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Lesões do colo do útero

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Prévia do material em texto

Ana Carolina Thomaz Mendes 
Exame papanicolau
Introdução 
O principal objetivo do exame Papanicolau é detectar 
precocemente alterações pré-malignas na mucosa do 
colo do útero, geralmente provocadas pelo vírus HPV, 
de forma que o ginecologista possa intervir a tempo, 
impedindo o surgimento de um câncer invasivo. 
Quando detectado em fases iniciais, o câncer de colo 
do útero é plenamente curável. 
O Papanicolau é um exame de rastreio, ou seja, ele 
não faz o diagnóstico do câncer de colo uterino. Quem 
faz o diagnóstico do câncer é a biópsia do colo do 
útero. O papel do exame Papanicolau é dizer quais 
são as mulheres que possuem um risco maior de 
terem lesões pré-malignas e, portanto, precisam ser 
submetidas à biópsia e tratamento. 
Anatomia do colo do útero 
Não há como compreender o exame de Papanicolau 
sem saber pelo menos o básico da anatomia do colo 
do útero. 
Imagine uma pêra de cabeça para baixo. Essa é, mais 
ou menos, a aparência do útero. O colo do útero, 
também chamado de cérvix uterino, é a porção mais 
inferior e estreita do útero. 
 
O colo do útero é um pequeno canal de 2 a 3 cm de 
diâmetro, com formato cilíndrico, que faz a ligação 
entre a vagina e o corpo do útero. Na extremidade do 
colo do útero existe um orifício, chamado óstio 
uterino, que é por onde sai a menstruação e entram 
os espermatozoides. 
A região do colo do útero é muito mais susceptível ao 
aparecimento de tumores malignos que o restante do 
útero, pois é ela quem fica em contato direto com o 
canal vaginal, estando, portanto, mais exposta ao pH 
ácido da vagina, a infecções, traumas, etc. 
Na verdade, não é todo o colo do útero que é 
suscetível ao surgimento de câncer, mas sim a região 
ao redor do óstio uterino. 
O tecido que reveste o colo uterino não é todo 
homogêneo: 
● O canal interno do colo uterino, 
chamado endocérvice, é revestido por um 
epitélio colunar simples, uma única camada 
de células, que contém algumas glândulas 
responsáveis pela secreção de muco cervical. 
Esse tecido costuma ser chamado de epitélio 
colunar ou epitélio glandular. 
● A parte externa do colo uterino, que fica em 
contato com o canal vaginal, é chamado 
de ectocérvice, sendo revestido por 
um epitélio escamoso, semelhante ao da 
vagina. 
O epitélio colunar da porção interior do colo do útero 
(endocérvice) é muito mais frágil que o tecido 
escamoso da ectocérvice, que precisa ser mais 
resistente, pois fica em contato direto com o canal 
vaginal. 
Até a puberdade, a fronteira entre o epitélio colunar e 
o epitélio escamoso fica bem na entrada do óstio, 
exatamente onde termina a endocérvice e inicia-se a 
ectocérvice. O ponto que divide ambos os tecidos é 
chamado de JEC (junção escamo-colunar). Após a 
puberdade, a anatomia do colo uterino muda. Parte 
do endocérvice se exterioriza, empurrando a JEC para 
fora do óstio uterino. 
 
 Ana Carolina Thomaz Mendes 
Essas alterações anatômicas fazem com que uma 
parte do frágil tecido colunar, que antes ficava 
protegido dentro do endocérvice, fique agora exposto 
ao meio hostil da cavidade vaginal. 
Como forma de defesa, o tecido colunar sofre uma 
alteração chamada metaplasia escamosa, que 
consiste na transformação do epitélio colunar em 
epitélio escamoso. Toda a região exteriorizada que 
sofre metaplasia é chamada de zona de 
transformação. 
A metaplasia em si não é considerada uma lesão 
maligna ou pré-maligna, ela é apenas um processo 
fisiológico de defesa da mucosa. Portanto, é 
perfeitamente normal aparecer no laudo do 
Papanicolau a presença de metaplasia escamosa. 
