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Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6606-3
9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 0 6 3
Código Logístico
59274
A ludicidade como linguagem socializadora pode ser um elo entre os estudantes e a construção do conhecimento corporal e cultural, uma vez que os jogos, os brinquedos e as brinca-deiras possibilitam a interação social, o reconhecimento e o respeito às diferentes características e individualidades.
Esta obra apresenta aos estudantes e profissionais de Educa-ção Física o conhecimento teórico e prático sobre a ludicidade na prática pedagógica, abordando as concepções sobre os jo-gos, os brinquedos e as brincadeiras na escola. Traz também reflexões sobre a importância da ludicidade na Educação Fí-sica escolar, com sugestões e exemplos de propostas lúdicas para a atuação docente.
JOG
OS, BRINQ
UEDOS E BRINCADEIRAS na Educação Física
M
ARIA CRISTINA TROIS DORNELES RAU
Jogos, brinquedos 
e brincadeiras na 
Educação Física
Maria Cristina Trois Dorneles Rau
IESDE BRASIL
2020
© 2020 – IESDE BRASIL S/A.
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Envato Elements
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A.
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200
Batel – Curitiba – PR
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
R187j
Rau, Maria Cristina Trois Dorneles
Jogos, brinquedos e brincadeiras na educação física / Maria Cristina 
Trois Dorneles Rau. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2020.
134 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6606-3
1. Educação física - Estudo e ensino. 2. Jogos educativos. 3. Brincadeiras. 
I. Título.
20-62527 CDD: 613.7
CDU: 613.71
Maria Cristina Trois 
Dorneles Rau
Doutoranda e mestre em Educação pela Pontifícia 
Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Especialista 
em Psicopedagogia: clínica e institucional, em Educação 
Especial, em Magistério da Educação Básica e em 
Magistério Superior pelo Centro Universitário Uninter. 
Licenciada em Educação Física pela Universidade 
Católica de Brasília (UCB). Coordenadora do projeto de 
extensão universitária BrinquePedagogiaConsciente 
– Formação lúdica dos professores pedagogos. Atua 
como professora no ensino superior, ministrando 
disciplinas relacionadas ao ensino e aprendizagem, 
nos cursos de graduação em Pedagogia e em cursos 
de pós-graduação em Educação Infantil, Alfabetização 
e Letramento, Psicomotricidade, Educação Especial, 
Neuropsicologia, Psicopedagogia, Educação Especial 
e Educação Física nas modalidades presencial 
e a distância. É também consultora na área da 
educação em prefeituras municipais, professora 
brinquedista e pesquisadora sobre ludicidade na 
educação. Desenvolve projetos de estudos, pesquisa 
e implantação de brinquedotecas para formação de 
docentes e brinquedotecas escolares.
SUMÁRIO
Agora é possível acessar nossas videoaulas 
por meio dos QR codes inseridos no livro.
Note que existe, ao lado do início de cada 
seção de capítulo, um QR code (código de 
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1 Educação Física e ludicidade: práticas pedagógicas 9
1.1 Educação Física escolar: histórico 9
1.2 Educação Física escolar: currículo 13
1.3 O brincar na prática pedagógica 17
1.4 A prática pedagógica com o brincar na Educação Física 22
1.5 O lúdico e a avaliação na Educação Física escolar 29
2 Jogos, brinquedos e brincadeiras na Educação Física 34
2.1 O significado do brincar para a educação 34
2.2 O significado de brinquedo e brincadeira para a educação 37
2.3 O significado do jogo para a educação 39
2.4 A função lúdica e educativa dos jogos 41
2.5 Classificações de jogos, brinquedos e brincadeiras 46
2.6 Brinquedos e brincadeiras para bebês e crianças pequenas 49
3 Jogos, brinquedos e brincadeiras tradicionais 54
3.1 Jogos, brinquedos e brincadeiras tradicionais 54
3.2 Brincadeiras tradicionais 57
3.3 Jogos tradicionais 60
3.4 Brinquedos tradicionais 65
3.5 O resgate da cultura lúdica na Educação Física escolar 69
4 Jogos cooperativos 74
4.1 Competir ou cooperar? 74
4.2 Jogos competitivos ou jogos cooperativos? 77
4.3 Concepção de jogos cooperativos na Educação Física escolar 79
4.4 Jogos cooperativos 83
4.5 Transformando jogos tradicionais em jogos cooperativos 84
5 Psicomotricidade e práticas inclusivas 93
5.1 O brincar e a psicomotricidade 94
5.2 Brincadeiras psicomotoras para bebês e crianças pequenas 97
5.3 Jogos psicomotores para a pré-escola 101
5.4 Jogos e brincadeiras psicomotoras para os anos iniciais do ensino 
 fundamental 104
5.5 Considerações sobre o corpo, o movimento e a inclusão na 
 Educação Física 110
6 A brinquedoteca na Educação Física 116
6.1 A brinquedoteca na escola 116
6.2 A brinquedoteca como espaço de prática lúdica 120
6.3 Os brinquedos e as brincadeiras 126
6.4 Imaginação e criatividade na brinquedoteca 129
É com imenso entusiasmo que apresentamos aos estudantes e 
profissionais de Educação Física o conhecimento teórico e prático sobre a 
ludicidade na prática pedagógica, abordando as concepções sobre os jogos, 
os brinquedos e as brincadeiras na escola.
A escola, para a maioria das crianças e jovens, é o primeiro espaço de 
convivência e, dessa forma, além de ser um ambiente educativo, concede 
aos estudantes a oportunidade de socialização. O profissional de Educação 
Física é um grande mediador de todo esse processo. Assim, reconhecemos a 
importância da ação educativa da Educação Física para a formação humana 
e, consequentemente, para a construção de uma sociedade mais igualitária.
A ludicidade como linguagem socializadora pode ser um elo entre os 
estudantes e a construção do conhecimento corporal e cultural, uma vez que 
os jogos, os brinquedos e as brincadeiras possibilitam a interação social, o 
reconhecimento e o respeito às diferentes características e individualidades. 
Como prática inclusiva, a ludicidade vai além das regras dos jogos, incluindo a 
cooperação e a empatia. Assim, juntos, os professores e os estudantes podem 
participar da escolha dos jogos e descobrir como participar de atividades 
coletivas de maneira divertida e prazerosa.
Este livro está organizado em seis capítulos que abordam os pressupostos 
teóricos e a prática lúdica, buscando incentivar a atuação pedagógica dos 
professores e das professoras na educação infantil e no ensino fundamental.
No primeiro capítulo, tratamos da Educação Física escolar, do papel dos 
professores na prática pedagógica com o brincar, da organização do espaço 
lúdico, dos recursos lúdicos e da avaliação com o intuito de propiciar o 
conhecimento teórico e prático sobre a cultura corporal.
No segundo capítulo, abordamos os jogos, os brinquedos e as 
brincadeiras na Educação Física e suas concepções, bem como a sua 
classificação. O objetivo é propiciar a distinção entre as concepções de jogo, 
brinquedo e brincadeira e possibilitar reflexões sobre a ação do educador 
na prática lúdica, identificando alternativas e a escolha adequada de práticasque atendam às funções lúdica e educativa.
O terceiro capítulo traz exemplos de jogos, brinquedos e brincadeiras 
tradicionais e sua prática na escola com a finalidade de resgatar a cultura 
lúdica nas aulas de Educação Física.
APRESENTAÇÃO
No quarto capítulo, apresentamos os jogos cooperativos e sua importância 
no contexto social atual com o intuito de refletir sobre o papel da cooperação 
no desenvolvimento e aprendizagem dos estudantes no contexto escolar. 
Discorremos sobre como poderá ser a mediação dos educadores na 
transformação dos jogos tradicionais em jogos cooperativos, revisando 
suas regras e maneira de jogar. A vivência de jogos cooperativos fortalece a 
construção do senso de equipe, pois cada um contribui com suas capacidades 
e potencialidades para o sucesso de todos.
No quinto capítulo, destacamos a psicomotricidade, uma área de 
intersecção entre corpo e mente, sendo fundamental para o processo de 
desenvolvimento e aprendizagem dos estudantes. Abordamos também 
a organização de espaços, práticas e recursos para o estímulo ao 
desenvolvimento psicomotor dos estudantes.
No sexto capítulo, explicamos como uma brinquedoteca pode ser 
organizada e utilizada nas aulas de Educação Física como um espaço 
para o desenvolvimento da imaginação e da criatividade, o que contribui 
significativamente para a autonomia e a aprendizagem dos estudantes.
Em resumo, vamos discutir aspectos reflexivos sobre a ludicidade na 
Educação Física escolar, sugerindo e exemplificando propostas lúdicas para 
a atuação docente na escola. Os leitores se depararão cotidianamente 
com diferentes desafios e questionamentos que inquietarão a sua mente. 
Acreditamos que as respostas a esses questionamentos poderão constituir 
indicadores para que novas teorias sejam elaboradas, correspondendo à 
realidade educacional brasileira.
Bons estudos!
Educação Física e ludicidade: práticas pedagógicas 9
A abordagem teórica deste capítulo objetiva descrever aspectos 
sobre o conhecimento teórico e prático da Educação Física escolar 
com enfoque na ludicidade. Objetivamos, ainda, que a leitura pro-
picie a construção do conhecimento sobre a prática pedagógica da 
Educação Física e as relações com o processo de desenvolvimento 
e a aprendizagem do educando, despertando o interesse sobre o 
brincar no processo de ensino e aprendizagem.
Um sistema organizado de conceitos sobre o brincar e o mo-
vimento humano consciente possibilita aos estudantes se desen-
volverem e aprenderem habilidades motoras de modo eficaz. Com 
efeito, a Educação Física escolar pode proporcionar ao estudante 
a construção de um sistema conceitual sobre o corpo e a motrici-
dade e sua utilização como linguagem e expressão de seu tempo.
