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Tocqueville, pensador francês, século XIX Principais obra: Democracia na América Visita aos Estados Unidos, no início do século XIX e escreve essa obra que se tornou clássica. O que mais o impressionou nos Estados Unidos foi a igualdade de condições e o forte associativismo da sociedade civil naquele país. Pg. 169 “ A América é o país do mundo onde mais se tirou partido da associação e onde este poderoso meio de ação se aplicou a uma grande diversidade de objetivos... As pessoas se associam com objetivos de segurança pública, comércio e industria, moral e religião”. Filiação político-ideológica: liberal conservador LIBERALISMO: Afirmação das liberdades individuais; Rejeição de todas as “amarras“ que limitam a liberdade do indivíduo e sua ação racional para determinar seu próprio destino pessoal, sejam tais amaras vindas do Estado ou da sociedade, ou seja, supõe-se a existência de um indivíduo isolado e autônomo (sem constrangimentos de qualquer ordem, pessoal, religiosa, societária). O “social” enquanto esfera distinta do indivíduo não existe. A sociedade nada mais é do que a soma dos indivíduos Ação individual: movida pelo interesse e pela racionalidade Principais traços do pensamento conservador Rejeição da mudança social, vista sempre como uma ameaça ao status quo, porque pode destruir valores caros ou importantes à ordem presente. Para alguns autores como, por exemplo, Augusto Comte e seu seguidor, Durkheim, pais fundadores da Sociologia, a ameaça que a moderna sociedade industrial trouxe para ordem social, foi o individualismo exacerbado e a competição desenfreada gerando um quadro que Durkheim definiu como anomia social,ou seja, de falta de solidariedade entre os membros da sociedade, de coesão social. Para Tocqueville, a modernidade trouxe avanços, mas também grandes ameaças Duas grandes ameaças trazidas pelas mudanças sociais preocupam Tocqueville: 1. A igualdade crescente da condição social, processo irreversível e inevitável que poderia gerar a seguinte ameaça : a tirania da maioria que poderia vir a tirar a liberdade das minorias. “É da essência dos governos democráticos que o domínio da maioria seja absoluto; porque nas democracias não há nada que resista fora da maioria”(pg.171). 2. Individualismo, ou seja, o interesse apenas pela vida privada pode gerar a ameaça da servidão, ou seja, o individualismo é o caminha seguro para a servidão. Eis afirmações de Tocqueville( com críticas ao individualismo), feitas há quase 200 anos, mas que permanecem atuais Pg. 179: “A igualdade produz duas tendências: uma leva os homens diretamente à independência e pode empurrá-los para a anarquia. A outra os conduz para um caminho mais longo, mais secreto, mas mais seguro: a servidão”(...) Pg. 180”Tento imaginar sob quais novas feições o despotismo poderia se produzir no mundo: vejo uma massa inumerável de homens semelhantes e iguais que se voltam para si mesmo em busca de prazeres pequenos e vulgares com os quais preenchem sua alma. Cada um deles, refugiando-se à parte, e como um estrangeiro ao destino de todos os demais: seus filhos e amigos particulares constituem para ele toda a espécie humana; quanto ao restante de seus concidadãos, está ao lado deles mas não os vê, toca-os e não os sente; ele não existe senão em si mesmo e para si mesmo e, se lhe resta ainda uma família, pode-se no mínimo dizer que ele não tem mais pátria Contribuições de Tocqueville para o pensamento político e as repúblicas contemporâneas 1. Remédio para a tirania da maioria: organização da sociedade civil como forma de defesa das liberdades políticas. “Em nossa época, a liberdade de associação se tornou uma garantia necessária contra a tirania da maioria acho que a onipotência da maioria é um perigo tão grande para as repúblicas americanas que o recurso perigoso empregado para limitá-la”(p.171) 2. Defesa da descentralização do poder (diferenciando centralização governamental de centralização administrativa) P. 168: “não consigo conceber que uma nação possa viver nem sobretudo prosperar sem uma forte centralização governamental(que constitui o poder soberano)... Mas, penso que a centralização administrativa serve somente para enfraquecer os povos que a ela se submetem, pois ela tende a diminuir entre eles o espírito da cidadania. Tocqueville (liberal conservador) e Stuart Mill (liberal democrático): contemporâneos e interlocutores Formulação semelhante à de Stuart Mill,com relação à participação política da classe