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SISTEMA-DE-DRENAGEM

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1 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 
2 HISTÓRIA DA DRENAGEM URBANA........................................................ 4 
3 O CONCEITO DRENAGEM URBANA ........................................................ 7 
4 SISTEMA DE DRENAGEM ....................................................................... 12 
4.1 Microdrenagem .................................................................................. 13 
4.2 Macrodrenagem ................................................................................. 13 
4.3 Diferença prática entre microdrenagem e macrodrenagem ............... 14 
5 IMPACTOS DEVIDO AO ESCOAMENTO PLUVIAL ................................ 14 
5.1 Inundações ribeirinhas ....................................................................... 14 
5.2 Inundações devido a urbanização ...................................................... 16 
6 DISPOSITIVOS DE MICRODRENAGEM URBANA ................................. 19 
7 SISTEMA DE DRENAGEM SUSTENTÁVEL ............................................ 25 
7.1 Pavimentos permeáveis ..................................................................... 26 
7.2 Trincheiras de infiltração .................................................................... 27 
7.3 Telhado verde .................................................................................... 28 
7.4 Captação e utilização de águas pluviais para fins não potáveis ......... 29 
7.5 Reservatórios de detenção ................................................................. 30 
8 DRENAGEM SUBTERRÂNEA ................................................................. 31 
8.1 Dispositivos de drenagem profunda ou subterrânea .......................... 32 
9 PLANO DIRETOR DE DRENAGEM URBANA ......................................... 39 
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ...................................................... 43 
 
 
 
 
3 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - 
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
2 HISTÓRIA DA DRENAGEM URBANA 
A drenagem pluvial foi assim tratada como uma prática acessória até meados 
do século XIX, quando as capitais europeias já formavam grandes aglomerados 
humanos. As mudanças ocorridas no tratamento da drenagem pluvial na segunda 
metade do século XIX, tiveram, entretanto, seu germe no século XVIII, quando se 
constata na Itália que as águas de banhados e zonas alagadiças influenciavam na 
mortalidade pessoas e animais. Isto foi rapidamente levado em consideração na 
Inglaterra e na Alemanha e mais tarde na França, e desencadeia-se um processo de 
extinção de banhados como medida de saúde pública. Também se deu ordens para 
aterrar ou cobrir as fossas receptoras de esgoto cloacal, e substituí-las por 
canalizações enterradas (Desbordes, 1987). Assim as redes de esgotos deveriam 
evacuar as águas contaminadas, o mais rapidamente possível, e para mais longe dos 
locais de sua produção. Nascia a ideia de livrar-se da água nas cidades, seja ela de 
origem pluvial ou cloacal. Ou seja, nascia o conceito sanitarista-higienista. (SILVEIRA, 
2002) 
Curiosamente então a drenagem pluvial como ação pública não evoluiu em 
decorrência da modernização de práticas de engenharia em busca do conforto, mas 
sim de uma recomendação de profilaxia médica. Evidentemente coube aos 
engenheiros e urbanistas a tarefa de materializá-la em obras e integrá-las ao espaço 
urbano, mas infelizmente isto só teve um impulso maior com a ocorrência de 
epidemias de cólera em grandes cidades do mundo no século XIX, destacando-se na 
Europa as dos anos 1832 e 1849. O fluxo de pessoas nas viagens marítimas de então, 
praticamente globalizaram a epidemia de cólera e muitas cidades brasileiras sofreram 
com ela em 1855 (Costa Franco, 1992, Apud SILVEIRA, 2002). 
Entre 1850 e o fim do século XIX muitas cidades importantes do mundo, 
principalmente as capitais europeias, foram dotadas de grandes redes subterrâneas 
unitárias de esgotos (esgotos pluviais e cloacais conduzidos pelos mesmos condutos). 
Sob o comando de seu famoso prefeito Haussmann, Paris torna-se emblemática e 
referência mundial por construir uma imponente rede de esgotos, ajudando a 
cristalizar o conceito higienista que passa a ser resumido pela expressão “tout à 
l’égout” no meio técnico francês da época. Apesar de hoje ser uma atração turística 
 
5 
de Paris, não foi a rede de esgotos que deu fama a Haussmann, mas sim a profunda 
reforma urbanística a qual ela estava associada dentro do conceito higienista. 
Haussmann buscava a higiene pública com a abertura de espaços abertos, como 
avenidas largas e parques, obras que facilitariam ainda a instalação da infraestrutura 
urbana, entre as quais as redes de esgotos (Souza e Damasio, 1993 Apud SILVEIRA, 
2002). 
O conceito higienista não demorou a chegar ao Brasil como testemunham as 
primeiras redes enterradas de esgoto sanitário implantadas em 1864 no Rio de 
Janeiro, mas ele somente seria aplicado mais decididamente após a proclamação da 
República em 1889 (Melo Franco, 1968). Nesta época, havia no mundo um casamento 
bem-sucedido entre a filosofia higienista e o domínio da hidráulica de condutos e 
canais que permitia promover o saneamento junto com as reformas urbanísticas. Os 
sanitaristas da época estavam atentos a isso e, no fim do século XIX, o Brasil vê surgir 
entre eles a grande figura do engenheiro fluminense Saturnino de Brito (1864-1929), 
formado pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Adepto do positivismo, ele 
revoluciona o conceito higienista no Brasil ao trabalhar no saneamento da cidade de 
Santos (Obras, 1943). Em seu opúsculo Saneamento de Santos de 1898, apresenta 
argumentos sólidos em favor do sistema separador absoluto (redes de condutos 
separados para esgotos pluviais e cloacais) contra o sistema dominante da época que 
era o unitário. (Apud SILVEIRA, 2002) 
Em decorrência da atuação de Saturnino de Brito, já no início do século XX, o 
conceito higienista, usando uma rede de drenagem pluvial separada dos esgotos 
domésticos, ficou estabelecido como regra para as cidades brasileiras. Em 2000, 
cerca de 82% dos municípios brasileiros com redes subterrâneas tinham sistemas 
separadores. A intensidade das chuvas tropicais não favorece os sistemas unitários. 
Entretanto, muitas cidades ou muitos bairros de cidades acabaram adotando um 
arremedo de sistema unitário, destinando efluentes de fossas sépticas para a rede 
pluvial. 
O conceito higienista predominou neste século no mundo inteiro, mas o fim da 
sua história já foi decretada nos anos 60, nos países desenvolvidos, quando a 
consciência ecológica expôs suas limitações para levar em conta os conflitos 
ambientais entre as cidades e o ciclo hidrológico. Havia necessidade de reflexões 
 
6 
mais profundas sobre as ações antrópicas densas (urbanização) sobre o meio-ambiente, particularmente sobre a quantidade e a qualidade dos recursos hídricos. 
Nascia o conceito ambiental aplicado à drenagem urbana que fez com que os ícones 
das soluções higienistas deixassem de reinar sozinhos, ou seja, o rol de obras 
tradicionais como condutos, sarjetas, bocas-de-lobo, arroios retificados, entre outras, 
teria de ser ampliado para admitir soluções alternativas e complementares à 
evacuação rápida dos excessos pluviais, dentro de um contexto de preservação 
ambiental (Tucci e Genz, 1995). Obras de retenção e amortecimento de escoamentos, 
como pavimentos permeáveis, superfícies e valas de infiltração, reservatórios e lagos 
de detenção e a preservação dos arroios naturais passaram a fazer parte do 
vocabulário da drenagem urbana. Além disso, o enfoque ambiental preconiza também 
o tratamento dos esgotos pluviais que podem ser tão poluidores quanto os esgotos 
cloacais. (Apud SILVEIRA, 2002) 
A maioria das obras de drenagem urbana no Brasil seguem, apesar disso 
ainda, o conceito higienista. A razão principal é que o conceito ambiental é muito mais 
difícil e caro de aplicar porque exige ações integradas sobre grandes áreas, com 
conhecimento técnico multidisciplinar, ao contrário das ações higienistas, voltadas a 
soluções locais, e concebidas unicamente por engenheiros civis. Além disso, o 
conceito higienista, embora ultrapassado, exerce ainda um atrativo muito grande pela 
sua simplicidade (toda água circulante deve ir rapidamente para o esgoto, evitando 
insalubridades e desconfortos, nas casas e nas ruas) e pelo fato das obras de 
infraestrutura por ele exigidas terem um comportamento dinamicamente restrito, 
portanto fáceis de dimensionar, pois só têm a função de transporte rápido. 
O livrar-se rapidamente da água tornou-se praticamente um dogma no meio 
técnico, convencendo inclusive à população que aplica a mesma ideia nas suas 
propriedades particulares urbanas. No Brasil, como parece ser em outros países em 
desenvolvimento, há o agravante ainda do conceito higienista ser mal aplicado, seja 
por falta de recursos, mau dimensionamento, má execução ou por manutenção 
deficiente. Adicionalmente, as pressões socioeconômicas exercidas pela sociedade 
brasileira como um todo agravam o quadro, estabelecendo um cenário difícil para a 
implantação de qualquer conceito de drenagem urbana, sobretudo a ambiental : 
urbanização acelerada e desordenada, criação de um mosaico de ocupações (favelas 
desassistidas vizinhas a bairros equipados) e nível de educação ambiental deficiente 
 
