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Introdução A fundição é o processo pelo qual o padrão em cera da restauração odontológica é convertido em uma cópia exata em metal. Antes de ser confeccionada a coroa metálica através das ligas metálicas vistas no resumo anterior, faz- se primeiro os padrões em cera, que são coroas de cera com toda a anatomia do dente que for necessária. Para fazer uma fundição, não se faz simplesmente o derretimento do metal e ele assume o formato bonitinho. Primeiro é preciso ter um protótipo, que é o padrão em cera, para que, por meio dele, seja feita a substituição da cera pelo metal. Esse padrão de cera tem que ser exatamente igual à prótese ou outras estruturas que se desejar fazer, pois qualquer erro contido nele irá passar para a fundição de metal, que é mais difícil de corrigir. Função do Processo de Fundição A função do processo de fundição é a confecção de vários tipos de restaurações odontológicas, como: • Inlays; • Onlays; • Coroas totais fundidas; • Coroas metalocerâmicas; • Próteses parciais. Técnica de Fundição É preciso ter muito cuidado com cada etapa da técnica de fundição, desde o preparo cavitário (que seria expulsivo, pois é preciso fazer a prótese de material rígido, que é o metal, que não conseguiria entrar se o preparo fosse retentivo), passando pela seleção do material para a moldagem (que devem ser flexíveis para permitir um bom detalhamento), pelo gesso para confecção do modelo, pela escolha da liga (analisar se o paciente tem alergia, se a prótese é metalocerâmicas ou só metálica...) e, por fim, pela fundição propriamente dita. Preparo do Troquel Mestre A seguir, observa-se um modelo de gesso bem detalhado, se nenhum excesso de gesso ou outras falhas. Em seguida temos um modelo de gesso todo recortado, onde se tem os troqueis individuais. A partir desses modelos são feitos os copings, que se encaixam no preparo do dentes, são cimentados e depois recobertos por cerâmica Se houver qualquer erro na moldagem, a parte metálica que recobre internamente o preparo (coping), no caso das metalocerâmicas, que se ajusta ao modelo confeccionado, não irá se encaixar no preparo feito no paciente, visto que o modelo confeccionado não reflete corretamente o procedimento feito no paciente. Isso gera uma grande perca de tempo, visto que muitas vezes é necessário retomar todo o processo do zero. Por consequência, o paciente acaba sendo prejudicado, já que a prótese confeccionada promove uma grande diferença estética e o atraso decorrido implica na demora para confecciona-la. Se a prótese confeccionada entrar justamente no modelo feito pelo cirurgião dentista e não entrar de forma adequada no paciente, o problema está na moldagem feita pelo dentista e não em algum erro cometido pelo protético. Confecção do Padrão de Cera (Enceramento) O padrão de cera é o modelo final da restauração dentária em cera. Portanto, ele é uma cópia fiel do que será Mecanismos de Fundição a peça metálica/prótese do paciente. Ele é feito com uma cera mais dura, chamada de cera sprue, que é indicada para confeccionar o padrão de cera e o conduto de alimentação. Essa será é depois substituída pelo metal, que irá ficar exatamente como a cera plastificada (padrão de cera). Por exemplo, se no padrão de cera tiver uma bolha, na confecção da prótese metálica também irá ficar essa bolha. A confecção do padrão de cera é feita a partir de um modelo/troquel, que foi obtido através da moldagem de um preparo desenvolvido no dente do paciente. Esse padrão pode ser feito através do troquel do dente, utilizando técnicas diretas, como no caso de inlays e onlays (coisas pequenas), ou pode ser feito de forma indireta, utilizando modelos de gesso (casos de peças maiores), o que se emprega em procedimentos que são mais cansativos para o paciente e, por conta disso, são feitos em laboratório. É importante saber que embora a cera seja o material ideal para se confeccionar esse padrão, ela também sofre distorção e escoamento. Por conta disso, deve-se saber trabalhar bem com a cera durante a confecção dos padrões. A Fundição da cera pode ser feita e várias formas. Em alguns casos pode ser feita diretamente na chama e em outros se utiliza a derretedora de cera (imagem acima). Conduto (Canal) de Alimentação Nas imagens a seguir é possível observar os padrões de cera de um canino, de um pré-molar e de um molar (imagem da direita) e os condutos ou canais de alimentação (imagem da esquerda). A palavra “alimentação” decorre do fato de que é através desses condutos que a liga metálica derretida, que chega nas coroas de cera e as transformam em coroas metálicas. Ou seja, o pino/conduto/canal de alimentação forma um canal pelo qual o metal derretido irá percorrer até formar a restauração metálica. Esses condutos podem ser pré-fabricados e possuírem diversos tamanhos, de pequeno, médio a grande, que se adequam ao tipo e da quantidade de dentes. Por exemplo, se o padrão de cera for de um molar ou de uma ponte fixa com três dentes, utiliza-se um conduto médio. Além disso, esses pinos podem ser de cera, plástico ou de metal. Também é importante que eles não sejam nem muito longos