trabalhadora: direito de votar e ser votado; de formar partidos e outras organizações políticas. “Ser deixado de fora da Constituição é um grande desencorajamento para um indivíduo e ainda maior para uma classe... O ponto máximo de efeito revigorante da liberdade somente é alcançado quando o indivíduo por ela ativado tornou-se, ou está procurando tornar-se, um cidadão de privilégios plenos quanto qualquer outro... Ele aprende a se sentir como parte do público e a fazer do interesse público o seu interesse”( Mill, 222-223). “O alimento do sentimento é a ação... Deixe uma pessoa sem nada a fazer por seu país e ela não se interessará por ele. Há muito se tem dito que num despotismo existe no máximo apenas um patriota, o próprio déspota; tal ditado se baseia numa apreciação justa dos efeitos da sujeição absoluta, mesmo que seja a sujeição a um bom e sábio mestre...(, Mill pg.218) Stuart Mill(1806-1873): aspectos a destacar em sua obra política Contexto histórico de sua obra; Inglaterra, século XIX Transformações econômicas e sociais: 1.Generalização da economia mercantil; 2.Expansão da sociedade urbana e industrial 3.consolidação da burguesia industrial 4. Emergência do proletariado urbano: miséria, desemprego Transformações políticas: Expansão gradativa da participação política( direito de voto da classe trabalhadora; homnes adultos). Principais contribuições de Stuart Mill: 1. Noção de democracia ampliada ou de liberalismo democrático Participação política não pode ser privilegio de poucos Mill despe o liberalismo de seu ranço conservador e incorpora em sua agenda todo o elenco de reformas( do sufrágio universal à emancipação da mulher) Ampliação da participação política através da expansão do direito de voto(proporcional e plural) e da formação de partidos que exprimam a heterogeneidade existente na sociedade( de interesses, de crenças, valores, gostos etc.).Incorporar os segmento populares não é uma forma de acomodar-se ao inevitável, mas sim a única via possível para salvar a liberdade inglesa de ser presa dos interesses egoístas da classes altas e médias. 2. Noção de democracia utilitarista: o critério último de avaliação de um governo é a garantia do bem estar de todos Liberdade --- Diversidade – Verdade ou Democracia ---- Desenvolvimento social Não devem existir párias em uma sociedade adulta e civilizada “Só pela diversidade de opiniões há chance de jogo limpo para todos os lados da verdade”. “A verdade é uma questão de conciliar e combinar opostos”(p.215) “Em política, é necessário que todas as opiniões se manifestem”. “ Ser deixado de fora da Constituição é um grande desencorajamento para um indivíduo e mais ainda para uma classe”. Por que o governo democrático é superior? Pelas seguintes razões diz Mill: “Cada um é o melhor guardião de seus próprios interesses e direitos. “Participar faz com que o indivíduo torne-se parte do interesse público” “É a oposição do outro que mantém cada um dentro dos limites da razão e da sanidade” Só pela representação as minorias podem também participar e ter influência nos governos 3. Governo Representativo é a forma ideal de governo Mill critica as concepções de auto-governo/soberania popular Para ele, a vontade do povo é a vontade da maioria Mas, para preservar os direitos das minorias ( de voz e voto) ele propõe o voto proporcional Mas, faz concessão aos conservadores propondo também o voto plural(peso maior às elites intelectuais) Marx (1818-1873): breves sínteses de suas idéias políticas Principais etapas da obra 1º. Filosóficas( escritas ainda naAlemanha, antes de seus 30 anos), com destaque para “A Ideologia alemã” e “O manifesto comunista”( de 1848). 2ª. Políticas (França), destaque para o 18º. Brumário de Luis Bonaparte 3ª. Econômica (Inglaterra): O Capital (Crítica à economia política ). O sentido desta trajetória intelectual tem a ver com sua teoria social: é preciso passar das idéias às condições sociais de existência que determinam e explicam tais idéias Aspectos a destacar 1. Crítica ao pensamento dominante( ao idealismo hegeliano): “ Não são as idéias que explicam o mundo, mas o mundo( as condições materiais de existência que explicam as idéias)”. 2.1 Disso decorre a noção de materialismo histórico: A economia determina as idéias e a política (as relações de poder). 