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1 Natasha Ferreira ATM25 MICOSES SUPERFICIAIS São infecções fúngicas localizadas nas camadas superficiais da pele e nos pelos PITIRÍASE VERSICOLOR Micose superficial causada por leveduras lipofílicas comensais, caracterizada por máculas hiper ou hipopigmentadas, que descamam com facilidade. SINONÍMIA Tinha versicolor, Dermatomicose furfurácea, Cromofitose, Tinha flava AGENTE ETIOLÓGICO Malassezia furfur HÁBITAT Couro cabeludo (97%) ASPECTOS CLÍNICOS Máculas furfuráceas hipo ou hiperpigmantadas, assimétricas Indivíduos claros: lesão hiperpigmentada Indivíduos morenos: hipopigmentadas Lesões normalmente assintomáticas e de natureza não inflamatória, com tamanho e forma variáveis Localização das lesões: pescoço, tronco, abdome e couro cabeludo Superfície das lesões lisa ou levemente descamativa (sinal de Besnier) Descamação evidente ao estirar a pele lesionada (sinal de Zileri) Coloração das manchas: amareladas ou pardas PATOGÊNESE Metabolismo fúngico → ácidos dicarboxílicos → alterações nos melanócitos → hipopigmentação Espessamento da camada de queratina → hiperpigmentação EPIDEMIOLOGIA Ocorrência universal Predominância nos trópicos (40%) Mais frequente em adultos jovens Principais fatores endógenos para o aparecimento das lesões são: Pele gordurosa Sudorese elevada Fatores hereditários Uso de terapia imunossupressora DIAGNÓSTICO CLÍNICO Lesões com aspecto descamativo “Lâmpada de Wood” (instrumento que emite radiação ultravioleta) as lesões assumem fluorescência amarelo-dourada 2 Natasha Ferreira ATM25 DIFERENCIAL Tinha circinada Pitiríase rósea Eritrasma Sífilis secundária Pinta Vitiligo Pitiríase alba LABORATORIAL Amostra: raspado de pele Exame microscópico direto Amostra sobre lâmina de microscopia Pingar KOH a 10% Aquecer levemente Observar ao microscópio Hifas grossas, curtas, bem ramificadas, com aglomerados de esporos arredondados ou hexagonais, formando um mosaico em cacho de uva. Exame Microscópico direto Coloca-se uma fita adesiva e transparente (durex) sobre as lesões Prende-se esta fita sobre uma lâmina de microscopia Observa-se a lâmina ao microscópio Cultura O cultivo de Malassezia furfur não é rotina no laboratório de Análises Clínicas O cultivo pode ser feito em meio de ágar- Sabouraud ou ágar –Mycosel com óleo de oliva. Temperatura 37ºC. 7 dias Colônia lisa ou levemente pregueada, coloração creme, brilhante ou opaca TRATAMENTO TÓPICO Loção Sulfeto de Selênio 2,5% (uma vez ao dia) Xampu com Sulfeto de Selênio 2,5% (uma vez ao dia) Tiossulfato de Sódio 30% Ácido Salicílico 2 a 5% associado a enxofre e álcool (2 x ao dia) SISTÊMICO Cetoconazol 200 mg/dia por 10 dias Itraconazol 200 mg/dia por 5 dias OUTRAS INFECCÇÕES CAUSADAS PELO AGENTE FOLICULITE PITIROSPÓRICA Lesões eritematosas e pústulas que aparecem nas costas e ombros, devido ao crescimento da levedura nos folículos pilosos e glândulas sebáceas. DERMATITE SEBORRÉICA Lesões descamativas no couro cabeludo, face, orelhas sobrancelhas, nariz. Malassezia participa por mecanismo de sensibilização. ONICOMICOSES OTITES PIEDRA PRETA Micose que atinge principalmente os pelos do couro cabeludo. Benigna, baixo contágio mas fácil propagação. Caracteriza-se por apresentar nódulos pretos, de consistência dura aderidos a cutícula do pelo. SINONÍMIA Piedra negra AGENTE ETIOLÓGICO Piedraia hortai HABITAT Pelos do couro cabeludo 3 Natasha Ferreira ATM25 ASPECTOS CLÍNICOS Nódulos negros de consistência pétrea (1-5 mm) Localizam-se na porção média e distal do pelo Não há sintomas subjacentes Não atingem a porção intrafolicular Raramente: barba, bigode, axilas EPIDEMIOLOGIA Maior prevalência em regiões de clima tropical e subtropical Condições sócio-econômicas pouco favoráveis O solo é o reservatório do fungo DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Piedra branca Pediculose LABORATORIAL Amostra: cabelos Exame microscópico direto Examinar o pêlo tratado com KOH 20% Esmagando o nódulo com KOH, observa-se um emaranhado de hifas com ascosporos dentro dos ascos Cultura Cultivo pode ser feito em meio de ágar- Sabouraud (com ou sem antibiótico) Incubação dos tubos a temperatura ambiente por 21 dias Colônia negra passando a acinzentado-escura, rente à superfície do ágar, com discreta elevação central, levemente penugenta, com pequenas franjas nas bordas, contorno circular. TRATAMENTO Remoção dos pelos infectados; Aplicação local de loções antimicóticas 2 x ao dia por 15 dias PIEDRA BRANCA Infecção fúngica crônica e assintomática, caracterizada pela formação de nódulos claros ao longo e nas extremidades dos pelos. AGENTE ETIOLÓGICO Trichosporon beigelii HÁBITAT Pelos axilares, pubianos ou da barba, podendo eventualmente acometer o couro cabeludo. ASPECTOS CLÍNICOS Pequenos nódulos claros (branco-amarelados) Consistência macia (muciluginosa) e formato irregular Localizam-se na bainha dos pelos Facilmente destacável ao toque EPIDEMIOLOGIA Maior frequência em climas tropicais (Europa e Américas) Origem da infecção é solução de continuidade da cutícula dos pelos Indivíduos que permanecem por longo tempo sentados (motoristas) DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Lêndeas de Pedicullus capitis Piedra Preta Tricomicose nodular de Castelani 4 Natasha Ferreira ATM25 LABORATORIAL Amostra: pelos axilar, pubiano, couro cabeludo Exame microscópico direto Examinar o pelo tratado com KOH 10 a 40% Cultura Amostra deve ser semeada em ágar- Sabouraud Temperatura ambiente (25 a 30°C) Tempo de incubação: 5 dias Microcultivo Recomendadado para fazer a identificação TRATAMENTO Cortar o pelo bem curto Pomadas de mercúrio amoniacal 5% Formalina 2% Derivados imidazólicos tópicos “2 aplicações diárias durante 15 dias” TINHA NEGRA É uma micose superficial benigna que acomete o extrato córneo da pele. Causada por um fungo demáceo que apresentam substância similar à melanina em sua parede celular. . Caracteriza-se por apresentar lesões de cor preta ou marrom-escura, atingindo a palma das mãos e planta dos pés SINONÍMIA Tinea nigra, Tinha negra palmar AGENTE ETIOLÓGICO Hortaea werneckii (Cladosporium werneckii) HÁBITAT Diversos ambientes com elevada concentração de sal, água do mar, frutos do mar, areia da praia. ASPECTOS CLÍNICOS Máculas indolores bem delimitadas Lesões únicas, não descamativas e planas Localização: palma das mãos e ocasionalmente na planta dos pés Cor: hiperpigmentadas de cor marrom a cinza pigmentação mais intensa nas bordas EPIDEMIOLOGIA Maior frequência em países de clima tropical e subtropical (Brasil, Venezuela, Colômbia) Mais comum em mulheres (5x mais) Ocorre em crianças, adultos e idosos (+ em jovens 20 anos) DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Melanoma Dermatite de Contato Nevus Melanose pós inflamatória Mancha por produtos químicos LABORATORIAL Amostra: raspado das bordas das lesões da pele Exame microscópico direto Recolher as descamações sobre uma lâmina de microscopia Clarificar com KOH 10 ou 20% Cobrir com lamínula e aquecer levemente Observar ao microscópio Observa-se hifas escuras, septadas, grossas, ramificadas e com células leveduriformes. 