Assim, convidamos você a emergir de corpo e mente nas con-
cepções, conceitos e práticas do brincar na Educação Física.
Educação Física e ludicidade: 
práticas pedagógicas
1
1.1 Educação Física escolar: histórico 
Videoaula A Educação Física passou por diferentes abordagens ao longo da 
história e o movimento fez parte desse processo.
No Brasil, a constituição da sociedade do trabalho se desenvolveu 
por meio da transição do trabalho escravo para o trabalho livre, surgin-
do então uma sociedade controlada pelo tempo. Dessa forma, o corpo 
do homem trabalhador deveria ser moralizado, disciplinado e higieni-
zado. Essa visão foi absorvida pela Educação Física como disciplina pe-
dagógica e, com base em estudos sobre as ciências biológicas, foram 
10 Jogos, brinquedos e brincadeiras na Educação Física
implantados programas disciplinares e de exercitação corporal nas es-
colas para desenvolver hábitos físicos e morais. As aulas de Educação 
Física separavam os meninos das meninas. Como futuros defensores 
da pátria, os meninos eram preparados para serem fortes, futuros mi-
litares, e para as meninas ficavam as atividades domésticas e os cuida-
dos dos filhos. Consequentemente, como forma de eugenia 1 , aqueles 
que não correspondessem aos padrões estabelecidos eram excluídos. 
Assim, a Educação Física preocupava-se em formar a raça brasileira 
para a defesa da pátria dos perigos internos.
Essa concepção de aulas para meninos e meninas foi uma prática 
que ocorreu nas escolas até a década de 1990. As atividades físicas 
para as classes dominantes eram vistas como formas de proporcionar 
o lazer e a diversão, por isso, não deveriam fazer parte dos currículos 
escolares, pois significavam ócio.
Em 1907, surgiu a primeira escola de formação de instrutores de 
Educação Física – Escola de Educação Física da Força Policial do Esta-
do de São Paulo – e, em 1922, o Centro Militar de Educação Física do 
Rio de Janeiro. Os militares foram contratados nas escolas para serem 
professores e instrutores de ginástica. A Educação Física tornou-se mi-
litarista, preparando os estudantes para cumprir seus deveres com a 
pátria. Nesse momento, surgiram diferentes abordagens de ginásticas 
no Brasil, como o método francês em substituição ao método alemão 
(1860) que, conforme nos esclarece Gallardo (1998, p. 17), considerava 
“o corpo humano como uma máquina composta por eixos de movi-
mentos (articulações) e alavancas a serem movimentadas”.
O condicionamento físico passa a ser uma das preocupações com 
as pessoas, porém, visando ao progresso econômico do país somado 
às funções eugênicas, higienistas, militares, disciplinares e moralis-
tas. Assim, grandes aparelhos para ampliar a condição física são uti-
lizados pela ginástica denominada artística e os pequenos aparelhos 
pela ginástica rítmica e esportiva. “Ambas as concepções, higienista e 
militarista, da Educação Física consideravam-na como disciplina essen-
cialmente prática, não necessitando, portanto, de uma fundamentação 
teórica que a desse suporte” (DARIDO; RANGEL, 2011, p. 2).
A psicomotricidade foi trazida para o Brasil na década de 1970 com 
a perspectiva de integrar homem e espaço, corpo e alma. A educação 
do movimento passou a ser vista como educação pelo movimento e o 
O termo eugenia no texto 
significa que havia uma forma 
de controle social ao valorizar as 
pessoas com maior capacidade 
física.
1
Atividade 1
Como surgiu a primeira escola 
de formação para a prática da 
Educação Física e qual era a 
concepção de movimento?
Educação Física e ludicidade: práticas pedagógicas 11
desenvolvimento psicomotor foi considerado pré-requisito para a aqui-
sição de saberes que envolviam a cognição. Essa abordagem questiona 
a concepção tradicional da perspectiva desenvolvimentista por consi-
derá-la elitista e seguir estágios de desenvolvimento motor, cognitivo e 
social de acordo com a idade, o que na prática pode ser diferente entre 
as crianças, dependendo de seu contexto.
Assim, conforme Gallardo (1998), as abordagens pedagógicas da 
Educação Física, a partir do final da década de 1980, baseiam-se no 
estudo das influências que o meio físico e social têm sobre o desen-
volvimento humano. Além dos conhecimentos trazidos pelas ciências 
biológicas, da compreensão do funcionamento do corpo humano e de 
como aprende as habilidades motoras, busca-se o conhecimento de 
antropologia, filosofia, psicologia, sociologia e história por fornecerem 
uma visão crítica da realidade, permitindo ao aluno entender o seu pa-
pel na sociedade.
Ainda de acordo com o autor, nos anos 1990, com o enfoque desen-
volvimentista, a aquisição de habilidades motoras para a especialização 
esportiva evidenciou que a abordagem pedagógica se preocupava com 
as mudanças ocorridas no comportamento humano durante o ciclo de 
vida de uma pessoa.
Atualmente, a Educação Física desenvolvida nas escolas conside-
ra as diferentes concepções, todas elas buscando romper com o mo-
delo mecanicista, esportivista e tradicional de prática corporal. Entre 
essas concepções estão a humanista, a fenomenológica, a psicomotri-
cidade, a cultural, a desenvolvimentista, a interacionista-construtivista, a 
crítico-superadora, a sistêmica, a crítico-emancipatória, a saúde-renovadae a baseada nos Parâmetros Curriculares Nacionais.
Contudo, as diferentes áreas das ciências sociais demonstram a 
necessidade de que os professores de Educação Física tenham com-
preensão sobre a evolução do movimento humano e como isso se re-
flete no processo de humanização. Para Gallardo (1998, p. 24), há
a preocupação com o processo e a forma de produção cultural 
nas diferentes regiões e culturas, o que poderia explicar as dife-
renças inter e intragrupos. Com efeito, a relação entre a cultura 
motora e a ludicidade fazem parte da história e envolvem o pro-
cesso de organização social, a forma de exploração dos recursos 
alimentares, as manifestações religiosas e a forma de expressar 
essas manifestações. 
12 Jogos, brinquedos e brincadeiras na Educação Física
Nas aulas de Educação Física, isso acontece por meio dos jogos e 
brincadeiras, da dança e da música.
As novas abordagens da Educação Física destacam o estudo do 
corpo em movimento e objetivam, por meio da prática lúdica, atin-
gir a consciência e o domínio corporal, que devem ser trabalhados 
por meio dos pressupostos do movimento expressos na ginástica, 
no jogo, na dança e nos esportes. A obra Coletivo de Autores: a cul-
tura corporal em questão, uma referência importante para a área 
da Educação Física, esclarece que “o homem se apropria da cultu-
ra corporal dispondo sua intencionalidade para o lúdico, o artístico, 
o agonístico, o estético ou outros, que são representações, ideias, 
conceitos produzidos pela consciência social” (SOUZA JÚNIOR et al., 
1992. p. 62). A cultura corporal engloba as interações sociais. Desse 
modo, os conteúdos são organizados para desenvolver a autonomia 
e a criticidade dos estudantes, como protagonistas do seu processo 
de aprendizagem.
Na atualidade, a Educação Física segue pressupostos teóricos que 
percebem os estudantes como sujeitos que compartilham espaço e 
tempo historicamente elaborados. A prática de atividades corporais 
leva os estudantes a elaborar e reelaborar seus saberes e suas atua-
ções na sociedade. Nessa perspectiva, as práticas pedagógicas na Edu-
cação Física possibilitam aos estudantes desenvolver a criticidade e a 
reflexão, o que favorece a sua participação ativa como sujeito capaz de 
situar-se no mundo.
O ser humano significa representações, ideias e conceitos e as rela-
ciona com a sua própria realidade. Considera-se, assim, que ao se abor-
dar os conteúdos da Educação Física na escola deve-se proporcionar ao 
aluno uma relação dialética entre a sua intencionalidade/objetivos e as 
intenções/objetivos na sociedade. Com efeito, ao considerar os estu-
dantes sujeitos ativos no processo de construção do conhecimento, as 
aulas de Educação Física no ambiente escolar propiciam a reflexão dos 
problemas sociopolíticos atuais e o entendimento da realidade social, 
interpretando-a e explicando-a com base em seus interesses de classe 
social. Cabe à escola promover a apreensão da prática social, e os con-
teúdos devem ser buscados a partir dos interesses dela.
A leitura do livro Edu-
cação Física na escola: 
implicações para a prática 
pedagógica irá propor-
cionar o conhecimento e 
aprofundamento sobre 
a Educação Física para 
a construção da cultura 
corporal nas aulas. O 
estudo irá compor os 
saberes sobre como 
planejar uma aula com os 
conteúdos estruturantes 
da área abordados no 
decorrer deste capítulo.
DARIDO, S. C.; RANGEL, I. C. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
Livro
Educação Física e ludicidade: práticas pedagógicas 13
1.2 Educação Física escolar: currículo 
Videoaula Agora que conhecemos um pouco da história dessa área de rele-
vância para o processo de ensino e aprendizagem, vamos pensar como 
deverá ser o currículo. 
O currículo da Educação Física escolar enfatiza a socialização do co-
nhecimento. Os conteúdos estruturantes são abordados de maneira 
contextualizada, estabelecendo entre si relações interdisciplinares. A ri-
gidez com que a Educação Física era trabalhada quanto ao movimento 
não atende mais à realidade cultural e social dos estudantes na escola. 
Dessa perspectiva, propõe-se que esses conhecimentos “contribuam 
para a crítica às contradições sociais, políticas e econômicas presentes 
nas estruturas da sociedade contemporânea e propiciem compreender 
a produção científica, a reflexão filosófica, a criação artística, nos con-
textos em que elas se constituem” (PARANÁ, 2008, p. 14).
