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MÓDULO 4 – FASCÍCULO 4 Rodolpho Antonio Mendonça Wilmers Administração de Suprimentos e Logística 1 Fascículo 4 Gestão na cadeia de suprimentos � Cadeias de suprimentos Segundo o dicionário da American Production Inventory Control Society, uma Cadeia de Suprimentos (Supply Chain) pode ser definida como: a) Os processos que envolvem fornecedores – clientes e ligam empresas desde a fonte inicial de matéria-prima até o ponto de consumo do produto acabado; b) As funções dentro e fora de uma empresa que garantem que a cadeia de valor possa fazer e providenciar produtos e serviços aos clientes. Para o Supply Chain Council (www.supply-chain.com), uma cadeia de suprimento abrange todos os esforços envolvidos na produção e liberação de um produto final, desde o (primeiro) fornecedor do fornecedor até o último cliente do cliente. Quatro processos básicos definem tais esforços: PLANEJAR (PLAN) ABASTECER (SOURCE) FAZER (MAKE) ENTREGAR (DELIVERY) O bom entendimento de uma cadeia de suprimentos passa pela identificação, na cadeia, da empresa foco, aquela que pretende-se estudar. A partir dessa seleção, a cadeia de suprimentos passa a ser vista pela perspectiva dessa empresa foco. Fig. 2.11: Representação de uma cadeia de suprimentos Fonte: CORREA. Administração de produção e operações MÓDULO 4 – FASCÍCULO 4 Rodolpho Antonio Mendonça Wilmers Administração de Suprimentos e Logística 2 ESTOQUE / ARMAZENAGEM TRANSPORTE / MOVIMENTO OPERAÇÃO INSPEÇÃO DEMORA / ATRASO / ESPERA � Fluxos dentro da cadeia de suprimentos Uma excelente analogia para bem entender uma rede de suprimentos foi feita por Martel,, ao comparar uma rede com uma rede formada por tubos de diferentes diâmetros e capacidades, que representam os gargalos ou os recursos com sobra de capacidade: Fig. 2.12: Comparação entre vasos comunicantes e o fluxo em uma rede de suprimentos Fonte: MARTEL – Análise e projeto de redes logísticas O modelo demonstrado na figura 2.12 mostra de forma clara que em cada etapa da rede (representada pelos diferentes diâmetros de tubos), existe a necessidade de um intenso planejamento e controle, assim como fica evidente que a capacidade, o volume e a vazão (demanda) tornam-se fundamentais para as atividades de planejamento e controle. Como forma de representar cada etapa, a linha inferior utiliza símbolos comuns para a visualização de diferentes funções / atividades dentro do processo produtivo: MÓDULO 4 – FASCÍCULO 4 Rodolpho Antonio Mendonça Wilmers Administração de Suprimentos e Logística 3 O correto gerenciamento das atividades envolvidas nos processos da rede de suprimentos gera uma vantagem competitiva importante para o desenvolvimento da organização. O planejamento e controle do fluxo de recursos que atravessam e são transformados na rede de suprimentos (mercadorias, informação, dinheiro), através das atividades de produção, permite a empresa oferecer os produtos e serviços que serão consumidos pelos clientes. O gerenciamento de uma cadeia de suprimentos exige o domínio de certos conceitos, como o da capacidade imposta por recursos existentes (pessoas, máquinas, edifícios, etc), pelo estoque de materiais acumulado nos diferentes pontos da rede de suprimentos, pela velocidade de escoamento dos materiais na rede e pelos gargalos ou restrições à capacidade dos elos mais fracos da rede. O atendimento eficaz dos clientes, fazendo com que o fluxo de saída da rede seja igual à demanda esperada pelos consumidores, requer a coordenação das atividades de transporte, movimentação, fabricação, montagem, estocagem, venda, distribuição, etc., ao longo da cadeia de suprimentos. Exige-se uma intensiva troca de informações entre os elos da rede, assim como um planejamento antecipando as necessidades dos clientes (prevendo), resultando no planejamento de vazão e volume na rede. Assim sendo, a gestão do fluxo de mercadorias numa cadeia de suprimentos exige um encadeamento de distintas atividades de planejamento e controle, encadeamento conseguido exclusivamente através da informação, que se torna mais uma matéria-prima. A forma como o planejamento e controle irão ocorrer irá depender: • Da forma de gerenciamento utilizada para transmitir a