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Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina 1º Período APG 29 – MALHAÇÃO 1. ENTENDER A IMPORTÂNCIA DOS HORMÔNIOS PARA O METABOLISMO ENERGÉTICO REGULAÇÃO HORMONAL DO METABOLISMO – VISÃO GERAL A integração do metabolismo energético é controlada principalmente pela insulina e pelas ações que a ela se opõem do glucagon e da adrenalina (epinefrina). A insulina (reduzindo os níveis = hiperglicêmico) e o glucagon (aumentando os níveis = hiperglicêmico) são os hormônios chave na regulação de curto prazo da concentração da glicemia, a glicose no sangue. Alterações nos níveis circulantes desses hormônios permitem ao organismo estocar energia quando o alimento está disponível em abundância ou dispor da energia estocada, por exemplo, durante "crises de sobrevivência", como fome, lesão grave e situações de "luta ou fuga". A insulina causa desfosforilação enzimática. O glucagon causa fosforilação enzimática. INSULINA SÍNTESE DA INSULINA: A insulina é um hormônio polipeptídico produzido pelas células β das ilhotas de Langerhans - grupos de células endócrinas, incrustados na porção exócrina do pâncreas. A biossíntese envolve dois precursores inativos, a PRÉ-PRÓ-INSULINA e a PRÓ-INSULINA, que são clivados sequencialmente para formar a INSULINA ATIVA + o PEPTÍDEO C. O peptídeo C é essencial para a organização correta da molécula de insulina. Além disso, devido a sua meia-vida mais longa no plasma, o peptídeo C é um bom indicador da produção e da secreção de insulina. A insulina é estocada em grânulos no citosol, que, com o estímulo apropriado são liberados por exocitose. A insulina é degradada pela enzima insulinase, presente no fígado e, em menor quantidade, nos rins. A insulina possui uma meia- vida plasmática de aproximadamente seis minutos. Essa curta duração de ação permite alterações rápidas nos níveis circulantes desse hormônio. REGULAÇÃO DA SECREÇÃO DA INSULINA: a secreção de insulina é regulada por substratos e hormônios que estão circulando no sangue: a) Estimulação da secreção de insulina: é devida ao AUMENTO DE GLICOSE no sangue, a mais importante! HIPERGLICEMIA = ESTÍMULO PARA A LIBERAÇÃO DE INSULINA! Além disso, tem-se a ingestão de proteínas causa um aumento transitório nos níveis plasmáticos de AMINOÁCIDOS, os quais, por sua vez, induzem imediata secreção de insulina. A arginina plasmática elevada, por exemplo, estimula a secreção de insulina. E, por fim, a maioria dos HORMÔNIOS GASTRINTESTINAIS estimula a liberação de insulina. Os peptídeos intestinais colecistocinina e o polipeptídeo inibitório gástrico (peptídeo insulinotrópico dependente de glicose) aumentam a secreção de insulina em resposta à glicose oral e por causa disso, são chamados de "incretinas". Esses hormônios são liberados pelo intestino delgado após a ingestão de alimentos e causam um aumento antecipatório nos níveis de insulina. b) Inibição da secreção de insulina: a síntese e a liberação de insulina estão diminuídas quando existe escassez de combustíveis da dieta (hipoglicemia, hipocalemia = ↓ potássio e inibida pela somatostatina) e também durante períodos de estresse (por exemplo, febre ou infecção). Esses efeitos são mediados principalmente pela adrenalina, que é secretada pela medula adrenal em resposta ao estresse, ao trauma ou ao exercício intenso. A adrenalina possui um efeito direto sobre o Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina 1º Período metabolismo energético, causando uma mobilização rápida de combustíveis produtores de energia, incluindo a glicose hepática (produzida pela glicogenólise ou pela gliconeogênese) e os ácidos graxos provenientes do tecido adiposo. AÇÕES METABÓLICAS DA INSULINA: A insulina liga-se a receptores específicos de alta afinidade na membrana celular da maioria dos tecidos, incluindo o fígado, o músculo e o tecido adiposo. O efeito geral da insulina nesses tecidos é promover o armazenamento do excesso de glicose que está no sangue, no formato de glicogênio, principalmente no fígado e músculos, já no tecido adiposo será via triacilgliceróis. RECEPTOR DE INSULINA. O receptor de insulina é sintetizado como um polipeptídeo único, que é glicosilado e clivado em subunidades α e β, as quais são, então, reunidas em um tetrâmero (4 partes) unido por ligações dissulfeto. Um domínio hidrofóbico em cada subunidade β atravessa a membrana plasmática. A subunidade α extracelular contém o sítio