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A Candidíase é uma infecção fúngica produzida pelos microrganismos Candida sp, sendo a espécie mais comumente encontrada a C. albicans. Os fungos do gênero Candida fazem parte da microbiota bucal nos seres humanos, caracterizados pelo oportunismo, tornando-se patológicos quando existem condições que favoreçam seu crescimento, quando, por exemplo, os mecanismos de defesa do indivíduo estão comprometidos. A candidíase oral é frequente no período neonatal e pode ser adquirida por transmissão vertical da Candida albicans durante o trabalho de parto ou por transmissão nosocomial. FATORES DE RISCO • Doenças sistémicas • Deficiência imunitária • Redução do fluxo salivar • Utilização de antibióticos de largo espectro ou tratamento com corticosteroides • Má higiene oral • infecção por vírus da imunodeficiência humana (HIV) • Xerostomia • Má nutrição - nomeadamente uma dieta de consumo exagerado de hidratos de carbono e deficiente em ferro, ácido fólico e vitamina B12; • Doença maligna avançada • Quimioterapia ou radioterapia • Gravidez QUADRO CLÍNICO • Candidíase Pseudomembranosa ou “thrush” o Mais comum em indivíduos imunocomprometidos, sob uso de corticoides e/ou antibióticos de amplo espectro ou com desordens sistêmicas como diabetes descompensada, leucemia e/ou infecção por HIV. o Caracterizada pela presença de placas pastosas brancas (ou amareladas) na língua, palato e mucosa jugal que cedem à raspagem com gaze ou espátula de madeira, evidenciando área eritematosa • Eritematosa o Mais frequentemente o está associada com o uso de corticosteroides, antibióticos de largo espectro e com a infeção pelo HIV. o Pode surgir como consequência da candidíase pseudomembranosa aguda persistente o São visualizadas áreas extensas ou pontuais atróficas, planas, avermelhadas, principalmente no palato e na língua e podem estar associadas à queixa de ardência • Glossite Romboidal Mediana o Caracterizada pela presença de área eritematosa de aspecto elíptico ou romboide bem demarcada na linha média da região posterior do dorso da língua. o Usualmente assintomática, simétrica, com superfície variando de plana a lobulada • Queilite angular o Acomete as comissuras labiais, que mostram eritema, fissuras e descamação. o Resulta do acúmulo de saliva devido à perda de dimensão vertical em pacientes idosos. o Outro fator associado é a anemia. MÉTODOS DIAGNÓSTICOS • O diagnóstico da candidíase orofaríngea é baseado em sinais e sintomas clínicos. • Quando o exame clínico é incerto ou o paciente não responde a terapia antifúngica, podem ser feitos exames complementares de diagnóstica o Citologia esfoliativa - A área suspeita é raspada com um instrumento estéril ou um raspador de língua, e o material colhido é aplicado numa lâmina de vidro. A aplicação de umas gotas de hidróxido de potássio a 10% na colheita citológica permite a observação imediata no microscópio. o Cultura microbiológica o Testes de suscetibilidade. o Biópsia - A biópsia é raramente indicada, mas pode revelar penetração do tecido epitelial. DIAGNOSTICO DIFERENCIAL • Estomatite aftosa • Estomatite herpética • Difteria • Lesões orais da sífilis congênita • Leucoplasia • Língua geográfica • Líquen plano CONDUTA TERAPÊUTICA (PROTOCOLO/ESQUEMA TERAPÊUTICO) • Nitrato de Miconazol gel 2% (20 mg/g), 1,25 mL, 4 vezes ao dia, por 14 dias ou • Nistatina solução aquosa 100.000 UI/mL, 2 mL, 4 vezes ao dia, por 14 dias. • Não havendo resposta à terapia o Fluconazol 3 a 6 mg/kg (dose máxima diária de 200 mg), uma vez ao dia, por 7 a 14 dias. Pacientes refratários ao tratamento sistêmico devem ser investigados clinicamente para imunossupressão, com testes rápidos para sífilis e HIV, questionados quanto ao uso frequente de antibióticos ou outras doenças que causem imunodeficiência. Os medicamentos devem ser administrados com o auxílio de uma gaze e espalhado por toda a cavidade bucal (mucosa jugal, língua, palato e rebordos). Para evitar recontaminação é imprescindível que objetos que o bebê leva a boca, como brinquedos e bicos artificiais, sejam devidamente desinfetados, sendo fervidos após cada uso, por 1 minuto. Caso a criança esteja em aleitamento materno, a mãe deverá ser avaliada quanto a presença de sinais e sintomas sugestivos de infecção por cândida nos mamilos. - Relato de prurido na mama, sensação de queimação e dor em fisgadas, que persistem após as mamadas, assim como vermelhidão em mamilos e aréola, pele brilhante ou com fina descamação, observados ao exame físico, são sugestivos desse diagnóstico. - Se houver suspeita de infecção, a mãe também deve receber tratamento tópico com o Miconazol creme 2% (20mg/g), por 14 dias, aplicar após cada mamada e remover com óleo de girassol ou óleo de coco antes da próxima mamada. - Se o tratamento tópico não for eficaz, recomenda-se o uso de Fluconazol 400 mg/dia no primeiro dia e depois 200 mg/dia por 14 dias, totalizando 15 dias. Antifúngicos Poliénicos • Nistatina o Se liga ao ergosterol da membrana plasmática do fungo e aumenta a permeabilidade da membrana através da criação de poros, promovendo o vazamento de componentes celulares essenciais conduzindo à morte celular o A nistatina está disponível em sob forma de cremes, comprimidos, pastilhas, géis, suspensões, bochechos • Anfotericina B o liga-se ao ergosterol da membrana plasmática dos fungos e através de mecanismos de formação de poros ocorre um aumento de permeabilidade da célula fúngica o que promove o vazamento de componentes celulares essenciais e consequentemente, a morte celular o A anfotericina B está disponível sob forma de