratamento de efluentes industriais. Cabe ressaltar que as diferenças observadas entre as legislações regionais (estaduais), podem inviabilizar a reprodução do projeto de uma estação de tratamento em outro estado. Uma ETE projetada para atender aos parâmetros da legislação de um determinado estado pode não estar adequada a atender aos limites estabelecidos por um outro estado do país (GIORDANO, 2008). Pode-se verificar, no Quadro 1, como os parâmetros de controle da carga orgânica são aplicados diferentemente entre alguns estados. Estados DQO DBO Rio de Janeiro Valores limites de acordo com a tipologia da indústria (tabela 1) Para vazões de até 3,5 m3/ dia: ≤2,0 kg de DBO/dia Remoção de sólidos grosseiros, sedimentáveis e materiais flutuantes Para vazões acima de 3,5 m3/dia: ≥2,0 kg e ≤10 kg DBO/dia Mínimo de 40% de remoção 7Processos Industriais e Tratamento de Efluentes >10kg e ≤≤100kg DBO/dia Mínimo de 70% de remoção da DBO >100kg DBO/dia Mínimo de 90% remoção da DBO Rio Grande do Sul Varia inversamente à carga orgânica Varia inversamente à carga orgânica São Paulo Não aplica Redução de carga orgânica de 80% ou concentração máxima de 60 mg O2 /L Minas Gerais Limite de 90 mg O2 /L Limite 60 mg O2 /L ou redução da carga orgânica em relação a DBO mínima de 85% Goiás Não aplica Máxima de 60 mg O2 /L ou redução em 80% Quadro 1: Comparativo dos parâmetros de controle de carga orgânica entre estados brasileiros. Fonte: Adaptado de Giordano (2008). DQO (Demanda Química de Oxigênio): É uma análise laboratorial que expressa a quantidade de oxigênio dissolvido no meio líquido (efluente) que é consumida pela matéria orgânica (biodegradável ou não) numa reação de oxidação química por litro de solução. DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio): É uma análise de laboratório que exprime a quantidade de oxigênio dissolvido no efluente que é consumido pelos micro-organismos (bactérias) aeróbios que degradam a matéria orgânica biodegradável metabolizada através de reações bioquímicas, por litro de amostra. Nos demais estados do país, os limites para controle de lançamento de efluentes em corpos receptores são os mesmos apresentados na resolução do Conama 357/2005, sendo a concentração de matéria orgânica controlada diretamente no corpo receptor. Observe, a seguir, o Quadro 2, que apresenta os limites dos valores para cada tipologia industrial. Glossário 8 Processos Industriais e Tratamento de Efluentes Tipologia industrial Valores Indústrias químicas e petroquímicas < 250 mg/L Fabricação de Produtos Farmacêuticos e Veterinários (exceto unidades de fabricação de antibióticos por processo fermentativo) < 150 mg/L Fabricação de antibióticos por processo fermentativo < 300 mg/L Fabricação de bebidas (cervejas, refrigerantes, vinhos, aguardentes, exclusive destilarias de álcool) <150 mg/L Fabricação de tintas, vernizes, esmaltes, lacas,impermeabilizantes, secantes e resinas/massas plásticas < 300 mg/L Curtume e processamento de couros e peles < 400 mg/L Operações unitárias de tratamento de superfícies (efetuadas em indústrias dos gêneros: metalúrgico, siderúrgico, mecânico, material de transporte, material elétrico, eletrônico e de comunicações, editorial e gráfico, material plástico, borracha, aparelhos, instrumentos e materiais fonográficos, fotográficos e ópticos) < 200 mg/L Indústrias alimentícias, exceto pescado < 400 mg/L Indústria de pescado < 500 mg/L Fabricação de cigarros, charutos e preparação de fumo < 450 mg/L Indústria têxtil < 200 mg/L Indústrias siderúrgicas e metalúrgicas: ▪ Coqueria, carboquímica e alto forno ▪ Aciaria e laminação ▪ Demais unidades, exceto setor de tratamento de superfícies < 200 mg/L < 150 mg/L < 100 mg/L Papel e celulose < 200 mg/L Estações terceirizadas de tratamento de efluentes líquidos < 250 mg/L Percolado de aterro industrial < 200 mg/L Quadro 2: Valores limites de DQO para diferentes tipologias industriais no estado do Rio de Janeiro (vazão acima de 3,5m3/d). Fonte: Adaptado de DZ-205 R.6. 9Processos Industriais e Tratamento de Efluentes A Diretriz de Controle de Carga Orgânica em Efluentes Líquidos de Origem Industrial do órgão ambiental fluminense (INEA) estabelece as exigências de controle de poluição das águas para redução de matéria orgânica biodegradável e não biodegradável de origem industrial e compostos orgânicos de origem industrial que interferem na ecologia dos corpos hídricos e na operação dos sistemas de tratamento biológicos das indústrias. Acesse o site do INEA e entenda, de forma mais detalhada, esta diretriz que abrange não somente os efluentes líquidos industriais como também os esgotos sanitários gerados dentro das indústrias, se tratados juntamente com os efluentes industriais. Com relação ao parâmetro de sólidos em suspensão, apenas os estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul estabelecem valores limites, visto que, na maioria dos casos, esses sólidos apresentam composição orgânica e podem ser relacionados diretamente com a DQO. Alguns parâmetros específicos podem ser diferenciais dos estados, como ocorre com o parâmetro de dureza na legislação do Rio Grande do Sul e o parâmetro de toxicidade para peixes na legislação do Rio de Janeiro. Este último é regido pela norma técnica NT-213 R.4 – Critérios e padrões para controle da toxicidade em efluentes líquidos industriais. Segundo a norma estadual fluminense, não é permitido o lançamento de efluentes líquidos