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Ana Carolina Thomaz Mendes Exame papanicolau Introdução O principal objetivo do exame Papanicolau é detectar precocemente alterações pré-malignas na mucosa do colo do útero, geralmente provocadas pelo vírus HPV, de forma que o ginecologista possa intervir a tempo, impedindo o surgimento de um câncer invasivo. Quando detectado em fases iniciais, o câncer de colo do útero é plenamente curável. O Papanicolau é um exame de rastreio, ou seja, ele não faz o diagnóstico do câncer de colo uterino. Quem faz o diagnóstico do câncer é a biópsia do colo do útero. O papel do exame Papanicolau é dizer quais são as mulheres que possuem um risco maior de terem lesões pré-malignas e, portanto, precisam ser submetidas à biópsia e tratamento. Anatomia do colo do útero Não há como compreender o exame de Papanicolau sem saber pelo menos o básico da anatomia do colo do útero. Imagine uma pêra de cabeça para baixo. Essa é, mais ou menos, a aparência do útero. O colo do útero, também chamado de cérvix uterino, é a porção mais inferior e estreita do útero. O colo do útero é um pequeno canal de 2 a 3 cm de diâmetro, com formato cilíndrico, que faz a ligação entre a vagina e o corpo do útero. Na extremidade do colo do útero existe um orifício, chamado óstio uterino, que é por onde sai a menstruação e entram os espermatozoides. A região do colo do útero é muito mais susceptível ao aparecimento de tumores malignos que o restante do útero, pois é ela quem fica em contato direto com o canal vaginal, estando, portanto, mais exposta ao pH ácido da vagina, a infecções, traumas, etc. Na verdade, não é todo o colo do útero que é suscetível ao surgimento de câncer, mas sim a região ao redor do óstio uterino. O tecido que reveste o colo uterino não é todo homogêneo: ● O canal interno do colo uterino, chamado endocérvice, é revestido por um epitélio colunar simples, uma única camada de células, que contém algumas glândulas responsáveis pela secreção de muco cervical. Esse tecido costuma ser chamado de epitélio colunar ou epitélio glandular. ● A parte externa do colo uterino, que fica em contato com o canal vaginal, é chamado de ectocérvice, sendo revestido por um epitélio escamoso, semelhante ao da vagina. O epitélio colunar da porção interior do colo do útero (endocérvice) é muito mais frágil que o tecido escamoso da ectocérvice, que precisa ser mais resistente, pois fica em contato direto com o canal vaginal. Até a puberdade, a fronteira entre o epitélio colunar e o epitélio escamoso fica bem na entrada do óstio, exatamente onde termina a endocérvice e inicia-se a ectocérvice. O ponto que divide ambos os tecidos é chamado de JEC (junção escamo-colunar). Após a puberdade, a anatomia do colo uterino muda. Parte do endocérvice se exterioriza, empurrando a JEC para fora do óstio uterino. Ana Carolina Thomaz Mendes Essas alterações anatômicas fazem com que uma parte do frágil tecido colunar, que antes ficava protegido dentro do endocérvice, fique agora exposto ao meio hostil da cavidade vaginal. Como forma de defesa, o tecido colunar sofre uma alteração chamada metaplasia escamosa, que consiste na transformação do epitélio colunar em epitélio escamoso. Toda a região exteriorizada que sofre metaplasia é chamada de zona de transformação. A metaplasia em si não é considerada uma lesão maligna ou pré-maligna, ela é apenas um processo fisiológico de defesa da mucosa. Portanto, é perfeitamente normal aparecer no laudo do Papanicolau a presença de metaplasia escamosa. A zona de transformação, ou seja, o local que sofreu metaplasia escamosa, tem grande importância na realização do Papanicolau, pois é este o sítio onde o vírus HPV costuma se fixar, tornando-se, portanto, uma área extremamente suscetível ao aparecimento de tumores malignos. Logo, como o teste de Papanicolau é um exame de rastreio do câncer do colo uterino, é essencial que durante o procedimento o médico consiga obter material vindo da JEC e da zona de transformação (ZT). Como é feito o exame papanicolau O objetivo do exame de Papanicolau é