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Aluna: Marília de Araújo Alves (P3 Medicina) CASOS CLÍNICOS SNA TERAPÊUTICA 1- M.S.S. asmático, chegou a emergência após uma síncope e foi constatado com uma pressão arterial de 230X110 mmHg. O mesmo falou que os sinais e sintomas começaram após o último jogo de futebol que o mesmo tinha ido ver. O médico de plantão prescreveu propranolol para o paciente. a- Qual o mecanismo de ação do propranolol? O Propranolol é um antagonista beta-adrenérgico competitivo não seletivo, possuindo igual afinidade pelos receptores beta-1 (localizados predominantemente no coração) e receptores beta-2 (localizados nas arteríolas e diversos órgãos). O mecanismo anti-hipertensivo envolve diminuição do débito cardíaco (ação inicial), redução da secreção de renina, readaptação dos barorreceptores e diminuição das catecolaminas nas sinapses nervosas. Reduz a condução do nódulo AV; diminui a frequência cardíaca; reduz o consumo de oxigênio pelo miocárdio; tem efeito antiarrítmico e reduz a agregação plaquetária. b- Você concorda com a prescrição? Por quê? Caso discorde, sugira nova alternativa terapêutica. Não. O propranolol é um medicamento da classe dos beta bloqueadores, de primeira geração, responsável pela inibição não seletiva dos receptores beta-1 e beta-2. O efeito desejável para tratamento hipertensão arterial e arritmias é a inibição do receptor beta-1. A inibição do receptor beta- 2 pode provocar broncoespasmo, principalmente nos pacientes susceptíveis, como asmáticos e portadores de doenças pulmonares crônicas. O propranolol diminui o calibre dos vasos dos brônquios, então se o paciente tem asma, há risco de faltar oxigênio para o corpo. Por esse motivo, caso seja necessário o uso dessa classe de medicamentos, é preferível o uso de um mais seletivo para o receptor beta-1, como o nebivolol, metoprolol ou atenolol (betabloqueadores cardiosseletivos), sendo mais seguros em pacientes com doença de via aérea leve a moderada. 2- J.C.C. 38 anos, gestante, foi ao obstetra relatando dores de cabeça frequentes e muitas náuseas. Após exame físico o médico constatou que a mesma estava com uma PA de 160X120. Ele então prescreveu Metildopa para a paciente. a- Qual o mecanismo de ação da Metildopa? A metildopa é um medicamento que pertence a um grupo de fármacos chamado agentes simpatolíticos de ação central. O mecanismo de ação pelo qual a metildopa exerce seu efeito anti- hipertensivo é a estimulação dos receptores alfa-adrenérgicos centrais, mediante seu metabólito, a α-metil-norepinefrina; dessa forma, inibe a transmissão simpática em direção ao coração, rins e sistema vascular periférico. Diminui também a resistência periférica total com redução mínima da frequência cardíaca e débito cardíaco. Podem também contribuir para seu efeito a redução nos níveis plasmáticos da atividade da renina. b- Você concorda com a prescrição de Metildopa para a gestante? Por quê? Caso discorde, sugira nova alternativa terapêutica. Sim. Pois a metildopa é considerada um medicamento de eleição para o tratamento clínico da hipertensão gestacional (ou hipertensão induzida pela gravidez) e pré-eclâmpsia. Recomenda-se que se tenha cuidado ao administrar metildopa a mulheres que amamentam, pois é um medicamento excretado no leite materno. 3- A miastenia gravis é uma doença crônica, caracterizada por fatigabilidade anormal de músculos estriados, em razão da dificuldade da passagem do impulso nervoso na junção neuromuscular, que promove a contração do músculo. Sabendo disso, responda as questões abaixo: a- Qual o mecanismo de ação do edrofônio, da neostigmina e da fisostigmina? Eles são exemplos de anticolinesterásicos que, de forma reversível ou irreversível, inativam a enzima Acetilcolinesterase, resultando em acúmulo de acetilcolina na fenda sináptica, pois a acetilcolina não será degradada pela AChE, por conseguinte, os efeitos parassimpáticos serão potencializados. Essa enzima, que metaboliza a acetilcolina, apresenta dois sítios ativos: o sítio aniônico, ao qual se liga o grupo trimetilamônio da acetilcolina, e o sítio esterásico, ao qual se liga a carboxila desse neurotransmissor. A enzima em questão é inativada irreversivelmente pelo edrofônio, pela neostigmina e pela fisostigmina. O edrofônio é um anticolinesterásico de ação curta, ele se liga ao sítio aniônico da enzima por meio de uma ligação eletrostática e ao sítio esterásico por meio de uma ligação de hidrogênio. A neostigmina é um anticolinesterásico de média duração, ela forma uma ligação covalente com o sítio esterásico da enzima através da transferência de um grupo carbamato. Apenas após hidrólise da ligação carbamato-enzima, a AChE torna-se novamente disponível para metabolizar a acetilcolina. A fisostigmina também é um anticolinesterásico de média duração, ela age reversivelmente no sítio esterásico da acetilcolinesterase e por ser mais lipossolúvel que os demais agentes, pode ser absorvida pelo trato gastrintestinal e atravessar a barreira hemato- encefálica. b- O edrofônio é utilizado para o diagnóstico de miastenia gravis, enquanto que a neostigmina e a fisostigmina são utilizadas para o tratamento da miastenia gravis, explique qual a diferença entre eles que justifique essa utilização? O edrofônio é utilizado para o diagnóstico de miastenia gravis, por ser um anticolinesterásico de ação curta, logo, tem uma ação curta (cerca de 10 minutos) e é absorvido mais rapidamente em comparação ao neostigmina e fisostigmina, que são anticolinesterásico de média duração. Além do