industriais, em qualquer corpo receptor com um número de unidades de toxicidade superior a oito, tendo sido verificado em testes de toxicidade aguda realizados com peixes Brachydanio Rerio (vulgo paulistinha). De acordo com a resolução federal descrita no Conama 357/2005, com a exceção dos rios classificados na classe 4, não é permitido o lançamento contínuo em rios de efluentes líquidos industriais com um número de unidades de toxicidade aguda do efluente acima do valor limite superior de 8uT e inferior de 2uT. Em relação à presença de metais nos lançamentos industriais, o que caracteriza a legislação de cada estado são as diferenças em termos de concentrações máximas permitidas, como podemos ver no Quadro 3, a seguir. Saiba Mais Leia mais 10 Processos Industriais e Tratamento de Efluentes http://www.inea.rj.gov.br/Portal/ResultadoLegislacao/INEA_007148 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788536521497/pageid/0 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788536521497/pageid/0 Metal Limites máximos (mg/L) RJ MG GO SP RS Alumínio Total 3,0 - - - 10 Arsênio Total 0,1 0,2 0,2 0,2 - Bário Total 5,0 5,0 - 5,0 5,0 Boro Total 5,0 5,0 - 5,0 5,0 Cádmio Total 0,1 0,1 - 0,2 0,1 Chumbo Total 0,5 0,1 0,5 0,5 0,5 Cobalto Total 1,0 - - - 0,5 Cobre Total 0,5 0,5 1,0 1,0 0,5 Cromo Total 0,5 Cromo Hexavalente: 0,5 Cromo Trivalente: 1,0 Cromo Hexavalente: 0,5 Cromo Total: 5,0 Cromo Hexavalente: 0,1 Cromo Total:5,0 Cromo Hexavalente: 0,1 Cromo Total: 0,5 Estanho Total 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 Ferro Solúvel 15,0 10,0 30,0 15,0 10,0 Lítio - - - - 10,0 Manganês Solúvel 1,0 1,0 - 1,0 2,0 Mercúrio Total 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 Molibdênio - - - - 0,5 Níquel Total 1,0 1,0 2,0 2,0 1,0 Prata Total 0,1 0,1 0,1 0,02 0,1 Selênio Total 0,05 0,02 0,2 0,02 0,05 Vanádio Total 4,0 - - - 1,0 Zinco Total 1,0 5,0 5,0 5,0 1,0 Quadro 3: Padrões para lançamento de efluentes líquidos industriais. Fonte: Adaptado de NT-202 R.10. 11Processos Industriais e Tratamento de Efluentes A NT-202.R-10 aplica-se aos lançamentos de efluentes líquidos, oriundos de quaisquer atividades poluidoras em corpos hídricos receptores, superficiais ou subterrâneos no Estado do Rio de Janeiro. Para conhecer melhor a principal norma técnica que estabelece critérios e padrões para o lançamento de efluentes líquidos acesse a página do INEA. 2. Estações de Tratamento de Efluentes (ETE) Aplicadas às Indústrias Alimentícias De acordo com Shreve e Brink Jr. (1997), o processamento de alimentos utiliza basicamente o mesmo padrão de equipamentos de outros processos industriais. Os desenvolvimentos mais importantes que alavancaram a indústria alimentícia foram: ▪ Utilização dos processos de pasteurização, secagem e desidratação; ▪ Emprego de materiais que podem resistir ao contato com produtos alimentares sem afetá-los negativamente; ▪ Utilização de processos de esterilização e congelamento; ▪ Utilização de procedimentos de manuseio de materiais e controles automáticos; ▪ Emprego de processos modernos de sanitização e limpeza. As tendências industriais apontam para o uso de princípios fundamentais como: limpeza no local, operações em larga escala, completa automatização, ampliação dos processos de estocagem, redução dos impactos ambientais com a reutilização eficiente de energia, gases e efluentes tratados. O desenvolvimento mais importante em termos de materiais foi a adoção do aço inoxidável para o processamento dos alimentos. Juntamente com aço inox, surgiram também os materiais revestidos com vidro, substituindo de vez os tanques e equipamentos em cobre, estanho ou zinco. Leia mais Saiba Mais 12 Processos Industriais e Tratamento de Efluentes http://www.inea.rj.gov.br/Portal/ResultadoLegislacao/INEA_006744 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788536521497/pageid/0 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788536521497/pageid/0 2.1 Indústria de Bebidas Conforme Giordano (2008), a maior parte dos efluentes gerados por indústrias alimentícias fabricantes de refrigerantes é oriunda das lavagens de instalações e equipamentos realizadas nas salas da xaroparia, nas linhas de enchimento de latas e garrafas, assim como dos pisos das áreas industriais, dos produtos descartados que são retornados do mercado e dos próprios esgotos sanitários produzidos internamente nas áreas industriais. Esses efluentes são ricos em substâncias sacarídeas, como açúcares, diversos corantes, várias substâncias flavorizantes, alguns conservantes naturais ou artificiais, entre outros componentes das formulações das bebidas. Além disso, nesses efluentes também podem estar presentes vestígios de material particulado de carvão proveniente dos processos desenvolvidos na área de xaroparia, assim como traços de óleos minerais em razão de possíveis vazamentos das máquinas empregadas nos diferentes processos industriais e das próprias áreas de manutenção (oficinas mecânicas). O valor de pH dos efluentes está intrinsecamente ligado ao tipo de embalagem das bebidas utilizada pela indústria, pois, além do efluente naturalmente gerado pelos processos industriais contendo resíduos do xarope diluídos, outro efluente acaba sendo gerado. Se a empresa trabalha com embalagens retornáveis (material de vidro), é necessária a lavagem das mesmas, com substância desinfetante, como a soda cáustica (hidróxido de sódio concentrado comercial),que gera