colher algumas amostras de células da região do óstio cervical e ao redor do colo uterino, de forma a obter células da ectocérvice, endocérvice, zona de transformação e JEC. Essas células colhidas são enviadas para um laboratório para que possam ser estudadas em um microscópio por um patologista. O exame Papanicolau é bastante simples, rápido e praticamente indolor (algumas mulheres ficam tensas com o exame ginecológico e sentem algum grau de desconforto). Para se obter amostras do colo uterino, o ginecologista precisa antes fazer um exame ginecológico com um espéculo, chamado popularmente de bico de pato. O uso do bico de pato permite que o canal vaginal e o colo do útero sejam visualizados. Após uma rápida inspeção, o ginecologista irá introduzir uma pequena escova no óstio cervical, conseguindo, assim, obter algumas células desta região. Uma espátula e um cotonete também podem ser usados para obter material ao redor do colo uterino. Se durante a inspeção o médico observar alguma área do colo do útero com alterações suspeitas, ele pode fazer uma biópsia da lesão e enviar o material junto com o material coletado do óstio cervical. O exame de Papanicolau deve ser realizado, de preferência, fora do período menstrual. Também sugerimos que as mulheres evitem relações sexuais, ducha vaginal, aplicação de gel ou óvulo vaginal, ou uso de absorvente interno nas 48 horas que precedem o exame. Para que serve? O material colhido no exame de Papanicolau pode ser utilizado para pesquisar não só a existência de alterações celulares malignas ou pré-malignas, mas também para pesquisar a presença do vírus HPV e várias outras infecções ginecológicas, tais como: ● Gardnerella. ● Tricomoníase. ● Candidíase. ● Gonorreia. ● Sífilis. ● Clamídia. Mais uma vez, é importante lembrar que o Papanicolau é um exame de rastreio, ele não faz diagnóstico de câncer. O Papanicolau apenas orienta os médicos sobre quais são as pacientes que precisam ser investigadas com mais cuidado, geralmente através de uma colposcopia* e biópsia do colo uterino. Ana Carolina Thomaz Mendes * A colposcopia é um procedimento diagnóstico no qual um microscópio especial, com várias lentes de aumento, é usado para fornecer uma visão ampliada e bem iluminada do colo do útero e da vagina. A colposcopia nos permite ver o colo do útero com imagens muito mais nítidas que o simples exame ginecológico, facilitando a identificação de feridas ou anormalidades na mucosa. Durante a colposcopia, o ginecologista realiza biópsias do tecido do colo uterino para pesquisar a existência de lesões malignas. Como na biópsia conseguimos obter uma quantidade muito maior de células que no exame de Papanicolau, os resultados são muito mais precisos e confiáveis. Quando fazer O exame Papanicolau deve ser realizado em todas as mulheres com vida sexual ativa. O tempo de intervalo entre cada exame varia de acordo com as sociedades de Ginecologia de cada país. No Brasil, o habitual é indicar um intervalo de 1 ano entre os exames nos 3 primeiros exames. Se estiver tudo bem, os testes seguintes podem ser feitos com intervalos de 3 anos. Se, entretanto, a paciente tiver um tipo agressivo de vírus HPV, o teste de Papanicolau pode ser feito com intervalos curtos de até 6 meses. Em alguns países, o primeiro exame de Papanicolau só é recomendado após os 21 anos de idade, mesmo para mulheres que já inciaram a vida sexual na adolescência. Como o HPV demora vários anos para provocar alterações celulares que possam levar ao desenvolvimento do câncer de colo uterino, alguns médicos argumentam que não há necessidade de já começar a testar todas as mulheres nos seus primeiros anos devida sexual. Resultados Após o envio do material coletado no exame de papanicolau, o laboratório fornece o resultado do estudo em cerca de 3 a 5 dias. Vamos explicar de forma resumida o que significam os resultados mais comuns. Obs: o laboratório pode fornecer os resultados do Papanicolau sob o nome de colpocitologia oncótica, exame preventivo ou citologia cérvico-vaginal. A forma como cada laboratório fornece o laudo do teste de