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Relatorio ultimo pronto pdf estagio psicanalise

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA BOM DESPACHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RELATÓRIO DE ESTÁGIO ESPECÍFICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BOM DESPACHO 
2020 
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA BOM DESPACHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RELATÓRIO DE ESTÁGIO ESPECÍFICO 
 
 
 
 
 
 
 
 Supervisor: 
Prof. Felipe Viegas Tameirão 
 
Acadêmico(a): 
Camila Angélica Faustina Couto 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BOM DESPACHO 
2020 
Sumário 
1. PROJETO DE ESTÁGIO........................................................................................ 4 
2. INTRODUÇÃO.........................................................................................................5 
3. RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA.............................................................................6 
3.1 Teoria psicanalítica................................................................................................6 
3.2 Estruturas clínicas e seus mecanismos de defesa................................................8 
3.3 Estudo de caso.....................................................................................................10 
3.3.1 Caso clínico I......................................................................................................10 
3.3.2 Caso clínico II.....................................................................................................12 
4. CONCLUSÃO.........................................................................................................15 
5. REFERÊNCIAS......................................................................................................16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. PROJETO DE ESTÁGIO 
Estagiária: Camila Angélica Faustina Couto 
Estágio realizado: Atendimento clínico com referencial teórico psicanalítico, efetuado 
em formato on-line durante o período de Pandemia do Covid-19. 
Início: 04/08/2020 
Termino: 12/11/2020 
Supervisor Acadêmico: Felipe Viegas Tameirão - CRP 04/22919 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2. INTRODUÇÂO 
O seguinte relatório faz-se referência a um estágio obrigatório e específico, 
realizado através de atendimento clínico on-line, referenciado pela Psicanalise. 
Diante da pandemia do Covid-19, foi necessário a reformulação de várias 
atividades, com isso, o atendimento psicológico onde sua realização de modo on-line 
já era autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia através da resolução nº 11 de 
11 de maio de 2018, tomou uma adesão maior por parte dos profissionais e também 
do público. 
Tendo em vista esse novo cenário, surge a possibilidade de realizar de modo 
on-line, o estágio especifico clínico, onde fazemos os atendimento em formato de 
psicoterapia on-line através de encaminhamentos feitos pelo CREAS, pelo 
ambulatório de saúde mental e pela UBS da cidade de Bom Despacho. 
 O estágio teve duração de pouco mais de três meses, eu atendi três mulheres, 
uma de 24 anos, outra de 30 e outra com 33 anos. Foram realizados em média treze 
atendimentos com cada paciente. As supervisões com o orientador Felipe Tameirão 
foram realizadas em torno de uma hora e meia semanalmente em um grupo de três a 
seis estagiários. No presente relatório faço um breve histórico da psicanalise, 
introduzo conceitos importantes e em seguida relato dois dos casos atendidos por 
mim. 
 