um efluente extremamente alcalino, podendo alcançar um valor de pH de até 12 (em uma escala máxima de 14). Já com relação ao valor da DQO, o efluente global atingiria no máximo 1000 mg O2/L. Se a indústria só utiliza embalagens descartáveis (material plástico ou tetrapack) na sua produção, só serão gerados efluentes das bebidas diluídas, ou seja, com um pH mais ácido (menor que 7) e uma DQO bem mais alta, que pode chegar a 5500 mg O2/L. Em geral, os processos de tratamento mais usuais para efluentes com tais características pode ser dividido em três etapas: 1. Preliminar, para remover areia por peneiramento e separar água de óleo em um separador SAE; 13Processos Industriais e Tratamento de Efluentes 2. Primário, para corrigir valores alterados de pH; 3. Secundário, composto por um sistema com reator anaeróbio seguido de um reator aeróbio com lodos ativados. Se os efluentes forem oriundos de uma indústria de bebidas fabricante de cerveja, eles serão gerados principalmente nos seguintes pontos da área industrial: ▪ Nas lavagens dos equipamentos das salas de fermentação; ▪ Nas lavagens das linhas de enchimento de latas e garrafas; ▪ Nas lavagens dos sistemas de pasteurização da cerveja; ▪ Nas lavagens dos pisos das áreas fabris; ▪ Nos descartes de produtos retornados do mercado (cerveja fermentada, mal conservada ou contaminada); ▪ Nos esgotos sanitários dos funcionários dentro da própria empresa. Esses efluentes contêm grandes quantidades de substâncias ricas em açúcares (malte e cevada) e outros componentes utilizados na fabricação das cervejas (lúpulo, cargas de arroz e resíduos de micro-organismos). Os efluentes também podem conter partículas de terras diatomáceas oriundas da filtração do mosto, além de óleos minerais provenientes de possíveis vazamentos das máquinas de processo e das áreas das oficinas de manutenção. Normalmente, o pH dos efluentes industriais é ligeiramente ácido, tendendo à neutralidade (sem os efluentes das lavagens de garrafas retornáveis) e a DQO se aproxima de 2000 mg O2/L. Tradicionalmente, o processo mais empregado no tratamento desse tipo de efluente também pode ser composto por três etapas: 1. Preliminar/primária, onde ocorre a remoção de areia, a separação de água e óleo e a correção do pH; 2. Secundária mista, composta por processos anaeróbios e aeróbios: a etapa anaeróbia é composta de biodigestão em duas etapas, sendo a 14 Processos Industriais e Tratamento de Efluentes primeira constituída por uma hidrólise ácida seguida por uma etapa metanogênica, que aumenta a eficiência com processos aeróbios compostos por tratamento com lagoa aerada ou com tanque de aeração de lodos ativados; 3. Secundária simples, constituída apenas por um único processo aeróbio, de preferência o sistema de lodos ativados. 2.2 Indústria de Pescados Conforme pesquisas de Giordano (2008), os efluentes da indústria do pescado são gerados em diversas etapas do processamento, como: ▪ Recepção do pescado; ▪ Etapa de conservação nas câmaras frigoríficas; ▪ Processo de evisceração dos peixes; ▪ Etapa de aplicação da salmoura; ▪ Acondicionamento dos peixes em latas; ▪ Etapa de cozimento dos peixes; ▪ Fase de adição do óleo (opcional); ▪ “Recravamento” das latas contendo o produto; ▪ Etapa de lavagens das latas; ▪ Autoclavagem das latas; ▪ Resfriamento das latas. Recravamento: “É a ação de fechamento de recipientes metálicos por meio de operação de dobramento das bordas superiores das latas, com o encaixe rebaixado e arredondado da periferia da tampa. Latas de boa qualidade, vedante adequado e uma recravadeira eficiente produzem o fechamento hermético da lata, protegendo adequadamente o alimento durante o processo de esterilização, resfriamento e estocagem. Existem recravadeiras manuais, semiautomáticas e automáticas, com dispositivos que permitem o fechamento de diversos tamanhos de latas.” Fonte: Elisângela Conte da Silva e Nina Rosa Martins Cardoso, 1999. Glossário 15Processos Industriais e Tratamento de Efluentes Autoclavagem: Também conhecida como retorta, a autoclave de vapor saturado é um recipiente de pressão, no qual são carregadas as latas, geralmente empilhadas em cestas. Pelo fato de as autoclaves serem equipamentos que trabalham a altas pressões, elas são construídas de chapas de caldeira de 1/4 de polegadas ou mais espessas, modeladas no formato cilíndrico e rebitadas ou soldadas nas juntas. As tampas ou portas são feitas de ferro fundido ou de chapa pesada, com trava ou ferrolhos especiais para dar segurança. A eliminação completa do ar de dentro da autoclave é um fator de importância vital no processo de esterilização. A finalidade principal da autoclave é evitar o desenvolvimento de micro-organismos, produzindo, como consequência, um certo cozimento. Fonte: Elisângela Conte da Silva e Nina Rosa Martins Cardoso, 1999. São incluídos nos efluentes da indústria de pescado: as águas de lavagens de todas as etapas de processamento, de pisos das áreas industriais, assim como os esgotos sanitários dos funcionários. A composição média dos efluentes de pescado é de: matéria orgânica proveniente do processamento industrial, dos produtos utilizados nas etapas de limpeza e do sal utilizado nas salmouras descartadas. O pH desses efluentes está próximo da neutralidade (6,2 - 7,0), enquanto a DQO média gira em torno de 4300 mg O2/L, a DBO na faixa de 1700 mg O2/L, e os óleos e graxas apresentam valores superiores a 800 mg/L. No Brasil, o processo de tratamento mais empregado e que considera a sazonalidade da pesca (inclusive as épocas de defeso) é constituído de três etapas: ▪ Preliminar: com etapas de peneiramento e equalização para a remoção de escamas e pedaços de peixes e homogeneização do efluente; ▪ Primária: com clarificação físico-química por adição de coagulantes químicos e cloreto férrico e posterior separação por flotação, para remover óleos emulsionados e material sólido coloidal; ▪ Secundária: ocorre a biodigestão, que promove a remoção da matéria orgânica dissolvida em um reator anaeróbio. 