5 Natasha Ferreira ATM25 Cultura O cultivo deve ser feito em ágar – Sabouraud com cloranfenicol Utilizar alça em “L” Semear em profundidade Incubar a temperatura ambiente por 3 semanas Inicialmente as colônias apresentam-se pálidas, úmidas, brilhantes e planas (leveduriforme) e com otempo vão se tornando filamentosas de cor preta esverdeada. TRATAMENTO Agentes queratinolíticos (Ac.salicílico, retinóico) Ácido undecilênico Tolnaftato Imidazólicos tópicos Tintura de iodo 1 a 2% MICOSES CUTÂNEAS Agrupam as dermatofitoses e as candidíases cutâneas. Os agentes das micoses cutâneas atacam a epiderme e as camadas mais profundas da córnea, chegando a produzir granulomas, se localizando na pele, pelos, unhas e mucosas. DERMITOFITOSES São infecções causadas por fungos dermatófitos, que invadem a queratina morta. São fungos filamentosos, hialinos, septados, algumas vezes artroconidiados e queratinofílicos. AGENTES ETIOLÓGICOS Pertencem aos gêneros Microsporum, Epidermophyton e Trichophyton. HABITAT GEOFÍLICOS vivem em solos M. gypseum M. fulvum T. ajelloi T. terrestre M. nanum M. cookei M. persicolor ZOOFÍLICOS vivem em animais M.canis T. mentagrophytes var mentagrophytes T. verrucosum T. equinum M. gallinae T. simii ANTROPOFÍLICOS vivem no homem E. floccosum T. rubrum T. mentagrophytes var interdigitale T. shoenleinii T. tonsurans T. violaceum T. audouinii 6 Natasha Ferreira ATM25 PATOGENESE Necessita de uma lesão cutânea ou escoriação pré- existente. Nessa lesão ocorre inoculação de um artroconídeo (esporo formado pela desarticulação da hifa de fungos filamentosos ou leveduras) ou qualquer outro fragmento de hifa O fungo dermatófito começa a produzir enzimas, como as queratinases, para se alimentarem Inicia o processo infeccioso com descamação cusando a dermatofitose da pele e de unhas (parte distal para proximal) IMPORTANTE: uma doença pode ser causada por diversas espécies diferentes, da mesma forma que uma mesma espécie consegue causar diversas doenças diferentes FORMAS CLÍNICAS 1 espécie pode determinar vários tipos clínicos 1 forma clínica: pode ter vários agentes “Tinea”: lesão que acomete o extrato córneo, causada por fungo dermatófito. TINEA CAPITIS GENERO CARACTERÍSTICA PARASITISMO Microsporum - gypseum Microspórica - Pequeno número de áreas de alopecia (1 ou 2) Fluorescentes à lâmpada de Wood Ectotrix (fora do pelo) Tricophyton - violaceum -mentagrophyles -tonsurans Tricofítica - Grande número de áreas de alopecia, grande descamação Não fluorescente à lâmpada de Wood Endotrix (dentro do pelo) Lesões: Placa de quérion - formação de vesículas pustulosas na área descamativa Escútula fávica (t. Schoenleinii) - alopecia cicatricial (assim chamada pois nas áreas em que ocorreram alopecia, o pelo nunca mais volta a crescer, torna-se “cicatrizado”) TINEA CORPORIS Lesões: Eritemato vésico-crostosa (tinea circinada) Foliculite (inflamação no folículo piloso) Placa de quérion Granulomatose profunda Agentes: T. Mentagrophytes → lesões com secreção purulenta t. Rubrum → formas disseminadas m. Canis → evoluem para cura espontânea e. Floccosum t. Verrucosum TINEA IMBRICATA Acometimento praticamente exclusivo de indígenas no centro do país Lesões em círculos concêntricos, de característica descamativa e que acomete grandes áreas do corpo Agente: trychopyton concentricum TINEA CRURIS OU INGUINAL Importante em região de períneo Desencadeado pelo trio principal das tineas: t. Rubrum e. Floccosum 7 Natasha Ferreira ATM25 t. Mentagrophytes Lesões arciforme (arco), placas são eritematosas e úmidas, bordas descoladas O local principal de acometimento se deve à transpiração, maceração da pele, obesidade... TINEA BARBAE Acometimento da barba, face e pescoço principalmente na zona rural Lesão: Tinea circinada Foliculite Placa de quérion Agentes: T. mentagrophytes e T. verrucosum (zoofílicos) T. rubrum e T. schoenleinii (objetos de barbearias) Atenção com objetos compartilhados (barberias), lâminas de barbear caseiras que ficam em locais de bastante Umidade e calor, o que propicia o crescimento dos fungos TINEA MANUM Lesões nas palmas das mãos e espaços interdigitais. Tipos principais de lesões: Desidróticas - vesículas duras que se rompem e liberam líquido amarelado que contém o fungo Eczematoides - placas eritemoescamatosa TINEA PEDIS → “pé de atleta” Acometimento da planta e dedos do pé Causado pelo trio principal das dermatofitoses: T. rubrum E. floccosum T. mentagrophytes Lesões: Pé de atleta - lesão intertriginosa crônica Hiperqueratose plantar - formação de placas eritematosas Vesicular ou disidrosiforme - com vesículas que liberam líquido semelhante à pus TINEA UNGUIUM Invasão da lâmina superficial da unha (50% das doenças de unha) Causado pelo trio principal das dermatofitoses: T. rubrum E. floccosum T. mentagrophytes Tipos: Dermatofitose sub-ungueal invasiva - início nas bordas livres, as unhas tornam-se brancas e espessas Leuconiquia micótica - invasão apenas na superfície da unha, as unhas tornam-se opacas com manchas brancas e depois adquirem coloração amarelada. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Amostra: Pele e unhas → raspar as lesões Pelos → retirá-los com pinça das bordas das lesões Exame microscópico direto Tratar o material com KOH 20% para pele e pelo e 40% para unha 8 Natasha Ferreira ATM25 Clarificação KOH Digestão do material Desagregação do material Pele e unhas: hifas hialinas septadas que se desarticulam em artroconídios Pelos → parasitismo Ectotrix - esporos arredondados fora do pelo Endotrix - hifas septadas dentro do pelo Fávico - hifas e artrosporos dentro e fora do pelo Cultura Ágar Sabouraud + ciclohexemide + cloranfenicol Tempo de incubação: 10 dias a 3 semanas Temperatura de incubação: 25-28°C Identificação Macroscópicas Microscópicas Bioquimismo GÊNEROS DOS FUNGOS Microsporum spp. A. muitos macroconídios B. poucos microconídios Trichophyton spp. A. poucos macroconídios B. muitos microconídios Epidermophyton sp. A. apenas macroconídios CARACTERÍSTICAS MACRO E MICROSCÓPICA MICROSPORUM CANIS Macro: Crescimento rápido de 6-10 dias. Textura algodonosa de tonalidade branca. O reverso apresenta-se alaranjado brilhante Micro: Macroconídios fusiformes de 5 a 8 septos MICROSPORUM GYPSEUM Macro: Crescimento rápido de 3-5 dias. Textura pulverulenta com pigmentação amarelo-acastanhado. O reverso apresenta- se cor creme Micro: Macroconídios elipsóides, extremidades arredondadas e não mais do que 6 septos. EPIDERMOPHYTON FLOCCOSUM Macro Crescimento rápido de 7-10 dias. Textura algodonosa coloração dos bordos e do verso é amarelo-esverdeada. Micro Macroconídios de parede fina, com 2 a 5 septos e agrupados em cachos TRICHOPHYTON RUBRUM Macro Crescimento em 12-16 dias Textura algodonosa, apresentam tonalidade branca que, com o passar do tempo, pode tornar-se avermelhada e reverso avermelhado. Urease - 9 Natasha Ferreira ATM25 Micro Macroconideos, quando presentes, podem apresentar-se como clavas alongadas, com um aspecto quase cilíndrico e com duas a nove septações. Microconídios em forma de gota TRICHOPHYTON MENTAGROPHYTES Macro Crescimento em 6 a 11 dias. Variedade interdigitale Textura algodonosa, apresentam tonalidade branco-amarelado. Reverso acastanhado. Antropofílico Urease + Variedade mentagrophytes Textura pulverulenta, granular Zoofílico Urease + Micro Macroconídeos, quando presentes, mostram um aspecto semelhante a um charuto, som um a seis septos transversais. Com frequência observam-se estruturas de ornamentação, tais com hifas em espiral TRICHOPHYTON TONSURANS Macro Crescimento em 12 a 16 dias. Textura pode variar do algodonoso ao veludoso. Verso com coloração branco e reverso apresenta tons variados de creme. Micro Microconídios de diferente tamanho TRICHOPHYTON VERRUCOSUM Macro Crescimento em 13 a 25 dias Textura veludoso, pigmentação do verso que varia do branco ao amarelo ocre. O reverso apresenta-se em de amarelo com pigmento não difusível pelo meio. Micro Não apresenta microconídeos nem macroconídeos. O que chama a atenção