Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
RESUMO DA UNIDADE Esta unidade fala sobre a importância do controle das emissões dos efluentes domésticos e industrias, do acesso ao saneamento que oportuniza o tratamento dos esgotos e a disponibilidade hídrica. A qualidade da água deve ser equivalente ou superior à quantidade disponível, e este precioso recurso vem se deteriorando crescentemente em nosso planeta, principalmente, após a industrialização e expansão da urbanização. A poluição das águas é sobretudo resultado da atividade antrópica e decorre da adição de substâncias ou formas de energia, que de forma direta ou indireta, alteram a composição e o comportamento do corpo hídrico. Duas maneiras de se controlar a poluição é reduzir as emissões ou geração de efluentes, nesta unidade, trata-se dos líquidos e gasosos, na fonte e a aplicação de tratamentos, técnicas e tecnologias, de modo que os contaminantes sejam removidos ou convertidos a uma forma menos nociva. O grau de poluição do corpo hídrico afetado é mensurado por meio de características físicas, químicas e biológicas das impurezas existentes, que, por sua vez, são identificadas por parâmetros analíticos dispostos nas legislações pertinentes, bem como nos estudos técnicos e científicos dos sistemas de tratamento, remediação, reabilitação de compartimentos ambientais, dentre outros, pois estes são capazes de apontar a descontaminação de poluentes. Palavras-chave: Caracterização de poluentes e contaminantes. Processos de tratamento de efluentes. Controle de áreas contaminadas. ÍNDICE APRESENTAÇÃO DO MÓDULO CAPÍTULO 1 – CARACTERIZAÇÃO DE EFLUENTES DOMÉSTICOS E INDUSTRIAIS 1.1 Agentes contaminantes 1.2 Caracterização de efluentes domésticos e industriais CAPÍTULO 2 – TRATAMENTO DE EFLUENTES (LÍQUIDOS E ATMOSFÉRICOS) 2.1 Tratamentos preliminar, primário, aeróbio e anaeróbio e, controle de efluentes domésticos 2.2 Processos físicos, químicos e biológicos no tratamento e controle de efluentes industriais 2.3 Reuso de águas residuárias domésticas e industriais, tratamento e controle 2.4 Efluentes atmosféricos - monitoramento e controle ambiental CAPÍTULO 3 – INVESTIGAÇÃO, CONTROLE E MONITORAMENTO DE ÁREAS CONTAMINADAS 3.1 Conservação das águas superficiais e subterrâneas, e do solo 3.2 Investigação, técnicas, tecnologias para recuperação de áreas degradadas/contaminadas 3.3 Uso de geossintéticos para controle de agentes contaminantes CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APRESENTAÇÃO DO MÓDULO O desenvolvimento e consolidação do saneamento se findou entre meados dos anos 1950, pois, nesse período, ampliou-se a operacionalidade de sistemas ou unidades de abastecimento de água e práticas relacionadas ao esgotamento sanitário. As diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a Política Federal é estabelecida pela Lei Nacional do Saneamento - Lei nº 11.445/2007, e está sendo marcada por um atual ciclo regulatório a fim de cumprir as metas para a universalização dos serviços e garantir a sustentabilidade financeira além de sua completa implementação. Essa trajetória tem revelado tensões e contradições inerentes ao contexto político-ideológico caracterizado por vínculos complexos com a estrutura econômica e as relações sociais. Portanto, há esta nova fase na gestão dos serviços públicos de saneamento básico no país, tendo o planejamento assumido como posição central na condução e orientação da ação pública. A retomada dos investimentos no âmbito federal, tanto com recursos não onerosos como onerosos, aponta para novas estratégias do Estado brasileiro para o enfrentamento dos déficits dos serviços. A expectativa é que a universalização dos serviços de água e esgoto reduza em até R$ 1,45 bilhão os custos anuais com saúde, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI). E, a cada R$ 1,00 investido em saneamento, deverá ser gerada economia de R$ 4,00, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A Lei nº 14.026, promulgada em 15 de julho de 2020, atualiza o marco legal do saneamento básico e atribui à Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) a competência para editar normas de referência sobre o serviço de saneamento. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), o novo marco irá contribuir para a revitalização de bacias hidrográficas, a conservação do ambiente e a redução de perdas de água, bem como a eficiência energética. A ampliação dos serviços de tratamento de esgoto, e a erradicação dos despejos dos efluentes de forma indiscriminada em bacias, rios, córregos e mares são metas para serem cumpridas até o ano de 2033. No tocante à erradicação dos lixões, os municípios possuem prazos atualizados para encerra, sendo 2021 para capitais e regiões metropolitanas, 2022 para cidades com mais de 100 mil habitantes, 2023 http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2014.026-2020?OpenDocument para cidades entre 50 e 100 mil habitantes e, por fim, 2024 para cidades com menos de 50 mil habitantes. Embora haja avanços na questão da poluição hídrica, ainda, há fatores limitantes que provocam riscos à saúde humana e ao ambiente como um todo, pois as técnicas empregadas, de forma geral, não removem completamente todas as substâncias indesejadas da água. Os cursos d’água, após receberem uma carga poluidora, sofrem modificações em suas características, mas tendem a reestabelecer às condições existentes. A baixa ou má qualidade das águas, até mesmo a escassez dela, vem fazendo com que a avaliação e o gerenciamento dos riscos hídricos sejam um dos principais desafios para a engenharia ambiental e sanitária, e todos os setores envolvidos. Um corpo hídrico possui capacidade de suporte, bem como quaisquer compartimentos ambientais e é evidente que se uma carga poluidora é lançada num manancial sem tratamento, a poluição pode se prolongar por todo o seu percurso, acarretando diversos processos diversos degradatórios. Quando a carga poluidora é lançada ao corpo receptor e esta foi submetida a processos de tratamento, deve-se verificar o cumprimento dos limites dos parâmetros estabelecidos pelas legislações ambientais pertinentes para conservação da disponibilidade hídrica. CAPÍTULO 1 CARACTERIZAÇÃO DE EFLUENTES DOMÉSTICOS E INDUSTRIAIS CAPÍTULO 1: CARACTERIZAÇÃO DE EFLUENTES DOMÉSTICOS E INDUSTRIAIS A Declaração Universal dos Direitos da Água, publicada pela Organização das Nações Unidas (ONU, 1992), apresenta a água como patrimônio do planeta, sendo cada cidadão responsável por esse recurso. Ainda, relata que, para minimizar os riscos de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis, a água deve ser utilizada com consciência, discernimento e tecnologias adequadas. A crescente preocupação em relação aos impactos ocasionados pelo despejo de esgoto in natura e até mesmo tratado nos corpos hídricos resulta em uma série de legislações ambientais, critérios, políticas e estudos a fim de estar sempre melhorando as condições de descarga e do local de despejo, as formas de destinação, etapas, técnicas e rotas tecnológicas de modo a minimizar os impactos ambientais. O solo e a água podem ser poluídos e contaminados por diversos compostos de natureza orgânica e inorgânica, que, consequentemente, decompõem-se e geram constituintes e substâncias. Dentre os contaminantes inorgânicos, pode-se citar os oriundos das práticas agrícolas como o nitrato, fosfato, além de resíduos industriais gerados por produção de tintas, produtos farmacêuticos, resíduo dos serviços de mineração e metalurgia. Os contaminantes de caráter orgânico, por sua vez, possuem presença considerável em lodos gerados em estações tratamento de água (ETA) e esgoto (ETE), resíduos sólidos domésticos,e, resíduos de empreendimentos agroindustriais e petroquímicos. 1.1 Agentes contaminantes No Brasil, estudos de tratamento e monitoramento de poluentes e contaminantes em águas e efluentes ainda são incipientes. Há a presença de tais contaminantes em efluentes sanitários, em águas superficiais e subterrâneas, bem como no seu destino durante os tratamentos de água e esgotos, e muitos ainda não conseguem ser removidos de forma completa por falta de tratamento específico, técnicas e tecnologias devidamente adequadas e avançadas. É importante ressaltar que efluentes são os resíduos líquidos e gasosos provenientes da produção industrial e, doméstica. Contudo, os efluentes industriais emitem contaminantes tóxicos diversos (metais, químicos, dentre outros) e necessitam de tratamento específico, conforme a composição química de cada tipo de atividade econômica. Os contaminantes apresentam grande diversidade de natureza, pois provém das mais variadas fontes, tais como fármacos de uso humano ou animal, produtos de limpeza e de higiene pessoal, os quais são introduzidos no ambiente via esgotos, seja ele tratado ou não. A estrutura química das substâncias define ainda a partição do contaminante entre as fases líquida e sólida em sistemas de tratamento como nos reatores biológicos. Há inúmeros estudos feitos em outros países até mesmo desenvolvidos (que utilizam de forma significativa o sistema de tratamento aeróbio com lodos ativados para tratar esgoto sanitário) e mostram que sistemas de tratamento biológico de esgotos não conseguem remover completamente compostos estrogênicos em suas diversas formas moleculares. Outros hormônios, capazes de alterar as funções endócrinas em animais aquáticos e plantas, desencadeiam a (bio)acumulação pela cadeia alimentar, sendo o final dela, o ser humano. Em muitos países, os sistemas de tratamento compostos por reatores anaeróbicos, embora tenha muitas vantagens em relação