16 Processos Industriais e Tratamento de Efluentes 2.3 Indústria de Frigoríficos A indústria de frigoríficos pode gerar efluentes em suas diversas tipologias industriais. A seguir, podem ser observadas as principais, de forma detalhada. 2.3.1 Abatedouros de Bovinos ou Suínos Os efluentes são gerados nas seguintes etapas do processo industrial: ▪ Águas de banho: são as águas utilizadas na lavagem e refresco dos animais antes do abate; são efluentes que contêm pequenas concentrações de esterco e terra; ▪ Limpeza de pocilgas e currais: a higienização de currais é feita semanalmente. Primeiramente, é feita uma raspagem do material sólido (esterco), depois, a lavagem do local. Nesse caso, os efluentes contêm elevadas quantidades de esterco e terra; ▪ Lavagem da sala da sangria: a lavagem é feita constantemente de forma contínua e grande parte do sangue, e consequentemente da carga orgânica, é gerada nesta etapa; ▪ Lavagem de vômito: etapa realizada anteriormente à sala da sangria; ▪ Lavagem da carcaça: etapa de limpeza das vísceras e da carcaça. Aqui, os efluentes gerados contêm sangue e grande parte esterco; ▪ Limpeza dos equipamentos: água utilizada para lavar todas as instalações do abatedouro, desde o abate até a limpeza final. Esta é a etapa de maior geração de efluentes; ▪ Limpeza da graxaria: nesta etapa, são gerados efluentes de condensação dos digestores e drenagem dos decantadores de graxas; ▪ Águas de cozimento: são os efluentes oriundos das etapas de cozimento na fabricação de embutidos. O processo convencional mais viável econômica e tecnicamente para o tratamento do efluente gerado em abatedouros de bovinos e suínos pode ser 17Processos Industriais e Tratamento de Efluentes composto de uma etapa preliminar com separação de gorduras (tanque SAE), e sólidos grosseiros (resíduos de carne, couro, fezes etc.). Em seguida, instala-se um sistema de lagoas em série (anaeróbia seguida de lagoa facultativa ou aerada mecanicamente). A concentração de matéria orgânica nos efluentes, se forem incluídos o sangue e as fezes, pode alcançar um valor de DQO de até 12.000 mg O2/ L. Com a decantação do efluente, é possível reduzir a carga orgânica para cerca de 3000 mg O2/ L de DQO. Por ser uma atividade agroindustrial, que envolve animais e grandes áreas rurais, observa- se que a localização de um abatedouro deve dispor de área suficiente para implantar um sistema de lagoas, visando à redução dos custos operacionais e de instalação da atividade. 2.3.2 Abatedouro de Aves Os efluentes são gerados nas lavagens de pisos e das instalações nas seguintes etapas da produção: ▪ Área de recebimento das aves; ▪ Área de lavagem das caixas utilizadas no transporte; ▪ Sala de abate; ▪ Sala de sangria; ▪ Área de escaldamento; ▪ Área de depenagem mecanizada; ▪ Área de evisceramento; ▪ Sala de resfriamento com gelo; ▪ Área de embalagem; ▪ Sala de congelamento; ▪ Expedição. Importante 18 Processos Industriais e Tratamento de Efluentes Caso haja, além do processo de abatedouro, outro processo industrial de fabricação de farinha de aves, também deverão ser gerados efluentes nos sistemas de lavagem do pó (material particulado) empregados. A DQO dos efluentes de abatedouros de aves pode variar entre 1000 a 3700 mg O2/L, dependendo do volume de água utilizada no processo industrial em relação ao número e ao peso das aves abatidas. Um detalhe importante está relacionado à retirada de sangue antes da lavagem da sala de sangria, pois isso poderia diminuir significativamente a carga orgânica do efluente gerado. Os processos de tratamento desses tipos de efluentes são projetados em até três etapas: preliminar, primária e secundária. ▪ Preliminar: peneiramento em sistemas de peneiras estáticas para remoção de penas e vísceras; ▪ Primária: tanque de separação de gorduras; ▪ Secundária: utilização de um sistema de lagoas biológicas em série, a primeira estritamente anaeróbia; a segunda facultativa e para o polimento final, a passagem por uma lagoa com plantas aquáticas (aguapé). Caso não haja espaço disponível para a implantação de um sistema de lagoas em série, a etapa preliminar deve ser complementada com um tanque de equalização após o peneiramento, seguido de uma clarificação físico- química por flotação. Assim, o tratamento biológico passa a ser realizado em um tanque de aeração com lodos ativados. 