A zona de transformação, ou seja, o local que sofreu 
metaplasia escamosa, tem grande importância na 
realização do Papanicolau, pois é este o sítio onde o 
vírus HPV costuma se fixar, tornando-se, portanto, 
uma área extremamente suscetível ao aparecimento 
de tumores malignos. Logo, como o teste de 
Papanicolau é um exame de rastreio do câncer do 
colo uterino, é essencial que durante o procedimento 
o médico consiga obter material vindo da JEC e da 
zona de transformação (ZT). 
Como é feito o exame papanicolau 
O objetivo do exame de Papanicolau é colher algumas 
amostras de células da região do óstio cervical e ao 
redor do colo uterino, de forma a obter células da 
ectocérvice, endocérvice, zona de transformação e 
JEC. Essas células colhidas são enviadas para um 
laboratório para que possam ser estudadas em um 
microscópio por um patologista. 
 
O exame Papanicolau é bastante simples, rápido e 
praticamente indolor (algumas mulheres ficam tensas 
com o exame ginecológico e sentem algum grau de 
desconforto). 
Para se obter amostras do colo uterino, o 
ginecologista precisa antes fazer um exame 
ginecológico com um espéculo, chamado 
popularmente de bico de pato. O uso do bico de pato 
permite que o canal vaginal e o colo do útero sejam 
visualizados. 
Após uma rápida inspeção, o ginecologista irá 
introduzir uma pequena escova no óstio cervical, 
conseguindo, assim, obter algumas células desta 
região. Uma espátula e um cotonete também podem 
ser usados para obter material ao redor do colo 
uterino. 
Se durante a inspeção o médico observar alguma área 
do colo do útero com alterações suspeitas, ele pode 
fazer uma biópsia da lesão e enviar o material junto 
com o material coletado do óstio cervical. 
O exame de Papanicolau deve ser realizado, de 
preferência, fora do período menstrual. Também 
sugerimos que as mulheres evitem relações sexuais, 
ducha vaginal, aplicação de gel ou óvulo vaginal, ou 
uso de absorvente interno nas 48 horas que 
precedem o exame. 
Para que serve? 
O material colhido no exame de Papanicolau pode ser 
utilizado para pesquisar não só a existência de 
alterações celulares malignas ou pré-malignas, mas 
também para pesquisar a presença do vírus HPV e 
várias outras infecções ginecológicas, tais como: 
● Gardnerella. 
● Tricomoníase. 
● Candidíase. 
● Gonorreia. 
● Sífilis. 
● Clamídia. 
Mais uma vez, é importante lembrar que o 
Papanicolau é um exame de rastreio, ele não faz 
diagnóstico de câncer. O Papanicolau apenas orienta 
os médicos sobre quais são as pacientes que precisam 
ser investigadas com mais cuidado, geralmente 
através de uma colposcopia* e biópsia do colo 
uterino. 
 Ana Carolina Thomaz Mendes 
* A colposcopia é um procedimento diagnóstico no 
qual um microscópio especial, com várias lentes de 
aumento, é usado para fornecer uma visão ampliada e 
bem iluminada do colo do útero e da vagina. A 
colposcopia nos permite ver o colo do útero com 
imagens muito mais nítidas que o simples exame 
ginecológico, facilitando a identificação de feridas ou 
anormalidades na mucosa. Durante a colposcopia, o 
ginecologista realiza biópsias do tecido do colo uterino 
para pesquisar a existência de lesões malignas. Como 
na biópsia conseguimos obter uma quantidade muito 
maior de células que no exame de Papanicolau, os 
resultados são muito mais precisos e confiáveis. 
Quando fazer 
O exame Papanicolau deve ser realizado em todas as 
mulheres com vida sexual ativa. O tempo de intervalo 
entre cada exame varia de acordo com as sociedades 
de Ginecologia de cada país. No Brasil, o habitual é 
indicar um intervalo de 1 ano entre os exames nos 3 
primeiros exames. Se estiver tudo bem, os testes 
seguintes podem ser feitos com intervalos de 3 anos. 