é a quantidade de cadeias formadas por clamidoconideos grandes. TRICHOPHYTON VIOLACEUM Macro Crescimento em 15 a 30 dias. Superfície: colônia filamentosa de cor branca, cerosa, pigmentação cor violeta. Reverso: violeta Micro Hifas irregulares, ramificadas com clamidoconídios. Macroconídios e micromicroconídios são raros TRICHOPHYTON SCHOENLEINII Macro Crescimento em 14 a 30 dias. Textura veludosa e pigmentação que varia do bege ao castanho escuro. O reverso segue o mesmo tom do verso não se observa pigmento difusível no meio Micro Não são observados macroconídeos nem microconídeos; entretanto, veem-se numerosas hifas septadas e em bifurcação, associadas a hifas em forma de candelabro e a hifas em forma de cabeça de prego. TRATAMENTO Couro cabeludo Remoção mecânica dos pelos parasitados no local da lesão Remoção por uso de antifúngicos tópicos e queratolíticos (derivados imidazólicos tópicos) 10 Natasha Ferreira ATM25 Tratamento sistêmico (griseofulvina e derivados imidazólicos) Lesões de pele Antifúngicos tópicos (soluções de iodo 1 a 2% + iodeto de potássio + solução alcoólica a 60°) Derivados imidazólicos (clotrimazol, miconazol, cetoconazol...) Unhas “Tratamento difícil” Tópico - esmalte fungicida de ciclopirox 8% Deve ser associado ao sistêmico (itraconazol 400 mg/dia, p/uma semana, a cada mês, durante 3 meses) CANDIDÍASE CUTÂNEA São infecções provocadas por leveduras do gênero Candida, principalmente a espécie Candida albicans, que, normalmente, faz parte da microbiota endógena do corpo humano. AGENTE ETIOLÓGICO Espécies mais comumente implicadas em quadros clínicos são: C. albicans C. tropicalis C.parapsilosis C. glabrata C. kruzei HABITAT Mucosa digestiva e ocasionalmente o trato gênito- urinário do ser humano PATOGÊNESE Candidas são leveduras que habitam o organismo humano, quando ocorre alteração de pH, de nutrientes ou alterações da microbiota, a patogenia passa a se desenvolver O que favorece o desenvolvimento da forma patogênica das Candidas? 1. Sua temperatura ótima de crescimento é 37º C, a mesma do corpo humano 2. Conseguem escapar da fagocitose devido à sua pseudo-hifas de grande tamanho 3. Produzem metabólitos que desencadeiam reações alérgicas no hospedeiro As candidíases cutâneas são divididas em 3 grupos, em relação à sua forma clínica: Candidíase cutâneo-mucosa Candidíase sistêmica ou visceral Candidíase alérgica TIPO CUTÂNEA-MUCOSA CANDIDÍASE INTERTRIGINOSA Diferentes partes do corpo → exsudação excessiva, maceração, obesos, alcoólatras e diabéticos. Localização Dobras inguino-crual, submamária, axilares, retro-auriculares, cicatriz umbilical e espaços interdigitais. Regiões interdigitais palmares e plantares Fator predisponente é atividade ocupacional (lavadeiras, cozinheiras...): fissura central, circundada por uma pele macerada, desprendida e esbranquiçada. Prurido discreto ou intenso Lesões Eritematosas, úmidas, bordas mal definidas, escamosas, vesículas que se rompem deixando bordas periféricas de descamação. Crianças que permanecem longo período com fraudas sujas - inicia com uma dermatite evoluindo para uma grande quantidade de pústulas 11 Natasha Ferreira ATM25 ONICOMICOSE Localização Dois tipos de infecções onyxis e perionyxis Lesão Perionyxis → tumefação inflamatória da pele que circunda a unha. Coleção purulenta na base da unha. Tendência a se tornar crônica. Tendência a acometer a matriz ungueal. Onyxi → atinge a própria lâmina ungueal. O quadro é secundário a uma perionyxis. Inicia na porção proximal ou nas bordas da unha. Unha adquire coloração castanho- amarelado, marrom ou amarelo- esverdeado. Espessamento da unha. Manchas que se estendem até a parte distal. Quadro doloroso. CANDIDÍASE ORAL Divide-se em: Pseudomembranosa Atrófica aguda Hiperplásica crônica Queilites Angular Língua Negra Pilosa Pseudomembranosa Lesões mais frequentes em recém-nascidos (sapinho). Inicia como pontos avermelhados, depois formam peudomembranas de cor esbranquiçada. Placas de fácil remoção. Localização: mucosa da bochecha, língua e palato mole. Atrófica aguda Lesão secundária a candidíase pseudomembranosa. Caracteriza-se por eritema no dorso da língua. Podem aparecer placas esbranquiçadas Lesões extremamente dolorosas. Reação secundária a hipovitaminoses A e B e irritação tabágica Hiperplásica crônica Placas brancas fortemente aderidas a cavidade oral. Localização: língua, bochechas e lábios. Contorno eritematoso Queilites Angular Conhecida como “boqueira”. Fissura na junção do lábio inferior com o superior. Recobertas com uma camada cremosa. Tendem a dessecação formando crostas. Podem sangrar facilmente. Sensação de picada, dor e queimação no local. Pode ser uni ou bilateral. Língua Negra Pilosa “Etiologia discutida” Sintomas iniciais: boca seca, sensação de queimadura. Aparecimento de hiperplasia nas papilas. Coloração escura (bebidas, alimentos, tabagismo) 12 Natasha Ferreira ATM25 VULVOVAGINITE Obs: Leveduras fazem parte da microbiota vaginal. Candida sp (maior causadora de vaginite) , responsável por 20 a 25% dos corrimentos. 60 a 70% deles por Candida albicans ¾ das mulheres no mundo já tiveram a doença. Fatores predisponentes Gravidez, diabetes, uso de antibióticos, contraceptivos orais, roupas inadequadas Sintomas Irritação ou desconforto temporário (maioria) Prurido, ardor e secreção (menor nº) BALANOPOSTITE Localização Genitália masculina na região da glande ou do sulco balanoprepucial. Sintomas Discreto eritema pruriginoso, vesículas com material branco-cremoso. CANDIDÍASE CUTÂNEO-MUCOSA CRÔNICA Quadros de candidíase crônica que acometem simultaneamente a pele, unhas e mucosas. Caracteriza-se por longa evolução clínica e resistência a tratamentos. Localização Extremidades distais dos membros e regiões periorificiais. Inicia geralmente na infância (3 anos). Lesão Inicialmente nas mucosas, evoluindo para eritema na pele e depois para hiperceratose. A forma grave da doença é o “granuloma candidósico”, com lesões cutâneas granulomatosas, localizadas na face, couro cabeludo e membros. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Exame microscópico a. Direto a fresco: para secreções vaginas e uretrais, entre lâmina e lamínula. Observa- se leveduras e pseudo-hifas. b. Com KOH 10-40%: blastoconídios associados ou não a pseudohifas e pseudomicélios. c. Coloração pelo Gram: formas ovaladas, arredondadas com ou sem filamentos. Cultura Meios utilizados: Sabouraud, Sabouraud+cloranfenicol Sabouraud+cloranfenicol e cicloeximida. CHROMágar (meio diferencial) Obs: C. parapsilosis, C. krusei, C. tropicalis e C. glabrata – Não crescem na presença de cicloeximida Secreções meio em placa. Escamas de pele e unha meio em tubo com ágar inclinado. Temperatura e tempo de incubação: 25 a 30°C colônias crescemem + ou - 72 horas 37°C colônias crescem em 24-48 horas. No Sabouraud: colônias de textura globosa, relevo convexo, coloração do branco-amarelado ao laranja. 