7 
(arroios e bocas-de-lobo vistos por grande parte da população como locais de destino 
de dejetos e lixo). 
A história da drenagem urbana no Brasil apesar dessas dificuldades parece 
estar hoje numa transição entre a abordagem higienista e a ambiental. Muitas capitais, 
como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba, estão promovendo 
ações no sentido de estabelecer planos diretores de drenagem urbana, seguindo os 
preceitos do conceito ambiental que passa pela conscientização de que a drenagem 
urbana deve se integrar ao planejamento ambiental das cidades, deixando de ser 
apenas um mero problema de engenharia. (SILVEIRA, 2002) 
A história da drenagem urbana que o Brasil quer redirecionar é uma história já 
em andamento nos países desenvolvidos. Agora o que importa é uma correta gestão 
dos impactos do meio urbano sobre o meio-ambiente hidrológico e isto transcende a 
um simples receituário de obras padrão e remete a uma abordagem mais complexa 
incluindo aspectos técnicos de engenharia, sanitários, ecológicos, legais e 
econômicos e que exige uma conexão muito mais estreita com a concepção e gestão 
dos espaços urbanos. O ciclo hidrológico é elemento chave na definição do 
saneamento urbano e da drenagem. 
 
3 O CONCEITO DRENAGEM URBANA 
 
Fonte: aquafluxus.com.br 
 
8 
 
Ao se tratar de entender a condução e o exercício das atividades relacionadas 
à atenuação de enchentes em áreas urbanas, que a priori devem ser pensadas 
preventivamente, inicia-se por algumas questões elementares. Buscando respostas a 
estas questões poderemos fazer alguma aproximação aos temas. (POMPÊO, 2000) 
 
- Quais as causas das enchentes em áreas urbanas? 
- O que significam a drenagem e o controle de cheias em áreas urbanas? 
 
De uma forma geral, as enchentes são fenômenos naturais que ocorrem 
periodicamente nos cursos d’água devido a chuvas de magnitude elevada. As 
enchentes em áreas urbanas podem ser decorrentes destas chuvas intensas de largo 
período de retorno; ou devidas a transbordamentos de cursos d’água provocados por 
mudanças no equilíbrio no ciclo hidrológico em regiões a montante das áreas urbanas; 
ou ainda, devidas à própria urbanização. O estudo da ocorrência de chuvas intensas 
é útil na busca de soluções apropriadas aos problemas de enchentes, entretanto, é 
por intermédio do estudo dos processos hidrológicos que se definem as ações 
concretas. (POMPÊO, 2000) 
O desmatamento e a substituição da cobertura vegetal natural são fatores 
modificadores que, em muitas situações, resultam simultaneamente em redução de 
tempos de concentração e em aumento do volume de escoamento superficial, 
causando extravasamento de cursos d’água. Considerando a importância da inter-
relação entre uso e ocupação do solo e os processos hidrológicos superficiais, 
devemos destacar inicialmente que a abordagem dos problemas precisa considerar a 
extensão superficial na qual estas relações se manifestam. A bacia hidrográfica é a 
unidade mínima para qualquer estudo hidrológico e assim têm sido historicamente 
realizados os trabalhos teóricos, experimentais e as ações de planejamento de 
recursos hídricos. Entretanto, esta unidade é ainda ignorada em muitos trabalhos de 
drenagem urbana. (POMPÊO, 2000) 
As enchentes provocadas pela urbanização devem-se a diversos fatores, 
dentre os quais destacamos o excessivo parcelamento do solo e a consequente 
impermeabilização das grandes superfícies, a ocupação de áreas ribeirinhas tais 
como várzeas, áreas de inundação frequente e zonas alagadiças, a obstrução de 
 
9 
canalizações por detritos e sedimentos e também as obras de drenagem 
inadequadas. Argumenta-se que a expansão urbana deve realizar-se de forma 
planejada. Não se pode ignorar, todavia, que a expansão e os fatores acima 
apontados são antes orientados por questões sociais que os antecedem. Quando 
existe, o planejamento que se apoia fortemente na execução de obras para atenuação 
de cheias, esquece que em algum momento as limitações financeiras irão impedir a 
implementação das obras previstas, como lembram Nascimento et al. (1997). Além 
disso, a dinâmica social reconfigura o espaço nestes momentos em que rareiam os 
recursos e as novas soluções exigidas a partir de então tornam-se mais complexas. 
(Apud POMPÊO, 2000) 
Este tipo de planejamento também se esquece que a histórica ausência de 
soluções integradas e harmônicas entre os sistemas urbanos e os sistemas naturais 
é também um fator significativo para a ocorrência de enchentes frequentes. 
Resumidamente estabelecidas as causas das enchentes em áreas urbanas, 
cabe a proposição de uma abordagem que seja coerente e sistemática para as ações 
de mitigação. É neste contexto que se situa a segunda questão levantada. Ela refere-
se à forma de conceituar drenagem e controle de cheias em áreas urbanas e, 
consequentemente, refere-se à base conceitual dos princípios que orientam as ações. 
A partir da década de 60, passou-se, em alguns países, a questionar a 
drenagem urbana realizada de forma tradicional que, por intermédio de obras 
destinadas a retirar rapidamente as águas acumuladas em áreas importantes, 
transfere o problema para outras áreas ou para o futuro. Sob esta concepção abrigam-
se o projeto de grandes sistemas de galerias pluviais e as ações destinadas à 
“melhoria do fluxo” em rios e canais, concretizadas atravésde cortes de meandros, 
retificações e mudanças de declividade de fundo. Esta visão que ainda predomina em 
alguns meios técnicos, focaliza o controle do escoamento na própria calha do curso 
d’água, dando pequena importância à geração do escoamento nas superfícies 
urbanizadas. (POMPÊO, 2000) 
Nos últimos trinta anos, foram introduzidas outras formas de abordar os 
problemas. As planícies de inundação passaram a ser objeto de planejamento, 
sofrendo restrições quanto à ocupação e ao tipo de obras, visando principalmente a 
 
10 
garantir a área da seção de escoamento e a minimizar as perdas de carga hidráulica 
em decorrência de edificações nestas áreas. Foram introduzidas as denominadas 
medidas compensatórias que buscam compensar os efeitos da urbanização, atuando 
sobre os processos hidrológicos e visando à redução de volumes ou vazões, em 
diferentes concepções quanto ao porte e localização das obras (Nascimento et al., 
1997, Apud POMPÊO, 2000). 
Os reservatórios de grande porte destinados à acumulação e ao amortecimento 
de cheias, definidos a partir de zonas de acumulação naturais, são raramente 
encontrados em cidades brasileiras. Mais recentemente foram introduzidos 
reservatórios subterrâneos artificiais destinados a reduzir enchentes em áreas 
urbanas consolidadas; seu custo é, todavia, muito elevado. 
Recentemente vêm-se estudando a redução de vazões a partir de 
armazenamentos temporários difusos nos próprios lotes urbanos (Genz e Tucci, 
1995). Há dois aspectos a considerar. O emprego deste tipo de técnica é delicado já 
que pressupõe instalações em todas as propriedades individuais e manutenção 
permanente pelo próprio morador. Em decorrência disto, é necessário o 
comprometimento responsável dos cidadãos. O outro aspecto a considerar é que 
mesmo com este tipo de medida, para não resultar no agravamento dos problemas, a 
rede de galerias, por sua vez, deverá possuir capacidade e estar preparada para atuar 
independentemente, ainda que em situações emergenciais. (Apud POMPÊO, 2000) 
A redução de volumes é baseada em técnicas de infiltração que devem operar 
a partir do instante em que a precipitação atinge as superfícies. Isto implica não 
somente na execução de obras difusas, mas, principalmente, na incorporação de uma 
nova postura tecnológica no desenvolvimento de materiais de pavimentação, 
normativa na sua utilização e metodológica na ocupação dos espaços públicos e 
privados. 
O termo drenagem urbana sustentável tem origem recente. Durante as últimas 
três décadas, a percepção da degradação ambiental generalizada e a crítica aos 
estilos de desenvolvimento apoiados em uma exploração irracional da natureza vêm 
motivando numerosas discussões e novas propostas que permitam a sobrevivência 
do ser humano. Aqueles muito otimistas não reconhecem a dimensão destas questões 
 