Se, entretanto, a paciente tiver um tipo agressivo de 
vírus HPV, o teste de Papanicolau pode ser feito com 
intervalos curtos de até 6 meses. 
Em alguns países, o primeiro exame de Papanicolau só 
é recomendado após os 21 anos de idade, mesmo 
para mulheres que já inciaram a vida sexual na 
adolescência. Como o HPV demora vários anos para 
provocar alterações celulares que possam levar ao 
desenvolvimento do câncer de colo uterino, alguns 
médicos argumentam que não há necessidade de já 
começar a testar todas as mulheres nos seus 
primeiros anos devida sexual. 
Resultados 
Após o envio do material coletado no exame de 
papanicolau, o laboratório fornece o resultado do 
estudo em cerca de 3 a 5 dias. Vamos explicar de 
forma resumida o que significam os resultados mais 
comuns. 
Obs: o laboratório pode fornecer os resultados do 
Papanicolau sob o nome de colpocitologia oncótica, 
exame preventivo ou citologia cérvico-vaginal. 
A forma como cada laboratório fornece o laudo do 
teste de Papanicolau pode ser bastante diferente. É 
importante frisar que a nomenclatura mudou 
recentemente, por isso, se você for comparar um 
exame atual com outro mais antigo, eles podem ter 
resultados semelhantes, mas descrições bem 
diferentes. 
Antigamente os laudos vinham descrevendo as classes 
do Papanicolau: 
● Papanicolau classe I – ausência de células 
anormais. 
● Papanicolau classe II – alterações celulares 
benignas, geralmente causadas por processo 
inflamatórios. 
● Papanicolau classe III – Presença de células 
anormais (incluindo NIC 1, NIC 2 e NIC 3). 
● Papanicolau classe IV – Citologia sugestiva de 
malignidade. 
● Papanicolau classe V – Citologia indicativa de 
câncer do colo uterino. 
Essa forma de laudo, dividida em classes, ainda pode 
ser encontrada, mas tem sido abandonada em favor 
de um laudo mais descritivo sobre as alterações 
celulares, como iremos explicar a seguir. 
Papanicolau normal 
Em geral, o laudo do Papanicolau primeiro descreve a 
qualidade da amostra enviada e depois fornece os 
diagnósticos. Um bom laudo precisa: 
● Dizer que a amostra enviada foi satisfatória 
para avaliação pelo patologista. Se o resultado 
vier apontando uma amostra insatisfatória, a 
coleta de material deve ser refeita pelo 
ginecologista. 
● Indicar que tipos de tecido deram origem às 
células captadas, como, por exemplo, células 
da JEC, células da zona de transformação (ZT), 
ectocérvice ou endocérvice. Se não houver na 
amostra, pelo menos, células da JEC ou da ZT, 
a qualidade do exame fica muito 
comprometida, já que são essas as regiões 
mais atacadas pelo vírus HPV. 
● Indicar o tipo de células presentes: células 
escamosas (ectocérvice), metaplasia 
 Ana Carolina Thomaz Mendes 
escamosa, células colunares (endocérvice), 
células do epitélio glandular (endocérvice), 
etc. 
● Descrever a flora microbiológica: a flora 
bacteriana natural da vagina é composta com 
lactobacilos, portanto, é perfeitamente 
normal que o Papanicolau identifique essas 
bactérias. Se houver alguma infecção 
ginecológica em curso, o laudo pode indicar a 
presença de leucócitos (células de defesa) e o 
nome do germe invasor, como, por 
exemplo, Gardnerella ou Candida albicans. 
Após as descrições acima, se o laudo não indicar a 
presença de células malignas ou pré-malignas, ele virá 
com uma descrição do tipo: ausência de atipia, 
ausência de células neoplásicas, negativo para lesão 
intraepitelial ou negativo para malignidade. 
Papanicolau anormal – ASCUS E ASCH 
Vamos descrever as alterações mais comuns 
encontradas em exames de Papanicolau alterados. 
ASC-US ou ASCUS 
O acrônimo ASCUS significa Células Escamosas 
Atípicas de Significado Indeterminado (Atypical 
Squamous Cells of Undetermined Significance). 
