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Planta de obra APRESENTAÇÃO Em função dos efeitos do tempo, as obras da construção civil sofrem desgaste natural, necessitando, regularmente, ser submetidas a processos de reforma e manutenção. Para isso, devem ser realizados projetos de reforma que garantam a adequação da edificação quanto a segurança e funcionalidade. As reformas, por outro lado, podem ser realizadas em função da necessidade dos usuários em adaptar a edificação para melhor atender a seus interesses. Os projetos de reforma podem ser de maior ou menor complexidade e devem ser elaborados por profissionais qualificados, que devem solicitar a aprovação e o licenciamento da obra junto aos órgãos públicos competentes. Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá compreender a importância dos projetos de reforma, quais normas técnicas estabelecem os procedimentos de representação gráfica e como são elaborados os modelos de plantas de reforma. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir o que são plantas de reforma e sua importância.• Identificar as normas de representação gráfica de projetos de reforma.• Elaborar modelos de desenhos de plantas de reformas.• DESAFIO Os projetos de reforma podem ser de maior ou menor complexidade, de acordo com as modificações que serão realizadas na edificação. Dentre as etapas de um projeto de reforma, a demolição consiste em uma das mais complexas e que exigem maiores cuidados. Imagine a seguinte situação: Diante desse cenário, responda: a) Quais parâmetros de análise você deve utilizar, considerando a necessidade de demolição de uma parede de alvenaria existente entre as duas salas? b) Em quais projetos e plantas constam essas informações? INFOGRÁFICO Os projetos de reforma são compostos por peças gráficas, como plantas e detalhes, que devem ser desenhados de modo a viabilizar a aprovação junto aos órgãos públicos competentes, bem como a permitir a identificação dos aspectos necessários para a execução da obra. As peças gráficas podem ser desenhadas à mão livre ou com o uso de instrumentos manuais ou computacionais. Cada técnica de desenho apresenta vantagens, podendo ser utilizada em diferentes etapas do projeto. Neste Infográfico, você irá aprender as características das técnicas de desenho à mão livre e com o uso de instrumentos manuais ou computacionais. CONTEÚDO DO LIVRO Os projetos de reforma têm por objetivo corrigir erros decorrentes do desgaste natural e da utilização da edificação, adequando-a às condições de segurança e funcionalidade exigidas para o projeto. As reformas podem, ainda, ser decorrentes do interesse particular dos usuários. Para a realização de projetos adequados de reforma, determinados procedimentos devem ser seguidos, de modo a garantir a viabilidade da obra. Além disso, o projeto deve ser representado graficamente de acordo com as normas técnicas vigentes. No capítulo Planta de obra, da obra Projeto de Arquitetura de Interiores Comerciais, você aprenderá qual a definição e a importância dos projetos de reforma, quais as normas que devem ser consultadas e como são montadas as plantas de reforma. Boa leitura. PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES COMERCIAIS Magali Nocchi Collares Gonçalves Planta de obra Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir plantas de reforma e a sua importância. Identificar as normas de representação gráfica de projetos de reforma. Elaborar modelos de desenhos de plantas de reformas. Introdução Os projetos de reforma são muito comuns no âmbito da construção civil. Com o passar do tempo, o desgaste natural dos sistemas construtivos e as mudanças nas necessidades dos usuários, adequações precisam ser realizadas na edificação. A elaboração de plantas de reforma segue procedimentos seme- lhantes aos de plantas de construções novas, devendo ser igualmente elaboradas de acordo com as normas técnicas de representação gráfica. Neste capítulo, você estudará a definição e a importância dos projetos de reforma, as normas de representação gráfica que norteiam a elabora- ção das plantas e as etapas envolvidas nesse processo. Plantas de reforma Contextualização Os produtos derivados da construção civil, como casas e edifícios, apresentam, assim como qualquer outro produto, um “prazo de validade”. A vida útil da edifi cação consiste no período durante o qual ela irá satisfazer os requisitos