à eficácia para grande parte de contaminantes, ainda não capazes de remover certas substâncias como os surfactantes aniônicos, efluentes gerados, por exemplo, em lavagem de veículos, contendo, assim, água e óleo, lançados na rede coletora de águas pluviais. Alguns compostos surfactantes iônicos incluem ésteres sulfatados ou sulfatos de ácidos graxos (aniônicos) e sais de amônio quaternário (catiônico). Ácidos graxos, fração lipídica originários de óleos vegetais e produtos de origem animal são tratados em tratamento do tipo anaeróbio e aeróbio, devido a processos combinados de adsorção e biodegradação, pois possuem diferentes níveis de polaridade saturação ou insaturação. A literatura indica ainda contaminantes que necessitam um monitoramento expressivo no tratamento de esgotos sanitários como nonilfenol, dibutilftalato, bezafibrato, bisfenol. O nonilfenol é subproduto da degradação de surfactantes não- iônicos (alquilfenóis polietoxilados – APEOs) de grande uso em produtos de limpeza, o bezafibrato é um fármaco antilipêmico utilizado para reduzir os níveis de colesterol, o dibutilftalato é usado como agente plastificante em alguns polímeros (ex., PVC) e o bisfenol (A) usado na produção de policarbonato, passível de lixiviamento se houver excesso de monômero na matriz polimérica (CESPEDES et al., 2006). O dibutilftalato, supostamente presente no plástico usado para fabricar as aparas de conduíte, poderia ser lixiviado e incorporado ao esgoto tratado. De qualquer forma, os baixos percentuais de remoção observados no sistema anaeróbio-aeróbio sugerem que o tratamento biológico não seja eficaz na degradação desse agente plastificante com conhecidas propriedades de desregulação endócrina (LEITE, et al., 2010). Análises feitas em sistema de cromatografia líquida e o espectrômetro de massa, além de outros reagentes ou substâncias, equipamentos e vidrarias combinados, são capazes de identificar tais compostos, esses bem onerosos em valor de mercado, pois são poluentes complexos, como surfactante aniônico, utilizado em residências, o alquilbenzeno sulfonado de cadeia linear, bisfenol, hidrocarbonetos, grupo metileno, os ácidos graxos insaturados desprotonados, íons correspondentes aos ácidos linoleicos. O uso da fenolftaleína como padrão interno permite a análise semiquantitativa dos compostos identificados e não identificados durante as várias etapas do tratamento combinado de esgotos. Resultados exploratórios observados em diversas pesquisas sugerem que poluentes como o LAS, bisfenol A e bezafibrato não são satisfatoriamente removidos por processos anaeróbios, mas apresentaram degradação significativa durante o pós-tratamento aeróbio. Contudo, o sistema anaeróbio pode ser eficiente para remover alguns ácidos graxos (linoleico, oleico), ao passo que alguns poluentes demonstraram ser persistentes ou de difícil remoção mesmo na etapa aeróbia do tratamento (ácido láurico, ftalato não identificado e dibutilftalato) (LEITE, 2010). Exemplos de fontes de contaminação: -Tanques e tubulação subterrâneos. - Bacias de contenção. - Bombas, válvulas, selos. - Áreas de estocagem de tambores, carregamento e descarregamento. - Áreas de reparo e manutenção. - Caixas de drenagem e coletoras. - Fossas sépticas. - Acidentes. - Disposição inadequada de resíduos (quaisquer). Exemplos de contaminantes dos meios impactados: - Metais. - Combustíveis. - Metano. - Solventes halogenados. - Fenóis. Contaminantes emitidos por postos de combustíveis como BTEX, benzeno e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos são geralmente os principais constituintes dos combustíveis derivados do petróleo, e, na maioria das vezes, não se apresenta qualquer tipo de procedimento para solucionar ou remediar água e solo afetados. Na lama de rejeitos de mineração, há inúmeros contaminantes, sendo os principais o óxido de ferro e sílica, metais pesados como níquel, cobalto, cobre. O grande potencial tóxico desses contaminantes causam alterações no pH (Potencial Hidrogeniônico) e nos parâmetros químicos e físicos dos solos e das águas, além de que os metais pesados ficam solubilizados nestes compartimentos e não se degradam, ou seja, ficam acumulados. O chorume, por sua vez, é um outro contaminante que destaca em decorrência de solos e dos cursos d’água, principalmente, se houver a presença de metais pesados em sua composição como chumbo, cobre e mercúrio, e outros componentes tóxicos e de grande potencial de poluição. Pode-se citar também, via de regra, que águas para fins farmacêuticos requer limites de tolerância e monitoramentos físico-químicos, microbiológicos e bioquímicos semelhantes à água potável para consumo humano, haja vista a necessidade da eliminação de quaisquer contaminantes. Em relação às emissões ou emanações gasosas, compostos orgânicos voláteis (VOCs), metano, CO2, produzidos através da decomposição anaeróbia dos resíduos orgânicos depositados no aterro em unidades de tratamento devem ser encaminhado para a tubulação específica referente ao sistema de tratamento desses gases (biogás) e, embora haja a drenagem e o tratamento, são, em seguida, queimados e eliminados na atmosfera, o que corrobora para se utilizar uma tecnologia de aproveitamento desses biogases, devido ao seu expressivo potencial energético. O quadro 1 mostra fontes e as principais características de poluentes na atmosféricos, suas características, principais fontes e efeitos na saúde e ambiente. Quadro 1. Fontes e características de poluentes na atmosfera Fonte: (MÜLLER, 2016 apud LABOGEF). POLUENTES CARACTERÍSTICAS FONTES ANTROGÊNICAS FONTES NATURAIS Partículas Totais em Suspensão (PTS) Partículas de material sólido ou líquido que ficam suspensos no ar, na forma de poeira, neblina, aerossol, fumaça, fuligem (tamanho < 100 micra). Processos industriais, veículos automotores(exaustão), poeira de rua ressuspensa, queima de biomassas. Pólen, aerossol marinho e solo. Partículas Inaláveis (PM10) Partículas de material sólido ou líquido que ficam suspensos no ar, na forma de poeira, neblina, aerossol, fumaça, fuligem (tamanho < 10 micra). Processos de combustão (indústria e veículos automotores), aerossol secundário, (formado na atmosfera). Pólen, aerossol marinho e solo. Dióxido de Enxofre (SO2) Gás incolor, com forte odor, altamente solúvel. Na presença de vapor d’água pode ser transformado em SO3, passando rapidamente a H2SO4, constituintes da chuva ácida. É um importante precursor dos sulfatos, um dos principais componentes das partículas inaláveis. Combustão de combustíveis fósseis (carvão), queima de óleo combustíveis, refinaria de petróleo, veículos a diesel. Vulcões, emissões de reações biológicas. Óxidos de Nitrogênio (NOx) Pode levar a formação de HNO3, nitratos e compostos orgânicos tóxicos. Processos de combustão de veículos automotores, indústrias, usinas, termoelétricas (óleo, gás, carvão) e incineração. Processos Biológicos no Solo e Relâmpagos. Monóxido de Carbono (CO) Gás incolor, inodoro e insípido. Combustão incompleta em geral, principalmente em veículos automotores. Queimadas e reações fotoquímicas. Ozônio (O3) Gás incolor, inodoro nas concentrações ambientais e o principal componente da névoa fotoquímica (smog). Composto muito ativo quimicamente. Não é emitido diretamente na atmosfera, produzido fotoquimicamente pela radiação solar entre os NOx e compostos orgânicos voláteis (VOCs). 1.2 Caracterização de efluentes domésticos e industriais A poluição ambiental define-se como toda a ação ou omissão do homem que, direta ou indiretamente, desencadeie um desequilíbrio nocivo (de curto ou longo prazo) no ambiente, pela descarga de material e energia atuando sobre águas, solos e o ar (VALLE, 2004). Assim, os materiais residuais são advindos de processos produtivos ou atividades e serviços, definidos como resíduos (subprodutos) que apresentam certo potencial de utilização, passando a ser considerado como matéria-prima, independente de realização de tratamentos, e, quando inservíveis, são ditos rejeitos (por não possuir possibilidade técnica ou econômica de uso), devendo ser destinado adequadamente. Os efluentes industriais possuem elevada diversidade, devido à dinâmica de seus respectivos processos produtivos. A Cartilha de Resíduos elaborada pela Universidade Estadual de Londrina (UEL, 2013) apresenta algumas classes de substâncias estão discriminadas a seguir: 1) Solventes clorados ou halogenados: aqueles que em sua estrutura contém átomos de cloro (Cl), flúor (F), bromo (Br) e iodo (I). Os solventes halogenados mais utilizados são: clorofórmio, diclorometano, tetracloreto de carbono, tricloroetano e bromofórmio. 2) Solventes contendo acetonitrila ou composto cianeto: contém em sua molécula cianeto que quando incinerada gera gás cianídrico, que é altamente tóxico (letal). A acetonitrila quando misturada com algum composto incompatível, como ácidos fortes, por exemplo, não libera esse gás, entretanto essa mistura pode desprender muito calor. Se a sua unidade possuir resíduos contendo misturas e misturas contendo acetonitrila, é essa planilha que deve ser preenchida. 3) Solventes (em geral): hidrocarbonetos (pentano, hexano, tolueno benzeno, ciclohexano, xileno) éteres (éter etílico, éter dietílico e outros), ésteres (acetato de etila ou etanoato de etila) aldeídos (aldeído acético), cetonas (acetona), álcoois (metanol, etanol, álcool isopropílico, álcool butilico, etc.). 4) Resíduos de pesticidas e herbicidas: em qualquer estado físico (líquido ou sólido), em soluções com solventes orgânicos, água / tampão / ácidos ou bases. 5) Medicamentos: todas as sobras de medicamentos que não serão mais utilizados ou que estão vencidos. 