Papanicolau pode ser bastante diferente. É importante frisar que a nomenclatura mudou recentemente, por isso, se você for comparar um exame atual com outro mais antigo, eles podem ter resultados semelhantes, mas descrições bem diferentes. Antigamente os laudos vinham descrevendo as classes do Papanicolau: ● Papanicolau classe I – ausência de células anormais. ● Papanicolau classe II – alterações celulares benignas, geralmente causadas por processo inflamatórios. ● Papanicolau classe III – Presença de células anormais (incluindo NIC 1, NIC 2 e NIC 3). ● Papanicolau classe IV – Citologia sugestiva de malignidade. ● Papanicolau classe V – Citologia indicativa de câncer do colo uterino. Essa forma de laudo, dividida em classes, ainda pode ser encontrada, mas tem sido abandonada em favor de um laudo mais descritivo sobre as alterações celulares, como iremos explicar a seguir. Papanicolau normal Em geral, o laudo do Papanicolau primeiro descreve a qualidade da amostra enviada e depois fornece os diagnósticos. Um bom laudo precisa: ● Dizer que a amostra enviada foi satisfatória para avaliação pelo patologista. Se o resultado vier apontando uma amostra insatisfatória, a coleta de material deve ser refeita pelo ginecologista. ● Indicar que tipos de tecido deram origem às células captadas, como, por exemplo, células da JEC, células da zona de transformação (ZT), ectocérvice ou endocérvice. Se não houver na amostra, pelo menos, células da JEC ou da ZT, a qualidade do exame fica muito comprometida, já que são essas as regiões mais atacadas pelo vírus HPV. ● Indicar o tipo de células presentes: células escamosas (ectocérvice), metaplasia Ana Carolina Thomaz Mendes escamosa, células colunares (endocérvice), células do epitélio glandular (endocérvice), etc. ● Descrever a flora microbiológica: a flora bacteriana natural da vagina é composta com lactobacilos, portanto, é perfeitamente normal que o Papanicolau identifique essas bactérias. Se houver alguma infecção ginecológica em curso, o laudo pode indicar a presença de leucócitos (células de defesa) e o nome do germe invasor, como, por exemplo, Gardnerella ou Candida albicans. Após as descrições acima, se o laudo não indicar a presença de células malignas ou pré-malignas, ele virá com uma descrição do tipo: ausência de atipia, ausência de células neoplásicas, negativo para lesão intraepitelial ou negativo para malignidade. Papanicolau anormal – ASCUS E ASCH Vamos descrever as alterações mais comuns encontradas em exames de Papanicolau alterados. ASC-US ou ASCUS O acrônimo ASCUS significa Células Escamosas Atípicas de Significado Indeterminado (Atypical Squamous Cells of Undetermined Significance). De todos os resultados anormais encontrados no Papanicolau, o ASCUS é o mais comum. Ele ocorre em cerca de 2 a 3% dos exames. O ASCUS indica uma atipia, ou seja, uma alteração nas características normais das células escamosas, sem, porém, apresentar qualquer sinal claro de que possam haver alterações pré-malignas. O ASCUS pode ser provocado, por exemplo, por inflamações, infecções ou atrofia vaginal durante a menopausa. Na grande maioria dos casos, o ASCUS é um achado benigno que desaparece sozinho com o tempo. É preciso salientar, porém, que a presença de ASCUS não elimina totalmente o risco dessas células virem a ser uma lesão pré-maligna; ele significa apenas que o risco é muito baixo. Estudos mostram que cerca de 7% das mulheres com HPV e ASCUS desenvolvem câncer de colo uterino no prazo de 5 anos. Entre as mulheres que não têm o HPV, a taxa é de apenas 0,5%. Portanto, os médicos podem tomar duas condutas frente a um resultado do Papanicolau com ASCUS: ou repete-se o exame após 6 a 12 meses (a maioria dos casos de ASCUS desaparece nesse intervalo) ou faz-se a pesquisa do vírus HPV. Se o HPV for negativo, não é preciso fazer nada, apenas manter a rotina habitual de fazer o exame Papanicolau a cada 3 anos. Se a paciente tiver o vírus HPV, principalmente os subtipos 16 e 18, que são os mais perigosos, o médico costuma pedir uma colposcopia e biópsia para investigar melhor o colo