Os currículos da Educação Física seguem os pressupostos das Di-
retrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica, que definem a 
educação infantil como primeira etapa da educação básica, conforme o 
texto da Resolução CNE/CEB n. 4, de 13 de julho de 2010:
CAPÍTULO I
ETAPAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Art. 21. São etapas correspondentes a diferentes momentos 
constitutivos do desenvolvimento educacional:
I – a Educação Infantil, que compreende: a Creche, englobando 
as diferentes etapas do desenvolvimento da criança até 3 (três) 
anos e 11 (onze) meses; e a Pré-Escola, com duração de 2 (dois) 
anos. (BRASIL, 2013, p. 69)
No artigo 22 dessa resolução verificamos que a educação infantil 
objetiva o desenvolvimento integral das crianças considerando seus 
“aspectos físico, afetivo, psicológico, intelectual, social, complementan-
do a ação da família e da comunidade” (BRASIL, 2013, p. 69). Desse 
modo, a Educação Física na educação infantil tem como objetivo abor-
dar práticas corporais que propiciem às crianças conhecer-se e domi-
nar suas estruturas corporais.
Os conteúdos da Educação Física nessa etapa abordam o jogo, a 
ginástica, a dança e a arte circense. O movimento é visto como par-
14 Jogos, brinquedos e brincadeiras na Educação Física
te integrante dos saberes e como conhecimento de mundo. Assim, a 
Educação Física na educação infantil não objetiva preparar a criança 
para as aprendizagens específicas das áreas de conhecimento, mas sim 
desenvolver suas potencialidades de forma integral com base em suas 
experiências.
De acordo com Amorin (1994, p. 7):
A criança não conseguirá se localizar em um espaço geográfico, 
como é solicitado pela Geografia, não poderá se situar na con-
temporaneidade e dialogar com o passado, como necessita a His-
tória, terá dificuldade em exercer a sua necessária participação 
histórico-cultural nas Ciências, na Matemática, na Língua Portu-
guesa, se for um corpo fragmentado, reprimido historicamente.
Com efeito, para a criança na educação infantil, o espaço é o corpo 
vivido, descoberto e conquistado com suas próprias vivências, sendo 
essas a referência básica para que ela primeiro se localize e depois aos 
outros. Segundo o Parecer CNE/CEB n. 20, de 11 de novembro de 2009,
a Lei nº 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), 
regulamentando esse ordenamento, introduziu uma série de ino-
vações em relação à Educação Básica, dentre as quais, a integra-
ção das creches nos sistemas de ensino compondo, junto com as 
pré-escolas, a primeira etapa da Educação Básica. (BRASIL, 2009)
Essa lei traz maior autonomia das escolas quanto à organização dos 
currículos e métodos pedagógicos. Por isso, os currículos da educação 
infantil precisam considerar o desenvolvimento da motricidade por 
meio de práticas pedagógicas que abordem as relações sociais e cul-
turais em que as crianças estão inseridas, o que rompe com a ideia de 
que a prática enfoca o rendimento em determinadas habilidades. Con-
siderando o corpo, o modo de ação sobre o meio e as relações que o 
cercam, a função da escola aponta para a atuação crítica da criança na 
sociedade, que como sujeito da história deverá ser resultado da ação 
pedagógica na Educação Física escolar.
Ainda de acordo com o Parecer CNE/CEB n. 20, “a redução das de-
sigualdades sociais e regionais e a promoção do bem de todos (art. 
3º, incisos II e IV da Constituição Federal) são compromissos a serem 
perseguidos pelos sistemas de ensino e pelos professores também na 
Educação Infantil” (BRASIL, 2009). Cumprir essa função sociopolítica e 
pedagógica quer dizer queas creches e pré-escolas têm no brincar a 
possibilidade de desenvolver
Educação Física e ludicidade: práticas pedagógicas 15
novas formas de sociabilidade e de subjetividades comprome-
tidas com a democracia e a cidadania, com a dignidade da pes-
soa humana, com o reconhecimento da necessidade de defesa 
do meio ambiente e com o rompimento de relações de domi-
nação etária, socioeconômica, étnico-racial, de gênero, regio-
nal, linguística e religiosa que ainda marcam nossa sociedade. 
(BRASIL, 2009)
No ensino fundamental, a Educação Física escolar justifica-se pela 
necessidade que existe de valorizar a riqueza do aprendizado propi-
ciado pelas atividades motoras da cultura corporal. Gallardo (1998) 
destaca a perspectiva atual para a Educação Física dentro do contexto 
pedagógico escolar. Para o autor:
cabe à escola como um todo ensinar valores, costumes e formas 
harmônicas de convivência social (formação humana); ao mesmo 
tempo, é seu papel organizar e hierarquizar os conhecimentos 
produzidos possibilitando sua apropriação pelos alunos (capaci-
tação). Assim, do ponto de vista do desenvolvimento motor, seria 
desejável que todas as crianças, pré-adolescentes e adolescentes 
que frequentam a escola, refletissem e executassem de forma 
madura os movimentos fundamentais ou as habilidades especí-
ficas do ser humano, o que também implicaria uma combinação 
e refinamento desses movimentos em atividades ligadas a seu 
cotidiano (formação humana). (GALLARDO, 1998, p. 78)
Os conteúdos da Educação Física nessa etapa abordam o jogo, a 
ginástica, a dança, a arte circense e as lutas. Contudo, esses conteúdos 
são abordados por meio de atividades lúdicas que articulem “as expe-
riências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem 
parte do patrimônio artístico, cultural, científico e tecnológico” (BRASIL, 
2009). As lutas fazem parte desses conteúdos, pois trazem em sua his-
toricidade a simbologia que possibilita que sua prática identifique os 
valores culturais na escola.
Uma das possibilidades de se trabalhar com as lutas na escola 
é a partir dos jogos de oposição, cuja característica é o ato de 
confrontação que pode ocorrer em duplas, trios ou até mesmo 
em grupos. O objetivo é vencer o companheiro de maneira lúdi-
ca, impondo-se fisicamente ao outro. Além disso, deve haver o 
respeito às regras e, acima de tudo, à integridade física do colega 
durante a atividade. (PARANÁ, 2008, p. 69-70)
Logo, o movimento, as diferentes formas de linguagem, o pen-
samento, o afeto e a sociabilidade são elementos indissociáveis e se 
Atividade 2
Como se justifica a presença 
da Educação Física no ensino 
fundamental?
16 Jogos, brinquedos e brincadeiras na Educação Física
desenvolvem por meio das interações que os bebês e as crianças pe-
quenas estabelecem nas situações das quais participam. Nessa conti-
nuação, o brincar propicia às crianças oportunidades para recriar sua 
realidade com ações que envolvem a fantasia e o faz de conta.
Caberá aos professores, nas vivências lúdicas com as crianças, 
conhecerem a realidade social e cultural, o que favorece o desenvol-
vimento pessoal e profissional docente. Isso tudo amplia as possibi-
lidades de compreender e retribuir as iniciativas infantis. “Por meio 
da ginástica, o professor poderá organizar a aula de maneira que os 
alunos se movimentem, descubram e reconheçam as possibilidades e 
limites do próprio corpo” (PARANÁ, 2008, p. 68). Com efeito, a prática 
de movimentos na ginástica de forma lúdica possibilita a interação e a 
significação do corpo.
A organização curricular para a educação infantil requer planeja-
mento das atividades educativas que facilitem a formação de habili-
dades para a criança aprender a cuidar de si. “Educar cuidando inclui 
acolher, garantir a segurança, mas também alimentar a curiosidade, a 
ludicidade e a expressividade infantis” (BRASIL, 2009, p. 5). 
As atividades lúdicas com o movimento contribuem para que os be-
bês e as crianças adquiram os conhecimentos de sua realidade cultural 
e da humanidade. Contudo, as atividades deverão ser articuladas ao 
cotidiano. “O combate ao racismo e às discriminações de gênero, so-
cioeconômicas, étnico-raciais e religiosas deve ser objeto de constante 
reflexão e intervenção no cotidiano da Educação Infantil” (BRASIL, 2009).
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) foi aprovada em dezem-
bro de 2017 e deverá ser colocada em prática na educação infantil e no 
ensino fundamental a partir de 2020. Na BNCC são definidas as especi-
ficidades para essa etapa da educação básica, estabelecendo os obje-
tivos de aprendizagem e desenvolvimento primordiais das crianças de 
0 a 5 anos e 11 meses. O primeiro capítulo desse documento explica o 
que a BNCC “propõe como concepção de criança, eixos estruturantes 
da prática pedagógica, direitos de aprendizagem e desenvolvimento e 
organização curricular por Campos de Experiências” (BRASIL, 2017).
Assim como nas Diretrizes Curriculares Nacionais, a BNCC define 
como eixos para a prática pedagógica na educação infantil as interações 
e as brincadeiras. A BNCC (BRASIL, 2017) destaca que as interações 
com crianças e adultos em diferentes espaços e vivências propiciam a 
Educação Física e ludicidade: práticas pedagógicas 17
construção de um repertório cultural, o que favorece as aprendizagens 
e o desenvolvimento. As brincadeiras fantasiam as relações imitando, 
transformando e ampliando suas experiências.
A BNCC define seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento – 
conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se – e in-
dica como organização curricular para bebês (de 0 a 1 ano e 6 meses), 
crianças bem pequenas (de 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses) e 
crianças pequenas (de 4 anos a 5 anos e 11 meses) os Campos de Ex-
periências, que são: “Eu, o outro e o nós; Corpo, gestos e movimentos; 
Traços, sons, cores e formas; Escuta, fala, pensamento e imaginação; e 
Espaços, tempos, quantidades e transformações” (BRASIL, 2017, p. 40).
