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microflora intestinal humana
GABRIEL S. MIRANDA – MEDICINA FTC
● Uma microbiota saudável mantém estável o número e a diversidade da composição de microrganismos. 
● Eubiose é conceito de equilíbrio. A disbiose, por sua vez, compreende o desequilíbrio. Por trás da asma brônquica, da obesidade, da diarreia, da constipação, da Doença Inflamatória Intestinal, de neoplasias, tem a DISBIOSE... é o que explica em parte essas patologias. 
● Os patobióticos estão em menor proporção no nosso intestino, mas possuem capacidade/potencial de causar doença, basta achar uma oportunidade (ex., E. Coli, Clostridium difficile, etc.). Por exemplo, um paciente com histórico de uso prolongado de antibiótico, o antibiótico ataca a flora comensal, põe ela em desequilíbrio e faz os patobióticos crescerem e desenvolverem doenças... um caso clássico disso é a colite pseudomembranosa por clostridium difficile. 
● Além disso, precisamos ter um turnover (rotatividade) diário, através de uma boa alimentação, uma boa qualidade de vida!
● Comensais entenda microbiota intestinal habitual e simbióticos entenda como probióticos. Os comensais e os simbióticos mantêm o equilíbrio para evitar que os patobióticos proliferem e causem doença. 
COMPOSIÇÃO NA SAÚDE E NA DOENÇA
A MICROBIOTA INTESTINAL SOFRE ALTERAÇÕES AO LONGO DA VIDA...
● Ao longo da vida vamos variando a microbiota intestinal!
● O conceito de vida intrauterino estéril vem sendo contestado! Existem estudos que já atestaram a presença de microrganismos, por exemplo, no mecônio, liquido amniótico e cordão umbilical. Já acreditam que a contaminação pelos microrganismos já acontece na vida intrauterina e não no momento do nascimento. Essa microbiota seria basicamente a microbiota que a mãe teve contato durante a gestação.
● Quem é amamentando e quem não é, tem diferença na microbiota. 
FATORES QUE INFLUENCIAM O EQUILÍBRIO DA MICROBIOTA
● Genético é o fator imutável. 
Microbiota humana
● Hipócrates já dizia muito tempo antes de cristo, “todas as doenças iniciam do intestino”. É claro que não havia comprovação nenhuma sobre flora intestinal, mas ele já especulava. 
● 1014 microrganismos colonizam a mucosa intestinal = 3-4 milhões de genes. 
● A microbiota humana possui diversas atividades metabólicas: 
→ Extração de energia e nutrientes dos alimentos; 
→ Biossíntese de vitaminas; 
→ Auxilia na digestão; 
→ Estímulo ao sistema imune inato e adaptativo; 
→ Manutenção da integridade epitelial; 
→ Metabolismo de drogas (tem metabolização pelo fígado, rim e até mesmo pela microbiota). 
● Famílias da microbiota humana: Firmicutes, Bacterioidetes, Actinobacteria, Probacteria, Verrucomicrobiota e Fusobacteria. 
● Em 1954 Ferdinand Vergin introduziu o termo “probiotika”. O termo probiotika se refere a microrganismos vivos que exercem efeito benéfico no sistema hospedeiro, e esses organismos vivos agem em simbiose com a microbiota humana. Então existem as bactérias que compõem a microbiota humana e existem as espécies de bactérias chamadas de “probióticos/probiotika” que auxiliam essa microflora intestinal, na promoção de saúde do indivíduo. 
● Apesar da gente ter as mesmas bactérias compondo os diferentes sítios do nosso corpo, a concentração de cada bactéria varia de acordo com o sítio. 
Microbiota humana – probióticos
● Probióticos são microrganismos vivos que, quando ingeridos em quantidade satisfatória, conferem benefício à saúde do hospedeiro (definição pela OMS). 
● Na flora intestinal encontramos as seguintes bactérias: lactobacillus, bifidobacterium (essas duas anteriores são as principais), bacillus, Streptococcus, leuconostoc mesenteroides, enterococcus e propionibacterium. 
● Na flora intestinal encontramos as seguintes leveduras e fungos: Saccharomyces (principal), aspergillus, cândida pintolipesii. 
● O mecanismo de ação dos probióticos acontecem basicamente em 3 planos: (1) luz intestinal; (2) epitélio: efeito barreira – células de paneth e produção de muco; (3) lâmina própria: modulação do sistema imunológico. 
● O rosa é a luz intestinal, o azul é o epitélio e o lilás a lâmina própria. Os probióticos agem nesses 3 planos. Na luz intestinal vão promover a produção de substancias benéficas relacionadas ao sistema imune, que são as bacteriocinas e as defensinas. No epitélio vão promover o efeito barreira, aumentando as junções, mantendo as células epiteliais unidas impedindo o transporte paracelular e vão agir nas células de paneth e caliciformes estimulado a produção de determinas substancias que defendem o organismo, defensinas e o muco. Na lâmina própria vão agir na regulação da resposta imune, regulando a produção de TREG, Th1 e Th2. 