11 
e preferem esquecer os problemas, acreditando que alguma solução tecnológica 
poderá advir no futuro. Outros, mais realistas, avisando que a Terra é o único planeta 
habitado conhecido, preferem propor desde já. Sob este pensamento surgiu o 
desenvolvimento sustentável, um estilo de desenvolvimento voltado para a 
sustentabilidade, conceito que se estende a tudo, inclusive à drenagem urbana. 
Pronk e Haq (1992) afirmam que o desenvolvimento sustentável se relaciona 
com um processo de formulação de políticas que permitem um desenvolvimento que 
seja sustentável sob o ponto de vista econômico, social e ecológico. Prosseguem 
afirmando que “isto significa que o consumo atual não pode ser financiado de forma 
prolongada levando a uma dívida econômica que outros deverão pagar. Isto também 
significa que deve haver suficiente inversão na educação e saúde da população de 
hoje de maneira a não criar uma dívida social para as gerações futuras. E os recursos 
naturais devem ser utilizados de maneira a não criar dívidas ecológicas por 
sobreexplotação da capacidade de sustento e da capacidade produtiva da Terra”. 
Portanto, em uma aproximação geral se pode dizer então que a perspectiva da 
sustentabilidade deve contemplar simultaneamente os três aspectos mencionados. 
(Apud POMPÊO, 2000) 
A perspectiva da sustentabilidade associada à drenagem urbana introduz uma 
nova forma de direcionamento das ações, baseada no reconhecimento da 
complexidade das relações entre os ecossistemas naturais, o sistema urbano artificial 
e a sociedade. Esta postura exige que drenagem e controle de cheias em áreas 
urbanas sejam reconceitualizadas em termos técnicos e gerenciais. 
A água exerce um papel importante no meio urbano, havendo necessidades de 
atendimento a demandas diferenciadas, questões relativas à sua qualidade, 
disponibilidade e escoamento de águas de chuva. A gestão destas águas constitui 
grande parte do saneamento urbano. Explicar a relação do saneamento com a água 
é, como diz a sabedoria popular, chover no molhado. A gestão da água no meio 
urbano é um caso particular da gestão de recursos hídricos. Em consequência, a ação 
institucional deve integrar, por um lado, a gestão de recursos hídricos e, por outro, o 
saneamento ambiental. Além disso, o planejamento de atividades urbanas 
relacionadas à água deve estar integrado ao próprio planejamento urbano, incluindo-
se aqui o desenho da malha urbana e sua expansão, o zoneamento de atividades, a 
 
12 
rede viária e de transportes, fluxos de informações, aspectos paisagísticos etc. Ellis 
(1995) relaciona os resultados como benefícios econômicos, estéticos, ecológicos, 
recreacionais e aprimoramento do potencial de uso da terra. Assim, a integração 
institucional deve ser reflexo de uma concepção ambiental sistêmica. (Apud 
POMPÊO, 2000) 
Apesar da distância que nos separa desta realidade, ao buscá-la, vamos em 
direção à melhoria da qualidade de vida. 
Igualmente importante, a participação da sociedade é tida como ingrediente 
essencial no traçado do caminho ao desenvolvimento sustentável, conforme 
exaustivamente mencionado na literatura ambiental recente. Com muita propriedade, 
Geldof (1995) coloca que se deve apostar menos na solução tecnológica e mais na 
participação direta dos cidadãos. (Apud POMPÊO, 2000) 
Ao buscar caminhos para o desenvolvimento Aguiar e Aguiar (1998) apontam 
a relação entre cultura e tecnologia e destacam a necessidade de uma contracultura. 
A tecnologia que deve acompanhá-la também deve ser socialmente sustentável, o 
que implica na participação democrática da sociedade para a tomada de decisão e na 
execução das ações, acrescentamos. Evidentemente esta postura é eminentemente 
política, todavia nunca é demais lembrar o papel central da educação ambiental na 
construção do desenvolvimento sustentável. (Apud POMPÊO, 2000) 
 
4 SISTEMA DE DRENAGEM 
 
Fonte: www.geofoco.com.br 
 
13 
O sistema de drenagem deve ser entendido como o conjunto da infraestrutura 
existente em uma cidade para realizar a coleta, o transporte e o lançamento final das 
águas superficiais. Inclui ainda a hidrografia e os talvegues. É constituído por uma 
série de medidas que visam a minimizar os riscos a que estão expostas as 
populações, diminuindo os prejuízos causados pelas inundações e possibilitando o 
desenvolvimento urbano de forma harmônica, articulada e ambientalmente 
sustentável. 
Drenagem é o termo empregado na designação das instalações destinadas a 
escoar o excesso de água, seja em rodovias, na zona rural ou na malha urbana. A 
drenagem urbana não se restringe aos aspectos puramente técnicos impostos pelos 
limites restritos à engenharia, pois compreende o conjunto de todas as medidas a 
serem tomadas que visem à atenuação dos riscos e dos prejuízos decorrentes de 
inundações aos quais a sociedade está sujeita. 
 
O sistema pode ser dividido em: 
4.1 Microdrenagem 
São estruturas que conduzem as águas do escoamento superficial para as 
galerias ou canais urbanos. 
É constituída pelas redes coletoras de águas pluviais,poços de visita, sarjetas, 
bocas-de-lobo e meios-fios. 
4.2 Macrodrenagem 
São dispositivos responsáveis pelo escoamento final das águas pluviais 
provenientes do sistema de microdrenagem urbana. 
É constituída pelos principais talvegues, fundos de vales, cursos d’água, 
independente da execução de obras específicas e tampouco da localização de 
extensas áreas urbanizadas, por ser o escoadouro natural das águas pluviais. 
 
 
14 
4.3 Diferença prática entre microdrenagem e macrodrenagem 
Para uma correta gestão da drenagem urbana é preciso ter claro seus 
conceitos e um deles, dos mais básicos é a distinção entre microdrenagem e 
macrodrenagem. Bidone e Tucci (1995) definem a microdrenagem urbana como o 
sistema de condutos pluviais a nível de loteamento ou de rede primária urbana. A 
macrodrenagem abrange córregos, rios, canais e galerias de maior porte. (SILVEIRA, 
2002) 
 
5 IMPACTOS DEVIDO AO ESCOAMENTO PLUVIAL 
De acordo com Tucci (2002) o escoamento pluvial pode produzir inundações e 
impactos nas áreas urbanas devido a dois processos, que ocorrem isoladamente ou 
combinados: 
 
- Inundações de áreas ribeirinhas: os rios geralmente possuem dois leitos, o 
leito menor onde a água escoa na maioria do tempo e o leito maior, que é inundado 
com risco geralmente entre 1,5 e 2 anos. O impacto devido à inundação ocorre quando 
a população ocupa o leito maior do rio, ficando sujeita à inundação; 
- Inundações devido à urbanização: as enchentes aumentam a sua frequência 
e magnitude devido à impermeabilização, ocupação do solo e à construção da rede 
de condutos pluviais. O desenvolvimento urbano pode também produzir obstruções 
ao escoamento, como aterros e pontes, drenagens inadequadas e obstruções ao 
escoamento junto a condutos e assoreamento. 
 
5.1 Inundações ribeirinhas 
Estas enchentes ocorrem, principalmente, pelo processo natural no qual o rio 
escoa pelo seu leito maior. Este tipo de enchente é decorrência de processo natural 
do ciclo hidrológico. Quando a população ocupa o leito maior, que são áreas de risco, 
 
15 
os impactos são frequentes. Essas condições ocorrem, em geral, devido às seguintes 
ações: (TUCCI, 2002) 
 
- No Plano Diretor Urbano da quase totalidade das cidades brasileiras, não 
existe nenhuma restrição quanto ao loteamento de áreas de risco de inundação, a 
sequência de anos sem enchentes é razão suficiente para que empresários loteiem 
áreas inadequadas; 
- Invasão de áreas ribeirinhas, que pertencem ao poder público, pela população 
de baixa renda; 
- Ocupação de áreas de médio risco, que são atingidas com frequência menor, 
mas que quando o são, sofrem prejuízos significativos. 
 