de segurança e funcionalidade sem necessitar de interferências signifi cativas de reparo e manutenção. Muitas vezes, contudo, as edifi cações não atingem a vida útil pretendida. Nesses casos, é necessária a realização de reformas, com o objetivo de promover reparos, manutenção e adequação da edifi cação, de modo a restabelecer as condições de segurança e funcionalidade. As reformas, por outro lado, não são realizadas apenas em situações em que existam prejuízos à vida útil da edificação. Elas podem ser decorrentes de mudanças de uso na edificação (p. ex., a adaptação de um edifício de escritórios para uma clínica médica) ou por opção do proprietário (p. ex., a construção de um segundo pavimento ou supressão de um dormitório). Além disso, os procedimentos de reforma podem implicar em alterações na configuração de uma edificação. As reformas podem ser classificadas como mostrado a seguir. Reforma sem ampliação: em que os procedimentos de reforma não interferem na área total existente da edificação, mesmo que ocorra a demolição e construção de novos elementos construtivos. Por exemplo, a demolição de uma parede interna, visando a unificar dois cômodos de uma residência. Reforma com ampliação: os procedimentos de reforma, nesse caso, resultam no acréscimo da área total construída. Por exemplo, a cons- trução de um novo pavimento em uma edificação. Reforma com decréscimo de área: nesse caso, os procedimentos de reforma resultam na supressão de uma parcela de área da edificação. Por exemplo, a demolição de um cômodo, como dormitórios e garagens, com o objetivo de aumentar a área útil do terreno. As reformas podem ser de maior ou menor complexidade, de acordo com as modificações que serão realizadas na edificação. No entanto, independente- mente da complexidade, os projetos de reforma devem sempre ser elaborados por um arquiteto ou engenheiro devidamente habilitado. Plantas de reforma Projetos de reforma são muito semelhantes aos projetos destinados a constru- ções novas. As plantas de reforma são elaboradas a partir das plantas originais e indicam a situação atual da edifi cação, conforme o projeto e observações realizadas in loco, e as modifi cações que serão realizadas durante a reforma. As plantas elaboradas em um projeto de reforma são, normalmente, aquelas que englobam as modificações realizadas na obra. Contudo, é recomendado Planta de obra2 que um projeto de reforma englobe todos os projetos de instalações, estruturas, fundações e equipamentos, de modo que fique registrado que determinados projetos, mesmo após a reforma, não sofreram alterações. Os projetos de reforma, assim como os projetos de construções novas, devem passar pela aprovação e o licenciamento nos órgãos competentes, como, por exemplo, nas prefeituras municipais. A documentação exigida na aprovação e no licenciamento de projetos de reformas pode variar de acordo com o Código de Obras de cada prefeitura. Todavia, de modo geral, os seguintes documentos são exigidos: planta de situação; planta de localização; projeto arquitetônico; cortes; fachadas; memorial descritivo; Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), do engenheiro civil, ou Registro de Responsabilidade Técnica (RRT), do arquiteto. Em alguns casos, de acordo com a legislação vigente, podem ser exigidos projetos complementares, como o de esgotamento cloacal, instalação elétrica e projeto do passeio público. Após a conclusão das obras de reforma,deve ser solicitada a vistoria junto à prefeitura municipal, de modo que seja emitida a certidão de Habite-se, que aprova a construção realizada e permite a averbação desta junto ao Cartório de Registro de Imóveis. Acesse o link a seguir para conhecer o Código de Obras de Porto Alegre e analisar a documentação exigida pela Prefeitura Municipal no que se refere à aprovação e ao licenciamento de obras novas e reformas. https://qrgo.page.link/Wqtzc 3Planta de obra Norma técnica ABNT NBR 16280:2015 A norma ABNT NBR 16280:2015, tem por objetivo fi xar requisitos para a gestão de controle de processos, projetos, execução e segurança de reformas em edifi cações. A norma estabelece que o projeto de reforma deve: preservar os sistemas de segurança existentes e indicar as modificações que possam alterar ou comprometer a segurança da edificação existente; a análise deve ser realizada por um profissional habilitado; estabelecer meios que protejam os usuários