2.4 Indústria de Laticínios As indústrias de laticínios geram efluentes das lavagens de pisos e equipamentos de diferentes etapas que arrastam resíduos de leite e seus derivados, além, é claro, das próprias substâncias utilizadas na limpeza. Os efluentes variam muito em função dos tipos de produtos fabricados de leite e derivados (queijos, iogurtes, manteiga, requeijão, leite em pó etc.), da 19Processos Industriais e Tratamento de Efluentes capacidade produtiva da empresa, do leiaute industrial, da tecnologia utilizada na higienização das instalações e da qualidade da matéria-prima, ou seja: do leite utilizado. É possível reduzir a quantidade de efluentes gerados em uma indústria de laticínios, desde que sejam utilizadas membranas filtrantes para o reúso de água, além da possibilidade de incorporação de alguns resíduos específicos da produção industrial. O tratamento desses efluentes pode ser realizado com o emprego de alguns tipos de processos: ▪ Preliminar: tanque separador de gorduras; ▪ Primária: sistema de flotação auxiliado pela adição de um coagulante químico para aumentar a remoção de gorduras; ▪ Secundária: tanque de aeração com lodos ativados, seguido por um biodigestor para polimento do efluente tratado ou por um sistema de lagoas, desde que exista área disponível. É importante aproveitar ao máximo o soro do leite, que não deve ser descartado para o efluente. Esse soro poderá retornar ao processo industrial após purificação e voltar a compor novos produtos lácteos. Na etapa de tratamento de remoção da gordura por flotação, ocorre a formação da escuma na superfície do tanque, que também pode ser reaproveitada no processo produtivo na fabricação de outros produtos. Deve-se observar que os efluentes brutos gerados nos processos de beneficiamento do leite podem sofrer alterações significativas de pH em virtude da fermentação láctica. Isso deve ser considerado na seleção dos materiais empregados nos equipamentos, tanques e tubulações dos sistemas de tratamento, muitas vezes similares aos utilizados nos processos industriais (aço inox e revestimento vítreo). A partir de valores de DQO superiores a 7.000 mg O2/L no efluente bruto, os efluentes lácteos após o tratamento devem apresentar valores de DQO inferiores a 10 mg O2/L, revelando sua excelente biodegradabilidade. Importante 20 Processos Industriais e Tratamento de Efluentes 3. Estações de Tratamento de Efluentes Aplicadas às Indústrias Químicas Com base nas informações descritas por Shreve & Brink (1997), o tratamento adequado de efluentes de origem industrial é muito mais difícil e complexo do que o tratamento de efluentes sanitários. Isso se deve às inúmeras especificidades de cada atividade industrial geradora de efluentes, que precisam atender aos regulamentos federais, estaduais e municipais, cada vez mais rigorosos. Conforme os autores, são necessários estudos técnicos e econômicos que apontem as formas mais viáveis de atender aos requisitos legais, simultaneamente à redução dos custos, com a possibilidade de reúso de materiais (lodo) e substâncias (efluente tratado) gerados ao longo e no final do tratamento na ETE. Além disso, outros fatores como a desvalorização de imóveis próximos e o risco de contaminação para as populações vizinhas e ecossistemas do entorno também aumentam toda esta complexidade que envolve o tratamento de efluentes de indústrias químicas. Algumas práticas gerais podem ser adotadas pelas empresas químicas, como o armazenamento dos rejeitos em valos ou barragens. Os objetivos desse procedimento variam, e, em muitos casos, não é aceito pelos órgãos ambientais locais. Em indústrias que geram efluentes ácidos ou alcalinos, esse procedimento de armazenamento pode reduzir os custos com a neutralização dos demais efluentes gerados. Em indústrias com grande teor de material orgânico, como nas fabricantes de papel e celulose, a neutralização diminui a quantidade de material suspenso e reduz o valor da DBO. 3.1 Indústria de Tintas Diversos são os tipos de materiais colorantes ou tintas, tais como: ▪ Tintas gráficas para impressão em papéis, latas, plásticos; ▪ Tintas para revestimentos internos e externos à base de água ou de óleo como solventes; ▪ Tintas automotivas, industriais, navais etc. 21Processos Industriais e Tratamento de Efluentes As indústrias fabricantes de tintas podem produzir alguns de seus componentes como as bases oleosas, para sintetizar esmaltes acrílicos, fenólicos etc., ou apenas misturar outros componentes como pós minerais coloridos, utilizando equipamentos como moinhos de facas, balanças, misturadores e enchedoras. Quando os processos são de simples mistura, os efluentes industriais são gerados somente nas lavagens dos equipamentos. Mas se a indústria também sintetizar bases para a fabricação das tintas, então também há um efluente proveniente das águas de condensação desta etapa do processo que são considerados tóxicos e apresentam elevada carga orgânica. As substâncias químicas utilizadas para denotar as cores das tintas são os pigmentos, que podem ser orgânicos – neste caso, são considerados não tóxicos – e os inorgânicos – em geral, compostos por óxidos de metais, que podem conter algum grau de toxicidade. Para realizar o tratamento dos efluentes desse tipo de atividade industrial, são empregados basicamente processos físico-químicos, que, em grande parte dos casos, podem ser seguidos por processos biológicosaeróbios típicos. O objetivo principal desses tratamentos é diminuir a carga orgânica e a carga tóxica associada à concentração de metais tóxicos. Normalmente, as etapas de tratamento mais comuns são: ▪ Preliminar: tanque de equalização para homogeneizar as correntes de efluentes provenientes das diversas áreas industriais e dos variados lotes de produção; ▪ Primária: clarificação físico-química com coagulantes e floculantes ou eletrocoagulação e posterior sedimentação/flotação para separação dos sólidos (lodo) do efluente líquido; ▪ Secundária: tratamento biológico com sistema de lodos ativados, para remoção da carga orgânica restante. Sabe-se que as eficiências do tratamento podem ser bastante variáveis, pois dependem muito das concentrações iniciais dos contaminantes presentes nos efluentes brutos. 