Os principais impactos sobre a população são: 
 
- Prejuízos de perdas materiais e humanas; 
- Interrupção da atividade econômica das áreas inundadas; 
- Contaminação por doenças de veiculação hídrica como leptospirose, cólera, 
entre outras; 
- Contaminação da água pela inundação de depósitos de material tóxico, 
estações de tratamentos entre outros. 
 
O gerenciamento atual não incentiva a prevenção destes problemas, já que à 
medida que ocorre a inundação o município declara calamidade pública e recebe 
recursos a fundo perdido e não necessita realizar concorrência pública para gastar. 
Como a maioria das soluções sustentáveis passam por medidas não-estruturais que 
envolvem restrições à população, dificilmente um prefeito buscará este tipo de solução 
porque geralmente a população espera por uma obra. Enquanto que, para 
implementar as medidas não-estruturais, ele teria que interferir em interesses de 
proprietários de áreas de risco, o que politicamente é complexo a nível local. (TUCCI, 
2002) 
 
16 
Para buscar modificar este cenário é necessário um programa a nível estadual 
voltado à educação da população, além de atuação junto aos bancos que financiam 
obras em áreas de risco. 
 
5.2 Inundações devido a urbanização 
A medida que a cidade se urbaniza, em geral, ocorrem os seguintes impactos 
(TUCCI, 2002): 
 
- Aumento das vazões máximas (em até 7 vezes) e da sua frequência devido 
ao aumento da capacidade de escoamento através de condutos e canais e 
impermeabilização das superfícies; 
- Aumento da produção de sedimentos devido à desproteção das superfícies e 
à produção de resíduos sólidos (lixo); 
- Deterioração da qualidade da água superficial e subterrânea, devido a 
lavagem das ruas, transporte de material sólido e às ligações clandestinas de esgoto 
cloacal e pluvial e contaminação de aquíferos; 
- Devido à forma desorganizada como a infraestrutura urbana é implantada, tais 
como: 
a) pontes e taludes de estradas que obstruem o escoamento; 
b) redução de seção do escoamento por aterros de pontes e para construções 
em geral; 
c) deposição e obstrução de rios, canais e condutos por lixos e sedimentos; 
d) projetos e obras de drenagem inadequadas, com diâmetros que diminuem 
para jusante, drenagem sem esgotamento, entre outros. 
 
Alguns dos principais impactos ambientais produzidos pela urbanização são 
destacados a seguir (TUCCI, 2002): 
 
Aumento da temperatura - As superfícies impermeáveis absorvem parte da 
energia solar aumentando a temperatura ambiente, produzindo ilhas de calor na parte 
central dos centros urbanos, onde predomina o concreto e o asfalto. O asfalto, devido 
a sua cor, absorve mais energia da radiação solar do que as superfícies naturais e o 
 
17 
concreto. A medida que as superfícies de concreto envelhecem tendem a escurecer 
e a aumentar a absorção de radiação solar. 
O aumento da absorção de radiação solar por parte da superfície aumenta a 
emissão de radiação térmica de volta para o ambiente, gerando o calor. O aumento 
de temperatura também cria condições de movimento de ar ascendente que pode 
gerar aumento de precipitação. 
 
Aumento de sedimentos e material sólido - As principais consequências 
ambientais da produção de sedimentos são as seguintes: 
 
- Assoreamento das seções de canalizações da drenagem, com redução da 
capacidade de escoamento de condutos, rios e lagos urbanos. A lagoa da Pampulha 
(em Belo Horizonte) é um exemplo de um lago urbano que tem sido assoreado. 
- Transporte de poluente agregado ao sedimento, que contaminam as águas 
pluviais. 
 
Qualidade da água pluvial - A quantidade de material suspenso na drenagem 
pluvial apresenta uma carga muito alta considerando a vazão envolvida. Esse volume 
é mais significativo no início das enchentes. Os primeiros 25 mm de escoamento 
superficial geralmente transportam grande parte da carga poluente de origem pluvial 
(Schueller, 1987). Schueller (1987) cita que a concentração média dos eventos não 
se altera em função do volume do evento e é característico de cada área. (Apud 
TUCCI, 2002) 
Os esgotos podem ser combinados (cloacal e pluvial num mesmo conduto) ou 
separados (rede pluvial e cloacal separadas). A legislação estabelece o sistema 
separador, mas na prática isto não ocorre devido às ligações clandestinas e à falta de 
rede cloacal. Devido à falta de capacidade financeira para ampliação da rede cloacal, 
algumas prefeituras têm permitido o uso da rede pluvial para transporte do cloacal, o 
que pode ser uma solução inadequada à medida que esse esgoto não é tratado. 
Quando o sistema cloacal é implementado a grande dificuldade envolve a retirada das 
ligações existentes da rede pluvial, o que na prática resulta em dois sistemas 
misturados com diferentes níveis de carga. (TUCCI, 2002) 
 
18 
As vantagens e desvantagens dos dois sistemas têm gerado longas discussões 
sobre o assunto em todo o mundo. Considerando a inter-relação com a drenagem, o 
sistema unitário geralmente amplia o custo do controle quantitativo da drenagem 
pluvial a medida que exige que as detenções sejam no subsolo. Este tipo de 
construção tem um custo unitário 7 vezes superior à detenção aberta (IPH, 2000). As 
outras desvantagenssão: na estiagem, nas áreas urbanas o odor pode ser 
significativo; durante as inundações, quando ocorre extravasamento, existe maior 
potencial de proliferação de doenças. Este cenário é mais grave quando os 
extravasamentos forem frequentes. (Apud TUCCI, 2002) 
As cidades, que de outro lado priorizaram a rede de esgotamento sanitário e 
não consideraram os pluviais sofrem frequentes inundações com o aumento da 
urbanização, como tem acontecido em Santiago e Montevideo. 
Não existem soluções únicas e milagrosas, mas soluções adequadas e 
racionais para cada realidade. 
O ideal é buscar conciliar a coleta e tratamento do esgotamento sanitário 
somado a retenção e tratamento do escoamento pluvial dentro de uma visão integrada 
de tal forma que tanto os aspectos higiênicos como ambientais sejam atendidos. 
(TUCCI, 2002) 
A qualidade da água da rede pluvial depende de vários fatores: da limpeza 
urbana e sua frequência, da intensidade da precipitação e sua distribuição temporal e 
espacial, da época do ano e do tipo de uso da área urbana. Os principais indicadores 
da qualidade da água são os parâmetros que caracterizam a poluição orgânica e a 
quantidade de metais. 
 
Contaminação de aquíferos - As principais condições de contaminação dos 
aquíferos urbanos são devidas ao seguinte (TUCCI, 2002): 
 
- Aterros sanitários contaminam as águas subterrâneas pelo processo natural 
de precipitação e infiltração. Deve-se evitar que sejam construídos aterros sanitários 
em áreas de recarga e deve-se procurar escolher as áreas com baixa permeabilidade. 
 
19 
Os efeitos da contaminação nas águas subterrâneas devem ser examinados quando 
da escolha do local do aterro; 
- Grande parte das cidades brasileiras utilizam fossas sépticas como destino 
final do esgoto. Esse conjunto tende a contaminar a parte superior do aquífero. Esta 
contaminação pode comprometer o abastecimento de água urbana quando existe 
comunicação entre diferentes camadas dos aquíferos através de percolação e de 
perfuração inadequada dos poços artesianos; 
- A rede de drenagem pluvial pode contaminar o solo através de perdas de 
volume no seu transporte e até por entupimento de trechos da rede que pressionam 
a água contaminada para fora do sistema de condutos. 
 
6 DISPOSITIVOS DE MICRODRENAGEM URBANA 
Os elementos principais da microdrenagem são os meios-fios, as sarjetas, as 
bocas de lobo, os poços de visita, as galerias, os condutos forçados, as estações de 
bombeamento e os sarjetões. 
 
 
a) Meio-fio 
 
São constituídos de blocos de concreto ou de pedra, situados entre a via 
pública e o passeio, com sua face superior nivelada com o passeio, formando uma 
faixa paralela ao eixo da via pública. 
Têm a função de definir os limites do passeio e do leito carroçável (rua) 
(BOTELHO, 2006, Apud ALMEIDA et al., 2017). 
 