da edificação e do entorno de eventuais danos ou prejuízos decorrentes dos serviços de reforma; descrever os procedimentos e serviços de reforma de maneira clara e objetiva, de modo que os funcionários encarregados pela obra possam realizar os serviços sem equívocos; garantir que a documentação apresentada e as informações geradas estejam de acordo com aquelas exigidas para aprovação e licenciamento pelos órgãos públicos competentes e pelo condomínio, quando for o caso; distribuir as responsabilidades de cada fase do projeto entre os profis- sionais responsáveis, definindo as atribuições de cada um; prever os recursos materiais, humanos e financeiros necessários para o planejamento e a execução da obra de reforma; garantir que a reforma não prejudicará os serviços de manutenção da edificação existente. Acesse o link a seguir para ler um artigo sobre a ABNT NBR 16280:2015 aplicada em condomínios. https://qrgo.page.link/1ZWrz Planta de obra4 Normas de representação gráfica Os projetos de reforma em edifi cações devem ser realizados por profi ssionais capacitados, como arquitetos e engenheiros, e ser baseados em normas téc- nicas e procedimentos padronizados, assim como nas construções novas. No que se refere à representação gráfi ca de projetos de reforma de edifi cações, a principal norma técnica aplicada é a ABNT NBR 6492:1994 – Representação de projetos de arquitetura. A ABNT NBR 6492:1994, trata sobre a representação de projetos de ar- quitetura e faz referência a conteúdos abordados em outras normas técnicas específicas. A norma fixa exigências que devem ser seguidas na elaboração gráfica de projetos de arquitetura, sem, contudo, abranger critérios de projeto. Ela estabelece, por exemplo, quais os formatos de pranchas que devem ser utilizados na representação gráfica de projetos de arquitetura. Estabelece, tam- bém, que os projetos devem ser representados em formatos da série A, definida pela ABNT NBR 10068:1987, sendo os formatos A0 e A4, respectivamente, o máximo e o mínimo permitido. Na Figura 1, a seguir, são apresentados os formatos da série A. Figura 1. Formatos de pranchas da série A, definidos na norma ABNT NBR 10068:1987. Fonte: Oleksii Arseniuk/Shutterstock.com. 5Planta de obra A ABNT NBR 6492:1994, baseada na ABNT NBR 13142:1999, define os procedimentos de dobraduras das pranchas em formato A0, A1, A2 e A3. A dobradura tem por objetivo padronizar os projetos no tamanho A4, de modo a permitir que todos os projetos sejam guardados em uma mesma pasta ou arquivo. Na Figura 2, a seguir, é apresentado o procedimento de dobradura de uma folha no formato A0. Figura 2. Dobramento de uma folha de papel no formato A0. Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1994). A norma institui que o carimbo, destinado à legenda, deve ser posicio- nado no canto inferior direito da prancha, independentemente do formato da folha. A legenda deve ser elaborada de acordo com os critérios da ABNT NBR 10068:1987 e da ABNT NBR 10582:1988, devendo constar as seguintes informações: identificação da empresa e do profissional responsável pelo projeto; identificação do cliente, nome do projeto ou do empreendimento; título do desenho; Planta de obra6 indicação sequencial do projeto (números ou letras); escalas; data; autoria do desenho e do projeto; indicação de revisão. As escalas utilizadas em representações gráficas são definidas por meio da ABNT NBR 8196:1999. Essa norma classifica as escalas em três tipos: escala natural, escala de redução e escala de ampliação. A escala natural permite que um objeto seja representado graficamente com as mesmas dimensões do objeto real. A escalação de redução, por sua vez, representa o objeto com dimensões menores do que as originais, permitindo que um objeto muito grande seja representado em uma folha de formato padrão. Em contrapartida, a escalação de ampliação permite que um objeto muito pequeno seja representado com dimensões superiores à original, facilitando a identificação de detalhes. No Quadro 1, a seguir, são apresentados exemplo de escalas. Fonte: Adaptado da Associação Brasileira de Normas Técnicas (1999a). Escala natural Redução Ampliação Descrição 1:1 O objeto representado graficamente possui as mesmas dimensões do objeto real. 1:2 O objeto representado graficamente possui dimensões 50% menores que as dimensões do objeto real. 2:1 O objeto representado graficamente possui dimensões 100% maiores que as dimensões do objeto real. Quadro 1. Exemplo de escalas utilizadas em representações gráficas Além disso, a norma ABNT NBR 6492:1994 estabelece que, para croquis e estudos preliminares, as representações gráficas podem ser feitas por meio de desenho à mão livre. Para a elaboração do anteprojeto e do projeto executivo, a representação gráfica deve ser feita por meio de instrumentos. 