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LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 1 Apresentação ................................................................................................................................ 5 Aula 1: Sistema tributário brasileiro ............................................................................................. 6 Introdução ............................................................................................................................. 6 Conteúdo ................................................................................................................................ 7 Princípios constitucionais tributários ............................................................................. 7 Insegurança jurídica .......................................................................................................... 7 Criação de tributos ............................................................................................................ 7 O princípio da tipicidade .................................................................................................. 8 Tributo fixado por lei ......................................................................................................... 9 Segurança jurídica ............................................................................................................. 9 Legislador brasileiro .......................................................................................................... 9 Carga tributária ................................................................................................................ 10 Isonomia ............................................................................................................................ 10 Capacidade econômica X capacidade financeira ..................................................... 11 Custo .................................................................................................................................. 12 Restrição à liberdade ....................................................................................................... 12 Origem ou destino .......................................................................................................... 12 Federalismo ....................................................................................................................... 12 Constituição ...................................................................................................................... 13 Vontade da lei................................................................................................................... 14 Atributos ............................................................................................................................ 14 Competência tributária ................................................................................................... 15 Competência tributária irrenunciável .......................................................................... 15 Competência tributária indelegável ............................................................................. 16 Competência tributária inalterável ............................................................................... 16 Competência tributária improrrogável ........................................................................ 16 Competência tributária incaducável ............................................................................ 16 Conflitos ............................................................................................................................ 17 Bis in idem ......................................................................................................................... 17 Bitributação ....................................................................................................................... 18 Espécies de competência ............................................................................................... 18 Conceito de tributo ......................................................................................................... 20 Prestação pecuniária ....................................................................................................... 20 LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 2 Compulsória ..................................................................................................................... 20 Valor ................................................................................................................................... 21 Sanção de ato ilícito ........................................................................................................ 21 Instituído em lei ............................................................................................................... 22 Atividade administrativa plenamente vinculada ....................................................... 23 Espécies tributárias .......................................................................................................... 24 Obrigação tributária principal ....................................................................................... 25 Tributo fixo x variável ...................................................................................................... 28 Cálculo do tributo ............................................................................................................ 28 Alíquota ad valorem ........................................................................................................ 29 Obrigação tributária acessória ...................................................................................... 29 Obrigação tributária decorrente de infrações ............................................................ 30 Atividade proposta .......................................................................................................... 30 Referências........................................................................................................................... 31 Exercícios de fixação ......................................................................................................... 31 Notas ........................................................................................................................................... 39 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 40 Aula 1 ..................................................................................................................................... 40 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 40 Aula 2: Tributos na atividade comercial ...................................................................................... 43 Introdução ........................................................................................................................... 43 Conteúdo .............................................................................................................................. 44 Imposto sobre Produtos Industrializados ................................................................... 44 Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestações de Serviços ................... 45 Imposto Sobre Serviços de Qualquer Satureza ......................................................... 48 Contribuições sociais incidentes na atividade comercial ........................................ 50 1. Contribuição do salário-educação (FNDE) ............................................................. 50 2. Contribuição ao Seguro Acidente de Trabalho (SAT) .......................................... 51 3. Contribuição ao Serviço Brasileiro de Apoio a Pequena Empresa (Sebrae) ..... 52 4. Contribuiçãoao Serviço Nacional de Aprendizado Comercial (SENAC) .......... 52 5. Contribuição ao Serviço Social do Comércio (SESC) ........................................... 53 6. Contribuição ao Serviço Social do Cooperativismo (Sescoop) .......................... 53 7. Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) .... 54 8. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) ............................................... 54 9. Contribuição ao Programa de Integração Social (PIS) ......................................... 55 Simples Nacional ............................................................................................................. 55 LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 3 Tributos envolvidos ......................................................................................................... 56 Superação dos limites ..................................................................................................... 56 Tributo devido .................................................................................................................. 56 Atividade proposta .......................................................................................................... 57 Referências........................................................................................................................... 58 Exercícios de fixação ......................................................................................................... 58 Notas ........................................................................................................................................... 64 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 64 Aula 2 ..................................................................................................................................... 