 
 
 
 
 
 
20 
b) Sarjetas e sarjetões 
 
Fonte: 3jpisos.com.br 
Sarjetas são canais na lateral da rua. Nelas, as águas pluviais são 
transportadas para as bocas de lobo e galerias pluviais. O espalhamento, ou invasão 
do pavimento, é a largura superior da água que escoa na rua, medida a partir da guia 
ou meio-fio (SHAMMAS et al., 2013, Apud ALMEIDA et al., 2017). 
Os sarjetões e os rasgos são dispositivos de encaminhamento de fluxo 
superficiais, assim como as sarjetas. São utilizados para interligar pontos baixos 
próximos e contínuos sem a necessidade de bocas de lobo e galerias subterrâneas. 
Os sarjetões são formados pela própria pavimentação nos cruzamentos das vias 
públicas, formando calhas, que servem para orientar o fluxo das águas que escoam 
pelas sarjetas (AZEVEDO NETTO, 2015, Apud ALMEIDA et al., 2017) 
As sarjetas e os sarjetões comportam-se como canais de seção triangular. 
Geralmente, são dimensionados por critérios que não consideram sua função 
hidráulica. Deve-se determinar sua capacidade hidráulica (máxima vazão de 
escoamento) para comparação com a vazão originada da chuva de projeto e decidir 
sobre as posições das bocas de lobo que retiram essas águas da superfície das ruas 
(AZEVEDO NETTO, 2015, Apud ALMEIDA et al., 2017). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
c) Bocas-de-lobo 
 
 
Fonte: agronomos.ning.com 
São estruturas hidráulicas para captação das águas superficiais transportadas 
pelas sarjetas e sarjetões, em geral estão situadas sob o passeio ou sob a sarjeta. 
O objetivo principal desses dispositivos é minimizar o espalhamento de água 
pela rua, levando-a para as galerias (AZEVEDO NETTO, 2015; SHAMMAS et al., 
2013, Apud ALMEIDA et al., 2017). 
De acordo com Yoshizane (2003) dependendo da estrutura, localização ou do 
funcionamento, as bocas coletoras podem ser classificadas da seguinte maneira: 
 
a) Quanto a estrutura da abertura ou entrada: 
 
- Simples ou lateral; 
- Gradeadas com barras longitudinais, transversais ou mistas (boca de leão); 
 
22 
- Combinada; 
- Múltipla. 
 
b) Quanto a localização ao longo das sarjetas: 
 
- Intermediárias; 
- De cruzamentos; 
- De pontos baixos. 
 
c) Quanto ao funcionamento: 
 
- Livre; 
- Afogada. 
 
A indicação do tipo de boca coletora é de essencial importância para a 
eficiência da drenagem das águas de superfície. Para que esta opção seja correta, 
deve-se analisar diversos fatores físicos e hidráulicos, tais como ponto de localização, 
vazão de projeto, declividade transversal e longitudinal da sarjeta e da rua, 
interferência no tráfego e possibilidades de obstruções. A seguir são citadas, para 
cada tipo de boca coletora, as situações em que melhor cada um a se adapta. 
(YOSHIZANE, 2003) 
 
a) Boca coletora lateral: 
 
- Pontos intermediários em sarjetas com pequena declividade longitudinal (1 a 
5%); 
- Presença de materiais obstrutivos nas sarjetas; 
- Vias de tráfego intenso e rápido; 
- Montante dos cruzamentos. 
 
b) Boca coletor a com grelha: 
 
- Sarjetas com limitação de depressão; 
- Inexistência de materiais obstrutivos; 
 
23 
- Em pontos intermediários em ruas com alta declividade longitudinal (1 a 10%). 
 
c) Combinada: 
- Pontos baixos de ruas; 
- Pontos intermediários da sarjeta com declividade média entre 5 e 1 0%; 
- presença de detritos. 
 
c) Múltipla: 
 
- Pontos baixos; 
- Sarjetas com grandes vazões. 
 
 
d) Tubos de ligação (TL) 
 
São ligações entre as bocas de lobo e os poços de visita ou caixas de ligação. 
 
 
Fonte: aecweb.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
24 
e) Poços de visita 
 
 
Fonte: totalpavsp.com.br 
São câmaras visitáveis com a função principal de permitir o acesso às galerias 
para inspeção e manutenção (desobstrução), além de receber ligações de bocas de 
lobo. Para otimizar esses objetivos, costumam ser alocados nos pontos de reunião 
dos condutos (cruzamento de ruas), mudanças de seção, de declividade e de direção 
(AZEVEDO NETTO, 2015; BOTELHO, 2006, Apud ALMEIDA et al., 2017). 
 
f) Galerias. 
 
São as canalizações públicas destinadas a escoar as águas pluviais oriundas 
das ligações privadas e das bocas-de-lobo. 
 
g) Condutos forçados e estações de bombeamento. 
 
Quando não há condições de escoamento por gravidade para a retirada da 
água de um canal de drenagem para um outro, recorre-se aos condutos forçados e às 
estações de bombeamento. 
 
 
25 
7 SISTEMA DE DRENAGEM SUSTENTÁVEL 
 
Fonte: www.novaeradrenagem.com.br 
Perante o cenário constante de inundações, surge a necessidade de projetar 
sistemas de drenagem com maior eficiência e mais sustentáveis, visto que aumentar 
a capacidade de escoamento dos sistemas existentes seria uma solução pouco 
econômica e em condições meteorológicas extremas não resolveria o problema na 
íntegra. Face ao exposto, surge o conceito de drenagem sustentável, cujo objetivo 
principal é regenerar o ciclo hidrológico natural, através da incorporação de novas 
técnicas coma finalidade de amortecer as vazões de pico e atenuar o nível de poluição 
presente nas águas das chuvas descarregadas nos meios receptores (LOURENÇO, 
2014, Apud ONEDA, 2018). 
Ainda segundo Lourenço (2014), a drenagem sustentável visa o controle do 
escoamento superficial o mais próximo possível do local onde a precipitação atinge o 
solo – controle do escoamento na fonte. A redução do escoamento processa-se pela 
infiltração do excesso de água no subsolo, pela evaporação e evapotranspiração – 
que devolve parte da água à atmosfera – e pelo armazenamento temporário, 
possibilitando a reutilização da água ou a sua libertação lenta, após as chuvas. (Apud 
ONEDA, 2018) 
 
26 
As principais medidas de controle localizado no lote, estacionamento, parques 
e passeios são denominadas normalmente de controle na fonte e as principais 
medidas são as seguintes (TUCCI, 2007, Apud ONEDA, 2018): 
 
- Aumento de áreas de infiltração e percolação. 
- Armazenamento temporário em reservatórios residenciais ou telhados. 
 
A seguir são apresentadas algumas soluções em drenagem urbana sustentável 
que se caracterizam pelo controle na fonte. 
 
7.1 Pavimentos permeáveis 
 
Fonte: forumdaconstrucao.com.br 
Os pavimentos permeáveis são uma técnica alternativa para a gestão das 
águas pluviais em meio urbano. Distinguem-se dos pavimentos tradicionais por 
permitirem a drenagem das águas pluviais através da superfície para as camadas 
subjacentes, onde a água é armazenada temporariamente até se infiltrar no solo, ser 
reutilizada ou ser encaminhada para outro componente de drenagem (LOURENÇO, 
2014, Apud ONEDA, 2018). 
Segundo Araújo, Tucci e Goldenfum (2000), o pavimento permeável é um 
dispositivo de infiltração onde o escoamento superficial é desviado através de uma 
 
27 
superfície permeável para dentro de um reservatório de pedras localizado sob a 
superfície do terreno. Os pavimentos permeáveis são compostos por duas camadas 
de agregados (uma de agregado fino ou médio e outra de agregado graúdo) mais a 
camada do pavimento permeável propriamente dito. (Apud ONEDA, 2018) 
As vantagens desse tipo de controle são as seguintes: redução do escoamento 
superficial previsto em relação à superfície impermeável; redução dos condutos da 
drenagem pluvial; redução de custos do sistema de drenagem pluvial e da lâmina de 
água de estacionamento e passeios. As desvantagens são: a manutenção do sistema 
para evitar que fique colmatado com o tempo; maior custo direto de construção (sem 
considerar o benefício de redução dos condutos); contaminação dos aquíferos 
(TUCCI, 2007, Apud ONEDA, 2018). 
Estes pavimentos permitem uma redução de vazão da ordem de 20 a 50% e 
de volume de escoamento entre 15 e 30%. Do ponto de vista da qualidade da água, 
o efeito depurador aponta para eficiências de redução em termos de sólidos 
suspensos (entre 50 a 90%), de carga orgânica (entre 50 e 70%) e de metais pesados, 
especificamente de chumbo (entre 75 e 95 %). (ONEDA, 2018) 
 