Os Campos de Experiências são trabalhados de forma integrada, 
mas nesta obra trataremos com mais ênfase o campo “Corpo, gestos e 
movimentos”, que aborda experiências destacando que:
a instituição escolar precisa promover oportunidades ricas para 
que as crianças possam, sempre animadas pelo espírito lúdico 
e na interação com seus pares, explorar e vivenciar um amplo 
repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com 
o corpo, para descobrir variados modos de ocupação e uso do 
espaço com o corpo (tais como sentar com apoio, rastejar, en-
gatinhar, escorregar, caminhar apoiando-se em berços, mesas 
e cordas, saltar, escalar, equilibrar-se, correr, dar cambalhotas, 
alongar-se etc.). (BRASIL, 2017, p. 40-41)
Esse campo encontra na prática lúdica diversas atividades que pro-
põem o desenvolvimento integral das crianças na educação infantil.
1.3 O brincar na prática pedagógica 
Videoaula Os professores de Educação Física também são parceiros das brin-
cadeiras para as crianças na escola. A prática pedagógica lúdica inicia 
quando se observam as brincadeiras e os jogos em espaços e tempos 
que não apenas os delimitados pelas aulas. Quando brincam, as crian-
ças expressam sentimentos, ações, preferências e, também, aquilo de 
que não gostam. Dessa maneira, é importante que tudo isso seja con-
siderado no momento do planejamento. Com base nessa observação, 
poderá ocorrer a escolha dos jogos que venham ao encontro de poten-
cialidades de desenvolvimento dos estudantes.
18 Jogos, brinquedos e brincadeiras na Educação Física
Rau (2011a) destaca que os jogos e brincadeiras poderão ser utiliza-
dos como recurso pedagógico no processo de ensino e aprendizagem. 
Contudo, vamos refletir sobre o ensino por meio da prática lúdica. Será 
que a vivência de jogos e brincadeiras propicia aprendizagens específi-
cas? O processo de aprendizagem ocorre também pela representação 
das informações, assim, a metodologia desenvolvida pelos professores 
poderá tornar o ensino mais significativoe, então, as atividades lúdicas 
são um meio que favorece esse processo, pois abordam diferentes ti-
pos de linguagens, como a corporal e a oral.
Quando as crianças começam a jogar, logo estabelecem metas. Elas 
elaboram objetivos, criam estratégias, imaginam e colocam em ação as 
capacidades cognitivas de raciocínio e atenção. Jogar é uma experiên-
cia que existe pelo tempo em que ocorrem as ações, daí seu caráter 
lúdico. Com efeito, ao vivenciar as interações, as crianças expressam 
emoções e sentimentos. Mesmo realizando todo esse processo, por ve-
zes o resultado não é vencer e, assim, ela compreende que ganhar ou 
perder faz parte do jogo.
Como em diversos processos de aprendizagem, o brincar provoca de-
safios e a busca pela superação. No brincar, a relação entre professores 
e estudantes ocorre entre companheiros que contextualizam os jogos, 
mesmo que em posições diferentes, mas que se encontram, partilham e 
compartilham experiências. “O brincar – atividade lúdica não produtiva 
– proporciona o desenvolvimento da imaginação, da percepção, do pen-
samento, do controle da vontade dentre outras funções psíquicas que 
só se manifestam externamente porque ocorreram mudanças na perso-
nalidade e na consciência da criança” (MAGALHÃES et al., 2017, p. 225).
A mediação do adulto na brincadeira ocorre por meio do olhar, da 
orientação e da responsabilidade de suas ações em situações lúdicas 
com os educandos. Porém, lembre-se de que os professores são adul-
tos e, por isso, brincam como adultos. Se os jogos forem muito difíceis 
para as crianças e o adulto vencer sempre, tornará a atividade lúdica 
frustrante e cansativa; ao contrário, se o jogo for muito fácil e o profes-
sor deixar a criança vencer todas as vezes, tornará a vivência desinte-
ressante. Assim, não há regras sobre deixar a criança ganhar ou perder. 
Observar, tornar o jogo desafiador, mediar o raciocínio e problematizar 
os movimentos poderá ser uma ótima ideia.
O site da Britannica® Escola, 
uma plataforma de aprendiza-
gem online para os alunos do 
Ensino Fundamental I, traz uma 
variedade de jogos e brinquedos 
tradicionais e descreve sua ori-
gem e história. O conhecimento 
abordado ajudará a compor a 
relação teoria e prática para a 
atuação crítica com os jogos 
e brincadeiras nas aulas de 
Educação Física.
Disponível em: http://escola.
britannica.com.br/article/483458/
peteca. Acesso em: 27 jan. 2020.
Site
Educação Física e ludicidade: práticas pedagógicas 19
Outras dicas são importantes para que a prática lúdica se torne sig-
nificativa no processo de ensino e aprendizagem da Educação Física 
na escola. Para as crianças pequenas, na educação infantil e no ensino 
fundamental, o brincar é a forma de ensino para todos os professores, 
assim, o professor de Educação Física será um importante elo entre 
a prática pedagógica com o brincar, o movimento, a arte, a música, a 
dança e outras formas lúdicas. O brincar com as crianças nas aulas de 
Educação Física começa ainda na sala de aula, quando o professor con-
vida para irem à quadra, ao pátio ou ao parque da escola. Começar 
a aula com músicas que trabalhem com partes do corpo poderá ser 
divertido e fará com que os estudantes já se mobilizem para a prática 
corporal. Como exemplo, podemos pensar na brincadeira da Boneca 
de lata, com uma turma de pré-escola. Veja a letra de uma cantiga po-
pular e de como brincar.
Boneca de lata
Minha boneca de lata
Bateu a cabeça no chão
Levou quase uma hora
Pra fazer a arrumação
Desamassa aqui
Pra ficar boa
Minha boneca de lata
Bateu o nariz no chão
Levou mais de duas horas
Pra fazer a arrumação
Desamassa aqui
Desamassa ali
Pra ficar boa
Minha boneca de lata
Bateu o outro ombro no chão
Levou mais de três horas
Pra fazer a arrumação
Desamassa aqui
Desamassa ali
Desamassa aqui
Pra ficar boa
Como brincar
Tudo começa por ensinar a letra da música para as crianças. O professor poderá fazer uso de uma lousa 
interativa ou mesmo escrever a letra da música no quadro de giz. Também poderá fazer um cartaz. Mes-
mo que as crianças ainda não saibam ler é importante que já tenham contato com a leitura e a escrita.
Assim que as crianças aprenderem a cantar a música, o professor irá propor os gestos, tocando nas par-
tes do corpo conforme são ditas na música. Pura diversão! Em seguida, junto com as crianças, o professor 
sairá da sala, cantando e divertindo-se.
Na prática
Outra dica é desenvolver uma rotina com os estudantes desde o início 
da aula, quando estiverem fora da sala. Na educação infantil a rotina é im-
portante, pois traz segurança para as crianças e fortalece a percepção de 
que a sucessão de acontecimentos na escola é diferente de casa. “A rotina 
deve prever momentos em que a criança tenha experiências de interação 
20 Jogos, brinquedos e brincadeiras na Educação Física
social que promovam a sua relação com o meio, envolvendo suas atitudes 
em relação a si, aos objetos e ao outro” (RAU, 2011b, p. 38-39).
Logo no início do ano letivo ou trabalho inicial com as crianças na es-
cola, os professores farão alguns combinados. Na Figura 1 temos alguns 
exemplos de combinados. Você poderá criar outros, mas lembre-se de 
que os estudantes são críticos e criativos, faça-os junto com eles.
Figura 1
Contrato didático para as aulas de Educação Física
Aguardar o professor 
em sala ou em local 
pré-definido.
Fazer perguntas para 
esclarecer as dúvidas 
e/ou falar sobre o que 
sabe dos conteúdos 
falando em voz baixa. 
Sair da sala junto 
com os colegas e não 
dispersar até chegar 
ao espaço da aula. O 
mesmo combinado vale 
para voltar para a sala.
Estar atento às 
orientações e 
explicações do 
professor.
Ao chegar no espaço 
da aula, ocupar o 
espaço solicitado pelo 
professor e esperar as 
orientações.
Fonte: Elaborada pela autora.
Para ensinar os jogos, você poderá explicar oralmente as vivências 
por etapas. Primeiro explique as regras, como jogar e o espaço em que 
será vivenciado o jogo. A explicação dos jogos poderá ter como apoio 
um recurso visual. Um pequeno quadro de giz ou um desenho na lousa 
interativa são ótimos recursos para facilitar a compreensão das crian-
ças de como se desenvolve a prática lúdica.
Durante a prática dos jogos, interaja com os estudantes, faça per-
guntas sobre as estratégias que estão propondo. Algumas vezes as 
crianças são mais tímidas e não expressam o que estão pensando. Se 
necessário, mude as regras para que o jogo seja mais interessante e 
prazeroso. Converse com os estudantes para que digam o que estão 
aprendendo e sentindo.
Educação Física e ludicidade: práticas pedagógicas 21
A alegria é uma característica fundamental para o educador que 
se propõe a desenvolver a prática lúdica, assim, você também poderá 
se divertir com os estudantes. Não se esqueça de que brincar é coisa 
séria! Se for necessário ser mais firme para lidar com as regras e as 
atitudes dos estudantes, faça isso. Porém, fale de maneira calma, em 
tom de voz baixo, evitando palavras ásperas; a serenidade faz parte do 
adulto brincante.
Dicas para a prática lúdica
• Brincar desde o primeiro contato com os estudantes.
• Fazer combinados para que eles compreendam o que você espera deles e o que 
desenvolverá nas aulas de Educação Física.
• Fazer a mediação da prática lúdica com questionamentos e recursos que tornem 
as atividades com o movimento e as interações mais desafiadoras e divertidas.
• As regras fazem parte das relações humanas, podem ser seguidas ou podem ser 
refletidas e transformadas. O diálogo é importante.
• A alegria e a diversão são partes importantes para todos os participantes dos 
jogos e brincadeiras.