64 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 64 Aula 3: Tributos no comércio internacional ................................................................................ 67 Introdução ........................................................................................................................... 67 Conteúdo .............................................................................................................................. 68 Tributos sobre a importação ......................................................................................... 68 Imposto sobre produtos industrializados na importação ........................................ 69 Imposto sobre a circulação de mercadorias na importação .................................. 70 Contribuições do PIS/COFINS ....................................................................................... 71 Tributos incidentes na exportação ............................................................................... 72 Demais tributos ................................................................................................................ 73 Siscomex ............................................................................................................................ 74 Tributos e atividades envolvidas ................................................................................... 75 Quem se submete a esse sistema ................................................................................ 75 Atividade proposta .......................................................................................................... 76 Referências........................................................................................................................... 77 Exercícios de fixação ......................................................................................................... 77 Notas ........................................................................................................................................... 83 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 83 Aula 3 ..................................................................................................................................... 83 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 83 Aula 4: Tributação e centros de distribuição .............................................................................. 86 Introdução ........................................................................................................................... 86 Conteúdo .............................................................................................................................. 87 Noções básicas tributárias de centro de distribuição ............................................... 87 Estabelecimento comercial ........................................................................................... 88 Atividade desenvolvida no estabelecimento comercial .......................................... 88 Grupo empresarial ........................................................................................................... 89 LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 4 Centro de distribuição e ICMS....................................................................................... 90 Guerra fiscal ...................................................................................................................... 90 CONFAZ ............................................................................................................................. 91 Benefícios fiscais e inconstitucionalidades ................................................................. 92 Declaração de inconstitucionalidade .......................................................................... 93 Regime especial ............................................................................................................... 93 Atividade proposta .......................................................................................................... 94 Referências........................................................................................................................... 95 Exercícios de fixação ......................................................................................................... 95 Notas ......................................................................................................................................... 100 Chaves de resposta ................................................................................................................... 101 Aula 4 ................................................................................................................................... 101 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 101 Conteudista ............................................................................................................................... 103 LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 5 Esta disciplina tem o propósito de prover informações básicas acerca da tributação no Brasil e da importância de fazer um planejamento tributário no dia a dia da logística. Qualquer ramo de conhecimento pressupõe conceitos e expressões básicas. Começaremos nosso estudo por esses institutos e depois analisaremos a importância de se constituir centros de distribuição conforme a carga tributária regional. Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: 1. Introduzir o conhecimento de conceitos e institutos fundamentais do Direito Tributário; 2. Identificar os tributos que incidem na atividade comercial e no comércioexterior; 3. Analisar a importância dos centros de distribuição e do planejamento tributário. LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 6 Introdução A escolha pelo local do estabelecimento envolve a análise de várias questões. Executivos de grandes empresas devem considerar, dentre outras características, os aspectos tributários do país, do estado e até do município onde decidam alocar uma indústria, um comércio ou um prestador de serviço. O gestor, de forma geral, deve se preocupar com os custos e riscos da tributação em um país que envolvem o montante total de tributos e seu procedimento próprio de arrecadação. Deve considerar as seguranças que o contribuinte possui ou não e os incentivos. Assim, começaremos nosso estudo conhecendo os temas basilares do Direito Tributário brasileiro. Objetivo: 1. Explorar o sistema constitucional tributário; 2. Identificar o que é um tributo e quais são as suas espécies; 3. Minudenciar a obrigação tributária. LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 7 Conteúdo Princípios constitucionais tributários Imagine como seria se você firmasse um contrato para a prestação de um serviço?. Uma das atividades mais importantes para aqueles que se aventuram no mundo dos negócios é a precificação de seus produtos e serviços. Para isso você conta com a previsão de seus custos com fornecedores, mão de obra e, naturalmente, com a carga tributária. Mas imagine que se depois de firmado o negócio, após você ter entregue, por exemplo, a mercadoria ao cliente e ele ter efetuado o pagamento, fosse publicada uma lei que duplicasse o valor do tributo?. Isso é a insegurança, que, trazida para o Direito, é denominada insegurança jurídica. Insegurança jurídica Cada ramo do Direito tem a sua forma de limitar ou evitar a insegurança jurídica. No Direito Tributário temos como resultado genericamente 3 grandes princípios: Legalidade, tipicidade e não surpresa. Estendidos, eles correspondem a 5 normas-princípios: Legalidade, tipicidade, irretroatividade, anterioridade e noventena. A lei é ato normativo genérico abstrato coercitivo resultado de um processo legislativo constitucionalmente estabelecido. Assim, não podemos entender como lei qualquer ato normativo, mas somente aqueles previstos na própria Constituição no Artigo 59 como capazes de inovar no mundo jurídico, criando novos direitos e obrigações. Criação de tributos Aliás, que tipo de lei é esse? Como regra, a criação de tributos se dá por lei ordinária. LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 8 Ao contrário do que muitos estudantes do Direito acabam por decorar, a criação de tributos não será objeto de lei complementar. A lei complementar tem como principal função o estabelecimento de normas gerais, ou seja, aquelas que estabelecem um padrão de comportamento a ser observado por todos os entes federativos na fiscalização e cobrança de qualquer tributo – salvo exceções fixadas em leis específicas. Os tributos que serão criados por lei complementar são: os empréstimos compulsórios (Artigo 148 CR), o imposto sobre grandes fortunas (Artigo 153, VII, CR), os impostos residuais (Artigo 154, I, CR) e as contribuições da seguridade social residuais (Artigo 195, §4º, CR). Nem todos os impostos têm função arrecadatória, nem todos se prestam a prover, simplesmente, dinheiro aos cofres públicos. Alguns tributos têm a função de intervir na economia, de servir de instrumento de política pública. Assim é com os impostos sobre o comércio exterior (importação e exportação), sobre produtos industrializados e sobre operações financeiras. Nesse sentido, caso fosse necessária a publicação de uma lei para qualquer aumento ou redução em suas alíquotas, considerando a quantidade de leis que ocupam a jornada do legislativo, essas alterações somente seriam aprovadas depois da intervenção não mais ser