6) Sólidos perigosos: com metais pesados (tálio, mercúrio, chumbo e cádmio) armazenados ou estocados; sólidos orgânicos sem metais pesados; peróxidos orgânicos; outros sais; lâmpadas fluorescentes. 7) Óleos especiais: todos os óleos utilizados em equipamentos elétricos que estejam contaminados com policloreto de bifenila (PCB’s como o Ascarel). Esse óleo não pode ser queimado, pois o seu processo de destruição gera gases muito tóxicos que não podem ser jogados na atmosfera (dioxinas), separe-os dos demais. 8) Materiais diversos: os que não são solventes orgânicos, tais como tintas, vernizes, resinas diversas, óleos de bomba de vácuo (exceção àqueles contaminados com PCB’s), fluídos hidráulicos, dentre outros. 9) Ácidos e bases: ácido clorídrico, ácido nítrico, ácido sulfúrico, ácido perclórico, hidróxido de sódio, hidróxido de potássio, hidróxido de amônia, etc. 10) Radioativos: resíduos sólidos ou líquidos contaminados com materiais radioativos ou frascos contendo restos de materiais radioativos. Os rejeitos radioativos líquidos devem, obrigatoriamente ser separados dos sólidos. 11) Desconhecidos: todos os resíduos que não possam ser identificados, no estado sólido ou líquido. Agrupamento de compostos contaminantes: - Contaminação por compostos orgânicos: os compostos fenólicos representam um dos principais poluentes das águas residuárias de origem industrial. São provenientes de indústrias químicas e farmacêuticas e dos esgotos hospitalares que, mesmo em baixas concentrações, alteram a potabilidade da água e o sabor dos peixes contaminados. Outro importante resíduo contaminante é o detergente para limpeza de equipamentos, utilizados por várias indústrias. Esses compostos afetam, principalmente, a fauna dos corpos receptores. Os vazamentos de oleodutos e tanques contendo produtos petrolíferos, ou seus derivados, são igualmente desastrosos ao Meio Ambiente (UEL, 2003). - Contaminação por compostos inorgânicos: Os principais compostos inorgânicos que ameaçam a integridade dos recursos hídricos são basicamente os metais pesados, provenientes de indústrias químicas e farmacêuticas, de usinas siderúrgicas, indústrias de fertilizantes, além das atividades de mineração (UEL, 2003). SAIBA MAIS A poluição por microplásticos em ambientes hídricos está sendo cada vez mais detectada. E, de distintas e diversas formas, acarreta também inúmeros efeitos devido à ingestão em diferentes níveis tróficos (da cadeia alimentar) até os processos de biodegradação dos plásticos por bactérias. Observam-se significativos riscos que estas micropartículas podem trazer para o ser humano e toda a biota aquática e terrestre por possuir expressiva durabilidade e persistência no ambiente além de atuar como vetor para outros contaminantes químicos, orgânicos e inorgânicos, introduzindo assim toxicidade. Com o desenvolvimento das pesquisas na área ambiental e sanitária, aponta-se a presença do microsplástico já nas torneiras de nossas casas, bem como na água mineral engarrafada, ademais na cerveja, no sal marinho de cozinha e frutos do mar, pois as tecnologias de tratamento de água e/ou efluente ainda não atuam para tal remoção. CAPÍTULO 1 – RECAPITULANDO QUESTÕES DE CONCURSOS Questão 1 Ano: 2019. Banca: IBFC. Órgão: SESACRE. Prova: Biólogo Os efluentes hospitalares, contaminados por medicamentos, hormônios e resíduos químicos, em contato com o ecossistema aquático leva a um risco diretamente relacionado com a existência de substâncias perigosas, as quais podem ter potenciais efeitos negativos sobre o balanço biológico dos ambientes naturais. A complexidade dos poluentes presentes nesses efluentes hospitalares pode integrar amplo grupo de contaminantes. Sobre este assunto, assinale a alternativa INCORRETA: a) Os efluentes hospitalares devem ser encaminhados para a estação de tratamento de esgoto doméstico maispróxima e para então ser realizado o tratamento adequado. A utilização de métodos físico-químicos visando ao tratamento desses efluentes, através da sedimentação/coagulação, filtração e posterior desinfecção obteve reduções de 98% em relação aos índices de DQO e 98,5% em relação aos microrganismos patogênicos. b) A complexidade dos poluentes presentes nestes efluentes hospitalares pode integrar amplo grupo de contaminantes, tais como microrganismos patogênicos, surfactantes, residuais de medicamentos e seus metabólitos, desinfetantes, radionuclídeos entre outros, associando-se sempre o potencial de toxicidade desses descartes. c) Os efluentes oriundos de sistemas de saúde possuem normas e legislações para o seu lançamento, como no caso da Resolução CONAMA Nº 430/2011, que dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução no 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA. d) Os efluentes da lavanderia hospitalar constituem uma das causas mais significativas de danos ambientais entre os vários setores das unidades de cuidados de saúde típicas, em virtude de suas características refratárias, devido à presença de sanitizantes, desinfetantes, antibióticos, agentes de limpeza e outros surfactantes. e) Nenhuma das anteriores. Questão 2 Ano: 2019. Banca: FUNDEP. Órgão: Prefeitura de Uberlândia - MG. Prova: Fiscal de Meio Ambiente Proteger-se contra agentes contaminantes presentes no ar é, às vezes, necessário para prevenir doenças respiratórias em regiões altamente poluídas. Quando existe uma ou mais substâncias químicas em concentrações necessárias para provocar danos à saúde humana, pode-se classificar esse ambiente atmosférico como poluído. Os poluentes atmosféricos podem ser classificados em primários ou secundários. Um agente poluente que é classificado como secundário e apresenta sua molécula composta por apenas dois elementos químicos é o: a) Dióxido de enxofre. b) Trióxido de enxofre. c) Ácido sulfúrico. https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/ibfc https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/sesacre https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/ibfc-2019-sesacre-biologo https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/prefeitura-de-uberlandia-mg https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/fundep-gestao-de-concursos-2019-prefeitura-de-uberlandia-mg-fiscal-de-meio-ambiente https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/fundep-gestao-de-concursos-2019-prefeitura-de-uberlandia-mg-fiscal-de-meio-ambiente d) Monóxido de carbono. e) Nenhuma das anteriores. Questão 3 Ano: 2016. Banca: IBFC Órgão: SES-PR. Prova: Inspetor de Saneamento. Dentre as doenças ocasionadas por veiculação hídrica (transmitidas por água contaminada) estão, EXCETO: a) Gastroenterite. a) Leishmaniose visceral. a) Hepatite A (HAV). a) Shigelose. a) Todas as anteriores. Questão 4 Ano: 2016. Banca: COMVEST. Órgão: UFAM. Prova: Operador de Estação de Tratamento de Água e Esgoto As doenças de veiculação hídrica são aquelas em que o mecanismo de transmissão necessita da água para a transmissão da doença, desde a fonte de contaminação (normalmente o homem doente) até o reservatório de contaminação (normalmente o homem sadio). Assinale a alternativa que contém apenas doenças de veiculação hídrica: a) Cólera, malária, hepatite A. b) Febre tifoide, leptospirose, dengue. c) Malária, leptospirose, diarreias agudas. d) Cólera, febre tifoide, hepatite A. e) Dengue, hepatite A, diarreias agudas. Questão 5 Ano: 2017. Banca: IBFC. Órgão: EMBASA. Prova: Engenheiro (Engenharia Sanitária/Sanitária Ambiental). A Lei N° 11.445, de 5 de janeiro de 2007, estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências. Com base no enunciado, atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às afirmações que seguem, tendo como base o tema “Meio Ambiente”. ( ) Em situação crítica de escassez ou contaminação de recursos hídricos que obrigue à adoção de racionamento declarada pela autoridade gestora de recursos hídricos, o ente regulador poderá adotar mecanismos tarifários de contingência, com objetivo de cobrir custos adicionais decorrentes garantindo o equilíbrio financeiro da prestação do serviço e a gestão da demanda. ( ) A instalação hidráulica predial ligada à rede pública de abastecimento de água não poderá ser também alimentada por outras fontes. ( ) Na ausência de redes públicas de saneamento básico, serão admitidas soluções individuais de abastecimento de água e de destinação final dos esgotos residenciais apenas, visto que a preservação da vida está na escala de prioridades, com pontuação máxima. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo. a) V, F e V. b) F, V e F. https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/ibfc https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/ses-pr https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/ibfc-2016-ses-pr-inspetor-de-saneamento https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/comvest-ufam https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/comvest-ufam-2016-ufam-operador-de-estacao-de-tratamento-de-agua-e-esgoto https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/comvest-ufam-2016-ufam-operador-de-estacao-de-tratamento-de-agua-e-esgoto https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/ibfc https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/embasa https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/ibfc-2017-embasa-engenheiro-engenharia-sanitaria-sanitaria-ambiental https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/ibfc-2017-embasa-engenheiro-engenharia-sanitaria-sanitaria-ambiental c) V, V e F. d) V, V e V. e) Nenhuma das anteriores. QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE O desenvolvimento de projetos dentro do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (CQNUMC) possibilita a obtenção de incentivos financeiros para investimentos em eficiência energética. Qual o propósito do MDL? TREINO INÉDITO Sobre as tecnologias de tratamento de efluentes, marque a opção que mostre uma tecnologia inovadora. a) Tratamento de esgoto com a tecnologia sustentável chamada Nereda. b) Tratamento de desinfecção. c) Biorremediação. d) Tratamento biológico por lagoas de estabilização. e) Fossas sépticas e sumidouros. NA MÍDIA EMPRESA DESPEJA DEJETOS DE BANHEIROS QUÍMICOS NO RIO ARAGUAIA APÓS CARNAVAL Dejetos de banheiros químicos foram flagrados jogados no Rio Araguaia, após as festas carnavalescas deste ano no município de Xambioá, norte do Tocantins, sendo assim caracterizado como crime ambiental, além de contribuir para a proliferação de diversas doenças parasitárias e infecciosas e a degradação d’água. Ademais, a Secretaria de Meio Ambiente e Turismo ficou na responsabilidade de realizar a análise da água para assegurar a segurança de banhistas, pescadores e ribeirinhos. É importante lembrar que para realizar o descarte correto dos dejetos sanitários acumulados nos banheiros químicos, um caminhão com uma bomba sucção devem aspirar os detritos e, depois, transportá-los para estações de tratamentos de esgoto. Fonte: Olhar 21 Data: 28 fev. 2020. Leia a notícia na íntegra: https://www.olhar21.com.br/noticia/3953/ NA PRÁTICA A demanda pelos inúmeros usos de recursos hídricos é crescente, pois atende ou tenta atender as necessidades antrópicas que vão de expandido e, consequentemente, provocando deterioração. De forma mais nítida nas águas superficiais e, de forma mais atual nas águas subterrâneas, o que retrata a busca por fontes naturais hídricas. Percebe-se entãoque as águas residuárias ainda necessitam da universalização (meio urbano e rural) de seu tratamento para reduzir diversos impactos ambientais como poluição e contaminação e, assim, promover a qualidade ambiental. Essa realidade interfere diretamente na disponibilidade para abastecimento humano e, dos ecossistemas. O controle da qualidade do ar também se agrega ao conceito de qualidade ambiental haja vista que a atmosfera recebe as https://www.olhar21.com.br/noticia/3953/ emissões de todas as atividades socioeconômicas e sistemas produtivos, e é de extrema importância a implementação de equipamentos específicos para mitigar o efeito poluente dos efluentes gasosos, que possuem complexidade em sua composição química. CAPÍTULO 2 TRATAMENTO DE EFLUENTES (LÍQUIDOS E ATMOSFÉRICOS) CAPÍTULO 2: TRATAMENTO DE EFLUENTES (LÍQUIDOS E ATMOSFÉRICOS) O segundo capítulo deste módulo busca explanar aos profissionais da área ambiental e sanitária sobre o cenário técnico/tecnológico, social e econômico do setor de saneamento e da qualidade requerida pelo ambiente que vivemos a exemplo das preocupações associadas ao controle de doenças, que compreendem a necessidade de boas condições de saneamento e qualidade do ar, que caracterizam qualidade de vida e desenvolvimento de um país. Os esgotos oriundos de uma cidade e que contribuem à estação de tratamento de esgotos são basicamente originados de três fontes distintas: Esgotos domésticos (efluente de residências, instituições e comércio). Águas de infiltração (que são infiltradas para a subsuperfície e percoladas para a camada subterrânea que recarrega o lençol freático). Despejos industriais (diversas origens e tipos de industrias). No Brasil, de forma geral, adota-se, predominantemente, o sistema separador de esgotamento sanitário, o que separa as águas pluviais em linhas de drenagem independentes e que não contribuem à Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) (MEDEIROS, 2019). No entanto, conforme a mesma autora, há países que adotam o sistema combinado, no qual os esgotos e as águas pluviais são veiculados conjuntamente pelo mesmo sistema e dessa forma para um dimensionamento da ETE deve-se levar em consideração a parcela correspondente às águas pluviais, as características ambientais, socioeconômicas e edafoclimáticas, pois estas se relacionam diretamente com a composição do afluente, o esgoto bruto demandado. Com o desenvolvimento das atividades econômicas como os parques tecnológicos industriais e considerando crescimento populacional, percebe-se um aumento significativo das emissões dos poluentes também na atmosfera, ultrapassando os parâmetros apresentados pela legislação pertinente. A prevenção da contaminação atmosférica pode se dá por meio da alteração da formação de contaminantes e/ou o impedimento do seu lançamento na atmosfera, equivalente à forma do processo gerador. 2.1 Tratamentos preliminar, primário, aeróbio e anaeróbio e, controle de efluentes domésticos Historicamente, no Brasil e no mundo, o saneamento surgiu com crescimento da urbanização e industrialização. O marco inicial desta infraestrutura foi por meio do Imperador Dom Pedro II que contratou em 1855 uma companhia Inglesa (City) para implantação da primeira rede de esgoto que removia apenas sólidos sedimentáveis presentes no esgoto sanitário (SILVA, 1975). Para a remoção e estabilização mais completa do material orgânico, que se dá por meio de processos biológicos, só foi possível a partir do século XX. A Lei nº. 11.445/2007 se refere às diretrizes nacionais para o saneamento básico, assegurada pela Constituição define-o como um conjunto dos serviços, infraestrutura e instalações operacionais de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, drenagem urbana, manejos de resíduos sólidos e de águas pluviais. O saneamento ambiental inclui as questões de preservação e conservação ambiental, tais como qualidade do ar, qualidade da água, qualidade do solo, destinação adequada dos resíduos e efluentes, impactos ambientais e educação ambiental. As tecnologias convencionais de tratamento de esgotos são desenvolvidas tendo por principal referência o lançamento em corpos d'água. As exigências para atender aos padrões de qualidade dos corpos receptores / mananciais de abastecimento são restritivas, em decorrência da fragilidade dos ecossistemas aquáticos e da necessidade de conservação dos usos múltiplos da água (ABES, 2006). Os processos de tratamento de efluentes é fundamental para um sistema de proteção de melhoria da saúde pública e da sustentabilidade do meio. Conforme conceitualização da Fundação Nacional de Saúde saneamento é conjunto de ações socioeconômicas que têm por objetivo alcançar níveis de salubridade ambiental, por meio de abastecimento de água potável, coleta e disposição sanitária de resíduos sólidos, líquidos e gasosos, promoção da disciplina sanitária de uso do solo, drenagem urbana, controle de doenças de veiculação hídrica ou transmissíveis por resíduos e pela atmosfera, e demais serviços e obras especializadas, com a finalidade de proteger e aprimorar as condições de vida urbana e rural (FUNASA, 2004). Conforme Prado (2018), nas áreas urbanas, os principais agentes poluidores de águas são os esgotos, que, na maioria das vezes, são lançados diretamente nos corpos de água. Frente à degradação intensa dos recursos hídricos, os esgotos de diversas cidades brasileiras vêm sendo tratados em estações de tratamento de esgoto (ETE’s), que operam com diferentes sistemas tecnológicos, e minimizam de forma significa os impactos ambientais nos corpos hídricos. As ETEs são unidades em que o esgoto, após sair das nossas residências e passar pela rede coletora por meio de um longo sistema de tubos subterrâneos, é levado para ser tratado, podendo, assim, ser devolvido ou destinado aos cursos d’água receptores. Estudos de Von Sperlling (2005, 2012) asseguram que a funcionalidade das estações de tratamento de esgotos domésticos, geralmente, dá-se em três etapas: tratamento primário (grade-caixa de areia e caixa de gordura), tratamento secundário (anaeróbio e/ou aeróbico) com a presença lagoas de estabilização (anaeróbia e/ou aeróbica). Depois de ver as duas primeiras etapas de tratamento de efluentes, a terceira etapa pode ser aplicada quando necessário ou pertinente, pois são úteis para remover poluentes específicos, que não foram retirados pelos outros processos anteriores, além de que a estação precisa investir em tecnologias para tal fim. O sistema para o tratamento do esgoto é escolhido e dimensionado de acordo o perfil da localidade e características socioeconômicas e ambientais. Os processos mais conhecidos são realizados por tratamento biológico (aeróbio ou anaeróbio), contudo existem sistemas que utilizam processos químicos para a purificação do efluente. Verifica-se que há inúmeras técnicas e tecnologias, simplificadas, alternativas e convencionais para pós-tratamentos e até mesmo a combinação deles. Após o tratamento, os efluentes são destinados cursos d’águas com rios e mares com níveis aceitáveis de impacto ambiental, referenciados pela Resolução CONAMA nº 357/2005, que estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, alterada pela Resolução CONAMA nº 430/2011. IMPORTANTE A localização geográfica (clima, insolação) das regiões tropicais favorece o metabolismo microbiano e a decomposição das águas residuárias, por isso a tecnologia mais utilizada para o tratamento deste efluente líquido são reatores anaeróbios e lagoas de estabilização, além de ter um custo considerado baixo para sua implantação e de operação. Etapas do processo de tratamento e controle de efluentes sanitários As águasresiduárias são tratadas a partir do conceito de barreiras múltiplas, que é a combinação de processos unitários utilizados no sistema