 
6 
 
3. RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA 
3.1 Teoria psicanalítica 
 A Psicanalise é uma abordagem da Psicologia elaborada por Sigmund Freud, 
os estudos dessa teoria foi iniciado por ele ainda dentro da medicina, mas foi com a 
publicação da obra A Interpretação dos Sonhos, no início de 1900, que a psicanalise 
obtém um marco histórico, esta obra trouxe a noção de inconsciente, contrapondo as 
teorias de interpretações do comportamento humano da psicologia empirista que se 
focava em dados quantificados e mensuráveis, desprezando aspectos inconscientes. 
 Conforme mencionado por Paula e Mendonça (2009), Freud postula como 
técnica de investigação, a associação livre, onde o paciente fala o que vem à mente 
durante o processo terapêutico e seu discurso é analisado em contexto, e também 
produções intelectuais como transferência, resistência e desejo. Assim, os processos 
psíquicos inconscientes e conceitos como sexualidade, complexo de Édipo e recalque 
são os fundamentos da teoria psicanalítica. 
 A psicanalise também busca compreender o indivíduo nas expressões não 
ditas, nos sonhos, delírios e atos falhos. É notório a importância do estudo do 
inconsciente para essa teoria, “os processos psíquicos inconscientes representam os 
conteúdos que não estão presentes na consciência e são reprimidos e recalcados. Ou 
seja, são aqueles aspectos que os indivíduos não conseguem revelar.” Paula e 
Mendonça (2009, p. 95). 
Freud propôs uma teoria estrutural do aparelho psíquico, a princípio nomeada 
de primeira tópica de Freud, sendo disposto do consciente, pré-consciente e 
inconsciente, e posteriormente de segunda tópica de Freud, substituindo os conceitos 
anteriores consecutivamente por superego (representa a moral), ego (princípio da 
realidade) e id (princípio do prazer), essas estruturas interagem constantemente para 
que ocorra o funcionamento do aparelho psíquico. 
 Outro marco da psicanalise se deu perante a compreensão de Freud sobre a 
sexualidade humana, antes entendia que a sexualidade começava a ser desfrutada a 
partir da adolescência, entretanto Freud comprova através de exames analíticos em 
adultos e observação em crianças, que as funções sexuais se dá no início da vida 
extrauterina. Ressalva que Freud afirmava que a sexualidade não estava relacionada 
apenas aos órgãos genitais, para ele a sexualidade se ramificava a diversas partes 
do corpo, nomeadas de zonas erógenas, a partir disso, ele distende as fases do 
7 
 
desenvolvimento psicossexual do começo da vida até a adolescência, são elas: fase 
oral, fase anal, fase fálica, fase de latência e fase genital. 
 Freud afirma que a energia sexual, a libido, é a propulsão das ações dos 
indivíduos, não necessariamente dos desejos sexuais, mas energia presente nas 
atividades cotidianas, como no trabalho por exemplo, um indivíduo pode realizar bem 
seu trabalho movido pelo amor a ele, assim como pode não querer se envolver com 
muitas atividades e pessoas devido a uma baixa libido, ou seja libido é energia de 
vida, e ele chega a essa conclusão após estudos sobre os instintos e pulsões na vida 
humana. 
 
Os instintos são fatores que promovem e impulsionam a dinâmica da 
personalidade dos homens. São forças biológicas que liberam a 
energia mental. Freud considerava que existem instintos de vida, as 
pulsões de vida (eros), e os instintos ou pulsões de morte (thanatos), 
que são uma força destrutiva. As pessoas são regidas por esses dois 
instintos e pulsões. (PAULA E MENDONÇA, 2009, p.99). 
 
 Tendo isso em vista, Silva (2007, p. 117 apud Marcuse 1966, p.33), ao dizer 
que “os instintos têm que ser desviados de seus objetivos, inibidos em seus anseios. 
A civilização começa quando o objetivo primário – isto é, a satisfação integral de 
necessidades – é abandonado”. Ou seja, os instintos precisam ser domesticados pela 
impossibilidade de serem realizados em sociedade. Esse processo se inicia no 
decorrer da fase anal e propriamente na fase fálica, pela castração do falo, o complexo 
de Édipo, a imposição do nome do pai, a inauguração do não na vida do indivíduo. 
 O complexo de Édipo é um importante processo de estruturação da 
personalidade, da identificação com os pais e aquisição de valores. Alguns autores 
dizem que ocorre entre os dois e cinco anos de idade, quando a figura materna é 
objeto de desejo do menino e a figura paterna seu rival, que impede o acesso ao 
objeto desejado. Nesse período o menino anseia pelo amor da mãe e compete com o 
pai, se coloca à disposição da mãe, sente ciúmes dela,e tenta imitar, se assemelhar 
com o pai em busca de ter a mãe, e assim a criança passa a internalizar as regras e 
normas sociais imposta pela autoridade do pai, posteriormente, por medo do pai, 
manifestado pela angustia da castração e temor que o pai retire seus órgãos sexuais, 
desenvolve o sentimento de culpa e então desiste da mãe em troca de poder participar 
8 
 
do mundo social. Com as meninas esse processo ocorre com a inversão das figuras 
de desejo e de identificação, o chamado complexo de Electra. 
 Assim a criança é barrada, limitada e investe sua energia sexual, a libido em 
outros objetos, para além do próprio corpo ou das figuras parentais, pela sublimação 
torna-se um ser social e ocorre o processo da produção das neuroses. 
 