13 Natasha Ferreira ATM25 TRATAMENTO Drogas antifúngicas: nistatina, anfotericina B, cetoconazol, itraconazol e fluconazol. Medida terapêutica importante: corrigir os fatores predisponentes. Lesões intertriginosas Medicação tópica. Onyxis e perionyxis Antifúngico tópico+antibacteriano. Candidíase oral Bochechos com nistatina 1-2%. Candidíase vulvovaginal Derivados imidazólicos tópicos. Balanopostite Nistatina e derivados imidazólicos tópicos. Candidíase cutâneo-mucosa crônica Tratamento tópico e sitêmico, associado a melhoria da imunidade celular. MICOSES SUBCUTÂNEAS Infecções causadas por um grupo diversificado de fungos que ataca o homem e os animais As lesões aparecem inicialmente a partir de um ponto de inoculação de estruturas fúngicas, através de traumatismos diversos. Podem permanecer localizados ou se espalhar pelos tecidos adjacentes, por via linfática ou hematogênica. A maioria dos fungos envolvidos são sapróbios habituais do solo e vegetais em decomposição. ESPOROTRICOSE Micose de evolução subaguda ou crônica que ocorre no homem e animais. Infecção na maioria das vezes benigna limitada a pele e ao tecido subcutâneo, podendo ocorrer também a forma pulmonar. AGENTE ETIOLÓGICO Sporothrix schenckii HÁBITAT Encontrado em vida saprofítica na natureza em vegetais em decomposição, solo, águas contaminadas, animais, madeiras, espinhos, insetos mortos. EPIDEMIOLOGIA Micose subcutânea mais comum no México, Brasil, África do Sul, Índia, Japão e EUA. Uruguai está relacionada a caça ao tatu Idade: 10 aos 29 anos. População: urbana e rural. Profissões mais comuns: florista, jardineiro, feirante, horticultor, mineiro. PATOGÊNESE 1º Contaminação do fungo em região traumatizada da pele 2º Fungo fica incubado de semanas até meses 3º Formação de nódulo granulomatoso no local de entrada do fungo 4º Drenagem do fungo para vasos linfáticos e por fim para o sangue FORMAS CLÍNICAS ESPORORTRICOSE CUTÂNEA Forma Linfocutânea É a mais comum 14 Natasha Ferreira ATM25 Traumatismo → sinais em 5 dias → Nódulo pequeno → Cancro esporotricótico → Após semanas → nódulos ao longo dos vasos linfáticos. Localização: nos adultos mais comum nos membros Forma cutânea localizada ou fixa Lesão única, não acompanhada de nódulos no trajeto linfático Lesões ulcerativas e verrucosas, placas eritematosas, escamosas. Ocorre em indivíduos resistentes a infecção. Lesão, na face de criança, que não responde a antibióticos é suspeita de esporotricose. Forma cutâneo disseminada Menos frequente que as anteriores. Sempre associada a algum tipo de imunossupressão. Ocorre junto com a forma extra cutânea. Disseminação por via hematogênica. Lesão inicial subcutânea amolecida, após semanas ou meses podem ulcerar-se. Lesões com depressão central e bordas elevadas ESPOROTRICOSE EXTRACUTÂNEA Esta forma é rara, difícil de diagnosticar e de tratar Estão sempre associadas a algum tipo de imunossupressão. Infecção por inoculação ou ingestão do fungo. Disseminação por via hematogênica. Localização Depois da pele o tecido ósseo é o mais frequente. Pode ocorrer no septo nasal, nasofaringe, boca. Raro no olho (desde de uma conjuntivite até a perda da visão). Na esporotricose pulmonar as manifestações clínicas são: Pneumonites crônicas Bronquite aguda Tosse intensa Indisposição Febre Nos tipos crônicos atinge o lobo superior com cavitação A contaminação se dá pela inalação de esporos. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Amostras: exsudatos, material purulento, biopsias, escarro, líquido sinovial. Exame direto a. Com KOH: geralmente negativo b. Coloração pelo Gram ou Giemsa: são Gram-positivos, apresentam-se como corpos ovais, com forma de charuto, circundados por halo claro lembrando uma cápsula. Cultura Método mais seguro de identificação do fungo. Crescimento em torno de 5 dias (25 a 30°C). Superfície da colônia enrugada e dobrada. Coloração inicialmente brancas, passando ao branco-amarelado, acastanhado e por fim acinzentadas. Exame microscópico das colônias Observa-se hifas hialinas, septadas, ramificadas. Conídios dispostos em cachos, na forma de margaridas na extremidade dos conidióforos. 15 Natasha Ferreira ATM25 TRATAMENTO Formas Cutâneo-linfática e Cutâneo localizada Iodeto de Potássio 20 gotas 3x ao dia (adultos) 10 gotas 3x ao dia (crianças) Formas Cutânea disseminada e Extracutânea Itraconazol (100 mg/dia) Anfotericina B (3g/dia - paciente hospitalizado) Pacientes gestantes com forma cutâneo linfática e cutâneo localizada Pomada de Iodeto de potássio CROMOMICOSE OU CRMOBLASTOMICOSE Micose crônica do tecido subcutâneo, que se caracteriza por lesões verrucosas que posteriormente podem ulcerar, e terminando, quase sempre, por hiperacantose e hiperceratose dos tecidos atacados. São causadas por fungos demáceos. AGENTES ETIOLÓGICOS Fonsecaea pedrosoi Fonsecaea compacta Phialophora verrucosa Cladosporium carrioni Rhinocladiella aquaspersa HABITAT Vivem em matéria orgânica, vegetais em decomposição e no solo EPIDEMIOLOGIA Predomina em homens (10:1) Clima tropical e subtropical Zona rural Países: América Central, América do sul México África Japão PATOGÊNESE Presença de traumatismo na pele 1º Implantação do fungo na pele (onde tem lesão) 2º Formação de lesão em forma de verruga ou tumor 3º Hiperplasia de tecidos → lesões em formato de couve-flor ASPECTOS CLÍNICOS Lesões unilaterais de evolução crônica. Aspecto eritemato-escamosas planas, verrucosas, hiperqueratósicas, granulomatosas nodulares. Localização: membros inferiores, principalmente Aquisição: através de solução de continuidade produzida na pele por fragmentos de vegetais ou madeira contaminados. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Amostra: pontos negros dérmicos, escamas, crostas, material purulento, exsudato, biópsia. Exame microscópico Com KOH 20%: Células fúngicas globosas; Ovaladas; Parede espessa; Coloração castanha; Com ou sem septação Cultura Semeadura em meio de ágar Sabouraud; 16 Natasha Ferreira ATM25 Temperatura de 25 a 30 °C Tempo de incubação: 2 a 4 semanas Colônias de textura aveludada, verde-oliva, marrom, ou negras. Relevo levemente plano ou verrugoso. Macromorfologia das colônias de cada espécies não serve para diferenciá-las. Obs: Fazer o estudo de conídios na micromorfologia das colônias. Os três tipos de conídios são: a. Phialophora: forma de jarro (fiálides), formadas ao longo das hifas. Conídios se aglomeram na parte superior das fiálides b. Rhinocladiella: formas alongadas (conidióforos), formadas ao longo das hifas, formando conídios ovais que se localizam na extremidade superior e nos lados desses conidióforos. c. Cladosporium: estruturas fúngicas (conidióforos) que formam cadeias de conídios e que se ramificam através de brotamento apical. TRATAMENTO Micose rebelde ao tratamento; Longo, pode ocorrer recidivas; Pode ser usado uma ou mais drogas; Iodeto de potássio, Anfotericina B, Fluocitosina, Itraconazol, Vitamina D intralesional, Tiabendazol; Lesões pequenas pode realizar exérese cirúrgica; Combater infecções secundárias (antibioticoterapia, medidas antissépticas locais). MICETOMA Síndrome clínica, de evolução crônica, caracterizada pelo aumento de volume de uma região ou órgão, com a presença ou não de fístulas que drenamum material seroso ou seropurulento no qual podem ser encontrados “grãos”. Existem: Eumicóticos ou Maduromicóticos (produzidos por fungos verdadeiros “eumicetos”) Actinomicóticos (produzidos por bactérias “actinomicetos”) AGENTES ETIOLÓGICOS MICETOMA EUMICÓTICO Madurella grisea Madurella mycetomatis Principais espécies Pyrenochaeta romeroi MICETOMA ACTINOMICÓTICO Origem endógena (actinomicetos anaeróbios) Actinomyces israelli Arachnia propionica Origem exógena (actinomicetos aeróbios) Nocardia asteroides Nocardia brasiliensis Streptomyces somaliensis HABITAT Eumicetos são saprófitas do solo (matéria orgânica) e restos de vegetais. Actinomicetos de origem endógena vivem na cavidade oral (cáries e amígdalas). Actinomicetos de origem exógena são saprófitas do solo e vegetais. EPIDEMIOLOGIA Sexo masculino é o mais afetado Idade entre 20 e 50 anos Mais comum no meio rural Mais frequentes na África Equatorial (Somália, Senegal e Sudão) Elevada incidência na Índia e no México 17 Natasha Ferreira