de tratamento. O principal objetivo da estação de tratamento de esgoto é tratar o esgoto por meio da remoção de contaminantes e patógenos até um nível de depuração aceitável para o seu retorno ao ambiente ou para reuso, conforme Spellman (2014), por meio de métodos físicos, químicos e biológicos. Para alcançar diferentes níveis de remoção dessas substâncias, são combinados diferentes níveis individuais de procedimentos em uma variedade de sistemas, classificados como tratamento preliminar, primário, secundário e terciário. O tratamento mais rigoroso das águas residuárias inclui a remoção de poluentes específicos assim como a remoção e controle de nutrientes (UNITED NATIONS, 2003). Conforme as pesquisas de Von Sperling (2005), a figura 1 mostra, de uma forma geral, as etapas de tratamento de esgotos domésticos e industriais realizados em uma Estação e Tratamento de Esgotos ou Efluentes (ETE) e suas respectivas descrições. Figura 1. Etapas de tratamento de esgotos domésticos e industriais Lagoas de Estabilização: As Lagoas de Estabilização podem ser Lagoa Facultativa; Lagoa Anaeróbia; Lagoa Aerada-Facultativa; Lagoa Aerada (de Mistura Completa); Lagoa de Decantação; dentre outras, que são construídas para operar conforme a necessidade da estação e as características gerais do efluente da região. OBS: Os reatores anaeróbios possuem custos relativamente baixos e eficazes para a remoção poluentes, e, para otimizar a remoção, as lagoas de estabilização podem ser utilizadas de forma combinada para aumentar a eficiência do tratamento. Filtros Biológicos: Os Filtros (podem ser filtros biológicos de baixa carga; filtros biológicos de alta carga; biodiscos; dentre outros) são unidades de tratamento aeróbica que consistem em um tanque preenchido com material grosseiro (pedras, ripas, materiais plásticos, entre outros), e, conforme o esgoto entra em contato com tal película, a matéria orgânica fica retida até se estabilizar (sendo a biomassa microbiana) •Remoção de sólidos grosseiros (passa por uma grade) e areia (passa por um desanerador que o sedimenta), a fim de que estes não danifiquem as tubulações e os sistemas de bombeamento, protegendo, dessa forma, as próximas etapas do processo. Os mecanismos básicos de remoção são de ordem física. •Por fim , a passagem do efluente passa por um medidor de vazão. Preliminar (Físico) •Remoção de sólidos em suspensão sedimentáveis e de sólidos flutuantes, em um decantador, onde o líquido passa vagarosamente, permitindo que os sólidos em suspensão se depositem no fundo. •A massa de sólidos que se forma é chamada de lodo primário bruto. Ao mesmo tempo, os sólidos flutuantes, como graxas e óleos, sobem para a superfície dos decantadores, e assim, estes são coletados e removidos do tanque para a próxima etapa de tratamento. Primário (Físico) •Remoção de matéria orgânica dissolvida e matéria orgânica em suspensão, sendo assim incluída a fase biológica, pois ocorre em função de reações bioquímicas, realizadas por microrganismos. •Os principais tratamentos biológicos de esgoto são: Lagoas de Estabilização (anaeróbia ou aeróbia); Filtros Biológicos ; Reatores Anaeróbios. Secundário (Biológico) •Remoção de compostos específicos não biodegradáveis, compostos tóxicos ou, ainda, complementar a remoção de poluentes não biodegradados na etapa secundária. •Podem ser utilizados processos físico-químicos e /ou biológicos. Terciário (Bioquímico) Reatores Anaeróbios: Os dois tratamentos biológicos mais utilizados é o Filtro Anaeróbio e o Reator UASB. O filtro frequentemente é aplicado para efluentes previamente tratados em tanques sépticos, e auxilia na remoção de DBO. No reator UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket) – em português Reator Anaeróbico de Manta de Lodo de Fluxo Ascendente (RAFA) - são capazes de decompor a matéria orgânica de forma anaeróbia e com a trajetória ascendente, em que há um dispositivo separador de fases gás-sólido- líquido. Assim, o esgoto vai de encontro a manta de lodo, onde ocorre a biodegradação e a digestão anaeróbia do conteúdo orgânico, tendo como subproduto a geração de gases metano, carbônico e sulfídrico. Fonte: (VON SPERLING, 2005) (adaptado). O tratamento terciário é um complemento do tratamento secundário, capaz de remover poluentes específicos por meio da desinfecção, obviamente antes do lançamento do efluente ao curso d’água receptor, e casos especiais, remover nitrogênio e fósforo, pode-se citar como processos as lagoa de maturação, desinfecção, sistema wetlands, filtrações específicas, e outros processos de remoção de nutrientes. A figura 2 mostra de forma esquemática e geral etapas de tratamento de uma Estação de Tratamento de Esgoto – ETE, orientada pela NBR 12209/2011. Figura 2. Esquema geral ilustrativo de tratamento de efluente de ETE Fonte: (COLEN, 2011). Tratamento biológico de efluentes (aeróbio e anaeróbio) O tratamento biológico é significantemente eficiente para degradar a matéria orgânica, pois o processo ocorre por ação de agentes (micro)biológicos como algas, protozoários e bactérias, dentre outros microrganismos. Os sistemas de tratamento anaeróbio (sem presença de oxigênio) mais utilizados são lagoas anaeróbias, os tanques sépticos, os filtros anaeróbios e os reatores, como os reatores UASB. Os biorreatores de membrana (MBR) são membranas micro porosas realizam um processo de ultra filtração, permitindo apenas a passagem através dela de água, alguns íons e moléculas de baixo peso molecular, barrando os sólidos e bactéria, todavia não elimina os contaminantes, só os transferem de fase; - necessita de limpeza química para remoção de substâncias aderidas na membrana. Nas estruturas dos sistemas anaeróbicos é recomendado equipamentos queimadores de gases, pois o processo converte parte o material orgânico em gases como gás carbônico e metano, e, dependendo do efluente a ser tratado, do controle realizado e das características dos equipamentos, há mitigação na emissão de odores. Os sistemas aeróbios (com presença de oxigênio) mais comuns são lagoas aeradas, filtros biológicos e os sistemas de lodos ativados que propiciam a melhor eficiência em remoção de cargas. As lagoas aeradas são encontradas com maior frequência em países desenvolvidos, já que a aeração necessita de fornecer oxigênio aos microrganismos aeróbios e, assim, requer grandes quantidades de energia elétrica e um controle rigoroso, principalmente, do pH, oxigênio dissolvido (OD) e Demanda Biológica de Oxigênio (DBO). Atualmente, o excesso de algas no efluente final, ou mais propriamente o potencial de proliferação de cianobactérias, associado a concentrações elevadas de clorofila-a, nitrogênio, fósforo e sólidos em suspensão, tem aguçado o rigor dos legisladores ambientais em relação às lagoas. No entanto, os sistemas de lagoas gozam de invejável capacidade de remoção de patógenos, especialmente quando se incluem as lagoas de maturação e de polimento, é possível reduzir a densidade de coliformes termotolerantes abaixo de 103 -1 org 100 mL, número tomado por referência por constituir padrão de classificação de certas águas naturais, inclusive as usadas para irrigação. Os processos biológicos de remoção de matéria orgânica biodegradável constituem a alternativa mais interessante sob os pontos de vista técnico e econômico para a efetiva redução de concentração dos compostos predominantes no esgoto. Ademais, o emprego de agentes químicos ou físicos é imprescindível para a remoção de patógenos, destacando-se nesta função os compostos clorados e a radiação ultravioleta. FIQUE ATENTO Em esgotos domésticos os principais parâmetros a serem tratados são:sólidos (DBO, DQO), nitrogênio, fósforo e coliformes totais e termotolerantes. A figura 3 mostra uma estação de tratamento de esgoto de caráter sustentável localizada no estado de São Paulo, em que os subprodutos utilizados no processo de tratamento são capazes de reduzir o impacto ambiental e minimizar o consumo dos recursos naturais e de energia do ambiente. Figura 3. Visão geral de uma Estação de Tratamento de Esgoto Sustentável em São Paulo Fonte: (AESABESP, 2019). Sistemas não-convencionais de tratabilidade sanitária Segundo a Organização Mundial da Saúde, bilhões de pessoas ainda não têm acesso à água potável e ao saneamento, resultando em perdas humanas e doenças de veiculação hídrica, com expressivos impactos ambientais, o que afeta diretamente o desenvolvimento socioeconômico do país (WHO, 2017). O Atlas Esgotos da Agência Nacional das Águas revela que apenas 39% da carga orgânica gerada diariamente no país (9,1 mil t) é removida pelas 2.768 Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) existentes no Brasil, antes dos efluentes serem lançados nos corpos d´água. O restante, 5,5 mil toneladas, podem alcançar os corpos hídricos, considerando que o país tem 5.570 municípios. Ou seja, 43% da população possui esgoto coletado e tratado e 12% utilizam-se de fossa séptica (solução individual), assim, 55% possuem tratamento considerado adequado, 18% têm seu esgoto coletado e não tratado, o que pode ser considerado como um atendimento precário, e, 27% não possuem coleta nem tratamento, isto é, sem atendimento do serviço de coleta sanitário (ANA, 2017). Destarte, parte da população nacional não possui fonte segura ou convencional de água para consumo, tampouco para a recepção e tratamento adequado dos efluentes, principalmente, a população que reside em municípios de interiores do estado, áreas rurais, localidades ou comunidades tradicionais. É importante ressaltar que há diversas tecnologias de tratamento não-convencionais ou alternativas, bem como sistemas