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Contabilidade gerencial como instrumento da administração

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CONTABILIDADE 
GERENCIAL 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Descrever as funções desempenhadas e respectivas habilidades requeridas 
do profissional de contabilidade.
 > Identificar o papel da gestão de custos na contabilidade gerencial.
 > Avaliar riscos e incertezas a partir da simulação de cenários.
Introdução
Os profissionais da área da contabilidade devem reunir uma série de habilidades, 
visando à realização de suas atividades da melhor forma possível. Entre o rol de 
atividades realizadas pelo profissional da área contábil estão aquelas relacionadas 
ao gerenciamento de custos para subsidiar gestores no processo decisório das 
organizações, fazendo com que a tomada de decisão seja mais assertiva.
Neste capítulo, você vai estudar o objetivo e as principais atividades da gestão 
de custos na contabilidade gerencial, no sentido de minimizar a possibilidade de 
riscos e incertezas com a elaboração de cenários. O capítulo destaca também 
as funções desempenhadas pelo profissional em contabilidade e as principais 
habilidades para esse exercício.
Contabilidade 
gerencial como 
instrumento da 
administração
Ricardo da Silva e Silva
Perfil e atividades do profissional 
de contabilidade
Toda a área de atuação profissional exige uma série de competências e ha-
bilidades para seu exercício. Na área da contabilidade não é diferente, pois 
o profissional contábil precisa organizar uma série de rotinas, muitas rela-
cionadas à elaboração e à análise de relatórios financeiros, ao controle de 
impostos e ao gerenciamento de custos.
No decorrer dos anos, a área da contabilidade passou por diversos avanços 
relacionados à globalização, que acarretou extrema competitividade. Deixou 
de ser uma área apenas de registros de informações financeiras para fornecer 
informações e análises que auxiliam a tomada de decisão, além de tornar 
empresas mais competitivas por meio de diversas atividades, inclusive o 
controle de custos. 
Para acompanhar as alterações dos últimos anos, o profissional na área 
da contabilidade também passou por várias transformações. Ott et al. (2011) 
afirmam que as atuais demandas da sociedade e do mercado requerem um 
profissional mais preparado para os novos desafios das organizações.
Habilidades e competências do profissional 
de contabilidade
As habilidades e competências necessárias ao profissional contábil são de-
finidas pelas empresas contratantes e pelos cursos técnicos e de graduação 
da área da contabilidade. As competências são compostas por uma série 
de habilidades. As habilidades, por sua vez, representam as características 
necessárias para que o profissional de uma área possa exercer as ativida-
des de sua área de atuação. Perrenoud (1999) afirma que a habilidade pode 
ser definida como uma sequência de operações que permite ao indivíduo a 
utilização de seus conhecimentos para resolver problemas. O mesmo autor 
define competência como “[…] uma capacidade de agir eficazmente em um 
determinado tipo de situação, apoiada em conhecimentos, mas sem limitar-se 
a eles” (PERRENOUD, 1999, p. 7). 
O Quadro 1 aponta as competências e habilidades necessárias ao profissio-
nal de contabilidade, indicando de que forma contribuem para a constituição 
desse profissional.
Contabilidade gerencial como instrumento da administração2
Quadro 1. Habilidade e competências do profissional contábil
Habilidades e 
competências Contribuição para a área de atuação
Intelectuais Solução de problemas e apoio ao processo decisório. 
Julgamento de situações complexas e cotidianas.
Técnicas e 
funcionais 
Realização das atividades gerais da contabilidade, 
domínio da matemática, da estatística e das novas 
tecnologias. 
Pessoais Atitudes e comportamentos que permitem o 
aperfeiçoamento contínuo do profissional da área, além 
de uma conduta ética.
Interpessoais e 
de comunicação
Adequada interação com outras áreas e departamentos, 
assim como o trabalho em equipe.
Organizacionais e 
de gerenciamento 
Visão sistêmica e capacidade de pensamento e 
planejamento estratégico, além da capacidade de 
gerenciar projetos.
Fonte: Adaptado de IAESB (2014).
O desenvolvimento das habilidades e competências ressaltadas no Quadro 
1 é indispensável e, para que seja possível, é necessário, além da experiência 
profissional, a educação formal e continuada com a realização de cursos que 
possibilitem a ampliação de tais competências e habilidades.
Atividades do profissional de contabilidade
A área da contabilidade possui diversas ramificações, cada uma delas cum-
prindo importante papel para uma empresa, conforme a seguir.