Você percebeu os aspectos da prática pedagógica com os jogos e 
brincadeiras nas aulas? Eles não acabam aqui. O planejamento das 
aulas é fundamental para que a prática seja coerente com a concepção 
de ludicidade nas aulas de Educação Física. Essa é uma ideia que será 
tratada em todo o livro.
O planejamento das aulas de Educação Física tem alguns elementosespecíficos: os conteúdos que serão abordados, os objetivos, a meto-
dologia e a avaliação. Geralmente, escolhemos entre um a três jogos ou 
brincadeiras, atividades lúdicas, para uma aula. No entanto, o planeja-
mento é flexível. Não fique preocupado em realizar todas as atividades. 
Algumas vezes uma atividade se torna tão interessante para os estudan-
tes que eles não querem parar de praticar. Outras vezes a atividade não 
é significativa. Portanto, as interações dos estudantes serão os ponteiros 
de sua bússola para a prática pedagógica com os jogos e brincadeiras. 
Tão importante quanto o planejamento é a organização do espaço nessa 
prática. Um espaço bem organizado propicia as interações entre os estu-
dantes, entre eles e os objetos e com os professores.
22 Jogos, brinquedos e brincadeiras na Educação Física
1.4 A prática pedagógica com o 
brincar na Educação Física 
Videoaula Você sabe como pensamos a metodologia lúdica? Vamos responder: 
na prática! Assim, você irá conhecer ainda mais os estudos e as pesqui-
sas dos autores da área. Para isso, pretendemos compartilhar esse co-
nhecimento com você, contudo não objetivamos esgotar o tema, pois 
para cada prática lúdica é preciso organizar um planejamento, o que 
se constitui em pensar estratégias e seleção de recursos e brinquedos 
conforme o grupo de estudantes.
A metodologia lúdica, assim como outras formas de trabalho peda-
gógico, poderá ser desenvolvida em etapas. Entre estas, as interações 
entre os estudantes precisam ser pensadas para o início da aula. Atual-
mente, muitas crianças e adolescentes têm dificuldades em se expres-
sar corporalmente e até interagir com os colegas por diversos motivos, 
que envolvem relações sociais e familiares. Entre esses motivos está 
a família que dedica muito tempo ao trabalho e pouco ao lazer e às 
atividades corporais com seus filhos. Em virtude disso, as crianças e os 
jovens procuram distração nos eletrônicos e redes sociais.
Por isso, várias vezes observamos que quando as crianças e jovens 
têm a oportunidade de participar de jogos e brincadeiras em grupo na 
escola, se sentem desconfortáveis. Isso geralmente ocorre no início das 
aulas, pois logo que experimentam o prazer e a diversão que a prática lú-
dica lhes proporciona, passam a gostar das aulas. Nesse ponto de vista:
propõe-se que a Educação Física seja fundamentada nas refle-
xões sobre as necessidades atuais de ensino perante os alunos, 
na superação de contradições e na valorização da educação. Por 
isso, é de fundamental importância considerar os contextos e ex-
periências de diferentes regiões, escolas, professores, alunos e 
da comunidade. (PARANÁ, 2008, p. 50)
As emoções intervêm no aprendizado dos estudantes e isso poderá 
trazer alguns bloqueios corporais em relação ao movimento. Com efei-
to, vivenciando jogos e brincadeiras, os estudantes ampliam a expres-
são corporal, a comunicação, a socialização e a aprendizagem.
Educação Física e ludicidade: práticas pedagógicas 23
1.4.1 O planejamento para a prática lúdica nas aulas 
de Educação Física
O planejamento das aulas é fundamental para a qualidade do tra-
balho pedagógico na Educação Física. O plano de aula é organizado da 
seguinte forma: pesquisa do conteúdo, definição dos objetivos, seleção 
das atividades, organização do espaço e dos recursos, descrição da me-
todologia e dos instrumentos de avaliação.
Ao planejar as aulas, faça a seleção do conteúdo. Para isso é im-
portante que você conheça alguns documentos, como as Diretrizes 
Curriculares Nacionais e a BNCC. Você também precisará consultar os 
referenciais curriculares do seu município ou estado. Neles estarão 
elencados os conteúdos estruturantes da Educação Física na educação 
infantil e no ensino fundamental.
Tendo definido o conteúdo, elabore os objetivos das aulas. 
Lembre-se de que os jogos e brincadeiras possibilitam desenvol-
ver,demonstrar, capacitar, contribuir, mostrar, colaborar, conhecer, 
identificar e várias outras ações que possam levar os estudantes ao 
conhecimento e à consciência corporal. Assim, você poderá pensar em 
para quem e por que os conteúdos serão relevantes no processo de 
ensino e aprendizagem. 
As aulas de Educação Física contribuem para esse processo, desen-
volvendo a criticidade e a criatividade dos estudantes, pois contam com 
conteúdos que também são abordados em outras disciplinas escola-
res, promovendo a reflexão sobre as experiências vividas em diferen-
tes contextos. A prática de jogos e brincadeiras estimula a interação 
social, propicia a reflexão sobre os papéis vivenciados, a competição e 
a cooperação, o desenvolvimento das habilidades psicomotoras, entre 
outros objetivos fundamentais para os estudantes.
O planejamento também poderá ser organizado junto à coordena-
ção pedagógica e aos professores de outras disciplinas na escola, dessa 
forma, o corpo e o movimento terão outras abordagens, com textos e 
reflexões sociais e culturais, além das práticas corporais. 
Logo que os conteúdos e os objetivos sejam definidos, faça uma 
pesquisa sobre as atividades lúdicas que serão encaminhadas. Não se 
esqueça de que essas têm em sua trajetória uma história e, portanto, é 
importante abordar as informações sobre sua origem e pressupostos. 
Atividade 3
Como elaborar um planejamen-
to para a prática lúdica nas aulas 
de Educação Física?
A prática corporal precisa de um espaço adequado que incite as intera-
ções entre os estudantes, bem como as expressões verbais e corporais.
O ideal é que as aulas sejam desenvolvidas em espaços abertos, po-
rém as próprias salas de aula também servirão para que os jogos e as 
brincadeiras possam ser trabalhados com os estudantes. Você poderá 
convidá-los para participar da organização do espaço, reorganizando ca-
deiras e mesas para que atendam às necessidades das atividades. Lem-
bre-se de deixar o espaço organizado no final da aula para que outros 
professores também possam utilizá-lo. Isso levará os estudantes a de-
senvolverem a responsabilidade sobre a utilização do espaço comum.
Na sequência, descreva a metodologia da aula e faça a seleção dos 
recursos didáticos para a realização das práticas lúdicas. Os materiais 
básicos da Educação Física são bolas de borracha, arcos, colchonetes, 
bastões, bancos de madeira, traves de futebol removíveis, tatames, bo-
las para a prática esportiva, cordas individuais e coletivas, cones para 
demarcar espaços, jogos de tabuleiro, jogos de ação, quebra-cabeças, 
pega-varetas, jogos de adivinhação, raquetes, tacos de madeira, saqui-
nhos de areia para o trabalho com ações de carregar, recursos audio-
visuais, como pôsteres, atlas sobre o corpo humano, entre outros. A 
Figura 2 apresenta exemplos desses materiais.
Os recursos comumente usados nas aulas de Arte também poderão 
compor os materiais da Educação Física: tintas, pincéis, argila, massinha 
David Shankbone/Wikimedia Commons
24 Jogos, brinquedos e brincadeiras na Educação Física
Figura 2
Recursos 
didáticos para 
as aulas de Edu-
cação Física
Educação Física e ludicidade: práticas pedagógicas 25
de modelar, fantasias, músicas, textos, poesias, material escolar e uma 
infinidade de outros recursos de acordo com os conteúdos abordados.
As sucatas e os recursos da natureza são muito bem-vindos. To-
dos esses materiais são utilizados na prática com jogos e brincadeiras, 
contudo, o principal recurso é o corpo. Assim, se a escola tiver poucos 
recursos, pesquise atividades que não necessitam de materiais para a 
prática. Existem muitos jogos e brincadeiras que são realizados com 
materiais alternativos e mobiliários comuns, como cadeiras e cartei-
ras, muretas, pequenos degraus, gramados; alguns até não utilizam 
nenhum material.
Consideramos que os recursos e materiais, bem como espaços ade-
quados para a prática lúdica, são importantes para a qualidade das au-
las, porém, a falta desses não poderá ser um empecilho para que os 
estudantes joguem, brinquem, aprendam e se divirtam. A mediação do 
professor é tão, ou mais,importante do que os recursos materiais. Se 
a turma tiver alunos com deficiências auditiva ou visual, lembre-se de 
verificar a adequação dos materiais e recursos, a presença de um in-
térprete para os estudantes que dominem a língua de sinais e recursos 
visuais adaptados, como os utensílios para escrever em braile, soroban 
(ábaco japonês, utilizado para o ensino da Matemática), audiolivros, 
sinalizações, pranchas ou presilhas para prender o papel na mesa, 
suportes para lápis e canetas. A acessibilidade do espaço também é 
fundamental. Assim, as portas de acesso precisam ser largas, ter ba-
nheiros próximos, rampas e barras de apoio para facilitar a mobilidade 
dos estudantes com deficiências.
Os jogos, as brincadeiras e os brinquedos poderão tratar de diferen-
tes assuntos: a socialização; a psicomotricidade para o desenvolvimen-
to da consciência corporal; as estratégias cognitivas, como a memória, 
a atenção, a concentração e o raciocínio lógico; a competição; a coope-
ração; e as diferentes culturas regionais. 
Contextualize os assuntos citados nas atividades, tornando-os mais 
significativos para os estudantes. Ao final das aulas de Educação Física, 
faça uma reflexão com os estudantes sobre o encaminhamento de-
senvolvido, evidenciando pontos importantes sobre a prática lúdica. A 
seguir trataremos do encerramento das práticas lúdicas com jogos e 
brincadeiras referindo-se ao processo de avaliação com o brincar e as 
interações com os estudantes nas aulas de Educação Física.
