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As Cidades do Futuro e a Computação O livro de Cristiano Maciel e José Viterbo, Informática & Sociedade, é uma cooperação entre diversos estudiosos para abranger diversos conteúdos relacionados à temática homônima. O capítulo abordado nesta resenha, o décimo primeiro da obra, intitulado “As Cidades do Futuro e a Computação”, retrata o conceito de Cidade Inteligente na contemporaneidade como algo atrelado ao desenvolvimento social e econômico, consequentemente conjunto ao contexto da 4º revolução industrial. Para uma melhor conceitualização do termo Cidade Inteligente, o IBCIHS—Instituto Brasileiro de Cidades Inteligentes, Humanas e Sustentáveis—formalizou uma definição com o objetivo de suprir a brecha presente nas definições acerca do tema, sendo essa “Cidade Humana, Inteligente, Criativa e Sustentável”, ou simplesmente CHICS, apresentando-se como a mais alinhada com o contexto e anseios da sociedade brasileira. Segundo o instituto, uma CHICS tem como pressuposto uma gestão integrada, integral, sistêmica e transversal de suas 5 camadas: subsolo, solo, infraestrutura tecnológica, internet das coisas, inteligência artificial e blockchain. Concomitante com a primeira exposição da obra, assegura-se a suma importância de conceitualizar Cidades Inteligentes, visto que, em uma dimensão urbana—e, por conseguinte, social—, a busca por um ideal de qualidade em uma multitude de âmbitos constata-se como motivação para o trabalho conjunto entre governo e população, relacionando-se, portanto, intrinsecamente com a realização do patamar procurado, visto que o engajamento dos cidadãos mostra-se como um dos pilares de uma sociedade conectada, assim como elencado pelo framework de Gil-Garcia et al. (2012) [1]. Relativo ao framework apresentado e discutido no capítulo do livro, cuja estrutura foi baseada no de Gil-Garcia, aprecia-se a atenção dada às diferentes instâncias de uma cidade, visto que todas as áreas determinantes para um bom funcionamento de uma cidade foram, diretamente ou por inclusão em um tópico mais amplo, propriamente abordadas. Além do mais, destaca-se a importância dada ao que se trata do tecnológico no modelo utilizado, que pertinentemente fez uso de TICs, dados e informação como As Cidades do Futuro e a Computação bases para as outras categorias e parâmetros visto que tais ferramentas estão presentes em praticamente todas as iniciativas relacionadas à Cidades Inteligentes. Por meio das mesmas, é dada a possibilidade do cidadão agir como usuário ativo já que o mesmo terá participação direta na governança e administração da cidade. Em contrapartida, mesmo que o modelo apresentado se mostre otimizado para fins de demonstração das possibilidades relacionadas à temática, adverte-se que há alta dependência do nível de harmoniosidade governo-população e entre a população em si para a realização do projeto. Constata-se, portanto, a crítica não à proposição do modelo em si, mas à sua dificuldade de praticabilidade em um cenário concreto, visto que há uma maior dissonância social aparente em cidades de maiores magnitudes. A superação dessa barreira, entretanto, implica em um novo patamar e facilidade de tomadas de decisões, até mesmo das mais sensíveis, por conta da unicidade do direcionamento e interesse geral dos cidadãos. É importante frisar que não se busca um pensamento fixo e de rebanho por parte das pessoas, mas sim que elas tenham em mente que estão inclusas em um projeto de caráter universal (quanto à cidade como um todo), tornando-se necessária a colaboração individual para alcançar o progresso coletivo. Considera-se, por último, a atenção exacerbada dada ao caminho realizado até a concretização de uma Cidade Inteligente. Embora esse seja o passo atual a ser dado, é necessário discutir os métodos de mantimento da mesma por ser um modelo frágil devido à natureza efêmera do que é visto como necessário e desejável em uma cidade, requisitando constantes mudanças na sua estruturação para a manutenção do seu patamar. Desse modo, após obter o equilíbrio necessário para atingir o estado de Cidade Inteligente, torna-se de suma importância manter—e até intensificar—os esforços para que a sua continuidade não seja apenas um projeto idílico ou um ponto momentaneamente alcançado. O conceito utilizado no próprio capítulo se diz em seu auge; porém, ao seguirmos a lógica comparando este desenvolvimento nas últimas décadas, quando não desde a origem da humanidade, não há sentido apenas em abordar o tópico sem relatar o processo para manutenção deste estado de Cidade Inteligente. Além As Cidades do Futuro e a Computação disso, o pressuposto de Cidade Inteligente idealizado no capítulo é uma faca de dois gumes, pois, apesar do desenvolvimento tecnológico, podem haver casos de uso indevido dos dados da população. No melhor dos casos, eles deverão estar em completo sigilo, mas no contexto em que os dados de consumo de todos têm um extremo valor comercial, estar completamente exposto é um risco para a população como um todo, pois simples algoritmos podem ditar facilmente uma tendência e gerar esquemas de manipulação social. Atualmente, a sociedade não está plenamente preparada para isso e já vemos consequências disso, como o caso das eleições americanas de 2016, em que os dados de cerca de 87 milhões de pessoas de todo o mundo foram utilizados para moldar anúncios que levassem em conta os medos, necessidades e emoções das pessoas. Em última análise, chega-se à conclusão de que o estado de Cidade Inteligente é, como demonstrado no capítulo, embora mutável, um caminho válido para o desenvolvimento de um pressuposto social embasado na coexistência equilibrada dos vários ramos derivados de iniciativas tecnológicas. Entretanto, mostra-se como um aviso, nos mostrando que o acesso de dados da população e do meio em que vivem também pode ser utilizado como ferramenta para manipulação social em massa, resultando em um risco de caráter possivelmente distópico. As Cidades do Futuro e a Computação [1] Chourabi, H., Nam, T., Walker, S., Gil-Garcia, J. R., Mellouli, S., Nahon, K., Pardo, T. A., & Scholl, H. J. (2012). Understanding Smart Cities: An Integrative Framework. In 2012 45th Hawaii International Conference on System Sciences. Available from https://www.researchgate.net/publication/254051893
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