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Resenha "O português no século XXI Cenário geopolítico e sociolinguístico".

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE ALAGOAS
CAMPUS I – ARAPIRACA
ESPECIALIZAÇÃO EM LINGUAGEM
Maria Sara Alves Rodrigues
LINGUÍSTICA APLICADA
ARAPIRACA – AL
2019
MARIA SARA ALVES RODRIGUES
LINGUÍSTICA APLICADA
Trabalho avaliativo apresentado ao Curso de Especialização em Linguagem da Universidade Estadual de Alagoas, como requisito da disciplina Tópicos em Linguística Aplicada, ministrada pela Professora Me. Sanadia Santos.
ARAPIRACA – AL
2019
PINTO, J. P. Prefiguração identitária e hierarquias linguísticas na invenção do português. In: MOITA LOPES, L. P. (Org.). O português no século XXI: Cenário geopolítico e sociolinguístico. São Paulo: Parábola, 2013. cap. 4, p. 120-143.
Resenha por Maria Sara Alves Rodrigues
	
O livro “O PORTUGUÊS NO SÉCULO XXI: CENÁRIO GEOPOLÍTICO E SOCIOLINGUÍSTICO”, organizado por Luiz Paulo da Moita Lopes, apresenta em seu capítulo 4 - A PREFIGURAÇÃO IDENTITÁRIA E HIERARQUIAS LINGUÍSTICAS NA INVENÇÃO DO PORTUGUÊS, escrito por Joana Plaza Pinto. Esse capítulo está dividido em quatro subtítulos: 1. Prenúncio de uma tensão, 2. A invenção do português, 3. Desinventar o português e 4. Sobre estratégias, olhares e imaginação. 
	Nesse capítulo, a autora examina e debate a prefiguração da identidade de falante como resultado da descrição do português no Brasil e, posteriormente, procura tensionar a relação de tal prefiguração com a sustentação da separação entre língua, dialeto e variedade. Trazendo o processo histórico da língua portuguesa, a construção de hierarquias linguísticas e a formação de uma nova perspectiva para a maneira de lidar com o português no mundo hoje. 
	A autora expõe as condições coloniais e neoimperialistas a que foram submetidas a África e a América indígena, como a imposição do dicionário e gramática europeus, mas sem deixar de lado a ideia propagada sobre a separação do culto-letrado X popular-iletrado, ao mesmo tempo que criavam o monolinguísmo nacional. Ficando bastante enfático o papel que as ideologias eurocêntricas tomaram em torno da produção e consumo de dicionários, gramáticas e outros documentos oficiais na constituição da própria norma.
	Nesse contexto, surge a ideia de que a “norma culta” pertence ao “grupo culto”, e a “norma popular” é falada por “grupos populares”. Diante disso, a “norma culta” passou a ser utilizada como um padrão para assim definir a “norma popular” como dialeto, e suas intersecções regionais, raciais, sexuais como “variedades” ou “dialetos menores” da norma principal.
	Então, diante da maneira como a sociolinguística brasileira procurou descrever o assim chamado português culto e seus falantes – também cultos –, o capítulo de Joana Pinto posiciona-se como uma grande crítica ao modo como muito/as sociolinguistas brasileiro/as não só esqueceram os comentários linguístico-ideológicos de falantes “não-cultos” ou supervalorizavam as ideologias “cultas”, mas também como esses mesmos profissionais, dotados de ideologias linguísticas de elite e de uma fraca teoria social, chegaram a conclusões do tipo: “é óbvio que as classes cultas não são apenas ‘privilegiadas’, ‘escolarizadas’ e ‘letradas’, são também as mais linguisticamente hábeis; “são os falantes cultos, por certo, os que possuem maior consciência da variação linguística e de sua adequação à grande diversidade de situações de comunicação” (Castilho & Pretti, 1987:3). Generalizações e estereótipos criados como esses, que conferem uma consciência maior e evidente da variação às camadas cultas, que não são apenas intoleráveis na perspectiva etnográfica; elas são também evidências de que essas ideologias linguísticas, são excessivamente exclusoras de pobres ou pessoas de cor. 
	Refletindo sobre essas generalizações, não é difícil perceber o efeito que trouxeram atualmente, exemplo disso, são os sociolinguísticos que embasam as regulamentações/normas em vestibulares e no ENEM, os quais, buscam a “predominância” de falantes “cultos”, num ciclo de legitimação de classe que não é nada ingênuo. Além do apagamento de línguas indígenas e africanas, que poderiam estar presentes no currículo escolar, trazidas como um resgate cultural. Nesse contexto, percebemos o quão forte foi o legado do colonialismo, que inventou nosso território como monolíngue. A política influiu na ascensão do português em detrimento dos idiomas nativos.
	Logo, a autora ressalta que o eurocentrismo organizou a interpretação do português do Brasil, já que as estruturas linguísticas "encontradas" são apenas uma parte do que garante a interpretação: a prefiguração identitária de falantes é o que dá força à diferença entre "culto" e o "popular" a força do português europeu contra a simplificação africana e indígena. A autora explicita também os atos subversivos praticados pelos escravos de confronto com a dominação, atos de resistência ao controle racista e a imposição da língua europeia. A invenção do português pode ser vista com a introdução e imposição da língua dos colonizadores, com suas complexas associações a ideologias e nacionalidade, bem como os hibridismos criados e práticas diversas apresentadas pelo povo indígena e pelos escravos. Entendendo mais sobre como os falantes recombinam pedaços de línguas na construção do que chamamos de português.
	O português no século XXI – traz, assim como a linguística aplicada, perspectiva(s) – expondo a necessidade de outras ferramentas para entender as línguas e seus falantes. Nesse capítulo 4, traz essa reflexão teórica, sobre como os falantes recombinam pedaços de línguas na construção do que chamamos de português, e sobre como a sociolinguística do Brasil traz implícitas, em suas explanações, bases (elitistas) sobre o domínio de Portugal e não estruturalmente da parte crioula do português do Brasil, conforme traz a autora, explicitando assim a hierarquização vertical da língua. 
	A autora almeja/anseia que a legitimidade da língua não esteja representada apenas por alguns, mas esteja sempre em construção no continuum sociocultural e em confronto com as hierarquias linguísticas, para que essa verticalização da língua se torne horizontal.
	Então diante da nossa realidade e daquilo que chamamos "a estrutura do português do Brasil" devemos perceber a armadilha da aderência linguística de tantas hibridizações locais e globais ao decorrer do tempo, que vai do encontro colonial em 1.500 até as cidades contemporâneas. Surgindo a necessidade de abrir, não os olhos ou ouvidos, mas a imaginação para uma mudança de perspectiva sobre as novas categorias provisórias, novos modelos sem enquadre; criando uma maneira livre e flexível de lidar com o português no mundo atual.
	O reflexo de todo esse processo está presente até a contemporaneidade, o português que se fala hoje no Brasil é resultado de muitas transformações de acréscimos e/ou supressões de ordens morfológica, sintática e fonológica. Mas não se pode negar o legado que as línguas africanas deixaram no português brasileiro, haja vista o grande número de vocábulos de origem banto presentes no léxico. E também não se pode fechar os olhos ao mesmo fato em relação à presença de palavras oriundas das línguas indígenas em nomes de lugares, de pessoas, da fauna e flora, na culinária e outros segmentos. No entanto, também é real que, apesar de tantas intervenções/influências e convivência com outras línguas, nesse contexto de pluralismo linguístico e cultural, a língua portuguesa se sobressaiu.

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