3.2 Estruturas clínicas e seus mecanismos de defesa 
 
 A personalidade dentro da psicanalise clássica é entendida por três estruturas, 
psicose, perversão e neurose. Freud desenvolveu a psicanálise em alguns pilares, 
sendo o complexo de Édipo um dos fundamentadores das estruturas clinicas. Como 
já mencionado dentro da família, pai, mãe e filho(a) ocorre uma dinâmica de castração, 
a figura materna é o objeto de amor, a figura paterna, o representante da lei, e a 
criança que transita entre um e outro, atravessando diversas fases em seu 
desenvolvimento até que possa, ou não, constituir-se como sujeito de desejo e de 
linguagem, inserido na civilização. 
 As estruturas são decorrentes da resolutividade do complexo de Édipo, da 
conduta das figuras parentais. A definição da estrutura pode estar associada a fatores 
genéticos, hereditários, porém como o sujeito desempenha, apreende e interpreta sua 
história diante das funções materna e paterna é predominante nesse desenrolar. 
Segundo Freud, cada estrutura possui um mecanismos de defesa especifico. 
Os mecanismos de defesa são importantes para o funcionamento psíquico, 
exteriorizada por uma série de operações realizadas pelo ego frente aos perigos que 
procedem do id, do superego e da realidade externa, Gomes et. al (2008 p.110 apud 
FADIMAN, 1980) ao dizer que “os mecanismos de defesa são um conjunto de 
operações que permitem reduzir ou suprimir estímulos que possam causar desprazer, 
tentando, assim, manter o equilíbrio do aparelho psíquico.” 
A psicose, designa uma reconstituição delirante ou alucinatória, por parte do 
sujeito que não consegue chegar à simbolização e linguagem. Há estudos que 
elencam como uma simbiose mãe-filho. O mecanismo de defesa dessa estrutura é 
conhecido como forclusão ou foraclusão, termo desenvolvido por Lacan. O psicótico 
encontraria fora de si tudo que exclui de dentro. O problema para o psicótico está 
sempre no outro, no externo, mas nunca em si. 
A perversão, é uma negação da castração, com fixação na sexualidade infantil. 
O sujeito aceita a realidade da castração paterna, que, para ele, é inegável, mas, ainda 
9 
 
assim, diferente do neurótico, tenta desmenti-la e negá-la, é o desmentido. Seu 
mecanismo de defesa específico é a denegação, recusa em reconhecer um fato, um 
problema, um sintoma, uma dor. 
Já a neurose para Freud, se dá na fixação da libido ao longo do 
desenvolvimento, apresenta como mecanismo de defesa o recalque ou repressão, o 
conteúdo problemático é mantido em segredo, tanto dos outros quanto de si próprio, 
para que alguns conteúdos fiquem recalcados ou reprimidos, a neurose provoca no 
indivíduo uma cisão da psique. Tudo o que é doloroso é recalcado e permanece 
obscuro, causando sofrimentos que o indivíduo tem dificuldade de identificar a causa, 
apenas os sente e como sintoma passa a reclamar de outras coisas, ele goza do seu 
sintoma ao querer uma coisa e fazer outra. A neurose se divide em obsessiva e 
histérica. Costa e Ferreira (2019, p. 255), as descreve como manifestações no corpo 
e pensamento: 
 
Partindo da definição básica de histeria como conversão, podemos 
afirmar que, no caso específico da histeria, os sintomas se inscrevem, 
fundamentalmente, no corpo. Isso equivale dizer que o sujeito histérico 
fala com o corpo, mesmo que não saiba, de fato, o texto ou o sentido 
deste texto. Não o sabe pois essa escrita advém do inconsciente. Na 
neurose obsessiva, por sua vez, tomando-a como uma neurose do 
pensamento, tais manifestações se inscrevem na conduta e no 
pensamento e, de modo semelhante, esta também desconhece o texto 
que o atormenta. 
 