necessária. É por isso que os tributos citados como exemplos são, na forma do Artigo 153, §1º, da CR, verdadeiras exceções à legalidade. Mas isso só no que diz respeito às suas alíquotas, ou seja, o percentual correspondente. Todos os outros elementos desses tributos deverão ser fixados por lei. O princípio da tipicidade O princípio da tipicidade nasce da ideia de tipo. Tipo é a descrição legal da situação que deverá ocorrer para que os efeitos nela previstos sejam aplicados. Em matéria de tributos, é correto afirmar que o tipo tributário é composto LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 9 pelos elementos da obrigação tributária (que serão vistos na próxima disciplina, mas que aqui já adiantamentos): aspecto material, temporal, espacial, subjetivos e quantitativos, ou seja, o que precisa ocorrer, quando e onde se considera isso ocorrido, quem pagará, a quem, e quanto. Tributo fixado por lei Até porque a lei poderia criar regras para situações já ocorridas e isso traria uma grande insegurança. Então, o Artigo 150, III, “a”, da Constituição determina que as leis somente podem alcançar fatos geradores/situações que ocorrem na vigência que os instituiu ou aumentou. Note bem aqui um detalhe que difere do princípio da legalidade: aqui a redução de tributo pode alcançar fato que ocorreu antes. É claro que se a Constituição não trouxer regra que o proíba (e não há), a lei pode fixar tratamento mais benéfico para situação anterior. Segurança jurídica Se refletirmos sobre o propósito de garantir segurança jurídica ao contribuinte, tão somente legalidade + irretroatividade não produzem um resultado satisfatório. Imagine você firmar um contrato, contando com uma carga tributária tal e, amanhã, ser publicada (com vigência imediata) uma lei que duplique essa carga tributária. Ainda assim haveria insegurança. É por isso que o ordenamento jurídico brasileiro conta com o princípio da anterioridade – a lei que cria ou aumenta um tributo tem de ter sido publicada até o ano anterior para que possa ser aplicada. Você viu que a legalidade tem exceções por conta da extrafiscalidade. O mesmo ocorre com a anterioridade, tanto para os casos de extrafiscalidade como para os casos de urgência. As exceções se encontram listadas nos seguintes Artigos da CR 88: 150, §1º, primeira parte; 195, §6º; 177, §4º, I, “b”; e 155, §4º, IV, “c”. Legislador brasileiro O legislador brasileiro não foge à fama e comumente deixa tudo para a última hora. Não raro, somos surpreendidos com uma verdadeira enxurrada de leis LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 10 tributárias no mês de dezembro. A surpresa do contribuinte tem, de certa forma, data marcada. Isso poderia interromper o fluxo negocial, pois o prudente evitaria firmar contratos no final do ano. Foi por isso que a Constituição mereceu, em 2003, um pequeno reparo. A EC nº 42/2003 incluiu no artigo 150, III, a alínea “c” que exige, para além da irretroatividade e da anterioridade, um prazo de 90 dias a contar da publicação, para que a lei possa ser aplicada. Não se esqueça de que isso é um plus à anterioridade. Leis publicadas no início do ano nem precisam da noventena, só aquelas do final do ano ou os casos de exceção à anterioridade que não sejam exceção à noventena. E por falar nisso, a noventena também tem exceções, calcadas na extrafiscalidade e na urgência. Estas exceções estão no artigo 150, §1º, segunda parte, CR. Carga tributária Você tem ideia da carga tributária brasileira? Você tem ideia do quanto o brasileiro paga por cada tributo? Nem imagina? Visite um site bastante curioso: http://www.impostometro.com.br/ Impostômetro, nele você pode conferir o quanto já foi pago/arrecadado no Brasil e em cada um dos estados e capitais. Os valores são exorbitantes. E dependendo do dia em que você está acessando esta aula, as cifras poderão ser cada vez mais absurdas. Por isso, é tão difícil compreender quenossa Constituição possua tantos dispositivos que protegem o valor justiça. Isonomia O maior princípio de justiça tributária é o da isonomia, que se encontra no Artigo 150, II, da Constituição proibindo qualquer tratamento diferenciado. Em verdade, não é qualquer tratamento diferenciado. Somente os chamados LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 11 privilégios odiosos – benefícios que não encontram qualquer justificativa ou razão. E não apenas no que diz respeito à fixação de tributos por lei, mas também ao tratamento imposto pela Administração. Como decorrência imediata do princípio da isonomia, encontram-se no Artigo 153, §2º, I, da Constituição os princípios da generalidade e da universalidade. A generalidade significa que “todo aquele que manifestar riqueza será, em princípio, contribuinte”. É por isso que a Constituição veda tratamento privilegiado a determinadas categorias – como é comum ocorrer em regimes ditatoriais que tendem a privilegiar a categoria que se encontra no poder. Universalidade significa que “todo fato que demonstre riqueza será em princípio gerador de tributo”. Então, encontramos aqui o fundamento para a tributação de várias situações, até mesmo do ato ilícito – princípio do pecunia non olet. Capacidade econômica X capacidade financeira A maior concretização do princípio da isonomia é, sem dúvida, o princípio da capacidade contributiva. Cada um deve contribuir (ainda que forçosamente) para as despesas públicas na medida das forças de sua riqueza. Capacidade econômica é diferente de capacidade financeira. Capacidade financeira diz respeito à liquidez, ou seja, a possuir ou não o contribuinte dinheiro para pagar o tributo. Já a capacidade econômica diz respeito a possuir patrimônio, ainda que não em espécie. Se o constituinte falasse em capacidade financeira, bastaria comprometer todos os recursos com bens e deixar a sua conta no banco zerada. LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 12 Custo O custo de tudo que fazemos é um grande impeditivo para seguirmos em uma ou outra direção. Ora, certamente um dos motivos que te impede de desligar este computador, arrumar suas malas e se dirigir ao aeroporto para ver ou rever a Monalisa no Louvre é o custo da viagem. Assim, ao fixar os tributos o Estado pode acabar tolhendo os particulares de adotarem uma conduta ou outra, isso é o custo dos tributos. Restrição à liberdade A limitação de restrição à liberdade do tráfego de pessoas e bens encontra-se no Artigo 150, V, da Constituição. A liberdade ora tutelada é a de ir e vir, a liberdade de locomoção. É claro que essa liberdade somente tem aplicação ampla dentro do território nacional, já que não seria possível à Constituição garantir essa liberdade no território de outros países, mas se aplica a todo o sistema tributário brasileiro. Nesse sentido, somente há uma única exceção prevista na Constituição: o pedágio cobrado em via conservada pelo Poder Público. Origem ou destino Outra é a vedação de diferença tributária em razão da origem ou destino, que está no Artigo 152 da Constituição. Assim como o princípio visto acima, a liberdade tutelada é a de ir e vir. Isso porque origem e destino trazem a ideia de deslocamento. Mas os destinatários dessa regra são somente os estados e municípios. É por isso que não podemos ter alíquota de IPVA diferenciada em razão dos veículos serem ou não importados e o ICMS interestadual poder ter alíquota distinta conforme o estado de origem. No primeiro caso, compete ao legislador estadual fixar as alíquotas; no segundo caso, conforme o Artigo 155, §2º, IV, da Constituição, compete ao Senado Federal. Federalismo Para fecharmos o estudo dos princípios é importante tratar de um valor que não é adotado, nem pode ser, por outros países – o federalismo. Para LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 13 esclarecer, federalismo é o sistema político pelo qual vários estados se reúnem para formar um Estado federal, sem abrir mão de sua autonomia. Assim, é importante em um Estado como o Brasil o respeito pela União da autonomia de estados e municípios. Constituição A União, na forma do Artigo 151, III, da Constituição somente pode conceder isenção dos tributos de sua competência. A Constituição atribui a cada ente federativo o poder de instituir tributos, de forma que se garanta autonomia financeira. Dessa maneira, se a União pudesse conceder qualquer benefício para tributos estaduais e municipais, isso poderia desequilibrar financeiramente as contas. Atenção Importante é esclarecer que a concessão de benefícios através de tratados internacionais não constitui benefício heterônomo. Isso porque o benefício é concedido pela República Federativa do Brasil e não pela União Federal. Mas há ainda assim que se ver os reflexos práticos negativos que isso pode gerar na federação. Deve se observar a uniformidade geográfica. Não é só intervindo na tributação dos outros entes que a União pode afrontar o pacto federativo e colocar em conflito os vários entes federativos. Isso pode ocorrer também se ela conceder algum tratamento mais benéfico aos contribuintes que estejam em um ente da federação. Assim é que o Artigo 151, I, da Constituição proíbe que a União conceda tratamento que não seja uniforme no território nacional, à exceção da concessão de beneficio que tenha por escopo o equilíbrio do desenvolvimento LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 14 socioeconômico nas diversas regiões do país. O exemplo disso é a Zona Franca de Manaus. Vontade da lei A criação dos tributos não nasce da vontade das partes que se encontram nessa obrigação. A obrigação tributária é uma espécie de obrigação ex lege, ou seja, ela não nasce da vontade das