De todos os resultados anormais encontrados no 
Papanicolau, o ASCUS é o mais comum. Ele ocorre em 
cerca de 2 a 3% dos exames. O ASCUS indica uma 
atipia, ou seja, uma alteração nas características 
normais das células escamosas, sem, porém, 
apresentar qualquer sinal claro de que possam haver 
alterações pré-malignas. O ASCUS pode ser 
provocado, por exemplo, por inflamações, infecções 
ou atrofia vaginal durante a menopausa. 
Na grande maioria dos casos, o ASCUS é um achado 
benigno que desaparece sozinho com o tempo. É 
preciso salientar, porém, que a presença de ASCUS 
não elimina totalmente o risco dessas células virem a 
ser uma lesão pré-maligna; ele significa apenas que o 
risco é muito baixo. Estudos mostram que cerca de 7% 
das mulheres com HPV e ASCUS desenvolvem câncer 
de colo uterino no prazo de 5 anos. Entre as mulheres 
que não têm o HPV, a taxa é de apenas 0,5%. 
Portanto, os médicos podem tomar duas condutas 
frente a um resultado do Papanicolau com ASCUS: ou 
repete-se o exame após 6 a 12 meses (a maioria dos 
casos de ASCUS desaparece nesse intervalo) ou faz-se 
a pesquisa do vírus HPV. Se o HPV for negativo, não é 
preciso fazer nada, apenas manter a rotina habitual 
de fazer o exame Papanicolau a cada 3 anos. Se a 
paciente tiver o vírus HPV, principalmente os subtipos 
16 e 18, que são os mais perigosos, o médico costuma 
pedir uma colposcopia e biópsia para investigar 
melhor o colo do útero após dois exames positivos de 
ASCUS. 
Repetir em um ano em pacientes com 30 anos ou 
mais, e pacientes menores. 
ASC-H ou ASCH 
Quando o patologista descreve no laudo a presença 
de ASCH, significa que ele viu células escamosas 
atípicas, com características mistas, não sendo 
possível descartar a presença de atipias malignas. É 
um resultado indeterminado, mas com elevado risco 
de existirem lesões epiteliais de alto grau (NIC 2 ou 
NIC 3) – explicarei esses termos a seguir. A presença 
de ASCH indica a realização da colposcopia e da 
biópsia do colo do útero. 
Lesões pré-malignas – LSIL E HSIL / NIC 1, NIC 2 E NIC 
3 
As lesões pré-malignas do colo do útero identificadas 
pelo Papanicolau são atualmente descritas como LSIL 
(Lesão Intraepitelial escamosa de baixo grau) ou HSIL 
(Lesão Intraepitelial escamosa de alto grau). 
Lesão Intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL) 
A LSIL indica uma displasia branda, uma lesão pré-
maligna com baixo risco de ser câncer. A LSIL pode ser 
causada por qualquer tipo de HPV, seja ele agressivo 
ou não, e tende a desaparecer após 1 ou 2 anos, 
conforme o organismo da mulher consegue eliminar o 
HPV do seu corpo. 
Se o teste de HPV da paciente for negativo, não é 
preciso fazer nada, basta repetir o Papanicolau dentro 
de 6 meses a 1 ano. Nestes casos, o risco de 
transformação para câncer é praticamente nulo. Se o 
teste de HPV for positivo, a paciente com LSIL deve 
ser avaliada com colposcopia e biópsia, pois apesar de 
baixo, existe um risco da lesão ser, na verdade, um 
 Ana Carolina Thomaz Mendes 
pouco mais agressiva do que aquela identificada no 
Papanicolau (pode ser um NIC 2 ou NIC 3). 
O paciente com LSIL no Papanicolau costuma ter NIC 1 
(lesão pré-maligna de baixo risco) na biópsia. Porém, 
cerca de 16% das pacientes têm NIC 2 (lesão pré-
maligna moderada) e 5% têm NIC 3 (lesão pré-maligna 
avançada). O risco de um resultado LSIL indicar um 
câncer é de apenas 0,1%. 