 Na neurose obsessiva, o sujeito tenta direcionar a libido para fora do corpo, 
nesses sujeitos é comum sintomas como racionalização, dúvida, hesitações, 
restrições, controle, ambivalência afetiva, entre outros que perpassam pelo campo das 
ideias, seu desejo é posto como impossível. Já o sujeito histérico se apresenta na 
sedução do Outro, ou como objeto de desejo do Outro, a histérica não quer gozar do 
seu desejo, somente quer desejar o desejo insatisfeito. 
 
Enquanto o histérico se questiona sobre o corpo e a sexualidade de 
maneira ruidosa direcionando ao Outro, por meio de seu próprio corpo, 
sua demanda de amor, o sujeito obsessivo se esforça para direcionar 
toda sua libido para fora do corpo, na tentativa de silenciar, inibir e 
mortificar tudo que se faça sexual, com a intenção de fazer do seu 
corpo uma fortaleza impenetrável (COSTA E FERREIRA, 2019, p. 255 
apud BASTOS; COPPUS, 2012, p. 117). 
 
 A clínica psicanalítica considera o sujeito da história, o sujeito do desejo e o 
sujeito do direito. Identifica-se as estruturas dos sujeitos para se ter uma direção do 
tratamento, classificar as estruturas é iniciar a compreensão do sujeito e seus 
10 
 
sintomas, tornando mais assertivo o processo e intervenções necessárias e 
contextualizadas. 
3.3 Estudo de caso 
 Através do estágio on-line, foram atendidas três mulheres na faixa etária de 25 
a 33 anos, entre agosto e novembro de 2020, a partir dos atendimentos e discussões 
feitas em supervisão, torna-se possível estabelecer um diálogo entre cada paciente, 
estrutura clínica e mecanismos de defesa dentro da relação terapêutica, para isso 
usarei nomes fictícios em prol de preservar a confidencialidade ética. 
Segundo Gomes et. al 2008, aliança terapêutica (AT), primeiramente delineada 
por Freud em 1912 como transferência positiva, parece ter papel central de um bom 
prognostico. Define-se AT como uma relação positiva e estável entre terapeuta e 
paciente, que permite o desenvolvimento de uma psicoterapia. 
 A aliança terapêutica é estabelecida a partir do vínculo, como cada paciente é 
único, a maneira de se vincular também é. “Uma das tarefas do terapeuta é estar 
atento aos seus sinais de vinculação e aos sinais do cliente, que vai transmitir suas 
experiências de vida a cada instante, na forma específica com que eles desempenham 
seus papéis no contexto psicoterápico”. Dias, 2013. 
 “Um dos aspectos frequentemente mencionado como determinante da 
qualidade da aliança terapêutica é a personalidade do paciente, que, dentre outros 
aspectos, manifesta-se através do padrão defensivo do mesmo”. Gomes, 2008, p. 
110. 
3.3.1 Caso clínico I 
 Paciente Jade, 25 anos, solteira, sem filhos, paulista, está morando em Bom 
Despacho (BD) há 7 anos, tem 3 irmãos por parte de mãe e 11 por parte de pai. Mora 
atualmente com a mãe, padrasto e irmão de 15 anos. Está trabalhando com a mãe 
em confeitaria, relata não ter bom convívio com a família, diz que seus pensamentos, 
valores são totalmente diferentes dos deles, apresentou ser bem impulsiva e tem 
baixa capacidade de lidar com frustações, ao longo de sua adolescência ela veio 
morar em BD com 12 anos, não se adaptou bem, voltou para casa da avó no estado 
de São Paulo, retornou a moradia em BD aos 17 anos, no mesmo ano retornou para 
casa da avó, aos 18 anos volta a residir em BD e inicia faculdade de direito, na metade 
do curso opta por desistir, começa técnico em enfermagem e na reta final opta 
novamente por desistir pois, não se identificava com a atuação profissional, noinício 
dos atendimentos menciona estar cursando técnico em administração. 
11 
 