26 Jogos, brinquedos e brincadeiras na Educação Física
1.4.2 Organização do espaço
Quais são os espaços propícios para as aulas de Educação Física? A 
resposta a essa pergunta não é simples. A escolha do espaço deverá 
seguir o planejamento da atividade e atender às necessidades dos mo-
vimentos e das interações.
Atividades que envolvam corridas poderão ser desenvolvidas na 
quadra esportiva, como exemplifica a Figura 3. Os jogos e brincadei-
ras que envolvem os movimentos corporais, como andar, correr, sal-
tar, arremessar e pegar, também necessitam de espaços amplos.
Os jogos e brincadeiras sensoriais poderão ser 
feitos em salas ou salões fechados, pois algumas 
práticas necessitam que os estudantes dis-
criminem sons, cores, formas, sabores e 
aromas. A Figura 4 mostra um exem-
plo desse tipo de prática.
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Figura 3
Quadra esportiva
Educação Física e ludicidade: práticas pedagógicas 27
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Figura 4
Painel sensorial
As práticas lúdicas com música também seguem essa regra. Po-
rém, nesse caso, bosques e parques são espaços convidativos para o 
desenvolvimento dos sentidos.
Os jogos de tabuleiro precisam de espaços onde as crianças pos-
sam sentar-se; se a escola tiver algumas mesas e bancos em espaços 
coletivos, serão interessantes para que a prática desses jogos ocorra 
além das aulas de Educação Física.
Espaços com areia, água e árvores são propícios aos desafios mo-
tores, porém, há de se cuidar com a segurança das crianças. O olhar 
atento dos professores às vezes é insuficiente para que elas não se 
machuquem. Bebês e crianças pequenas não têm total noção do que 
possa ser um risco e, desse modo, correm e pulam sobre objetos sem 
planejar seus movimentos. Assim, sempre que for realizar práticas 
lúdicas em espaços abertos, com árvores, balanços, escorregadores e 
outros implementos e brinquedos, busque auxílio de outros profissio-
nais da escola para que possam ajudar nos cuidados.
28 Jogos, brinquedos e brincadeiras na Educação Física
Os estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental (AIEF) já têm 
melhor controle motor, porém é necessário que se tome cuidado com 
os objetos que são deixados nas quadras e salas de aula. Em espaços 
abertos é comum que brinquem de corrida e joguem bola, assim, o 
piso deverá estar sempre seco para que as crianças não escorreguem. 
Eles tentarão fazer com que você, professor ou professora, deixe que 
pratiquem esse tipo de atividade mesmo que o espaço esteja molhado, 
como nos dias de chuva em pátios e quadras abertas, porém não dei-
xe que brinquem dessa forma, pois com certeza haverá escorregões e 
quedas, o que poderá causar lesões graves nas crianças.
O espaço e o ambiente são dois elementos interligados. Quando 
falamos sobre o espaço estamos falando sobre a dimensão física, 
por exemplo: a sala de aula, o ginásio da escola e o auditório. Estes 
envolvem o piso, as paredes e o teto, assim, dificilmente é possível 
modificar a dimensão física, pois são concretos. No entanto, o am-
biente se refere à maneira como organizamos o espaço, ou seja, o 
mobiliário, a decoração e os recursos. O ambiente precisa ser agra-
dável, principalmente quando se refere à prática lúdica nas aulas de 
Educação Física. É importante que você converse com os estudan-
tes sobre a higiene do local. O espaço da prática lúdica e corporal 
não deverá ser utilizado para alimentação, pois sobras de alimentos 
trazem insetos, roedores e bactérias e tudo isso poderá provocar 
doenças e infecções.
Para sistematizar a apresentação sobre o planejamento com 
jogos e brincadeiras faremos a sugestão de um plano de ação do-
cente de Educação Física para que você reflita sobre como poderá 
ser elaborada a relação entre a teoria e a prática com a ludicidade 
na escola. Observe que não serão citados os nomes dos jogos para 
que você possa utilizar essa sugestão e adaptar para a prática com 
os conteúdos da Educação Física. O plano do Quadro 1 poderá ser 
desenvolvido com estudantes do 5º ano do ensino fundamental, to-
davia poderá ser adaptado para outras séries.
Educação Física e ludicidade: práticas pedagógicas 29
Quadro 1
Plano de aula para a prática lúdica nas aulas de Educação Física 
Conteúdo Objetivos Metodologia Recursos didáticos Avaliação
Jogos e 
brincadeiras 
populares
Pesquisar sobre a origem 
e o histórico dos jogos, 
brinquedos e brincadeiras.
Vivenciar jogos e brin-
cadeiras popularmente 
conhecidos.
Conhecer a origem dos 
jogos e brincadeiras para 
a reflexão sobre o brincar 
na atualidade.
Refletir sobre as regras 
e suas possibilidades de 
transformações de acordo 
com as relações sociais e 
culturais do seu grupo.
Conversa com os estu-
dantes sobre os jogos 
e brincadeiras que 
conhecem.
Pesquisa sobre a 
origem dos jogos co-
nhecidos.
Debate sobre a origem 
e o histórico dos jogos, 
brinquedos e brinca-
deiras.
Vivência de jogos e 
brincadeiras e adequa-
ção das regras para os 
interesses do grupo.
Quadras esporti-
vas, sala de infor-
mática, pendrive, 
multimídia, bolas 
de borracha, 
som, cordas.
Instrumentos:
criação de um jogo que 
envolva os conteúdos 
abordados e as regras. 
Apresentação do jogo 
e vivência com os 
colegas.
Critérios:
participação consciente 
nos jogos. Vivência re-
flexiva sobre as regras.
Reflexão sobre a 
origem dos jogos e a 
relação com o brincar 
na atualidade.
Fonte: Elaborado pela autora.
Na escola, especificamente nas aulas de Educação Física, a prática 
lúdica é uma ocasião em que os estudantes e você estarão no coleti-
vo, participando de vivências lúdicas. Esses momentos possibilitarão 
descobertas e criação de aprendizagens pessoais muito significativas. 
A prática lúdica propicia a sensibilização e a criatividade, já que aborda 
os jogos, as brincadeiras corporais e as interações entre todos os en-
volvidos no processo.
1.5 O lúdico e a avaliação na 
Educação Física escolar 
Videoaula Os professores continuamente observam seus educandos em 
suas características de comportamento e expressões orais que darão 
margem a diferentes propostas pedagógicas. Existe no mercado até 
literatura específica realizada por professores atentos ao processo de 
desenvolvimento e aprendizagem dos estudantes na escola. Isso é re-
levante quando se propõem práticas corporais para o desenvolvimen-
to integral das crianças e jovens na escola. Nessa lógica, é importante 
30 Jogos, brinquedos e brincadeiras na Educação Física
refletir a respeito da valorizaçãoextensiva da aprendizagem cognitiva 
sobre a corporal. O trabalho pedagógico dos professores de Educação 
Física na educação infantil e nos AIEF é essencial para o desenvolvi-
mento das interações no processo de ensino e aprendizagem. Nessa 
acepção, o educando aprende por meio da expressão corporal, oral e 
da escrita conjuntamente.
Os jogos como recursos pedagógicos ampliam o processo de ensi-
no e aprendizagem justamente por propiciar a prática da expressão 
em diferentes linguagens e abordar diversas estratégias, tentativas 
e maior aceitação do erro. Por esse ângulo, de acordo com Almeida 
(2004), quando participa de um jogo, a criança elabora e reelabora 
suas atitudes, organiza estratégias e pensamentos, utiliza o raciocí-
nio e a memória.
Os professores de Educação Física encontram nas expressões cor-
porais dos estudantes elementos importantes para conhecerem sua 
realidade social e cultural. Dessa maneira, a metodologia das aulas 
poderá ser pensada para atender aos interesses dos estudantes, pro-
piciando condições qualitativas para o processo de desenvolvimento 
e aprendizagem.
Nesta perspectiva, Rau (2011a, p. 44) destaca que:
é da reflexão sobre as abordagens acerca da ludicidade na edu-
cação que resulta a teoria como expressão da prática, sendo 
então necessário que ocorra um movimento no sentido de vin-
cular as concepções sobre o lúdico à sua utilização como recurso 
pedagógico. É quando a brincadeira fica séria, faz sentido e orde-
na os múltiplos significados do imaginário da criança. 
A autora revela aspectos da intencionalidade educativa do brincar 
na educação. Com efeito, os termos reflexão, educação, recurso peda-
gógico, sentido e significado são fundamentais na compreensão sobre 
a avaliação no processo de ensino e aprendizagem com o brincar na 
Educação Física. 
Traremos como fundamento aspectos das Diretrizes Curriculares 
para a Educação Física do Estado do Paraná. “Um dos primeiros as-
pectos que precisa ser garantido é a não exclusão, isto é, a avaliação 
deve estar a serviço da aprendizagem de todos os alunos, de modo que 
Educação Física e ludicidade: práticas pedagógicas 31
permeie o conjunto das ações pedagógicas e não seja um elemento ex-
terno a esse processo” (PARANÁ, 2008, p. 77). Assim sendo, a avaliação 
deverá ocorrer durante o processo de ensino e aprendizagem.
A avaliação deve se caracterizar como um processo contínuo, per-
manente e cumulativo, tal qual preconiza a LDB nº 9394/96, em 
que o professor organizará e reorganizará o seu trabalho, susten-
tado nas diversas práticas corporais, como a ginástica, o esporte, 
os jogos e brincadeiras, a dança e a luta. (PARANÁ, 2008, p. 77)
As escolas de ensino fundamental têm o período letivo organizado 
em bimestres ou trimestres. Assim, a avaliação considera os aspectos 
formativos dos estudantes. Os instrumentos de avaliação poderão ser 
compostos de provas escritas individuais sobre os conteúdos, caso seja 
uma exigência da escola, mas também de apresentações orais e práti-
cas, como recriação de jogos e brincadeiras, coreografias quando a ativi-
dade lúdica for a dança e a expressão corporal, elaboração de cartazes 
e textos coletivos que descreverão pesquisas sobre a ludicidade, folders 
com imagens e representações de ginástica, envolvendo os alongamen-
tos, atividades importantes para o desenvolvimento corporal.