do útero após dois exames positivos de ASCUS. Repetir em um ano em pacientes com 30 anos ou mais, e pacientes menores. ASC-H ou ASCH Quando o patologista descreve no laudo a presença de ASCH, significa que ele viu células escamosas atípicas, com características mistas, não sendo possível descartar a presença de atipias malignas. É um resultado indeterminado, mas com elevado risco de existirem lesões epiteliais de alto grau (NIC 2 ou NIC 3) – explicarei esses termos a seguir. A presença de ASCH indica a realização da colposcopia e da biópsia do colo do útero. Lesões pré-malignas – LSIL E HSIL / NIC 1, NIC 2 E NIC 3 As lesões pré-malignas do colo do útero identificadas pelo Papanicolau são atualmente descritas como LSIL (Lesão Intraepitelial escamosa de baixo grau) ou HSIL (Lesão Intraepitelial escamosa de alto grau). Lesão Intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL) A LSIL indica uma displasia branda, uma lesão pré- maligna com baixo risco de ser câncer. A LSIL pode ser causada por qualquer tipo de HPV, seja ele agressivo ou não, e tende a desaparecer após 1 ou 2 anos, conforme o organismo da mulher consegue eliminar o HPV do seu corpo. Se o teste de HPV da paciente for negativo, não é preciso fazer nada, basta repetir o Papanicolau dentro de 6 meses a 1 ano. Nestes casos, o risco de transformação para câncer é praticamente nulo. Se o teste de HPV for positivo, a paciente com LSIL deve ser avaliada com colposcopia e biópsia, pois apesar de baixo, existe um risco da lesão ser, na verdade, um Ana Carolina Thomaz Mendes pouco mais agressiva do que aquela identificada no Papanicolau (pode ser um NIC 2 ou NIC 3). O paciente com LSIL no Papanicolau costuma ter NIC 1 (lesão pré-maligna de baixo risco) na biópsia. Porém, cerca de 16% das pacientes têm NIC 2 (lesão pré- maligna moderada) e 5% têm NIC 3 (lesão pré-maligna avançada). O risco de um resultado LSIL indicar um câncer é de apenas 0,1%. Obs: antigamente o LSIL era chamado de NIC 1 (Neoplasia Intraepitelial Cervical grau 1). O termo NIC deixou de ser indicado nos laudos de Papanicolau em 2001, pois, como vimos, nem todo LSIL corresponde realmente a uma lesão NIC 1 na biópsia. Portanto, NIC 1, NIC 2 e NIC 3 atualmente só devem ser usados para descrever resultados da biópsia feita por colposcopia. No Papanicolau, o correto é usar os acrômios LSIL ou HSIL. Lesão Intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL) O HSIL indica que as células anormais têm grande alteração no seu tamanho e formato. É um achado que indica grande risco de existirem lesões pré- malignas moderadas/avançadas (NIC 2 ou 3) ou mesmo câncer já estabelecido. O risco de um resultado HSIL ser NIC 3 na biópsia é de 50%. O risco de um resultado HSIL ser um câncer é de 7%. Portanto, toda a paciente com resultado HSIL no Papanicolau precisa ser investigada com colposcopia e biópsia. Leve – É a NIC grau I ou, simplesmente, NIC I. Neste tipo, um terço do colo do útero foi afetado. Geralmente, não precisa de tratamento. Mas é importante o acompanhamento médico para ver se vai evoluir. Moderada – cerca de dois terços do colo do útero foi afetado na NIC Grau II (NIC II). Talvez você precise fazer uma cirurgia para retiraras células anormais. Grave –– neste caso, todo o colo do útero tem lesões que podem evoluir para um câncer. Existem várias formas de tratar a NIC Grau III (NIC III). Tratamento Cirurgia de Alta Frequência (CAF) – é um procedimento simples que dura cerca de 15 minutos. Você recebe uma anestesia local e a parte do útero que tem lesões é retirada com um bisturi elétrico. Em seguida, o médico estanca o sangramento com eletrocoagulação e você já pode ir para casa. Conização – você recebe uma anestesia raqui e com a ajuda de um bisturi, o médico retira um pedaço em forma de cone do útero. O procedimento é simples e assim que terminar a cirurgia, você já pode ir para casa. Traquelectomia – o médico faz um corte no seu abdômen e insere uma câmera no canal vaginal, para retirar o colo do útero e uma parte superior da vagina. Histerectomia – dependendo do tipo e do tamanho