pastilhas, colutórios, cremes, pomadas o A dosagem de normalmente utilizada na pediatria é de 1 mg / kg. Antifúngicos Azóis Imidazóis • Clotrimazol o bloqueia a esterol 14-demetilase, uma enzima fúngica especifica do citocromo P450 que catalisa a conversão de lanosterol a ergosterol. Isto conduz a danos estruturais e funcionais da membrana plasmática e morte celular. • Miconazol o danifica a integridade da membrana celular, altera a adesão de fungos, bem como inibe a formação de tubos germinais e de micélios. o Apresenta um potente e um amplo espectro de atividade contra muitas espécies de Candida spp., incluindo C. albicans, C. dubliniensis, C. glabrata e C. tropicalis. Além disso, é eficaz contra várias espécies de Candida spp. que são resistentes ao fluconazol • Cetoconazol o É eficaz contra um amplo espectro de fungos e leveduras, incluindo Candida spp Triazóis • Fluconazol o bloqueia a enzima esterol 14-demetilase e promove danos estruturais e funcionais da membrana plasmática e morte celular o dose diária de fluconazol necessária em recém-nascidos e crianças é de 12 mg / kg. • Itraconazol • Voriconazol o 9 mg / kg duas vezes por dia (no máximo dose de 350 mg) • Posaconazol • Isavuconazol COMPLICAÇÕES • As complicações da candidíase ocorrem em razão da disseminação hematogênica do fungo, podendo alcançar qualquer sistema, e isso se dá mais frequentemente em pacientes imunodeprimidos, como os portadores de neoplasias malignas, doenças degenerativas e AIDS. • As infecções sistêmicas mais comuns pelo fungo são: esofagite, endocardite, meningite, artrite e endoftalmite. Amebíase Parasita: Entamoeba histolytica Parasita: Entamoeba coli não é patogênico TRANSMISSÃO • contato direto • água e alimentos contaminados LOCAIS DE ACOMETIMENTO • Íleo e cólon • Localização extraintestinal (fígado, cérebro, pericárdio, pulmão, pleura) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Amebíase intestinal não invasiva (forma clinica mais comum) o Os parasitos só́ se desenvolvem na luz do intestino grosso o Assintomática em 90% dos casos o Diarreia leve, desconforto abdominal. • Amebíase intestinal invasiva (E. histolytica colonizando ostecidos do hospedeiro) o Dor abdominal difusa o Cólicas intestinais o Dor retal o Diarreia o Síndrome disentérica (fezes mucos sanguinolentas). o Toxemia • Amebíase hepática (abscesso hepático amebiano) o Complicação de amebíase intestinal o Dor espontânea e à palpação do hipocôndrio direito. o Febre baixa o Náuseas e vômitos o Diarreia em metade dos pacientes o Toxemia e icterícia (infrequentes) • Amebíase cerebral (abscesso cerebral) o Alterações do estado mental e sinais focais o Rápida progressão para a morte. • Amebíase geniturinária (forma rara) o Cólica nefrética o Distúrbios miccionais o Dor no baixo ventre. • Amebíase cutânea o Lesões ulcerativas no períneo e órgãos genitais. MÉTODOS DIAGNÓSTICOS Dados clínicos + Exames complementares adequados de acordo com a forma clínica • Pesquisa de cistos e/ou parasitos nas fezes • Retossigmoidoscopia com raspado das lesões ou biopsia • Cultivo do material de fezes e do raspado das lesões • Testes imunológicos e PCR • Biopsia de cólon • Biopsia hepática • Ultrassonografia ou TC abdominal (abscesso hepático). • TC de crânio (abscesso craniano) • Aspiração com agulha do material do abscesso para excluir infecção piogênica ou superinfecção. TRATAMENTO • Secnidazol o Adultos: 2 g, em dose única. o Crianças: 30 mg/kg/dia, VO, não ultrapassando o máximo de 2 g/dia. o Deve ser evitado no 1° trimestre da gravidez e durante a amamentação. • Metronidazol o Adultos: 500 mg, 3 vezes/dia, durante 5 dias para adultos o Crianças: encomendam-se 35 mg/kg/dia, divididos em 3 tomadas, durante 5 dias. o Formas graves – Amebíase intestinal sintomática ou amebíase extraintestinal: - Metronidazol, 750 mg, VO, 3 vezes/dia, durante 10 dias. - Em crianças, recomendam-se 50 mg/kg/ dia, durante 10 dias. • Tinidazol o Adultos: 2 g, VO, para adultos, após uma das refeições, durante 2 dias, para formas intestinais. - Formas extraintestinais: 50 mg/kg/dia, durante 2 ou 3 dias, a depender da forma clínica. - Em formas graves, utilizar a mesma dosagem das formas leves, por 3 dias. o Crianças: dosagem recomendada é de 50 mg/kg/dia. • Teclozam o Somente para formas leves ou assintomáticas o Adultos: 1.500 mg/dia, divididos em 3 tomadas de 500 mg, dose única o Crianças: dosagem recomendada é de 15 mg/kg/dia, durante 5 dias. COMPLICAÇÕES • A infecção amebiana pode se comportar de diversas maneiras. • Comprometimento progressivo pode determinar colite fulminante, com ulceração de cólon e perfuração intestinal. • Outra forma de amebíase invasiva é o abscesso hepático, que ocorre em 1 a 7% das crianças. o O quadro é de febre, distensão abdominal e hepatomegalia. o O quadro é agravado pela perfuração do abscesso hepático no peritônio, na pleura ou no pericárdio, podendo levar a óbito. Ascaridíase Parasita: Ascaris lumbricoides TRANSMISSÃO • Ingestão de ovos em legumes, verduras, água LOCAL DE ACOMETIMENTO • Jejuno e íleo • Pulmão (ciclo de loss) • Orifícios naturais (colédoco, tuba auditiva, apêndice) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: • Dor abdominal, cólica, cefaleia, náuseas, vômito, anorexia, irritabilidade • Diarreia (manifestação rara) • Pseudo-obstrução intestinal • Tosse TRATAMENTO*** • Albendazol (ovicida, larvicida e vermicida) o Adulto - 400mg dose única o Crianças -10mg/kg, dose única • Mebendazol: 100 mg, 12/12 h por 3 dias, ou 500 mg por 3 dias consecutivos o 200mg ao dia, dividido em 2 tomadas, por 3 dias o Não é recomendado seu uso em gestantes. Essa