Atividades sobre alimentação saudável poderão fazer parte dos ins-
trumentos de avaliação. É muito proveitoso e divertido organizar uma 
feira de produtos orgânicos e fazer uma salada de frutas como resul-
tado de pesquisas sobre o assunto, que poderá ser oferecida aos co-
legas da escola nos horários do intervalo ou projetos coletivos em que 
os estudantes farão as explicações sobre a alimentação e a prática de 
atividades corporais.
A avaliação deve, ainda, estar relacionada aos encaminhamen-
tos metodológicos, constituindo-se na forma de resgatar as ex-
periências e sistematizações realizadas durante o processo de 
aprendizagem. Isto é, tanto o professor quanto os alunos pode-
rão revisitar o trabalho realizado, identificando avanços e dificul-
dades no processo pedagógico, com o objetivo de (re)planejar e 
propor encaminhamentos que reconheçam os acertos e, ainda, 
superem as dificuldades constatadas. (PARANÁ, 2008, p. 78)
Esperamos que você tenha compreendido que a avaliação não de-
verá ser classificatória como em outros momentos históricos em que 
existia a comparação entre o rendimento dos estudantes. Atualmente, 
32 Jogos, brinquedos e brincadeiras na Educação Física
a Educação Física na escola não trata de competição, mas sim de for-
mação humana por meio de atividades relacionadas à cultura corporal. 
Assim, o objetivo da avaliação será identificar o significado que os es-
tudantes deram ao conteúdo trabalhado. Com efeito, ao final da aula 
com a ludicidade, o professor possibilitará que os estudantes façam 
uma reflexão crítica sobre as vivências lúdicas nas aulas e isso poderá 
ser desenvolvido por meio de desenhos, debates e expressões corpo-
rais. O reconhecimento dos seus limites e possibilidades para os estu-
dantes é fundamental para que sejam protagonistas do seu processo 
de aprendizagem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo desse capítulo foi ressaltar a relação do brincar com a 
Educação Física escolar no processo de ensino e aprendizagem. Atual-
mente, há uma grande preocupação com o tempo e a qualidade des-
tinados ao brincar e ao movimento das crianças e dos jovens. Logo, a 
Educação Física escolar tem nos jogos e nas brincadeiras um meio de 
transformar a visão que os estudantes têm sobre o movimento, o lazer, a 
aprendizagem e seu desenvolvimento, praticando e participando de ati-
vidades que construam a consciência corporal, garantindo a autonomia 
e a liberdade de expressão.
As atividades corporais desenvolvidas nas aulas de Educação Física são 
de extrema relevância para o crescimento e desenvolvimento das crian-
ças e dos jovens. Desse modo, para que isso aconteça, é fundamental 
que os professores conheçam as transformações sociais e culturais que 
permearam o movimento e como chegamos à prática pedagógica que en-
volve a ludicidade na educação.
Com efeito, os professores poderão refletir e compreender a essência 
do movimento e a individualidade de cada estudante, com seus desejos, 
limites e potencialidades, em que a consciência corporal é fortemente in-
fluenciada pelo momento histórico da sociedade em que vivem. Os bene-
fícios das vivências lúdicas nas aulas de Educação Física serão notados ao 
longo da vida dos estudantes. Seja nos esportes, na família ou na escola, 
teremos pessoas autônomas sabendo lidar melhor com o seu corpo, suas 
emoções, seus desejos e suas frustrações.
Educação Física e ludicidade: práticas pedagógicas 33
REFERÊNCIAS
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RAU, M. C. T. D. Educação infantil: práticas pedagógicas de ensino e aprendizagem. 
Curitiba: Ibpex, 2011b.
GABARITO
1. A primeira escola de formação surgiu em São Paulo e foram formados instrutores 
para serem professores de ginástica. A concepção de prática era militarista e objetiva-
va a formação dos estudantes para cumprirem seus deveres com a pátria.
2. A Educação Física escolar no ensino fundamental se justifica pela necessidade de a 
criança vivenciar atividades motoras importantes para a construção da cultura cor-
poral.
3. O plano de aula é organizado inicialmente pela pesquisa do conteúdo, seguindo a defi-
nição dos objetivos, a seleção das atividades, a organização do espaço e dos recursos, 
a descrição da metodologia e dos instrumentos de avaliação.
34 Jogos, brinquedos e brincadeiras na Educação Física
Este capítulo visa mostrar as concepções lúdica e educativa dos 
jogos, brinquedos e brincadeiras na Educação Física, apresentan-
do os objetivos, a organização do espaço e a escolha de práticas 
lúdicas. Reforçamos que cada escola tem sua realidade, assim, as 
sugestões de atividades poderão ser adaptadas para as potencia-
lidades e características de desenvolvimento dos estudantes no 
contexto inclusivo. Sugerimos que você reflita sobre o assunto e 
elabore suas próprias conclusões sobre o jogo na Educação Física. 
Divirta-se com o estudo!
Jogos, brinquedos 
e brincadeiras na 
Educação Física
2
2.1 O significado do brincar para a educação 
Videoaula A abordagem sobre o brincar na educação será apresentada segun-
do o entendimento de Brougère (1995), professor de Ciências da Edu-
cação na Universidade Paris XIII, que nos esclarece sobre o universo 
infantil e a ludicidade. O autor descreve o jogo como atividade lúdica, 
ao enfocar o sentimento dos jogadores e seus objetivos, como um sis-
tema de regras e, também, como material ou objeto, associado comu-
mente ao brinquedo.
O brincar está associado a um sistema social e, dessa forma, quan-
do a criança brinca, dá sentido aos objetos e/ou brinquedos de acordo 
com a sua representação do real. “Para que existam brinquedos é pre-
ciso que certos membros da sociedade deem sentido ao fato de que 
se produza, distribua e se consuma brinquedos” (BROUGÈRE, 1995, p. 
7). Para ilustrar a dimensão social do brinquedo, vamos descrever uma 
prática lúdica.
Jogos, brinquedos e brincadeiras na Educação Física 35
Manoel é um estudante da pré-escola 
em uma cidade do nordeste. A profes-
sora de Educação Física da turma com 
17 crianças se chama Francisca. Ela 
propôs uma atividade para trabalhar 
com a percepção das partes do corpo 
e o cuidado com a higiene. Essa 
atividade desenvolve a autonomia 
e a consciência corporal. A Figura 1 
mostra como a criança identifica as 
partes do corpo e poderá ser usada na 
prática descrita.
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yB
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Figura 1
Partes do corpo humano
Leia a descrição da brincadeira desenvolvida pela professora Francisca e reflita 
sobre a prática.
Banho de papel
Convide as crianças para ir ao pátio da escola. Dê preferência a espaços que contenham árvores, 
gramados ou folhagens. Estimule a percepção dos movimentos respiratórios, a inspiração e 
a expiração. Peça que descontraiam os músculos enquanto respiram atentamente. Faça 
exercícios de alongamento com as crianças, levantando os braços suavemente, realizando 
movimentos circulares com o pescoço, girando a parte superior do tronco para os lados. A 
Figura 2 poderá facilitar a prática.
Figura 2
Exercícios de alongamento V
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ho
w
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hu
tte
rs
to
ck
(Continua)
Na prática
36 Jogos, brinquedos e brincadeiras na Educação Física
Em seguida, distribua uma folha de revista para cada criança. Peça que amassem a folha com as duas mãos até formar 
uma bola e logo desamassem novamente. Essas ações desenvolverão a coordenação motora fina, fundamental para a 
aprendizagem da escrita, o desenho e a manipulação de objetos. Explique que irão imaginar que as folhas de papel 
são os materiais de higiene que utilizam no banho. Assim, inicialmente todos farão de conta que estão no momento do 
banho no banheiro de sua casa.
Você também está se imaginando nessa prática? Estabeleça um diálogo entre a fantasia e a realidade por meio da 
imaginação.
Você pode narrar a brincadeira. Comece dizendo “Agora vamos abrir o chuveiro! Hum, que água gostosa... Ela cai suave-
mente sobre a nossa cabeça. Vamos pegar essa folha e fazer um xampu?”.
As crianças e você amassarão a folha como se fosse um frasco de xampu.
Incentive as crianças dizendo “Bom! Vamos abrir e colocar um pouco na mão. Fechem o frasco e deixem no chão. Vamos 
lavar nosso cabelo?”.
Ensine as crianças como lavar o cabelo. Em seguida, pegue a folha novamente e peça para desamassarem com as duas 
mãos. Faça uma bola para que as crianças observem e façam também.
Continue a narração dizendo “Agora vamos fazer o sabonete. Muito bom! Vamos lavar o rosto, os braços, o pescoço, o 
tronco, as costas...”.
Chame a atenção para todas as partes do corpo. Não se esqueça de explicar a importância de mantermos nosso corpo 
higienizado para evitar doenças. Aproveite para falar que, além do banho, é necessário lavar as mãos sempre antes das 
refeições e após o uso do banheiro. Ao final da brincadeira, proponha às crianças transformarem a folha de papel em 
uma toalha para secar o corpo, pedindo que a pendurem no varal. Você pode criar um varal com um barbante preso aos 
galhos das árvores. Convide as crianças para organizar um círculo e questione como foi a percepção e o entendimento 
sobre a brincadeira.
Finalize perguntando “A brincadeira fez vocês se lembrarem de algum acontecimento do dia? Quando o conteúdo higie-
ne está presente no seu cotidiano?”.