da lesão, o útero ou uma parte do órgão pode ser removido através de cortes no abdômen ou do canal vaginal. Talvez seja necessário repetir o tratamento seis meses após fazer alguma dessas cirurgias. Sempre converse com seu médico sobre como a NIC está evoluindo. Ana Carolina Thomaz Mendes Vacina contra HPV A vacina contra o HPV, ou papiloma vírus humano, é dada em forma de injeção e tem como função prevenir doenças causadas por este vírus, como lesões pré-cancerosas, câncer do colo do útero, vulva e vagina, ânus e verrugas genitais. Esta vacina pode ser tomada no posto de saúde e clínicas particulares, mas também é oferecida pelo SUS nos postos de saúde e em campanhas de vacinação nas escolas. A vacina oferecida pelo SUS é a quadrivalente, que protege contra os 4 tipos de vírus HPV mais comuns no Brasil. Após a toma da vacina o corpo produz os anticorpos necessários para combater o vírus e assim, caso a pessoa seja infectada, ela não desenvolve a doença, ficando protegida. Apesar de ainda não estar disponível para ser aplicada, a Anvisa já aprovou uma nova vacina contra o HPV, que protege contra 9 tipos de vírus. Quem deve tomar A vacina contra o HPV pode ser tomada das seguintes formas: 1. Pelo SUS A vacina está disponível gratuitamente nos postos de saúde, em 2 a 3 doses, para: ● Meninos e meninas dos 9 aos 14 anos; ● Homens e mulheres de 9 a 26 anos vivendo com HIV ou AIDS, pacientes que receberam transplante de órgãos, de medula óssea e pessoas em tratamento contra o câncer. A vacina pode ser tomada, também, por meninos e meninas que já não são virgens, mas a sua eficácia pode estar diminuída, pois já podem ter estado em contato com o vírus. 2. No particular A vacina também pode ser tomada por pessoas com idades superiores, entretanto, são apenas disponibilizadas em clínicas de vacinação particulares. Ela está indicada para: ● Meninas e mulheres entre 9 e 45 anos de idade, se for a vacina quadrivalente, ou qualquer idade acima dos 9 anos, se for a vacina bivalente (Cervarix); Ana Carolina Thomaz Mendes ● Meninos e homens entre 9 e 26 anos de idade, com a vacina quadrivalente (Gardasil); ● Meninos e meninas entre 9 e os 26 anos de idade, com a vacina nonavalente (Gardasil 9). A vacina pode ser tomada mesmo por pessoas que fazem tratamento ou já tiveram infecção pelo HPV, pois ela pode proteger contra outros tipos de vírus HPV, e prevenir a formação de novas verrugas genitais e risco de câncer. Tipos de vacinas e doses Existem 2 vacinas diferentes contra o HPV: a vacina quadrivalente e a vacina bivalente. Vacina quadrivalente ● Indicada para mulheres entre os 9 e 45 anos, e homens entre os 9 e os 26 anos de idade; ● Protege contra os vírus 6, 11, 16 e 18; ● Protege contra as verrugas genitais, o câncer do colo do útero na mulher e o câncer do pênis ou do ânus no caso do homem; ● Fabricada pelo laboratório Merck Sharp & Dhome, sendo chamada comercialmente de Gardasil; ● É a vacina oferecida pelo SUS para meninos e meninas entre os 9 e os 14 anos. ● Doses: São feitas 3 doses, no esquema 0-2-6 meses, sendo que a segunda dose é feita após 2 meses e a terceira dose é feita após 6 meses da primeira dose. Em crianças, o efeito de proteção já pode ser obtido com apenas 2 doses, por isso algumas campanhas de vacinação podem disponibilizar apenas 2 doses. Vacina bivalente ● Indicada a partir dos 9 anos e sem limite de idade; ● Protege apenas contra os vírus 16 e 18, que são os maiores causadores do câncer do colo do útero; ● Protege contra o câncer do colo do útero, mas não contra as verrugas genitais; ● Fabricada pelo laboratório GSK, sendo comercialmente vendida como Cervarix; ● Doses: Quando tomada até aos 14 anos são feitas 2 doses da vacina, com intervalo de 6 meses entre si. Para pessoas acima dos 15 anos, são feitas 3 doses, no esquema 0-1-6 meses. Vacina nonavalente ● Pode ser administrada em meninos e meninas com idade entre os 9 e 26 anos; ● Protege contra 9 subtipos do vírus do HPV: 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58; ● Protege contra o câncer do colo do útero, vagina, vulva e ânus, assim