 � Contabilidade financeira: responsável pela geração de informações 
e relatórios que irão subsidiar o público externo das empresas de 
informações relativas à sua situação financeira. Crepaldi (2012) a define 
como a área que atende autoridades com documentos legalmente 
exigidos por normas contábeis. 
 � Contabilidade gerencial: dá suporte ao processo decisório com a análise 
de indicadores que indicam a saúde financeira da empresa. Para Atkin-
son et al. (2011, p. 36), “[…] é o processo de identificar, mensurar, relatar 
e analisar informações sobre os eventos econômicos das organizações”.
Contabilidade gerencial como instrumento da administração 3
 � Contabilidade de custos: gerencia os custos em uma empresa. Para 
Santos (2018), a contabilidade de custos fornece informação tanto para 
a contabilidade financeira quanto para a contabilidade gerencial, além 
de mensurar e avaliar custos de acordo com as normas de contabilidade.
Com base nessas ramificações, da contabilidade e o escopo de cada 
uma delas, a Resolução nº. 560, do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), 
no capítulo I, indica o rol de áreas de atuação do profissional da área da 
contabilidade:
O contabilista pode exercer as suas atividades na condição de profissional liberal 
ou autônomo, de empregado regido pela CLT, de servidor público, de militar, de 
sócio de qualquer tipo de sociedade, de diretor ou de conselheiro de quaisquer 
entidades, ou, em qualquer outra situação jurídica definida pela legislação, exer-
cendo qualquer tipo de função. Essas funções poderão ser as de analista, assessor, 
assistente, auditor, interno e externo, conselheiro, consultor, controlador de arre-
cadação, controller, educador, escritor ou articulista técnico, escriturador contábil 
ou fiscal, executor subordinado, fiscal de tributos, legislador, organizador, perito, 
pesquisador, planejador, professor ou conferencista, redator, revisor (CFC, 1983, 
documento on-line).
Dependendo da área de atuação, o profissional em contabilidade pode 
realizar cálculos, controle de custos, despesas e receitas da empresa com o 
acompanhamento de fluxo de capitais, realizar análises da saúde financeira de 
uma empresa, cuidar de questões patrimoniais e tributárias, gerar relatórios 
para controle de custos e orçamentos, além de auditar aspectos financeiros 
de uma organização. 
Gestão de custos na contabilidade gerencial
Entre as diversas responsabilidades e atividades de um profissional de con-
tabilidade, destaca-se o gerenciamento de custos, que visa classificar e 
organizar os gastos de uma empresa. Essa organização permite a definição de 
informações como o preço de venda de produtos e serviços e de indicadores 
contábeis, como o ponto de equilíbrio. Para Martins (2010), a contabilidade 
de custos fornece informações para o nível gerencial de uma organização, 
auxiliando no planejamento, controle e tomada de decisão.
Contabilidade gerencial como instrumento da administração4
Classificação de gastos de uma empresa
A gestão de custos permite tipificar todos os gastos de uma empresa, sendo 
possível reduzir riscos financeiros e gastos desnecessários e tornar as organi-
zações mais competitivas. É necessário, para isso, classificar detalhadamente 
todos os gastos. Essa organização permite definir se uma empresa gasta muito 
com mão de obra ou matéria-prima, impostos, publicidade e propaganda. 
Isso permite, também, tomar umasérie de decisões estratégicas.
Os gastos de uma organização podem ser classificados em custos e 
despesas, divididos, em seguida, em despesas e custos fixos ou variáveis, 
conforme a Figura 1.
Figura 1. Classificação dos gastos empresariais.
Fonte: Adaptada de Martins (2010).
Contabilidade gerencial como instrumento da administração 5
A classificação destacada na Figura 2 apresenta a tipificação de gastos 
em custos e despesas. Os custos são aqueles que possuem relação com o 
processo produtivo. Já as despesas possuem relação com as atividades de 
vendas, ou seja, a geração de receitas. Martins (2010) distingue os tipos de 
custos e despesas conforme a seguir.
 � Custos variáveis: associados à produção — quanto maior o volume 
produzido, maior a quantidade de insumos e, consequentemente, 
maiores os custos variáveis.
 � Custos fixos: ocorrem independentemente da produção.
 � Despesas fixas: ocorrem independentemente dos índices de comer-
cialização da empresa.
 � Despesas variáveis: variam conforme o volume de vendas — se aumen-
tam as vendas, consequentemente aumentam as despesas variáveis.
Como já destacado, a classificação dos gastos de uma empresa permite 
definir o preço de venda, o ponto de equilíbrio e a possibilidade de redução 
ou ampliação dos investimentos em demais áreas. O controle de custo é tão 
importante que a lucratividade de uma empresa está diretamente relacionada 
ao adequado planejamento e à organização de seus custos. 
