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Sistemas Internacionais de Proteção aos Direitos Humanos

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➔ Os direitos humanos podem ser protegidos tanto no âmbito nacional, quanto no
internacional.
◆ No âmbito nacional, as normas de direitos humanos são protegidas pelas
Constituições e mecanismos de proteção. Quando há violação dessas normas, sua
proteção é garantida jurisdicionalmente pela atuação do Estado através do Poder
Judiciário nacional.
◆ No âmbito internacional, as normas são definidas por tratados e são garantidas
através da atuação de órgãos e sistemas internacionais.
● Os sistemas internacionais incluem o sistema global, no qual as Nações
Unidas (ONU) são o ator principal e o sistema regional, cujo protagonismo é
destinado a uma Corte especializada na proteção dos direitos humanos que
têm atuação restrita à região na qual atuam.
➔ Os sistemas se estruturam da seguinte forma:
➔ O sistema global pode ser aplicado a qualquer pessoa de qualquer nacionalidade, de
uma forma ou de outra, em qualquer lugar do mundo, já os sistemas regionais cobrem
três partes do mundo: África, as Américas e Europa.
➔ Assim, se os direitos de alguém não podem ser garantidos no âmbito doméstico, o
sistema internacional entra em ação. Essa proteção pode ser oferecida pelo sistema
global ou pelo regional.
Sistema Global de Proteção aos Direitos Humanos
➔ O sistema global é composto por um sistema normativo, composto por tratados
internacionais abertos à adesão de todos os Estados (e também de Organizações
Internacionais), independente de sua localização geográfica, e por um sistema protetivo,
composto por órgãos e mecanismos de proteção, focados na promoção da dignidade
humana em todo o mundo.
◆ O sistema normativo é o conjunto de normas que definem e proclamam os direitos
internacionais da pessoa humana, que serão construídos através de documentos
formais (chamados de tratados internacionais) aceitos pelos Estados e que revelam
o compromisso destes com a tutela dos direitos humanos.
● O sistema normativo global geral é constituído pela Carta Internacional de
Direitos Humanos que contém a Declaração Universal dos Direitos Humanos
e os Pactos Internacionais de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e de
Direitos Civis e Políticos. Recebe essa denominação porque tem alcance geral
e como objeto toda e qualquer pessoa concebida em sua abstração e
generalidade.
○ A Declaração Universal dos Direitos Humanos pode ser entendida
como a interpretação da Carta da ONU (vis directiva = finalidade da
norma/soft law = texto internacional desprovido de caráter jurídico em
relação aos signatários, portanto com caráter facultativo); dilata os
parâmetros da Paz de Westfália, de 1648; sua raiz intelectual surge da
ideia de Kant (jus cosmopolita) de que todas as pessoas, independente
de quaisquer afiliações ou cidadania, devem ser tratadas com igual
respeito, ou seja, é o mundo como uma aldeia global em que todos
possuem os mesmo direitos, independentemente de sua
nacionalidade; sua generalização vem dos princípios da igualdade e
da não discriminação (arts. 1º e 2º) .
○ quatro colunas na DUDH: respeito aos direitos e liberdades de
ordem pessoal; direitos dos indivíduos no seu relacionamento com
o grupo ao qual pertence; faculdades espirituais, liberdades
públicas e direitos políticos fundamentais; direitos econômicos,
sociais e culturais.
● O sistema normativo global especial se constitui de todos os demais
tratados e declarações que têm por fim proteger determinados sujeitos que
são especificados em razão de sua condição racial, biológica, étnica,
religiosa e outras mais.
◆ O sistema protetivo constitui o conjunto de mecanismos convencionais (sistema de
comunicações interestatais e relatórios criados por tratados; comitês) e não
convencionais de promoção e tutela dos direitos humanos, responsáveis pelo
monitoramento do cumprimento do sistema normativo de direitos humanos.
