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Nossas Forças Mentais (Prentice Mulford) - Cópia

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NOSSAS FORÇAS 
MENTAIS
MODO DE EMPREGÁ-LAS COM PROVEITO 
NO COMÉRCIO, NA INDÚSTRIA, NAS ARTES, NOS OFÍCIOS E, 
EM GERAL, EM TODOS OS ATOS E SITUAÇÕES DA VIDA 
VOLUME IV
PRENTICE MULFORD
2 Prentice Mulford
 
 Nossas Forças Mentais – Vol. IV 3
ÍNDICE
DEUS 4
MODO DE ALCANÇAR A ETERNA LUA DE MEL 5
A CIÊNCIA DE COMER 12
MODO DE ADQUIRIR O VALOR 20
A MENTE MATERIAL E A MENTE ESPIRITUAL 26
A TIRANIA MENTAL 33
UTILIDADE DOS DIVERTIMENTOS 41
MODO DE ECONOMIZAR AS NOSSAS FORÇAS 48
DEUS NA NATUREZA 57
OS BONS E MAUS EFEITOS DO PENSAMENTO 64
OS TALENTOS IGNORADOS 71
AS PRECES DOS HOMENS SÃO MANDAMENTOS DE DEUS 80
MEDICINA MENTAL 86
O QUE DEVEMOS FORTALECER EM NÓS 94
O PODER ATRATIVO DO DESEJO 101
CORRENTES DE PENSAMENTO 108
CULTIVEMOS O REPOUSO 114
RECAPITULANDO 125
4 Prentice Mulford
DEUS
Um Supremo Poder e Sabedoria rege o Universo. A Inteligência Suprema é infinita e penetra o es-paço ilimitado. A Suprema Sabedoria, Poder e Inteligência está em tudo quanto existe, desde o átomo até o astro.
Ela existe mais do que todas as coisas. A Inteligência Suprema é todas as coisas e constitui cada 
átomo da montanha, do mar, da árvore, da ave, do animal, do homem e da mulher. Nem o homem nem 
os seres que lhe são superiores podem conceber a Sabedoria Suprema, mas o homem receberá sempre 
com alegria profunda os vislumbres da luz e da Inteligência Suprema, que lhe permitirão trabalhar para 
a sua felicidade final, ainda que sem compreender nunca todo o mistério dela.
O Supremo Poder nos governa e rege, como governa e rege os sóis e todos os sistemas de mundos 
que giram no espaço. Quanto mais profundamente conhecermos esta sublime e inexaurível sabedoria, 
tanto mais aprenderemos a pedir que ela penetre em nós, constituindo-se uma parte de nós mesmos, 
para, deste modo, fazer-nos cada vez mais perfeitos. Este meio de melhorar perenemente a saúde o 
possui sempre, de modo progressivo, tudo quanto existe, estabelecendo uma como transição gradual 
entre um mais elevado estado de existência e o desenvolvimento de poderes que não podemos, de 
maneira alguma, realizar aqui.
Não somos, no entanto, o limite entre as várias partes e expressões do supremo e infinito todo. O 
destino de quanto existe no tempo é ver a sua própria relação com o Supremo e saber descobrir também 
que o reto e estreito caminho que nos leva à perpétua felicidade não é mais do que uma plena confiança 
e dependência do Supremo, estabelecendo, assim, a total harmonia da sapiência, que não pode ter tido 
origem em nossa pobre personalidade. Estejamos cheios de fé no que temos que pedir agora e todos 
os dias, para que essa fé nos faça compreender e crer que tudo quanto existe é parte do Infinito Espírito 
de Deus e que todas as coisas são boas, porque Deus está nelas, e, finalmente, que tudo aquilo que 
reconhecemos como formando parte de Deus, existe e age necessàriamente para o nosso bem. 
 Nossas Forças Mentais – Vol. IV 5
MODO DE ALCANÇAR A ETERNA LUA DE MEL
Em afeições, interesses, desejos e aspirações, a mente ou o espírito é exatamente o mesmo que era antes da morte física do corpo que o alimentou, como certo é também que ele se não afasta do local onde viveu encarnado.
