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Avaliação, Gestão e Controle de Efluentes e Áreas Contaminadas

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RESUMO DA UNIDADE 
 
Esta unidade fala sobre a importância do controle das emissões dos efluentes 
domésticos e industrias, do acesso ao saneamento que oportuniza o tratamento dos 
esgotos e a disponibilidade hídrica. A qualidade da água deve ser equivalente ou 
superior à quantidade disponível, e este precioso recurso vem se deteriorando 
crescentemente em nosso planeta, principalmente, após a industrialização e 
expansão da urbanização. A poluição das águas é sobretudo resultado da atividade 
antrópica e decorre da adição de substâncias ou formas de energia, que de forma 
direta ou indireta, alteram a composição e o comportamento do corpo hídrico. Duas 
maneiras de se controlar a poluição é reduzir as emissões ou geração de efluentes, 
nesta unidade, trata-se dos líquidos e gasosos, na fonte e a aplicação de 
tratamentos, técnicas e tecnologias, de modo que os contaminantes sejam 
removidos ou convertidos a uma forma menos nociva. O grau de poluição do corpo 
hídrico afetado é mensurado por meio de características físicas, químicas e 
biológicas das impurezas existentes, que, por sua vez, são identificadas por 
parâmetros analíticos dispostos nas legislações pertinentes, bem como nos estudos 
técnicos e científicos dos sistemas de tratamento, remediação, reabilitação de 
compartimentos ambientais, dentre outros, pois estes são capazes de apontar a 
descontaminação de poluentes. 
 
Palavras-chave: Caracterização de poluentes e contaminantes. Processos de 
tratamento de efluentes. Controle de áreas contaminadas. 
 
 
 
 
ÍNDICE 
 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO 
 
CAPÍTULO 1 – CARACTERIZAÇÃO DE EFLUENTES DOMÉSTICOS E 
INDUSTRIAIS 
1.1 Agentes contaminantes 
1.2 Caracterização de efluentes domésticos e industriais 
 
CAPÍTULO 2 – TRATAMENTO DE EFLUENTES (LÍQUIDOS E ATMOSFÉRICOS) 
2.1 Tratamentos preliminar, primário, aeróbio e anaeróbio e, controle de efluentes 
domésticos 
2.2 Processos físicos, químicos e biológicos no tratamento e controle de efluentes 
industriais 
2.3 Reuso de águas residuárias domésticas e industriais, tratamento e controle 
2.4 Efluentes atmosféricos - monitoramento e controle ambiental 
 
CAPÍTULO 3 – INVESTIGAÇÃO, CONTROLE E MONITORAMENTO DE ÁREAS 
CONTAMINADAS 
3.1 Conservação das águas superficiais e subterrâneas, e do solo 
3.2 Investigação, técnicas, tecnologias para recuperação de áreas 
degradadas/contaminadas 
3.3 Uso de geossintéticos para controle de agentes contaminantes 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO 
 
O desenvolvimento e consolidação do saneamento se findou entre meados 
dos anos 1950, pois, nesse período, ampliou-se a operacionalidade de sistemas ou 
unidades de abastecimento de água e práticas relacionadas ao esgotamento 
sanitário. 
As diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a Política Federal é 
estabelecida pela Lei Nacional do Saneamento - Lei nº 11.445/2007, e está sendo 
marcada por um atual ciclo regulatório a fim de cumprir as metas para a 
universalização dos serviços e garantir a sustentabilidade financeira além de sua 
completa implementação. Essa trajetória tem revelado tensões e contradições 
inerentes ao contexto político-ideológico caracterizado por vínculos complexos com 
a estrutura econômica e as relações sociais. 
Portanto, há esta nova fase na gestão dos serviços públicos de saneamento 
básico no país, tendo o planejamento assumido como posição central na condução e 
orientação da ação pública. A retomada dos investimentos no âmbito federal, tanto 
com recursos não onerosos como onerosos, aponta para novas estratégias do 
Estado brasileiro para o enfrentamento dos déficits dos serviços. A expectativa é que 
a universalização dos serviços de água e esgoto reduza em até R$ 1,45 bilhão os 
custos anuais com saúde, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria 
(CNI). E, a cada R$ 1,00 investido em saneamento, deverá ser gerada economia de 
R$ 4,00, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). 
A Lei nº 14.026, promulgada em 15 de julho de 2020, atualiza o marco legal 
do saneamento básico e atribui à Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico 
(ANA) a competência para editar normas de referência sobre o serviço de 
saneamento. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), o novo 
marco irá contribuir para a revitalização de bacias hidrográficas, a conservação do 
ambiente e a redução de perdas de água, bem como a eficiência energética. A 
ampliação dos serviços de tratamento de esgoto, e a erradicação dos despejos dos 
efluentes de forma indiscriminada em bacias, rios, córregos e mares são metas para 
serem cumpridas até o ano de 2033. No tocante à erradicação dos lixões, os 
municípios possuem prazos atualizados para encerra, sendo 2021 para capitais e 
regiões metropolitanas, 2022 para cidades com mais de 100 mil habitantes, 2023 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2014.026-2020?OpenDocument
 
 
para cidades entre 50 e 100 mil habitantes e, por fim, 2024 para cidades com menos 
de 50 mil habitantes. 
Embora haja avanços na questão da poluição hídrica, ainda, há fatores 
limitantes que provocam riscos à saúde humana e ao ambiente como um todo, pois 
as técnicas empregadas, de forma geral, não removem completamente todas as 
substâncias indesejadas da água. 
Os cursos d’água, após receberem uma carga poluidora, sofrem 
modificações em suas características, mas tendem a reestabelecer às condições 
existentes. A baixa ou má qualidade das águas, até mesmo a escassez dela, vem 
fazendo com que a avaliação e o gerenciamento dos riscos hídricos sejam um dos 
principais desafios para a engenharia ambiental e sanitária, e todos os setores 
envolvidos. 
Um corpo hídrico possui capacidade de suporte, bem como quaisquer 
compartimentos ambientais e é evidente que se uma carga poluidora é lançada num 
manancial sem tratamento, a poluição pode se prolongar por todo o seu percurso, 
acarretando diversos processos diversos degradatórios. Quando a carga poluidora é 
lançada ao corpo receptor e esta foi submetida a processos de tratamento, deve-se 
verificar o cumprimento dos limites dos parâmetros estabelecidos pelas legislações 
ambientais pertinentes para conservação da disponibilidade hídrica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 1 
CARACTERIZAÇÃO DE EFLUENTES DOMÉSTICOS E INDUSTRIAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 1: CARACTERIZAÇÃO DE EFLUENTES DOMÉSTICOS E 
INDUSTRIAIS 
 
A Declaração Universal dos Direitos da Água, publicada pela Organização 
das Nações Unidas (ONU, 1992), apresenta a água como patrimônio do planeta, 
sendo cada cidadão responsável por esse recurso. Ainda, relata que, para minimizar 
os riscos de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente 
disponíveis, a água deve ser utilizada com consciência, discernimento e tecnologias 
adequadas. 
A crescente preocupação em relação aos impactos ocasionados pelo despejo 
de esgoto in natura e até mesmo tratado nos corpos hídricos resulta em uma série 
de legislações ambientais, critérios, políticas e estudos a fim de estar sempre 
melhorando as condições de descarga e do local de despejo, as formas de 
destinação, etapas, técnicas e rotas tecnológicas de modo a minimizar os impactos 
ambientais. 
O solo e a água podem ser poluídos e contaminados por diversos compostos 
de natureza orgânica e inorgânica, que, consequentemente, decompõem-se e 
geram constituintes e substâncias. Dentre os contaminantes inorgânicos, pode-se 
citar os oriundos das práticas agrícolas como o nitrato, fosfato, além de resíduos 
industriais gerados por produção de tintas, produtos farmacêuticos, resíduo dos 
serviços de mineração e metalurgia. Os contaminantes de caráter orgânico, por sua 
vez, possuem presença considerável em lodos gerados em estações tratamento de 
água (ETA) e esgoto (ETE), resíduos sólidos domésticos,e, resíduos de 
empreendimentos agroindustriais e petroquímicos. 
 
1.1 Agentes contaminantes 
 
No Brasil, estudos de tratamento e monitoramento de poluentes e 
contaminantes em águas e efluentes ainda são incipientes. Há a presença de tais 
contaminantes em efluentes sanitários, em águas superficiais e subterrâneas, bem 
como no seu destino durante os tratamentos de água e esgotos, e muitos ainda não 
conseguem ser removidos de forma completa por falta de tratamento específico, 
técnicas e tecnologias devidamente adequadas e avançadas. É importante ressaltar 
que efluentes são os resíduos líquidos e gasosos provenientes da produção 
 
 
industrial e, doméstica. Contudo, os efluentes industriais emitem contaminantes 
tóxicos diversos (metais, químicos, dentre outros) e necessitam de tratamento 
específico, conforme a composição química de cada tipo de atividade econômica. 
Os contaminantes apresentam grande diversidade de natureza, pois provém 
das mais variadas fontes, tais como fármacos de uso humano ou animal, produtos 
de limpeza e de higiene pessoal, os quais são introduzidos no ambiente via esgotos, 
seja ele tratado ou não. A estrutura química das substâncias define ainda a partição 
do contaminante entre as fases líquida e sólida em sistemas de tratamento como 
nos reatores biológicos. 
Há inúmeros estudos feitos em outros países até mesmo desenvolvidos (que 
utilizam de forma significativa o sistema de tratamento aeróbio com lodos ativados 
para tratar esgoto sanitário) e mostram que sistemas de tratamento biológico de 
esgotos não conseguem remover completamente compostos estrogênicos em suas 
diversas formas moleculares. Outros hormônios, capazes de alterar as funções 
endócrinas em animais aquáticos e plantas, desencadeiam a (bio)acumulação pela 
cadeia alimentar, sendo o final dela, o ser humano. 
Em muitos países, os sistemas de tratamento compostos por reatores 
anaeróbicos, embora tenha muitas vantagens em relação à eficácia para grande 
parte de contaminantes, ainda não capazes de remover certas substâncias como os 
surfactantes aniônicos, efluentes gerados, por exemplo, em lavagem de veículos, 
contendo, assim, água e óleo, lançados na rede coletora de águas pluviais. Alguns 
compostos surfactantes iônicos incluem ésteres sulfatados ou sulfatos de ácidos 
graxos (aniônicos) e sais de amônio quaternário (catiônico). 
Ácidos graxos, fração lipídica originários de óleos vegetais e produtos de 
origem animal são tratados em tratamento do tipo anaeróbio e aeróbio, devido a 
processos combinados de adsorção e biodegradação, pois possuem diferentes 
níveis de polaridade saturação ou insaturação. 
A literatura indica ainda contaminantes que necessitam um monitoramento 
expressivo no tratamento de esgotos sanitários como nonilfenol, dibutilftalato, 
bezafibrato, bisfenol. O nonilfenol é subproduto da degradação de surfactantes não-
iônicos (alquilfenóis polietoxilados – APEOs) de grande uso em produtos de limpeza, 
o bezafibrato é um fármaco antilipêmico utilizado para reduzir os níveis de colesterol, 
o dibutilftalato é usado como agente plastificante em alguns polímeros (ex., PVC) e o 
bisfenol (A) usado na produção de policarbonato, passível de lixiviamento se houver 
 
