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METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA Mário Adelmo Varejão-Silva Versão digital 2 – Recife, 2006 208 15. Balanço global médio de radiação. A partir dos dados coletados através do radiômetro de varredura, instalado em satélites norte-americanos da série NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), que usam canais no visível (de 0,5 a 0,7 µ), para medir a radiação refletida e no infravermelho (de 10,5 a 12,5 µ), para obter a energia emitida, Gruber (1978) determinou o saldo de radiação em escala planetária, entre junho de 1984 e maio de 1985. Seus resultados (Fig. V.18), revelaram que esse saldo varia com a latitude segundo as estações do ano. Verifica-se, para ambos os hemisférios (Fig.V.18) que, naquele intervalo de tempo (um ano): - na primavera, a zona correspondente ao saldo energético negativo se estendeu desde o pólo até o paralelo de 45o, aproximadamente; - no verão, o saldo foi positivo até cerca de 70o de latitude do hemisfério considerado; - no outono, esse saldo foi negativo, desde a zona circumpolar até cerca de 20o de latitu- de; e - no inverno, excetuando-se a faixa que se estende do equador até 10o de latitude, o sal- do de radiação também foi negativo. Verifica-se, ainda, que a zona compreendida entre 10o N e 10o S apresentou saldo de energia positivo em todas as estações, enquanto que nos pólos ele foi sempre negativo. Com- plementarmente, observa-se (Fig. V.18) que o saldo ocorrido durante o verão e o outono do Hemisfério Sul foram maiores que os detectados nas mesmas estações no Hemisfério Norte. Saldos energéticos negativos indicam, evidentemente, que a perda é maior que o ganho e nas áreas aonde isso acontece espera-se haver resfriamento, o que foi efetivamente cons- tatado na prática. Considerando apenas as perdas de energia, porém, tal resfriamento deveria ser maior que o observado naquelas áreas, no período estudado. O aquecimento ocorrido nas faixas com saldo energético positivo, por outro lado, foi inferior ao que seria esperado le- vando-se em conta apenas a absorção e a emissão de energia radiante. Essas condições su- gerem a existência de mecanismos capazes de provocar a distribuição meridional do excesso radiativo, contribuindo para atenuar os extremos de temperatura. Talvez o leitor argumente que o período investigado por Gruber (1978) não é represen- tativo. É conveniente, portanto, estudar a distribuição média do saldo de energia em escala planetária. A Fig. V.19 mostra a distribuição latitudinal dos saldos médios de radiação estimados para a superfície, para a atmosfera e para a Terra (sistema superfície-atmosfera) como um todo. Examinando-se a curva correspondente à Terra, constata-se que: - há um excesso de energia na zona compreendida entre 40o N e 40o S, aproximada- mente , e - nas demais áreas, o saldo médio é negativo, revelando que a emissão de radiação in- fravermelha para o espaço supera a energia recebida do Sol. Com base apenas nessa constatação, a tendência seria admitir o gradual aquecimento da zona situada entre 40o N e 40o S e o progressivo resfriamento das demais áreas. Parado- xalmente, as pequenas flutuações que se percebem nas médias anuais de temperatura (e
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