edrofônio ser uma amina quaternária, não atravessando a barreira hemato-encefálica. Em pacientes com miastenia gravis uma injeção intravenosa de edrofônio causa um rápido aumento da força muscular. Sendo assim, o teste de edrofônio usa a administração intravenosa de cloreto de edrofônio para aliviar muito brevemente a fraqueza em pessoas com miastenia gravis. A droga bloqueia a degradação da acetilcolina e aumenta temporariamente os níveis de acetilcolina na junção neuromuscular. Já os medicamentos utilizados no tratamento da miastenia gravis incluem anticolinesterásicos de média duração, como a neostigmina e fisostigmina, que ajudam a melhorar a transmissão neuromuscular e aumentar a força muscular. A neostigmina pertence a um grupo de medicamentos chamados vagotônicos ou colinérgicos. É utilizada no tratamento de doenças que atingem os músculos, como a miastenia grave, ou mesmo como antagonista de outras drogas que levam ao relaxamento muscular excessivo. As propriedades colinérgicas da neostigmina baseiam-se principalmente na sua capacidade para estabilizar a acetilcolina, por inibição da atividade da colinesterase. O efeito da acetilcolina é deste modo prolongado e intensificado. Já a fisostigmina é um parassimpaticomimético de ação indireta pela ação da inibição da acetilcolinesterase. Ao interferir com o metabolismo da acetilcolina, a fisostigmina estimula indiretamente ambos os receptores nicotínicos e muscarínicos, devido ao consequente aumento da acetilcolina disponível nas sinapses. Ao contrário da neostigmina, pode atravessar a barreira hemato- encefálica. É utilizado quando se desejam efeitos sobre o Sistema Nervoso Central, como no tratamento da toxicidade anticolinérgica grave. 4- Os bloqueadores neuromusculares são muito utilizados como auxiliares em anestesia pelo fato de promoverem relaxamento da musculatura esquelética. Esses medicamentos atuam como anticolinérgicos em receptores nicotínicos. Sabendo disso, responda as perguntas abaixo: a- Qual o mecanismo de ação dos bloqueadores musculares não despolarizantes? Também chamados de bloqueadores estabilizantes ou competitivos, porque ao competir com a acetilcolina pelos receptores colinérgicos na placa motora, antagonizando a ação da acetilcolina e resultando no bloqueio da transmissão neuromuscular. Ao fazer a administração dessas drogas, elasse ligam aos receptores nicotínicos na junção neuromuscular, na placa mioneural, impedindo que a ACh venha a se ligar aos seus receptores. Promovem uma competição com a acetilcolina pelo seu receptor e ganham aqueles que possuem maior concentração ou afinidade. Uma vez bloqueados os receptores, a ACh não se estimula e, consequentemente, não há contração muscular. Exemplo clássico de um antagonista: as drogas se ligam ao receptor, bloqueando-o e impedindo que o agonista (Acetilcolina) venha a se ligar e desencadear seu efeito, ligam- se ao receptor, não estimulam nada e impedem a ação do agonista (Acetilcolina), por conseguinte não se tem a contração muscular. Contudo, diferente da acetilcolina, esses bloqueadores não são capazes de promover a despolarização da membrana (não despolarizantes). Exemplos de fármacos são: cloreto de alcurônio, besilato de atracúrio, brometo de pancurônio, brometo de rocurônio. b- Qual o mecanismo de ação dos bloqueadores musculares despolarizantes? Agente despolarizante ou não competitivo que se tem é a succinilcolina (quelicin): são duas moléculas de acetilcolina ligadas quimicamente, ela é uma molécula muito parecida, quimicamente, com a acetilcolina e uma única molécula de succinilcolina já é suficiente para promover o bloqueio. Ela tem um início rápido (30 segundos), mas uma duração de ação muito curta (5-10 minutos), devido à hidrólise pelas diversas colinesterases (como a butirilcolinesterase no sangue). Quando se faz uso desse agente despolarizante (Succinilcolina), ele vai se ligar exatamente aos mesmos sítios da acetilcolina, promovendo o mesmo efeito: abrir o receptor ionotrópico, ou seja, abrir o canal nicotínico. A abertura do canal nicotínico vai permitir a entrada de sódio, consequentemente, vai ocorrer a despolarização da membrana e depois haverá a repolarização da mesma. Fase I: Imediatamente após a administração vai promover um estímulo, estimulando os receptores nicotínicos. A resposta será: intensa e rápida com contração muscular na área que se administra a droga, essas contrações são chamadas de fasciculações. É um efeito gerado no momento inicial do uso, com estímulo da contração muscular. Considerado um efeito adverso. Ocorre a ausência do metabolismo realizado pela AChE, pois a Acetilcolina age, abre o canal nicotínico e imediatamente esse canal se fecha, uma vez que a AChE degrada a ACh. No caso dos bloqueadores despolarizantes ou não competitivos, isso não ocorre: ele se liga ao receptor, abre o canal iônico e não sofre a ação da AChE. Se não sofre o metabolismo da AChE, o canal iônico vai ficar aberto ou ocupado pela succinilcolina, dessa forma, o canal iônico não se fecha, logo, não fica apto para receber um novo estímulo. Com essa abertura do canal iônico e a consequente contração muscular, ocorre a fase II. Fase II: Com a exposição contínua ocorre dessensibilização dos receptores. Há redução da despolarização inicial e repolarização da membrana. Não tem mais estímulo contrátil, porque o receptor foi dessensibilizado. Perda de resposta do receptor para receber mais estímulos, consequentemente, não se tem a contração muscular.
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