7.2 Trincheiras de infiltração 
 
Fonte: nucleodoconhecimento.com.br 
 
28 
As trincheiras de infiltração são dispositivos pouco profundos (profundidade em 
geral não superior a um metro), de desenvolvimento longitudinal, e que se destinam a 
recolher águas pluviais perpendicularmente ao seu desenvolvimento. 
A água recolhida é posteriormente infiltrada no solo, retida na trincheira ou 
transportada até um ponto de destino final (meio receptor ou coletor). Contribuem 
significativamente para a redução do escoamento superficial e o risco de inundação, 
por promoverem o armazenamento temporário das águas pluviais e favorecerem a 
infiltração (LOURENÇO, 2014). A geometria depende da infiltrabilidade do solo e da 
própria área disponível para que se proceda à infiltração. Dependendo das condições 
locais e do volume a infiltrar, o projeto pode priorizar a infiltração, o armazenamento 
ou ambos (SILVA, 2007, Apud ONEDA, 2018). 
A principal dificuldade encontrada no uso desse tipo de dispositivo é o 
entupimento dos vazios entre os elementos pelo material fino transportado, por isso é 
recomendado o uso de um filtro de material geotêxtil. A manutenção é necessária com 
limpeza da cobertura e verificação da capacidade de armazenamento de água 
(TUCCI, 2007, Apud ONEDA, 2018). 
 
7.3 Telhado verde 
 
Fonte: weg.net 
Na busca por um desenvolvimento sustentável os telhados verdes juntamente 
com outros procedimentos podem ser incorporados nos centros urbanos com a 
 
29 
finalidade de minimizar as enchentes urbanas. Este tipo de cobertura contribui para a 
absorção das águas pluviais, pois, é capaz de escoar, em decorrência de uma 
precipitação, menos volume de água do que um telhado convencional. Consistem no 
desenvolvimento de um revestimento vegetal (plantas, flores, arbustos e/ou árvores) 
ao nível da cobertura, cultivado de forma intencional (LOURENÇO, 2014, Apud 
ONEDA, 2018). 
Segundo Baldessar e Tavares (2012), o telhado verde é composto, 
basicamente, por camadas que de cima para baixo incluem: a vegetação, substrato, 
filtro de tecido de drenagem e camadas de retenção de água, camada de proteção da 
raiz, isolamentos, impermeabilização e um terraço ou pavimento, sendo algumas 
delas opcionais. 
O armazenamento em telhados apresenta algumas dificuldades, que são a 
manutenção e o reforço das estruturas. Devido às características do clima brasileiro e 
do tipo de material usualmente utilizado nas coberturas, esse tipo de controle 
dificilmente seria aplicável à realidade brasileira (TUCCI, 2007, Apud ONEDA, 2018). 
 
7.4 Captação e utilização de águas pluviais para fins não potáveis 
 
Fonte: eosconsultores.com.br 
 
30 
 
O aproveitamento de água de chuva é composto por um sistema relativamente 
simples que se caracteriza pela coleta de água das áreas impermeáveis, geralmente 
de coberturas, seu transporte e armazenamento. Este armazenamento pode ser feito 
através de uma cisterna no piso ou diretamente na caixa d`água elevada. Usualmente 
a cisterna é utilizada quando há a necessidade de armazenamento de um volume 
muito grande de água ou quando não há altura suficiente da cobertura para a coleta 
direta das calhas até o reservatório. Da cisterna a água pode ser conduzida até um 
reservatório superior através de bombeamento ou diretamente para os pontos de 
utilização empregando um pressurizador, geralmente quando a água é utilizada 
apenas para torneiras de jardim (OLIVEIRA, et. al.,2007, Apud ONEDA, 2018). 
O aproveitamento de águas pluviais, além de promover a redução de vazão de 
descarga para o sistema de drenagem urbana, promove a redução do consumo de 
água potável. O sistema possibilita que o usuário armazene a água de chuva 
precipitada sobre a área edificada para sua posterior utilização em atividades que não 
exijam água potável, tais como irrigação de áreas verdes, lavagem de pisos e 
descarga em bacias sanitárias. Ao se utilizar água não potável para estes fins, 
economiza-se a água que foi aduzida e tratada pelo sistema público de água potável, 
a qual pode atender a um número maior de usuários com a mesma infraestrutura de 
saneamento básico instalada (JOHN e PRADO, 2010, Apud ONEDA, 2018). 
7.5 Reservatórios de detenção 
 
Fonte: solucoesparacidades.com.br 
 
31 
Essa solução exige a construção de reservatórios de detenção, que segundo 
Canholi (2014), a finalidade dessa solução é reduzir o pico das enchentes, por meio 
do amortecimento conveniente das ondas de cheia obtida pelo armazenamento de 
parte do volume escoado. Conforme Ros (2012), os reservatórios de detenção se 
caracterizam por ter volume de reservação inicial igual a zero. Desta forma, nas 
condições ideais e corretas de operação e manutenção, esses reservatórios estão 
sempre com volume zerado quando um evento de chuva se inicia. Esse reservatório 
permite o amortecimento dos picos de cheia de vazão através do armazenamento departe do hidrograma de cheia. Seu esvaziamento pode ser através de bombeamento 
ou por gravidade, ou ainda por sistema misto, porém em todos os casos de vem ser 
previstas estruturas de extravasamento de emergência. (Apud ONEDA, 2018) 
Essas soluções técnicas (retenção e aproveitamento) das águas pluviais são 
as soluções que exigem maior investimento na concepção e manutenção do sistema, 
mas muitas vezes são a solução contra enxurradas, enchentes e aproveitamento da 
água da chuva. 
 
8 DRENAGEM SUBTERRÂNEA 
A finalidade dos sistemas de drenagem subterrânea é controlar o nível de água 
do solo, removendo o excesso. Manter o nível de água desejado é importante em 
muitas áreas, como agricultura, construção civil e engenharia. Por exemplo, eles 
aumentam o rendimento das culturas de plantio, mantendo o nível da água abaixo das 
raízes, além de ajudar na segurança dos motoristas, prevenindo o acúmulo de água 
nas estradas e rodovias. O tipo de drenagem indicada para uma área depende do tipo 
de solo e pluviosidade. 
Um projeto de drenagem profunda tem como finalidade dimensionar os 
dispositivos e a especificação dos materiais que mais se adequam, para promover a 
interceptação e/ou remoção, coleta e condução das águas que vem do lençol freático 
e da infiltração superficial nas camadas do pavimento (JABOR, 2007). Segundo Silva 
(2009), é conveniente saber também que os sistemas de drenagem devem ser 
considerados para pavimentos rígidos e flexíveis, sendo assim, sua colocação deve 
 
32 
ser feita relativamente a situações que estão perfeitamente sinalizadas. (Apud 
RODRIGUES; SUZUKI, 2016) 
8.1 Dispositivos de drenagem profunda ou subterrânea 
 
Dreno Profundo 
 
 
 
Fonte: brasilferroviario.com.br 
Segundo a especificação técnica do DER (2007, Apud RODRIGUES; SUZUKI, 
2016) os drenos profundos “são dispositivos utilizados para rebaixar o lençol freático, 
em cortes em solo ou rocha, evitando que as águas subterrâneas possam afetar a 
resistência do material do sub-leito ou pavimento.” 
Estes drenos são, preferivelmente, instalados com 1,50 a 2,00 m de 
profundidade, tendo como objetivo captar e amenizar o lençol freático e, por 
consequência, proteger a estrada em si (DNIT, 2006 Apud RODRIGUES; SUZUKI, 
2016). 
 
33 
Ainda segundo o manual do DNIT (2006) é aconselhado que se instale os 
drenos profundos, naqueles terrenos planos que tenham o lençol freático próximo do 
subleito, nos trechos em corte da mesma maneira que em áreas que por ventura 
sejam saturadas próximas ao pé dos taludes. (Apud RODRIGUES; SUZUKI, 2016) 
Quanto aos materiais utilizados nesse tipo de dreno, o Manual de Drenagem 
de Rodovias do DNIT afirma que eles se divergem de acordo com suas funções, sendo 
assim colocadas: 
 
- Materiais filtrantes: areia, agregados britados, geotextil, etc. 
- Materiais drenantes: britas, cascalho grosso lavado, etc. 
- Materiais condutores: tubos de concreto (porosos ou perfurados), cerâmicos 
(perfurados), de fibrocimento, de materiais plásticos (corrugados, flexíveis perfurados, 
ranhurados) e metálicos. 
 