partes, mas da vontade da lei. O exercício dessa vontade é exemplo da soberania estatal. Assim, a soberania do Estado cria tributos e arrecada. Ela é fixada pela Constituição e tem por objetivo garantir a autonomia financeira dos entes federativos. Sem recursos próprios, não há verdadeira autonomia. A repartição dos tributos entre os entes federativos pretende garantir os recursos necessários para evitar a dependência indesejada de municípios e até mesmo de estados. Atributos Para conhecermos melhor um instituto jurídico, uma boa técnica é analisar seus atributos. Os atributos são as características essenciais. A competência tributária é privativa, facultativa, irrenunciável, indelegável, inalterável, improrrogável e incaducável. Vamos analisar cada um desses atributos. Ao afirmarmos que a competência é privativa ou exclusiva, estamos dizendo que ela somente será atribuída a um ente federativo. A doutrina do Direito Constitucional distingue, seguindo a norma constitucional, a competência privativa da competência exclusiva. Privativa é a competência que pode ser delegada e exclusiva é aquela que não pode ser delegada. A rigor, a competência tributária é uma competência exclusiva, tendo em vista a sua indelegabilidade, como veremos a seguir. O cerne da questão, contudo, é que ela será atribuída a um único ente federativo e não teremos ao mesmo tempo ela sendo estabelecida a mais de LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 15 um ente. Um tributo específico somente poderá ser instituído por um único ente federativo. Competência tributária A competência tributária é uma verdadeira autorização para que o tributo seja criado, assim ela é facultativa e não obrigatória. Ora, a Constituição não determina que o tributo seja instituído. O que ela determina é que se o tributo for instituído ele o seja pelo ente nela designado. Ou melhor, se um ente quiser instituir um tributo, que seja um dos previstos a ele na Constituição. A prova mais popular disso é o imposto sobre grandes fortunas, previsto na Constituição no Artigo 153, VII. Ele é da competênciada União. Mas é somente isso que temos. Ele jamais foi instituído no Brasil. Tivemos alguns projetos de lei neste sentido, o mais famoso de autoria do então Senador Fernando Henrique Cardoso. Seria interessante que você o consultasse, apenas para conhecer. Competência tributária irrenunciável A competência tributária não é determinada sem motivo. Ela existe para que os entes federativos tenham autonomia. Só há autonomia se o ente possui recursos próprios. Ele possuirá recursos próprios através de alguns mecanismos e hoje a receita pública mais importante é o tributo. O Estado não é mais um empresário que obtém recursos no exercícios de atividades econômicas. Ele obtém recursos diretamente da sociedade que deve contribuir para a prestação de serviços públicos. Uma vez que a competência tributária é determinada para garantir a autonomia financeira, e que a autonomia dos entes federativos é algo irrenunciável já que essencial para a federação, a competência tributária é igualmente irrenunciável. Se por um lado o ente federativo não está obrigado a instituir o tributo, por outro lado ele está proibido de renunciar. A competência não será exercida mas estará lá sempre à sua disposição, para quando dela necessitar. LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 16 Competência tributária indelegável O Artigo 7º do CTN estabelece de forma clara e objetiva que a competência tributária (para instituição do tributo) é indelegável. Isso significa dizer que estamos diante de uma competência exclusiva que não poderá, ainda que por vontade de ambas as partes, ser transferida para outro ente federativo. O CTN diz que as funções de arrecadar e fiscalizar podem sim ser delegadas. Isso, contudo, não é competência, é capacidade tributária ativa. Competência tributária inalterável De igual forma, uma vez que estamos diante de um instituto criado para garantir a integridade da federação, a competência é inalterável. A Constituição não permite que um ente amplie a sua competência, ou mesmo a diminua. De certa forma, somente uma emenda constitucional poderia ampliar a competência. Competência tributária improrrogável A competência tributária é improrrogável, significando que o não exercício da competência pelo ente predeterminado na Constituição não a transfere para outro ente. Isto está dito no Artigo 8º do CTN. Ora, imagine que um estado não cria o IPVA. Poderia o município criar o mesmo IPVA sobre os veículos licenciados em seu território? Claro que não. A competência tributária será exercida somente por quem a Constituição determinou. Competência tributária incaducável Por fim, para aqueles que defendem a instituição do imposto sobre grandes fortunas, a competência é incaducável, ou seja, haverá sempre a possibilidade de lutar por sua instituição. Não há prazo. A Constituição é de 1988, já lá se contam mais de duas décadas, e não se perdeu o prazo para instituí-lo. Leia mais: LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 17 Além disso, qualquer legislação que já foi elaborada, e que até esteja em vigor, também poderá ser alterada, pois o poder de legislar não está submetido a prazo no nosso ordenamento jurídico. Conflitos Quando o que está previsto na Constituição como partilha de competência não é observado, podemos afirmar que estamos diante de um conflito de competência. A Constituição dividiu todos os fatos possíveis entre todos os três entes federativos. E fez isso porque preencheu qualquer lacuna através da instituição da competência tributária residual da União. Veremos que se o fato não está previsto na Constituição, o tributo será instituído pela União. Mas e se isso ocorre? Estaremos diante de um conflito de competência. Neste caso, dois institutos precisam ser definidos: o bis in idem e a bitributação. Bis in idem Bis in idem. Segundo o STF, haverá bis in idem quando o mesmo ente federativo estiver instituindo a mesma espécie tributária sobre o mesmo fato gerador. É uma repetição. Tudo igual. Deve ser a mesma espécie de tributo (um dos cinco) sobre o mesmo fato gerador. Há uma diferença notável quanto às contribuições sociais. Nelas, a doutrina e a jurisprudência criaram uma peculiaridade. A distinção não estará tanto no fato gerador. As contribuições são distinguidas por sua destinação. Aliás, na própria Constituição vemos que o elemento diferenciador é o fato gerador. Leia o Artigo 149. A distinção entre as contribuições vem do destino que a verba arrecadada terá. Abra sua Constituição no Artigo 154, II. Nesse dispositivo encontramos o imposto extraordinário de guerra. Um imposto raro, com destinação específica, que poderá ter como fato gerador algo previsto ou não na competência da União. Ora, significa dizer que a Constituição autoriza que a União não precisa explorar de criatividade para no caso de guerra criar algo totalmente novo. Ela LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 18 pode simplesmente copiar um fato gerador já existente e assim tomar um dos fatos do Artigo 153 destinando-o para a guerra. Bitributação Na bitributação efetivamente temos uma hipótese de invasão de competência. Nela, um ente federativo distinto daquele previsto na Constituição cria a mesma espécie tributária sobre um fato gerador previsto a outro ente federativo. É claro que a bitributação é inconstitucional. Seria tudo igual, exceto o ente federativo. Isso já foi possível no nosso ordenamento jurídico. Quer por haver expressa autorização na Constituição que falava das competências tributárias concorrentes, quer por não haver prévia designação constitucional de competência, o que deixava os entes federativos livres para criarem os tributos como bem quisessem. Realidade que não é mais a da Constituição atual que divide minuciosamente os fatos e as espécies tributárias entre os três entes federativos. Espécies de competência Espécies de competência: tributária privativa A competência tributária privativa é aquela que a Constituição, dentro do capítulo do Sistema Tributário Nacional, atribui a um ente federativo determinado especificamente. Assim, basta abrirmos o capítulo I do Título VI da Constituição que veremos exatamente e com precisão quem vai cobrar tributo sobre determinado fato gerador. Isso ocorre para a União no Artigo 153 quanto aos impostos, no Artigo 148 quanto ao empréstimo compulsório, e no Artigo 149 quanto às contribuições especiais. Somente a União poderá instituir esses tributos. Para os estados, encontramos a regra do Artigo 155 que os autoriza a criação de três impostos. LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 19 E também aos municípios a regra do Artigo 156 autoriza a criação de três impostos. tributária comum A competência tributária comum é aquela que a Constituição atribui indistintamente aos três entes federativos dentro do capítulo do Sistema Tributário Nacional. Vemos isso com relação às taxas e contribuição de melhoria. A Constituição vai dizer que esses tributos competem à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios, mas não diz qual taxa cabe a cada um. Então significa dizer que todos poderão criar a mesma taxa, por exemplo? É claro que não, afinal a competência tributária é privativa! Estamos diante de tributos vinculados, tributos em que o fato gerador é uma atividade específica do Estado. A taxa terá como fato gerador ou o exercício regular do poder de polícia ou a prestação de serviço público. A contribuição de melhoria terá como fato gerador uma obra pública que gere valorização imobiliária. Assim, nos dois casos estamos diante de tributos que