Obs: antigamente o LSIL era chamado de NIC 1 
(Neoplasia Intraepitelial Cervical grau 1). O termo NIC 
deixou de ser indicado nos laudos de Papanicolau em 
2001, pois, como vimos, nem todo LSIL corresponde 
realmente a uma lesão NIC 1 na biópsia. Portanto, NIC 
1, NIC 2 e NIC 3 atualmente só devem ser usados para 
descrever resultados da biópsia feita por colposcopia. 
No Papanicolau, o correto é usar os acrômios LSIL ou 
HSIL. 
Lesão Intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL) 
O HSIL indica que as células anormais têm grande 
alteração no seu tamanho e formato. É um achado 
que indica grande risco de existirem lesões pré-
malignas moderadas/avançadas (NIC 2 ou 3) ou 
mesmo câncer já estabelecido. O risco de um 
resultado HSIL ser NIC 3 na biópsia é de 50%. O risco 
de um resultado HSIL ser um câncer é de 7%. 
Portanto, toda a paciente com resultado HSIL no 
Papanicolau precisa ser investigada com colposcopia e 
biópsia. 
Leve – É a NIC grau I ou, simplesmente, NIC I. Neste 
tipo, um terço do colo do útero foi afetado. 
Geralmente, não precisa de tratamento. Mas é 
importante o acompanhamento médico para ver se 
vai evoluir. 
Moderada – cerca de dois terços do colo do útero foi 
afetado na NIC Grau II (NIC II). Talvez você precise 
fazer uma cirurgia para retiraras células anormais. 
Grave –– neste caso, todo o colo do útero tem lesões 
que podem evoluir para um câncer. Existem várias 
formas de tratar a NIC Grau III (NIC III). 
Tratamento 
Cirurgia de Alta Frequência (CAF) – é um 
procedimento simples que dura cerca de 15 minutos. 
Você recebe uma anestesia local e a parte do útero 
que tem lesões é retirada com um bisturi elétrico. Em 
seguida, o médico estanca o sangramento com 
eletrocoagulação e você já pode ir para casa. 
Conização – você recebe uma anestesia raqui e com a 
ajuda de um bisturi, o médico retira um pedaço em 
forma de cone do útero. O procedimento é simples e 
assim que terminar a cirurgia, você já pode ir para 
casa. 
Traquelectomia – o médico faz um corte no seu 
abdômen e insere uma câmera no canal vaginal, para 
retirar o colo do útero e uma parte superior da vagina. 
Histerectomia – dependendo do tipo e do tamanho 
da lesão, o útero ou uma parte do órgão pode ser 
removido através de cortes no abdômen ou do canal 
vaginal. 
Talvez seja necessário repetir o tratamento seis meses 
após fazer alguma dessas cirurgias. Sempre converse 
com seu médico sobre como a NIC está evoluindo.
 Ana Carolina Thomaz Mendes 
Vacina contra HPV
A vacina contra o HPV, ou papiloma vírus humano, é 
dada em forma de injeção e tem como função 
prevenir doenças causadas por este vírus, como 
lesões pré-cancerosas, câncer do colo do útero, vulva 
e vagina, ânus e verrugas genitais. Esta vacina pode 
ser tomada no posto de saúde e clínicas particulares, 
mas também é oferecida pelo SUS nos postos de 
saúde e em campanhas de vacinação nas escolas. 
A vacina oferecida pelo SUS é a quadrivalente, que 
protege contra os 4 tipos de vírus HPV mais comuns 
no Brasil. Após a toma da vacina o corpo produz os 
anticorpos necessários para combater o vírus e assim, 
caso a pessoa seja infectada, ela não desenvolve a 
doença, ficando protegida. 
Apesar de ainda não estar disponível para ser 
aplicada, a Anvisa já aprovou uma nova vacina contra 
o HPV, que protege contra 9 tipos de vírus. 