22 Processos Industriais e Tratamento de Efluentes 3.2 Indústria Têxtil As indústrias têxteis englobam diferentes etapas de processamento, desde as fibras naturais ou sintéticas, passando pela fabricação de linhas e fios, tecidos de malha ou planos, até as etapas de beneficiamento químico, onde os materiais têxteis podem ser tingidos (tinturarias), estampados (estamparias) ou lavados (lavanderias). As etapas de confecção de vestuário, em geral, não apresentam geração de efluentes industriais, apenas efluentes sanitários gerados pelos funcionários. As etapas da produção que envolvem as áreas de beneficiamento químico são aquelas que geram a maior quantidade de efluentes em virtude do elevado consumo de água nos processos – e os efluentes de maior carga poluidora – em razão da enorme quantidade de substâncias químicas adicionadas nos diferentes processos. Dentre essas substâncias, incluem-se os corantes e pigmentos naturais ou sintéticos, que denotam coloração ao efluente. Os processos de tratamento na ETE de uma indústria têxtil visam fundamentalmente a clarificar os efluentes gerados. Eles buscam, também, reduzir a toxicidade dos inúmeros produtos químicos, sua carga orgânica em termos de DQO e DBO e a elevada coloração oriunda da mistura de corantes diversos, empregados nos diferentes lotes de material processado. As possíveis etapas de tratamento seriam: ▪ Preliminar: fase de peneiramento com grades e peneiras estáticas para a remoção de fios e retalhos de tecidos e posterior equalização das correntes de efluentes segregados para homogeneização; ▪ Primária: aplicação de eletrocoagulação ou processos de coagulação/floculação química, seguidos de um sistema de flotação ou decantação primária; ▪ Secundária: tanque de aeração com lodos ativados, sistema mais empregado para remoção da carga orgânica biodegradável restante; ▪ Terciária: sendo a cor um parâmetro de difícil controle, por características estéticas, um tratamento com filtros de areia e carvão 23Processos Industriais e Tratamento de Efluentes ativado ou um sistema de membranas por troca iônica pode ser aplicado. Isso permitirá que o efluente tratado possa ser reutilizado ou descartado corretamente em corpos hídricos. 3.3 Indústria Petroquímica Os efluentes petroquímicos são compostos por descargas residuais do processamento do petróleo e seus derivados, e pode ter diversas origens, assim como os produtos químicos utilizados no refino ou beneficiamento. Há também a possibilidade da presença de alguns poluentes oriundos do próprio petróleo (substâncias fenólicas, metais, hidrocarbonetos etc.) ou originados no transporte marítimo (águas de lastro). Os processos de tratamento têm por objetivo minimizar a carga orgânica dos efluentes, sua toxicidade e carga oleosa (incluindo os óleos emulsionados), além dos compostos nitrogenados. As etapas de tratamento normalmente encontradas em ETEs instaladas em petroquímicas são: ▪ Preliminar: tanques de remoção de areia e tanques de separação de água e óleo (SAE); ▪ Secundária: emprega-se o sistema de lagoas aeradas ou o tanque de aeração com lodos ativados, tudo depende da área disponível. Em algumas situações, pode-se implementar também um tratamento primário para a clarificação físico-química dos efluentes, em que haverá a remoção de óleos emulsionados, dos metais considerados tóxicos, sulfetos e demais compostos orgânicos tóxicos. Nesse caso, a recomendação é que se utilize um sistema de flotadores de ar dissolvido para a retirada dos sólidos formados pela adição dos agentes coagulantes/floculantes. 3.4 Indústria Farmacêutica Na indústria farmacêutica, os efluentes são gerados em processos de síntese de medicamentos ou de misturas de componentes. Os efluentes 24 Processos Industriais e Tratamento de Efluentes de processos de síntese apresentam elevadas concentrações de matéria orgânica, diversos sais e altíssima toxicidade. É bastante comum a presença de substâncias químicas com características de compostos aromáticos, compostos nitrogenados e compostos que apresentam cor. A indústria farmacêutica de misturas de componentes (manipulação) gera efluentes muito próximos dos seus produtos diluídos, pois basicamente são provenientes das lavagens de pisos das áreas de produção, da limpeza dos equipamentos e dos tanques utilizados nos processamentos. Os sistemas de tratamento são relativamente simples e visam à correção de pH, à remoção da carga orgânica (DQO e DBO) e, se possível, à redução de cor. Os efluentes que contêm resíduos de medicamentos do tipo antibióticos devem ser removidos antes da etapa de tratamento biológico, pois certamente comprometerão sua eficiência. Os processos de tratamento são tradicionalmente compostos pelas seguintes etapas: ▪ Primária: utilização de um tanque de ajuste de pH, que atenda à etapa posterior, biológica, ou seja, pH próximo da neutralidade; ▪ Secundária: tanque de aeração com iodos ativados. 