dose independe do peso corporal e da idade. • Ivermectina: 150 a 200 μg/kg, dose única • Nitazoxanida: o 1 a 3 anos: 100 mg (5 mℓ), 12/12 h por 3 dias o 4 a 11 anos: 200 mg, 12/12 h por 3 dias o 12 anos: 500 mg, 12/12 h por 3 dias. • Tratamento da obstrução intestinal: Piperazina, 100mg/kg/ dia + óleo mineral, 40 a 60ml/dia + antiespasmódicos + hidratação. Nesse caso, estão indicados sonda nasogástrica e jejum + COMPLICAÇÕES o A obstrução intestinal por bolo de vermes adultos é pouco comum, porém é causa importante de mortalidade. o O local mais comum de oclusão é na porção terminal do íleo, podendo ocorrer em ductos biliar e pancreático e apêndice cecal, simulando quadro de abdome agudo. o Tratamento o Piperazina é restrita para os casos de suboclusão intestinal, que atua paralisando o verme e facilitando sua eliminação. - A dose recomendada é de 75 a 100 mg/kg por sonda nasogástrica. - Em seguida, administra-se óleo mineral também por sonda, na dose de 40 a 60 mℓ; se necessário, repetir a cada 2 h com dose de 15 a 30 mℓ. Giardíase Parasita: Giardia lamblia TRANSMISSÃO • Contato direto • Água e alimentos contaminados LOCAIS DE ACOMETIMENTO • Porções altas do intestino delgado MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Cerca de 25 a 50% dos pacientes infestados são assintomáticos. • Fezes líquidas, explosivas, fétidas, vômito e distensão abdominal por 3 a 7 dias o Fezes mole, gordurosas e de odor fétido • Alternância de diarreia e constipação intestinal • Diarreia crônica • Síndrome de má absorção (semelhante à doença celíaca) • Desconforto ou dor epigástrica • Flatulência, distensão abdominal • Náuseas • Intolerância à lactose • Esteatorreia nos casos de infestação grave • Perda de peso MÉTODOS DIAGNOSTICO • Exame parasitológico de fezes (repetido 3 vezes, se necessário). o O controle da cura é feito com o exame parasitológico de fezes, negativo no 7º, 14º e 21º dias após o término do tratamento TRATAMENTO • Metronidazol o Criança :15 mg/kg/, 12/12h durante 5 dias o Adulto: 250mg VO, 12/12h durante 5 dias • Tinidazol o Criança: 50 mg/kg, VO, dose única o Adulto: 2g, VO, dose única • Secnidazol * o Criança: 30mg/kg, VO, dose única, tomada após uma refeição o Adulto: 2g, VO, dose única • Nitazoxanida o 1 a 3 anos: 100 mg (5 mℓ), 12/12 h por 3 dias o 4 a 11 anos: 200 mg, 12/12 h por 3 dias o > 12 anos: 500 mg, 12/12 h por 3 dias • Alternativa: albendazol, para maiores de 6 anos, 400 mg, 1 vez/dia, por 5 dias. COMPLICAÇÕES • Desidratação • Síndrome de má- absorção Oxiurose “enterobiose” Parasita: Enterobius vermicularis TRANSMISSÃO • contato direto; • objetos, roupas, alimentos, poeira LOCAL DE ACOMETIMENTO • cólon, sigmoide e reto MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Assintomático • Prurido anal mais intenso no período noturno • Sono agitado • Dor abdominal • Fase aguda (hiperemia da pele, irritação da mucosa, escoriações provocadas pela coçadura). • Fase crônica o dependendo do tempo de evolução, a região perianal pode se apresentar com aspecto coriáceo. o Insônia o Irritabilidade o Vulvovaginite, principalmente em criança, causando prurido e corrimento o Enurese noturna MÉTODOS DIAGNÓSTICOS • Parasitológico de fezes • Exame direto (teste da fita transparente) – Um pedaço de fita adesiva transparente é fixado à pele perianal no início da manhã̃ e, em seguida, retirado e colocado em uma lâmina para ser examinado ao microscópio. Esse procedimento deve ser realizado por 3 vezes, no mínimo, para se obter sensibilidade de 90%. • Exame microscópico do material removido das unhas das crianças. TRATAMENTO • Mebendazol o Adulto: 200 mg associado ao tiabendazol, 332 mg, 1 comp. VO, 12/12 h, durante 3 dias o Crianças ▪ entre 11-15 anos: 1/2 comp. VO, 8/8 h, durante 3 dias ▪ entre 5-10 anos: 1/2 comp. 12/12 h, durante 3 dias. • Pirvínio o VO, dose única pela manhã o Adultos: 100 mg para cada 10 kg de peso corpóreo. (Dose máxima diária de 600 mg.) o Crianças: 10 mg de suspensão para cada kg de peso corpóreo. o Repetir o tratamento após 2 semanas. • Albendazol o VO, 400 mg, dose única (adultos e crianças acima de 2 anos). o Terapia adequada quando há́ infestação mista. FATORES DE RISCO • Condições socioeconômicas precárias • Falta de saneamento• Habitações coletivas • Formas invasivas estão associadas a cepas mais agressivas. • Higiene precária • Climas quentes • Aglomerados populacionais Os dermatófitos constituem um grupo singular de fungos que têm a capacidade de infectar estruturas cutâneas ceratinizadas não viáveis, incluindo o estrato córneo, as unhas e os pelos. - Os artrósporos podem sobreviver nas escamas humanas por 12 meses. Eles podem ser transmitidos diretamente (de homem para homem, de animal para o homem e da terra para o homem) e também indiretamente, por meio de materiais contaminados com escamas de pele parasitadas pelos cogumelos As fontes de infecção podem ser, consequentemente, o homem, determinados animais (cão, gato, porco, gado, aves, peixes, etc) e o solo. Estas infecções são mais comuns em países de clima quente e úmido, sendo que os de clima tropical e subtropical são os mais afetados. As dermatofitoses ocorrem mais frequentemente em pós- púberes. A principal exceção é a tinea capitis — dermatofitose, tinea do couro cabeludo, que ocorre primariamente em crianças pré-púberes FATORES DE RISCO • Exposição domiciliar a tinea capitis ou tinea pedis e certos fatores ambientais, incluindo chapéus contaminados, escovas e instrumentos de barbear e, sobretudo para tinea unguium • Síndrome de down • Indivíduos com candidíase mucocutânea crônica ou imunodeficiência comum variável