de ligação da insulina. O domínio citosólico da subunidade β é uma TIROSINA-CINASE, a qual é ativada pela insulina. TRANSDUÇÃO DE SINAL: a ligação da insulina às subunidades a do receptor de insulina induz alterações conformacionais que irão atingir as subunidades β. Isso promove uma rápida autofosforilação de um resíduo específico de tirosina em cada subunidade β. A autofosforilação inicia uma cascata de respostas de sinalização celular, incluindo a fosforilação de uma família de proteínas denominadas proteínas substratos do receptor de insulina (SRI). As proteínas SRI fosforiladas interagem com outras moléculas sinalizadoras por meio de domínios específicos, ativando vias que afetam a expressão gênica, o metabolismo e o crescimento celular. As ações da insulina são encerradas pela desfosforilação do receptor. EFEITOS DA INSULINA NA MEMBRANA: Na presença da insulina (ligação com o receptor), o transporte da glicose aumenta em alguns tecidos, como o músculo esquelético e os adipócitos. A insulina promove o recrutamento de transportadores de glicose sensíveis à insulina (GLUT-4), provenientes de um estoque localizado em vesículas intracelulares. A insulina causa desfosforilação e aumento da síntese de enzimas. REGULAÇÃO DA SÍNTESE DO RECEPTOR DE INSULINA: O aumento da massa do tecido adiposo vai diminuir a síntese dos receptores de insulina, e a perda de peso vai regular positivamente. GLUCAGON O glucagon é um hormônio polipeptídico secretado pelas células α das ilhotas de Langerhans pancreáticas. O glucagon, juntamente com a adrenalina, o cortisol e o hormônio do crescimento (os "hormônios contrarreguladores"), se opõe a muitas das ações da insulina. Em especial, o glucagon age na manutenção dos níveis de glicose sanguínea, EVITANDO A HIPOGLICEMIA DE JEJUM, pela ativação da glicogenólise e da gliconeogênese hepáticas. Os valores normais, geralmente, da glicose no sangue são de 70 a 99 mg/dl, quando estão abaixo ou próximo de 70 tem-se o estímulo e produção do glucagon e epinefrina. SECREÇÃO DO GLUCAGON E EPINEFRINA: A célula α pancreáticas é responsiva a uma variedade de estímulos que sinalizam uma hipoglicemia real ou potencial. Especificamente, a secreção do glucagon é aumentada por: Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina 1º Período a) GLICEMIA BAIXA: Uma diminuição na concentração plasmática de glicose é o principal estímulo para a liberação de glucagon. Durante um jejum noturno ou prolongado, os níveis elevados de glucagon previnem a hipoglicemia. Entretanto, quando tem uma hiperglicemia, terá inibição do glucagon!!! b) AMINOÁCIDOS: Os aminoácidos provenientes de uma refeição que contém proteínas estimulam a liberação de glucagon e de insulina. O glucagon impede efetivamente a hipoglicemia, que de outra forma ocorreria como resultado da secreção aumentada de insulina após uma refeição rica em proteínas. c) ADRENALINA: Níveis elevados de adrenalina circulante, produzida pela medula adrenal, ou de noradrenalina, produzida pela inervação simpática do pâncreas, ou de ambas, estimulam a liberação de glucagon. Assim, durante períodos de estresse, trauma ou exercício intenso, os níveis elevados de adrenalina podem sobrepor-se aos efeitos dos substratos circulantes sobre as células α. Nessas situações - independentemente da concentração de glicose no sangue - os níveis de glucagon seelevam em antecipação ao aumento na utilização de glicose. AÇÃO MÚTUA: As ações metabólicas do glucagon e epinefrina são reforçadas mutualmente e vão neutralizar a ação da insulina. O glucagon atua, principalmente, no fígado promovendo o processo chamado GLICOGENÓLISE (quebra do glicogênio) e também vai promover o aumento da GLICONEOGÊNESE (é a rota pela qual é produzida glicose a partir de compostos aglicanos = não-açúcares ou não- carboidratos, mas há produção de energia). Já a epinefrina vai estimular a GLICOGENÓLISE no fígado e no músculo, e também a liberação de ácidos graxos livre (lipólise), principalmente no tecido adiposo. RECEPTORES DE GLUCAGON E EPINEFRINA: O glucagon liga-se a receptores acoplados a proteínas G nos hepatócitos. Essa ligação resulta na ativação da adenilato-ciclase, a qual produz o segundo mensageiro AMP cíclico (AMPc). A posterior ativação da proteína-cinase dependente de AMPc resulta na ativação ou inibição, mediadas por fosforilação, de enzimas- chave da regulação do metabolismo de carboidratos e de lipídeos. Tanto insulina quanto