Como agem os probióticos?
● A foto abaixo é uma ampliação da foto do tópico anterior e só reforça os mecanismos de ação da flora intestinal. 
● Probióticos são microrganismos vivos, ao passo que prebióticos são fibras. Todo prebiótico é uma fibra solúvel, porém, o contrário não é verdade. 
● Vale ressaltar que existem bactérias que adquirem comportamento patológico quando mudam de meio alcalino ou ácido, depende. 
● A produção de imunoglobulinas pela flora vai nos proteger contra os microrganismos que a gente adquire através da alimentação, visto que nossa alimentação não é estéril. 
● AGCC significa “ácidos graxos de cadeira curta” que vão servir de energia para os enterócitos. 
Prebióticos
● Os dois primeiros “pontinhos” do slide abaixo são definições de “prebióticos”. 
● O alvo dos prebióticos são as bactérias da luz intestinal... os prebióticos são como se fossem um reforço para os probióticos, é um suporte. Você pode encontrar prebióticos em formulação sozinho ou em formulação em associação com probióticos (bifidobacterias e lactobacilos). 
Desordens associadas a alterações de microbiota humana
● Os exemplos abaixo de desordem são na gastroenterologia... isso não quer dizer que só existem essas desordens, existem outras desordens em outros especialidades. Por exemplo, na dermatologia tem lá a urticaria e tal. 
● Obesidade; 
● Doença inflamatória intestinal (DII); 
● Esteato hepatite não alcoólica; 
● Síndrome do Intestino Irritável (SII); 
● Dispepsia funcional. 
OBESIDADE
● Acredita-se que uma desregulação na relação da microbiota de bactérias “firmicutes/bacterioidetes”, um aumento dessa relação, explique porque o processo de obesidade se desenvolve/permanece em um indivíduo não saudável e no individuo saudável não se desenvolve. Explica também a questão da síndrome metabólica em algumas pessoas e outras não. 
● A microbiota intestinal em obesos é diferente da microbiota em pessoas saudáveis. Além disso, a dieta por si só não é suficiente para produzir obesidade... claro que contribui, mas existem outros fatores associados. Por exemplo, a microbiota do obeso faz com que o obeso adquira mais energia dos componentes da dieta, ajuda o obeso a manter o peso, a aumentar o acúmulo/armazenamento de energia.... há uma alteração de genes do hospedeiro que regulam o consumo e o armazenamento de energia fazendo que o obeso aumente o armazenamento de energia e mantenha o peso elevado. 
Síndrome do intestino irritável
● A microbiota da pessoa com SII é diferente da microbiota da pessoa saudável. Se você tira o FODMAP do paciente com SII, você traz a microbiota dele para o mais próximo do normal. 
● Os probióticos que estão no slide abaixam ajudam nos sintomas do paciente com SII, fazem parte da terapêutica da SII. 
● Qual a dieta do FODMAP que deve ser retirado? Tudo do quadro abaixo. Na SII deve recomendar tirar essa dieta abaixo. 
● FODMAP = oligo, mono e dissacarídeos fermentáveis. 
Doença inflamatória intestinal
● A DII compreende a Doença de Crohn (DC) e a Retocolite Ulcerativa (RCU). Essa doença surge em resposta a uma inflamação, resposta imune celular na mucosa do TGI. Se não houvessem bactéria no intestino, não existiria colite, pois, não existira processo inflamatório e, portanto, não haveria DII. Além disso, é importante ressaltar que não é só uma alteração da microbiota intestinal que explica a DII, a genteprecisa entender que além da alteração da flora, tem também a predisposição genética que faz com que o individuo tenha uma reação imune (produção de IL e TNF) anormal na mucosa intestinal. 
● 10% dos casos de colite são incialmente indistinguíveis, isto é, “colite indeterminada”. 
● Uma das principais indagações que as pessoas fazem é: o que é que acontece primeiro? É a alteração da microbiota que causa DII, ou, a alteração da microbiota é uma consequência da DII? O que a gente sabe é que no paciente com DII, existe uma redução da diversidade da microbiota. Então assim, se o normal da pessoa saudável é ter 6 tipos de famílias de bactéria, por exemplo, no indivíduo com DII ele tem 3 (é um exemplo esporádico). E além de ter 3, ainda tem um comportamento patológico dessas 3 famílias, um comportamento pró-inflamatório. Em síntese, na DII além da microbiota ser reduzida, tem um comportamento anormal. 
● A DC pode acontecer em qualquer ponto do TGI, desde a boca até o ânus. Contudo, a retocolite, como o próprio nome diz, ela só pode acontecer no cólon e/ou reto. Existe uma alta prevalência de DII em menores de 30 anos, de 14 a 24 anos.... o segundo pico é entre os 50 e 70 anos. A incidência é igual tanto para homens quanto para mulheres. Em pessoas com parentes de primeiro grau com DII, tem de 4-20x mais risco de desenvolver DII (DC > RCU).

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