 
Quem deve tomar 
A vacina contra o HPV pode ser tomada das seguintes 
formas: 
1. Pelo SUS 
A vacina está disponível gratuitamente nos postos de 
saúde, em 2 a 3 doses, para: 
● Meninos e meninas dos 9 aos 14 anos; 
● Homens e mulheres de 9 a 26 anos vivendo 
com HIV ou AIDS, pacientes que receberam 
transplante de órgãos, de medula óssea e 
pessoas em tratamento contra o câncer. 
A vacina pode ser tomada, também, por meninos e 
meninas que já não são virgens, mas a sua eficácia 
pode estar diminuída, pois já podem ter estado em 
contato com o vírus. 
2. No particular 
A vacina também pode ser tomada por pessoas com 
idades superiores, entretanto, são apenas 
disponibilizadas em clínicas de vacinação particulares. 
Ela está indicada para: 
● Meninas e mulheres entre 9 e 45 anos de 
idade, se for a vacina quadrivalente, ou 
qualquer idade acima dos 9 anos, se for a 
vacina bivalente (Cervarix); 
 Ana Carolina Thomaz Mendes 
● Meninos e homens entre 9 e 26 anos de 
idade, com a vacina quadrivalente (Gardasil); 
● Meninos e meninas entre 9 e os 26 anos de 
idade, com a vacina nonavalente (Gardasil 9). 
A vacina pode ser tomada mesmo por pessoas que 
fazem tratamento ou já tiveram infecção pelo HPV, 
pois ela pode proteger contra outros tipos de vírus 
HPV, e prevenir a formação de novas verrugas genitais 
e risco de câncer. 
Tipos de vacinas e doses 
Existem 2 vacinas diferentes contra o HPV: a vacina 
quadrivalente e a vacina bivalente. 
Vacina quadrivalente 
● Indicada para mulheres entre os 9 e 45 
anos, e homens entre os 9 e os 26 anos de 
idade; 
● Protege contra os vírus 6, 11, 16 e 18; 
● Protege contra as verrugas genitais, o câncer 
do colo do útero na mulher e o câncer do 
pênis ou do ânus no caso do homem; 
● Fabricada pelo laboratório Merck Sharp & 
Dhome, sendo chamada comercialmente de 
Gardasil; 
● É a vacina oferecida pelo SUS para meninos e 
meninas entre os 9 e os 14 anos. 
● Doses: São feitas 3 doses, no esquema 0-2-6 
meses, sendo que a segunda dose é feita após 
2 meses e a terceira dose é feita após 6 meses 
da primeira dose. Em crianças, o efeito de 
proteção já pode ser obtido com apenas 2 
doses, por isso algumas campanhas de 
vacinação podem disponibilizar apenas 2 
doses. 
Vacina bivalente 
● Indicada a partir dos 9 anos e sem limite de 
idade; 
● Protege apenas contra os vírus 16 e 18, que 
são os maiores causadores do câncer do colo 
do útero; 
● Protege contra o câncer do colo do útero, mas 
não contra as verrugas genitais; 
● Fabricada pelo laboratório GSK, sendo 
comercialmente vendida como Cervarix; 
● Doses: Quando tomada até aos 14 anos são 
feitas 2 doses da vacina, com intervalo de 6 
meses entre si. Para pessoas acima dos 15 
anos, são feitas 3 doses, no esquema 0-1-6 
meses. 
Vacina nonavalente 
● Pode ser administrada em meninos e meninas 
com idade entre os 9 e 26 anos; 
● Protege contra 9 subtipos do vírus do HPV: 6, 
11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58; 
● Protege contra o câncer do colo do útero, 
vagina, vulva e ânus, assim como contra 
verrugas provocadas pelo HPV; 
● É fabricada pelos laboratórios Merck Sharp & 
Dhome, com o nome comercial de Gardasil 9; 
● Doses: se a primeira vacinação for feita até 
aos 14 anos, devem ser administradas 2 
doses, sendo a segunda feita entre 5 a 13 
meses após a primeira. Se a vacinação for 
depois dos 15 anos, deve-se seguir o esquema 
de 3 doses (0-2-6 meses), onde a segunda 
dose é feita após 2 meses e a terceira dose é 
feita após 6 meses da primeira. 