3.5 Indústria de Papel e Celulose A indústria de papel e celulose gera seus efluentes durante a etapa de produção da massa de papel e sua reciclagem: são as águas de lavagens das máquinas de forma. Uma característica marcante desse tipo de atividade industrial é que seus efluentes podem ser completamente reciclados. As etapas de tratamento são, em geral, bastante simplificadas: um único tratamento primário para promover uma clarificação físico-química por flotação, onde as fibras serão removidas, sendo os efluentes tratados, assim como a massa de papel, reutilizados novamente no processo. No caso das indústrias de reciclagem de papel, não somente a água é reutilizada, mas também o iodo residual gerado (massa de papel), que é reaproveitado na fabricação de papel novo. O próprio tratamento de clarificação por flotação é suficiente para atender à qualidade do processo industrial, que 25Processos Industriais e Tratamento de Efluentes pode utilizar esta água de reúso para a limpeza das telas das máquinas. Há necessidade de uma reposição de água nova para compensar a água evaporada no processo de secagem do material produzido. 3.6 Indústria de Galvanoplastia Nesse tipo de indústria, os efluentes são gerados basicamente nas lavagens de peças após a imersão nos banhos galvânicos, provocando o arraste de diversas substâncias que geram os efluentes. Assim sendo, todas as substâncias contidas nos banhos também estarão presentes nos efluentes em diferentes concentrações. Em geral, os efluentes são bastante tóxicos, o que indica a necessidade de remover íons metálicos, cianetos, além de precisar ajustar o pH. As etapas de tratamento são: ▪ Primária: processo químico de oxidação de cianetos, redução de cromo hexavalente e precipitação dos íons metálicos; ▪ Terciária: é feito um polimento com um sistema de membranas com resina de troca iônica. Pela elevada toxicidade de algumas substâncias presentes no efluente, consideradas recalcitrantes, além da baixíssima presença de matéria orgânica biodegradável, a etapa secundária pode ser dispensada. 26 Processos Industriais e Tratamento de Efluentes Síntese De maneira geral, pode-se observar quea diversidade de processos industriais é o fator preponderante na geração de efluentes com características diversas e complexas. O conhecimento dos processos produtivos e suas principais características permite a definição adequada dos sistemas de tratamento que deverão ser implementados nas Estações de Tratamento das empresas. Em alguns casos, as empresas não detêm todo o conhecimento necessário para projetar suas ETE’s e, por isso, precisam aliar a expertise de seus colaboradores diretamente ligados aos processos geradores de efluentes com a de profissionais experientes nas inúmeras possibilidades de sistemas disponíveis para o tratamento dos diversos efluentes gerados. Observa-se que a organização dos sistemas de tratamento na ETE em etapas preliminares, primárias, secundárias e terciárias facilita a definição desses sistemas e suas ordenações. Em alguns casos, os tipos de tratamento tradicionalmente utilizados em determinadas etapas podem ser também empregados em outras, como ocorre com a coagulação/floculação. Para a maioria dos efluentes industriais, as etapas primárias são sempre utilizadas com o emprego de produtos químicos auxiliando a remoção de partículas sólidas. 27Processos Industriais e Tratamento de Efluentes Referências GIORDANO, Gandhi. Notas de aula da disciplina de tratamento e controle de efluentes industriais do curso de mestrado em Engenharia Ambiental. Rio de Janeiro: PEAMB/UERJ, 2008. ______; SURERUS, Victor. Efluentes industriais. Rio de Janeiro: PUBLIT, 2015. INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE (INEA). DZ-205 R.6: Diretriz de controle de carga orgânica em efluentes líquidos de origem industrial. 6 ed. Rio de Janeiro: DOERJ, 2007. Disponível em: <http://www.inea.rj.gov. br/Portal/ResultadoLegislacao/INEA_007148>. Acesso em: 15 mai. 2018. ______. NT-213 R-4: Critérios e padrões para controle da toxicidade em efluentes líquidos industriais. 4 ed. Rio de Janeiro: DOERJ, 1990. Disponível em: <http://www.inea.rj.gov.br/cs/groups/public/@inter_pres_aspres/ documents/document/zwff/mda2/~edisp/inea_006743.pdf>. Acesso em: 19 mai. 2018. ______. NT-202 R-10: Nota técnica sobre critérios e padrões para lançamento de efluentes líquidos. 10 ed. Rio de Janeiro: DOERJ, 1986. Disponível em: <http://www.inea.rj.gov.br/Portal/ResultadoLegislacao/INEA_006744>. Acesso em: 15 mai. 2018. METCALF; EDDY. Tratamento de efluentes e recuperação de recursos. 5 ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. 28 Processos Industriais e Tratamento de Efluentes http://www.inea.rj.gov.br/Portal/ResultadoLegislacao/INEA_007148 http://www.inea.rj.gov.br/Portal/ResultadoLegislacao/INEA_007148 http://www.inea.rj.gov.br/cs/groups/public/@inter_pres_aspres/documents/document/zwff/mda2/~edisp/inea_006743.pdf http://www.inea.rj.gov.br/cs/groups/public/@inter_pres_aspres/documents/document/zwff/mda2/~edisp/inea_006743.pdf http://www.inea.rj.gov.br/Portal/ResultadoLegislacao/INEA_006744 MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA). Resolução Conama 357: Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Brasília: DOU, 2005. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/ port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459>. Acesso em: 19 mai. 2018. SHREVE, R. N.; BRINK Jr., J. A. Indústria de processos químicos. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan (GEN), 1997. SILVA, Elisângela Conte da; CARDOSO, Nina Rosa Martins. Autoclave em batelada. 1999. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/alimentus1/feira/ prhorta/seleta/autoclav.htm>. Acesso em: 9 jun. 2018. ______. Recravação de latas. 1999. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/ afeira/operacoes-unitarias/complementares/recravacao-de-latas>. Acesso em: 9 jun. 2018. 29Processos Industriais e Tratamento de Efluentes http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459 http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459 http://www.ufrgs.br/alimentus1/feira/prhorta/seleta/autoclav.htm http://www.ufrgs.br/alimentus1/feira/prhorta/seleta/autoclav.htm Processos Industriais Objetivos Introdução 1. Processos Industriais 1.1. O que são Processos Industriais? 1.2. Histórico 1.3. Poluição Industrial Síntese Referências Bibliográficas Processos Industriais Objetivos Introdução 1. Processos Industriais 1.1. O que são Processos Industriais? 1.2. Histórico 1.3. Poluição Industrial Síntese Referências Bibliográficas A Água e os Efluentes Industriais Objetivos Introdução 1. Poluição da Água 1.1. Caracterização da Água 1.1.2. Características Físico-químicas da Água 1.1.2.1. Densidade 1.1.2.2. Viscosidade 1.1.2.3. Calor Específico 1.1.2.4. Cor e Turbidez 1.1.2.5. Tensão Superficial 1.1.2.6. Solubilidade 1.1.2.7. O pH 1.2. Ciclo Hidrológico e suas Intervenções 1.2.1. Evapo-transpiração 1.2.2. Precipitação 1.2.3. Escoamento Superficial e Subterrâneo 1.2.4. Infiltração 1.3. Ciclo Hidrológico não Natural Síntese Referências Bibliográficas Poluição da Água Objetivos Introdução 1. Poluentes da Água 1.1 Aumento de Temperatura 1.2 Material Nutriente 1.3 Material Sólido em Suspensão 1.3.1 Classificação dos Materiais Sólidos na Água 1.3.1.1 Tamanho 1.3.1.2 Classificação Química 1.4 Micro-organismos Patogênicos 1.5 Substâncias Orgânicas 1.5.1 Substâncias Orgânicas Biodegradáveis 1.5.2 Substâncias Orgânicas Recalcitrantes ou Refratárias 1.6 Substâncias Metálicas 1.7 Substâncias Radioativas Síntese Referências Bibliográficas Efluentes Industriais Objetivos Introdução 1. Importância da Qualidade da Água e dos Efluentes Industriais 2. Parâmetros para Caracterização da Água e dos Efluentes 2.1. Parâmetros de Caracterização Quantitativos 2.1.1. Vazão 2.1.1.1. Cubagem 2.1.1.2. Hidrômetros 2.1.1.3. Vertedores 2.1.1.4. Calha Parshall 2.1.1.5. Fluxômetros 2.1.1.6. Traçadores Radioativos Ou Fluorimétricos 2.1.2. Parâmetros de Caracterização Qualitativos 2.1.2.1. Parâmetros Físicos 2.1.2.1.1. Cor 2.1.2.1.2. Turbidez 2.1.2.1.3. Temperatura 2.1.2.1.4. Sólidos 2.1.2.1.5. Densidade 2.1.2.1.6. Condutividade 2.1.2.2. Parâmetros Químicos Orgânicos 2.1.2.2.1. Demanda Química de Oxigênio (DQO) 2.1.2.2.2. Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) 2.1.2.2.3. Carbono Orgânico Total (COT) 2.1.2.2.4. Fenóis 2.1.2.2.5. Surfactantes 2.1.2.2.6. Hidrocarbonetos 2.1.2.2.7. Pesticidas 2.1.2.3. Parâmetros Químicos Inorgânicos 2.1.2.3.1. pH (potencial hidrogeniônico): 2.1.2.3.2. Dureza 2.1.2.3.3. Alcalinidade Total 2.1.2.3.4. Oxigênio Dissolvido (OD) 2.1.2.3.5. Compostos Nitrogenados 2.1.2.3.6. Compostos Sulfurados 2.1.2.3.7. Cloretos 2.1.2.3.8. Metais 2.1.2.3.9. Compostos de Enxofre 2.1.2.4. Parâmetros Biológicos Síntese Referências Bibliográficas _GoBack Estação de Tratamento de Efluentes: Preliminar e Primário Objetivos Introdução 1. Amostragem de Efluentes Industriais 1.1. Amostragem 1.2. Amostragem de Efluentes Industriais 2. Processos de Tratamento de Efluentes Líquidos 2.1. Processos de Tratamentos Físicos 2.2. Processos de Tratamentos Químicos Síntese Referências Bibliográficas _GoBack Efluentes Industriais: Tratamentos Secundários Objetivos Introdução 1. Processos Biológicos Aeróbios 1.1 Lodos Ativado 1.1.1. Lodos Ativados Convencionais 1.1.2. Aeração Prolongada 1.1.3. Fluxo Intermitente 1.1.4. Remoção de Nutrientes 1.2. Processos Facultativos 1.2.1. Biocontactores 1.2.2. Biodiscos 1.2.3. Filtros Biológicos 1.2.4. Lagoas Facultativas Fotossintéticas 1.2.5. Lagoas Aeradas Facultativas 1.3. Processos Anaeróbios 1.3.1. Reator UASB ou RAFA 2. Processos Aeróbios 2.1. Lagoas Aeradas Aeróbias Síntese Referências Bibliográficas _zhnhokerhxm1 _24elpcstqhnx _gjdgxs Processos Específicos para Tratamento e Gestão de Efluentes Industriais Objetivos Introdução 1. Legislação Ambiental Aplicada 2. Estações de Tratamento de Efluentes (ETE) Aplicadas às Indústrias Alimentícias2.1 Indústria de Bebidas 2.2 Indústria de Pescados 2.3 Indústria de Frigoríficos 2.3.1 Abatedouros de Bovinos ou Suínos 2.3.2 Abatedouro de Aves 2.4 Indústria de Laticínios 3. Estações de Tratamento de Efluentes Aplicadas às Indústrias Químicas 3.1 Indústria de Tintas 3.2 Indústria Têxtil 3.3 Indústria Petroquímica 3.4 Indústria Farmacêutica 3.5 Indústria de Papel e Celulose 3.6 Indústria de Galvanoplastia Síntese Referências Processos Específicos para Tratamento e Gestão de Efluentes Industriais Objetivos Introdução 1. Legislação Ambiental Aplicada 2. Estações de Tratamento de Efluentes (ETE) Aplicadas às Indústrias Alimentícias 2.1 Indústria de Bebidas 2.2 Indústria de Pescados 2.3 Indústria de Frigoríficos 2.3.1 Abatedouros de Bovinos ou Suínos 2.3.2 Abatedouro de Aves 2.4 Indústria de Laticínios 3. Estações de Tratamento de Efluentes Aplicadas às Indústrias Químicas 3.1 Indústria de Tintas 3.2 Indústria Têxtil 3.3 Indústria Petroquímica 3.4 Indústria Farmacêutica 3.5 Indústria de Papel e Celulose 3.6 Indústria de Galvanoplastia Síntese Referências
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