e nem muito estreitos, além de deverem conter um alargamento central. Depois que os padrões de cera estão fixados sobre os pinos, derrete-se a estrutura, de forma que o formato interno acaba sendo um túnel com o formato do padrão de cera e do canal de alimentação. Com isso, a liga metálica derretida preenche o espaço no mesmo formato do canal de alimentação e do padrão de cera. Procedimento de Inclusão O procedimento de inclusão é o ato de fixar o padrão de cera na base para cadinho e preencher com o revestimento, o que é muito importante para se obter uma fundição de sucesso. Na imagem ao lado, bem como na porção inferior da imagem da direita vista anteriormente, temos a base para cadinho. Nessa base é colocada a parte central, que contém o canal de alimentação e o padrão de cera. Após isso, nessa base para cadinho é posto um anel de silicone ou metálico e se preenche com um material rígido: o revestimento. Quando o revestimento endurecer, coloca-se no forno para derreter a cera e se obter o formato exato do padrão de cera e do conduto de alimentação. É nesse espaço vazio que a centrífuga irá empurrar o metal derretido que, quando resfriado, resulta na peça metálica. O revestimento deve ser vazado lentamente no anel de fundição, tomando-se o cuidado para fluir o revestimento em torno do padrão de cera, sem formar bolhas ou deixar lacunas. Esse procedimento pode ser feito no espatulador a vácuo ou no vibrador. Quando for feito manualmente, utiliza-se o vibrador para retirar as bolhas. Forros Para Anéis de Fundição Coloca-se na face interna do anel de fundição uma espécie de papelão, chamado de papel cerâmico (que contém um pouco de amianto). Ele é importante para ajudar na expansão do revestimento durante a presa e a queima. O forro deve ser umedecido com água, antes da adição do revestimento, para não roubar a água dele e o proteja da perda de água. (A função seria proteger contra a perda de água). Expansão do Revestimento Após a inclusão do revestimento, o anel de fundição pode ser deixado em repouso por 45 minutos, até a presa do revestimento. O revestimento deve expandir o suficiente para compensar a contração do metal fundido (é justamente por isso que ele não deve perder água). Sem esta compressão a fundição seria muito pequena e não teria adaptação adequada no troquel e, especialmente, no dente. No forno, o padrão de cera e o conduto irão derreter e descer para a base pra cadinho, formando um espaço vazio no interior do preenchimento (resultando em um molde). A liga metálica será fundida e colocada numa centrífuga. Esta, por sua vez, irá girar e empurrar a ligametálica em alta temperatura para dentro do espaço vazio (para dentro do molde). Essa capacidade de expansão do revestimento permite que a liga inserida ocupe um espaço um pouco maior do que o original, o que é compensado pela contração do metal conforme se esfria. Todos os metais utilizados para fundição (as ligas metálicas) contraem quando são resfriados (quando passam de altas temperaturas até a temperatura ambiente). Essa contração varia de 1% a 2,5%. É exatamente esse encolhimento da liga que deve ser compensado através do revestimento, que deve expandir de 1% a 2,5%. Esse revestimento possui três formas de expansão: Expansão hidroscópica – O material expande no momento em que a água é colocada no pó; Expansão de presa – Ocorre quando o material toma presa no anel metálico/de silicone; Expansão térmica – Ocorre dentro do forno e quando recebe a liga fundida. O somatório desses três tipos de expansão faz com que o revestimento expanda de 1% a 2,5%. Com isso, o metal irá entrar em um espaço de 1% a 2,5% maior e, quando contrair, ficará do tamanho exato da prótese do dente. Queima A seguir é possível observar dois fornos: um para ligas metálicas (esquerda) e outro para porcelana (direita). Após a presa do revestimento, o anel de fundição é colocado no forno para a queima do padrão de cera e do pino de alimentação. O resultado dessa queima é o conduto deixado no revestimento pelo padrão de cera e pelo pino de alimentação, fornecendo o espaço por onde o metal derretido irá fluir. Além disso, esse processo de queima favorece a expansão térmica do revestimento. Procedimento de Fundição O procedimento de fundição é realizado em uma centrífuga de fundição. Nas imagens a seguir é possível observar alguns tipos de centrífugas. Esse equipamento está baseado no princípio da força centrífuga, onde o metal derretido pode ser acelerado para fora, ao ser rotacionado rapidamente, sendo direcionado para o interior do espaço deixado no revestimento. Esse processo de levar o metal derretido para dentro do espaço no revestimento dura menos de 1 segundo. Em virtude da velocidade em que se dá esse processo, as centrífugas devem atual sempre fechadas. Na imagem ao lado se observa uma centrífuga de túnel. Nesse caso é necessário fazer um túnel de alvenaria ou alguma coisa do tipo para coloca-la dentro, de forma que, quando ela girar, não respingue a liga metálica. O cadinho de cerâmica é diferente da base pra cadinho. É nele que se coloca a liga metálica e, com o maçarico, ela é derretida. Depois disso, solta-se uma