glucagon modulam a transcrição gênica. HIPOGLICEMIA A hipoglicemia é caracterizada por: 1. Hipoglicemia induzida por insulina: A hipoglicemia frequentemente ocorre em pacientes diabéticos que recebem tratamento com insulina, em especial naqueles em que há sério empenho na obtenção de um controle rigoroso dos níveis de glicose sanguínea. Uma hipoglicemia leve em pacientes totalmente conscientes é tratada com a administração oral de carboidratos. Os pacientes com hipoglicemia, porém, frequentemente estão inconscientes ou apresentam perda da capacidade para coordenar a deglutição. Nesse casos, o tratamento de escolha é a administração subcutânea ou intramuscular de glucagon 2. Hipoglicemia pós-prandial: Essa é a segunda forma mais comum de hipoglicemia. E causada por uma liberação exagerada de insulina após uma refeição, produzindo uma hipoglicemia transitória com leves sintomas adrenérgicos. O nível de glicose plasmática retorna ao normal mesmo se o paciente não for alimentado. Em geral, o único tratamento necessário é que o paciente faça refeições pequenas. Nível de glicose sanguínea igual ou inferior a 40 mg/dl; 3. Hipoglicemia de jejum: A ocorrência de glicemia diminuída durante o jejum é rara, mas é mais provável que se apresente como um sério problema clínico. A hipoglicemia de jejum, que Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina 1º Período tende a produzir sintomas de neuroglicopenia, pode resultar de uma redução na velocidade de produção de glicose pela glicogenólise e gliconeogênese hepáticas. Assim, baixos níveis de glicose no sangue são frequentemente observados em pacientes com lesão hepatocelular ou com insuficiência adrenal, ou ainda em indivíduos em jejum que consumiram grandes quantidades de etanol. RESUMINDO: A hipoglicemia frequentemente ocorre em pacientes em tratamento com insulina, com controle estrito. O consumo e o metabolismo subsequentes do etanol inibem a gliconeogênese, ocasionando hipoglicemia em indivíduos com depleção nos estoques de glicogênio hepático. O consumo de álcool pode também aumentar o risco de hipoglicemia em pacientes que fazem uso da insulina. O consumo crônico de álcool pode causar hepatopatia alcoólica. 2. COMPREENDER O METABOLISMO EM ESTADO ALIMENTADO E EM JEJUM ESTADO ALIMENTADO A atividade metabólica de vários tecidos vão interagir para visar o armazenamento de energia quando um material combustível (carboidrato, proteínas e lipídios) é ingerido e está abundante. O período de cerca de 2-4 horas após a ingestão de uma “refeição normal = equilibrada” terá uma alta proporção de insulina contrapondo ao glucagon e epinefrina. Nesse período então, tempo médio de 2 horas, terá níveis elevados de glicose, uma vez que ela está circulando no sangue, que foi absorvida no TGI. METABOLISMO DO FÍGADO Após uma refeição, a veia porta hepática vai fornecer sangue venoso contendo nutrientes provenientes da absorção no intestino, com exceção dos ácidos graxos de cadeia longa. Além disso, a veia porta hepática vai dar níveis elevados de insulina (vindo do pâncreas) diretamente no fígado. ENZIMAS: A glicoquinase vai capturar grande parte do influxo (entrada pela veia porta) de glicose como glicose 6-fosfato = teremos uma fosforilação da glicose. Em contraste com a hexoquinase, que está presente na maioria dos tecidos, a glicoquinase hepática é ativada em altas contrações de glicose!! E não é inibida pela glicose 6-fosfato. A glicose 6-fosfato eleva nesses momentos de bastante ingestão de glicose, e essa elevação vai estimular imediatamente a forma fosforilada, menos ativa = enzima glicogênio sintase = aumentando a síntese de glicogênio. *A glicose chega no fígado e é direcionado para a reserva (combustível), então, tem-se a fosforilação da glicogênio sintase e consequentemente tem aumento da síntese de glicogênio, que é reserva de glicose.* As formas ativas, desfosforiladas, das enzimas glicogênio sintase e piruvato desidrogenase, são favorecidas para uma alta proporção de insulina em relação ao glucagon. A atividade aumentada da piruvato desidrogenase (PDH) vai fornecer a acetil-CoA de forma abundante para a síntese dos ácidos graxos livres, que serão esterificados como triacilgliceróis no fígado, e, posteriormente, serão transportados para o tecido adiposo, por meio da partícula VLDLs (lipoproteína de densidade muito baixa). METABOLISMO DO TECIDO ADIPOSO Os altos níveis de insulina vão estimular a síntese do triacilglicerol, por meio de várias reações enzimáticas. Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina 1º Período O aumento da captação de glicose pelo GLUT4, que é sensível à insulina, vai fornecer o glicerol- 3-fosfato, que vai permitir a fosforilação e a esterificação de ácidos graxos livres e para fazer o armazenamento de triacilglicerol. O aumento da atividade da lipase lipoproteica terá a promoção da liberação e da absorção dos ácidos graxos livres dos quilomícrons e VLDL. Já a inibição da lipase sensível ao hormônio pela insulina vai impedir a mobilização de gordura = efeito reverso. METABOLISMO MUSCULAR A insulina elevada aumenta a captação de glicose pelo GLUT4, que é sensível à insulina, e também ativação da glicogênio sintase, levando a formação de glicogênio. A glicose é o principal combustível para o músculo no estado alimentado!!! Além disso, altos níveis de insulina também aumentam a absorção de aminoácidos e a síntese de proteínas do músculo, e esse processo já está projetado para armazenar os esqueletos de carbono, para uso como fonte de energia quando necessário. METABOLISMO CEREBRAL A glicose é o combustível principal, exclusivo, do cérebro no estado alimentado (embora possa ser substituída, gradualmente, por corpos cetônicos, durante um jejum prolongado). O cérebro, normalmente, depende do metabolismo aeróbico da glicose, ou seja, na presença de oxigênio para fazer a oxidação da glicose e produzir energia. Tanto a hipóxia (↓ de oxigênio) e hipoglicemia do tipo grave vão produzir sintomas semelhantes: confusão, fraqueza motora e distúrbios visuais. JEJUM E FOME Período de 3-36 horas após uma refeição, sem a ingestão de alimento, os níveis plasmáticos de glicose, aminoácidos e triacilgliceróis caem, desencadeando um declínio na secreção de insulina e um aumento na liberação de glucagon e de adrenalina. O metabolismo inicialmente aumentado, vai mudar a dependência do organismo da glicogenólise para gliconeogênese, mantendo a glicose no sangue, na ausência de absorção de nutrientes pele intestino. O decréscimo na razão insulina/glucagon e o decréscimo na disponibilidade de substratos circulantes fazem desse período de privação de nutrientes um períodocatabólico. Isso coloca em movimento uma intensa troca de substratos entre o fígado, o tecido adiposo, os músculos e o encéfalo, orientada por duas prioridades: 1) A necessidade de manter os níveis plasmáticos de glicose adequados para sustentar o metabolismo energético do encéfalo e de outros tecidos dependentes de glicose; 2) A necessidade de mobilizar ácidos graxos do tecido adiposo e corpos cetônicos do fígado para suprir de energia todos os outros tecidos. METABOLISMO DO FÍGADO O papel principal do fígado no metabolismo energético durante o jejum é a manutenção da glicose sanguínea pela síntese e distribuição de moléculas combustíveis para outros tecidos. Por isso se fala em "metabolismo hepático" e "extra- hepático" ou "periférico". A glicose 6-fosfatase, que é uma enzima gliconeogênica que está presente no fígado, mas não no músculo, converte a glicose 6-fosfato da gliconeogênese e glicogenólise em glicose, que é liberada no sangue. A degradação do glicogênio (glicogenólise) é estimulada pela ativação, induzido pelo glucagon, da glicogênio fosforilase e inibição da glicogênio sintase, o que vai evitar as reciclagens fúteis de glicose em fosfato. Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina 1º Período O fígado degrada glicogênio e inicia a gliconeogênese, usando a oxidação aumentada de ácidos graxos como fonte da energia necessária para a gliconeogênese e para suprir com acetil- coenzima A a síntese de corpos cetônicos. METABOLISMO DO TECIDO ADIPOSO O tecido adiposo degrada os estoques de triacilgliceróis, fornecendo ácidos graxos e glicerol para o fígado. METABOLISMO MUSCULAR Os músculos podem usar os ácidos graxos como combustível, bem como os corpos cetônicos fornecidos pelo fígado. A proteína muscular é degradada para suprir de aminoácidos a gliconeogênese hepática. METABOLISMO CEREBRAL O encéfalo pode usar a glicose e os corpos cetônicos como combustíveis. No jejum prolongado, os rins desempenham importantes funções voltadas para a síntese de glicose e excretam prótons (provenientes das dissociações de corpos cetônicos) como íon amônia (NH4+). REFERÊNCIA: HARVEY, R.A.; FERRIER, D.R. Bioquímica Ilustrada, 5ª ed., Artmed, 2012.
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