● Os mecanismos não convencionais são a atribuição de poderes aos
relatores especiais, representantes especiais ou experts independentes para
investigar situações de direitos humanos, através de visitas in loco, receber
denúncias ou comunicações, e oferecer recomendações de como
solucioná-las
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➔ Seus principais órgãos são:
◆ Assembleia Geral: tem como função criar leis (legislar) sobre os direitos humanos;
◆ Conselho Econômico e Social (ECOSOC): tem como função promover o respeito dos
direitos humanos; coordenar as atividades da ONU e suas agências
especializadas; elaborar estudos, relatórios e recomendações sobre assuntos de
interesse social, econômico, cultural e educacional;
● Na estrutura do Conselho Econômico e Social, a Comissão de Direitos
Humanos é o espaço através do qual a ONU monitora a situação dos
direitos humanos no mundo.
◆ Conselho de Segurança: tem como função desenvolver operações pela
manutenção da paz; decidir sobre “graves violações” aos direitos humanos que
ponham em risco a paz mundial, e estabelecer tribunais penais internacionais.
➔ O papel da ONU
◆ Liga das nações: mera instância de arbitragem em conflitos de guerra; liberdade
de ingresso e retirada dos Estado;
◆ Nações Unidas: entidade política mundial, baseada na proteção da dignidade
humana; consciência mundial para o perigo da extinção da espécie humana;
sucedeu conflito com armas de destruição em massa e projetos de subjugação de
povos.
● A carta das nações unidas: consolida o movimento de internacionalização
dos direitos humanos;
● propósitos centrais do artigo 1: manter a paz e a segurança internacional;
fomentar a cooperação internacional nos campos social e econômico;
promover os direitos humanos no âmbito universal.
◆ Conselho de Direitos Humanos da ONU: ARTIGO 68 - “O Conselho Econômico e
Social criará comissões para os assuntos econômicos e sociais e a proteção
dos direitos humanos assim como outras comissões que forem necessárias
para o desempenho de suas funções.”
Sistemas Regionais de Proteção
➔ Foram criados após a Segunda Guerra Mundial, a partir da necessidade da proteção dos
direitos individuais a um nível supranacional.
➔ Em outras partes do mundo há organismos de integração regional, mas sem uma
atribuição especial relativa a direitos humanos.
➔ Inicialmente a criação dos sistemas regionais gerou questionamentos, mas hoje em dia
eles são mais aceitos, devido aos benefícios de se contar com tais sistemas.
◆ É comum que países de uma mesma região tenham interesses semelhantes em
proteger os direitos humanos naquela área, além de valores e culturas similares,
também têm proximidade de território, o que lhes dá vantagem no controle e
influência de seus comportamentos, e assegurar um certo padrão comum de
orientação (forma padronizada e combinada de lidar com certas situações), algo
que o sistema global não oferece.
➔ Por esses motivos, os sistemas regionais apresentam uma maior homogeneidade entre os
membros, sistemas jurídico-políticos e aspectos culturais, se comparado ao sistema
global, que abrange uma maior diversidade de países, com culturas e costumes
diferentes. Ou seja, a existência de sistemas regionais de direitos humanos permite
adotar mecanismos de cumprimento que se incorporam melhor com as condições locais
do que o sistema de proteção global ou universal.
➔ O formato clássico de um sistema de monitoramento regional foi definido pela
Convenção Europeia de Direitos Humanos de 1950. Nos termos desse sistema, uma vez
que uma pessoa tenha tentado todas as alternativas para ter seus direitos defendidos
pelo sistema legal do país onde ela se encontra, ela pode se dirigir a uma comissão de
direitos humanos criada pelo sistema regional. A Comissão dará ao Estado uma
oportunidade de responder, e então decidirá se houve ou não uma violação. No entanto,
essa decisão não tem, por si só, força de lei; para obter essa força, o caso tem que ser
encaminhado à corte regional de direitos humanos, onde decisões com valor jurídico
vinculante são expedidas para então se concluirse houve violação do tratado por parte
do Estado-membro.
Precedentes Históricos
➔ Direito Humanitário ou Direito
Internacional de Guerra: leis de
guerra para militares feridos,
prisioneiros e para civis (primeiro
limite à liberdade dos Estados,
embora só nos casos de guerra).