individuais, coletivos ou unifamiliares, que podem ser aplicadas nessas áreas e são essenciais para a qualidade do ambiente. A fossa séptica (NBR 7229/1993 e NBR 13969/1997), sistema individual de esgoto para tratamento primário e secundário, é uma espécie de caixa que pode receber todo o esgoto doméstico, remove os sólidos sedimentáveis e flotáveis, entretanto deve ser seguida de dispositivo de filtração na relação solo x água com funcionalidade de sumidouro, vala de (in)filtração ou filtros de areia e até mesmo de caráter biológico-anaeróbico. Os wetlands (sistema alagado construído - SAC) é um método de tratamento realizado em áreas úmidas, construídas para a remoção de poluentes através da filtração e da depuração da matéria orgânica por microrganismos formadores do biofilme, aderido ao substrato presente no sistema, podendo atender demandas hidrossanitárias individuais, unifamiliares ou coletivas. Em relação aos sistemas descentralizados, aqueles que coletam, tratam e fazem a disposição final ou reúso do esgoto em local próximo à sua geração, ocorre e funciona diferentemente dos sistemas convencionais. Podem ser subdivididos em pequenos sistemas descentralizados (unifamiliares) e grandes sistemas centralizados (grandes estações de tratamento de esgoto) e podem-se encontrar diversas nomenclaturas como onsite, individual, cluster, satellite, semi-centralized. SAIBA MAIS O Saneamento Ecológico é uma alternativa para tratamento de efluente doméstico que não integra à concepção atual do ciclo urbano da água, sendo uma solução mais sustentável, pois, para tratamento e reuso domiciliar dos efluentes, leva-se em consideração os conceitos da ecoeficiência. Prevê a separação das diferentes formas de águas residuárias nas suas origens, com o objetivo de valorizá- las, podendo, assim, serem reaproveitadas. A segregação de águas residuárias na escala residencial permite soluções diferenciadas para o gerenciamento de água e de resíduos em ambientes urbanos, aumentando a eficiência da reciclagem de água e de nutrientes, permitindo ao mesmo tempo uma redução no consumo de energia em atividades de saneamento convencionais, além de não ocorrer o lançamento dos efluentes tratados ou não em corpos hídricos. (Embora esta prática experimente aceitação crescente em vários países, não há soluções de consenso consolidadas). Vide site OTSS - Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis (https://www.otss.org.br/saneamento-ecologico) O desenvolvimento de estudos e consolidação tecnológica sobre a redução do consumo de água no uso doméstico está em ascensão, especialmente no caso de edifícios de usos públicos (shopping centers, aeroportos, estações rodoviárias, edifícios públicos e outros) (NBR 15.097/2004 e NBR-5626/1998) e outras normas técnicas correlatas. Percebe-se também a busca para o desenvolvimento de novos modelos de gestão das águas e protótipos por parte do setor industrial, empresarial e científico, para aperfeiçoamento dos sistemas de gerenciamento do setor hídrico- sanitário. https://www.otss.org.br/saneamento-ecologico É de competência legal dos municípios promover a gestão dos serviços de saneamento, formular políticas e elaborar o plano municipal de saneamento básico e, assim, implantar as propostas apresentadas pelo estudo e diagnóstico desses planos tanto no meio urbano quanto no meio rural. IMPORTANTE: Todos os sistemas de tratamento de esgoto produzem alguma quantidade de lodo (biomassa microbiana) que deve ser removido periodicamente para o correto funcionamento dos sistemas e ser direcionado para diversas aplicações, agregando valor, como insumo agrícola, fabricação de tijolos ecológicos, biocombustíveis sólidos e líquidos, dentre outros. A SALTA-z é um exemplo importante de ser citado, pois é uma Solução Alternativa Coletiva Simplificada de Tratamento de Água a ser destinada ao consumo humano, e que, está em conformidade com a definição preconizada na Portaria Federal (PRC Nº05 de 28/09/2017, Anexo XX, Art. 5º, Inciso VII). O sistema simplificado é composto por adutora para recalque da água bruta por meio de bombeamento ao reservatório, dosador para coagulação, dosador para cloro, filtro, efluente filtrado, dreno de sedimentos, caixa com leito filtrante para retenção do sedimento e desta forma é capaz de promover a saúde e a inclusão social por meio de ações de saneamento e saúde ambiental. 2.2 Processos físicos, químicos e biológicos no tratamento e controle de efluentes industriais Os esgotos não-domésticos ou industriais são aqueles provenientes de processos comerciais ou industriais. Esse tipo de efluente deve ter um destino especificamente adequado para evitar a contaminação nos ecossistemas aquáticos, bem como nos terrestres, além das implicações legais. A NBR 9800/1987 define critérios para lançamento de efluentes líquidos industriais no sistema coletor público de esgoto sanitário e os parâmetros de emissão dos respectivos efluentes conforme a Resolução Conama nº 430/2011. As águas residuárias industriais são provenientes dos processos produtivos de inúmeras atividades, que são incorporadas aos seus produtos para lavagem de equipamentos e fábricas, tratamentos químicos, biológicos, dentre outros. Os esgotos industriais são extremamente diversos e adquirem características próprias em função do processo industrial. Essas variações podem ser causadas, por exemplo, pelas variações das propriedades físicas das partículas sólidas, tipo e volume do esgoto industrial tratado, tipos e condições de operações, processos de tratamento de esgotos e práticas que se relacionam com o manuseio destes (APHA/AWWA/WPCF, 1980). Shoppings, petroquímicas, siderúrgicas, indústrias químicas, metalúrgicas, bases de armazenamento de combustíveis, transportadoras, construtoras,indústrias têxteis, matadouros, cervejarias, indústrias alimentícias, são exemplos de atividades que geram impactos hídricos, residuais e sanitários, de médio e grande magnitude. A etapa de caracterização dos efluentes deve ser considerada como uma tarefa básica e indispensável, a fim de que o problema de tratamento seja adequadamente equacionado/dimensionado, através da obtenção de informações e de como essas são obtidas, para a adoção de métodos físicos, químicos e biológicos inerentes a sua composição e vazão. Cada caso detém um tratamento e um estudo individual para que seja determinado qual o tipo de processo deve ser utilizado para a ETE Industrial. A figura 4 ilustra instalações específicas de uma Estação de Tratamento de Esgoto Industrial – ETEI, no caso compacta, para atender a demanda específica do efluente de interesse. Figura 4. Ilustração de estação de tratamento de esgoto industrial – ETEI (Compacta) Fonte: ECOLOGIC (2020). Para evitar contaminação do solo, da água e outros compartimentos ambientais as indústrias devem realizar ações para tratamento correspondente com o tipo de efluente gerado. Como não há uma solução padrão para a execução e submissão destes processos de tratamento, considera-se fatores diferentes composições químicas, físicas e biológicas desses efluentes, toxicidade, presença de material suspenso, temperatura, volume, cor, dentre outros parâmetros contribuem para a definição do tratamento. Para que os níveis de poluição sejam corrigidos, o efluente pode ser submetido a três diferentes tipos de processos básicos: os de ordem química, os de ordem física e os de ordem biológica (figura 5), lembrando que sempre deve ser considerado a natureza do efluente (VON SPERLING, 2005). Figura 5. Processo de tratamento de efluentes líquidos industriais Fonte: (VON SPERLING, 2005 e 2012) (adaptado). Os processos físico-químicos são recomendados na remoção de poluentes inorgânicos, metais pesados, óleos e graxas, cor, sólidos sedimentáveis, sólidos em suspensão através de coagulação-floculação, matérias orgânicas não biodegradáveis (celulose, lignina, tanino, etc.), sólidos dissolvidos por precipitação Processos físicos: são removidos os sólidos, a matéria orgânica e inorgânica, além de ser feito a desinfecção por processo físico (radiação ultravioleta) dos efluentes • São aqueles relacionados ao corpo sólido do efluente, como o tamanho de suas partículas, textura, peso, cor, temperatura, dentre outros. Processos químicos: faz uso de substâncias químicas para a remoção de poluentes, por meio das reações químicas, é possível neutralizar o pH da água, remover metais e fazer a desinfecção. • São aqueles que dependem de propriedades como a troca iônica, oxidação, coagulação, e várias outras, relacionadas à parte química do material que se relacionam com o pH, metais, teor de matéria orgânica. dentre outros; Processos biológicos: remove a matéria orgânica dissolvida e em suspensão, transformando-a em sólidos sedimentáveis e gases. • podem ser anaeróbicos ou aeróbicos, reagindo bioquimicamente para eliminar os contaminantes que se relacionam com vírus, bactérias, protozoários, dentre outros. química e compostos através de oxidação química. Quando existem sólidos voláteis (dissolvidos ou em suspenção), o tratamento biológico é o mais indicado. Na escolha do tipo de tratamento, dois parâmetros são fundamentais para realizar avaliação química (Demanda Bioquímica de Oxigênio - DQO) e biológica (Demanda Biológica de Oxigênio) do efluente. Se a DQO for igual ou menor que o dobro da DBO, é possível que grande parte da matéria orgânica seja biodegradável, podendo ser adotados os tratamentos biológicos convencionais. Se a DQO for muito além do dobro da DBO (triplo ou quádruplo), é possível que grande parte da matéria orgânica não seja biodegradável. Por exemplo, se houver a presença de