têm propensão a desenvolver dermatofitoses graves, crônicas ou recorrentes • Infecções por dermatófitos tendem a ser mais graves e recorrentes em pacientes infectados pelo hiv • Homens apresentam tinea pedis, tinea cruris e tinea unguium com mais frequência que as mulheres MÉTODOS DIAGNÓSTICOS • O padrão ouro do diagnóstico das dermatofitoses é fundamentado na pesquisa do agente etiológico realizado por: o EXAME MICOLÓGICO - Espécimes Raspados cutâneos, fragmentos de pelos tonsurados, fragmentos de unhas, induto subungueal e biopsias - A região suspeita deve ser higienizada com água e sabão, a coleta de material deve ser realizada após suspensão de qualquer medicamento que estiver em uso por um período mínimo de 7 a 10 dias. - o material suspeito a ser examinado e cultivado pode ser removido com uma lâmina cega de bisturi ou cureta fenestrada, pelo corte de unhas, pelos e cabelos. o CULTURA - Para identificar os dermatófitos é feita semeadura da amostra suspeita em meios de ágar- Sabouraud-dextrose, ágar-mycosel, ágar-batata em T° ambiente e 37°C (T. verrucosum cresce melhor nessa temperatura). o Macromorfologia - O tempo de crescimento das colônias dos dermatófitos varia entre 4 a 15 dias. Ao final desse período, são realizados os estudos macro e microscópicos das colônias. - São analisados os aspectos do verso e anverso, textura e produção de pigmento o Cultivo em lâmina (método de Riddel) - Realizado em placa de Petri, provida de folha de filtro umedecido com água destilada estéril; - a lâmina, é montada sobre bastão de vidro e, sobre a lâmina, é colocada pequena porção de meio de cultura e nas bordas desse meio são inoculadas pequenas porções da colônia a ser analisada, em seguida cobre-se com lamínula estéril; - no período de 8 a 15 dias, após o crescimento do fungo, nas extremidades do fragmento da cultura, remove-se lamínula e lâmina, preparando-as com azul-algodão e são levadas ao microscópio para identificação micromorfológica o Exame com luz ultravioleta (lâmpada de Wood) - Os cabelos das tinhas microspórica e favosa apresentam fluorescência verde-amarelada à luz ultravioleta de 3.660 Â; não há fluorescência da pele. É recomendada a lâmpada de 100W, de raio negro ou equivalente. o Exame histopatológico - A presença dos dermatófitos é comumente visualizada por meio de duas técnicas: PAS e nitrato de prata (metanina); na 1ª reação, os fungos (hifas + esporos) se tingem de vermelho intenso e, na 2ª coloração, de negro. Nas formas subcutâneas, numerosos micélios e esporos são encontrados dentro de folículos pilosos e também no infiltrado inflamatório da derme; nesse infiltrado além de necrose central, há supuração. Outros Recursos Micológicos Prova da ureia (degradação de compostos fenólicos) em meio de Christensen: utilizada para diferenciar o T. rubrum (-) do T. mentagrophytes (+); leitura feita 7 dias após a incubação. O resultado positivo significa a degradação da ureia, ou seja, ocorre alteração da tonalidade do meio de cultura de amarelo para vermelho intenso. Testes nutricionais: realizados em meios ricos em aminoácidos – ágar-trichophyton nos 1 a 7. Prova de pigmentação no meio de ágar-batata: diferencia T. rubrum (+) do T. mentagrophytes (-). Prova em meio de arroz: diferencia o M. canis (+) e M. audouinii (-). Temperatura de crescimento: em geral os fungos são aeróbios ou microaerófilos; vivem em pH ácido (5,0) e temperatura variando entre 25°C a 37°C (ambiente úmido). Teste de perfuração do pelo in vitro: diagnóstico diferencial entre T. mentagrophytes, que perfura rapidamente o pelo e o T. rubrum que não é capaz de fazê-lo Outros Recursos Diagnósticos Determinação do ponto isoelétrico de proteínas secretadas pelos dermatófitos Análise eletroforética em gel de policrilamida; diferenciação antigênica entre as diversas espécies de dermatófitos; estudos das homologias do DNA PCR Potencial método diagnóstico: identificação em 24 h a 48 h – aumenta a taxa de identificação de dermatófitos e FFND comparado com a cultura, diferencia espécies, identifica infecções mistas Tomografia de coerência óptica Método óptico rápido e não invasivo – descrito como ferramenta para o diagnóstico de onicomicose. Permite aferir a espessura ungueal e identifica diferentes camadas e estruturas fúngicas; tem uma sensibilidade alta; não diferencia espécies fúngicas; examinador dependente. Microscopia confocal de Escaneamento a Laser Método não invasivo, com resolução histológica, demonstra localização e densidade fúngica. Alta sensibilidade, baixa especificidade, não diferencia dermatófitos/ leveduras/ FFND. Não comprova viabilidade fúngica, examinador experiente. FORMAS CLINICAS Tinea Capitis – couro cabeludo • É uma infecção superficial por dermatófito que atinge a haste dos pelos e o couro cabeludo. • É mais comum em crianças com idade entre 3 e 7 anos e é rara após a puberdade. • Fisiopatologia o Os esporos fúngicos de T. tonsurans ficam confinados no interior da haste capilar (endótrix) e sua presença pode levar à fratura dos pelos, criando “pontos negros” no couro cabeludo. o Os esporos disseminam-se de pessoa a pessoa e por fômites, como escova, pente e travesseiro. • Quadro clínico o A apresentação clínica depende do padrão da tinha do couro cabeludo. o Pode variar desde prurido leve, com descamação e sem perda de cabelo, até́ múltiplas áreas de alopecia descamativa, com eritema, pústulas ou linfadenopatia cervical posterior. o Padrões de tinha do couro cabeludo: - Descamação aderente semelhante à caspa, sem alopecia - Áreas de alopecia pontilhadas com fibras pilosas quebradas com aparência de pontos negros - Placas circulares de alopecia com descamação cinza evidente. Mais encontradas nas infecções por Microsporum - Placas de alopecia com padrão em “comida por traças” com descamação generalizada. - Alopecia com pústulas dispersas. - Quérion, uma placa edematosa, espessa e dolorosa com pústulas, causada por reação inflamatória intensa ao fungo. Com frequência esse quadro é diagnosticado equivocadamente como tumor ou como infecção bacteriana. • Diagnóstico o A característica clínica mais importante para o diagnóstico da tinha do couro cabeludo é a presença de placas de alopecia (com descamação ou pontos negros) ou de descamação difusa sem alopecia.o Ocorre principalmente em crianças e com frequência observa-se linfadenopatia occipital. • Diagnóstico Diferencial o Alopecia areata: alopecia, porém, sem descamação significativa. o Dermatite seborreica: apresenta-se com prurido leve e descamação localizada ou difusa no couro cabeludo; normalmente, não há perda de cabelos significativa. o Psoríase: apresenta-se com placas difusas ou localizadas, de descamação prateada no couro cabeludo. Encontram-se placas semelhantes nas superfícies extensoras de cotovelos e joelhos ou em outros locais do corpo. o Infecções bacterianas e tumores: podem ser confundidos com quérion. Entretanto, os tumores são raros em crianças e, quando ocorrem, devem ser submetidos à biopsia para confirmação do diagnóstico. o Outros: pediculose, alopecia por tração, tricotilomania e histiocitose de células de Langherans. • Tratamento o A tinha do couro cabeludo não responde apenas à terapia tópica, havendo a necessidade de tratamento sistêmico para penetrar na haste capilar e erradicar os esporos infectantes. - A griseofulvina via oral tem sido o padrão-ouro ✓ O medicamento deve ser administrado com refeição gordurosa, leite integral ou sorvete cremoso, a fim de aumentar sua absorção. ✓ Entre os efeitos colaterais mais comuns da griseofulvina estão exantema, cefaleia, diarreia, náusea e vômitos. ✓ Medicamentos alternativos a griseofulvina o Terbinafina, itraconazol e fluconazol Tinea Faciei – face • Dermatofitose da pele glabra da face. • Placa eritematosa bem demarcada. • Mais comumente diagnosticada de modo incorreto em comparação às outras dermatofitoses. • Sinônimo: tinea faciei. • Etiologia: T. tonsurans na América. T. mentagrophytes, T. rubrum na Europa e Ásia. • Manifestação Clínica o Mácula ou placa bem demarcada com dimensões variáveis, borda elevada e regressão central. o A descamação é frequentemente mínima. o Coloração rosada a vermelha, nos pacientes negros, ocorre hiperpigmentação. Qualquer área da face, mas normalmente não é simétrica. • Diagnóstico Diferencial o Dermatite seborreica, dermatite de contato, eritema migratório, lúpus eritematoso, erupção polimorfa à luz, erupção por fármaco fototóxica, infiltrado linfocítico. • Diagnóstico o Microscopia direta e cultura. Tinea Corporis – tronco e membros* Agentes Etiológicos Dermatófitos Características clínicas ANTROPOFÍLICOS Trichophyton rubrum Vive comumente nos folículos pilosos; pode produzir anéis concêntricos; pode recorrer; é o microrganismo causador do granuloma de Majocchi e a causa mais comum de tinea T. tonsurans Comumente observado em adultos que cuidam de crianças com tinea capitis causada por esse microrganismo Epidermophyton floccosum Geralmente restrito a região inguinal, pés; responsável pelo eczema marginatum T. concentricum Responsável pela tinea imbricata; infecções tipicamente crônicas T. mentagrophytes var. interdigitale Causa tinea pedis interdigital, tinea cruris e onicomicose ZOOFÍLICOS T. mentagrophytes var. mentagrophytes Pode ser relacionado a reações tipo dermatofítides; causa tinea pedis inflamatória e tinea barbae; associado à exposição a pequenos mamíferos Microsporum canis Associados a exposição a animais domésticos (gato e cachorro) T. verrucosum T. verrucosum GEOFÍLICOS M. gypseum Frequentemente associado à exposição ocupacional em ambientes abertos; as lesões podem ser inflamatórias ou bolhosas • é uma infecção dermatofítica da pele do tronco e das extremidades, excluindo cabelo, unhas, regiões palmares, plantais e inguinocrural. • A infecção é geralmente restrita ao estrato córneo e ocorre mais em pele exposta, porém pode se desenvolver em qualquer parte do corpo. • A tinea corporis pode resultar de contágio: o inter-humano — incluindo autoinoculação, p. ex., de tinea capitis ou pedis o animal para homem o solo para homem • fisiopatologia o É causada com maior frequência pelos fungos antropofílicos Trichophyton rubrum ou Tricophyton mentagrophytes, ou pelo fungo zoofílico M. canis, disseminado por contato com gatos, cães e outros mamíferos. o Esses fungos infectam com mais facilidade a pele inflamada ou traumatizada. • Fatores Predisponentes o Exposição ocupacional ou recreacional — p. ex., alojamentos militares, ginásios, vestiários, serviços externos, luta livre o Contato com roupas e mobílias contaminadas e imunossupressão • Quadro Clinico o O período de incubação típico é de uma a três semanas. o Pápulas descamativas levemente pruriginosas que lentamente se expandem, formando um anel com bordas bem-definidas, levemente elevadas o Micose de pele glabra que se apresenta como placas anulares e descamativas levemente inflamatória, acompanhada de intenso prurido; crescimento centrífugo com tendência a clarear o seu centro; o Dependendo da espécie pode apresentar cura espontânea o As formas crônicas são mais secas o Variantes Clínicas - Tinha da face: é a denominação usada para as in- fecções por tinha que ocorrem na face, na maioria das vezes em crianças - Granuloma de Majocchi: ✓ raramente, a tinha do corpo não fica restrita ao estrato córneo. ✓ A invasão da derme por hifas acompanhando a raiz do folículo piloso pode produzir o granuloma de Majocchi, que se apresenta na forma de pápulas ou pústulas granulomatosas perifoliculares caracteristicamente na região da canela ou nos braços - Tinha incógnita: trata-se de apresentação atípica da tinha do corpo que pode ocorrer quando uma infecção por dermatófito tiver sido tratada com corticosteroide tópico potente ou com corticosteroide sistêmico. Caracteriza-se por pápulas dérmicas ou lesões semelhantes ao quérion sem inflamação, descamação ou prurido. • Diagnóstico Diferencial o Dermatite numular: placas circulares, pruriginosas e descamativas, em forma de anel, sem tendência à cura central. o Dermatite atópica: placas descamativas, eritematosas e pruriginosas em pacientes com atopia. o Pitiríase versicolor: múltiplas lesões maculosas hiper- pigmentadas ou hipopigmentadas assintomáticas com descamação final na região superior do tronco sem clareamento central. O exame direto com KOH revela tanto esporos quanto hifas. o Granuloma anular: pápulas dérmicas cor de pele, li- sas, com distribuição circular que podem coalescer, formando placas anulares. Essas placas podem variar de 1 a vários centímetros e ocorrem caracteristicamente no dorso das mãos e dos pés e nos membros inferiores. A resolução costuma ser espontânea em 1 a 2 anos. A ausência de descamação é uma característica distintiva importante. o Outros: candidíase, psoríase, pitiríase rósea, eritema multiforme, eritema medicamentoso fixo, lúpus cutâneo subagudo, sífilis secundária e eritema migratório (doença de Lyme) • Tratamento o Os medicamentos antifúngicos tópicos são efetivos para lesões isoladas da tinha do corpo. o Os medicamentos antifúngicos tópicos devem ser aplicados no mínimo 1 a 2 cm além do limite visível da lesão, e o tratamento deve ser mantido por 1 a 2 semanas após a resolução das lesões. o Se a infecção for extensiva, ou se não houver resposta ao tratamento tópico, pode-se usar griseofulvina via oral o Roupas de cama, toalhas e vestimentas devem ser lavadas e não compartilhadas com indivíduos infectados. o As crianças com infecção ativa não devem participar de competições esportivas com contato pessoal até que a infecção tenha sido tratada e curada. o Nos pacientes infectados com fungos zoofílicos, em especial nos casos de tinha da face, é importante identificar o animal infectado e tratá-lo de modo apropriado por um veterinário Tinea Manuum – mãos • A tinea manuum é uma infecção por dermatófito que afeta as faces palmar e dorsal das mãos. • É mais comum no sexo masculino e manoú rara nas crianças. •Fisiopatologia o Entre os fatores predisponentes estão trabalho manual, condições inflamatórias preexistentes nas mãos, hiperidrose, calor e umidade. o Tais fatores podem levar à quebra da barreira de proteção do estrato córneo da epiderme, permitindo a penetração dos dermatófitos. o A tinha da mão pode ser adquirida por contato direto com indivíduo ou animal afetado, ou por autoinoculação a partir de infecção fúngica nos pés ou na região inguinal. A o s espécies que mais frequentemente causam a tinha da mão são T. rubrum, Trichophyton mentagrophytes e Epidermophyton floccosum. • Quadro Clínico o Descamação fina e difusa. - Com frequência está associada à tinha do pé em mocassim. - É unilateral em cerca de 50% dos casos. - Em alguns casos, observa-se infecção fúngica concomitante nas unhas dos dedos. o Na superfície dorsal, geralmente se apresenta com padrão anular em placas vermelhas com borda descamativa. É possível haver vesículas e pápulas eritematosas • Diagnóstico o A principal característica clínica da tinha da mão é a descamação fina, sutil, difusa e assintomática em uma ou ambas as palmas das mãos. • Diagnóstico Diferencial o Dermatites de contato alérgica ou irritativa: costuma ser bilateral e apresentar-se com placas pruriginosas eritematosas não expansivas no dorso das mãos. Também é possível haver fissuras, erosões e descamação nas palmas das mãos o Psoríase: placas espessas e prateadas no dorso das mãos, geralmente associadas a placas em outros locais, como cotovelos e joelhos. • Tratamento o As infecções por tinha no dorso das mãos geralmente respondem ao uso de medicamentos antifúngicos tópicos o As infecções por tinha nas palmas das mãos em geral não se resolvem com medicamentos antifúngicos tópicos, podendo necessitar do uso de griseofulvina oral - A dose para adultos de griseofulvina micronizada é 500 mg a 1 g por dia durante 4 a 8 semanas. - A dose para adultos de griseofulvina ultramicronizada é 750 mg por dia durante 4 a 8 semanas. Tinea Cruris – região inguinal* Agentes Etiológicos Dermatófitos Características clínicas Trichophyton rubrum - Causa mais comum de tinea cruris - A infecção tende a ser crônica - Os fungos não são viáveis nas escamas (em móveis, tapetes, cortinas) por longos períodos de tempo - Frequente extensão para nádegas, cintura e coxas Epidermophyton floccosum - Comumente associado a tinea cruris “epidêmica”, principalmente em vestiários e dormitórios - A infecção é aguda (raramente crônica) - Os artroconídeos estão viáveis nas escamas (em móveis, tapetes e cortinas) por longos períodos de tempo - A infecção raramente se extende além da região inguinal - Agente causal do “eczema marginatum” (bordas bem-demarcadas com múltiplas pequenas vesículas e algumas vezes vesicopústulas) T. mentagrophytes, particularmente var. mentagrophytes - A infecção tende a ser mais grave e aguda, com inflamação intensa e formação