7Planta de obra A ABNT NBR 6492:1994 também fixa as fases do projeto e delimita os documentos e projetos necessários em cada uma delas. No Quadro 2, a seguir, são apresentados os elementos básicos que compõem um projeto de arquitetura. Fonte: Adaptado da Associação Brasileira de Normas Técnicas (1994). Peças gráficas Plantas (situação, locação e de edificação) Cortes Fachadas Elevações Detalhes ou ampliações Indicação das escalas Peças escritas Programa de necessidades Memorial justificativo Discriminação técnica Especificação Lista de materiais Orçamentos Quadro 2. Elementos básicos do projeto Por fim, em seu Anexo A, a ABNT NBR 6492:1994 apresenta padrões de representações gráficas utilizados em linhas, hachuras, cotas, entre outros. Esses padrões podem ser encontrados, também, em outras normas técnicas, como, por exemplo: ABNT NBR 8403:1984 – Aplicação de linhas em desenhos – Tipos de linhas – Larguras das linhas; ABNT NBR 10067:1995 – Princípios gerais de representação em de- senho técnico; ABNT NBR 10126:1987 – Cotagem em desenho técnico; ABNT NBR 12298:1995 – Representação de área de corte por meio de hachuras em desenho técnico. Planta de obra8 O arquiteto e o engenheiro devem considerar, ainda, os requisitos e proce- dimentos descritos nas normas técnicas específicas para cada tipo de projeto, como as normas de cálculo estrutural, de instalações de água fria e água quente, instalações elétricas, fundações, entre outras. Reformas podem ser realizadas com o objetivo de adaptar a edificação existente às exigências de acessibilidade e segurança contra incêndios. Portanto, o arquiteto e o engenheiro devem conhecer os procedimentos e exigências descritos na norma técnica ABNT NBR 9050:2015 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos e nas Instruções e Resoluções Técnicas do Corpo de Bombeiros. Modelos de plantas de reforma Os projetos de reforma são muito semelhantes aos projetos arquitetônicos de construções novas, diferenciando-se pelo fato de serem realizados a partir de uma edifi cação já executada.A elaboração de projetos de reforma envolve as seguintes etapas: 1. Levantamento de informações sobre a edificação executada, por meio da análise dos projetos existentes e vistoria in loco, para verificar as suas condições reais. Nessa etapa, buscam-se informações sobre a topografia e a caracterização do terreno, visto que, em função das modificações decor- rentes da reforma, as condições de estabilidade do solo podem ser alteradas. 2. Com as informações obtidas, e por meio de conversa com o cliente, o profissional realiza um estudo de viabilidade de arquitetura, no qual elabora um determinado número de propostas de projeto e analisa suas respectivas vantagens e desvantagens. O estudo de viabilidade deve ser realizado de modo a respeitar as exigências contidas na legislação vigente, como Plano Diretor Municipal, Código de Obras, Lei de Uso e Ocupação do Solo, entre outras. 3. Após a análise das diferentes propostas preliminares em conjunto com o cliente, o profissional elabora um anteprojeto, que tem por objetivo definir os critérios básicos a serem adotados no projeto de reforma, bem como quais serão as condições dos ambientes externos e internos. 9Planta de obra 4. O profissional, então, encaminha o projeto legal para a prefeitura municipal, que analisa a compatibilidade deste com a legislação vigente no município e, em caso de satisfeitas as exigências legais, aprova e licencia o projeto. Em determinados casos, pode ser necessária a aprovação de projetos e documentações junto às concessionárias de água e energia, bem como o licenciamento junto a órgãos públicos ambientais. 