Fonte atual: “Direito de Genebra” (4
convenções assinadas em 1949,
promulgadas no Brasil em 1963)
➔ Liga das Nações (1919): criação pós
1ª Guerra Mundial, contemplando
obrigações genéricas a que os
Estados se submetiam, em caso de
adesão
➔ OIT (1919): tratados sobre relações
de trabalho, sujeitos à adesão dos
Estados
Matrizes da Internacionalização
➔ Insuficiência da proteção
“doméstica” dos direitos humanos
(chaga do nazismo), reconhecendo
o tema como de interesse
internacional;
➔ Busca por tratados que cuidem não
apenas de interesses políticos dos
Estados, baseados na
reciprocidade, mas também de
“interesse público”, que transcende
o do Estado;
➔ Redefinição do tradicional conceito
de soberania estatal
(autodeterminação dos povos e
não-intervenção), reconhecendo-se
a possibilidade de
responsabilização internacional do
Estado;
➔ Reconhecimento do indivíduo como
sujeito de direito internacional
(“capacidade processual
internacional”, ainda polêmica).
Precedentes Históricos da Justicialização Internacional
➔ Tribunal de Nuremberg (1945-1946)
◆ “Acordo de Londres”: tribunal penal militar instituído pelos Aliados
◆ Requisitos para aplicação do Costume Internacional (fonte de Direito Internacional
– art. 38 do Estatuto da Corte de Justiça da ONU):
● Concordância e exercício por um nº significativo de Estados
● Continuidade por considerável período de tempo
● Senso internacional de obrigação legal
◆ Críticas ao Tribunal de Nuremberg:
● Afronta ao Princípio da Anterioridade da lei penal
● Julgamento político imposto pelos vencedores ao vencido
● Tribunal de exceção
◆ Contribuições do Tribunal:
● Reconhecimento da responsabilização internacional do indivíduo
● Pioneiro no movimento de relativização da soberania nacional
➔ Tribunais Ad Hoc para Ex-Iugoslávia e Ruanda
◆ Ex-Iugoslávia 1993: Resolução do Conselho de Segurança da ONU Violações ao D.
Humanitário Internacional, desde 1991
◆ Ruanda 1994: Resolução do Conselho de Segurança da ONU, após a constituição
prévia de uma comissão de investigação Crimes contra direitos humanos na
guerra civil, cometidos no ano de 1994
➔ Tribunal Penal Internacional (TPI)
◆ Criação prevista na Conv. para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio
(1948);
◆ Criação efetiva: 1998, Conferência de Roma, com vigência em julho/2002;
◆ Diferença em relação aos Tribunais Internacionais anteriores: é permanente,
independente e universal (em face dos Estados que aceitem sua jurisdição,
tomados em pé de igualdade).
Federalização das leis de Direitos Humanos
➔ CF, art. 109, §5º. “Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o
Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de
obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o
Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em
qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência
para a Justiça Federal.” (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004);
➔ Motivo: em âmbito internacional, a responsabilidade pela violação de direitos
humanos é sempre da União (independente do órgão infrator – Executivo, Legislativo
ou Judiciário)
➔ Argumentos favoráveis: Justiça Federal mais isenta = menos suscetível à pressão política
e econômica; interesse da União na causa (possível responsabilização internacional);
previsão da maioria dos ilícitos internacionais, atraindo o disposto no inciso III do
art. 109 da Constituição Federal.
➔ Procedimento: ajuizamento de IDC (Incidente de Deslocamento de Competência) perante
o STJ (Superior Tribunal de Justiça) pela PGR (Procuradoria Geral da República);
◆ IDC – Incidente de Deslocamento de Competência é um instrumento
político-jurídico de natureza processual penal objetiva, destinado a assegurar a
efetividade da prestação jurisdicional em casos de crimes contra os direitos
humanos, previstos em tratados internacionais dos quais o Estado brasileiro seja
parte.
➔ Único caso: assassinato de Dorothy Stang (Estado do PA);
➔ Resultado: improcedência, mas com a fixação de requisitos cumulativos:
◆ Violação grave de direitos humanos;
◆ Demonstração inequívoca, no caso concreto, de ameaça efetiva ao
cumprimento de tratados internacionais;
◆ Demonstração da incapacidade (por qualquer motivo) das instituições do
Estado-membro conduzir, em toda a sua extensão, a persecução penal;

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