Com relação a esses materiais, está descrito no Manual de Drenagem de 
Rodovias do DNIT (2006) que o material da vala pode ser drenante ou filtrante, sendo 
que a função do filtrante é permitir que a água escoe sem conduzir finos, 
consequentemente evitando a colmatação do dreno. Materiais naturais com 
granulometria apropriada ou geotêxteis também poderão ser utilizados. Já a função 
do material drenante é a captação e condução das águas para serem drenadas, 
apresentando então uma granulometria adequada à vazão escoada. (Apud 
RODRIGUES; SUZUKI, 2016) 
Já os tubos devem ser constituídos de concreto, cerâmica, plástico rígido ou 
flexível corrugado, e metálicos podendo ainda ser perfurados, no canteiro de obras, 
com diâmetros maiores do que os comerciais, que têm variação de 10 a 15 cm. 
Quanto a localização dos drenos profundos, aponta-se que devem ser 
instalados nos locais que tenham a necessidade de interceptar e rebaixar o lençol 
freático, normalmente nas imediações dos acostamentos. Para que no futuro não 
ocorra problemas de instabilidade nos trechos de corte, é recomendado que seja 
instalado com, no mínimo, 1,50m de distância do pé dos taludes (DNIT, 2006 Apud 
RODRIGUES; SUZUKI, 2016). 
 
34 
No que diz respeito aos elementos de projeto, os drenos profundos são 
constituídos por vala, material drenante e filtrante, podendo apresentar tubos-dreno, 
juntas, caixas de inspeção e estruturas de deságue (DNIT, 2006). Além disso, o 
Manual do DNIT (2006) também especifica que no caso de drenos com tubos podem 
ser utilizados envoltórios drenantes ou filtrantes feitos de materiais sintéticos ou 
naturais. (Apud RODRIGUES; SUZUKI, 2016) 
Com relação as valas, podem ser abertas manual ou mecanicamente, com o 
fundo tendo pelo menos 50 cm de largura e, na parte superior, um mínimo de 60 cm. 
Sua profundidade dependerá do quão profundo será o lençol freático, que deverá 
manter-se dentro dos limites já mencionados (SENÇO, 2001). 
 
 
Espinha de Peixe 
 
 
 
Fonte: principo.org 
Os drenos do tipo Espinha de Peixe são drenos destinados à drenagem de 
grandes áreas, pavimentadas ou não, normalmente usados em série, em sentido 
http://principo.org/
 
35 
oblíquo em relação ao eixo longitudinal da rodovia ou área a drenar (DNIT, 2006 Apud 
RODRIGUES; SUZUKI, 2016). 
Eles são construídos com uma linha principal, da qual saem drenos 
transversais, inclinados de ângulo geralmente diferentes de 90 graus. (SENÇO, 2001) 
Na maioria das vezes, de acordo com o Manual de Drenagem de Rodovias do 
DNIT (2006), eles possuem profundidade pequena, sendo assim não utilizam tubos, 
embora eventualmente ocorra o contrário e quando os drenos longitudinais não 
satisfizerem a drenagem da área, podem ser exigidos em cortes. Além disso, os 
drenos Espinha de Peixe poderão ser feitos em terrenos onde o lençol freático esteja 
próximo da superfície e que receberão aterros, também podendo ser necessários em 
aterros que não tenham o solo natural permeável. (Apud RODRIGUES; SUZUKI, 
2016) 
 
 
Colchão Drenante 
 
 
 
Fonte: diprotec.com.br 
 
 
 
36 
 
Os Colchões Drenantes são aplicados em diferentes situações, sendo elas: 
 
- Cortes em rocha; 
- Cortes em que o lençol freático estiver junto ao greide da terraplanagem; 
- Na base dos aterros onde existir água livre junto ao terreno natural; 
- Em aterros construídos em terrenos impermeáveis; 
 
Para remover as águas coletadas pelos colchões drenantes, o DNIT (2006) 
aconselha usar drenos longitudinais. (Apud RODRIGUES; SUZUKI, 2016) 
 
 
Dreno Sub-Horizontal 
 
 
Fonte: solotrat.com.br 
 
Conforme descreve o DNIT (2006), os drenos sub-horizontais são usados no 
projeto de drenagem rodoviária com a finalidade de prevenir e corrigir os 
escorregamentos onde a causa principal da instabilidade é a elevação do lençol 
freático ou do nível piezométrico de lençóis confinados. Quando acontecem 
escorregamentos de grandes proporções, na maioria das vezes essa é a única 
solução econômica a se aplicar. (Apud RODRIGUES; SUZUKI, 2016) 
 
37 
 
Quanto a sua constituição, o Manual de Drenagem de Rodovias do DNIT (2006 
Apud RODRIGUES; SUZUKI, 2016) descreve que: 
 
São constituídos por tubos providos de ranhuras ou orifícios na sua parte 
superior, introduzidos em perfurações executadas na parede do talude, com 
inclinação próxima à horizontal [...] estes tubos drenam a água do lençol ou 
lençóis, aliviando a pressão nos poros. Considera -se mais importante que o 
alívio da pressão a mudança da direção do fluxo d'água, orientando-se assim 
a percolação para uma direção que contribui para o aumento da estabilidade. 
 
Referindo-se a elementos de projeto, para se fazer o tipo de dreno em questão, 
é necessário que inicialmente se caracterize geotecnicamente, utilizando-se de 
sondagens adequadas,o maciço, para depois verificar em que caso se enquadra o 
material do talude. Para tal, existem três situações: 
- Rochas ou solos heterogêneos com relação à permeabilidade, onde a 
drenagem tem o objetivo de capturar a maior quantidade possível de veios ou bolsões 
permeáveis. Neste caso, se faz necessário que existam rochas sedimentares ou 
metamórficas fraturadas. É importante também que o sistema de fraturamento e as 
direções das fraturas sejam levantados, levando em consideração que a direção dos 
drenos deve interceptar cada família de fraturas, acumulando o maior número possível 
das mesmas interceptadas por dreno. Em alguns casos, pode ser que haja a 
necessidade de dispor os drenos em forma de leque, dispondo-os em apenas um 
ponto da superfície do talude, em um ou vários locais. 
- Materiais essencialmente homogêneos com relação à permeabilidade, 
podendo-se utilizar ábacos existentes para estimar inicialmente o número, 
espaçamento e comprimento dos drenos, para então atingir a redução almejada das 
poro-pressões. 
- Escorregamentos relativamente "impermeáveis" cobrindo formações mais 
permeáveis e saturadas, com nível piezométrico elevado, em que o comprimento dos 
drenos deve ser de forma que a camada saturada de alta permeabilidade se intercepte 
no decorrer de um trecho perfurado do tubo, com comprimento razoável. Deve-se 
ainda considerar a necessidade de utilizar o dreno que tenha o trecho perfurado 
 
38 
somente na camada mais profunda, a fim de não se irrigar camadas mais superficiais, 
não saturadas, com a água que passa pelo tubo sob pressão. 
 
 
Dreno Vertical 
 
 
 
Fonte: sites.google.com 
Entre o vasto conjunto de soluções do problema de execução de trechos 
rodoviários com aterros sobre depósitos de solo mole, que vão desde a remoção do 
solo por escavação ou deslocamento até as técnicas construtivas, estão os drenos 
verticais de areia, drenos cartão e os drenos fibro-químicos. Para que se tenha 
conhecimento de qual a solução mais favorável econômica e tecnicamente, deve-se 
primeiro fazer um amplo estudo de campo e laboratorial, além de comparar 
criteriosamente os custos envolvidos (DNIT, 2006 Apud RODRIGUES; SUZUKI, 
2016). 
Levando em conta o ponto de vista técnico-econômico, de acordo com o DNIT 
(2006), a garantia da estabilidade dos aterros construídos em cima dos depósitos de 
argila mole saturada pode, na maioria das vezes, ser alcançada com pré-
adensamento ou com o uso da velocidade de compressão controlada, utilizando, 
algumas vezes, uma sobrecarga que vai contribuir para o aumento da resistência ao 
cisalhamento e, consequentemente, atender ao equilíbrio do maciço, depois de 
reduzir os recalques pós-construtivos. (Apud RODRIGUES; SUZUKI, 2016) 
 