Métodos de custeio
Para que seja possível gerenciar gastos, são utilizados métodos de separação 
e organização dos custos e despesas de uma empresa, denominados métodos 
de custeio. Com eles, é possível compreender o percentual do custo de cada 
produto ou serviço e realizar uma leitura dos produtos que geram maiores 
ou menores custos, além de determinar mais adequadamente preços, avaliar 
os estoques e definir os custos unitários para a produção da unidade de 
um produto. Martins e Rocha (2010) afirmam que o método de custeio visa 
aprimorar ou reduzir atividades que não geram valor ao produto, bem como 
analisar quais custos devem ser computados na mensuração dos custos de 
produção individual.
Há diversos métodos de custeio, com características distintas que visam 
à adequação na organização e no controle de custos, conforme o Quadro 2.
Contabilidade gerencial como instrumento da administração6
Quadro 2. Métodos de custeio
Método Característica Conceito
Por 
absorção
Torna possível que cada 
produto fabricado por uma 
empresa absorva uma fatia 
dos custos produzidos. 
São considerados todos os 
custos.
Consiste na observância de todos 
os custos envolvidos na produção 
de um bem. Todos esses custos 
são divididos nos custos dos 
produtos.
Variável São considerados apenas 
os custos de fabricação, 
ou seja, os custos variáveis 
na composição dos custos 
do produto. Os custos 
fixos e as despesas são 
considerados apenas 
no resultado final das 
operações da empresa.
Consiste na ideia de que os custos 
e as despesas inventariáveis 
(debitados aos produtos em 
processamento e acabados) são 
apenas aqueles diretamente 
identificados com a atividade 
produtiva.
ABC Há separação dos custos 
por atividades de produção 
de cada produto de uma 
empresa. 
Combina pessoas, tecnologias, 
materiais, métodos e seu 
ambiente para produzir produtos, 
projetos, serviços e ações de 
suporte a esses processos.
UEP Separa apenas os 
custos associados à 
transformação de um 
produto, visando à melhoria 
do processo produtivo 
e desconsiderando 
aqueles relacionados à 
matéria-prima. Devem ser 
analisados separadamente.
Baseia-se no foco nas atividades 
produtivas diretas da empresa 
(todas as atividades diretamente 
envolvidas na fabricação 
dos produtos). Os esforços 
das atividades auxiliares são 
repassados às atividades 
produtivas e, daí, aos produtos. 
Assim, a fábrica é dividida 
em postos operativos, que se 
caracterizam por se envolverem 
diretamente com os produtos.
Fonte: Adaptado de Nakagawa (2001), Bornia (2010), Leone (1997) e Martins (2010).
Martins e Rocha (2010, p. 166) explicam que:
[…] nenhum método de custeio atende a todas as necessidades informativas dos 
gestores, dada a complexidade do processo de administração das organizações; 
nenhuma informação de custos, qualquer que seja o método de custeio, substitui o 
julgamento e o bom senso das pessoas que analisam e das que decidem. o melhor 
será aquele que melhor ajude a resolver o problema que se apresente em determi-
nada situação, induzindo os gestores a tomar decisões adequadas em cada caso.
Contabilidade gerencial como instrumento da administração 7
Cada organização tem suas particularidades e deve, portanto, observar a 
melhor forma de gerenciar seus custos com algum dos métodos de custeio.
Riscos e incertezas com a simulação 
de cenários
O gerenciamento de custos é indispensável, pois, a partir dos custos, pode ser 
definido o êxito de uma empresa em relação às suas finanças. Uma empresa 
que tem dificuldade em controlar adequadamente seus custos pode não 
obter lucratividade e, dessa forma, não poderá honrar com suas obrigações. 
Empresas que controlam adequadamente seus gastos tendem a estar mais 
preparadas para os desafios do mercado e, principalmente, conseguem traçar 
estratégias para lidar com os impactos, riscos e incertezas. 
Riscos e incertezas financeiras
O risco empresarial é decorrente das várias situações enfrentadas por um 
negócio, que podem gerar lucro ou prejuízo, e estão fora do controle da gestão. 
Já a incerteza é fruto do desconhecimento de todas as informações necessárias 
para o processo decisório. Andrade (2009) afirma que o risco representa a 
estimativa da incerteza, através das projeções de estados futuros.
O empreendedor deve compreender os riscos, formulando estratégias 
de negócio, analisando as possíveis consequências positivas ou negativas 
para o negócio.