 
excesso de monômero na matriz polimérica (CESPEDES et al., 2006). O 
dibutilftalato, supostamente presente no plástico usado para fabricar as aparas de 
conduíte, poderia ser lixiviado e incorporado ao esgoto tratado. De qualquer forma, 
os baixos percentuais de remoção observados no sistema anaeróbio-aeróbio 
sugerem que o tratamento biológico não seja eficaz na degradação desse agente 
plastificante com conhecidas propriedades de desregulação endócrina (LEITE, et al., 
2010). 
Análises feitas em sistema de cromatografia líquida e o espectrômetro de 
massa, além de outros reagentes ou substâncias, equipamentos e vidrarias 
combinados, são capazes de identificar tais compostos, esses bem onerosos em 
valor de mercado, pois são poluentes complexos, como surfactante aniônico, 
utilizado em residências, o alquilbenzeno sulfonado de cadeia linear, bisfenol, 
hidrocarbonetos, grupo metileno, os ácidos graxos insaturados desprotonados, íons 
correspondentes aos ácidos linoleicos. 
O uso da fenolftaleína como padrão interno permite a análise 
semiquantitativa dos compostos identificados e não identificados durante as várias 
etapas do tratamento combinado de esgotos. Resultados exploratórios observados 
em diversas pesquisas sugerem que poluentes como o LAS, bisfenol A e bezafibrato 
não são satisfatoriamente removidos por processos anaeróbios, mas apresentaram 
degradação significativa durante o pós-tratamento aeróbio. Contudo, o sistema 
anaeróbio pode ser eficiente para remover alguns ácidos graxos (linoleico, oleico), 
ao passo que alguns poluentes demonstraram ser persistentes ou de difícil remoção 
mesmo na etapa aeróbia do tratamento (ácido láurico, ftalato não identificado e 
dibutilftalato) (LEITE, 2010). 
 
Exemplos de fontes de contaminação: 
-Tanques e tubulação subterrâneos. 
- Bacias de contenção. 
- Bombas, válvulas, selos. 
- Áreas de estocagem de tambores, carregamento e descarregamento. 
- Áreas de reparo e manutenção. 
- Caixas de drenagem e coletoras. 
- Fossas sépticas. 
- Acidentes. 
 
 
- Disposição inadequada de resíduos (quaisquer). 
 
Exemplos de contaminantes dos meios impactados: 
- Metais. 
- Combustíveis. 
- Metano. 
- Solventes halogenados. 
- Fenóis. 
 
Contaminantes emitidos por postos de combustíveis como BTEX, benzeno e 
hidrocarbonetos policíclicos aromáticos são geralmente os principais constituintes 
dos combustíveis derivados do petróleo, e, na maioria das vezes, não se apresenta 
qualquer tipo de procedimento para solucionar ou remediar água e solo afetados. 
Na lama de rejeitos de mineração, há inúmeros contaminantes, sendo os 
principais o óxido de ferro e sílica, metais pesados como níquel, cobalto, cobre. O 
grande potencial tóxico desses contaminantes causam alterações no pH (Potencial 
Hidrogeniônico) e nos parâmetros químicos e físicos dos solos e das águas, além de 
que os metais pesados ficam solubilizados nestes compartimentos e não se 
degradam, ou seja, ficam acumulados. 
O chorume, por sua vez, é um outro contaminante que destaca em 
decorrência de solos e dos cursos d’água, principalmente, se houver a presença de 
metais pesados em sua composição como chumbo, cobre e mercúrio, e outros 
componentes tóxicos e de grande potencial de poluição. 
Pode-se citar também, via de regra, que águas para fins farmacêuticos 
requer limites de tolerância e monitoramentos físico-químicos, microbiológicos e 
bioquímicos semelhantes à água potável para consumo humano, haja vista a 
necessidade da eliminação de quaisquer contaminantes. 
Em relação às emissões ou emanações gasosas, compostos orgânicos 
voláteis (VOCs), metano, CO2, produzidos através da decomposição anaeróbia dos 
resíduos orgânicos depositados no aterro em unidades de tratamento devem ser 
encaminhado para a tubulação específica referente ao sistema de tratamento 
desses gases (biogás) e, embora haja a drenagem e o tratamento, são, em seguida, 
queimados e eliminados na atmosfera, o que corrobora para se utilizar uma 
 
 
tecnologia de aproveitamento desses biogases, devido ao seu expressivo potencial 
energético. 
O quadro 1 mostra fontes e as principais características de poluentes na 
atmosféricos, suas características, principais fontes e efeitos na saúde e ambiente. 
 
 
Quadro 1. Fontes e características de poluentes na atmosfera 
Fonte: (MÜLLER, 2016 apud LABOGEF). 
POLUENTES CARACTERÍSTICAS 
FONTES 
ANTROGÊNICAS 
FONTES 
NATURAIS 
Partículas 
Totais em 
Suspensão 
(PTS) 
Partículas de material 
sólido ou líquido que 
ficam suspensos no ar, 
na forma de poeira, 
neblina, aerossol, 
fumaça, fuligem 
(tamanho < 100 micra). 
Processos industriais, 
veículos automotores(exaustão), poeira de 
rua ressuspensa, 
queima de biomassas. 
Pólen, aerossol 
marinho e solo. 
Partículas 
Inaláveis 
(PM10) 
Partículas de material 
sólido ou líquido que 
ficam suspensos no ar, 
na forma de poeira, 
neblina, aerossol, 
fumaça, fuligem 
(tamanho < 10 micra). 
Processos de 
combustão (indústria e 
veículos automotores), 
aerossol secundário, 
(formado na 
atmosfera). 
Pólen, aerossol 
marinho e solo. 
Dióxido de 
Enxofre 
(SO2) 
Gás incolor, com forte 
odor, altamente solúvel. 
Na presença de vapor 
d’água pode ser 
transformado em SO3, 
passando rapidamente 
a H2SO4, constituintes 
da chuva ácida. É um 
importante precursor 
dos sulfatos, um dos 
principais componentes 
das partículas inaláveis. 
Combustão de 
combustíveis fósseis 
(carvão), queima de 
óleo combustíveis, 
refinaria de petróleo, 
veículos a diesel. 
Vulcões, 
emissões de 
reações 
biológicas. 
Óxidos de 
Nitrogênio 
(NOx) 
Pode levar a formação 
de HNO3, nitratos e 
compostos orgânicos 
tóxicos. 
Processos de 
combustão de veículos 
automotores, 
indústrias, usinas, 
termoelétricas (óleo, 
gás, carvão) e 
incineração. 
Processos 
Biológicos no 
Solo e 
Relâmpagos. 
Monóxido 
de Carbono 
(CO) 
Gás incolor, inodoro e 
insípido. 
Combustão incompleta 
em geral, 
principalmente em 
veículos automotores. 
Queimadas e 
reações 
fotoquímicas. 
Ozônio (O3) 
Gás incolor, inodoro nas 
concentrações 
ambientais e o principal 
componente da névoa 
fotoquímica (smog). 
Composto muito ativo 
quimicamente. 
Não é emitido 
diretamente na 
atmosfera, produzido 
fotoquimicamente pela 
radiação solar entre os 
NOx e compostos 
orgânicos voláteis 
(VOCs). 
 
 
 
1.2 Caracterização de efluentes domésticos e industriais 
 
A poluição ambiental define-se como toda a ação ou omissão do homem 
que, direta ou indiretamente, desencadeie um desequilíbrio nocivo (de curto ou 
longo prazo) no ambiente, pela descarga de material e energia atuando sobre 
águas, solos e o ar (VALLE, 2004). Assim, os materiais residuais são advindos de 
processos produtivos ou atividades e serviços, definidos como resíduos 
(subprodutos) que apresentam certo potencial de utilização, passando a ser 
considerado como matéria-prima, independente de realização de tratamentos, e, 
quando inservíveis, são ditos rejeitos (por não possuir possibilidade técnica ou 
econômica de uso), devendo ser destinado adequadamente. 
Os efluentes industriais possuem elevada diversidade, devido à dinâmica de 
seus respectivos processos produtivos. A Cartilha de Resíduos elaborada pela 
Universidade Estadual de Londrina (UEL, 2013) apresenta algumas classes de 
substâncias estão discriminadas a seguir: 
1) Solventes clorados ou halogenados: aqueles que em sua estrutura 
contém átomos de cloro (Cl), flúor (F), bromo (Br) e iodo (I). Os solventes 
halogenados mais utilizados são: clorofórmio, diclorometano, tetracloreto de 
carbono, tricloroetano e bromofórmio. 
2) Solventes contendo acetonitrila ou composto cianeto: contém em sua 
molécula cianeto que quando incinerada gera gás cianídrico, que é altamente tóxico 
(letal). A acetonitrila quando misturada com algum composto incompatível, como 
ácidos fortes, por exemplo, não libera esse gás, entretanto essa mistura pode 
desprender muito calor. Se a sua unidade possuir resíduos contendo misturas e 
misturas contendo acetonitrila, é essa planilha que deve ser preenchida. 
3) Solventes (em geral): hidrocarbonetos (pentano, hexano, tolueno 
benzeno, ciclohexano, xileno) éteres (éter etílico, éter dietílico e outros), ésteres 
(acetato de etila ou etanoato de etila) aldeídos (aldeído acético), cetonas (acetona), 
álcoois (metanol, etanol, álcool isopropílico, álcool butilico, etc.). 
4) Resíduos de pesticidas e herbicidas: em qualquer estado físico (líquido ou 
sólido), em soluções com solventes orgânicos, água / tampão / ácidos ou bases. 
5) Medicamentos: todas as sobras de medicamentos que não serão mais 
utilizados ou que estão vencidos. 
 