ATM25 Frequência moderada no Brasil (Nocardia brasiliensis e Madurella grisea) PATOGÊNESE 1º Implantação do agente através de traumatismos na pele → Quiescente por longos anos 2º Lesão primária com pouca dor → evolui para tumefação bastante dolorosa (normalmente acomete pés, compromete fáscia e ossos) 3º Formação de fístulas → formação de grãos (grânulos com exsudato sero-sanguinolento) FORMAS CLÍNICAS Tríade clínica → tumefação, fístulas que drenam e presença de grãos; - Grãos aglomerado de microorganismos; Podem ser brancos, negros (ME) e branco-amarelados, vermelhos, negros (MA); Eumicótico → produz lesões fistulosas, com pouca dor ou destruição óssea, geralmente nos pés; Actinomicótico → apresenta lesões tumorosas cônicas semelhantes às erupções de acne, com grande exsudação e comprometimento ósseo com dor, além dos pés podem atingir braços e pernas; Contágio ocorre através de traumatismos DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Exame microcópico Micetoma Actinomicótico Material biológico: grãos, material purulento, líquido sero-hemático, biópsia; Coleta com Swab ou punção em lesões fechadas; Material deve ser lavado pelo menos três vezes para descontaminação; Exame direto do grão com KOH ou coloração com Gram e Kinyoun; Observa-se filamentos finos com estruturas em forma de clava na periferia dos grãos. Micetoma Eumicótico Material biológico: grãos, material purulento, líquido sero-hemático; Coleta com Swab; Exame direto do grão com KOH 20% ou corado por HE; Observa-se filamentos micelianos septados sem estruturas em forma de clava na periferia dos grãos. Cultura Micetoma Actimicótico Sabouraud, Ágar-sangue Temperatura 25 a 30 °C ou a 37 °C Incubação de 2 a 10 dias Micetoma Eumicótico Sabouraud Temperatura 25 a 30 °C Incubação de 2 a 10 dias TRATAMENTO Primeira etapa: Identificar o agente etiológico Actinomicótico Associação de duas drogas: Estreptomicina + dapsona – Período mínimo de nove meses; Sulfametoxazol+trimetoprim – um mês Eumicótico Respondem de forma menos eficiente a terapêutica Drogas mais utilizadas: Anfotericina B, Miconazol e cetoconazol – mínimo de seis meses. Exérese cirúrgica 18 Natasha Ferreira ATM25 RINOSPORIDIOSE Micose subcutânea crônica de evolução lenta e granulomatosa, que afeta principalmente as mucosas nasais e conjuntivas. AGENTE ETIOLÓGICO Rhinosporidium seeberi HÁBITAT Água parada, poços e açudes (locais de baixo saneamento) EPIDEMIOLOGIA Sexo masculino (4x + afetado) Idade entre 20 e 35 anos; Pessoas de baixa renda; Condições sanitárias precárias; Locais: Índia, Sri Lanka (88% casos); América do Sul: Chaco argentino; No Brasil é uma doença rara: Maranhão e Piauí; ASPECTOS CLÍNICOS Presença de pólipos bastante vascularizados (cerejas) nas fossas nasais Rinorreia Epistaxe frequente devido à lesão desses pólipos vascularizados Prurido Cefaleia Lesão na conjuntiva e saco lacrimal Sintomas semelhantes aos da conjuntivite Lacrimejamento Hemorragia. Pode acometer outras regiões como: Laringe: sintomas são de corpo estranho, sensação de obstrução, tosse, hemoptise. Vagina (diferenciar de condiloma) Anus (diferenciar de homorróidas) Ossos Disseminada com lesões cutâneas nodulares DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Amostra: material de biópsia e descarga nasal Exame direto com KOH 20% Coloração por Hematoxilina – Eosina Coloração por Grocott Cultura Fungo não cultivável TRATAMENTO Remoção cirúrgica Injeção local com Anfotericina B Dapsona evita recidivas ENTOMOFTOROMICOSE AGENTE ETIOLÓGICO Basodiobolus ranarum (basidiobolomicose) Conidiobolus coronatus (conidiobolomicose) HABITAT Acredita-se que esse fungo esteja no solo, nas fezes em decomposição de répteis e anfíbios que se alimentem do inseto contaminado FORMAS CLÍNICAS SUBCUTÂNEA CRÔNICA → Basidiobolomicose Lesões: Nódulos avermelhados e indolores em membros, ombros e pelve 19 Natasha Ferreira ATM25 Nódulos podem sofrer ulceração Presença de infecções de TGI concomitantes Acomete imunocompetentes, crianças, sexo masculino CENTRO-FACIAL → conidiobolomicose Lesões: Inicialmente no nariz Ocorre aumento do tecido subcutâneo do nariz, lábios, olhos Nódulos firmes Pode ocorrer obstruções, dificuldades respiratórias Acomete adultos (poucos casos) VISCERAL → conidiobolomicose Infecções invasivas e importantes Endocardite em drogaditos Lesões: Reações granulomatosas na pele, tecido subcutâneo e órgãos internos DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Biópsia, exsudato... Exame direto com KOH Hifas hialinas, largas, septadas TRATAMENTO Exérese de lesões Anfotericina B (medicamento nefrotóxico), Cetoconazol Sulfametoxazol + Trimetoprim Obs: Não existe medicamento específico LOBOMICOSE Também conhecida como doença de Jorge Lobo. Foi descrita pela primeira vez na região Amazônica Micose subcutânea, não possui acometimento visceral. Apresenta lesões cutâneas infiltradas, nodulares e verrucosas que ficam com aspectos de cicatrizes AGENTE ETIOLÓGICO Paracoccidioides loboi HABITAT Presente na água, solo, vegetais ASPECTOS CLÍNICOS O contágio ocorra pela picada de insetos, mas ainda não é uma certeza Como não existe acometimento “interno”, o principal problema da doença são as lesões Lesões: Lesões papulosas, nodulares, ulceradas Na região de mão e pé tem característica principal de verruga DIAGNÓSTICO CLÍNICO Biópsia, exsudato das lesões Obs: Não é cultivado TRATAMENTO Exérese é o tratamento principal devido ao acometimento unicamente dermatológico Pode ser utilizado Itraconazol e Ciclofazimida por um ano (micoses subcutâneas possuem tratamentos longos e difíceis) 20 Natasha Ferreira ATM25 MICOSES SISTÊMICAS São infecções fúngicas que atingem os órgãos internos ou se disseminam pela corrente sanguínea PARACOCCIDIODOMICOSE Causada por fungo dimórfico, que ocorre endemicamente em países da América Central e do Sul. Trata-se de infecção granulomatosa de evolução crônica, com grande polimorfismo clínico, onde as formas pulmonares e cutâneo-mucosas predominam. AGENTE ETIOLÓGICO Paracoccidioides brasiliensis HABITAT Solo, detritos de vegetais, materiais orgânicos, desde que haja umidade. Obs: Já foi isolado de animais como o tatu. EPIDEMIOLOGIA Locais: Principal micose sistêmica da América do Sul (clima temperado e quente) Áreas mais endêmicas: Brasil, Colômbia e Venezuela. No Brasil: SP, RJ, MG, GO, RS e MS Maior frequência dos 30 aos 50 anos. 80% são homens Trabalhadores rurais Operadores máquinas agrícolas Pedreiros urbanos Áreas de cultivo de café Fatores predisponentes: Alcoolismo Desnutrição Neoplasias Imunocomprometidos FORMAS CLÍNICAS Principal forma de aquisição é a via inalatória PARACOCCIDIOIDOMICOSE INFECÇÃO Infecção pelo P. brasiliensis não seguida de doença PARACOCCIDIOIDOMICOSE DOENÇA Casos com lesões ativas associadas a manifestações clínicas temporárias ou persistentes Regressiva Casos com sintomas respiratórios e alterações radiológicas pulmonares, que regridem espontaneamente sem tratamento. Aguda ou subaguda Aguda tem evolução rápida, lesões disseminadas poucas semanas depois do início dos sintomas. Subaguda tem curso evolutivo de alguns meses. Faixa etária da aguda e subaguda: dos 3 aos 30 anos Crônica Diagnóstico com lesões com duração entre 1 mês e 1 ano. Faixa etária: mais de 25 anos Comprometimento dos pulmões, da mucosa orofaringiana e das vias respiratórias. Lesões da mucosa labial, pele ao redor da boca e do nariz. A infecção crônica é localizada no pulmão, podendo se disseminar comprometendo um único órgão ou múltiplos. Disseminada crônica observa-se o acometimento da laringe, linfonodos e regiões mucocutâneas como boca, olhos e região perianal. 