Mencionou ter tido uma crise de ansiedade no início do ano devido a uma briga 
com sua melhor amiga, quando trabalhavam juntas no programa de combate a 
dengue, devido a isso pediu demissão do emprego de forma impulsiva, “sem pensar 
nas consequências”. Ela caracteriza seus relacionamentos como ela sendo muito 
solicita, se doando demais ao outro e não recebendo o devido investimento de volta. 
Assumiu sua homossexualidade aos 15 anos desde então vem tendo 
relacionamentos bem conturbados, ela relata ter fortes sentimentos e esperanças de 
reatar um antigo namoro, o qual teve seu termino há mais de um ano, entretanto ainda 
mantém contato frequentemente, possuem o mesmo grupo de amizades, ambas 
estão sempre se relacionando com outras pessoas nesse período. 
Diante disso, começamos a pensar o caso com contribuições da neurose 
histérica, o que se evidencia cada vez mais ao longo dos atendimentos. Jade traz 
relatos que mostra seu papel de objeto de desejo do Outro, enfatizando esse padrão 
de repetição em suas relações, e mostrando sempre sua busca por algo inalcançado, 
uma demanda de amor não correspondida. 
 
O gozo seria então, a manutenção da tensão, a permanência do desejo 
insatisfeito, o que de certa forma, se opõe ao prazer. Seguindo este 
raciocínio, podemos perceber a estratégia da histérica que, em geral, 
não quer aquele que a quer, mas sim alguém inacessível, mantendo 
assim seu desejo sempre insatisfeito. Essa é a relação da histérica com 
o amor e com o desejo. Assim se pontua na insatisfação: sempre há 
algo melhor para encontrar. (Simões, 2007, p. s/n). 
 
 
 Durante o período de atendimento ela conta vários episódios de encontros e 
desencontros com a ex namorada, atribui a ela e ao antigo relacionamento delas uma 
certa idealização. 
 
A histérica fica na obstinação de querer reparar a própria falta e a do 
outro, ela se engaja no objetivo de tornar o outro perfeito e ela também, 
e aí ela encontra seu limite. A histérica tem uma demanda fálica, um 
desejo de reconhecimento, por isso ela sempre está numa relação 
amorosa sem estar, como se ela deixasse uma "saída". Quanto mais 
difícil o parceiro mais ela se assegura de que aquele parceiro é o ideal. 
(Simões, 2007, p. s/n). 
 
Menciona também, tentativas frustradas em outros relacionamentos amorosos, 
com uma latência insatisfação, além de desentendimentos com vários membros da 
família, abandono do curso profissionalizante em administração, inicia em um novo 
trabalho e desiste precocemente, sem motivo aparente, assim como outra tentativa 
12 
 
de morar com a avó em São Paulo, após se frustrar com a ex namorada e brigar com 
a mãe, lá repete seu padrão relacional, retorna para BD em menos de um mês, devido 
a conflito com a tia na casa da avó, ao intervir sobre sua repetição, Jade usa do 
mecanismo de defesa herdeiro do recalque, a negação. 
 “Negação é um mecanismo de defesa no qual os indivíduos recordam de fatos 
de forma incorreta, de maneira diferente da qual foram realizados. Ou seja, esses 
indivíduos negam suas ações.” Paula e Mendonça (2009, p. 110 apud Fadiman e 
Fagner 1986). 
 Outra característica marcante deste caso, foi as constantes faltas e quebra no 
contrato terapêutico por parte de Jade, em supervisão essa conduta é entendida com 
uma resistência ao processo. “Na ocasião da estruturação da psicanálise como 
método de tratamento, a arte de clinicar nada mais era do que enfrentar os aguilhões 
da resistência evidenciados pelos quadros de histeria.” Canavêz e Herzog 2012, 
p.330. 
 Visto que, Jade apresentou compulsão em repetir experiências, mesmo sendo 
produtoras de desprazer, entende-se segundo Canavêz e Herzog 2012, p.330, que: 
 