Quando dedicamos a alguém um amor profundo e verdadeiro e, com igual sinceridade, por tal 
pessoa fomos correspondidos com veemente e enternecido afeto, não resta a menor dúvida que, após 
a nossa morte física, continuaremos tão próximos dela, como se ainda desfrutássemos do nosso verda-
deiro corpo material.
Os que durante a sua existência terrestre têm vivido sempre juntos, tendo gostos idênticos e idên-
ticas inclinações, têm ganho muitíssimas probabilidades de continuarem reunidos depois da morte, au-
mentando ainda neles o prazer que encontram na sua mútua companhia, de forma que nenhum encar-
nado, homem ou mulher, se poderá interpor aos dois, sentindo, de dia para dia, com mais intensidade, 
a sua solidão temporária e a tristeza da separação.
Que é que nos atraiu para a mulher que foi nossa espôsa ou para o homem que foi nosso marido? 
Foi, porventura, a afinidade de nossos sentimentos, gostos e inclinações? Se assim foi, 6 porque já exis-
tia uma íntima e talvez perfeita fusão de nossas mentalidades.
Essa íntima e perfeita fusão de duas mentalidades, com o profundo sentimento da separação que o 
caracteriza, só é possível quando uma das mentalidades perdeu o seu corpo físico e a outra o conserva 
ainda. 
Convém ter sempre bem firme na mente esta ideia, sem ninguém, todavia, dever empenhar-se em 
escavar ou parafusar nela, buscando toda espécie de objeções contra a sua realidade, porquanto tais 
objeções serviriam apenas para afastar cada vez mais de nós a realização de nossos desejos e a fusão 
necessária das duas mentalidades.
Nós que ainda estamos encarnados, isto é, que ainda vivemos nesta terra, consideramos a perda 
de um parente ou amigo sob um ponto de vista bastante limitado e egoísta; imaginemos que a esposa, 
que desencarnou ou perdeu o seu corpo material, também perdeu a seu marido; a desgraça deste pode 
ser muito maior do que a sua própria, pois ela, embora destituída de corpo físico, sabe já que ainda vive 
e que seu marido também vive, ao passo que ele a imagina morta no sentido vulgar da palavra; e esta 
ideia toma a mulher realmente morta para seu marido. É como se, achando-nos na presença de uma 
pessoa querida, no momento em que nos dispúnhamos a acariciar-lhe o rosto, a cobri-la de suaves bei-
jos, se nos tomasse de repente invisível, sem ouvir a nossa voz nem nós a dela, e sem que o seu contato 
nos transmitisse alguma sensação. Converter-nos- ‘íamos, assim, em qualquer coisa semelhante ao não 
ser ou aniquilamento absoluto, quando, uma hora antes, a nossa presença era vista e sentida, causando 
até intensa alegria. É muito semelhante a isto a condição dos que, ao perderem o corpo físico, perdem 
também o contato dos seus amigos e parentes terrenos.
As lágrimas que os vivos derramam sobre os entes queridos que perderam, são frequentemente 
correspondidas pelos vivos invisíveis, que assim vão juntando uma nova dor à sua dor, por não poderem 
dizer, em voz audível, aos entes queridos que deixaram na terra: “Eis-me vivo entre vós, e o meu único 
desejo é continuar aqui, para vos consolar, amparar e alegrar”. Pode até, a dor sentida por esses a quem 
chamamos mortos por terem perdido o corpo físico, mas não a faculdade de sentir e amar uma ou mais 
pessoas na terra, ser maior do que a dor dos denominados vivos, junto dos quais, em virtude das leis de 
atração, aqueles pseudomortos se vêem obrigados a permanecer, vendo-se gradualmente esquecidos 
6 Prentice Mulford
pelos que amam, à medida que os anos passam e até, mais cedo ou mais tarde, apagada por completo 
a sua imagem e recordação no coração deles, e ocupado o seu lugar por outras pessoas.
Um dia virá, com certeza, em que os que ficaram na terra revestidos do seu invólucro físico, po-
derão, por infinitas maneiras, comunicar-se com os que já morreram, como se ainda gozassem de vida 
carnal. E quando os mortos forem considerados como se fossem vivos, a terra se abrirá por todos os 
lados para se estabelecer nela a vida em todos os sentidos.
