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36 TRATAMENTO FISIOTERÁPICO DO LINFEDEMA TERAPIA FÍSICA COMPLEXA

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Tratamento Fisioterápico do Linfedema Henrique Neto 
 16/05/2003 Página de 1 de 4 
Pitta GBB, Castro AA, Burihan E. editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. 
Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro 
Tratamento Fisioterápico do Linfedema - 
Terapia Física Complexa 
Henrique Jorge Guedes Neto 
 
 
 
 
 
 
 
Como é sabido, a maioria dos linfedemas tem 
o tratamento clínico como primeira e principal 
modalidade terapêutica. 
Dentre as medidas clínicas usadas para tra tar 
os linfedemas periféricos, o tratamento 
fisioterápico, também chamado de Terapia 
Física Complexa é sem dúvida o de melhor 
resultado. 
Adotamos na disciplina de cirurgia vascular da 
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa 
de São Paulo o protocolo de Földi-Leduc com 
algumas modificações para tratamento dos 
pacientes com linfedema de membros 
superiores e membros inferiores. 
 
q drenagem linfática manual 
q contenção (inelástica e elástica) 
q melhora das condições da pele, 
bem como os exercícios 
linfomiocinéticos. 
Através do estudo das “vertentes linfáticas” 
por linfocintilografia prévia, podemos, com 
manobras manuais, delicadas, rítmicas e de 
orientação, levar a linfa de locais bloqueados 
para outros aonde não haja bloqueio linfático. 
Começando sempre pelas partes 
“ganglionares” mais proximais, isto é, região 
axilar ou inguinal, na dependência do 
linfedema ser respectivamente de membro 
superior ou inferior, devemos prepará -las, 
esvaziá-las e ativá-las com manobras de 
expressão; subseqüentemente iremos drenar 
manualmente a linfa do braço para a axila ou 
da coxa para a região inguinal (Figura 1). 
 
Figura 1 - Compressão pneumática intermitente 
associado a manobra digital de drenagem linfática manual 
para esvaziamento axilar. 
 
Voltamos às manobras da região ganglionar 
axilar ou inguinal e depois iremos drenar a 
linfa do antebraço para o braço e deste para 
a axila no membro superior e no membro 
inferior da perna para a coxa e da coxa para a 
região inguinal. Voltando à região axilar ou 
inguinal iremos esvaziá-las novamente para 
receber a linfa das mãos e dos pés (Figura 2 e 
3). 
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Pitta GBB, Castro AA, Burihan E. editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. 
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Figuras 2- Drenagem linfática de antebraço e braço. 
 
Figuras 3- Drenagem linfática manual de antebraço. 
 
Repetimos a seqüência várias vezes, por 
períodos de até uma hora de duração. Com 
isto estamos usando o conceito de vertentes 
linfáticas e, por assim dizer, estamos 
hipertrofiando os linfáticos já existentes mas 
que não participavam da circulação linfática 
principal. 
No final da sessão, quando o paciente irá 
retornar ao seu domicílio, para que não haja 
perda nas medidas diminuídas durante a 
sessão, indicamos uma contenção inelástica 
(Figura 4) com enfaixamento com atadura de 
crepe mais esparadrapo ou uma contenção 
elástica com luva ou meia elástica. Em 
pacientes com linfedema sem fibrose e 
linfangite, a terapia física complexa pelo 
método de Földi é um tratamento com bons 
resultados. 
 
Figura 4. – Contenção inelástica. 
 