dependem de um agir do Estado. tributária residual A competência tributária residual é aquela que não se encontra o fato escrito na Constituição em nenhum dispositivo. Na verdade porque o legislador, em qualquer esfera, é incapaz de listar tudo aquiloque um dia poderá ser criado pelo homem. O legislador é incapaz de listar todos os fatos e atos jurídicos. Tudo aquilo que um dia poderá acontecer e sobre o que se poderá criar um tributo. A União terá competência residual para instituir um novo imposto (Artigo 154, I, CR) e uma nova contribuição da seguridade social (Artigo 195, §4º, CR). tributária extraordinária A última espécie de competência comumente relacionada é a competência tributária extraordinária. Esta competência é aquela que não está à LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 20 disposição normalmente, ou seja, é necessária a ocorrência de uma situação incomum para que ela possa ser exercida. Assim, podemos dizer que a competência da União para instituir o imposto extraordinário de guerra é uma competência extraordinária – hoje ela não poderá ser exercida. Conceito de tributo Doutrina e lei. O ideal é o conceito legal, adotado pelo STF. CTN Artigo 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Passemos, então, a analisar esse conceito dividindo-o em seis partes. Assim, poderemos aprofundar no estudo das controvérsias e questões por ele geradas. Prestação pecuniária Ao determinar que o tributo é uma prestação pecuniária, o código exerce uma opção de que estamos diante de um vínculo de natureza obrigacional. Não é uma simples relação de poder, em que o Estado manifesta a sua vontade soberana e o súdito tem o dever de cumpri-la. Ao contrário, é uma prestação, objeto de uma obrigação – um vínculo de natureza patrimonial. Compulsória Ora, se é uma obrigação ela nasce do acordo de vontades? Não. Esta é uma obrigação ex lege, ou seja, que nasce da vontade da lei. Vimos na disciplina anterior o princípio da legalidade e a necessidade de que o tributo seja criado por lei. O reflexo disso é que não é necessário um acordo de vontades (entre o credor e o devedor do tributo) para que ele seja devido. Este elemento nos permite reconhecer que nem tudo que o Estado recebe como pagamento pelo particular é tributo. O Estado não está impedido de LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 21 firmar contratos com o particular. Nesse sentido, podemos contratar o Estado e termos de pagar. Basta que estejamos diante de uma relação que não se submete à compulsoriedade, ou seja, em que não sejamos obrigados a firmar com o Poder Público. Basta que tenhamos como opção contratar um particular ou o Estado. Se houver compulsoriedade e o Estado estiver prestando um serviço, veremos que muito provavelmente esse tributo é uma taxa. Se não há compulsoriedade e contratamos o Estado, estaremos diante de um preço público. E, por fim, se contratamos um particular que presta um serviço que originariamente seria público, mas a ele foi delegado, o nome da prestação é tarifa. Valor Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir. Será que o que dissemos anteriormente cai por terra? Será que a prestação poderá não ser pecuniária? A resposta é não. Como devemos interpretar então? O que a lei deixou claro é que ao instituir um tributo não é necessária a previsão em moeda do quanto será devido. Ou seja, ao criar um tributo podemos encontrar a previsão do valor devido em índices de indexação, em percentuais, em quotas. Isso significa que a prestação é pecuniária, mas a lei não prevê expressamente pecúnia. Sanção de ato ilícito Que não constituía sanção de ato ilícito. Importante frisarmos que aqui o Código deixa claro que tributo é diferente de multa. Note que nem todos os recursos que adentram nos cofres públicos são tributos – acabamos de verificar isso. Outra fonte de recursos públicos são as multas. É claro que é impossível imaginar um mundo sem a prática de infrações. Seria o ideal, mas é irreal. LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 22 Assim, quando o “fato gerador” for a prática de uma infração, o montante devido tem natureza de multa. E multa se submete a regras e princípios próprios. Por exemplo, temos o princípio da retroatividade benéfica no que tange às multas. Mas esse princípio não se aplica ao tributo. Sendo pior ou melhor a legislação superveniente, a que será aplicada é a vigente na data da ocorrência do fato gerador. Outro aspecto relevante desse trecho do conceito é que ainda que o tributo não seja sanção de ato ilícito, poderá ele incidir sobre o ato ilícito. Como já comentado em outra disciplina, este é o princípio do pecunia non olet – dinheiro não tem cheiro. Assim sendo, ainda que o fato gerador se constitua também em um ato ilícito, ele levará ao dever de pagar o tributo. Há quem diga que isso é uma imoralidade do Estado. Mas também seria bastante reprovável que somente o cidadão honesto fosse devedor de tributos. Que aquele que obtém sua riqueza através de atos criminosos fosse simplesmente esquecido pelo fisco e pudesse ter sua riqueza livre da carga tributária. E por fim um último aspecto é a questão da extrafiscalidade. O contribuinte poderia pensar que por não dar função social à propriedade, o Artigo 182, §4º, II, da Constituição o estaria punindo com uma tributação progressiva no tempo. Daí devemos distinguir o que o ordenamento considera como ilícito e o que ele simplesmente considera como conduta indesejável. O contribuinte não está proibido de deixar de dar função social à propriedade, essa conduta apenas será desestimulada, mas querendo ele poderá fazê-lo, submetendo-se à consequência de pagar mais tributo. Instituído em lei Aqui surge para nós, no próprio conceito de tributo o princípio da legalidade que vimos na última disciplina. É claro que depois da previsão constitucional, caso este dispositivo fosse alterado, ainda assim o tributo teria de ser instituído LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 23 em lei. O que é de fato relevante é que esta expressão mantém a coerência da natureza compulsória dessa obrigação. Ora, ela é compulsória, pois como dito não nasce da vontade das partes, mas da vontade da lei. Atividade administrativa plenamente vinculada Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Este trecho não tem chamado muita atenção mas pode ser aplicado a um anseio muito grande de alguns administradores públicos. Alguns chefes do executivo têm lançado a notícia de seu interesse em privatizar a cobrança da dívida ativa. Assim, os tributos e outras receitas seriam cobradas por instituições financeiras. Veja bem que o fato de ser emitido um boleto bancário para que você se dirija ao banco e efetue o pagamento não significa que o banco está realizando atos de cobrança. Aliás, isso decorre de um contrato que o banco firma com o Poder Público para que os depósitos feitos pelos contribuintes sejam realizados sem maiores complexidades diretamente na conta do Estado. O que se fala aqui é da possibilidade do Banco, por exemplo, inscrever em cadastro de inadimplentes, protestar a cobrança e até mesmo promover a execução. Atenção E mais, essa cobrança não será feita como e por qual motivo a própria autoridade o queira. Ela será feita nos exatos limites da lei, que deve estabelecer o quanto deve ser cobrado e qual fato gerador, exatamente, faz com que o contribuinte tenha algum dever. Isso porque ele estabelece que a cobrança é mediante atividade administrativa plenamente vinculada. E atividade vinculada é aquela em que, além da competência, da forma e da finalidade do ato, até o motivo e o objeto são expressos pela lei. LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 24 Espécies tributárias Sabendo que tributo é gênero, vamos investigar as espécies tributárias. Prevalece a divisão adotada pelo STF, que segue um caminho de três etapas para identificar a naturezaespecífica de qualquer cobrança realizada pelo Estado: identificar se é tributo (análise pelo conceito antes apresentado), identificar o fato gerador (na forma da teoria tripartite) e, por fim se há destinação ou vinculação entre as espécies tributárias. Para a taxa, o fato gerador será uma atividade estatal específica. Será ou a prestação de um serviço público, específico e divisível, minimamente colocado à disposição do contribuinte, ou o exercício do poder de polícia (consentimento ou fiscalizador), na forma do Artigo 77 do CTN. Para a contribuição de melhoria, o fato gerador é uma obra pública da qual decorra valorização imobiliária, como dispõe o Artigo 81 do CTN. Vejamos. Segundo o Artigo 16 do CTN, o imposto é o tributo cujo fato gerador independe de qualquer atividade estatal específica. Dessa forma, o imposto dependerá de uma manifestação de riqueza do contribuinte. Se lembrarmos dos fatos históricos que geraram a incidência do empréstimo compulsório – é o caso dos combustíveis –, ou mesmo das contribuições especiais, veremos que o fato gerador é sempre uma atividade praticada pelo contribuinte. É um tributo que, muitas vezes, incide juntamente com os impostos. Seu fato gerador é muitas vezes idêntico a este. E como sabemos que não estamos pagando mais um imposto? Ora, é simples. Sabemos qual é a determinação da destinação do produto da arrecadação do imposto? Não. E do empréstimo compulsório? Sabemos: calamidade pública ou guerra externa é investimento urgente de relevância nacional. E das contribuições especiais? Sabemos: uma atividade estatal específica que tende a beneficiar um grupo de contribuinte, e não necessariamente tod a sociedade. LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 25 Se é