celulose, que não é biodegradável e não tóxica, poderá ser aplicado o tratamento biológico. Caso grande parte da matéria não-biodegradável for causadora da poluição, os processos físico-químicos por precipitação química e coagulação-floculação poderão ser os mais adequados. O procedimento para avaliar esta eficiência, objetivando oferecer subsídios para estudo preliminar, é recorrer aos ensaios de floculação (Jar-test) que é uma simulação do que realmente ocorre na estação de tratamento. O quadro 2 mostra os tipos de processo para tratamento de águas residuárias provenientes de indústrias. Quadro 2. Tipo de processo para tratamento de efluentes líquidos industriais FÍSICOS QUÍMICOS BIOLÓGICOS Gradeamento Coagulação Biodiscos Sedimentação/Decantação Troca Iônica Filtro Percolador Filtração Oxidação Valas de Oxidação Flotação Neutralização Lodos Ativados Equalização Ultrafiltração Lagoas Aeradas Fonte: (ABES, 2006) (adaptado). A eletrocoagulação, oxidação de cianetos, precipitação de metais tóxicos, cloração para a desinfecção, oxidação por ozônio são métodos químicos que também podem ser aplicados para tratamento. Polímeros têm sido utilizados como auxiliares de floculação com o objetivo de aumentar a resistência dos flocos contra as forças de cisalhamento e diminuir as dosagens de coagulantes primários, além disso, podem melhorar a qualidade do efluente, reduzir o volume de lodo, remover microrganismos patógenos, aumentar a eficiência da desinfecção e economizar nos gastos dos processos. Contudo, há efluentes com alta carga orgânica, com nutrientes eutrofizantes, que necessitam de um pós-tratamento e o sistema de lodo ativado (tratamento biológico) é capaz de remover nitrogênio, fósforo e matéria orgânica. Os reatores anaeróbios, por sua vez, potencializam a decomposição da matéria orgânica, e, assim, a biomassa pode ser convertida em biogás e ser aproveitada como energia renovável, como os lodos gerados nos diversos sistemas de tratamento, podem também ser convertidos em biocombustíveis sólidos, líquidos e gasosos, ainda podem ser utilizados na produção de novos materiais, de caráter renovável e sustentável. Tratamento de efluentes onsite e offsite Muitas indústrias realizam o tratamento de seus efluentes em estações próprias a fim de evitar a sobrecarga no sistema público, pois a demanda hídrica e sanitária é crescente, proporcionalmente ao emprego de tecnologias. Porém, há empreendimentos que contactam empresas especializadas para realizar este serviço e essas ficam responsáveis por todo o procedimento relacionado à implantação, operação, manutenção, tratamento e encaminhamento adequado do efluente tratado, essa modalidade é intitulada de onsite. Esses possuem equipamentos específicos para o condicionamento e destinação adequada do efluente. Observa-se um maior interesse dos empresários em melhorar os processos produtivos de seus respectivos empreendimentos, reduzindo a geração de efluente e mantendo a regularização da atividade econômica, sendo a instalação de ETEs compactas uma opção atrativa e eficiente. O método offsite, por sua vez, é uma opção caracterizada segura e viável para geradores que não possuem seu sistema ou outras estruturas, em que os efluentes são coletados e destiná-los a centrais de tratamento especializadas, sem interferir nas operações da empresa. Importante lembrar que todas as análises laboratoriais físicas, químicas e microbiológicas, radioativas, dentre outras, deverão sempre ser realizadas por profissionais habilitados. Pode-se citar a Sabesp, que possui infraestrutura para receber os esgotos não domésticos ou industriais e encaminhá-los às estações de tratamento. Dessa forma, a indústria ou comércio delega a responsabilidade da tratabilidade do efluente para a companhia de saneamento, para, assim, armazenar e dar a destinação correta. 2.3 Reuso de águas residuárias domésticas e industriais, tratamentoe controle As fontes alternativas e estratégias para uso sustentável de águas residuárias domésticas é uma forma de amenizar os problemas de disponibilidade de água potável. A Resolução nº 54 (2005) do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) estabelece modalidades, diretrizes e critérios que se refere à reutilização das águas. A Resolução CONAMA nª 357/2005 e a nº 430/2011 corroboram com o direcionamento deste uso, pois dispõem sobre a classificação dos corpos de água no tocante ao seu enquadramento, bem como condições e padrões de lançamento de efluentes. Ademais, as Políticas Nacionais de Meio Ambiente (1981) e de Recursos Hídricos (1997) também direciona o uso e os processos de gestão e conservação adequadas destes usos. No Brasil, a utilização de água de reuso para fins não potáveis ainda é muito incipiente, tanto para a utilização de águas provenientes de estações de tratamento de esgoto - ETE(s) doméstica e industrial, como as oriundas de residências (águas cinzas). No entanto, as indústrias de um modo geral, e em suas respectivas plantas industriais específicas, têm avançado com maior expressividade neste ponto, devido a questões ambientais e econômicas. Cabe ressaltar que a aplicabilidade destas águas, seja no setor industrial ou no doméstico, necessita ter procedimentos de gestão técnica e processual adequados conforme o recurso demandado. De acordo com a CETESB (2012), há processos de reutilização direta ou indireta das águas residuárias, decorrente de ações planejadas ou não: Reuso indireto não-planejado: quando a água utilizada é descarregada no meio ambiente e novamente aproveitada, em sua forma diluída, de maneira não intencional e não controlada. Reuso indireto planejado: processo que descarrega os efluentes de forma planejada nos corpos de águas superficiais ou subterrâneas, que, por sua vez, são utilizadas de maneira controlada, no atendimento de alguma necessidade. Reuso direto não-planejado: quando os efluentes, depois de tratados, são encaminhados diretamente de seu ponto de descarga até o local do reuso. o Reciclagem: Reuso interno da água, antes de sua descarga em um sistema geral de tratamento ou outro local de disposição (funciona como uma fonte suplementar de abastecimento do uso original). Já a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental - ABES (1992) classificou o reuso de água em duas grandes categorias: potável e não potável. Reuso potável (direto): quando o esgoto recuperado, por meio de tratamento avançado, é diretamente reutilizado no sistema de água potável (prática pouco difundida no Brasil devido aos grandes investimentos necessários para a purificação das águas). Reuso potável (indireto): caso em que o esgoto, após tratamento, é disposto na coleção de águas superficiais ou subterrâneas para diluição, purificação natural e subsequente captação, tratamento e finalmente ser utilizado como água potável (é o caso das cidades onde a coleta para o abastecimento é realizada no mesmo manancial do lançamento dos efluentes de estações de tratamento de esgotos). Reuso não-potável: não exige níveis elevados de tratamento, tornando-se o processo mais viável técnica e economicamente, com inúmeras aplicações (CNRH, 2005): o Fins agrícolas: produção agrícola e cultivo de florestas plantadas. o Fins industriais: processos, atividades e operações industriais. o Fins urbanos: irrigação paisagística, lavagem de logradouros públicos e veículos, desobstrução de tubulações, construção civil, edificações, combate a incêndio. o Manutenção de vazões e recarga de aquíferos subterrâneos: redução da captação de água e redução do lançamento de efluentes industriais em cursos d´água. o Aquicultura: criação de animais ou cultivo de vegetais aquáticos. o Água cinza de uma edificação: direciona (recomenda-se tubulações separadas) a água servida para um tratamento (sofrem processo de depuração e desinfecção antes de retornarem para a distribuição não potável) e uma redistribuição para descargas de bacias sanitárias, irrigação de jardins, lavagem de pisos (economia de 40% do fornecimento de água potável pelas companhias locais de abastecimento). IMPORTANTE Lei de Niterói torna o reaproveitamento de água obrigatório em prédios (reportagem da Globo News). Acesse o Link: http://g1.globo.com/globo-news/cidades-e-solucoes/videos Segundo estudos da ANA e da ONU o consumo diário no geral para uso doméstico representa cerca de 8% da captação de água no mundo, ou seja, em média uma pessoa bebe de 2 a 4 litros de água por dia e são necessários em média 250 litros de água por dia para atender as necessidades de abastecimento e saneamento. A região sudeste, por sua vez, gasta 25 litros de água a mais por dia que a média nacional. Cerca de 12% de todo o uso doméstico brasileiro se refere à lavagem de roupas e louças, e com maior expressividade se relaciona ao uso de chuveiro e vaso sanitário com 28% e 29% respectivamente, como pode-se observar na figura 6. Figura 6. Consumo Doméstico de Água no Brasil Fonte: (eCYCLE, 2012). O consumo europeu diário gira em torno de 300 litros de água por habitante, ou seja, duas vezes menos que nos EUA e no Japão e, 20 vezes mais que na África. Cerca de 20% da população espanhola, chiprina, maltanesa e italiana vive com escassez de água (ONU, 2013). Pode-se mencionar como exemplo o reuso de águas provenientes de ETE(s) de um programa desenvolvido pela Companhia de Saneamento do Estado de São 29% 28% 6% 17% 6% 5% 9% Vaso sanitário Chuveiro Lavatório Pia de cozinha Tanque http://g1.globo.com/globo-news/cidades-e-solucoes/videos/t/programas/v/nova-lei-de-niteroi-torna-o-reaproveitamento-de-agua-obrigatorio-em-predios/1630831/ Paulo – SABESP, onde já são reaproveitados 780 mil