 
6) Sólidos perigosos: com metais pesados (tálio, mercúrio, chumbo e 
cádmio) armazenados ou estocados; sólidos orgânicos sem metais pesados; 
peróxidos orgânicos; outros sais; lâmpadas fluorescentes. 
7) Óleos especiais: todos os óleos utilizados em equipamentos elétricos que 
estejam contaminados com policloreto de bifenila (PCB’s como o Ascarel). Esse óleo 
não pode ser queimado, pois o seu processo de destruição gera gases muito tóxicos 
que não podem ser jogados na atmosfera (dioxinas), separe-os dos demais. 
8) Materiais diversos: os que não são solventes orgânicos, tais como tintas, 
vernizes, resinas diversas, óleos de bomba de vácuo (exceção àqueles 
contaminados com PCB’s), fluídos hidráulicos, dentre outros. 
9) Ácidos e bases: ácido clorídrico, ácido nítrico, ácido sulfúrico, ácido 
perclórico, hidróxido de sódio, hidróxido de potássio, hidróxido de amônia, etc. 
10) Radioativos: resíduos sólidos ou líquidos contaminados com materiais 
radioativos ou frascos contendo restos de materiais radioativos. Os rejeitos 
radioativos líquidos devem, obrigatoriamente ser separados dos sólidos. 
11) Desconhecidos: todos os resíduos que não possam ser identificados, no 
estado sólido ou líquido. 
 
Agrupamento de compostos contaminantes: 
 
- Contaminação por compostos orgânicos: os compostos fenólicos representam um 
dos principais poluentes das águas residuárias de origem industrial. São 
provenientes de indústrias químicas e farmacêuticas e dos esgotos hospitalares que, 
mesmo em baixas concentrações, alteram a potabilidade da água e o sabor dos 
peixes contaminados. Outro importante resíduo contaminante é o detergente para 
limpeza de equipamentos, utilizados por várias indústrias. Esses compostos afetam, 
principalmente, a fauna dos corpos receptores. Os vazamentos de oleodutos e 
tanques contendo produtos petrolíferos, ou seus derivados, são igualmente 
desastrosos ao Meio Ambiente (UEL, 2003). 
 
- Contaminação por compostos inorgânicos: Os principais compostos inorgânicos 
que ameaçam a integridade dos recursos hídricos são basicamente os metais 
pesados, provenientes de indústrias químicas e farmacêuticas, de usinas 
 
 
siderúrgicas, indústrias de fertilizantes, além das atividades de mineração (UEL, 
2003). 
 
 
SAIBA MAIS 
 
A poluição por microplásticos em ambientes hídricos está sendo cada vez 
mais detectada. E, de distintas e diversas formas, acarreta também inúmeros 
efeitos devido à ingestão em diferentes níveis tróficos (da cadeia alimentar) até os 
processos de biodegradação dos plásticos por bactérias. 
Observam-se significativos riscos que estas micropartículas podem trazer 
para o ser humano e toda a biota aquática e terrestre por possuir expressiva 
durabilidade e persistência no ambiente além de atuar como vetor para outros 
contaminantes químicos, orgânicos e inorgânicos, introduzindo assim toxicidade. 
Com o desenvolvimento das pesquisas na área ambiental e sanitária, 
aponta-se a presença do microsplástico já nas torneiras de nossas casas, bem 
como na água mineral engarrafada, ademais na cerveja, no sal marinho de 
cozinha e frutos do mar, pois as tecnologias de tratamento de água e/ou efluente 
ainda não atuam para tal remoção. 
 
 
 
 
CAPÍTULO 1 – RECAPITULANDO 
 
QUESTÕES DE CONCURSOS 
 
Questão 1 
Ano: 2019. Banca: IBFC. Órgão: SESACRE. Prova: Biólogo 
Os efluentes hospitalares, contaminados por medicamentos, hormônios e resíduos 
químicos, em contato com o ecossistema aquático leva a um risco diretamente 
relacionado com a existência de substâncias perigosas, as quais podem ter 
potenciais efeitos negativos sobre o balanço biológico dos ambientes naturais. A 
complexidade dos poluentes presentes nesses efluentes hospitalares pode integrar 
amplo grupo de contaminantes. Sobre este assunto, assinale a alternativa 
INCORRETA: 
a) Os efluentes hospitalares devem ser encaminhados para a estação de tratamento 
de esgoto doméstico maispróxima e para então ser realizado o tratamento 
adequado. A utilização de métodos físico-químicos visando ao tratamento desses 
efluentes, através da sedimentação/coagulação, filtração e posterior desinfecção 
obteve reduções de 98% em relação aos índices de DQO e 98,5% em relação aos 
microrganismos patogênicos. 
b) A complexidade dos poluentes presentes nestes efluentes hospitalares pode 
integrar amplo grupo de contaminantes, tais como microrganismos patogênicos, 
surfactantes, residuais de medicamentos e seus metabólitos, desinfetantes, 
radionuclídeos entre outros, associando-se sempre o potencial de toxicidade desses 
descartes. 
c) Os efluentes oriundos de sistemas de saúde possuem normas e legislações para 
o seu lançamento, como no caso da Resolução CONAMA Nº 430/2011, que dispõe 
sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a 
Resolução no 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio 
Ambiente-CONAMA. 
d) Os efluentes da lavanderia hospitalar constituem uma das causas mais 
significativas de danos ambientais entre os vários setores das unidades de cuidados 
de saúde típicas, em virtude de suas características refratárias, devido à presença 
de sanitizantes, desinfetantes, antibióticos, agentes de limpeza e outros 
surfactantes. 
e) Nenhuma das anteriores. 
 
Questão 2 
Ano: 2019. Banca: FUNDEP. Órgão: Prefeitura de Uberlândia - MG. Prova: Fiscal de 
Meio Ambiente 
Proteger-se contra agentes contaminantes presentes no ar é, às vezes, necessário 
para prevenir doenças respiratórias em regiões altamente poluídas. Quando existe 
uma ou mais substâncias químicas em concentrações necessárias para provocar 
danos à saúde humana, pode-se classificar esse ambiente atmosférico como 
poluído. Os poluentes atmosféricos podem ser classificados em primários ou 
secundários. 
Um agente poluente que é classificado como secundário e apresenta sua molécula 
composta por apenas dois elementos químicos é o: 
a) Dióxido de enxofre. 
b) Trióxido de enxofre. 
c) Ácido sulfúrico. 
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https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/sesacre
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/ibfc-2019-sesacre-biologo
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/prefeitura-de-uberlandia-mg
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/fundep-gestao-de-concursos-2019-prefeitura-de-uberlandia-mg-fiscal-de-meio-ambiente
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/fundep-gestao-de-concursos-2019-prefeitura-de-uberlandia-mg-fiscal-de-meio-ambiente
 
 
d) Monóxido de carbono. 
e) Nenhuma das anteriores. 
 
Questão 3 
Ano: 2016. Banca: IBFC Órgão: SES-PR. Prova: Inspetor de Saneamento. 
Dentre as doenças ocasionadas por veiculação hídrica (transmitidas por água 
contaminada) estão, EXCETO: 
a) Gastroenterite. 
a) Leishmaniose visceral. 
a) Hepatite A (HAV). 
a) Shigelose. 
a) Todas as anteriores. 
 
Questão 4 
Ano: 2016. Banca: COMVEST. Órgão: UFAM. Prova: Operador de Estação de 
Tratamento de Água e Esgoto 
As doenças de veiculação hídrica são aquelas em que o mecanismo de transmissão 
necessita da água para a transmissão da doença, desde a fonte de contaminação 
(normalmente o homem doente) até o reservatório de contaminação (normalmente o 
homem sadio). Assinale a alternativa que contém apenas doenças de veiculação 
hídrica: 
a) Cólera, malária, hepatite A. 
b) Febre tifoide, leptospirose, dengue. 
c) Malária, leptospirose, diarreias agudas. 
d) Cólera, febre tifoide, hepatite A. 
e) Dengue, hepatite A, diarreias agudas. 
 
Questão 5 
Ano: 2017. Banca: IBFC. Órgão: EMBASA. Prova: Engenheiro (Engenharia 
Sanitária/Sanitária Ambiental). 
A Lei N° 11.445, de 5 de janeiro de 2007, estabelece diretrizes nacionais para o 
saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 
11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 
1995; revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências. Com 
base no enunciado, atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às afirmações que seguem, 
tendo como base o tema “Meio Ambiente”. 
( ) Em situação crítica de escassez ou contaminação de recursos hídricos que 
obrigue à adoção de racionamento declarada pela autoridade gestora de recursos 
hídricos, o ente regulador poderá adotar mecanismos tarifários de contingência, com 
objetivo de cobrir custos adicionais decorrentes garantindo o equilíbrio financeiro da 
prestação do serviço e a gestão da demanda. 
( ) A instalação hidráulica predial ligada à rede pública de abastecimento de água 
não poderá ser também alimentada por outras fontes. 
( ) Na ausência de redes públicas de saneamento básico, serão admitidas soluções 
individuais de abastecimento de água e de destinação final dos esgotos residenciais 
apenas, visto que a preservação da vida está na escala de prioridades, com 
pontuação máxima. 
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo. 
a) V, F e V. 
b) F, V e F. 
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https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/ses-pr
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/ibfc-2016-ses-pr-inspetor-de-saneamento
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/comvest-ufam
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/comvest-ufam-2016-ufam-operador-de-estacao-de-tratamento-de-agua-e-esgoto
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/comvest-ufam-2016-ufam-operador-de-estacao-de-tratamento-de-agua-e-esgoto
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/ibfc
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/embasa
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/ibfc-2017-embasa-engenheiro-engenharia-sanitaria-sanitaria-ambiental
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/ibfc-2017-embasa-engenheiro-engenharia-sanitaria-sanitaria-ambiental
 
 
c) V, V e F. 
d) V, V e V. 
e) Nenhuma das anteriores. 
QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE 
O desenvolvimento de projetos dentro do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo 
(MDL) da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima 
(CQNUMC) possibilita a obtenção de incentivos financeiros para investimentos em 
eficiência energética. Qual o propósito do MDL? 
 