trave e a centrífuga começa a girar e impulsionar o metal para dentro do espaço do revestimento. A importância desse cadinho ser de cerâmica é porque se trata de um material que resiste a altas temperaturas. O anel, que pode ser metálico ou de silicone, fica travado na estrutura com a abertura por onde a cera é retirada virada para o cadinho. No momento em que a liga estiver derretida, solta-se a trave da centrífuga e ela irá girar rapidamente, empurrando a liga para dentro. No esquema a seguir temos a estrutura do cadinho ligado com o anel de revestimento, que contém o material de revestimento e o espaço do pino e do padrão de cera. Nessa parte que remete a um quadrado é possível observar o material de revestimento e o espaço presente em seu interior. Logo de início o espaço se assemelha à base pra cadinho, sem seguida temos o espaço do pino de alimentação e, por fim, o espaço do padrão de cera, que geralmente fica inclinado a 45°. Quanto ao derretimento da liga, o metal deve ser aquecido no cadinho de cerâmica, que é resistente ao calor e um fundente pode ser adicionado para assegurar que o metal derreta sem a formação excessiva de óxidos, o que alteraria a qualidade final da fundição, deixando-a muito escura (deve-se ter a cor original da liga). O metal é aquecido com o auxílio de um maçarico convencional ou elétrico e, ao término do preparo, após esfriar, o revestimento é quebrado e a fundição é lavada com água. Depois de confeccionada a peça metálica, cortasse o cabinho e fica só com a coroa. Decapagem Mesmo com a aplicação do fundente, as altas temperaturas fazem com que a peça metálica fique escura. Por conta disso, torna-se necessário que ela passe pelo processo de decapagem. A decapagem é a remoção da camada de óxidos presente em uma restauração recém fundida através de uma solução ácida. A decapagem pode ser feita em uma máquina onde se coloca ácido sulfúrico por 5 a 10 segundos ou com jato de areia (imagem ao lado). Também existe outro aparelho, que pinça a peça metálica (que era o pino de alimentação com o padrão de cera) e mergulha em ácido sulfúrico por cinco a dez segundos. Acabamento No processo de acabamento de peça protética geralmente se remove o pino de alimentação metálico, deixando apenas o padrão de cera em metal. Geralmente isso é feito com o disco de carborundum ou disco metálico. Em seguida é feito o acabamento com pedras de carborundum e o polimento com peças de borracha. Isso é necessário para que o local que sofreu o corte fique bem arredondado, com o contorno exato da superfície dental da peça protética. Resumindo, esse processo é feito com as seguintes etapas: Remoção do pino de alimentação (disco de carborundum ou metálico); Acabamento com pedras de carborundum de granulação verde ou branca; Polimento dom peças/discos de borracha abrasivos, pasta rouge com rodas de feltro ou de pano ou similares. Sequência Técnica Para Fundição Neste caso, vamos fazer de conta que a peça protética é de um terceiro molar. Com isso, é feito a moldagem da hemiarcada, recorta-se o molar e faz um troquel. No troquel temos o preparo do dente do paciente que foi moldado. Esse preparo é preenchido com cera, formando o padrão de cera. Após isso, o pino de alimentação é fixado com cera na base pra cadinho e o padrão de cera é fixado, com cera, com a oclusal voltada pra baixo, numa angulação de 45°. A bolinha presente nesse pino serve para que o metal seja impulsionado com mais força para dentro. Depois de fixado o pino e o padrão de cera, coloca- se o anel, que pode ser de silicone ou metálico, e o preenche, com cuidado, com o revestimento, processo denominado de inclusão. (toda a parte do pino e do padrão de cera fica dentro do revestimento). Após o revestimento tomar presa, a base para cadinho é retirada (para que a cera possa escorrer) e o conjunto é levado para o forno, onde a cera é derretida. Com o derretimento da cera, o revestimento fica com um espaço vazio em seu interior. Com isso, coloca-se a liga metálica derretida em uma centrífuga e preenche-se todo o espaço vazio com o metal. Terminada essa etapa, o anel é retirado, quebra-se o revestimento e retira-se a peça metálica. A partir disso se inicia a decapagem, em que se deixa o pino para que possa ser pinçado e faz-se a aplicação do ácido sulfúrico ou o jateamento de areia ou de óxido. Pós isso o pino metálico é cortado, deixando-se apenas a coroa metálica e se realiza o acabamento e polimento. Por fim, faz-se a prova na boca do paciente. Causas de Falhas nas Fundições É crucial que haja um aquecimento correto da liga, por tanto, é importante saber a temperatura exata em que a liga é fundida. Não pode ser a mais e nem a menos. Se a liga for aquecida menos que o necessário, ela irá ficar mais viscosa e não irá preencher completamente o fino espaço do pino de alimentação e do padrão de cera, resultando na falta de detalhamento e na presença de bolhas. Também se o aquecimento for feito além do necessário irá ocorrer falhas no processo de fundição. Nesse caso, corre-se o risco de haver a fratura do revestimento, promovendo o vazamento da liga.
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