21 Natasha Ferreira ATM25 Em casos graves pode haver comprometimento de outros sistemas Quadro Clínico das formas aguda ou subaguda e crônica apresenta-se com casos graves e clínica variável: Doença pulmonar isolada Doença pulmonar + lesão da mucosa orofaringiana Doença pulmonar + lesão de pele Doença pulmonar + lesão de mucosa e pele Linfadenopatia isolada Linfadenopatia + lesão cutânea Linfadenopatia + lesão cutânea e de mucosa Lesão isolada de orofaringe PARACOCCIDIOIDOMICOSE RESIDUAL Casos sem doença em atividade, somente lesões fibrótico-cicatriciais e eventual calcificação CARACTERÍSTICAS E SINTOMATOLOGIA Alterações pulmonares: DPC bilateral, fibrose e obstrução. Presença de tosse seca, dispneia e dor torácica. Ao RX, observam-se lesões características em asa de borboleta Supra-renal: Longo tempo de evolução Ocorre necrose e fibrose das SR, levando a destruição do tecido glandular Queda dos níveis sanguíneos de cortisol e aldosterona → escurecimento de pele e mucosas, perda de apetite, hiponatremia, hipotensão, hiperpotassemia, náuseas e vômitos SNC: Desenvolvimento de granulomas → hipertensão intracraniana (3%) → cefaleia, alterações de fala, consciência, equilíbrio, motricidade, sensibilidade e convulsões Ossos: Perda funcional das articulações, dores intensas Linfonodos: Linfonodomegalia que pode evoluir para fistulização Adeenopatia ganglionar no pescoço Adenopatia linfático-abdominal levando a linfangiectasia Ascite, edema, diarreia, obstruções, distúrbio na absorção de gorduras Pele: Lesões múltiplas me 20 a 30% dos pacientes, na face, couro cabelo, tórax, MMSS Pápulo-erosivas, ulcerações, úlcero- crostosas, polimórficas, verrucosas Nariz, boca, orofaringe e laringe: 50% dos doentes têm ulcerações nas mucosas da boca e orofaringe. Exulceração rasa, com contorno e bordas irregulares, fundo granuloso e pontos avermelhados. Disfagia à ingestão de alimentos quentes e ácidos, salivação abundante. No nariz pode ocorrer obstrução ou perfuração do septo nasal DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Amostra: Escarro, lavado broncoalveolar, exsudato de úlceras, mucosas e lesões da pele, material purulento de nódulos linfáticos, biopsias, urina, líquido cefalorraquidiano e outros líquidos corporais. 22 Natasha Ferreira ATM25 Exame direto À fresco, KOH a 20% com tinta Parker, calcoflúor. Colorações histológicas (HE e Grocott). Coloração pela prata. Cultura Fase filamentosa: Ágar Sabouraud à 25 °C. Colônias de cor branca e de crescimento Lento (2 a 4 semanas). Aspecto de “pipoca”. Fase leveduriforme: Ágar infuso cérebro-coração a 35 °C. Colônias cerebriformes de cor creme com crescimento em 10 dias. TRATAMENTO Uso de antifúngicos Retirada de fatores de imunossupressão Melhora das condições orgânicas gerais Medicações Anfotericina B Mais eficaz Nefrotóxica e dificuldade na sua administração. Sulfadiazina - iniciou a era terapêutica em 1940 Falhas terapêuticas Duração do tratamento 2 a 3 anos Sulfametoxazol com Trimetoprim Tratamento por 2 a 3 anos. Cetoconazol Cura clínica em 12 meses. Recidivas em 15% dos casos. Itraconazol Altas taxas de cura em 6 a 12 meses e poucas recidivas. Fluconazol Eficácia em 3 a 17 meses. Poucas recidivas. HISTOPLASMOSE Doença granulomatosa que apresenta especial afinidade pelo sistema retículo endotelial, produzindo diversas manifestações clínicas, desde infecção assintomática até doença disseminada com êxito letal. AGENTE ETIOLÓGICO Histoplasma capsulatum HABITAT Solos com pH ácido, dejeção de aves em grande quantidade (morcegos, pombos), ocos de árvores. EPIDEMIOLOGIA Infecção cosmopolita. Locais: Regiões central e leste dos Estados Unidos, América Central e do Sul, África e Extremo Oriente. Animais com maior frequência são cães e morcegos. PATOGÊNESE 1º Inalação do fungo → penetração do fungo no alvéolo pulmonar → invasão do mediastino pelo hilo pulmonar 2º Disseminação através da corrente sanguínea (forma assintomática) → atinge sistema reticulo endotelial e monicítico-histocitário (pulmões, baço, fígado, linfonodos e outras estruturas do TGI). FORMAS CLÍNICAS HISTOPLASMOSE NO HOSPEDEIRO NORMAL Primo-infecção assintomática Representa mais de 90% das infecções primárias. Sem alterações clínicas Infecção pulmonar aguda → gravidade variável. Manifestações mais intensas em crianças de baixa idade e adultos acima de 55 anos. 23 Natasha Ferreira ATM25 Sintomas: Tosse seca é o sintoma mais frequente. Febre alta, astenia, anorexia, dor torácica, cefaleia e mialgias. Forma clínica autolimitada, involução das lesões em 1 a 3 meses. Sequelas: Calcificações pulmonares. HISTOPLASMOSE EM PACIENTES COM DPOC Pulmonar crônica cavitária → é idêntica à tuberculose avançada do adulto. Observa-se mais em homens acima de 50 anos, com antecedentes de DPOC Sintomas: Inicialmente são tosse, expectoração mucopurulenta, dor torácica, dispnéia de esforço, febre baixa, astenia, anorexia. O exame físico mostra as alterações próprias do enfisema pulmonar HISTOPLASMOSE NO HOSPEDEIRO IMUNOCOMPROMETIDO Disseminada aguda → mais frequente em crianças com menos de 2 anos de idade. Sintomas: 1º. Febre, irritabilidade, fadiga progressiva, perda de peso, tosse. 2º. Após vômitos, diarréia, hepatoesplenomegalia, linfonodomegalia,lesões cutâneas e encefalite em 20% dos casos. 3º. Anemia, leucopenia e trombocitopenia. Evolução para a morte em 2 a 5 semanas, caso não seja diagnosticada e não tratada corretamente. Disseminada subaguda → mais frequente em adultos jovens. Quadro clínico semelhante ao da disseminada aguda, diferenciando-se por sua evolução mais prolongada e deterioração mais lenta do estado geral. Sintomas: Febre moderada e intermitente, mal-estar, astenia, emagrecimento progressivo. Hepatoesplenomegalia são comuns. Radiologicamente sinais de infecção pulmonar primária. Caso não tratada, evolui para óbito em meses ou anos. Disseminada crônica → mais frequente em adultos acima dos 40 anos. Predomínio do sexo masculino. Pacientes com imunodeficiências leves como idade avançada, alcoolismo crônico, diabetes,corticoterapia. Sintomas: Lesões de orofaringe ou laringe em 70 a 90% dos casos. Febre baixa, astenia, emagrecimento. Podem regredir espontaneamente e reaparecer no mesmo sítio orgânico ou em outro. Episódios recorrentes podem ser observados durante 10 anos ou mais. Os pulmões raramente são atingidos. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Amostra: Escarro, lavado broncoalveolar, medula óssea, sangue, biopsia, exsudatos de lesões de mucosas e cutâneas, material de gânglios linfáticos, líquido cefalorraquidiano e outros líquidos. 