Quem não pode tomar 
A vacina do HPV não deve ser administrada em caso 
de: 
● Gravidez, mas a vacina pode ser tomada logo 
após o nascimento do bebê, sob orientação 
do obstetra; 
● Quando se tem algum tipo de alergia aos 
componentes da vacina; 
● Em caso de febre ou doença aguda; 
● Em caso de redução do número de plaquetas 
e problemas de coagulação sanguínea. 
 Ana Carolina Thomaz Mendes 
A vacinação pode ajudar a prevenir a infecção pelo 
HPV e o câncer de colo do útero, mas não é indicada 
para tratar a doença. Por isso, também é importante 
usar o preservativo em todos os contatos íntimos e, 
além disso, a mulher deve consultar o ginecologista 
pelo menos 1 vez por ano e realizar exames 
ginecológicos como o Papanicolau. 
Campanha de vacinação nas escolas 
A vacina contra o HPV faz parte do calendário de 
vacinação, sendo gratuita no SUS para meninas e 
meninos entre os 9 e os 14 anos de idade. Em 2016, o 
SUS passou a vacinar também os meninos de 
9 a 14 anos, pois inicialmente, estava disponível 
apenas para aqueles com 12 a 13 anos de idade. 
Os meninos e as meninas nesta faixa etária devem 
tomar 2 doses da vacina, sendo que a 1ª dose está 
disponível em escolas públicas e privadas ou em 
postos de saúde da rede pública. A 2ª dose deve ser 
tomada em uma unidade de saúde 6 meses após a 
primeira ou numa segunda temporada de vacinação 
promovida pelo SUS. 
Efeitos colaterais da vacina 
A vacina contra o HPV pode ter como efeitos 
colaterais dor, vermelhidão ou inchaço no local da 
picada, que podem ser diminuídos com a aplicação de 
uma pedrinha de gelo, protegido com um pano, no 
local. Além disso, a vacina contra o HPV pode 
provocar dor de cabeça, tonturas, náuseas, vômitos e 
febre superior a 38ºC, que pode ser controlada com 
um antitérmico como o Paracetamol, por exemplo. 
Caso o indivíduo desconfie da origem da febre, deve 
entrar em contato com o médico. 
Algumas meninas relataram alteração da sensibilidade 
das pernas e dificuldade para caminhar, porém, os 
estudos com a vacina não confirmam que esta reação 
seja provocada pela sua administração, sendo mais 
provável que se trate de outros fatores como 
ansiedade ou medo de agulhas, por exemplo. Não 
foram confirmados por estudos científicos outras 
alterações relacionados a esta vacina. 
Porque é preferível vacinar meninos e meninas até 
os 15 anos? 
Os artigos científicos apontam que a vacina contra 
HPV é mais eficaz quando aplicada em quem ainda 
não iniciou a vida sexual, e, por isso, o SUS só aplica a 
vacina em crianças e adolescentes entre 9 e 14 anos, 
no entanto, todos podem tomar a vacina em clínicas 
particulares. 
É necessário fazer exames antes de tomar a vacina? 
Não é preciso realizar nenhum exame para verificar se 
há infecção pelo vírus HPV antes de tomar a vacina, 
mas é importante saber que a vacina não tem a 
mesma eficácia em pessoas que já tiveram contato 
íntimo. 
Quem toma a vacina não precisa usar camisinha? 
Mesmo quem tomou as duas doses da vacina deve 
usar sempre a camisinha em todo contato íntimo 
porque esta vacina não protege de outras doenças 
sexualmente transmissíveis, como a AIDS ou a 
sífilis, por exemplo. 
A vacina contra o HPV é segura? 
Esta vacina demonstrou ser segura durante 
ensaios clínicos e, além disso, após ter sido 
administrada em pessoas, em diversos países, não 
demonstrou provocar efeitos secundários graves 
relacionados ao seu uso. 
No entanto, há casos relatados de pessoas que podem 
ficar nervosas e ansiosas durante a vacinação, 
podendo desmaiar, mas este fato não está 
diretamente relacionado à vacina aplicada, mas sim 
ao sistema emocional da pessoa.

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