Os que estão no outro mundo, fôsse qual fosse a sua condição neste, enquanto persistir o seu amor 
e inclinação pelos vivos, nada mais fazem do que lamentar a perda do seu corpo físico, o instrumento 
mediante o qual tinham se acostumado já a exprimir-lhes o seu afeto e suas emoções.
E, a seu grande pesar, junta-se uma nova dor ao verem que esse corpo perdido constituía o meio 
mais adequado para uma comunicação mais tangível com aqueles que tanto amam ainda.
De forma que, se todos nós que perdemos amigos bons e queridos tratássemos de atuar em suas 
mentalidades, pensando neles como se ainda estivessem vivos, embora invisíveis, indubi- tàvelmente 
conseguiríamos derribar e transpor a barreira que hoje se levanta entre nós e aqueles por quem tão 
pungentemente choramos e tão cruciantes saudades sentimos.E se, além disso, robustecessemos em nós a ideia de que esses a quem erroneamente chamamos 
mortos não só estão vivos, mas sentem também o veemente desejo e até a necessidade de volver ao 
seu antigo lar, tornar a ver a sua casa, sentar-se na sua cadeira predileta, reatar as suas relações com 
os velhos amigos e companheiros, certamente destruiríamos outra altíssima barreira.
Talvez alguém me pergunte: “Como posso eu acreditar que algum dos meus mortos necessita ou 
sente desejo de se aproximar de mim?” Decerto, não esperamos de ninguém tão implícita crença. Mas 
pode qualquer pessoa começar por deixar cm sua mente um cantinho reservado a estas ideias, pres-
tando ouvidos e atenção, embora ao princípio com indiferença, às verdades que elas representam, pois 
como verdades que são, chegarão a demonstrar-se por si próprias.
Qualquer pessoa, entretanto, pode dizer-me a respeito do que aqui deixo dito e do que anteriormen-
te expus: “Mas o que nos dizeis não passa de teoria ou fantasia. Como podeis demonstrar a verdade do 
que afirmais?” — Não é possível, com efeito, demonstrar-se nada disto, por meios meramente materiais. 
Mas se, segundo esta ordem de ideias, vos apresentasse um dia alguma coisa como a manifestação 
de uma verdade, vós próprios serieis quem a demonstraríeis. Cada um de nós possui um singular ma-
quinismo espiritual que nos servirá para experimentar com ele e por meio dele obter toda espécie de 
testemunhos.
Nunca chegaríamos a adquirir crenças verdadeiramente arraigadas e firmes, se tivéssemos de 
confiar só no que os outros nos contam. Toda a nossa vida duvidaríamos, se por nós próprios não pu-
déssemos verificar a exatidão dos fatos.
Existe uma lei mediante a qual uma verdade ou parte dessa verdade que se apossou da mente, 
acaba por se arraigar nela com mais afinco de dia para dia, e deixa-se nitidamente sentir como verdade, 
se não lhe for feita violenta oposição. Se a ideia que penetra na mente é uma mentira, em breve será 
arremessada para longe dela. Se é, realmente, uma verdade e no comêço se lhe ministrou uma mentira 
ou mesmo uma partícula dela, sem a menor dúvida esta acabará por ser expulsa, permanecendo na 
mente só o trigo sem joio.
Existe igualmente outra lei, mediante a qual toda prece da mente humana há de determinar, em 
tempos vindouros, para o homem, a sua representação material.
Contudo, preces há que necessitam talvez de várias gerações de homens para serem realizadas. 
Durante séculos, todo mundo desejou ansiosamente tomar os meios de locomoção mais velozes e trans-
mitir a grandes distâncias os produtos ou elucubrações da sua inteligência. Eis por que vieram o vapor 
e a eletricidade satisfazer esta insistente petição, tornando-a uma realidade.
 Nossas Forças Mentais – Vol. IV 7
Por séculos e séculos inumeráveis, os homens têm se lamentado por causa desse fenômeno por 
eles denominado morte, com o vivo anseio de o deter e impedir de uma vez para sempre. Estará, pro 
acaso, esta prece condenada a ser uma exceção entre todas as outras preces e a nunca ser realizada? 