de pústulas - Pode rapidamente disseminar-se para o tronco e extremidades inferiores, causando inflamação grave - Frequentemente adquirido de caspa de animais • A tinea cruris é uma infecção dermatofítica da região inguinal • Fatores predisponentes o Homens - porque o escroto ocupa um meio ambiente morno e úmido o Obesidade o transpiração excessiva. A tinea cruris é frequentemente associada à tinea pedis quando roupas colocadas pelos pés estão contaminadas e entram em contato com a pele da região inguinal. • Quadro Clinico o placas arciformes, eritematosas na região perineal o prurido e ardor local o descamação e vesículas são raras o a bolsa escrotal pode estar afetada e estender-se à região anal e abdominal • Diagnóstico o Placas anulares circulares ou semicirculares, de cor rosada, com borda descamativa bem-definida, na maioria dos casos encontrada nas pregas inguinais e na região superior das coxas, constituem a principal característica clínica da tinha crural. • Diagnóstico diferencial o Intertrigo candidiásico o Dermatite de contato o Alergia a cuecas e calcinhas sintéticas, desodorantes e sabões o Candidíase: apresenta-se como placas úmidas, profundamente vermelhas com pústulas-satélites. Não há clareamento central. O escroto costuma ser afetado e, às vezes, o pênis. o Eritrasma: causado por Corynebacterium minutissimum. Lesões maculosas, uniformes, de cor vermelha a castanha, sem descamação ou clareamento central. As bordas são bem definidas, mas não elevadas. As lesões apresentam fluorescência vermelho-coral brilhante ao exame com a lâmpada de Wood. o Dermatite seborreica: placas simétricas confluentes, de cor salmão, levemente descamantes na face interna das coxas. Em geral, há envolvimento do couro cabeludo e da área central da face. o Outros: psoríase e líquen plano crônico • Tratamento o Uso de medicamentos antifúngicos tópicos, de preferência creme ou loção o Os talcos absorventes de miconazol são muito úteis como adjuntos ao tratamento e podem ajudar a evitar recorrências. o A griseofulvina oral deve ser reservada às lesões refratárias disseminadas ou mais inflamatórias. - A dose de griseofulvina micronizada para adultos é 500 mg por dia durante 2 a 4 semanas. - A dose de griseofulvina ultramicronizada para adultos é 375 mg por dia durante 2 a 4 semanas. o Para prevenção de reinfecção, a tinha ungueal e a tinha do pé coexistentes devem ser tratadas. Os homens devem ser orientados a usar calças e cuecas largas. A tinha crural geralmente responde bem ao tratamento, mas é comum haver recorrências. Tinea Pedis – pés* • é uma das infecções fúngicas superficiais da pele mais comuns nos países desenvolvidos. • É mais comum nos homens do que nas mulheres e nas crianças. • Entre os fatores de risco estão utilização de piscinas e chuveiros públicos e uso de sapatos fechados. • Fisiopatologia o A pele das regiões plantares tem uma camada espessa queratinizada e numerosas glândulas sudoríferas écrinas. A combinação de queratina abundante, transpiração e oclusão dentro do sapato cria um ambiente perfeito para infecções por dermatófito. o A tinha do pé crônica não inflamatória costuma ser causada por T. rubrum. É possível que haja uma predisposição genética para esse tipo de tinha do pé. o A tinha do pé vesiculobolhosa em geral é causada por T. mentagrophytes. • Quadro Clínico o Os pacientes geralmente se queixam de prurido e descamação persistente ou, com menos frequência, de bolhas na superfície plantar ou no espaço interdigital. o Os pacientes podem se apresentar com três padrões de tinha do pé: - Padrão interdigital com descamação, fissuras ou maceração ou odor desagradável, em geral no quarto espaço interdigital. É possível haver infecção secundária por gram-negativos ou gram- positivos. A tinha pode disseminar-se para o dorso do pé, criando placas descamativas anulares. - Padrão difuso em mocassim com descamação seca, prateada a branca nas plantas dos pés, estendendo-se às laterais do pé na sua forma branda, observam-se pequenos arcos escamosos e disseminados. É possível que haja onicomicose e tinha da mão concomitantes. - Padrão vesiculobolhosos com vesículas e/ou bolhas na superfície plantar, em especial no arco, acompanhadas por inflamação e dor. A infecção bacteriana secundária nas bolhas pode evoluir para celulite ou linfangite • Diagnóstico o A principal característica clínica diagnóstica da tinha do pé é constituída pelas placas descamativas e/ou pelas bolhas nos pés. • Diagnóstico Diferencial o Dermatite de contato: placas eritematosas simétricas no dorso do pé, geralmente causadas por alergia a um ou vários componentes de calçados com borracha, couro ou metal. o Eczema disidrótico (pônfolix): numerosas vesículas pruriginosas simétricas com aspecto de “pudimde tapioca” nas faces laterais das plantas dos pés e/ou das palmas das mãos. É mais comum em pacientes com hiperidrose. o Psoríase: há dois padrões observados nos pés - placas eritematosas descamativas ou pústulas dolorosas simétricas. Em ambos, é possível haver distrofia ungueal. o Outros: calos moles interdigitais, eritrasma e dermatite atópica. • Tratamento o As infecções interdigitais costumam responder a diversos medicamentos antifúngicos tópicos o A tinha do pé́ em forma de mocassim, seca, pode responder a medicamentos antifúngicos tópicos, mas em geral requer medicamento antifúngico oral para resolver a infecção. As recorrências são comuns. o A tinha vesiculobolhosa aguda do pé pode ser tratada com compressas úmidas de Burow e medicamentos antifúngicos tópicos ou orais. o As infecções bacterianas secundárias devem ser tratadas com