Na gestão de riscos negativos, uma organização analisa suas fontes de risco de 
forma a identificar os eventos (ameaças) com consequências negativas (perdas) 
sobre os resultados da organização. Em oposição, na gestão de riscos positivos, 
as mesmas fontes de risco deverão ser analisadas. Mas dessa vez, o foco deverá 
ser a busca de eventos (oportunidades) com consequências positivas (ganhos) 
que levem a organização a alcançar resultados superiores aos obtidos atualmente 
(MACIEIRA, 2008, p. 5). 
Uma série de riscos pode influenciar diretamente nos gastos de uma orga-
nização, como aumento dos salários ou encargos sobre a mão de obra, perdas 
nos estoques ou variações nos valores de matéria-prima, além dos custos de 
depreciação de equipamentos, taxas de juros, entre outros. O empreendedor 
deve estar atento aos diferentes cenários, que podem influenciar no preço 
de venda e, consequentemente, no ponto de equilíbrio. Para compreender 
como elaborar cenários para avaliar riscos e incertezas do mercado e suas 
Contabilidade gerencial como instrumento da administração8
relações com a gestão de custos, é necessário entender como são formados o 
preço de venda e os diferentes tipos de ponto de equilíbrio de uma empresa. 
Formação do preço de venda
O gerenciamento de custos influencia a formação do preço de venda. Imagine 
o processo de fabricação de um produto: quanto maiores os custos envolvidos 
na fabricação ou na aquisição desse produto, maior será o preço de venda. 
Santos (2018) apresenta os elementos que formam o preço de venda, os 
custos e despesas, fatores determinantes no preço oferecido ao consumidor.
 � Custos e despesas variáveis: matéria-prima, comissão de venda e 
outras variáveis.
 � Impostos sobre as vendas: IPI, ICMS, PIS e COFINS.
 � Custos e despesas fixas: salários gerais, encargos sociais, depreciação, 
pró-labore e manutenção em geral.
 � Lucro: remuneração do capital.
Além dos custos envolvidos, outros elementos devem considerados no 
momento de definir o preço de venda, como motivos, objetivos, estruturas de 
mercado e foco na determinaçãodos preços (PADOVEZE, 2006). A construção 
do preço de venda é um elemento estratégico nas organizações, pois, além 
de necessitar cobrir os gastos da empresa, apresenta a margem de lucro 
definida pelos empreendedores. A margem de lucro, por sua vez, é “[…] a 
diferença entre o preço de venda e o custo por unidade” (CREPALDI, 2012, p. 
326) e representa a capacidade de uma organização em ser lucrativa. 
Na formação do preço de venda, deve ser considerado o método de custeio 
utilizado pela empresa, de modo a definir quais gastos impactam no preço 
oferecido para o consumidor. Uma das técnicas mais utilizadas na formação do 
preço de venda é o markup, que agrega ao valor do preço de venda as despesas 
fixas e variáveis, além da margem de lucro presumida pelo empreendedor. 
Crepaldi (2012, p. 325) define o markup como o “[…] valor acrescentado ao 
custo de um produto para determinar o preço de venda final”. O cálculo do 
markup gera um índice, que torna possível descobrir o preço ideal, cobrindo 
despesas e alcançando a margem de lucro presumida. 
Contabilidade gerencial como instrumento da administração 9
Ponto de equilíbrio
Com o ponto de equilíbrio, é possível definir a quantidade de vendas necessária 
para cobrir todos os gastos de uma empresa. O ponto de equilíbrio identifica 
a partir de que momento a empresa passa a ter lucro, considerando as vendas 
realizadas. Martins (2010) salienta que o ponto de equilíbrio representa a 
capacidade mínima necessária de operação de uma empresa para que não 
tenha prejuízo.
O ponto de equilíbrio é um importante indicador do risco de operações de 
um negócio, envolvendo os custos de produção e considerando a demanda 
pelo produto. Esse importante indicador pode ser compreendido por três 
distintas perspectivas: financeira, econômica e contábil. O Quadro 3 apresenta 
a conceituação dessas três perspectivas do ponto de equilíbrio, a fórmula 
para encontrá-los e o índice resultante. 
Quadro 3. Tipos de ponto de equilíbrio
Perspectiva Conceito Fórmula
Contábil A receita total 
iguala-se aos custos 
e despesas totais, 
não havendo, 
contabilmente, nem 
lucro nem prejuízo.
Financeira 
(PEF)
Informa o quanto 
a empresa terá de 
vender para não 
ficar sem dinheiro 
para cobrir suas 
necessidades de 
desembolso.