TREINO INÉDITO 
Sobre as tecnologias de tratamento de efluentes, marque a opção que mostre uma 
tecnologia inovadora. 
a) Tratamento de esgoto com a tecnologia sustentável chamada Nereda. 
b) Tratamento de desinfecção. 
c) Biorremediação. 
d) Tratamento biológico por lagoas de estabilização. 
e) Fossas sépticas e sumidouros. 
 
NA MÍDIA 
 
EMPRESA DESPEJA DEJETOS DE BANHEIROS QUÍMICOS NO RIO ARAGUAIA 
APÓS CARNAVAL 
Dejetos de banheiros químicos foram flagrados jogados no Rio Araguaia, após as 
festas carnavalescas deste ano no município de Xambioá, norte do Tocantins, sendo 
assim caracterizado como crime ambiental, além de contribuir para a proliferação de 
diversas doenças parasitárias e infecciosas e a degradação d’água. Ademais, a 
Secretaria de Meio Ambiente e Turismo ficou na responsabilidade de realizar a 
análise da água para assegurar a segurança de banhistas, pescadores e ribeirinhos. 
É importante lembrar que para realizar o descarte correto dos dejetos sanitários 
acumulados nos banheiros químicos, um caminhão com uma bomba sucção devem 
aspirar os detritos e, depois, transportá-los para estações de tratamentos de esgoto. 
 
Fonte: Olhar 21 
Data: 28 fev. 2020. 
Leia a notícia na íntegra: 
https://www.olhar21.com.br/noticia/3953/ 
 
NA PRÁTICA 
A demanda pelos inúmeros usos de recursos hídricos é crescente, pois atende ou 
tenta atender as necessidades antrópicas que vão de expandido e, 
consequentemente, provocando deterioração. De forma mais nítida nas águas 
superficiais e, de forma mais atual nas águas subterrâneas, o que retrata a busca 
por fontes naturais hídricas. Percebe-se entãoque as águas residuárias ainda 
necessitam da universalização (meio urbano e rural) de seu tratamento para reduzir 
diversos impactos ambientais como poluição e contaminação e, assim, promover a 
qualidade ambiental. Essa realidade interfere diretamente na disponibilidade para 
abastecimento humano e, dos ecossistemas. O controle da qualidade do ar também 
se agrega ao conceito de qualidade ambiental haja vista que a atmosfera recebe as 
https://www.olhar21.com.br/noticia/3953/
 
 
emissões de todas as atividades socioeconômicas e sistemas produtivos, e é de 
extrema importância a implementação de equipamentos específicos para mitigar o 
efeito poluente dos efluentes gasosos, que possuem complexidade em sua 
composição química. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 2 
TRATAMENTO DE EFLUENTES (LÍQUIDOS E ATMOSFÉRICOS) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 2: TRATAMENTO DE EFLUENTES (LÍQUIDOS E ATMOSFÉRICOS) 
 
O segundo capítulo deste módulo busca explanar aos profissionais da área 
ambiental e sanitária sobre o cenário técnico/tecnológico, social e econômico do 
setor de saneamento e da qualidade requerida pelo ambiente que vivemos a 
exemplo das preocupações associadas ao controle de doenças, que compreendem 
a necessidade de boas condições de saneamento e qualidade do ar, que 
caracterizam qualidade de vida e desenvolvimento de um país. 
Os esgotos oriundos de uma cidade e que contribuem à estação de 
tratamento de esgotos são basicamente originados de três fontes distintas: 
 Esgotos domésticos (efluente de residências, instituições e comércio). 
 Águas de infiltração (que são infiltradas para a subsuperfície e 
percoladas para a camada subterrânea que recarrega o lençol freático). 
 Despejos industriais (diversas origens e tipos de industrias). 
No Brasil, de forma geral, adota-se, predominantemente, o sistema 
separador de esgotamento sanitário, o que separa as águas pluviais em linhas de 
drenagem independentes e que não contribuem à Estação de Tratamento de Esgoto 
(ETE) (MEDEIROS, 2019). No entanto, conforme a mesma autora, há países que 
adotam o sistema combinado, no qual os esgotos e as águas pluviais são veiculados 
conjuntamente pelo mesmo sistema e dessa forma para um dimensionamento da 
ETE deve-se levar em consideração a parcela correspondente às águas pluviais, as 
características ambientais, socioeconômicas e edafoclimáticas, pois estas se 
relacionam diretamente com a composição do afluente, o esgoto bruto demandado. 
Com o desenvolvimento das atividades econômicas como os parques 
tecnológicos industriais e considerando crescimento populacional, percebe-se um 
aumento significativo das emissões dos poluentes também na atmosfera, 
ultrapassando os parâmetros apresentados pela legislação pertinente. 
A prevenção da contaminação atmosférica pode se dá por meio da alteração 
da formação de contaminantes e/ou o impedimento do seu lançamento na 
atmosfera, equivalente à forma do processo gerador. 
 
 
 
2.1 Tratamentos preliminar, primário, aeróbio e anaeróbio e, controle de 
efluentes domésticos 
 
Historicamente, no Brasil e no mundo, o saneamento surgiu com 
crescimento da urbanização e industrialização. O marco inicial desta infraestrutura 
foi por meio do Imperador Dom Pedro II que contratou em 1855 uma companhia 
Inglesa (City) para implantação da primeira rede de esgoto que removia apenas 
sólidos sedimentáveis presentes no esgoto sanitário (SILVA, 1975). Para a remoção 
e estabilização mais completa do material orgânico, que se dá por meio de 
processos biológicos, só foi possível a partir do século XX. 
A Lei nº. 11.445/2007 se refere às diretrizes nacionais para o saneamento 
básico, assegurada pela Constituição define-o como um conjunto dos serviços, 
infraestrutura e instalações operacionais de abastecimento de água, esgotamento 
sanitário, limpeza urbana, drenagem urbana, manejos de resíduos sólidos e de 
águas pluviais. O saneamento ambiental inclui as questões de preservação e 
conservação ambiental, tais como qualidade do ar, qualidade da água, qualidade do 
solo, destinação adequada dos resíduos e efluentes, impactos ambientais e 
educação ambiental. 
As tecnologias convencionais de tratamento de esgotos são desenvolvidas 
tendo por principal referência o lançamento em corpos d'água. As exigências para 
atender aos padrões de qualidade dos corpos receptores / mananciais de 
abastecimento são restritivas, em decorrência da fragilidade dos ecossistemas 
aquáticos e da necessidade de conservação dos usos múltiplos da água (ABES, 
2006). 
Os processos de tratamento de efluentes é fundamental para um sistema de 
proteção de melhoria da saúde pública e da sustentabilidade do meio. Conforme 
conceitualização da Fundação Nacional de Saúde saneamento é conjunto de ações 
socioeconômicas que têm por objetivo alcançar níveis de salubridade ambiental, por 
meio de abastecimento de água potável, coleta e disposição sanitária de resíduos 
sólidos, líquidos e gasosos, promoção da disciplina sanitária de uso do solo, 
drenagem urbana, controle de doenças de veiculação hídrica ou transmissíveis por 
resíduos e pela atmosfera, e demais serviços e obras especializadas, com a 
finalidade de proteger e aprimorar as condições de vida urbana e rural (FUNASA, 
2004). 
 
 
Conforme Prado (2018), nas áreas urbanas, os principais agentes poluidores 
de águas são os esgotos, que, na maioria das vezes, são lançados diretamente nos 
corpos de água. Frente à degradação intensa dos recursos hídricos, os esgotos de 
diversas cidades brasileiras vêm sendo tratados em estações de tratamento de 
esgoto (ETE’s), que operam com diferentes sistemas tecnológicos, e minimizam de 
forma significa os impactos ambientais nos corpos hídricos. 
As ETEs são unidades em que o esgoto, após sair das nossas residências e 
passar pela rede coletora por meio de um longo sistema de tubos subterrâneos, é 
levado para ser tratado, podendo, assim, ser devolvido ou destinado aos cursos 
d’água receptores. 
Estudos de Von Sperlling (2005, 2012) asseguram que a funcionalidade das 
estações de tratamento de esgotos domésticos, geralmente, dá-se em três etapas: 
tratamento primário (grade-caixa de areia e caixa de gordura), tratamento 
secundário (anaeróbio e/ou aeróbico) com a presença lagoas de estabilização 
(anaeróbia e/ou aeróbica). Depois de ver as duas primeiras etapas de tratamento de 
efluentes, a terceira etapa pode ser aplicada quando necessário ou pertinente, pois 
são úteis para remover poluentes específicos, que não foram retirados pelos outros 
processos anteriores, além de que a estação precisa investir em tecnologias para tal 
fim. 
O sistema para o tratamento do esgoto é escolhido e dimensionado de 
acordo o perfil da localidade e características socioeconômicas e ambientais. Os 
processos mais conhecidos são realizados por tratamento biológico (aeróbio ou 
anaeróbio), contudo existem sistemas que utilizam processos químicos para a 
purificação do efluente. Verifica-se que há inúmeras técnicas e tecnologias, 
simplificadas, alternativas e convencionais para pós-tratamentos e até mesmo a 
combinação deles. 
Após o tratamento, os efluentes são destinados cursos d’águas com rios e 
mares com níveis aceitáveis de impacto ambiental, referenciados pela Resolução 
CONAMA nº 357/2005, que estabelece as condições e padrões de lançamento de 
efluentes, alterada pela Resolução CONAMA nº 430/2011. 
 
 
 
IMPORTANTE 
 
A localização geográfica (clima, insolação) das regiões tropicais favorece o 
metabolismo microbiano e a decomposição das águas residuárias, por isso a 
tecnologia mais utilizada para o tratamento deste efluente líquido são reatores 
anaeróbios e lagoas de estabilização, além de ter um custo considerado baixo para 
sua implantação e de operação. 
 
Etapas do processo de tratamento e controle de efluentes sanitários 
 
As águasresiduárias são tratadas a partir do conceito de barreiras múltiplas, 
que é a combinação de processos unitários utilizados no sistema de tratamento. O 
principal objetivo da estação de tratamento de esgoto é tratar o esgoto por meio da 
remoção de contaminantes e patógenos até um nível de depuração aceitável para o 
seu retorno ao ambiente ou para reuso, conforme Spellman (2014), por meio de 
métodos físicos, químicos e biológicos. 
Para alcançar diferentes níveis de remoção dessas substâncias, são 
combinados diferentes níveis individuais de procedimentos em uma variedade de 
sistemas, classificados como tratamento preliminar, primário, secundário e terciário. 
O tratamento mais rigoroso das águas residuárias inclui a remoção de poluentes 
específicos assim como a remoção e controle de nutrientes (UNITED NATIONS, 
2003). 
Conforme as pesquisas de Von Sperling (2005), a figura 1 mostra, de uma 
forma geral, as etapas de tratamento de esgotos domésticos e industriais realizados 
em uma Estação e Tratamento de Esgotos ou Efluentes (ETE) e suas respectivas 
descrições. 
 