5. Por fim, o profissional elabora o projeto executivo, no qual constam informações detalhadas sobre os sistemas construtivos, os materiais empregados, os prazos de serviços e a mão de obra utilizada. As in- formações são apresentadas na forma gráfica e escrita. Os projetos de arquitetura são formados por um conjunto de plantas, em que as informações são apresentadas graficamente. Junto a essas plantas, são apresentados memoriais descritivos, laudos técnicos, especificações, orçamentos, entre outros documentos, que detalham, de maneira escrita, as informações apresentadas graficamente. O projeto legal e o projeto executivo apresentam algumas plantas e docu- mentações em comum, como, por exemplo, as plantas de situação, de loca- lização, de arquitetura, cortes e fachadas, bem como o memorial descritivo. No projeto executivo constam, também, plantas específicas dos sistemas estruturais, fundações, instalações elétricas, hidrossanitárias, entre outras, bem como os orçamentos e as especificações de materiais. Os projetos devem ser elaborados de acordo com as normas técnicas específicas e atender às exigências das concessionárias de fornecimento de água e energia. Planta de situação e de localização A planta de situação é elaborada de modo a indicar as características geo- métricas do terreno, como dimensões, formatos e ângulos. Além disso, ela permite identifi car as características do entorno do terreno, como confron- tantes e arruamentos. Na Figura 3, a seguir, é apresentado um modelo de planta de situação. A planta de localização (Figura 4), ou planta de locação, ou, ainda, planta de implantação, por sua vez, permite a identificação da edificação, ou conjunto de edificações, no interior do terreno. De acordo com Ching (2011), as plantas de situação e de localização descrevem as divisas legais do lote e apresentam as características naturais dos terrenos, como vegetação e cursos de água, e topográficas, representadas por curvas de nível. Planta de obra10 Figura 3. Modelo de planta de situação. Em reformas, as plantas de situação e localização possibilitam a identifi- cação do impacto das ampliações no terreno, de modo a verificar se os índices urbanísticos e afastamentos estarão de acordo com o definido na legislação vigente. Em geral, a planta de situação é representada em escala 1:500, ao passo que a planta de localização é representada em escala 1:200. Planta de arquitetura A planta de arquitetura, também denominada planta baixa, consiste em uma vista ortográfi ca superior de um determinado pavimento, representando um corte horizontal realizado na edifi cação. Ching (2011) destaca que: as plantas baixas demonstram a configuração das paredes e dos pilares, a geometria e dimensão dos espaços, a configuração das janelas e portas e a ligação entre os cômodos; o plano de corte é considerado, normalmente, a 1,20 m de altura em relação ao nível do piso; o plano de corte atravessa todas as paredes, pilares, esquadrias, entre outros elementos gráficos; os pisos, tanques, bancadas e tampos de mesa são representados junto ao plano de corte. 11Planta de obra Figura 4. Modelo de planta de localização. No desenho da planta baixa, são utilizadas diferentes espessuras de linhas e hachuras para identificar e diferenciar os elementos e componentes repre- sentados. A Figura 5 apresenta um exemplo de planta baixa. Planta de obra12 Figura 5. Modelo de planta baixa. Em projetos de reforma, a planta baixa tem a função de apresentar a edificação existente, identificar as paredes, esquadrias e demais elementos construtivos que deverão ser demolidos ou removidos e, por fim, indicar o que será construído. A indicação dos elementos a serem preservados, demolidos e construídos é feita, normalmente, por meio de uma convenção de cores padrão, embora não existam impedimentos para que o profissional adote outras convenções. O profissional deve sempre verificar o Código de Obras do município, de modo a verificar a existência de uma convenção estabelecida. A convenção de cores mais utilizada no cotidiano da construção civil estabelece que as demolições e remoções serão representadas pela cor amarela, normalmente em linha pontilhada, ao passo que as construções são repre- sentadas pela cor vermelha, com linha de traço normal. Em geral, as plantas baixas são representadas na escala 1:50. No exemplo a seguir, é apresentada a convenção de cores em um projeto de reforma com ampliação. 