antibiótico tópico ou oral o A griseofulvina pode ser usada se a tinha do pé́ não responder aos medicamentos antifúngicos tópicos: - Griseofulvina micronizada, dose para adultos, 500 mg a 1 g por dia durante 4 a 8 semanas - Griseofulvina ultramicronizada, dose para adultos, 750 mg por dia durante 4 a 8 semanas. Tinea Unguium (onicomicose) – unhas • As onicomicoses são mais comuns em pacientes do sexo masculino, imunossuprimidos, diabéticos, infectados pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) ou que tenham problemas circulatórios. • Traumatismos ou distrofia ungueal também predispõem o paciente à infecção por fungos • Etiologia o Dermatófitos: T. rubrum, T. mentagrophytes e E. floccosum. o Fungos não dermatófitos: Acremonium, espécies de Aspergillus, Cladosporium carrionii, espécies de Fusarium, Onyhcocola canadensis, Scopulariopsis brevicaulis, Scytalidium dimidiatum e Scytalidium hyalinum. o Leveduras: Candida albicans. • Quadro Clínico o Os pacientes em geral queixam-se de espessamento ou alteração na cor das lâminas ungueais. o Dor ou hiperestesia pode estar presente. o Os pacientes com frequência relatam história de outras infecções fúngicas na pele, especialmente tinha do pé e da mão. o Os achados iniciais são estrias ou placas brancas/ama- relas ou laranjas/acastanhadas sob a lâmina ungueal. o À medida que a infecção progride, podem ocorrer hiperceratose subungueal, onicólise (separação da lâmina ungueal e do leito ungueal) e espessamento da lâmina ungueal. o Padrões principais de infecção: - Subungueal distal: as unhas são distróficas e espessadas. Há alteração na cor (branca, amarela, laranja ou castanha). - Subungueal proximal: segmento proximal da unha com coloração branca, mas sem estar esfoliando. - Branca superficial: a lâmina ungueal fica branca e esfoliativa - Candida: casos brandos podem produzir apenas leuconíquia difusa (manchas brancas sob a lâmina ungueal). - Os casos graves podem apresentar alteração na cor para amarelo-acastanhado, com leito ungueal espessado e edema da prega ungueal lateral e proximal. A onicólise é comum e pode haver hiperceratose subungueal Tinea Barbae – barba • Sinonímia: sicose tricofítica • Comum no trabalhador rural que se infecta em contato com as vacas na coleta do leite • Agentes etiológicos: T. mentagrophytes, T. verrucosum TRATAMENTO Queda temporária, parcial ou total, dos cabelos ou dos pelos do corpo todo. Distingue-se da calvície porque nessa condição a perda é apenas dos cabelos FORMAS CLINICAS • Eflúvio Telógeno – Perda difusa dos pelos com redução da densidade pilosa. o Pós-parto (inicia-se 2 a 3 meses após o parto). o Nutricional (desnutrição, deficiência de ferro, de zinco de proteínas, dietas de emagrecimento). o Doenças sistêmicas (lúpus eritematoso sistêmico, anemias, diabetes, hipo e hipertireoidismo, hepatites, dermatomiosite) o Estresse (físico ou psicológico) o Medicamentos (contraceptivos orais, heparina, dicumarínicos, retinoides, betabloqueadores, quimioterápicos) o Intervenções cirúrgicas. • Eflúvio Anágeno – Queda difusa dos pelos, incluindo os pelos em fase de crescimento. o Doenças infecciosas agudas, micose, sífilis secundária o Quimioterapia antineoplásica, Radioterapia o Intoxicação exógena (arsênio, ouro, ácido bórico, tálio). • Alopecia Cicatricial – Por destruição de folículos pilosos. o Infecções fúngicas, viróticas, bacterianas, sífilis terciária o Nevo epidérmico o Penfigoide cicatricial, líquen plano, sarcoidose o Colagenoses (lúpus eritematoso sistêmico, esclerodermia). o Neoplasias malignas o Agentes físicos ou químicos (ácidos e álcalis), queimaduras, congelamento, radiodermatite. • Alopecia Androgenética (calvície de padrão masculino) o Decorrente de estímulo das raízes pilosas por hormônios masculinos. o Geneticamente determinada (autossômica dominante). o Ação de androgênios • Alopecia Areata – Perda de pelos em placas, sem sinais inflamatórios ou atrofia da pele. o Provavelmente autoimune o Fatores infecciosos (bacterianos), emocionais, endócrinos • Alopecia De Tração - Perda pilosa irregular. o Tricotilomania (arrancar os próprios cabelos ou pelos). o Faixas ou fitas apertadas na cabeça. • Tinha da Cabeça - Infecção fúngica (espécies de Microsporume Trichophyton) • Dermatite Seborreica – Fator agravante das diversas formas clínicas de alopecia. o Placas de pelos quebradiços próximas ao couro cabeludo, com sinais inflamatórios. QUADRO CLINICO • Perda parcial ou geral dos cabelos ou dos pelos do corpo todo. • Prurido e descamação do couro cabeludo (tinha da cabeça). • Cabelos quebradiços (tinha da cabeça e alopecia de tração) • Redução dos pelos nas bordas da placa de alopecia (alopecia areata) • História familiar de calvície • Estresse físico ou psicológico MÉTODOS DIAGNÓSTICOS • Reações sorológicas para sífilis • Hemograma, Ferro sérico e Ferritina • Provas de função tireoidiana • Níveis hormonais em mulheres adultas • Investigação laboratorial para lúpus eritematoso sistêmico • Biópsia do couro cabeludo em casos especiais • Antiestreptolisina O (ASLO) CONDUTA TERAPÊUTICA (PROTOCOLO/ESQUEMA TERAPÊUTICO) *OPÇÕES MINOXIDIL • Alopecia androgenética o Minoxidil tópico 2 a 5%; ou finasterida, VO, 1 mg/dia (homem: evitar o uso 3 meses antes de engravidar a mulher; contraindicado para mulheres em idade fértil). Mulheres com alterações hormonais – Espironolactona 200 mg/dia ou acetato de ciproterona. • Alopecia areata o Corticoides tópicos de alta potência ou intralesionais. • Tinha da cabeça o Griseofulvina, 15 a 20 mg/kg/dia (em crianças durante 8 semanas).
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