Não. É porque, de alguma forma, esta súplica carecia, para lhe dar força e torná-la mais imperativa ç ve-
emente. Como? O conhecimento ou antes o sentimento de que, quanto mais forte e poderoso é o nosso 
desejo de nos reunirmos àqueles que amamos, mais forte é neles também o desejo de poderem gozar 
novamente de um corpo material, para se porem em comunicação outra vez com os seus antigos e ve-
lhos amigos. Esta súplica assim reforçada e robustecida está se generalizando agora por todo o mundo, 
razão por que é de esperar que se aproxime ràpi- damente a sua cabal realização. Pouco importa que 
seja limitado o número dos que a fazem, que pequenísimo seja ainda o número daqueles que a sentem; 
esta súplica ou prece nada tirará à sua possibilidade.
Há quem pratique esta oração: são os que, lendo este livro dizem a si próprios, impelidos pelo 
seu íntimo conhecimento ou intuição consciente: Isto é absolutamente verdade. E de cada um desses 
convencidos se evolará um pensamento que despertará e chamará um ou mais corações em outros 
domínios da existência, e que lhe corresponderão, soltando igual exclamação: Isto é a pura verdade! 
acrescentando ainda: Também nós vos perdemos e, com igual veemência, ansiamos também podermos 
comunicar-nos convosco, tangivelmente.
Vendo-nos e fundindo as nossas mentalidades tanto nos domínios visíveis como nos invisíveis, 
abrir-se-nos-ão novos e seguros horizontes, sendo-nos dados os meios de chegarmos a essa anelada 
comunicação, porque para Deus, ou o Espírito Infinito do Bem, nada é impossível.
Tempos virão, e não estão muito distantes já, em que todos os que tiverem perdido o seu corpo ma-
terial se manifestem por si próprios de forma a serem percebidos pelos sentidos físicos das pessoas por 
quem mais e melhor tiverem sido amados na terra, isto é, mais intensa, desinteressada e sinceramente.
À medida que forem aumentando a fé e o conhecimento desta lei, neste e no outro mundo, estas 
provas evidentes de que a matéria pode ser dominada pelo espírito serão cada vez mais numerosas e 
simples.
Eu disse: “neste e no outro mundo”, porque o conhecimento desta verdade e a fé são tão necessá-
rios no mundo visível como no invisível para se obterem os resultados a que aludo, podendo até afirmar-
-se que isso geralmente é ignorado aqui, da mesma forma que se ignora em geral também no mundo 
que não vemos. Se qualquer mente desconhecer todas estas verdades de que aqui falo, no momento 
de desencarnar, não se imagine que imediatamente obtenha o conhecimento destes preciosos e verda-
deiros fenômenos.
Erro enorme é acreditar que, apenas o espírito dispa o seu invólucro terrestre, isto é, abandone, 
pela chamada morte, o seu corpo, adquira imediatamente completa sabedoria e felicidade plena. Não. 
Ao contrário, ele pode mesmo permanecer por um larguíssimo lapso de tempo tão ignorante e infeliz 
com era antes. A ignorância é a mãe de toda miséria e de todas as dores.
Encarnada ou desencarnada, a mente só aprenderá daqueles para quem se sentir mais irresistivel-
mente atraída e de quem, nem mesmo querendo, poderá separar-se.
É provável que ao redor de nós se achem, às vezes, algumas mentes sem corpo físico, que não 
nos abandonam porque acham em nós mais agradável companhia que em qualquer outra parte; e à 
medida que aprendemos estas verdades também os espíritos que estão conosco as aprenderão, com a 
circunstância de que eles só podem aprendê-las de nós. Sentem em nossa atmosfera mental um sereno 
entusiasmo e animação, que não sentem nem podem sentir em nenhuma outra parte, absorvendo as-
sim todas as nossas ideias e pensamentos. A suave c tranquila companhia que pode sentir uma mente 
desencarnada, na atmosfera pacífica de uma mente ainda encarnada, embora esta não chegue a dar 
nunca pela presença de tais entes, é muito parecida com o sentimento de bem-estar e tranquilo sossego 
8 Prentice Mulford
que por vezes se experimenta sob as majestosas ramagens de umbrosa floresta ou em uma casa alegre 
e cheia de sol, embora nela estejamos completamente sós.