2.2 Método histórico ou dialético: cada fenômeno social é entendido como parte de uma totalidade histórica mais ampla que tem um sentido imanente: sabe-se a direção deste amplo movimento histórico: de onde veio e para onde vai... Presente nasce do passado e determina o futuro em movimentos de tese, antítese e síntese. Materialismo histórico permite compreender um amplo processo de transformação histórica Pré- história da humanidade (ou comunismo primitivo): não há exploração econômica nem dominação política. Não há estado nem classes sociais. História propriamente dita: quando as condições materiais de existência permitem haver excedente econômico e portanto a exploração de uma classe( a dominante politicamente ) por outra ( a classe trabalhadora, explorada economicamente e dominada politicamente). A historia da humanidade se divide em 3 grandes etapas que se diferenciam entre si pela forma em que se extrai o excedente econômico e pelo tipo de coerção que a classe dominante exerce sobre a classe trabalhadora: 1.escravismo – coerção física 2. feudalismo – coerção ideológica 3. capitalismo – coerção econômica O que é o Estado para Marx? Primeira visão ( mais extremada, nas obras de juventude): Estado é um mero comitê que administra os negócios da burguesia . Ou seja, é um instrumento a serviço dos interesses da classe dominante que lhe garante as condições da exploração do proletariado( reconhece e legitima a propriedade privada dos meios de produção) Dai a identificação de Estado burguês e associação fundamental para o marxismo entre Estado e classes sociais Segunda visão(mais nuançada, em obra mais madura intelectualmente: O 18º Brumário de Luis Bonaparte Nesta obra, ele reconhece que o Estado não é um mero objeto ou instrumento a serviço da classe capitalista. Ao contrário, admite que ele possa ter, em certas circunstâncias, autonomia em relação capital Qual a origem do Estado para Marx? Confronto com os contratualistas. Estado é uma forma histórica de organização do poder. Nasce com a economia mercantil e seu desenvolvimento está associado à expansão do mercado, isto é, com a concentração da propriedade, dos meios de produção, da unificação do comércio dentro de um mesmo território sob controle do poder soberano do Estado. Estado é condição para o desenvolvimento da economia capitalista. Portanto nas sociedade escravocratas ou feudais não se encontra esse tipo específico de organização política. A origem do Estado: Marx # contratualistas. Para os contratualistas, o Estado nasce de um ato de vontade. Para Marx, ele resulta de um processo histórico que independe da vontade dos indivíduos. Concepção de sociedade e classes sociais Sociedade: dividida em classes, determinada pela base material de existência:burguesia e proletariado. Sociedade é historicamente constituída e concretamente definida pelo modo de produção dominante(condições sociais e técnicas de produção): escravocrata - feudal – capitalista A sociedade não é um agregado de indivíduos (como pensam os liberais), mas estruturada pelas relações de produção que definem as classes sociais Classes sociais: agrupamentos que se constituem historicamente nas sociedades em função das relações sociais e técnicas de produção Teoricamente só há 2 classes: classe trabalhadora e classe eu explora o trabalho alheio e se apropria do excedente gerado pelos trabalhadores. As relações de classe são complementares, opostas e contraditórias e se pautam pela exploração e dominação da burguesia sobre o proletariado Noção de indivíduo Indivíduo é uma abstração na sociedade de classes. Não é possível falar em indivíduo, em geral, mas sim de um indivíduo concreto, membro de uma determinada classe social. Ou seja, o indivíduo é uma mera expressão de sua classe social: “Burguês é a personificação do capital”. A idéia de indivíduo nasce na sociedade mercantil e com a ideologia liberal( que prega a defensa das liberdades individuais como valor máximo a preservar frente qualquer ameaça ). Ideologia. As idéias da classe dominante passam a ser as idéias dominantes em uma sociedade Ideologia = conjunto de idéias ( ciência, religião, senso comum, valores) que explicam o mundo, justificam e, portanto, legitimam as relações de exploração e dominação, as desigualdades sociais. O pensamento ideológico se caracteriza pela ocultação, inversão da realidade de exploração e dominação entre classes. A exploração e a dominação de classe são construídas, por exemplo, pelos contratualistas (“ideólogos da burguesia”) como relações de igualdade de direitos de todos perante o Estado.”O poder soberano recai igualmente sobre todos” Exemplo de inversão ideológica O desemprego é explicado como fracasso pessoal, pela incompetência individual, pela apatia ou