 
 
Figura 1. Etapas de tratamento de esgotos domésticos e industriais 
 
Lagoas de Estabilização: 
As Lagoas de Estabilização podem ser Lagoa Facultativa; Lagoa Anaeróbia; Lagoa 
Aerada-Facultativa; Lagoa Aerada (de Mistura Completa); Lagoa de Decantação; 
dentre outras, que são construídas para operar conforme a necessidade da estação 
e as características gerais do efluente da região. 
OBS: Os reatores anaeróbios possuem custos relativamente baixos e eficazes para 
a remoção poluentes, e, para otimizar a remoção, as lagoas de estabilização podem 
ser utilizadas de forma combinada para aumentar a eficiência do tratamento. 
Filtros Biológicos: 
Os Filtros (podem ser filtros biológicos de baixa carga; filtros biológicos de alta 
carga; biodiscos; dentre outros) são unidades de tratamento aeróbica que consistem 
em um tanque preenchido com material grosseiro (pedras, ripas, materiais plásticos, 
entre outros), e, conforme o esgoto entra em contato com tal película, a matéria 
orgânica fica retida até se estabilizar (sendo a biomassa microbiana) 
•Remoção de sólidos grosseiros (passa por uma grade) e areia (passa por 
um desanerador que o sedimenta), a fim de que estes não danifiquem 
as tubulações e os sistemas de bombeamento, protegendo, dessa 
forma, as próximas etapas do processo. Os mecanismos básicos de 
remoção são de ordem física. 
•Por fim , a passagem do efluente passa por um medidor de vazão. 
Preliminar 
(Físico) 
•Remoção de sólidos em suspensão sedimentáveis e de sólidos 
flutuantes, em um decantador, onde o líquido passa vagarosamente, 
permitindo que os sólidos em suspensão se depositem no fundo. 
•A massa de sólidos que se forma é chamada de lodo primário bruto. 
Ao mesmo tempo, os sólidos flutuantes, como graxas e óleos, sobem 
para a superfície dos decantadores, e assim, estes são coletados e 
removidos do tanque para a próxima etapa de tratamento. 
Primário 
(Físico) 
•Remoção de matéria orgânica dissolvida e matéria orgânica em 
suspensão, sendo assim incluída a fase biológica, pois ocorre em 
função de reações bioquímicas, realizadas por microrganismos. 
•Os principais tratamentos biológicos de esgoto são: Lagoas de 
Estabilização (anaeróbia ou aeróbia); Filtros Biológicos ; Reatores 
Anaeróbios. 
Secundário 
(Biológico) 
•Remoção de compostos específicos não biodegradáveis, 
compostos tóxicos ou, ainda, complementar a remoção de 
poluentes não biodegradados na etapa secundária. 
•Podem ser utilizados processos físico-químicos e /ou biológicos. 
Terciário 
(Bioquímico) 
 
 
Reatores Anaeróbios: 
Os dois tratamentos biológicos mais utilizados é o Filtro Anaeróbio e o Reator UASB. 
O filtro frequentemente é aplicado para efluentes previamente tratados em tanques 
sépticos, e auxilia na remoção de DBO. No reator UASB (Upflow Anaerobic Sludge 
Blanket) – em português Reator Anaeróbico de Manta de Lodo de Fluxo Ascendente 
(RAFA) - são capazes de decompor a matéria orgânica de forma anaeróbia e com a 
trajetória ascendente, em que há um dispositivo separador de fases gás-sólido-
líquido. Assim, o esgoto vai de encontro a manta de lodo, onde ocorre a 
biodegradação e a digestão anaeróbia do conteúdo orgânico, tendo como 
subproduto a geração de gases metano, carbônico e sulfídrico. 
Fonte: (VON SPERLING, 2005) (adaptado). 
 
O tratamento terciário é um complemento do tratamento secundário, capaz 
de remover poluentes específicos por meio da desinfecção, obviamente antes do 
lançamento do efluente ao curso d’água receptor, e casos especiais, remover 
nitrogênio e fósforo, pode-se citar como processos as lagoa de maturação, 
desinfecção, sistema wetlands, filtrações específicas, e outros processos de 
remoção de nutrientes. 
A figura 2 mostra de forma esquemática e geral etapas de tratamento de 
uma Estação de Tratamento de Esgoto – ETE, orientada pela NBR 12209/2011. 
 
Figura 2. Esquema geral ilustrativo de tratamento de efluente de ETE 
 
Fonte: (COLEN, 2011). 
 
 
 
Tratamento biológico de efluentes (aeróbio e anaeróbio) 
 
O tratamento biológico é significantemente eficiente para degradar a matéria 
orgânica, pois o processo ocorre por ação de agentes (micro)biológicos como algas, 
protozoários e bactérias, dentre outros microrganismos. 
Os sistemas de tratamento anaeróbio (sem presença de oxigênio) mais 
utilizados são lagoas anaeróbias, os tanques sépticos, os filtros anaeróbios e os 
reatores, como os reatores UASB. Os biorreatores de membrana (MBR) são 
membranas micro porosas realizam um processo de ultra filtração, permitindo 
apenas a passagem através dela de água, alguns íons e moléculas de baixo peso 
molecular, barrando os sólidos e bactéria, todavia não elimina os contaminantes, só 
os transferem de fase; - necessita de limpeza química para remoção de substâncias 
aderidas na membrana. 
Nas estruturas dos sistemas anaeróbicos é recomendado equipamentos 
queimadores de gases, pois o processo converte parte o material orgânico em gases 
como gás carbônico e metano, e, dependendo do efluente a ser tratado, do controle 
realizado e das características dos equipamentos, há mitigação na emissão de 
odores. 
Os sistemas aeróbios (com presença de oxigênio) mais comuns são lagoas 
aeradas, filtros biológicos e os sistemas de lodos ativados que propiciam a melhor 
eficiência em remoção de cargas. As lagoas aeradas são encontradas com maior 
frequência em países desenvolvidos, já que a aeração necessita de fornecer 
oxigênio aos microrganismos aeróbios e, assim, requer grandes quantidades de 
energia elétrica e um controle rigoroso, principalmente, do pH, oxigênio dissolvido 
(OD) e Demanda Biológica de Oxigênio (DBO). 
Atualmente, o excesso de algas no efluente final, ou mais propriamente o 
potencial de proliferação de cianobactérias, associado a concentrações elevadas de 
clorofila-a, nitrogênio, fósforo e sólidos em suspensão, tem aguçado o rigor dos 
legisladores ambientais em relação às lagoas. No entanto, os sistemas de lagoas 
gozam de invejável capacidade de remoção de patógenos, especialmente quando 
se incluem as lagoas de maturação e de polimento, é possível reduzir a densidade 
de coliformes termotolerantes abaixo de 103 -1 org 100 mL, número tomado por 
referência por constituir padrão de classificação de certas águas naturais, inclusive 
as usadas para irrigação. 
 
 
Os processos biológicos de remoção de matéria orgânica biodegradável 
constituem a alternativa mais interessante sob os pontos de vista técnico e 
econômico para a efetiva redução de concentração dos compostos predominantes 
no esgoto. Ademais, o emprego de agentes químicos ou físicos é imprescindível 
para a remoção de patógenos, destacando-se nesta função os compostos clorados 
e a radiação ultravioleta. 
 
FIQUE ATENTO 
 
Em esgotos domésticos os principais parâmetros a serem tratados são:sólidos (DBO, DQO), nitrogênio, fósforo e coliformes totais e termotolerantes. 
 
A figura 3 mostra uma estação de tratamento de esgoto de caráter 
sustentável localizada no estado de São Paulo, em que os subprodutos utilizados no 
processo de tratamento são capazes de reduzir o impacto ambiental e minimizar o 
consumo dos recursos naturais e de energia do ambiente. 
 
Figura 3. Visão geral de uma Estação de Tratamento de Esgoto Sustentável em São Paulo 
 
Fonte: (AESABESP, 2019). 
 
 
 
Sistemas não-convencionais de tratabilidade sanitária 
 
Segundo a Organização Mundial da Saúde, bilhões de pessoas ainda não 
têm acesso à água potável e ao saneamento, resultando em perdas humanas e 
doenças de veiculação hídrica, com expressivos impactos ambientais, o que afeta 
diretamente o desenvolvimento socioeconômico do país (WHO, 2017). 
O Atlas Esgotos da Agência Nacional das Águas revela que apenas 39% da 
carga orgânica gerada diariamente no país (9,1 mil t) é removida pelas 2.768 
Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) existentes no Brasil, antes dos efluentes 
serem lançados nos corpos d´água. O restante, 5,5 mil toneladas, podem alcançar 
os corpos hídricos, considerando que o país tem 5.570 municípios. Ou seja, 43% da 
população possui esgoto coletado e tratado e 12% utilizam-se de fossa séptica 
(solução individual), assim, 55% possuem tratamento considerado adequado, 18% 
têm seu esgoto coletado e não tratado, o que pode ser considerado como um 
atendimento precário, e, 27% não possuem coleta nem tratamento, isto é, sem 
atendimento do serviço de coleta sanitário (ANA, 2017). 
Destarte, parte da população nacional não possui fonte segura ou 
convencional de água para consumo, tampouco para a recepção e tratamento 
adequado dos efluentes, principalmente, a população que reside em municípios de 
interiores do estado, áreas rurais, localidades ou comunidades tradicionais. É 
importante ressaltar que há diversas tecnologias de tratamento não-convencionais 
ou alternativas, bem como sistemas individuais, coletivos ou unifamiliares, que 
podem ser aplicadas nessas áreas e são essenciais para a qualidade do ambiente. 
A fossa séptica (NBR 7229/1993 e NBR 13969/1997), sistema individual de 
esgoto para tratamento primário e secundário, é uma espécie de caixa que pode 
receber todo o esgoto doméstico, remove os sólidos sedimentáveis e flotáveis, 
entretanto deve ser seguida de dispositivo de filtração na relação solo x água com 
funcionalidade de sumidouro, vala de (in)filtração ou filtros de areia e até mesmo de 
caráter biológico-anaeróbico. 
Os wetlands (sistema alagado construído - SAC) é um método de tratamento 
realizado em áreas úmidas, construídas para a remoção de poluentes através da 
filtração e da depuração da matéria orgânica por microrganismos formadores do 
biofilme, aderido ao substrato presente no sistema, podendo atender demandas 
hidrossanitárias individuais, unifamiliares ou coletivas. 
 
