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Introdução O advogado empregado é aquele que mantém um vínculo empregatício com uma empresa ou com uma sociedade de advogados, para a qual presta os seus serviços de advocacia. Ele preenche todos os requisitos caracterizadores do mencionado vínculo, a saber: habitualidade, onerosidade, pessoalidade e subordinação. Independência profissional e interesses pessoais do empregador A relação de emprego não retira do advogado a isenção técnica, nem tampouco reduz a independência profissional inerentes à advocacia. Advirta-se que advogado empregado não está obrigado a prestar serviços profissionais de interesse pessoal dos empregadores, fora da relação empregatícia. Inaplicabilidade ao advogado público As normas protetivas do advogado empregado deixaram de alcançar os advogados públicos (da administração pública direta, autárquica e fundacional da União, dos Estados-membros e dos Municípios) por força da Lei n. 9.527/97, cujo art. 4º estabelece que as “disposições constantes do Capítulo V, Título I, da Le i n. 8.906, de 4 de julho de 1994, não se aplicam à Administração Pública direta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como às autarquias, às fundações instituídas pelo Poder Público, às empresas públicas e às sociedades de economia mista”. Contra a norma do art. 4º da Le i n. 9.527, o CFOAB ajuizou (ADI 3.396), em 2005, alegando afronta ao princípio constitucional da igualdade (art. 5º), já que os advogados da iniciativa privada e do setor público recebem tratamento diverso, mas exercem a mesma atividade. Na ADI 1.552-4, em decisão liminar, o STF entendeu que as empresas públicas e as sociedades de economia mista que explorem atividade econômica em sentido estrito, sem monopólio, estão sujeitas ao regime próprio das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas, sendo-lhes, portanto, aplicáveis os arts. 18 a 21 do Estatuto quanto a seus advogados empregados. A ADI veio a ser julgada prejudicada, por perda superveniente de objeto. Salário mínimo profissional (ou piso salarial) do advogado empregado O salário-mínimo profissional do advogado empregado será fixado em sentença normativa, salvo se ajustado em acordo ou convenção coletiva de trabalho. Compete ao sindicato de advogados e, na sua falta, à federação ou confederação de advogados, a representação destes nas convenções coletivas celebradas com as entidades sindicais representativas dos empregadores, nos acordos coletivos celebrados com a empresa empregadora e nos dissídios coletivos perante a Justiça do Trabalho, aplicáveis às relações de trabalho. Jornada de trabalho e hora extra A jornada de trabalho do advogado empregado não poderá ultrapassar a duração diária de 4 (quatro) horas contínuas e a de 20 (vinte) horas semanais, exceto se houver acordo ou convenção coletiva de trabalho ou, ainda, em caso de dedicação exclusiva. O Estatuto considera dedicação exclusiva o regime de trabalho que for previsto expressamente em contrato individual de trabalho. As horas trabalhadas que excederem a jornada normal são remuneradas com um adicional não inferior a 100% (cem por cento) sobre o valor da hora normal, mesmo havendo contrato escrito. Naqueles casos de dedicação exclusiva, serão remuneradas como extras as horas trabalhadas que passarem da jornada de 8 (oito) horas diárias. Considera-se como período de trabalho todo o tempo em que o advogado estiver à disposição do empregador, aguardando ou executando Advogado empregado ordens, no seu escritório ou em atividades externas, sendo-lhe reembolsados os gastos efetuados com transporte, hospedagem e alimentação. Jornada noturna O trabalho realizado entre as 20 horas de um dia até às 5 horas do outro dia, configura jornada noturna do advogado empregado, e como tal deve ser remunerada, acrescidas do adicional de 25%. O EAOAB não reduziu a hora noturna do advogado empregado, portanto, esta é de 60 minutos. Honorários de sucumbência do advogado empregado O art. 21 do Estatuto e seu parágrafo único determinam que, nas causas em que o empregador (ou pessoa por este representada) for parte, os honorários de sucumbência são devidos aos advogados empregados. Já se o advogado for empregado de sociedade de advogados, os sucumbenciais são partilhados entre ele e a sociedade, como for estabelecida em acordo. Esses dispositivos, embora tenham sido objetos de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI nº 1.194-4), foram declarados constitucionais pelo STF, que deu interpretação conforme, sem redução do texto. Os referidos honorários, por decorrerem precipuamente do exercício da advocacia e só acidentalmente da relação empregatícia, não integram o salário ou a remuneração do advogado empregado, não podendo, assim, ser considerados para efeitos trabalhistas ou previdenciários. Os honorários de sucumbenciais desses advogados constituem fundo comum, cuja destinação é decidida pelos profissionais integrantes do serviço jurídico da empresa ou por seus representantes.
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