vadiagem( ou seja, por “culpa” do indivíduo) e não por condições sociais objetivas que reduzem a demanda por força de trabalho, com o desenvolvimento das forças produtivas( novas condições técnicas de produção) Concepção de Política para Marx Sociedade para Marx não é um agregado de indivíduo. Ela é definida pelas condições históricas materiais de existência. Política para Marx é dominação de uma classe sobre a outra e luta de classes. “Poder político é a violência organizada de uma classe para a opressão de outra”(p.270) Marx # liberais: sociedade e política Política para os liberais é defesa das liberdades individuais contra possível opressão do Estado. através da participação política, luta partidária, do governo representativo(Stuart Mill) Crítica de Marx aos liberais: Locke, Rousseau etc. não passam de ideólogos da burguesia. “não há bem comum, nem interesse geral”.. Liberalismo, democracia são concepções políticas burguesas. Parlamentarismo, eleições = instituições burgueses. Nelas, o proletariado jamais alcançaria sua emancipação verdadeira. O que é política para Marx? Confronto com Stuart Mill Política é a luta de classes: burguesia dominando a classe proletária e esta tentando romper com a dominação e a exploração. Revolução é o ápice da luta política. Isso porque Marx não acredita nos efeitos da participação do proletariado nas instituições políticas burgueses como os partidos e o parlamento. A verdadeira emancipação do proletariado jamais ocorrerá na sociedade capitalista. Apenas a partir da sociedade socialista e depois na comunista, haverá a verdadeira emancipação que é a emancipação social, “dos grilhões da exploração de uma classe por outra”. Enquanto Mill acredita que a participação política do proletariado permitirá o desenvolvimento da sociedade , para Marx o único caminho é o da revolução. Noção de História e Mudança Social História é a história da luta de classes, isto é, da dominação de uma classe sobre a outra, movida pela dinâmica das condições materiais de existência, ou seja, da base econômica (desenvolvimento das forças produtivas). Há 2 elementos a destacar: “os homens fazem a história, mas não fazem como querem, fazem nas condições ou circunstâncias dadas pela história”(18 Brumário...) 1. condições determinadas da história que independem da vontade ou ação dos homens(“Fortuna’); 2.condições criadas pelo próprio homem(“Virtu”), ié, produzidas pela ação política que transformam a história= revolução Noção de revolução e crítica da sociedadecapitalista. Revolução: ruptura com a etapa história anterior por sua negação. Dialética história e materialista (# dialética idealista hegeliana) Tese – Antítese - Síntese (patamar superior) Revolução burguesa rompe com o mundo feudal. Revolução socialista rompe com a sociedade capitalista. Comunismo: grande síntese. Processo racionalizador e civilizatório (lembrar que para Rousseau o Estado era o processo racionalizador e civilizatório). Obra de Marx está sempre orientada pela idéia da iminência da revolução. A importância da obra de Marx não está na análise ou construção de uma futura sociedade socialista/comunista, mas sim na agudeza da crítica à ordem capitalista. Weber(1864-1919): teoria da ação social Principais traços de sua obra de cientista social que abrange Economia, Sociologia e C. Política Definição de Sociologia Ciência que pretende entender, interpretar a ação social. Ação social é a conduta humana dotada de sentido subjetivo e que se refere à conduta de outro. Esta ação pode ser tanto A) existente de fato ( em um caso historicamente dado ou como média em uma massa de casos); B)construída como tipo ideal. Noção de tipo ideal e a sociologia compreensiva de Weber O método científico consiste na construção de tipos ideais, isto é, como construção analítica. Exemplo: para a explicação do “colapso da bolsa de voalores é conveniente fixar primeiro como se desenrolaria a ção fora dos fluxos irracionais, para introduzir depois, como “pertubações” os componentes irracionais. Assim, explicar na sociologia compreensiva de Weber significa captar a conexão de sentido da ação. Conceito de ação social e tipos de ação social Ação social = = ação em que o sentido indicado por seu sujeito ou sujeitos refere-se à conduta de outros. Tipos de ação social: 1. Racional com relação a fins; 2. Racional com relação a valores; 3. Afetiva ou emocional; 4. Tradicional(ou rotineira)- determinada por costumes arraigados ou “no sempre foi assim”.
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