informação pela cadeia de suprimentos, e das decisões subseqüentes em termos de planejamento e controle; • Dos métodos definidos para a tomada de decisões e a execução das mesmas quanto a volume e vazão (demanda). Custos logísticos, qualidade de serviços prestados e tempos de ciclo dependem das estratégias escolhidas. Tipicamente as cadeias logísticas se dividem em segmentos interconectados (elos), podendo ser identificados quatro elos principais: VENDA – DISTRIBUIÇÃO – PRODUÇÃO – SUPRIMENTO Cada atividade acima começa em função de algo que dispara o processo: um cliente chegando a uma loja, um pedido que chega a um centro de estoque), incluindo-se as atividades de preparação, execução e finalização. Conforme Martel, algumas atividades associadas aos ciclos da cadeia logística são mostrados na tabela 2.9. MÓDULO 4 – FASCÍCULO 4 Rodolpho Antonio Mendonça Wilmers Administração de Suprimentos e Logística 4 CLIENTE VAREJISTA DISTRIBUIDOR FABRICANTE FORNECEDOR CICLOS VENDA DISTRIBUIÇÃO PRODUÇÃO SUPRIMENTO Desencadeamento Chegada de um cliente Momento do pedido Momento do pedido Necessidade em termos de matéria-prima Preparação Lançamento do pedido Lançamento do pedido Programação da produção Lançamento do pedido Execução Coleta e expedição Coleta e expedição Produção e expedição Coleta e expedição Finalização Entrega no destino final e pagamento Entrega no destino final e pagamento Entrega no destino final e pagamento Entrega no destino final e pagamento Tab. 2.9 – Ciclos da cadeia logística Fonte: MARTEL – Análise e projeto de redes logísticas A estratégia a ser utilizada por cada organização fundamenta-se na natureza e em práticas históricas do setor de atuação, somadas às estratégias próprias da empresa. � A demanda na cadeia de suprimentos Fig. 2.12: Termos utilizados para descrever a gestão de diferentes partes da cadeia de suprimentos Fonte: SLACKS, Nigel e outros. Administração da produção A gestão da cadeia de suprimentos enxerga a cadeia completa como um sistema a ser gerenciado, podendo ser definida como “a gestão da cadeia completa do suprimento de matérias-primas, manufatura, montagem e distribuição ao consumidor final”. MÓDULO 4 – FASCÍCULO 4 Rodolpho Antonio Mendonça Wilmers Administração de Suprimentos e Logística 5 Assim, por incluir todos os estágios no fluxo total de materiais e informações, precisa também incluir considerações sobre o cliente final, que é o único que tem a moeda “real” em toda a cadeia de suprimentos. Todos os negócios na cadeia de suprimentos transferem, de um para outro, porções do dinheiro do cliente final, cada um retendo a margem correspondente ao valor por ele agregado. A empresa chave ou foco numa cadeia é aquela mais forte, que está na posição de influenciar e dirigir as demais, parta que trabalhem juntas na causa comum de obter e reter os clientes finais. Mack Donalds, Dell Computadores, Volkswagen, Wall Mart, são alguns exemplos muito bons de empresas chave, que “dirigem” a cadeia de suprimentos que estão inseridas. Utilizar a abordagem holística (de toda a rede) para gerenciar a cadeia de suprimentos resulta em novas oportunidadesde análise e aprimoramento, localizando focos de atraso, ou oportunidades para reduções potenciais de custos. Observar que o conceito de coordenar estrategicamente cadeias de suprimentos formadas de negócios de diferentes propriedades e gerenciados por diferentes pessoas, cada um com seus objetivos, parece atrativo mas um pouco desencorajador. Em longas cadeias de suprimentos envolvendo vários negócios, não é fácil coordenar toda a cadeia, em particular quando parte da cadeia atende a dois conjuntos de clientes finais. Forrester (Forrester, J.W., Industrial Dynamics, MIT Press, 1961) demonstrou que existe certa dinâmica entre empresas, numa cadeia de suprimentos, que causam erros, desvios e volatilidade, e que tais desvios são crescentes para as empresas mais a montante da cadeia de suprimentos. O denominado efeito Forrester é similar ao jogo do telefone sem fio: quanto maior o número de participantes do jogo, maior tende a ser a distorção. Quando o jogo termina e o ultimo participante fala em voz alta a mensagem, em geral nada tem a ver com a mensagem original. O efeito Forrester não é causado