assim, e se eles preenchem os elementos do conceito tributo, são uma nova espécie, ou novas espécies. E antes de concluirmos, um registro importante deve ser feito quanto às contribuições especiais. Atribuímos esse nome, pois o nome parafiscal – como visto – somente se aplica aos tributos que tem como destinação parafisco e não o próprio fisco. A maioria das contribuições hoje são destinadas aos cofres públicos. Por isso, concluiremos essa aula com a identificação das espécies tributárias: impostos, taxas, contribuição de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições especiais. Obrigação tributária principal O que é obrigação tributária principal? Obrigação tributária principal é o vínculo jurídico de natureza patrimonial entre o credor/Fazenda Pública (Fisco) e o devedor/contribuinte ou responsável que tem por objeto uma relação de crédito-débito cuja prestação é o tributo. Um dos questionamentos iniciais que devemos fazer é que tipo de relação é a que se estabelece com o fisco que tem por objeto o pagamento de tributos. O que vamos estudar agora é o tipo tributário (der Tatbestand, como dizem os alemães). Este estudo é bastante importante, pois é assim que podemos analisar toda norma que cria um tributo. Isso porque toda norma jurídica que atribui efeitos jurídicos para atos ou fatos pode ser dividida em duas partes: a hipótese de incidência e o consequente. A - Elementos da obrigação tributária Hipótese de incidência tributária. Por sua vez, é dividida em três partes: o aspecto material, o temporal e o espacial. Esses elementos vão dizer o que precisa acontecer, quando se considera acontecido e onde se considera acontecido. Aliás, para deixar claro, estamos adotando o entendimento de que hipótese de incidência e fato gerador não são sinônimos. A hipótese de LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 26 incidência é a previsão abstrata da lei, enquanto o fato gerador é a situação concreta. É como no direito penal o tipo e o crime. B - Elementos da obrigação tributária Consequente. Ocorrido o fato já descrito no momento e local definidos por lei, há uma consequência: alguém deverá o pagamento de um valor tal para outrem. Então aqui temos os aspectos subjetivos e quantitativos. Vamos tratar dos aspectos subjetivos ativo e passivo inicialmente, mas vamos deixar o detalhamento da responsabilidade tributária para a próxima aula. O tema é tão complexo que merece uma aula inteira. a) Hipótese de incidência tributária: é dividida em três partes: o aspecto material, o temporal e o espacial. Esses elementos vão dizer o que precisa acontecer, quando se considera acontecido e onde se considera acontecido. Aliás, para deixar claro, estamos adotando o entendimento de que hipótese de incidência e fato gerador não são sinônimos. A hipótese de incidência é a previsão abstrata da lei enquanto o fato gerador é a situação concreta. É como no direito penal o tipo e o crime. a.1) Aspecto material: é a situação que precisa ocorrer para que o tributo seja devido. A sua ocorrência concreta é o fato gerador.“Fato gerador é, pois, o conjunto de fatos ou o estado de fato, a que o legislador vincula o nascimento da obrigação jurídica de pagar um tributo determinado".1 E se estivermos diante de um negócio jurídico sujeito a uma condição suspensiva ou resolutiva? O art. 117 do CTN nos dá a solução que é bem semelhante às consequências que o direito civil atribui. Em se tratando de condição suspensiva (art. 125, CC) a obrigação tributária nasce com o implemento da condição; em sendo resolutória (art. 127, CC) a obrigação tributária nasce com a celebração do negócio jurídico – neste caso a condição nada é importante para o tributo. 1 FALCÃO, Amílcar de Araujo. Fato gerador da obrigação tributária. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1994. p. 2. LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 27 a.2) Aspecto temporal: aqui tratamos do momento de ocorrência do fato gerador. Este tema é relevante pois vai designar também o regime jurídico aplicável, uma vez que se aplica a lei vigente na data da ocorrência do fato gerador. Estamos falando do prazo para o pagamento do tributo? Não! Prazo para pagamento é exaurimento da obrigação. Tanto é assim que o princípio da anterioridade submete os elementos da obrigação tributária a aguardarem até o início do ano seguinte para aplicar-se qualquer alteração legislativa; isto não se aplica ao prazo de recolhimento, conforme Súmula nº 669 do STF. a.3) Aspecto espacial: é o local de ocorrência do fato gerador que pode ter como importância determinar a competência tributária, como é o caso do ICMS, para definir qual é o Estado competente para recolher o tributo. Também não estamos falando de local do pagamento do tributo. Este local do pagamento será definido posteriormente como mero exaurimento do tributo. b.1) Aspecto subjetivo – sujeito ativo: o art. 119 do CTN nos ensina que sujeito ativo é aquele que pode exigir o cumprimento da obrigação tributária, resumidamente: o credor. Sendo assim, não estamos falando necessariamente do ente competente, que como visto na disciplina anterior (aula 3) é o ente com o poder de instituir os tributos por lei. Cuidamos do titular da capacidade tributária ativa – o poder de exigir o pagamento do tributo. Poderá ser o próprio titular da competência ou um terceiro a quem ele delegar esta tarefa. Lembre-se de que a capacidade tributária ativa pode ser delegada, como estabelece o art. 7º do CTN, diferente da competência tributária. b) Consequente: ocorrido o fato já descrito no momento e local definidos por lei, há uma consequência: alguém deverá o pagamento de um valor tal para outrem. Então aqui temos os aspectos subjetivos e quantitativos. Vamos tratar dos aspectos subjetivos ativo e passivo inicialmente, mas vamos deixar o detalhamento da responsabilidade tributária para a próxima aula. O tema é tão complexo que merece uma aula inteira. LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 28 b.2) Aspecto subjetivo – sujeito passivo: nos termos do art.121 do CTN, vemos que o sujeito passivo é a pessoa obrigada ao pagamento do tributo ou penalidade pecuniária. Esta pessoa poderá ser o contribuinte – aquele que tem relação pessoal e direta com o fato gerador, ou o responsável – que não tem esta relação com o fato gerador. b.3) Aspectos quantitativos: devemos conhecer duas expressões bastante utilizada na doutrina: an debeatur e quantum debeatur. O an debeatur é a causa da obrigação tributária, enquanto o quantum debeatur é o montante do tributo devido. Tributo fixo x variável O tributo pode ser fixo ou variável. Poderá a lei simplesmente estabelecer valor igual para todos, em reais ou em um índice oficial de indexação. Por exemplo, o tributo pode ser fixado em uma certa quantidade de UFIR. Muitas taxas são fixadas assim para remunerarem um serviço público. O mais comum, entretanto, é que o tributo seja variável. E as duas variáveis que se prestam à fixação do tributo são a base de cálculo e a alíquota. Cálculo do tributo A base de cálculo é a representação econômica do fato gerador. Por exemplo, no IPTU ela será o valor venal do imóvel. Aliás, valor venal é valor de venda. Se no seu município este valor não corresponde ao de mercado, isso é uma distorção. Para que ele seja justo, a base de cálculo deve ser o valor de mercado e as alíquotas deverão ser ajustadas. A alíquota, por sua vez, é o coeficiente que se deve aplicar à base de cálculo. A legislação brasileira contempla dois tipos: específica e ad valorem. A específica é aquela fixada por quantidade do bem objeto da tributação, como por exemplo, na Cide combustíveis, fixada em sua maioria em m3, confira a Lei nº 10.336/2001, Artigos 5º e 9º, e o Decreto nº 4.066/2001, Artigo 1º. LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 29 Alíquota ad valorem A alíquota ad valorem é aquela estabelecida em percentuais. É a que você conhece no imposto de renda. Pode ser fixa, progressiva ou seletiva. A alíquota fixa é uma alíquota única, independente da riqueza do contribuinte, ele terá que pagar a mesma alíquota. A alíquota progressiva pode variar em razão do valor da base de cálculo (quanto maior a base de cálculo maior a alíquota – ex.: IR) ou pode variar de maneira extrafiscal (de forma a desestimular o comportamento do contribuinte – ex.: ITR – alíquota maior para o maior quantidade de terras improdutivas). A alíquota seletiva é aquela que varia conforme a essencialidade do bem tributado (ex.: IPI e ICMS). Obrigação tributária acessória Antes de começarmos a tratar deste instituto, abra o seu Código Tributário no Artigo 113, §2º, e faça a leitura. A primeira observação que devemos fazer quanto ao instituto da obrigação acessória é que tecnicamente ela não é nem obrigação nem acessória. Não é obrigação porque esta é o vínculo jurídico de natureza patrimonial e o que temos é uma série de condutas e comportamentos do contribuinte que não possuem, isoladamente, valor econômico. Declarar o imposto de renda, emitir notas fiscais, escriturar livros contábeis, fornecer documentos exigíveis pelo fisco, nada disso possui diretamente um valor. Daí porque alguns chamam de dever jurídico e não obrigação. Não é acessória porque, segundo a teoria da gravitação jurídica, acessório é tudo aquilo que acompanha a sorte do principal. Mesmo que não esteja presente a obrigação principal, a acessória persiste. Além do que, ela não é transitória como a obrigação principal, que se extingue com o pagamento. Ela persiste, é mais estável. Então ela não é acessória. Ela é instrumental, pois não é um fim em si mesma, mas um mecanismo que se presta