 
Em relação aos sistemas descentralizados, aqueles que coletam, tratam e 
fazem a disposição final ou reúso do esgoto em local próximo à sua geração, ocorre 
e funciona diferentemente dos sistemas convencionais. Podem ser subdivididos em 
pequenos sistemas descentralizados (unifamiliares) e grandes sistemas 
centralizados (grandes estações de tratamento de esgoto) e podem-se encontrar 
diversas nomenclaturas como onsite, individual, cluster, satellite, semi-centralized. 
 
SAIBA MAIS 
 
O Saneamento Ecológico é uma alternativa para tratamento de efluente 
doméstico que não integra à concepção atual do ciclo urbano da água, sendo uma 
solução mais sustentável, pois, para tratamento e reuso domiciliar dos efluentes, 
leva-se em consideração os conceitos da ecoeficiência. Prevê a separação das 
diferentes formas de águas residuárias nas suas origens, com o objetivo de valorizá-
las, podendo, assim, serem reaproveitadas. A segregação de águas residuárias na 
escala residencial permite soluções diferenciadas para o gerenciamento de água e 
de resíduos em ambientes urbanos, aumentando a eficiência da reciclagem de água 
e de nutrientes, permitindo ao mesmo tempo uma redução no consumo de energia 
em atividades de saneamento convencionais, além de não ocorrer o lançamento dos 
efluentes tratados ou não em corpos hídricos. (Embora esta prática experimente 
aceitação crescente em vários países, não há soluções de consenso consolidadas). 
 
Vide site OTSS - Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis 
(https://www.otss.org.br/saneamento-ecologico) 
 
O desenvolvimento de estudos e consolidação tecnológica sobre a redução 
do consumo de água no uso doméstico está em ascensão, especialmente no caso 
de edifícios de usos públicos (shopping centers, aeroportos, estações rodoviárias, 
edifícios públicos e outros) (NBR 15.097/2004 e NBR-5626/1998) e outras normas 
técnicas correlatas. Percebe-se também a busca para o desenvolvimento de novos 
modelos de gestão das águas e protótipos por parte do setor industrial, empresarial 
e científico, para aperfeiçoamento dos sistemas de gerenciamento do setor hídrico-
sanitário. 
https://www.otss.org.br/saneamento-ecologico
 
 
É de competência legal dos municípios promover a gestão dos serviços de 
saneamento, formular políticas e elaborar o plano municipal de saneamento básico 
e, assim, implantar as propostas apresentadas pelo estudo e diagnóstico desses 
planos tanto no meio urbano quanto no meio rural. 
 
IMPORTANTE: 
 
Todos os sistemas de tratamento de esgoto produzem alguma quantidade 
de lodo (biomassa microbiana) que deve ser removido periodicamente para o correto 
funcionamento dos sistemas e ser direcionado para diversas aplicações, agregando 
valor, como insumo agrícola, fabricação de tijolos ecológicos, biocombustíveis 
sólidos e líquidos, dentre outros. 
 
A SALTA-z é um exemplo importante de ser citado, pois é uma Solução 
Alternativa Coletiva Simplificada de Tratamento de Água a ser destinada ao 
consumo humano, e que, está em conformidade com a definição preconizada na 
Portaria Federal (PRC Nº05 de 28/09/2017, Anexo XX, Art. 5º, Inciso VII). O sistema 
simplificado é composto por adutora para recalque da água bruta por meio de 
bombeamento ao reservatório, dosador para coagulação, dosador para cloro, filtro, 
efluente filtrado, dreno de sedimentos, caixa com leito filtrante para retenção do 
sedimento e desta forma é capaz de promover a saúde e a inclusão social por meio 
de ações de saneamento e saúde ambiental. 
 
2.2 Processos físicos, químicos e biológicos no tratamento e controle de 
efluentes industriais 
 
Os esgotos não-domésticos ou industriais são aqueles provenientes de 
processos comerciais ou industriais. Esse tipo de efluente deve ter um destino 
especificamente adequado para evitar a contaminação nos ecossistemas aquáticos, 
bem como nos terrestres, além das implicações legais. A NBR 9800/1987 define 
critérios para lançamento de efluentes líquidos industriais no sistema coletor público 
de esgoto sanitário e os parâmetros de emissão dos respectivos efluentes conforme 
a Resolução Conama nº 430/2011. 
 
 
As águas residuárias industriais são provenientes dos processos produtivos 
de inúmeras atividades, que são incorporadas aos seus produtos para lavagem de 
equipamentos e fábricas, tratamentos químicos, biológicos, dentre outros. Os 
esgotos industriais são extremamente diversos e adquirem características próprias 
em função do processo industrial. Essas variações podem ser causadas, por 
exemplo, pelas variações das propriedades físicas das partículas sólidas, tipo e 
volume do esgoto industrial tratado, tipos e condições de operações, processos de 
tratamento de esgotos e práticas que se relacionam com o manuseio destes 
(APHA/AWWA/WPCF, 1980). Shoppings, petroquímicas, siderúrgicas, indústrias 
químicas, metalúrgicas, bases de armazenamento de combustíveis, transportadoras, 
construtoras,indústrias têxteis, matadouros, cervejarias, indústrias alimentícias, são 
exemplos de atividades que geram impactos hídricos, residuais e sanitários, de 
médio e grande magnitude. 
A etapa de caracterização dos efluentes deve ser considerada como uma 
tarefa básica e indispensável, a fim de que o problema de tratamento seja 
adequadamente equacionado/dimensionado, através da obtenção de informações e 
de como essas são obtidas, para a adoção de métodos físicos, químicos e 
biológicos inerentes a sua composição e vazão. 
Cada caso detém um tratamento e um estudo individual para que seja 
determinado qual o tipo de processo deve ser utilizado para a ETE Industrial. A 
figura 4 ilustra instalações específicas de uma Estação de Tratamento de Esgoto 
Industrial – ETEI, no caso compacta, para atender a demanda específica do efluente 
de interesse. 
 
Figura 4. Ilustração de estação de tratamento de esgoto industrial – ETEI (Compacta) 
 
 
 
Fonte: ECOLOGIC (2020). 
Para evitar contaminação do solo, da água e outros compartimentos 
ambientais as indústrias devem realizar ações para tratamento correspondente com 
o tipo de efluente gerado. Como não há uma solução padrão para a execução e 
submissão destes processos de tratamento, considera-se fatores diferentes 
composições químicas, físicas e biológicas desses efluentes, toxicidade, presença 
de material suspenso, temperatura, volume, cor, dentre outros parâmetros 
contribuem para a definição do tratamento. 
Para que os níveis de poluição sejam corrigidos, o efluente pode ser 
submetido a três diferentes tipos de processos básicos: os de ordem química, os de 
ordem física e os de ordem biológica (figura 5), lembrando que sempre deve ser 
considerado a natureza do efluente (VON SPERLING, 2005). 
 
Figura 5. Processo de tratamento de efluentes líquidos industriais 
Fonte: (VON SPERLING, 2005 e 2012) (adaptado). 
 
Os processos físico-químicos são recomendados na remoção de poluentes 
inorgânicos, metais pesados, óleos e graxas, cor, sólidos sedimentáveis, sólidos em 
suspensão através de coagulação-floculação, matérias orgânicas não 
biodegradáveis (celulose, lignina, tanino, etc.), sólidos dissolvidos por precipitação 
Processos físicos: são removidos os sólidos, a matéria orgânica e 
inorgânica, além de ser feito a desinfecção por processo físico (radiação 
ultravioleta) dos efluentes 
• São aqueles relacionados ao corpo sólido do efluente, como o tamanho de 
suas partículas, textura, peso, cor, temperatura, dentre outros. 
Processos químicos: faz uso de substâncias químicas para a remoção de 
poluentes, por meio das reações químicas, é possível neutralizar o pH da água, 
remover metais e fazer a desinfecção. 
• São aqueles que dependem de propriedades como a troca iônica, oxidação, 
coagulação, e várias outras, relacionadas à parte química do material que se 
relacionam com o pH, metais, teor de matéria orgânica. dentre outros; 
Processos biológicos: remove a matéria orgânica dissolvida e em 
suspensão, transformando-a em sólidos sedimentáveis e gases. 
• podem ser anaeróbicos ou aeróbicos, reagindo bioquimicamente para eliminar 
os contaminantes que se relacionam com vírus, bactérias, protozoários, dentre 
outros. 
 
 
química e compostos através de oxidação química. Quando existem sólidos voláteis 
(dissolvidos ou em suspenção), o tratamento biológico é o mais indicado. 
Na escolha do tipo de tratamento, dois parâmetros são fundamentais para 
realizar avaliação química (Demanda Bioquímica de Oxigênio - DQO) e biológica 
(Demanda Biológica de Oxigênio) do efluente. Se a DQO for igual ou menor que o 
dobro da DBO, é possível que grande parte da matéria orgânica seja biodegradável, 
podendo ser adotados os tratamentos biológicos convencionais. Se a DQO for muito 
além do dobro da DBO (triplo ou quádruplo), é possível que grande parte da matéria 
orgânica não seja biodegradável. Por exemplo, se houver a presença de celulose, 
que não é biodegradável e não tóxica, poderá ser aplicado o tratamento biológico. 
Caso grande parte da matéria não-biodegradável for causadora da poluição, os 
processos físico-químicos por precipitação química e coagulação-floculação poderão 
ser os mais adequados. 
O procedimento para avaliar esta eficiência, objetivando oferecer subsídios 
para estudo preliminar, é recorrer aos ensaios de floculação (Jar-test) que é uma 
simulação do que realmente ocorre na estação de tratamento. O quadro 2 mostra os 
tipos de processo para tratamento de águas residuárias provenientes de indústrias. 
 