Estas sessões são feitas em bloco de quatro 
meses de duração, sendo que no 1° mês as 
sessões são realizadas cinco vezes por 
semana, no 2° mês três vezes por semana, no 
3º mês duas vezes por semana e no 4º mês 
uma vez por semana, perfazendo um total de 
44 sessões em quatro meses consecutivos de 
tratamento. 
Recomendamos uma visita de reavaliação ao 
médico no final do tratamento e outro 
retorno após dois meses do seu término, 
quando reavaliaremos as suas medidas feitas 
na perimetria para um critério de prognóstico 
e seguimento do caso. 
Em nossa casuística, em trabalho realizado na 
Santa Casa de São Paulo com 120 pacientes 
portadores de linfedema, pudemos constatar 
que 80% dos pacientes têm melhora de até 
50% nas suas medidas iniciais e que a grande 
maioria deles mantém estas medidas somente 
com luva ou meia elástica por períodos de dois 
anos após o término do bloco. 
Há casos tratados há dez anos que não 
tiveram a volta do linfedema e isto está 
ligado ao diagnóstico precoce e o controle das 
crises de linfangite. 
Um tópico controverso é o uso da compressão 
pneumática intermitente para o tratamento 
do linfedema periférico. Sabemos que a 
compressão pneumática intermitente isolada 
só desloca a parte líquida do edema linfático, 
concentrando mais o TCSC, já que a proteína 
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não é levada para dentro da luz linfática, o 
que poderia propiciar a fibrose do TCSC com 
o aparecimento do fibroedema. 
Também as pressões elevadas (>60mmHg) por 
períodos prolongados de tempo (maior de 30 
minutos) podem lesar o sistema linfático. 
Na prática usamos a compressão pneumática 
intermitente a baixa pressão (< 60 mmHg) por 
período de tempo de até 20 minutos 
conjuntamente à drenagem linfática manual 
ou como início de sessão de terapia física 
complexa para “amolecer” o membro a ser 
tratado. Não indicamos a compressão 
pneumática intermitente domiciliar nem como 
coadjuvante da terapia física complexa. 
Mesmo sabendo dos resultados ruins da 
terapia física complexa no fibroedema, 
existem algumas técnicas de enfaixamento 
compressivo com faixa de Smarsh ou pela 
técnica de van der Molen, conjuntamente com 
a drenagem linfática manual que têm algum 
resultado nestes casos, mas a literatura não é 
unânime e a experiência de poucos pacientes 
não nos dá segurança para ter uma opinião 
formada. 
A maioria dos linfedemas é de tratamento 
clínico por meio da terapia física complexa. 
Somente o linfedema peno-escrotal é de 
tratamento cirúrgico, além de poucos casos 
de linfedema gigante após um bem sucedido 
tratamento clínico e sem crises de erisipela. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Ainda há muito a fazer para que possamos 
melhorar os nossos resultados no tratamento 
do linfedema, mas um diagnóstico precoce, a 
prevenção das linfangites e um tratamento 
bem orientado, controla a grande maioria dos 
casos, evitando o fibroedema e também o 
linfossarcoma, recolocando estes pacientes 
em uma vida profissional ativa e em um 
convívio social normal. 
 
REFERÊNCIAS
1. Cordeiro AK, Baracat FF. Linfologia. S. Paulo: 
Fundo Editorial Byk-Procienx; 1983. 
2. Guedes Neto, HJ. Post mastectomy lymphedema: 
an epidemiological study . In: Proceedings of the 
15th Internacional Congress of Lymphology. Recife. 
S. Paulo, Brazil, 1995. p. 285-88. 
3. Guedes Neto HJ. Arm edema after treatment for 
breast cancer. Lymphology 1997;30(1):35-36. 
4. Witte CL, Clodius L, Pecking A. The diagnosis and 
treatment of peripheral lymphedema Consensus 
Document Lymphology 1995;28(4):113-117. 
Versão prévia publicada: 
Nenhuma 
Conflito de interesse: 
Nenhum declarado. 
Fontes de fomento: 
Nenhuma declarada. 
Data da última modificação: 
11 de março de 2003. 
Como citar este capítulo: 
Neto HJG. Tratamento fisioterápico do linfedema e terapia física complexa. In: Pitta GBB, 
Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: 
guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. 
Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro 
Sobre o autor: 
 Tratamento Fisioterápico do Linfedema Henrique Neto 
 16/05/2003 Página de 4 de 4 
Pitta GBB, Castro AA, Burihan E. editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. 
Maceió:UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro 
 
Henrique Jorge Guedes Neto 
Assistente Doutor da Disciplina de Cirurgia Vascular do 
Departamento de Cirurgia da 
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 
São Paulo, Brasil. 
Endereço para correspondência: 
Av. Angélica, 688/304 
01228-000 São Paulo, SP 
Fonel/Fax: +11 3826 3678 ou +11 3826 5079 
Correio eletrônico: drguedes@drguedes.med.br 
URL: http://www.drguedes.med.br

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