por erros e distorções, mas pelo desejo racional e compreensível de cada um dos diferentes elos da cadeia de suprimentos, de gerenciar suas taxas de produção e níveis de estoque de maneira independente. MÓDULO 4 – FASCÍCULO 4 Rodolpho Antonio Mendonça Wilmers Administração de Suprimentos e Logística 6 M E S FORNECEDOR MONTADOR DISTRIBUIDOR VAREJISTA MKT PROD EST.INIC EST.FIN PROD EST.INIC EST.FIN PROD EST.INIC EST.FIN PROD EST.INIC EST.FIN DEMANDA 1 0 1500 0 800 0 1200 200 600 400 1500 800 1000 400 2 0 1500 0 800 200 1000 600 400 500 1500 600 600 500 3 500 1500 1000 600 800 600 700 500 600 1000 800 700 600 4 1800 1000 1400 800 1100 700 900 600 750 1400 1100 900 750 5 0 1400 0 1100 400 900 650 750 700 1400 700 650 700 6 0 1400 0 700 350 650 500 700 600 1400 350 500 600 7 0 1400 250 350 300 500 400 600 500 1150 300 400 500 8 2250 1150 1700 300 1000 400 700 500 600 1700 1000 700 600 9 4500 1700 3200 1000 2100 700 1400 600 1000 3200 2100 1400 1000 CONDIÇÃO DO EXERCÍCIO: ESTOQUE FINAL DEVE SER IGUAL A DEMANDA DO MÊS Tab. 2.9: Flutuação dos níveis de produção ao longo da cadeia de suprimentos, devido a uma pequena mudança na demanda do cliente final Fonte: CORREA. Administração de produção e operações Pode-se observar que, quanto mais a montante (para a esquerda, sentido fornecedores) da rede de suprimentos estiver a empresa, mais drásticas serão as flutuações causadas por uma mudança na demanda do cliente final. A decisão sobre quanto produzir em cada período foi definida pela seguinte relação: - Total disponível para a venda em qualquer período = total requerido no período (ou seja, se o estoque inicial for menor que a demanda, deve ser providenciada compra ou produção do faltante, para atender a demanda e garantir estoque final no fim do período) - Estoque inicial + taxa de produção = a demanda + estoque final - Estoque inicial + taxa de produção = 2 x demanda (porque o estoque final deve ser igual a demanda – condição do exercício) - Taxa de produção = 2 x demanda – estoque inicial O exercício não inclui nenhum período de defasagem entre a ocorrência da demanda em determinada parte da rede, e sua transmissão ao fornecedor. Na prática, porém, tal defasagem existe, fazendo com que as flutuações sejam ainda maiores. Além disso, a maneira pela qual os diferentes integrantes da rede definem seus lotes de produção pode causar distorções que fazem com que os volumes de produção variem nos fornecedores a montante, alternando momentos de não produzir nada com outros que exigem horas extras. MÓDULO 4 – FASCÍCULO 4 Rodolpho Antonio Mendonça Wilmers Administração de Suprimentos e Logística 7 Exercício resolvido A capacidade das empresas em encontrar o equilíbrio entre sua capacidade de resposta e a eficiência, de maneira a atender a sua demanda da melhor maneira possível, é a chave para atingir o que se chama de alinhamento estratégico – a estratégia da organização alinhada com a estratégia da cadeia de suprimentos. Uma amostra do quanto o ambiente da cadeia de suprimentos é complexo, pode ser entendido, por um lado, pela dificuldade das organizações encontrarem o equilíbrio ideal entre suas operações internas, enquanto do outro lado as oportunidades de melhoria no gerenciamento da cadeia de suprimentos. Atualmente a proliferação de produtos é livre, com clientes exigindo cada vez mais produtos customizados, adaptados a suas necessidades, e as reações das empresas na busca de atender a tal característica. I) Hoje é possível solicitar uma configuração customizada para um novo notebook II) A crescente variedade costuma aumentar a incerteza III) A variedade resulta em diminuição de custos IV) A variedade resulta no aumento da capacidade de resposta na cadeia de suprimentos. V) Já existem produtos com ciclo de vida medidos em meses, quando até bem pouco tempo o padrão era ano. As alternativas corretas acima são: a) I, II e III b) I, II e IV c) I, II e V d) II, III e IV e) II, IV e V Comentário: Se a gestão de uma cadeia de suprimentos já é difícil em si, a adição de novos fatores como os citados em I, II e V podem resultar em situações que fujam a um controle mais direto, exigindo ações adaptadas a tais necessidades
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