Há línguas que não se lêem nem se ouvem e que, todavia, podem comunicar-nos toda espécie de 
pensamentos e ideias, pois pode-se realizar a transmissão mental por meios que não têm por base ne-
nhum dos sentidos físicos. O que porventura vier do mundo invisível para o nosso, não será para servir 
de pública manifestação, nem para satisfazer a vâ curiosidade humana e muito menos para se transfor-
mar em uma fonte de lucro.
As mentalidades mais aptas e bem dotadas para a compreensão e obtenção de todas as coisas, 
procurarão conservá-las sempre secretas, da mesma forma que nenhum de nós se afa- diga, de certo, 
a proclamar ao som de clarim tudo quanto constitui a parte mais íntima e recôndita da sua própria vida. 
Não é natural que tais coisas se dêem nem que se possam obter num dia, num mês ou num ano.
Só aqueles que forem capazes de perseverar na jé durante anos, hão de realizá-los.
Tratar agora de estudar,metodicamente, os meios pelos quais se hão de obter os resultados de 
que falo, seria em nós uma presunção tão ousada e até absurda, como o teria sido o do construtor do 
primeiro caminho de ferro, com todas as imperfeições e erros, se houvesse querido realizar todos os pro-
gressos e aperfeiçoamentos que, meio século depois, nos oferecia esse rápido sistema de locomoção.
O conhecimento e a força aumentam incessantemente, elevando-se acima de si próprios e alcan-
çam, muitas vezes, resultados que ninguém espera.
Quem se atreverá a predizer, hoje, o que será capaz de realizar dentro de cinquenta anos a eletrici-
dade? Quem se aventurará a afirmar, hoje, que possa entrar em jôgo qualquer nova força ainda desco-
nhecida, ainda em estado latente, a qual realize, talvez, maravilhas tão grandes como nem sequer ainda 
foram sonhadas neste planêta?
Se duas pessoas, marido e mulher, achando-se embora uma delas no mundo visível e a outra no 
invisível, desejarem ardentemente comunicarse e mesmo tornar-se patentes uma à outra, com certeza 
podem conseguilo se forem realmente marido e mulher; contando que, na mentalidade de ambos, se 
encontrem fortemente firmadas as seguintes verdades:
“Que a mente é imortal e o que chamamos mente do corpo nunca será mente do espírito, onde 
reside a verdadeira existência.
“Que assim como duas mentalidades podem achar-se na mais perfeita união e harmonia enquanto 
ambas conservar o seu invólucro terrestre, podem da mesma forma seguir a sua vida em comum, quan-
do uma delas se despojou do corpo físico.
“Que não devemos considerar aqueles a quem denominamos mortos, como se vivessem em luga-
res muito afastados de nós, gozando de toda espécie de beatitudes e indiferentes às coisas da terra; 
antes devemos acreditar que vivem na mais perfeita e íntima simpatia conosco, participando das nossas 
alegrias e mágoas, interessando-se por todas as mnúcia da nossa vida, grandes ou pequenas, tal como 
quando, revestidos de um corpo físico, viviam junto de nós/’
Quanto mais completa for a compreensão destas verdades, mais profundamente se arraigarão na 
nossa vida. Nenhuma necessidade há de nos empenharmos para nos convencermos disso; sobre nós 
elas próprias influirão e, com imensa surprêsa, notaremos que, à medida que o tempo for decorrendo, 
se nos detivermos a refletir sobre nós próprios, pensamos e agimos até como se o ser invisível, o morto, 
se achasse em um corpo físico ao nosso lado.
Se o estado da nossa mente é idêntico ao descrito aqui, isso constituirá um potentíssimo auxílio 
para os defuntos que estão junto de nós. O contrário disso sucede quando, ao pensar neles, os consi-
derarmos como mortos e enterrados em profundíssima sepultura.
 Nossas Forças Mentais – Vol. IV 9
No verdadeiro matrimônio, o marido e a mulher hão de conservar sempre o primeiro lugar no co-
ração e na mente um do outro, em qualquer tempo, ocasião e circunstâncias. Se, ao despojar-se um 
deles do seu corpo físico, o seu lugar predileto é tomado por uma terceira pessoa, ficam imediatamente 
separados, erguendo-se altíssima barreira entre eles.