Você pode perguntar também como fariam a brincadeira de outra forma e se identificam a presença de regras.
A brincadeira Banho de papel é uma atividade simples, porém o que 
a tornará significativa para os estudantes será a mediação do professor 
quanto à imaginação. Brougère (1995) nos explica que a criança pro-
cura compreender o significado do brinquedo. Assim, é justo que você 
esteja pensando “Qual brinquedo? A atividade utilizou uma folha de 
papel. Não havia nenhum objeto ou brinquedo!”.
É por isso que escolhemos a brincadeira desenvolvida pela pro-
fessora Francisca para explanar a abordagem do autor. Por meio do 
brincar ocorre a expressão do sentimento dos jogadores e seus objeti-
vos. Ao utilizar um objeto qualquer para evocar as ações lúdicas, o que 
Atividade 1
Qual é a característica da brinca-
deira que está em pauta quando 
a criança cria uma ação com um 
brinquedo ou objeto?
Jogos, brinquedos e brincadeiras na Educação Física 37
está em pauta é a imaginação. Dessa forma, qualquer objeto poderá 
se transformar em um brinquedo desde que a criança possa, além de 
interagir com o material, representar as vivências do seu cotidiano e 
recriá-las ao seu modo. “A criança que manipula um brinquedo possui 
entre as mãos uma imagem a decodificar” (BROUGÈRE, 1995, p. 8). Com 
efeito, a brincadeira é a representação dos significados que fazem par-
te de um objeto ou brinquedo.
Ao amassar e desamassar a folha do papel, criando e recriando for-
mas, a criança representa as imagens e experiênciasdo seu cotidiano. 
E quando interpreta corporalmente as ações do banho, decodifica a 
representação das relações sociais e culturais em que está inserida. “A 
criança deve conferir significados ao brinquedo, durante sua brincadei-
ra” (BROUGÈRE, 1995, p. 9).
2.2 O significado de brinquedo e 
brincadeira para a educação 
Videoaula O brinquedo é o material ou objeto que a criança explora livre-
mente, sem a presença de regras. Também é um objeto ligado à in-
fância, com efeito, não dizemos que um adulto está brincando sem 
delegar à brincadeira o caráter não sério, de passatempo ou até, 
como aponta Brougère (1995), ligado à futilidade. Por ser uma ativi-
dade livre, a brincadeira é associada à relação entre a ação e a fanta-
sia. O brinquedo propicia a brincadeira, uma vez que possibilita ações 
ligadas à representação. Assim, como nos esclarece o autor, “no brin-
quedo, o valor simbólico é a função” (BROUGÈRE, 1995, p. 14). Isso 
revela que o objeto está associado ao brinquedo e à brincadeira pelo 
poder do simbólico sobre o funcional.
Para esclarecer melhor a função do brinquedo, apontamos o seu 
valor social, afetivo e simbólico. O brinquedo tem a imagem em um 
objeto e um volume, assim, tem característica tridimensional. Quan-
do a criança transforma uma folha de papel por meio da imaginação 
em um frasco de xampu ou sabonete, resgata o seu valor social e 
afetivo. Pense nas vivências do cotidiano da criança em que o banho 
está presente. As imagens do xampu e do sabonete remetem aos va-
lores simbólicos do brinquedo, no caso a folha de papel amassada, e 
conferem uma significação social e afetiva para a brincadeira.
38 Jogos, brinquedos e brincadeiras na Educação Física
Logo, a função simbólica presente no brinquedo entrega à brin-
cadeira um conjunto de representações sociais e culturais ricas. Na 
brincadeira ocorre a interação lúdica, a criança se apropria dos assun-
tos que lhe são disponibilizados por meio de suas próprias vivências 
ou de outros no cotidiano e os recria. Desse modo, na brincadeira, “a 
criança interioriza as formas imaginárias, o próprio processo da pro-
dução imaginária, apoiando suas próprias invenções em esquemas 
preexistentes” (BROUGÈRE, 1995, p. 70). Logo, na brincadeira a crian-
ça elabora uma transposição imaginária, utiliza valores, brinca com o 
medo, construindo conteúdos socializadores. Brincando a criança se 
apropria de elementos culturais.
Contudo, nesse processo, a brincadeira surge como uma sucessão 
de acontecimentos e decisões compartilhadas entre seus pares. No 
ato de brincar surgem as interações, as vivências de papéis e emerge 
um sistema de regras. “Uma regra da brincadeira só tem valor se 
for aceita por aqueles que brincam” (BROUGÈRE, 1995, p. 101). Na 
atividade descrita anteriormente, o Banho de papel, as regras esta-
vam implícitas. Para participar da atividade, as crianças precisariam 
ocupar um determinado espaço e seguir uma sequência de atos que, 
embora fossem resultados de suas interpretações e criações indivi-
duais, aconteciam em um ambiente coletivo. Contudo, não se perdeu 
o caráter simbólico da brincadeira, e quando as crianças transforma-
vam a folha de papel em outro objeto utilizado no banho, de maneira 
imaginária, transpunham o concreto e a imagem para a ação. A regra 
permitia, neste sentido, criar outros objetos e situações que liberam 
os limites do real.
A brincadeira surge do desejo de expressar as relações observa-
das, vivenciadas e, consequentemente, possibilita à criança experi-
mentar o novo, recriar o que já existe, porém, pela sua maneira de 
ver o mundo. Brincar predispõe a criança à experimentação de novos 
comportamentos e isso é indispensável para a descoberta de suas 
potencialidades. As regras na brincadeira ensejam um mundo ima-
ginário por meio do qual a criança poderá reinventar e reelaborar 
as ações sem correr riscos. Dessa forma, a brincadeira é um meio de 
educação da criança, pois como espaço de socialização possibilita o 
domínio na relação com o outro.
Atividade 2
Como a brincadeira desenvolve a 
sociabilidade da criança?
Jogos, brinquedos e brincadeiras na Educação Física 39
2.3 O significado do jogo para a educação 
Videoaula Os jogos têm um importante significado para a educação. Podem 
ser utilizados como recursos pedagógicos para o ensino de conteúdos, 
como instrumento de avaliação da aprendizagem e para a diversão dos 
estudantes. Contudo, o jogo tem características que o diferem da brin-
cadeira e do brinquedo. O quadro a seguir apresenta as características 
do jogo, do brinquedo e da brincadeira.
Quadro 1
Características do jogo, do brinquedo e da brincadeira
Jogo Brinquedo Brincadeira
Regras Objeto Imaginação
Imaginação Regras
Fonte: Elaborado pela autora.
Já conhecemos as características que definem a brincadeira: a imagi-
nação da criança que dá vida a um objeto tornando-o um brinquedo. As-
sim, quando brinca, a criança representa papéis. Ao brincar com outras 
crianças ou adultos, a imaginação cede espaço para os desafios e, assim, 
as regras surgem como elementos que possibilitam a continuidade da 
brincadeira. Dessa forma, a brincadeira começa como uma relação en-
tre pares ou mesmo individual, sem intencionalidade, mas que pelo uso 
da imaginação e para a sua continuidade evoca conflitos emocionais e 
funcionais. Assim, surge a necessidade da criação das regras.
O jogo, ao contrário da brincadeira, parte do conhecimento sobre 
suas regras e busca na imaginação das crianças estratégias para pos-
sibilitar maiores e melhores interações.
Na Educação Física, a ludicidade pode ser considerada uma aborda-
gem teórico-prática que possibilita a construção da consciência corpo-
ral de bebês, crianças e jovens na escola. Por meio de práticas lúdicas, 
os estudantes se apropriam da cultura corporal, conhecendo a história 
do movimento, das brincadeiras, dos esportes, da ginástica e da dança.
Como o tema central deste livro aborda os jogos, brinquedos e brin-
cadeiras na Educação Física, apresentaremos as suas classificações se-
guidas pelas concepções de autores da área.
A abordagem de Darido e Souza Júnior (2007) destaca que os jogos 
têm regras definidas e por isso se diferenciam das brincadeiras. A sua 
40 Jogos, brinquedos e brincadeiras na Educação Física
prática possibilita a reflexão sobre as regras, tornando-as flexíveis e 
aqui encontramos mais uma diferença, desta vez com os esportes que 
têm sua regulamentação rígida. Os autores esclarecem algumas classi-
ficações dos jogos: de salão, tabuleiro, grandes jogos, de construção, de 
faz de conta e de imitação.
Em outra obra, Darido e Rangel (2011) atentam para as variações 
das brincadeiras e jogos explicando que as primeiras variam conforme 
a região, contudo mantêm sua essência e maneira de jogar. Isso é rele-
vante quando se fala de cultura dos jogos para os estudantes na escola. 
Não são raras as vezes em que uma turma de estudantes é formada 
por crianças de várias regiões do país e até de outras nacionalidades. 
Ensinar jogos também passa por deixar que os estudantes descrevam 
suas práticas lúdicas e ensinem uns aos outros, aprendendo, assim, 
pela diversidade cultural de cada região.
Como exemplo, citamos a Amarelinha. Trata-se de um jogo de atirar 
(FRIEDMANN, 1996), que desenvolve a coordenação motora, o equilí-
brio e pode ensinar a contar. É uma prática divertida, o que denota a 
função lúdica do jogo. Amarelinha é o nome mais conhecido em todo 
o Brasil, no entanto, no nordeste o mesmo jogo pode ser conhecido 
como Pula Macaco e no sul do país como Sapata.
Darido e Rangel (2011) também justificam a prática de jogos e brin-
cadeiras na perspectiva do lazer e da qualidade de vida. Para as autoras,
é preciso favorecer a reflexão dos alunos sobre as mudan-
ças que vêm ocorrendo na sociedade, ou seja, é preciso que 
eles entendam que se por um lado, o avanço tecnológico 
tem contribuído para disponibilizar um maior número de 
informações e para oferecer maior conforto à população, 
através de

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