Tratava-se da exigência de superar as formas de resistência sob a 
égide do eu, quais sejam: a que concorre para a manutenção dos 
conteúdos ocultados pelo recalque, a proveniente do ganho secundário 
da enfermidade neurótica que concede ao eu benefícios e, finalmente, 
a decorrente do vínculo transferencial estabelecido com o analista, o 
qual, embora viabilize a confiança indispensável ao tratamento, não 
deixa de se erigir enquanto obstáculo devido à compulsão para repetir 
de que se faz partidário. 
 
 Entretanto, não foi possível pontuar com ela sobre isso, devido sua falta nos 
últimos atendimentos. Em casos que a resistência compromete o processo é 
aconselhado que o psicólogo traga sua interpretação para o campo da consciência do 
paciente, visando a continuidade e êxito do atendimento analítico. 
 
Os mecanismos de defesa são um conjunto de operações que 
permitem reduzir ou suprimir estímulos que possam causar desprazer, 
tentando, assim, manter o equilíbrio do aparelho psíquico. O uso de 
mecanismos de defesa está presente em todas as pessoas e é vital 
para o funcionamento psíquico. O que define uma melhor ou pior 
capacidade adaptativa é a natureza, a intensidade e a frequência do 
uso de mecanismos de defesa mais, ou menos, maduros. (GOMES et. 
al. 2008, p.110 apud FADIMAN). 
 
3.3.2 Caso clínico II 
13 
 
 O segundo caso, também trata de um quadro histérico. Paciente Tatiana, 33 
anos, casada, mãe de uma bebê de um ano e meio, ocupa um cargo de liderança no 
trabalho, apresenta ansiedade, temperamento explosivo e agressivo, demanda querer 
mudar sua maneira de relacionar com as pessoas, culpa a criação que obteve dos 
pais por ter esse “problema” assim definido por ela. Relata que sua família de origem 
tem histórico de “doenças mentais”, diz que a mãe tem episódios depressivos e usa 
psicofármacos no tratamento, descreve seu pai como figura de autoridade e respeito 
sendo muito bravo com todos. É filha do meio, tendo uma irmã mais nova e um irmão 
mais velho. Menciona já ter sido abusada na infância mas não dá detalhes mesmo ao 
longo dos atendimentos. Já iniciou psicoterapia outras vezes, entretanto não foi dado 
continuidade. 
 Neste primeiro atendimento, houve um fato bem característico tanto do ponto 
de vista de ser uma das nuances desse novo modelo de atendimento, o formato on-
line, quanto no que diz respeito ao culpar os pais por seu temperamento explosivo e 
postura agressiva nas relações interpessoais. 
Tatiane estava realizado o atendimento com as devidas orientações de estar 
em um local privado e com uso de fones, se localizava em um quarto da sua casa, ela 
ouviu o pai chegar para buscar sua filha, seu marido o recebeu, mas mesmo assim, 
ela pediu licença e foi até o pai carregando o celular, o cumprimentou e fez questão 
de dizer que estava em atendimento psicológico. Este fato foi considerado 
posteriormente ao confirmar um possível posicionamento vitimista da paciente. 
 Durante todo o processo, Tatiana se apresenta de maneira exacerbadamente 
queixosa, em relação ao trabalho, ao marido, a rotina, aos pais e irmãos e a si própria. 
Mosso e Martins (2012, p.63 apud Quinet, 2000) ao afirmar que: 
 
É necessário que a queixa se transforme em demanda, endereçada 
àquele analista, e que o sintoma saia da posição de resposta para a de 
uma questão para o sujeito. Assim, esse mesmo sujeito será incitado 
a decifrá-la. O analista entra como um questionador deste sintoma. 
 