24 Natasha Ferreira ATM25 Exame direto Com KOH - muito difícil detectar o H. capsulatum Esfregaços corados pelo Giemsa ou Wright, calcoflúor Colorações histológicas (HE e Grocott) Cultura Obrigatória para diagnosticar a histoplasmose. Fase filamentosa: Ágar Sabouraud 25°C 6 a 12 semanas. Observa-se colônias brancas e flocosas. Na micromorfologia - Hifas, microconídios e macroconídios tuberculados. Fase leveduriforme: Ágar infuso de cérebro-coração a 35-37°C. Observa-se colônias de cor creme. Na micromorfologia - Leveduras ovaladas com brotamento polar TRATAMENTO Forma pulmonar aguda Anfotericina B 0,5 a 1,0 mg/Kg EV em dias alternados até alcançar 500 mg. Formas disseminadas e pulmonar crônica Anfotericina B 1,0 mg/Kg EV em dias alternados até alcançar 40 mg/Kg. Itraconazol 100 mg/dia por 6 meses a 1 ano. Cetoconazol é pouco eficaz na histoplasmose. HIALO-HIFOMICOSE Infecção causada por fungos filamentosos hialinos, septados, não formadores de estruturas específicas e, habitualmente com acometimento oportunístico. AGENTES ETIOLÓGICOS Mais frequentemente isolados como causadores pertencem aos gêneros: Acremonium Beauveria Cylindrocarpon Fusarium Paecilomyces Phialemonium Scopulariopsis, Penicillium HÁBITAT São saprófitos habituais do solo, parasitam vegetais e degradadores de materiais orgânicos. EPIDEMIOLOGIA Ampla distribuição na natureza. Fatores de risco: Pacientes submetidos a transplantes, colocação de próteses e tratamentos invasivos Uso de drogas imunossupressoras FORMAS CLÍNICAS SUPERFICIAIS Lesões cutâneas, ungueais, oculares, otológicas causadas por fungos não relacionados a uma doença fúngica clássica. SUBCUTÂNEAS Inoculação de estrutura fúngica, filamentosa hialina no tecido subcutâneo de pacientes imunossuprimidos. Podem comprometer gânglios, músculos, ossos e articulações. SISTÊMICAS Aquisição por via inalatória. Pode ou não causar quadro pulmonar. Disseminação por via hematogênica para outros órgãos. 25 Natasha Ferreira ATM25 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Amostra → O material biológico depende do sítio anatômico envolvido na infecção. Biopsia, escarro, lavado broncoalveolar, secreções, sangue, líquidos corporais, escamas e material purulento. Exame direto KOH a 20%, com tinta Parker, calcoflúor. Colorações histológicas (HE e Grocott). Cultura Ágar Sabouraud a 25°C. As colônias são filamentosas e variam quanto à coloração. Possuem características específicas para cada gênero e espécie. TRATAMENTO Varia de acordo com cada caso. Pode-se usar medicamentos tópicos e sistêmicos. Derivados imidazólicos e triazólicos Anfotericina B 5-fluorocitosina MICOSES OPORTUNÍSTICAS São infecções causadas por fungos saprófitos do meio ambiente. Esses organismos geralmente não são patogênicos, mas quando adquiridos por indivíduos imunossuprimidos atuam como patógenos oportunistas. ASPERGILOSE Micose oportunística causada por fungos do gênero Aspergillus AGENTES ETIOLÓGICOS Aspergillus fumigatus (mais frequente) Aspergillus flavus Aspergillus niger HÁBITAT Restos orgânicos, solo, plantas ornamentais, vestimentas, residências, aparelhos de ar condicionado. EPIDEMIOLOGIA Mais de 300 espécies → 20 como patógenos em potencial para humanos e animais domésticos. Fungos cosmopolitas Locais: Países de clima temperado → A. fumigatus Países de clima tropical → A. niger e A. flavus FORMAS CLÍNICAS ASPERGILOMA → bola fúngica Desenvolvimento dos conídios fúngicos inalados, para dentro de uma cavidade (sequela de tuberculose). Ausência ou insuficiência de defesa local, permitem o desenvolvimento abundante do fungo, formando uma massa miceliana compacta (bola fúngica). Sintomas: Hemoptise (50% dos pacientes), sendo o principal Tosse, perda de peso, astenia, febre, expectoração mucopurolenta. 26 Natasha Ferreira ATM25 ASPERGILOSE PULMONAR INVASIVA Ocorre com maior frequência em pacientes com grave imunossupressão, geralmente hospitalizados. Difícil diagnóstico clínico. Sintomas → inespecíficos Febre, hemoptise, dor torácica, tosse e dispneia Alterações no Raio-X inespecíficas, semelhantes a embolia pulmonar, abscesso bacteriano e pneumonia bacteriana. Imunossupressão + granulocitopenia importante + imagens pulmonares infecciosas, sem resposta a terapêutica antibacteriana = possibilidade de infecção fúngica. ASPERGILOSE ALÉRGICA Aspergilose broncopulmonar alérgica Observada em indivíduos alérgicos, ocorre eosinofilia e aumento de IgE total específica. Acúmulo de muco nos brônquios contendo filamentos aspergilares. Sintomas: Espirros, tosse, congestão nasal, rinorréia, olhos vermelhos. Alveolite alérgica extrínseca Ocorre em indivíduos não alérgicos. Broncopneumonias de repetição, insuficiência respiratória por fibrose pulmonar. OTOMICOSE Infecção secundária do conduto auditivo externo, após tratamento de lesão eczematosa. Sintomas: Prurido, desconforto, corrimento pode ser intenso Em casos agudos e graves ocorre dor Pacientes com imunossupressão grave pode ocorrer otite externa necrotizante. ONICOMICOSE Ocorre em unhas que sofrem traumatismos, lesões isquêmicas de pacientes com psoríase, e com lesões ezematosas crônicas. Unhas apresentam-se hiperceratósicas, coloração verde-amarelada ou acastanhada. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Amostra: escarro, lavado broncoalveolar, material purulento ou necrótico, biopsias, secreções. Exame direto À fresco, entre lâmina e lamínula, KOH a 20%. Calcoflúor Colorações histológicas (HE e Grocott). Em KOH → hifas hialinas, regulares, com cerca de 4 µm de diâmetro, septadas, dicotômicas com ramificação em ângulo reto. Cultura Cultivo em ágar-Sabouraud com e sem cloranfenicol. Temperatura ambiente. Crescimento em 2 a 4 dias Aspergillus niger No início,colônias com superfície coberta de micélio aéreo de cor branca e aspecto algodonoso Com a formação das cabeças aspergilares formam-se pontos negros granulosos na superfície das colônias Aspergillus fumigatus Colônias de cor verde-acinzentada e superfície com aspecto pulverulento ou granular 27 Natasha Ferreira ATM25 Aspergillus flavus Colônias de cor amarelo-esverdeada e textura arenosa e granular TRATAMENTO O tratamento da Aspergilose apresenta-se de forma particular para cada caso clínico. Otomicose Limpeza do conduto auditivo externo e aplicação de cetoconazol e nistatina de uso tópico Onicomicose: Retirada das unhas cirurgicamente e eliminar fatores predisponentes Aspergiloma: Tratamento cirúrgico e itraconazol de uso sistêmico (em estudo). Aspergilose Pulmonar Invasiva: Diagnóstico precoce é importante Uso de Anfotericina B e reverter os fatores da imunossupressão Aspergilose alérgica: Remover os fatores predisponentes e se possível tratar os sintomas CRIPTOCOCOSE Consiste em uma infecção oportunística causada por levedura que tem como principal característica a presença de cápsula, ocorrendo principalmente em pacientes imunossuprimidos. A infecção primária é quasesempre subclínica e transitória; entretanto, pode emergir ao lado de outras doenças que debilitem o indivíduo e tornar-se rapidamente sistêmica e fatal. AGENTES ETIOLÓGICOS Cryptococcus neoformans var. neoformans (sorotipos A, D, AD) Cryptococcus neoformans var. gattii (sorotipos B, C) HABITAT EPIDEMIOLOGIA Var. neoformans Fezes de pombos, ocos de árvore, matéria orgânica Imunodeprimidos, importantes na AIDS Var. gatti Ocos de árvore, matéria orgânica Imunocompetentes PATOGENIA 1º Após a penetração do agente no organismo, ocorre um foco no pulmão (foco primário). 