à fiscalização do tributo – objeto da obrigação principal que deve ser recolhido. LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 30 Obrigação tributária decorrente de infrações O artigo 113, §3º, do CTN afirma impropriamente que o descumprimento da última obrigação vista converte-a em obrigação principal. Na realidade converte-a em penalidade, sanção. Na verdade, estamos aqui diante de uma penalidade, com natureza de norma sancionadora, que deve ser tratada desta forma. Uma vez que o tributo não é sanção de ato ilícito, também não é certo afirmar que a penalidade é principal. Em verdade, aqui estaríamos diante de um acessório, pois se o tributo for extinto, por exemplo, pelo perdão, ela também será. Tanto é assim que o Artigo 106, II, do CTN estabelece outra regra de direito intertemporal (aplicação sucessiva das leis no tempo). No caso de lei nova mais favorável é possível a retroatividade benéfica. Como se trata de uma multa, neste caso não há dúvida, deverá ser fixada por lei. O fato gerador aqui também é próprio e diverso do fato gerador do tributo. Aqui o que faz nascer o dever de pagar a multa é a prática de alguma conduta tida como infração. Nos termos do Artigo 136 do CTN, a responsabilidade por infrações é objetiva, pois independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. E será também pessoal. O único benefício é que como o objetivo do direito tributário não é sancionar, a lei afasta a aplicação da multa na hipótese de o contribuinte confessar a infração cometida e recolher o tributo eventualmente devida. Atividade proposta Acesse o site http://www.impostometro.com.br e verifique a carga tributária por ente federativo, por período e por habitante. Este site permite que o cidadão tenha uma noção, segundo estudos técnicos, da carga tributária brasileira. LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 31 Chave de resposta: A resposta varia conforme a data de acesso, mas é fornecida em reais o valor total de cada hipótese. Material complementar Para saber mais sobre os tratados internacionais, leia o texto disponível em nossa biblioteca virtual. Para saber mais sobre o exercício da competência, veja o vídeo disponível em nossa galeria de vídeos. Referências BELTRÃO, Irapuã Gonçalves de Lima. Curso de direito tributário. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2013. BORGES, Humberto Bonavides. Gerência de impostos: IPI, ICMS e ISS. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2011. LOPES, Mauro Luís Rocha. Direito tributário. 4. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2013. MELO, José Eduardo Soares de. ICMS: teoria e prática. 12. ed. São Paulo: Dialética, 2012. PAULSEN, Leandro; VELLOSO, Andrei Pitten. Contribuições - teoria geral - contribuições em espécie. 2. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. Exercícios de fixação Questão 1 A Constituição Federal (CF), no capítulo sobre o Sistema Tributário Nacional, consagra vários princípios tributários. Quanto a esta matéria, pode-se afirmar que: a) É vedado à União e aos Estados, exceto aos Municípios, estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 32 interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público. b) Os casos previstos para aplicação da chamada “anterioridade nonagesimal”, noventena, ou anterioridade especial, conforme disposto no Artigo 150, III, “c”, CF, dispensa a observância do princípio da anterioridade geral, previsto no Artigo 150, III, “b”, CF. c) Nos expressos termos do Artigo 150, IV, CF, o princípio da proibição de utilização do tributo com efeito de confisco aplica-se apenas aos tributos, nada dispondo o Texto constitucional acerca das multas de natureza tributária. d) O princípio da capacidade contributiva, conforme dispõe o Artigo 145, §1º, CF, aplica-se, sempre que possível, apenas aos impostos, às taxas e às contribuições de melhoria. e) O princípio da irretroatividade tributária não se aplica ao ICMS. Questão 2 A Constituição Federal, no capítulo sobre o Sistema Tributário Nacional, consagra vários princípios tributários. Quanto ao tema, é correto afirmar:a) O § 1º do Artigo 145 consagra o princípio denominado “capacidade contributiva”, o qual deve ser aplicado aos impostos, às taxas e às contribuições de melhoria. b) O princípio da proibição de utilização do tributo com efeito de confisco, nos termos do Artigo 150, IV, aplica-se aos tributos e às multas de natureza tributária. c) As exceções ao princípio da legalidade tributária, no que se refere à instituição e ao aumento de tributos, são aquelas constantes do Artigo 153, §1º . d) O Artigo 150, III, “c” dispõe sobre a anterioridade nonagesimal, que dispensa a observância do princípio da anterioridade geral, previsto no Artigo 150, III, “b”. LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 33 e) O inciso V do Artigo 150 dispõe sobre a liberdade de tráfego, consagrando o direito de “ir e vir”, com a ressalva da cobrança do pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público. Questão 3 O exercício da competência constitucional tributária: a) Somente se delega através de lei específica do ente federado que é competente para a instituição do tributo. b) Pode ser renunciado pelo ente federado, bem assim delegado por lei a outro ente, desde que por meio de lei complementar. c) É atribuído constitucionalmente para os entes federados, suas autarquias e fundações. d) É atribuído constitucionalmente para os entes federados, que podem delegá- la às suas autarquias e fundações, para os fatos geradores relacionados com suas funções. e) Se manifesta através da criação de leis instituidoras e modificadoras de tributos, bem assim de leis que disciplinam as causas de exclusão, suspensão e extinção do crédito tributário. Questão 4 Há uma norma constitucional que veda a cobrança de tributos em relação aos fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. Essa norma configura o princípio constitucional tributário da: a) Legalidade b) Uniformidade c) Anterioridade d) Irretroatividade e) Capacidade contributiva Questão 5 LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 34 Analise: I. 20% (vinte por cento) do produto da arrecadação do imposto que a União pode instituir no exercício de sua competência tributária residual. II. 25% (vinte e cinco por cento) do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. Para os fins da repartição das receitas tributárias, esses percentuais são pertencentes, dentre as esferas de organização político-administrativa, respectivamente: a) Ao Distrito Federal e à União b) Aos Estados e à União c) Aos Municípios e ao Distrito Federal d) Aos Municípios e à União e) Aos Estados e aos Municípios Questão 6 No que se refere a taxas e contribuições de melhoria, assinale a opção correta: a) A instituição de taxas deve sempre observar o princípio da legalidade tributária. b) As taxas cobradas pelo DF, no âmbito de suas atribuições, podem ter como fato gerador o exercício efetivo ou potencial do poder de polícia c) Os serviços públicos específicos são suscetíveis de utilização por parte de cada um dos seus usuários de forma separada. d) A contribuição de melhoria cobrada pelo DF, no âmbito de suas atribuições, pode ser instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra ou não valorização imobiliária. e) Apesar de ampla aceitação pela doutrina e jurisprudência, a espécie tributária “contribuição de melhoria” não guarda expressa previsão na CF. Questão 7 Considerando o empréstimo compulsório e a contribuição de intervenção no domínio econômico, assinale a opção correta: LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 35 a) Não há previsão constitucional para a instituição de empréstimos compulsórios no caso de conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo. b) As contribuições de intervenção no domínio econômico poderão incidir sobre as receitas decorrentes de exportação. c) É preciso que se decrete estado de calamidade para que o empréstimo compulsório seja cobrado. d) O DF poderá, mediante lei complementar, instituir empréstimo compulsório nas hipóteses legais. e) O DF poderá, mediante lei ordinária, instituir contribuição de intervenção no domínio econômico nas hipóteses legais. Questão 8 É taxa decorrente da prestação de serviço público passível de ser validamente cobrada: a) Pedágio cobrado por Concessionários de rodovias, no regime da Lei de Concessões (Lei nº 8.987/1995). b) Custas processuais. c) Taxa de fiscalização e funcionamento de estabelecimentos. d) Taxa de fiscalização de anúncios. e) Taxa de pavimentação asfáltica cobrada dos munícipes em geral de determinado Município. Questão 9 Assinale a alternativa que não é espécie de tributo: a) Taxa de ocupação de terreno de Marinha b) Contribuição social c) Empréstimo compulsório d) Contribuição de melhoria e) Contribuição parafiscal LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 36 Questão 10 O município Pertinente busca realizar melhorias nos seus serviços, implementando obras de relevo, muitas com auxílio de verbas federais e estaduais repassadas em virtude de convênios ou imposições legais. Buscando novas fontes de financiamento, após realizar obras de utilidade em determinado bairro, ocupado por pessoas de poder aquisitivo relevante, resolve apresentar projeto de lei estabelecendo o tributo denominado: a) Empréstimo compulsório b) Contribuição de melhoria c) Taxa de polícia d) Imposto sobre obras e) Pedágio especial Questão 11 Considerando a capacidade tributária passiva: a) A pessoa jurídica, para ser contribuinte, depende de estar regularmente constituída, com inscrição de seus atos constitutivos na junta