 Todavia, todas as intervenções feitas com objetivo de auxiliar na transformação 
da queixa em demanda não obtiveram o resultado esperado, quando dava a entender 
que ela estava se posicionando de maneira mais ativa no processo, logo regredia ao 
ponto de queixa e sintoma. Majoritariamente ela assumia um papel de vítima durante 
os atendimentos e em contextos da sua vida. 
A histérica não corre atrás de seu desejo, mas visa um ideal, e por isso 
está sempre se queixando, tecendo justificativas para continuar 
14 
 
naquele lugar de manter o outro idealizado - seu gozo continua como 
sempre em busca de reconhecimento, e na sua procura excessiva e 
contraditória. (SIMÕES, 2007). 
 
 
 Em seus discursossempre se sobressaia a ideia de uma vida faltosa, 
manifestando sua insatisfação, mesmo reconhecendo suas conquistas, a 
concretização de sua própria família e o emprego almejado, em muitos momentos 
vislumbrava uma vida mágica e inalcançável. “Faz-se necessária, por uma questão 
de sobrevivência psíquica, a crença de que alguém pode ter o falo, completude, forma 
máxima do tudo: essa é a busca da histérica, o tudo por terror ao nada”. Simões, 2007. 
 Ao fim do processo, relata ter notado uma melhora em seu comportamento, 
entendendo como útil os atendimentos, paradoxalmente, grande parte do seu discurso 
é marcado por insatisfação “comunicar que o desejo continua insatisfeito é a melhor 
forma de provar que esse desejo existe”. Simões, 2007. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
4. CONCLUSÃO 
O estágio é de fundamental importância na preparação do estudante, é onde 
torna-se possível associar a teoria com a pratica, o momento que surge dúvidas e 
temos o auxílio dos professores e orientador do estágio. Este tempo dedicado aos 
atendimentos clínicos, das trocas na supervisão e posicionamento sobre a atuação 
que o profissional psicólogo necessita ter, me proporcionou muitos insights 
necessários para meu amadurecimento pessoal e profissional. 
Agradeço por essa grande oportunidade de aprender e explorar mais sobre a 
psicanálise, sobre a prática on-line, além de aprender com os pacientes e aprofundar 
nos conhecimentos da psicologia as orientações do Felipe e as contribuições dos 
colegas foram engrandecedoras. 
A prática de forma on-line mais do que nunca, se faz necessária, visto que 
estamos nos adaptando a um novo modelo de atendimento. Essa nova atuação foi 
nos imposta de forma repentina com diversos desafios para enfrentar no aqui e agora, 
e por meio desse estágio foi possível me familiarizar com a relação terapêutica de 
maneira virtual, além de propiciar termos uma visão crítica acerca dos limitadores e 
facilitadores dessa perspectiva que tende a ser muito utilizada nessa contexto de 
pandemia e pós pandemia também. 
Visto que, a psicologia acompanha as mudanças psicossociais ao longo de sua 
história, não deve ser diferente agora, como classe profissional não podemos resistir 
a inovação, temos que compreender, não ser contra ou a favor, afim de melhorar a 
prática cada vez mais, a pandemia possibilitou a abertura de mudanças, tornou os 
atendimentos on-line mais aderidos, forçou a quebra de resistências desnecessárias, 
ampliou o acesso de modo geral, que cada vez mais possamos vivenciar e 
especializar em atendimentos psicológicos on-line. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
4. REFERÊNCIAS 
 
CANAVÊZ, Fernanda; HERZOG, Regina, A linguagem das resistências: 
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