13Planta de obra Pedro é arquiteto e foi contratado para elaborar um projeto de construção de uma garagem em uma residência unifamiliar já construída e a unificação entre a cozinha e a sala de jantar. Para conseguir a aprovação e o licenciamento do projeto junto à Prefeitura Municipal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, Pedro necessitava encaminhar uma planta do projeto arquitetônico, indicando a reforma, com ampliação, que ele pretendia projetar. Na Figura 6, a seguir, é apresentada a planta arquitetônica do único pavimento da residência em questão. Figura 6. Planta existente. Planta de obra14 Para a elaboração do projeto de reforma, Pedro adotou a convenção constante no Código de Obras e Edificações do Município de Santa Maria (SANTA MARIA, 2018, documento on-line), que especifica: Art. 56. Nas obras de reformas, reconstrução ou ampliação devem ser efetuados os mesmos procedimentos de aprovação de projetos novos, indicando-se, nas plantas, as áreas a conservar, demolir ou construir, nas cores azul, amarelo e vermelho, respectivamente. Na Figura 7, a seguir, é apresentada a planta de reforma desenhada pelo arquiteto. Figura 7. Planta de reforma elaborada. Por meio da convenção de cores, é possível observar que praticamente toda a construção original será preservada, à exceção de uma pequena demolição na sala de estar, visando a criar uma porta de acesso à garagem, e a demolição da parede entre a cozinha e a sala, de modo a unificar os dois cômodos. Além disso, é possível observar as paredes que serão construídas para formar a garagem, bem como as portas interna e externa que serão executadas. 15Planta de obra Cortes Os cortes consistem em projeções ortogonais do plano vertical da edifi cação. Eles permitem a identifi cação da forma e proporção dos ambientes internos, a posição das esquadrias e a interligação entre os cômodos. A posiçãoem que o corte é realizado deve ser indicada na planta baixa, sendo realizados, normalmente, dois cortes: um transversal e outro longitudinal. Na Figura 8, a seguir, é apresentado um modelo de corte transversal. Figura 8. Modelo de corte transversal. Os cortes permitem, ainda, a identificação das diferenças de níveis entre os cômodos internos do ambiente construído. São representados, normalmente, na escala 1:50. Planta de obra16 Fachadas As fachadas consistem na representação gráfi ca das faces de uma edifi cação, visando a apresentar a concepção fi nal do projeto executado. Em projetos legais, normalmente são exigidas apenas as fachadas voltadas para os logradouros. Na Figura 9, a seguir, é apresentado um modelo de fachada. Figura 9. Modelo de fachada. Memorial descritivo O memorial descritivo consiste em um documento que detalha os sistemas construtivos e os materiais adotados na construção ou reforma de uma edifi ca- ção. O memorial descritivo engloba a descrição de estruturas, revestimentos, acabamentos, fundações, instalações hidrossanitárias, elétricas, de telefonia, entre outros projetos. Os projetos de reforma requerem estudos sobre as condições atuais das edificações existentes e os impactos que as modificações acarretaram à edi- ficação e ao seu entorno. O arquiteto e o engenheiro responsáveis por um projeto de reforma devem, acima de tudo, analisar a viabilidade da reforma, de modo a satisfazer as condições de segurança e funcionalidade. 17Planta de obra ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6492:1994. Representação de projetos de arquitetura. Rio de Janeiro: ABNT, 1994. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 8196:1999. Desenho técnico – Emprego de escalas. Rio de Janeiro: ABNT, 1999a. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 8403:1984. Aplicação de linhas em desenhos – Tipos de linhas – Larguras das linhas. Rio de Janeiro: ABNT, 1984. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 10067:1995. Princípios gerais de representação em desenho técnico. Rio de Janeiro: ABNT, 1995a. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 10068:1987. Folha de desenho – Leiaute e dimensões. Rio de Janeiro: ABNT, 1987a. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 10582:1988. Apresentação da folha para desenho técnico. Rio de Janeiro: ABNT, 1988. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12126:1987. Cotagem em desenho técnico. Rio de Janeiro: ABNT, 1987b. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12298:1995. Representação de área de corte por meio de hachuras em desenho técnico. Rio de Janeiro: ABNT, 1995b. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 13142:1999. Desenho técnico – Dobramento de cópia. Rio de Janeiro: ABNT, 1999b. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 16280:2015. Reforma em edificações – Sistema de gestão de reformas – Requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. CHING, F. D. K. Representação gráfica em arquitetura. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2011. SANTA MARIA. Lei complementar nº 119, de 26 de julho de 2018. Dispõe Sobre o Código de Obras e Edificações do Município de Santa Maria e dá outras providências. 2018. Disponível em: http://iplan.santamaria.rs.gov.br/uploads/norma/18067/Lei_Comple- mentar_119_2018_COE.pdf. Acesso em: 24 nov. 2019. Leituras recomendadas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 9050:2015. Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. BORGES, A. C. Prática das pequenas construções. 6. ed. São Paulo: Blucher, 2010. v. 2. CAU/BR. Norma de reformas ABNT: conheça as regras para condomínios e moradores. 2018. Disponível em: https://www.caubr.gov.br/normadereformas/. Acesso em: 24 nov. 2019. PORTO ALEGRE. Lei complementar nº 284, de 27 de outubro de 1992. Institui o código de edificações de Porto Alegre e dá outras providências. 1992. Disponível em: https:// leismunicipais.com.br/codigo-de-obras-porto-alegre-rs. Acesso em: 24 nov. 2019. Planta de obra18 Os links para sites da Web fornecidos neste livro foram todos testados, e seu funciona- mento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. 19Planta de obra DICA DO PROFESSOR Os projetos de reforma devem ser elaborados de modo a preservar a segurança estrutural e a funcionalidade da edificação. Para isso, o profissional responsável pelo projeto deve analisar as características da estrutura existente, de modo a obter as informações necessárias para a elaboração do projeto. As estruturas em concreto armado e as alvenarias estruturais são os principais sistemas construtivos utilizados no Brasil e apresentam diferenças significativas no que se refere a comportamento estrutural. Nesta Dica do Professor, você aprenderá a analisar o comportamento das estruturas em concreto armado e alvenaria estrutural, do ponto de vista da elaboração de projetos de reforma. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS Os projetos de reforma são realizados com o objetivo de adequar a edificação ao interesse do usuário ou reestabelecer as condições de segurança e funcionalidade. No que se refere aos projetos de reforma, relacione as colunas a seguir: 1. Reforma com ampliação.1. 2. Reforma com decréscimo de área.2. 3. Reforma sem ampliação.3. 4. ( ) Demolição de anexo, com 10 m2 de área, para viabilizar a construção de garagem, com 25 m2 de área, anexa a loja comercial em alvenaria estrutural. ( ) Demolição de anexo, com 10 m2 de área, para viabilizar a entrada de iluminação natural pela janela da copa no pavimento térreo de escritório de advocacia. ( ) Demolição de parede de alvenaria de vedação entre copa, com 20 m2 de área, e salão comercial, com 35 m2 de área, de modo a viabilizar a construção de um balcão de meia altura em alvenaria. 1) Assinale a alternativa que apresenta a ordem correta, de cima para baixo. A) 1 – 2 – 3. B) 2 – 1 – 3. C) 1 – 3 – 2. D) 3 – 2 – 1. E) 3 – 1 – 2. 2) Os projetos de reforma devem ser realizados por profissionais habilitados, como arquitetos e engenheiros civis, de modo a serem executados adequadamente, reduzindo os riscos para os usuários da edificação e do entorno. Analise as afirmação a seguir: I. O projeto de reforma deve ser realizado de modo a garantir o atendimento às exigências das concessionárias de luz e energia e da Prefeitura. II. Durante a demolição de paredes, o profissional responsável pode consultar os projetos de instalações hidráulicas, para evitar que as tubulações sejam atingidas. III. O projeto estrutural deve ser considerado antes da elaboração do projeto de reformas, de modo a identificar as paredes que podem ou não ser demolidas. IV. A execução adequada dos serviços de reforma demanda que os procedimentos estejam apropriadamente descritos em memoriais previamente elaborados. Assinale a alternativa que apresenta as afirmartivas corretas. A) Afirmativa I. B) Afirmativa II. C) Afirmativas I, II e III. D) Afirmativas I, II, III e IV. E) Afirmativas I, III e IV. 3) João é arquiteto responsável pela elaboração de um projeto de reforma em uma residência unifamiliar térrea. Inicialmente, decidiu enumerar todas as peças gráficas e escritas que deveria elaborar. Assinale a alternativa que apresenta apenas peças gráficas. A) Planta de locação, lista de materiais, fachadas e especificações. B) Memorial justificativo, planta de situação, escalas e orçamento. C) Planta de situação, elevações, ampliações e escalas. D) Planta de edificação, discriminação técnica, fachadas e elevações. E) Planta de situação, planta de locação, programa de necessidades e detalhes. 