39 
Apesar disso, existem situações em que os depósitos de solos compreensíveis, 
além de espessos, são de baixa condição de permeabilidade. Isso faz com que o 
adensamento se torne muito lento, o que torna recomendável o emprego de drenos 
verticais de areia ou drenos fibroquímicos, a fim de acelerar esse processo. 
O DNIT (2006) aponta que os drenos verticais de areia constituem basicamente 
na execução de furos verticais que penetram a camada de solo compressível, onde 
se é instalado cilindros com boa graduação e material granular. Com isso, a 
compressão consequente tira a água dos vazios do solo e junto ao fato de que a 
permeabilidade horizontal é, geralmente, menor que a vertical, reduz o tempo de 
drenagem. (Apud RODRIGUES; SUZUKI, 2016) 
 
9 PLANO DIRETOR DE DRENAGEM URBANA 
 
 
Fonte: riachosurbanos.blogspot.com 
Os sistemas de drenagem urbana, abastecimento de água, esgotamento 
sanitário, coleta de resíduos sólidos e controle da poluição e de vetores constituem a 
32 infraestrutura de saneamento básico de uma cidade, prioritários em programas de 
saúde pública. Dessa forma, o grande desafio de um plano de águas pluviais, além 
de propor soluções para a redução dos riscos de inundação e de contaminação dos 
recursos hídricos, é se integrar aos serviços de saneamento, tanto no plano 
 
40 
institucional como no técnico, com a efetiva implantação das medidas propostas 
(ROCHA, 2014, Apud Oneda, 2018). 
Os Planos Diretores de Drenagem Urbana (PDDU) ou, mais recentemente, 
Planos de Manejo de Águas Pluviais (PMAP), surgem como elemento central da 
gestão drenagem urbana. Esses planos estabelecem as diretrizes para a gestão das 
águas pluviais em uma bacia hidrográfica e visam, fundamentalmente, reduzir o 
volume de escoamento, velocidade, taxas, frequência e duração dos alagamentos. 
Estas medidas são uma tentativa de minimização dos efeitos adversos ao meio 
ambiente, especialmente dos aspectos quali-quantitativos dos corpos d’água 
receptores, com consequente redução de perdas econômicas, melhoria das 
condições de saúde da população e meio ambiente da cidade (VILLANUEVA, et.al., 
2011, Apud Oneda, 2018). 
O Plano Diretor de Drenagem Urbana (PDDU) é o conjunto de diretrizes que 
determinam a gestão do sistema de drenagem, minimizando o impacto ambiental 
devido ao escoamento das águas pluviais. Na elaboração do PDDU deve ser mantida 
a sua coerência com as outras normas urbanísticas do município, com os instrumentos 
da Política Urbana e da Política Nacional de Recursos Hídricos (PARKINSON, et. al., 
2003, Apud Oneda, 2018). 
O planejamento urbano (ou a falta dele) afeta diretamente a qualidade e a 
quantidade dos recursos hídricos, pois pode propiciar a produção de poluição difusa, 
impermeabilização do solo, promover ações estruturais que causam enchentes, 
propiciar a ocorrência de erosão e assoreamento, dentre outros. O gerenciamento 
inadequado das águas no ambiente urbano e da urbanização pode levar a muitos 
problemas, colocando em risco vidas humanas, modos de vida e propriedades (ICLEI 
BRASIL, 2011). Neste contexto, os instrumentos de controle do uso e ocupação do 
solo são ferramentas fundamentais para o desenvolvimento urbano de forma 
sustentável e deveriam ser utilizados de forma a complementar os instrumentos 
previstos na Política Nacional de Recursos Hídricos (ZAHED FILHO, MARTINS e 
PORTO, 2012, Apud Oneda, 2018). 
 
41 
Tucci (2003, Apud Oneda, 2018) afirma que para implementar medidas 
sustentáveis na cidade é necessário desenvolver o Plano Diretor de Drenagem 
Urbana. O Plano se baseia em princípios: 
(a) os novos desenvolvimentos não podem aumentar a vazão máxima de 
jusante; 
(b) o planejamento e controle dos impactos existentes devem ser elaborados 
considerando a bacia como um todo; 
(c) o horizonte de planejamento deve ser integrado ao Plano Diretor da cidade; 
(d) o controle dos efluentes deve ser avaliado de forma integrada com o 
esgotamento sanitário e os resíduos sólidos. 
O déficit na drenagem urbana está relacionado a vários aspectos técnicos, 
legais, sociais, financeiros e culturais, relacionados à realidade local, os quais 
dificultam a adoção de novos conceitos. Desta forma, o desenvolvimento de planos 
integrados (especialmente os de saneamento básico e desenvolvimento urbano) 
esbarra em problemas como o baixo nível de controle sobre a expansão urbana e a 
deficiência da informação da população (SOUZA, et.al., 2013, Apud Oneda, 2018). 
Segundo Canholi (2013), no Brasil, salvo exceções, o projeto dos sistemas de 
drenagem urbana ainda é realizado seguindo os conceitos clássicos, em muito já 
superados. Cidades como São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, 
buscam há alguns anos introduzir esses novos conceitos a partir da revisão de seus 
planos diretores e da atualização do corpo técnico das prefeituras e órgãos estatais. 
(Apud Oneda, 2018) 
Conforme Souza, Cruz e Tucci (2012), a abordagem atualmente adotada para 
o manejo de águas em meio urbano tem acarretado em prejuízos financeiros, 
ambientais, estéticos, à saúde e, sobretudo, à qualidade de vida da população. 
Em contrapartida, experiênciasrecentes em outros países têm apresentado 
soluções mais próximas à sustentabilidade, por meio de planejamento e de 
tecnologias que reconhecem ecossistemas como mecanismos de controle e 
tratamento de águas pluviais de forma difusa e integrada às demais atividades 
 
42 
urbanas. O crescimento urbano de cidades brasileiras encontra-se ainda alicerçada 
na impermeabilização massiva de áreas e canalizações artificiais, ampliando a 
escassez de água em função da baixa eficiência dos sistemas hídricos, 
contaminações e baixo grau de reaproveitamento de água. Na última década, no 
entanto, algumas poucas municipalidades começaram a alterar sua forma de gerir o 
sistema de drenagem para a utilização de estruturas de armazenamento, casos, por 
exemplo, de Porto Alegre, São Paulo, Curitiba e Santo André (SOUZA, CRUZ e 
TUCCI, 2012, Apud Oneda, 2018). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 
 
ALMEIDA, Gustavo Henrique Tonelli Dutra de et al. Hidrologia e Drenagem. 
Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S. A., 2017. 200p. ISBN 978-85-8482-
863-0. 
 
DNIT. Brasil. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Diretoria de 
Planejamento e Pesquisa. Coordenação Geral de Estudos e Pesquisa. Instituto de 
Pesquisas Rodoviárias. Manual de drenagem de Rodovias- 2. ed. - Rio de Janeiro, 
2006. 
 
ONEDA, Tânia Mara Sabben. Planos Diretores de Drenagem Urbana: Uma Análise 
Comparativa Entre Planos de Países Desenvolvidos e Em Desenvolvimento. 
Orientador: Dra. Virgínia Grace Barros. 2018. 135 p. Dissertação (Mestrado em 
Engenharia Civil) - Universidade do Estado de Santa Catarina, Joinville, 2018. 
 
POMPÊO, Cesar Augusto. Drenagem Urbana Sustentável. RBRH: Revista 
Brasileira de Recursos Hídricos, Florianópolis, v. 5, n. 1, p. 15-24, jan/mar 2000. 
 
RODRIGUES, Caroline Gisela Salomão; SUZUKI, Cássio Yudi Omori. DRENAGEM 
EM RODOVIAS: DRENAGEM PROFUNDA OU SUBTERRÂNEA. Orientador: 
Marcelo Botini Tavares. 2016. 21 p. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em 
Engenharia Civil) - UNITOLEDO, São Paulo, 2016. 
 
SENÇO, Wlastermiler De. Manual de técnicas de pavimentação: volume 2. 1 ed. São 
Paulo: Pini, 2001. 671 p. 
 
 
44 
SILVEIRA, André Luiz Lopes da. Drenagem Urbana: Aspectos de Gestão. 1. ed. Rio 
Grande do Sul: Instituto de Pesquisas Hidráulicas Universidade Federal do Rio 
Grande do Sul, 2002. 
 
TUCCI, Carlos E. M. Gerenciamento da Drenagem Urbana. RBRH: Revista 
Brasileira de Recursos Hídricos, Porto Alegre - RS, v. 7, n. 1, p. 5-27, jan/mar 2002. 
 
YOSHIZANE, Hiroshi Paulo. Hidrologia e Drenagem. São Paulo: Universidade 
Estadual de Campinas - UNICAMP, 2003.

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