como contra verrugas provocadas pelo HPV; ● É fabricada pelos laboratórios Merck Sharp & Dhome, com o nome comercial de Gardasil 9; ● Doses: se a primeira vacinação for feita até aos 14 anos, devem ser administradas 2 doses, sendo a segunda feita entre 5 a 13 meses após a primeira. Se a vacinação for depois dos 15 anos, deve-se seguir o esquema de 3 doses (0-2-6 meses), onde a segunda dose é feita após 2 meses e a terceira dose é feita após 6 meses da primeira. Quem não pode tomar A vacina do HPV não deve ser administrada em caso de: ● Gravidez, mas a vacina pode ser tomada logo após o nascimento do bebê, sob orientação do obstetra; ● Quando se tem algum tipo de alergia aos componentes da vacina; ● Em caso de febre ou doença aguda; ● Em caso de redução do número de plaquetas e problemas de coagulação sanguínea. Ana Carolina Thomaz Mendes A vacinação pode ajudar a prevenir a infecção pelo HPV e o câncer de colo do útero, mas não é indicada para tratar a doença. Por isso, também é importante usar o preservativo em todos os contatos íntimos e, além disso, a mulher deve consultar o ginecologista pelo menos 1 vez por ano e realizar exames ginecológicos como o Papanicolau. Campanha de vacinação nas escolas A vacina contra o HPV faz parte do calendário de vacinação, sendo gratuita no SUS para meninas e meninos entre os 9 e os 14 anos de idade. Em 2016, o SUS passou a vacinar também os meninos de 9 a 14 anos, pois inicialmente, estava disponível apenas para aqueles com 12 a 13 anos de idade. Os meninos e as meninas nesta faixa etária devem tomar 2 doses da vacina, sendo que a 1ª dose está disponível em escolas públicas e privadas ou em postos de saúde da rede pública. A 2ª dose deve ser tomada em uma unidade de saúde 6 meses após a primeira ou numa segunda temporada de vacinação promovida pelo SUS. Efeitos colaterais da vacina A vacina contra o HPV pode ter como efeitos colaterais dor, vermelhidão ou inchaço no local da picada, que podem ser diminuídos com a aplicação de uma pedrinha de gelo, protegido com um pano, no local. Além disso, a vacina contra o HPV pode provocar dor de cabeça, tonturas, náuseas, vômitos e febre superior a 38ºC, que pode ser controlada com um antitérmico como o Paracetamol, por exemplo. Caso o indivíduo desconfie da origem da febre, deve entrar em contato com o médico. Algumas meninas relataram alteração da sensibilidade das pernas e dificuldade para caminhar, porém, os estudos com a vacina não confirmam que esta reação seja provocada pela sua administração, sendo mais provável que se trate de outros fatores como ansiedade ou medo de agulhas, por exemplo. Não foram confirmados por estudos científicos outras alterações relacionados a esta vacina. Porque é preferível vacinar meninos e meninas até os 15 anos? Os artigos científicos apontam que a vacina contra HPV é mais eficaz quando aplicada em quem ainda não iniciou a vida sexual, e, por isso, o SUS só aplica a vacina em crianças e adolescentes entre 9 e 14 anos, no entanto, todos podem tomar a vacina em clínicas particulares. É necessário fazer exames antes de tomar a vacina? Não é preciso realizar nenhum exame para verificar se há infecção pelo vírus HPV antes de tomar a vacina, mas é importante saber que a vacina não tem a mesma eficácia em pessoas que já tiveram contato íntimo. Quem toma a vacina não precisa usar camisinha? Mesmo quem tomou as duas doses da vacina deve usar sempre a camisinha em todo contato íntimo porque esta vacina não protege de outras doenças sexualmente transmissíveis, como a AIDS ou a sífilis, por exemplo. A vacina contra o HPV é segura? Esta vacina demonstrou ser segura durante ensaios clínicos e, além disso, após ter sido administrada em pessoas, em diversos países, não demonstrou provocar efeitos secundários graves relacionados ao seu uso. No entanto, há casos relatados de pessoas que podem ficar nervosas e ansiosas durante a vacinação, podendo desmaiar, mas este fato não está diretamente relacionado à vacina aplicada, mas sim ao sistema emocional da pessoa.
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