metros cúbicos de água por mês, volume suficiente para abastecer toda a população de um município como Taubaté cuja população é de aproximadamente 230.000 habitantes. A reutilização dessa água apresenta-se de forma atrativa, como menor custo, confiabilidade tecnológica e suprimento garantido. No aspecto qualidade, os riscos inerentes são gerenciados com adoção de medidas de planejamento, monitoramento, controle e sinalização adequados. Reuso de águas cinzas As águas cinzas (greywater) são as águas servidas ou águas residuárias proveniente de atividades domésticas (esgotos domésticos). De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT, 2016), as águas são águas já utilizadas em banheiro (chuveiro, banheira e pia), máquinas de lavar, tanques, não incluindo efluentes de pia de cozinha e bacia sanitária. Na cultura brasileira, é comum a utilização das pias de cozinha como local de despejo de restos de alimentos, devido à presença de óleos e gorduras, e, por isso, muitos autores não incluem o efluente da pia, devido à presença da alta carga orgânica. A NBR 13.969 (ABNT 1997, p. 21) diz que: No caso do esgoto de origem essencialmente doméstico ou com características similares, o esgoto tratado deve ser reutilizado para fins que exigem qualidade de água não potável, mas sanitariamente segura, tais como irrigação dos jardins, lavagem dos pisos e dos veículos automotivos, na descarga dos vasos sanitários, na manutenção paisagística dos lagos e canais com água, na irrigação dos campos agrícolas e pastagens, dentre outros. Diferentemente da água de chuva (pluvial), cuja oferta depende de fatores meteorológicos, a produção de águas cinzas é proporcional ao consumo de água nas residências, pois é gerada enquanto houver pessoas utilizando as instalações hidrossanitários de uma edificação, e, variam de acordo com a região, com o clima e com os costumes da população. O quadro 3 apresenta uma simulação de volumes gerados de água cinza por dispositivos sanitários em uma habitação,e percebeu-se uma economia de cerca de 22% no consumo de água potável, que pode ser obtido com a adoção do reuso de água cinza. Quadro 3. Percentual de esgoto bruto e água cinza gerados em uma habitação ESGOTO BRUTO TOTAL ÁGUA CINZA TOTAL Origem Total% L/dia Total % L/dia Bacia Sanitária 32 186 - - Lavatório 5 28 7 193 Chuveiro 33 193 48 44 Cozinha 7 44 11 135 Lavanderia 23 135 34 400 Total 100 586 100 28 Fonte: (NSWHEALTH, 2000). Em uma escala maior, resulta em preservação dos mananciais por diminuir a quantidade de água captada e por reduzir o lançamento de esgoto sanitário pelas áreas urbanas. Os estudos realizados no Brasil e no exterior indicam que as águas cinzas contêm elevados teores de matéria orgânica, de sulfatos, fósforo, nitrogênio, turbidez, no entanto, moderada contaminação fecal. Assim, o tratamento diante desta composição indicada pode ser considerado simples, pode ser físico ou químico – dependendo da carga orgânica destes efluentes – e, até mesmo, biológico. A escolha da reutilização das águas cinzas devem ser consonante e adequada a finalidade do reuso (quadro 4). Quadro 4. Reutilização de águas cinzas Origem de Águas Cinzas Condicionantes para o Sistema de Tratamento Dimensionamento: Deve-se levar em consideração o volume que deverá ser utilizado nas descargas sanitárias em um máximo de 48 h para que desta forma seja evitada a estocagem prolongada que fatalmente ocasionará odores desagradáveis. O reservatório inferior deverá ter um ladrão para que o a excesso de água, ao atingir o limite do volume estipulado para reuso seja direcionada a rede de esgoto O reservatório superior deverá ser esvaziado caso não haja utilização nas bacias sanitárias em 48h. O sistema de distribuição das águas cinzas deverá ter coloração diferenciada. A desinfecção é essencial para o sistema de reuso das águas cinzas em descargas sanitárias para eliminação de bactérias e vírus. A sedimentação e filtração são essenciais para eliminação de protozoários e helmintos. Este processo pode ser feito com um sistema de filtro simples e de fácil limpeza. Após a filtragem. a água deverá ser tratada dentro de um reservatório com "cloro orgânico" (produto que não formam subprodutos cancerígenos) o que garantirá a desinfecção e conservação, deixando a água segura para o reuso no vaso sanitário. Opção 1. Reuso proveniente de Banheiros Desviar a água do ralo do box para um reservatório passando por filtros e tratamentos para depois reutilizar essa água nos vasos sanitários. Opção 2. Reuso proveniente de máquina de lavar roupas. (No processo de tratamento usa filtros, sulfato de alumínio e cloro para que que seja possível de ser utilizado para limpezas e outros fins domésticos). Opção 3. Reuso proveniente de residências/edificações para irrigação de jardins. Outras opções: lavagem de vias e pátios residenciais e industriais, irrigação para produção agropecuária e agroindustrial, dentre outros. Fonte: a) (LABCAU, 2004); b) (ZARED FILHO, 2003); c) (SUSTENTARQUI, 2015); d) (PRILLWITZ E FARWELL, 1995). A norma NBR 13.969/97 classifica, em termos gerais, os valores dos parâmetros dos efluentes e direciona a forma de (re)uso, como mostra o quadro 5. Destarte, em caso de reuso menos exigentes (por exemplo, descarga de bacias sanitárias) pode-se prever o uso da água de enxágue das máquinas de lavar, apenas desinfetando, reservando aquelas águas e (re)circulando para a bacia sanitária, em vez de enviá-las para o sistema de esgoto para posterior tratamento. Em termos gerais, podem ser definidos as seguintes classificações e respectivos valores de parâmetros para esgotos, conforme o reuso. d c Quadro 5. Classificação e parâmetros para reutilização de águas CLASSES PARÂMETROS COMENTÁRIOS Classe 1. Lavagem de carros e outros usos que requerem o contato direto do usuário com a água, com possível aspiração de aerossóis pelo operador incluindo chafarizes. -turbidez - < 5 UNT; - coliforme fecal – inferior a 200 NMP/100mL; -sólidos dissolvidos totais < 200 mg/L - pH entre 6.0 e 8.0; - cloro residual entre 0,5 mg/l e 1,5 mg/L. - Nesse nível, serão geralmente necessários tratamentos aeróbios (filtro aeróbio submerso ou LAB) seguidos por filtração convencional (areia e carvão ativado) e, cloração. - Pode-se substituir a filtração convencional por membrana filtrante. Classe 2. Lavagens de pisos, calçadas e irrigação dos jardins, manutenção dos lagos e canais para fins paisagísticos, exceto chafarizes. -turbidez - < 5 UNT; -coliforme fecal – inferior a 500 NMP/100mL; -cloro residual superior a 0,5 mg/L. - Nesse nível é satisfatório um tratamento biológico aeróbio (filtro aeróbio submerso ou LAB) seguido de filtração de areia e desinfecção. - Pode-se também substituir a filtração por membranas filtrantes. Classe 3. Reuso nas descargas das bacias sanitárias. -turbidez - < 10 UNT; -coliforme fecal – inferior a 500 NMP/100mL. - Normalmente, as águas de enxágue das máquinas de lavar roupas satisfazem a este padrão, sendo necessário apenas uma cloração. - Para casos gerais, um tratamento aeróbio seguido de filtração e desinfecção satisfaz a este padrão. Classe 4. Reuso nos pomares, cereais, forragens, pastagens para gados e outros cultivos através de escoamento superficial ou por sistema de irrigação pontual. -coliforme fecal – inferior a 5.000 NMP/100mL; -oxigênio dissolvido acima de 2,0 mg/L. As aplicações devem ser interrompidas pelo menos 10 dias antes da colheita. Fonte: (ABNT, NBR 13.969, 1997) (adaptado). Embora a água cinza não possua contribuição dos vasos sanitários, contem parte significativa de microrganismos patogênicos e presença de consideráveis densidades de coliformes termotolerantes. A limpeza das mãos após o uso do toalete, lavagem de roupas e alimentos fecalmente contaminados ou o próprio banho são algumas das possíveis fontes de contaminação. Outro aspecto importante no gerenciamento de água cinza é a sua elevada biodegradabilidade (ABES, 2006). SAIBA MAIS Pesquisas foram realizadas em empresas de lavagem de ônibus e percebeu-se que o custo da lavagem utilizando águas cinzas no processo caiu de R$ 2,43 para R$ 0,54. Além disso, os resíduos retirados pela filtragem podem ser revendidos e reciclados. A remoção dos contaminantes presentes nas águas cinzas dependerá da eficiência dos sistemas de tratamento, cuja tecnologia, dependerá da qualidade desejada ao tipo de uso ou usuário da água. Tratamento e controle para reuso de domésticas (águas cinzas) É imprescindível a realização de um tratamento específico para que a água possa ser reutilizada, pois o efluente contém elevada turbidez e pode haver a presença de coliformes termotolerantes, e, este uso deve ser direcionado a fim de atender as demandas e expectativas do usuário, sem comprometer a saúde. Existem diversos tipos de tratamentos domésticos, convencionais e alternativos, com várias etapas distintas e possibilidades de associações entre estas, conforme o item 2.1 deste capítulo. Segundo a NBR 13.969/97, o reuso de águas residuárias é recomendado como uma forma de disposição final de efluentes, e, para isso, esta norma orienta ao usuário um tanque séptico com tratamento preliminar ou primário, para proceder ao tratamento complementar e disposição final destes efluentes, inclusive procedimentos de projeto, construção e operação para o reuso local de esgoto tratado (haja vista seja mais utilizado na etapa secundária) e técnicas consideradas viáveis. A água cinza pode ser condicionada até atingir características compatíveis com qualquer tipo de reuso, como mostra a figura 7. Figura 7. Aplicações para reuso de águas cinzas Fonte: (BARRY e PHILLIP, 2006).
Compartilhar