Quadro 2. Tipo de processo para tratamento de efluentes líquidos industriais 
FÍSICOS QUÍMICOS BIOLÓGICOS 
Gradeamento Coagulação Biodiscos 
Sedimentação/Decantação Troca Iônica Filtro Percolador 
Filtração Oxidação Valas de Oxidação 
Flotação Neutralização Lodos Ativados 
Equalização Ultrafiltração Lagoas Aeradas 
Fonte: (ABES, 2006) (adaptado). 
 
A eletrocoagulação, oxidação de cianetos, precipitação de metais tóxicos, 
cloração para a desinfecção, oxidação por ozônio são métodos químicos que 
também podem ser aplicados para tratamento. 
Polímeros têm sido utilizados como auxiliares de floculação com o objetivo 
de aumentar a resistência dos flocos contra as forças de cisalhamento e diminuir as 
dosagens de coagulantes primários, além disso, podem melhorar a qualidade do 
efluente, reduzir o volume de lodo, remover microrganismos patógenos, aumentar a 
eficiência da desinfecção e economizar nos gastos dos processos. Contudo, há 
efluentes com alta carga orgânica, com nutrientes eutrofizantes, que necessitam de 
 
 
um pós-tratamento e o sistema de lodo ativado (tratamento biológico) é capaz de 
remover nitrogênio, fósforo e matéria orgânica. 
Os reatores anaeróbios, por sua vez, potencializam a decomposição da 
matéria orgânica, e, assim, a biomassa pode ser convertida em biogás e ser 
aproveitada como energia renovável, como os lodos gerados nos diversos sistemas 
de tratamento, podem também ser convertidos em biocombustíveis sólidos, líquidos 
e gasosos, ainda podem ser utilizados na produção de novos materiais, de caráter 
renovável e sustentável. 
 
Tratamento de efluentes onsite e offsite 
 
Muitas indústrias realizam o tratamento de seus efluentes em estações 
próprias a fim de evitar a sobrecarga no sistema público, pois a demanda hídrica e 
sanitária é crescente, proporcionalmente ao emprego de tecnologias. Porém, há 
empreendimentos que contactam empresas especializadas para realizar este 
serviço e essas ficam responsáveis por todo o procedimento relacionado à 
implantação, operação, manutenção, tratamento e encaminhamento adequado do 
efluente tratado, essa modalidade é intitulada de onsite. Esses possuem 
equipamentos específicos para o condicionamento e destinação adequada do 
efluente. Observa-se um maior interesse dos empresários em melhorar os processos 
produtivos de seus respectivos empreendimentos, reduzindo a geração de efluente e 
mantendo a regularização da atividade econômica, sendo a instalação de ETEs 
compactas uma opção atrativa e eficiente. 
O método offsite, por sua vez, é uma opção caracterizada segura e viável 
para geradores que não possuem seu sistema ou outras estruturas, em que os 
efluentes são coletados e destiná-los a centrais de tratamento especializadas, sem 
interferir nas operações da empresa. Importante lembrar que todas as análises 
laboratoriais físicas, químicas e microbiológicas, radioativas, dentre outras, deverão 
sempre ser realizadas por profissionais habilitados. 
Pode-se citar a Sabesp, que possui infraestrutura para receber os esgotos 
não domésticos ou industriais e encaminhá-los às estações de tratamento. Dessa 
forma, a indústria ou comércio delega a responsabilidade da tratabilidade do efluente 
para a companhia de saneamento, para, assim, armazenar e dar a destinação 
correta. 
 
 
 
2.3 Reuso de águas residuárias domésticas e industriais, tratamentoe controle 
 
As fontes alternativas e estratégias para uso sustentável de águas 
residuárias domésticas é uma forma de amenizar os problemas de disponibilidade 
de água potável. 
A Resolução nº 54 (2005) do Conselho Nacional de Recursos Hídricos 
(CNRH) estabelece modalidades, diretrizes e critérios que se refere à reutilização 
das águas. A Resolução CONAMA nª 357/2005 e a nº 430/2011 corroboram com o 
direcionamento deste uso, pois dispõem sobre a classificação dos corpos de água 
no tocante ao seu enquadramento, bem como condições e padrões de lançamento 
de efluentes. Ademais, as Políticas Nacionais de Meio Ambiente (1981) e de 
Recursos Hídricos (1997) também direciona o uso e os processos de gestão e 
conservação adequadas destes usos. 
No Brasil, a utilização de água de reuso para fins não potáveis ainda é muito 
incipiente, tanto para a utilização de águas provenientes de estações de tratamento 
de esgoto - ETE(s) doméstica e industrial, como as oriundas de residências (águas 
cinzas). No entanto, as indústrias de um modo geral, e em suas respectivas plantas 
industriais específicas, têm avançado com maior expressividade neste ponto, devido 
a questões ambientais e econômicas. Cabe ressaltar que a aplicabilidade destas 
águas, seja no setor industrial ou no doméstico, necessita ter procedimentos de 
gestão técnica e processual adequados conforme o recurso demandado. 
De acordo com a CETESB (2012), há processos de reutilização direta ou 
indireta das águas residuárias, decorrente de ações planejadas ou não: 
 Reuso indireto não-planejado: quando a água utilizada é descarregada no 
meio ambiente e novamente aproveitada, em sua forma diluída, de maneira não 
intencional e não controlada. 
 Reuso indireto planejado: processo que descarrega os efluentes de forma 
planejada nos corpos de águas superficiais ou subterrâneas, que, por sua vez, são 
utilizadas de maneira controlada, no atendimento de alguma necessidade. 
 Reuso direto não-planejado: quando os efluentes, depois de tratados, são 
encaminhados diretamente de seu ponto de descarga até o local do reuso. 
 
 
o Reciclagem: Reuso interno da água, antes de sua descarga em um 
sistema geral de tratamento ou outro local de disposição (funciona 
como uma fonte suplementar de abastecimento do uso original). 
Já a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental - ABES 
(1992) classificou o reuso de água em duas grandes categorias: potável e não 
potável. 
 Reuso potável (direto): quando o esgoto recuperado, por meio de tratamento 
avançado, é diretamente reutilizado no sistema de água potável (prática pouco 
difundida no Brasil devido aos grandes investimentos necessários para a purificação 
das águas). 
 Reuso potável (indireto): caso em que o esgoto, após tratamento, é disposto 
na coleção de águas superficiais ou subterrâneas para diluição, purificação natural e 
subsequente captação, tratamento e finalmente ser utilizado como água potável (é o 
caso das cidades onde a coleta para o abastecimento é realizada no mesmo 
manancial do lançamento dos efluentes de estações de tratamento de esgotos). 
 Reuso não-potável: não exige níveis elevados de tratamento, tornando-se o 
processo mais viável técnica e economicamente, com inúmeras aplicações (CNRH, 
2005): 
o Fins agrícolas: produção agrícola e cultivo de florestas plantadas. 
o Fins industriais: processos, atividades e operações industriais. 
o Fins urbanos: irrigação paisagística, lavagem de logradouros públicos e 
veículos, desobstrução de tubulações, construção civil, edificações, combate a 
incêndio. 
o Manutenção de vazões e recarga de aquíferos subterrâneos: redução 
da captação de água e redução do lançamento de efluentes industriais em cursos 
d´água. 
o Aquicultura: criação de animais ou cultivo de vegetais aquáticos. 
o Água cinza de uma edificação: direciona (recomenda-se tubulações 
separadas) a água servida para um tratamento (sofrem processo de depuração e 
desinfecção antes de retornarem para a distribuição não potável) e uma 
redistribuição para descargas de bacias sanitárias, irrigação de jardins, lavagem de 
pisos (economia de 40% do fornecimento de água potável pelas companhias locais 
de abastecimento). 
 
 
 
 
 
 
IMPORTANTE 
 
Lei de Niterói torna o reaproveitamento de água obrigatório em prédios 
(reportagem da Globo News). 
 
Acesse o Link: http://g1.globo.com/globo-news/cidades-e-solucoes/videos 
 
Segundo estudos da ANA e da ONU o consumo diário no geral para uso 
doméstico representa cerca de 8% da captação de água no mundo, ou seja, em 
média uma pessoa bebe de 2 a 4 litros de água por dia e são necessários em média 
250 litros de água por dia para atender as necessidades de abastecimento e 
saneamento. A região sudeste, por sua vez, gasta 25 litros de água a mais por dia 
que a média nacional. 
Cerca de 12% de todo o uso doméstico brasileiro se refere à lavagem de 
roupas e louças, e com maior expressividade se relaciona ao uso de chuveiro e vaso 
sanitário com 28% e 29% respectivamente, como pode-se observar na figura 6. 
 
Figura 6. Consumo Doméstico de Água no Brasil 
 
Fonte: (eCYCLE, 2012). 
 
O consumo europeu diário gira em torno de 300 litros de água por habitante, 
ou seja, duas vezes menos que nos EUA e no Japão e, 20 vezes mais que na África. 
Cerca de 20% da população espanhola, chiprina, maltanesa e italiana vive com 
escassez de água (ONU, 2013). 
Pode-se mencionar como exemplo o reuso de águas provenientes de ETE(s) 
de um programa desenvolvido pela Companhia de Saneamento do Estado de São 
29% 
28% 6% 
17% 
6% 
5% 
9% 
Vaso sanitário
Chuveiro
Lavatório
Pia de cozinha
Tanque
http://g1.globo.com/globo-news/cidades-e-solucoes/videos/t/programas/v/nova-lei-de-niteroi-torna-o-reaproveitamento-de-agua-obrigatorio-em-predios/1630831/
 
 
Paulo – SABESP, onde já são reaproveitados 780 mil metros cúbicos de água por 
mês, volume suficiente para abastecer toda a população de um município como 
Taubaté cuja população é de aproximadamente 230.000 habitantes. A reutilização 
dessa água apresenta-se de forma atrativa, como menor custo, confiabilidade 
tecnológica e suprimento garantido. No aspecto qualidade, os riscos inerentes são 
gerenciados com adoção de medidas de planejamento, monitoramento, controle e 
sinalização adequados. 
 