4) Elisa é arquiteta e foi responsável pelaelaboração de um projeto arquitetônico de reforma. Para encaminhar o projeto para aprovação na Prefeitura de Porto Alegre, utilizou uma prancha da série A, com área equivalente a 1⁄4 do maior formato permitido para uso. Para que o desenho do pavimento coubesse na prancha, Elisa utilizou uma escala de redução que resultou em dimensões 0,02 vezes menores que as reais. Qual o formato de folha e qual a escala utilizados pela arquiteta? A) Prancha no formato A0 e escala de 50:1. B) Prancha no formato A2 e escala de 1:20. C) Prancha no formato A3 e escala de 1:50. D) Prancha no formato A3 e escala de 20:1. E) Prancha no formato A2 e escala de 1:50. 5) Os projetos de reforma, assim como as construções novas, são formados por um conjunto de plantas, que fornecem informações sobre a obra. Analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa correta. A) Após a aprovação do Projeto Legal, pela Prefeitura, o profissional responsável deve consultar a legislação vigente, para verificar a compatibilidade do projeto. B) A planta de situação permite a identificação do entorno do terreno, enquanto a planta de localização indica as construções existentes no interior do referido terreno. C) Os cortes e fachadas permitem ao projetista analisar o impacto da ampliação no terreno, no que se refere aos índices urbanísticos e afastamentos laterais, definidos na legislação vigente. D) No Projeto Legal, encaminhado à Prefeitura e às concessionárias de água e energia, se necessário, deve constar a discriminação da mão de obra e os materiais a serem utilizados na construção. Na planta baixa de reforma, os elementos construtivos que serão demolidos deverão ser representados na cor vermelha, enquanto os elementos a serem construídos serão E) representados na cor amarela. NA PRÁTICA Os projetos de reforma, assim como os projetos de construção nova, devem ser aprovados junto à Prefeitura. Dentre as leis a serem seguidas, estão o Código de Obras e o Uso e Ocupação do Solo. Os índices urbanísticos constantes nas leis municipais têm o objetivo de controlar a ocupação do solo e a gestão do território urbano. O profissional responsável pelo projeto deve estar atento a esses índices, antes de iniciar o projeto de reforma. Mas quais são os índices urbanísticos? – Índice ou taxa de ocupação: consiste em um valor que, multiplicado pela área, representa a fração máxima do terreno que pode ser ocupada pela maior projeção da edificação. Pode ser apresentado na forma de um número inteiro ou em porcentagem, dependendo da legislação vigente no município. – Índice ou taxa de aproveitamento: consiste em um valor que, multiplicado pela área do terreno, define a área de construção permitida, considerando todos os pavimentos. Pode ser apresentado na forma de um número inteiro ou em porcentagem, dependendo da legislação vigente no município. – Índice de cobertura vegetal: consiste em um número que, multiplicado pela área do terreno, indica a quantidade de área de cobertura vegetal (ou equivalente) que deve ser mantida no terreno. Neste Na Prática, você vai aprender a analisar a viabilidade de projetos de reforma com ampliação, do ponto de vista dos índices urbanísticos. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Arquitetura: a representação gráfica As técnicas de representação gráfica influenciam na qualidade do projeto de reforma. O profissional deve saber fazer uso dos recursos de desenho para garantir a melhor qualidade do projeto. No link a seguir, você aprenderá sobre as linhas e escalas utilizadas em representações gráficas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Regulamento para obras em condomínio Os condomínios possuem regras particulares no que se refere a serviços de reformas e manutenção. Desse modo, o profissional contratado deve estar ciente dos procedimentos a serem adotados, de modo a não incorrer em irregularidades. No link a seguir, você terá acesso a uma cartilha sobre reformas e manutenções em condomínios. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!