2º Disseminação por via hematogênica, ocorrem focos nas meninges e no cérebro. Também podem ocorrer focos na pele, mucosas, ossos e outros órgãos. A mortalidade em humanos é de 12%. FORMAS CLÍNICAS ASSINTOMÁTICA OU CRIPTOCOCOSE PULMONAR REGRESSIVA Lesões pulmonares primárias sem sintomatologia. Diagnóstico achado casual (histopat. De nódulos residuais pulmonares). PULMONAR PROGRESSIVA → 10% das formas clínicas Sintomas: Tosse, expectoração mucóide, dor torácica. Formas invasivas o quadro é mais grave: infiltrado broncopneumônico, com ou sem cavitação. Nos pacientes com AIDS e linfócitos CD4 ↓ de 200/mm³, assemelhando-se a tuberculose NEUROCRIPTOCOCOSE → +ou– 70% dos casos diagnosticados O fungo apresenta tropismo natural pelo SNC 28 Natasha Ferreira ATM25 Forma mais comum é a meningoencefalite subaguda ou crônica Sintomas: cCfaléia occipital, febre moderada, vertigens, perda da memória. Com a evolução do quadro redução ou perda da visão, hipertensão intracraniana e hidrocefalia. CRIPTOCOCOSE DISSEMINADA Ocorre devido a disseminação por via hematogênica. Lesões cutâneas (10%), lesões osteoarticulares, fígado, rins, próstata DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Amostra: LCR, escarro, lavado broncoalveolar, urina, biopsia, sangue, medula óssea, exsudatos de úlceras, material purulento, secreção prostática. Exame direto Observação direta entre lâmina e lamínula com tinta da China. Coloração pela Tinta da China → leveduras encapsuladas, com ou sem brotamentos e pseudohifas. Colorações histológicas (HE, mucicarmin de Mayer, azul de alcian, Grocott). Cultura Cultivo em ágar-Sabouraud sem cicloheximida. Temperatura 25 °C. Crescimento em 3 dias. As colônias são leveduriformes de aspecto brilhante e textura mucóide. IMUNOLÓGICO Pesquisa de antígenos capsulares circulantes no líquor e no soro Aglutinação do látex Imunofluorescência Intradermorreação (cripritococina) TRATAMENTO Forma Pulmonar Itraconazol 6 meses ou mais Formas Disseminadas e SNC Anfotericina B associado a 5-fluorocitosina 4 a 6 semanas Pacientes imunodeprimidos não associados à AIDS Associação de anfotericina com fluconazol ou itraconazol PNEUMOCISTOSE Infecção que ocorre predominantemente em pacientes imunodeprimidos. Também é denominada pneumonia pneumocística. AGENTE ETIOLÓGICO Pneumocystis carinii Pneumocystis jiroveci (nome atual) HÁBITAT Meio ambiente (ainda não estabelecido sítio específico) MORFOLOGIA Formato esférico Medem de 5 a 7 µm Internamente apresentam 8 inclusões 29 Natasha Ferreira ATM25 EPIDEMIOLOGIA Distribuição universal Maior positividade em climas frios No Brasil entre 1980 e 2000, 21,4% dos pacientes com AIDS desenvolveram pneumocistose. Obs: Com a introdução da terapia anti-retroviral altamente ativa (HAART), decréscimo significativo da pneumocistose. TRANSMISSÃO Contato direto com pessoas infectadas Por via inalatória ASPECTOS CLÍNICOS INDIVÍDUOS IMUNOCOMPETENTES Infecção primária assintomática, subclínica e regressiva devido a presença de anticorpos contra o P. jiroveci. INDIVÍDUOS IMUNOCOMPROMETIDOS COM AIDS Infiltrado pulmonar difuso, lesão focal, forma nodular. Sintomas: Febre, tosse (seca), dispneia progressiva, taquipneia, cianose, taquicardia, perda de peso Mortalidade é de 20% P. jiroveci foi encontrado fora dos pulmões somente em doença sistêmica grave (ruptura da barreira endotelial pulmonar), geralmente na fase terminal da AIDS. O fungo consegue romper a barreira endotelial pulmonar e se dissemina para outros órgãos como baço, fígado, rins, ossos, linfonodos. INDIVÍDUOS IMUNOCOMPROMETIDOS HIV-NEGATIVOS Transplantados, submetidos a quimioterapia, corticóide. O curso clínico é mais agudo, por vezes fulminante (mortalidade é de 40%). PNEUMOCISTOSE EM CRIANÇAS Ocorre em prematuros debilitados, entre 2 e 6 meses de idade. Sintomas: Tosse, taquipneia, desconforto respiratório febre baixa Crianças mais velhas ainda apresentam dispneia intensa Mortalidade cerca de 100% nos casos não tratados. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Amostras: escarro, biópsia pulmonar, lavado gástrico, escovado pulmonar. Material que mais frequente leva ao diagnóstico é o “Lavado brônquico alveolar”. Exame direto a fresco Técnicas histopatológicas (hematoxilina e eosina) Técnicas citopatológicas (giemsa e Papanicolau) Técnica mais usada é a “Coloração pela Prata” (revela as formas típicas e atípicas do Pneumocystis jiroveci. Obs: não é possível o cultivo Exames que auxiliam no diagnóstico Dosagem de desidrogenase láctica (DHL): elevada pode indicar lesão de tecido (associados aos sintomas respiratórios→lesão pulmonar); Contagem de Linfócitos T (CD-4): abaixo de 200 /mmc é indicativo de imunossupressão; 30 Natasha Ferreira ATM25 Hemograma com leucopenia, linfopenia e trombocitopenia PREVENÇÃO Inalação mensal de Pentamidina (para pacientes com AIDS ou com risco de infecção) TRATAMENTO Sulfametoxazol + Trimetoprim Dapsona Pentamidina FEO-HIFOMICOSES Micoses que incluem infecções cutâneas, subcutâneas e sistêmicas, agudas ou crônicas, causadas por fungos demáceos (presença de melanina na parede celular). É uma infecção esporádica que acomete indivíduos sadios e imunossuprimidos. AGENTES ETIOLÓGICOS Os mais prevalentes são: Bipolaris spicifera Cladophialophora bantiana Exophiala jeanselmei Phialophora parasitica Curvularia lunata Wangiella dermatitidis HÁBITAT Solo e vegetais em decomposição EPIDEMIOLOGIA Fungo cosmopolita Micose pouco frequente Países de clima temperado e tropical Acomete tanto humanos como outras espécies de animais FORMAS CLÍNICAS SUPERFICIAL Infecção subaguda ou crônica da camada superficial da pele, pelos e unhas. Provoca quadros clínicos confinados ao extrato córneo. SUBCUTÂNEA → forma mais comum Apresenta-se sob a forma de abscesso, são geralmente lesões únicas e tendem a rodear-se por cápsula fibrótica. SISTÊMICA → cérebro é o mais atingido. Apresenta-se sob forma de abscesso encapsulado ou infiltrados, únicos ou múltiplos, especialmente, com localização anatômica no córtex cerebral e, com menor incidência, no cerebelo e medula espinhal. Outros órgãos como coração, intestino, baço, fígado, rins podem ser acometidos. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Amostra: material biológico é muito variável e depende do sítio anatômico envolvido na infecção. Mais frequentes estão: biopsia, secreções, materiais purulentos, líquidos corporais. Exame direto KOH a 20%, calcoflúor, colorações histológicas (HE, Grocott). Fontana-Masson para detectar melanina. 31 Natasha Ferreira ATM25 Cultura Cultivo em ágar-Sabouraud, a 25 °C. 5 a 30 dias Observa-se colônias negras. Para cada agente etiológico específico, existe uma descrição particular de sua colônia. A identificação do fungo se faz pela micromorfologia dos conídios. TRATAMENTO Superficial Griseofulvina e cetoconazol Subcutânea Anfotericina B ou5-fluocitosina Sistêmica Anfotericina, 5-fluocitosina, itraconazol PSEUDOMICOSES Chamado de pseudomicoses pois são causadas por BACTÉRIAS ERITRASMA Infecção crônica, discreta no extrato córneo, comprometendo axilas e região inguino-crural. AGENTE ETIOLÓGICO Corynebacterium minutissimum HABITAT Dobras inguino-crurais, interdígitos dos pés FORMA CLÍNICA Manchas marrons, descamativas, de bordos bem delimitados. Ocorrem: Virilha Pés Sulco inter-glúteo Região pubiana. Diferencia-se das tinhas pois: Não há eritema Não há vesículas DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Exame direto KOH: sem valor Gram: Filamentos Gram (+) e pequenos bacilos tipo difteróides Luz de Wood: fluorescência vermelho-coral Obs: Cultivo desnecessário; difícil crescimento e interpretação TRATAMENTO Lesões pequenas: Agente queratinócitos Ácido salicílico 4% Lesões extensas: Eritromicina Tetraciclina 32 Natasha Ferreira ATM25 TRICHOMICOSE AXILAR DE CASTELANI Nódulos amarelos, vermelhos ou negros, que se localizam ao redor dos pelos axilares ou pubianos. AGENTE ETIOLÓGICO Corynebacterium tenuis HABITAT Pelos axilares ou pubianos EPIDEMIOLOGIA Calor e umidade favorecem o crescimento FORMAS CLÍNICAS Infecção assintomática. Os pelos são envolvidos por pequenas concreções sólidas e aderentes. Tem 3 variedades: Flava (amarela) Rubra (vermelha) Nigra (negra) Os pelos perdem sua textura e se tornam frágeis. O pelo fica com um envoltório mucóide de odor fétido. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Exame direto KOH: pouco valor Gram: Delicados filamentos formados por bacilos Gram(+), em forma de T ou Y. TRATAMENTO Corte dos pelos infectados Álcool-iodado Sabão antibacteriano
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