Reuso de águas cinzas 
 
As águas cinzas (greywater) são as águas servidas ou águas residuárias 
proveniente de atividades domésticas (esgotos domésticos). De acordo com o 
Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT, 2016), as águas são águas já utilizadas 
em banheiro (chuveiro, banheira e pia), máquinas de lavar, tanques, não incluindo 
efluentes de pia de cozinha e bacia sanitária. Na cultura brasileira, é comum a 
utilização das pias de cozinha como local de despejo de restos de alimentos, devido 
à presença de óleos e gorduras, e, por isso, muitos autores não incluem o efluente 
da pia, devido à presença da alta carga orgânica. 
A NBR 13.969 (ABNT 1997, p. 21) diz que: 
No caso do esgoto de origem essencialmente doméstico ou com 
características similares, o esgoto tratado deve ser reutilizado para fins que 
exigem qualidade de água não potável, mas sanitariamente segura, tais 
como irrigação dos jardins, lavagem dos pisos e dos veículos automotivos, 
na descarga dos vasos sanitários, na manutenção paisagística dos lagos e 
canais com água, na irrigação dos campos agrícolas e pastagens, dentre 
outros. 
 
Diferentemente da água de chuva (pluvial), cuja oferta depende de fatores 
meteorológicos, a produção de águas cinzas é proporcional ao consumo de água 
nas residências, pois é gerada enquanto houver pessoas utilizando as instalações 
hidrossanitários de uma edificação, e, variam de acordo com a região, com o clima e 
com os costumes da população. 
O quadro 3 apresenta uma simulação de volumes gerados de água cinza por 
dispositivos sanitários em uma habitação,e percebeu-se uma economia de cerca de 
22% no consumo de água potável, que pode ser obtido com a adoção do reuso de 
água cinza. 
 
 
 
Quadro 3. Percentual de esgoto bruto e água cinza gerados em uma habitação 
ESGOTO BRUTO TOTAL ÁGUA CINZA TOTAL 
Origem Total% L/dia Total % L/dia 
Bacia Sanitária 32 186 - - 
Lavatório 5 28 7 193 
Chuveiro 33 193 48 44 
Cozinha 7 44 11 135 
Lavanderia 23 135 34 400 
Total 100 586 100 28 
Fonte: (NSWHEALTH, 2000). 
 
Em uma escala maior, resulta em preservação dos mananciais por diminuir a 
quantidade de água captada e por reduzir o lançamento de esgoto sanitário pelas 
áreas urbanas. 
Os estudos realizados no Brasil e no exterior indicam que as águas cinzas 
contêm elevados teores de matéria orgânica, de sulfatos, fósforo, nitrogênio, 
turbidez, no entanto, moderada contaminação fecal. Assim, o tratamento diante 
desta composição indicada pode ser considerado simples, pode ser físico ou 
químico – dependendo da carga orgânica destes efluentes – e, até mesmo, 
biológico. 
A escolha da reutilização das águas cinzas devem ser consonante e 
adequada a finalidade do reuso (quadro 4). 
 
Quadro 4. Reutilização de águas cinzas 
Origem de Águas Cinzas 
 
Condicionantes para o 
Sistema de Tratamento 
Dimensionamento: Deve-se levar em consideração o 
volume que deverá ser utilizado nas descargas 
sanitárias em um máximo de 48 h para que desta 
forma seja evitada a estocagem prolongada que 
fatalmente ocasionará odores desagradáveis. 
O reservatório inferior deverá ter um ladrão para que o 
a 
 
 
excesso de água, ao atingir o limite do volume 
estipulado para reuso seja direcionada a rede de 
esgoto 
O reservatório superior deverá ser esvaziado caso não 
haja utilização nas bacias sanitárias em 48h. 
O sistema de distribuição das águas cinzas deverá ter 
coloração diferenciada. 
A desinfecção é essencial para o sistema de reuso das 
águas cinzas em descargas sanitárias para eliminação 
de bactérias e vírus. 
A sedimentação e filtração são essenciais para 
eliminação de protozoários e helmintos. 
Este processo pode ser feito com um sistema de filtro 
simples e de fácil limpeza. 
Após a filtragem. a água deverá ser tratada dentro de 
um reservatório com "cloro orgânico" (produto que não 
formam subprodutos cancerígenos) o que garantirá a 
desinfecção e conservação, deixando a água segura 
para o reuso no vaso sanitário. 
Opção 1. 
 
Reuso proveniente de 
Banheiros 
 
Desviar a água do ralo 
do box para um 
reservatório passando 
por filtros e tratamentos 
para depois reutilizar 
essa água nos vasos 
sanitários. 
Opção 2. 
 
Reuso proveniente de 
máquina de lavar 
roupas. 
 
(No processo de 
tratamento usa filtros, 
sulfato de alumínio e 
cloro para que que seja 
possível de ser utilizado 
para limpezas e outros 
fins domésticos). 
 
 
Opção 3. 
 
Reuso proveniente de 
residências/edificações 
para irrigação de jardins. 
 
Outras opções: lavagem de vias e pátios residenciais e industriais, irrigação para 
produção agropecuária e agroindustrial, dentre outros. 
Fonte: a) (LABCAU, 2004); b) (ZARED FILHO, 2003); c) (SUSTENTARQUI, 2015); 
d) (PRILLWITZ E FARWELL, 1995). 
 
A norma NBR 13.969/97 classifica, em termos gerais, os valores dos 
parâmetros dos efluentes e direciona a forma de (re)uso, como mostra o quadro 5. 
Destarte, em caso de reuso menos exigentes (por exemplo, descarga de bacias 
sanitárias) pode-se prever o uso da água de enxágue das máquinas de lavar, 
apenas desinfetando, reservando aquelas águas e (re)circulando para a bacia 
sanitária, em vez de enviá-las para o sistema de esgoto para posterior tratamento. 
Em termos gerais, podem ser definidos as seguintes classificações e respectivos 
valores de parâmetros para esgotos, conforme o reuso. 
 
d 
c 
 
 
Quadro 5. Classificação e parâmetros para reutilização de águas 
CLASSES PARÂMETROS COMENTÁRIOS 
Classe 1. 
Lavagem de carros e 
outros usos que 
requerem o contato 
direto do usuário com a 
água, com possível 
aspiração de aerossóis 
pelo operador incluindo 
chafarizes. 
-turbidez - < 5 UNT; 
- coliforme fecal – 
inferior a 200 
NMP/100mL; 
-sólidos dissolvidos 
totais < 200 mg/L 
- pH entre 6.0 e 8.0; 
- cloro residual entre 
0,5 mg/l e 1,5 mg/L. 
- Nesse nível, serão 
geralmente necessários 
tratamentos aeróbios (filtro 
aeróbio submerso ou LAB) 
seguidos por filtração 
convencional (areia e carvão 
ativado) e, cloração. 
- Pode-se substituir a 
filtração convencional por 
membrana filtrante. 
Classe 2. 
Lavagens de pisos, 
calçadas e irrigação dos 
jardins, manutenção dos 
lagos e canais para fins 
paisagísticos, exceto 
chafarizes. 
-turbidez - < 5 UNT; 
-coliforme fecal – 
inferior a 500 
NMP/100mL; 
-cloro residual superior 
a 0,5 mg/L. 
- Nesse nível é satisfatório 
um tratamento biológico 
aeróbio (filtro aeróbio 
submerso ou LAB) seguido 
de filtração de areia e 
desinfecção. 
- Pode-se também substituir a 
filtração por membranas 
filtrantes. 
Classe 3. 
Reuso nas descargas 
das bacias sanitárias. 
-turbidez - < 10 UNT; 
-coliforme fecal – 
inferior a 500 
NMP/100mL. 
- Normalmente, as águas de 
enxágue das máquinas de 
lavar roupas satisfazem a 
este padrão, sendo 
necessário apenas uma 
cloração. 
- Para casos gerais, um 
tratamento aeróbio seguido 
de filtração e desinfecção 
satisfaz a este padrão. 
Classe 4. 
Reuso nos pomares, 
cereais, forragens, 
pastagens para gados e 
outros cultivos através de 
escoamento superficial 
ou por sistema de 
irrigação pontual. 
-coliforme fecal – 
inferior a 5.000 
NMP/100mL; 
 
-oxigênio dissolvido 
acima de 2,0 mg/L. 
As aplicações devem ser 
interrompidas pelo menos 10 
dias antes da colheita. 
Fonte: (ABNT, NBR 13.969, 1997) (adaptado). 
 
Embora a água cinza não possua contribuição dos vasos sanitários, contem 
parte significativa de microrganismos patogênicos e presença de consideráveis 
densidades de coliformes termotolerantes. A limpeza das mãos após o uso do 
toalete, lavagem de roupas e alimentos fecalmente contaminados ou o próprio 
banho são algumas das possíveis fontes de contaminação. Outro aspecto 
 
 
importante no gerenciamento de água cinza é a sua elevada biodegradabilidade 
(ABES, 2006). 
 
SAIBA MAIS 
 
Pesquisas foram realizadas em empresas de lavagem de ônibus e 
percebeu-se que o custo da lavagem utilizando águas cinzas no processo caiu de 
R$ 2,43 para R$ 0,54. Além disso, os resíduos retirados pela filtragem podem ser 
revendidos e reciclados. 
 
A remoção dos contaminantes presentes nas águas cinzas dependerá da 
eficiência dos sistemas de tratamento, cuja tecnologia, dependerá da qualidade 
desejada ao tipo de uso ou usuário da água. 
 
Tratamento e controle para reuso de domésticas (águas cinzas) 
 
É imprescindível a realização de um tratamento específico para que a água 
possa ser reutilizada, pois o efluente contém elevada turbidez e pode haver a 
presença de coliformes termotolerantes, e, este uso deve ser direcionado a fim de 
atender as demandas e expectativas do usuário, sem comprometer a saúde. 
Existem diversos tipos de tratamentos domésticos, convencionais e 
alternativos, com várias etapas distintas e possibilidades de associações entre 
estas, conforme o item 2.1 deste capítulo. 
Segundo a NBR 13.969/97, o reuso de águas residuárias é recomendado 
como uma forma de disposição final de efluentes, e, para isso, esta norma orienta ao 
usuário um tanque séptico com tratamento preliminar ou primário, para proceder ao 
tratamento complementar e disposição final destes efluentes, inclusive 
procedimentos de projeto, construção e operação para o reuso local de esgoto 
tratado (haja vista seja mais utilizado na etapa secundária) e técnicas consideradas 
viáveis. A água cinza pode ser condicionada até atingir características compatíveis 
com qualquer tipo de reuso, como mostra a figura 7. 
 
 
 
Figura 7. Aplicações para reuso de águas cinzas 
 
Fonte: (BARRY e PHILLIP, 2006).

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