Econômica Diferencia-se 
do contábil por 
considerar que, 
além de suportar os 
custos e despesas 
fixos, a margem de 
contribuição deve 
cobrir o custo de 
oportunidade do 
capital investido na 
empresa.
Fonte: Adaptado de Ribeiro (2015), Bornia (2010) e Megliorini (2012).
Contabilidade gerencial como instrumento da administração10
O ponto de equilíbrio e o preço de venda indicam a viabilidade financeira 
de um negócio, sendo indispensáveis na avaliação de riscos de mercado. 
Simulação de cenários
Os riscos em uma empresa podem ser relacionados a aspectos internos, como 
gerenciamento e organização, mas, em geral, estão relacionados a fatores 
externos, não controlados pela vontade dos empreendedores. É de extrema 
importância acompanhar tais fatores visando antecipar situações que possam 
pôr em risco a saúde financeira de uma organização.
Como vimos, para uma adequada avaliação de riscos e redução de incer-
tezas, é indispensável o controle de custos. O processo orçamentário é uma 
ferramenta de grande valia para esse controle, já que permite maior margem 
de lucro e, consequentemente, de lucratividade. Com o orçamento dos custos, 
é possível descobrir a margem de contribuição, definir o preço de venda e 
o ponto de equilíbrio. Lunkes (2007) define o orçamento como a expressão 
quantitativa dos planos e estratégias de uma empresa, contingenciando, 
organizando e controlando os gastos. 
Para Schwartz (2003, p. 15), projetar cenários é “[…] uma ferramenta para nos 
ajudar a adotar uma visão de longo prazo num mundo de grande incerteza”. 
Marcial e Grumbach (2002, p. 35) afirmam que “[…] os estudos de cenários 
prospectivos são uma das ferramentas mais adequadas para a definição de 
estratégias em ambientes turbulentos”. Portanto, visando a uma análise deta-
lhada das variações, riscos e incertezas de um negócio, a projeção e a análise 
de cenários é uma ferramenta de grande importância para a organização 
empresarial. Permite compreender e analisar os contextos interno e externo 
das organizações, projetando alternativas para uso dos recursos financeiros.
É possível que os profissionais de uma organização projetem uma grande 
quantidade de cenários, analisando diferentes perspectivas envolvendo 
custos, despesas e demanda de consumo, visto que, para que seja atingido o 
ponto de equilíbrio, é necessária a comercialização de uma série de unidades 
de um bem de consumo. Uma das metodologias para a criação de cenários 
é o método Delphi, que permite mensurar a opinião de especialistas de uma 
área para projetar diferentes realidades. Conforme Marcial e Grumbach (2002), 
o método consiste em consultar uma série de especialistas, projetando 
eventos futuros com base em suas respostas, para, a partir disso, definir se 
tais eventos são favoráveis ou não para a empresa.
Contabilidade gerencial como instrumento da administração 11
Em seguida, são propostos cenários otimistas, realistas e pessimistas. O 
cenário otimista contempla eventos favoráveis à empresa, com redução de 
gastos e/ou alta previsibilidade de demanda. O cenário realista é aquele com 
maiores probabilidades de ocorrência. Já o cenário pessimista indica eventos 
desfavoráveis a uma organização. Nesse caso, pode haver uma elevação 
de custos, impactando na formação do preço de venda ou dificuldade na 
comercialização de produtos, dificultando o alcance do ponto de equilíbrio. 
O Quadro 4 apresenta a prospecção de diferentes cenários, analisando o 
impacto nos custos, despesas e faturamento da empresa em decorrência 
das variações ambientais de um negócio. 
Quadro 4. Prospecção de cenários
Controle do fluxo de 
capitais em uma empresa
Cenário 1 
(Realista)
Cenário 2
(Pessimista)
Cenário 3
(Otimista)
Saídas Custos fixos 
e variáveis
R$ 20.000,00 R$ 35.000,00 R$ 15.000,00
Despesas 
fixas e 
variáveis
R$ 8.00,00 R$ 8.000,00 R$ 6.000,00
Entradas Faturamento R$ 60.000,00 R$ 40.000,00 R$ 55.000,00
SALDO R$ 32.000,00 (R$ 3.000,00) R$ 34.000,00
Como vimos, as habilidades e competências do profissional da área de con-
tabilidade devem estar alinhadas às necessidades das organizações, princi-
palmente em relação ao gerenciamento de custos, possibilitando que esse 
controle e essa organização possam subsidiar empreendedores no processo 
decisório e minimizar os riscos de um negócio. 
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Leitura recomendada
SANTOS, J. J. dos. Fundamentos de custos para formação do preço e do lucro. 5. ed. 
São Paulo: Atlas, 2005.
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