comercial ou perante o ofício de registro civil das pessoas jurídicas. b) O louco, interditado civilmente, pode ser sujeito passivo da obrigação tributária na qualidade de contribuinte, mas seu curador é responsável solidariamente com o mesmo pelos atos em que intervier ou pelas omissões de que for responsável. c) O menor absolutamente incapaz não pode ser sujeito passivo da obrigação tributária, mas seu representante legal o será na qualidade de responsável tributário. d) O pródigo, interditado civilmente, pode ser sujeito passivo da obrigação tributária, mas não pode ser considerado contribuinte, sendo seu curador o responsável tributário. e) O menor relativamente incapaz pode ser sujeito passivo da obrigação tributária desde que seu representante legal o tenha assistido na prática do fato gerador. LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 37 Questão 12 Sobre a suspensão da exigibilidade do crédito tributário: a) A obtenção é possível somente judicialmente. b) Em havendo suspensão, do crédito tributário, cabe ao contribuinte a obtenção de certidão positiva com efeitos de certidão negativa. c) Não impede a propositura de execução fiscal por parte do Fisco, tendo em vista que a mesma não suspende prazo decadencial. d) Também ficam suspensas as obrigações acessórias decorrentes do mesmo tributo, cuja obrigação principal está suspensa. e) A oposição de embargos à Execução Fiscal é causa de suspensão da exigibilidade do crédito tributário expressamente prevista na Lei de Execução Fiscal. Questão 13 Considere as seguintes afirmações: I. A falta de emissão de nota fiscal em operações isentas de venda de mercadorias não é suficiente para que esta obrigação acessória se transforme em obrigação principal com relação à penalidade pecuniária. II. A concessão de tutela antecipada em ação judicial ou de parcelamento suspendem a exigibilidade de crédito tributário e são causas de dispensa do cumprimento das obrigações acessórias correspondentes à obrigação principal cujo crédito seja suspenso. III. Lei específicadeve tratar das formas e condições para a concessão de parcelamento. Está correto o que se afirma APENAS em: a) II e III b) II c) III d) I e III e) I LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 38 Questão 14 Com relação à exclusão do crédito tributário é correto afirmar: a) Nos casos de exclusão de crédito tributário são dispensadas as obrigações acessórias relativas à obrigação principal cujo crédito seja excluído. b) Lei tributária estadual pode conceder isenção para taxas e contribuições de melhoria. c) Despacho de autoridade administrativa concedendo isenção em caráter individual gera direito adquirido para o beneficiário desta modalidade de exclusão de crédito tributário insuscetível de posterior fiscalização. d) Isenção pode ser concedida por contrato, mesmo na ausência de lei específica, não sendo causa de responsabilidade funcional. e) São causas excludentes do crédito tributário: isenção, anistia e moratória. Questão 15 Considere as seguintes afirmações: I. Fato gerador da obrigação principal é situação definida em decreto doexecutivo ou resolução do Senado Federal como necessária e suficiente à sua ocorrência. II. Fato gerador da obrigação acessória équalquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal. III Autoridade administrativa, observados os procedimentos estabelecidos em lei ordinária, pode efetuar a desconsideração de atos ou de negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo. Está correto o que se afirma APENAS em: a) I b) II c) III d) I e II e) II e III LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 39 Pecunia non olet: Princípio latino que significa que dinheiro não tem cheiro. Justifica a tributação sobre o ato ilícito. Assim, ainda que produto de crime, por exemplo, a riqueza obtida deve sofrer a imposição de tributos. CIDE: Contribuição de intervenção no domínio econômico CR: Constituição da República CTN: Código tributário nacional EC: Emenda Constitucional Extrafiscalidade: Técnica segundo a qual o tributo é utilizado como forma de estimular um comportamento do contribuinte e não como instrumento de arrecadação. ICMS: Imposto sobre a circulação de mercadorias e prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. IPI: imposto sobre produtos industrializados IPVA: Imposto sobre a propriedade de veículo automotor. IR: Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza ITR: Imposto sobre a propriedade territorial rural Obrigação acessória: Definida pelo artigo 113, §2º, do CTN como aquele dever que não tem reflexo patrimonial. Atualmente uma parte considerável da doutrina vem denominando-a como dever jurídico instrumental, pois não são LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 40 obrigações (carecem de patrimonialidade) e nem acessórias (permanecem mesmo sem a principal). STF: Supremo Tribunal Federal. Tipo tributário: É a hipótese definida em lei para a incidência do tributo. UFIR: Unidade fiscal de referência Aula 1 Exercícios de fixação Questão 1 - C Justificativa: O não confisco é previsto expressamente para o tributo, exclusivamente. Questão 2 - E Justificativa: O único tributo ressalvado da vedação de limitação ao tráfego de pessoas e bens é o pedágio, quando em via conservada pelo Poder Público. Questão 3 - E Justificativa: A competência corresponde especificamente ao poder de legislar em matéria de tributo. Questão 4 - D Justificativa: O Artigo 150, III, “a“, da Constituição estabelece a vedação que cuida do princípio da irretroatividade. Questão 5 - E LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 41 Justificativa: A repartição da receita dos impostos está na Constituição como forma de reequilibrar a divisão dos recursos tributários estabelecidos para cada ente federativo. Questão 6 - A Justificativa: Como qualquer outro tributo, a taxa deve obedecer ao princípio da legalidade. Questão 7 - A Justificativa: O empréstimo compulsório, estabelecido no Artigo 148 da Constituição, somente poderá ser instituído no caso de guerra externa ou sua iminência, calamidade pública ou investimento urgente de relevância nacional. Questão 8 - B Justificativa: Todo serviço público específico e divisível, que seja compulsório (ou seja, cuja contratação de um particular não seja opção) poderá ser remunerado por taxa. Questão 9 - A Justificativa: A taxa de ocupação de terreno de marinha funciona como uma espécie de remuneração pelo uso de bem público. Questão 10 - B Justificativa: A contribuição de melhoria é o tributo que pode ser cobrado na hipótese de realização de obra pública da qual decorra valorização imobiliária. Questão 11 - B Justificativa: A capacidade para figurar como devedor de tributos independe da capacidade para assumir obrigações em Direito, basta ter capacidade econômica. LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 42 Questão 12 - B Justificativa: A certidão positiva com efeitos de negativa é aquela que declara a existência de um dívida que não pode ser cobrada. Questão 13 - C Justificativa: I e II – A obrigação acessória independe da principal. III – O parcelamento não é automático, depende de existência de lei do próprio ente federativo estabelecendo as condições. Questão 14 - B Justificativa: Somente o ente que tem o poder de instituir o tributo poderá conceder isenções. Assim, uma vez que o Estado pode instituir taxas e contribuição de melhoria, lei estadual pode conceder o referido benefício. Questão 15 - C Justificativa: O fiscal pode no exercício da fiscalização exercer esse controle. LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 43 Introdução Muito se ouve falar que o Sistema Tributário Brasileiro é o pior – ou pelo menos um dos piores, do mundo. Isso se deve em grande parte pela multiplicidade de tributos que temos no Brasil incidindo sobre uma mesma atividade. Veja só: um simples venda de um produto poderá sofrer a incidência de dois impostos (IPI e ICMS), mais possivelmente de duas contribuições (PIS e COFINS), e se junto vir uma prestação de serviço (ISS) e eventualmente uma contribuição previdenciária. Isso é tão complexo que os parlamentares começam a criar regimes próprios para simplificar a arrecadação, sem nenhuma preocupação de esconder a evidência da complexidade. Sim! Fazem isso ao dar o nome de Simples Nacional para um modelo que agrega uma série de tributos em um único procedimento de arrecadação. Vamos nesta aula estudar os impostos e as contribuições que incidem na atividade comercial e também o regime do Simples Nacional. Objetivo: 1. Identificar e estudar os impostos que incidem na atividade comercial; 2. Identificar e estudar as contribuições que incidem na atividade comercial; 3. Analisar o regime simplificado nacional de tributação. LOGÍSTICA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 44 Conteúdo Imposto sobre Produtos Industrializados Iniciaremos esta aula falando dos impostos sobre a atividade comercial. Vamos entender melhor como funciona os tributos sobre produtos industrializados e algumas de suas características: Fato gerador a) Fato gerador: o Imposto sobre Produtos Industrializados está previsto na Lei nº 4.502/1964. Para que esse imposto seja devido não é necessária simplesmente a “industrialização do produto”. Sua base econômica é a “operação com produtos industrializados”. A “operação” é o negócio jurídico que leva à circulação do produto – logo, precisa haver uma compra e venda deste bem. O conceito de produto é mais amplo que o de mercadoria, incluindo aqueles destinados ao uso e consumo pelo adquirente, não somente aqueles
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