O amor entre o homem e a mulher há de ir crescendo incessantemente, quanto à sua intensidade e 
pureza. Este amor é de tal natureza que pode chegar ao exteremo de o marido e a mulher serem eterna-
mente os noivos que foram em sua juventude, aumentando-se-lhes intimamente a felicidade recíproca 
que se prodigalizam, podendo até afirmar-se que, se falta em ambos essa comunhão de seus espíritos, 
não existe o verdadeiro matrimônio.
Na fusão de duas mentalidades idênticas, constituindo, de uma para outra, um poderoso e real 
elemento, permutando incessantemente o desejo mútuo e formal de se dompreenderem cada vez mais 
ampla, perfeita, completa e profundamente, tão grande e intenso pode chegar a ser o poder de con-
centração que o seu pensamento chega a tomar, por fim, uma expressão física; e se o maior desejo de 
ambos for o de construir um corpo material para o que tiver desencarnado, indubitàvelmente a força de 
sua concentração o chegará a formar.
Assim como os pensamentos são coisas ou elementos reais, também os espíritos podem chegar a 
materializar-se de qualquer forma, boa ou má, e fazem-no com muitíssima frequência.
Na realidade, toda expressão física que a natureza contém, pertença a que remo pertencer, nada 
mais é do que a encarnação materializada de um pensamento.
A magia nada mais significa do que esse poder agora latente na mentalidade humana, em virtude 
do qual e graças a uma concentração da mente sobre a substância material, se pode fazer tomar a esta 
a forma do objeto em que se pensa.
Este poder foi conhecido e praticado não há ainda muitos séculos, mas parece que foi a sua ciên-
cia considerada como puramente masculina, se me é permitido dizer assim. A utilidade e necessidade 
de ser pôsto o pensamento masculino em conjunto com o pensamento feminino, não parece terem sido 
reconhecidas e ainda menos observadas.
Os resultados maiores e completos em qualquer fase da vida, obter-seão somente quando o pen-
samento feminino e o masculino se unirem para formar uma nova força muito mais forte e poderosa do 
que a dos dois isoladamente.
São hoje bem raros os homens que escutam, dando-lhes algum valor, os conselhos e avisos da 
espôsa,a respeito de seus negócios. E, todavia, vemos nisso o reflexo mais puro do valor que o elemento 
feminino tem para o homem. Quanto mais íntima e perfeita for a união entre o homem e a mulher, maio-
res, mais amplos e perfeitos serão também os resultados obtidos em quaisquer campos da existência, 
em qualquer ramo da atividade humana em que se possa desenvolver a sua ação.
O amor não é um mero sentimento. É muito mais do que isso: é uma força hercúlea, gigantesca, 
capaz de levar avante, de fazer progredir e triunfar as mais difíceis e ousadas emprê- sas, de emocionar 
e por em movimento as maiores nações.
As mulheres são possuidoras de um poder que elas mesmas desconhecem. Se fossem possível, 
num só momento, que todas as mulheres negassem aos homens a sua simpatia e o seu amor, os negó-
cios seriam desastrosos, e os homens veriam desaparecer toda a sua grandeza e energia de que tanto 
se jactam, o que não só seria funesto para eles, mas também para as próprias mulheres.
Isto, porém, não se pode dar hoje, nem se dará nunca, pois é absolutamente certo que o pensa-
mento feminino e o masculino se coadjuvam mutuamente e cooperam na mesma obra, embora exista 
ainda a ignorância em que o homem vive com relação ao valor da mente feminina, e a própria mulher 
desconheça em geral, também, o poder imenso que encerra a simpatia que dela flui constantemente 
para o homem.
10 Prentice Mulford
Toda pessoa que desejar a morte com o intuito de mais cedo se reunir ao ser amado já desapa-
recido do mundo visível, debilitar-se-á e perderá o vigor e poder, sucedendo o mesmo aos espíritos 
desencarnados que sintam igual desejo veemente de se juntarem, no mundo visível, aos sêres queridos 
que neste deixaram.
É desta forma que, muitas vezes, acontece que o marido ou a espôsa, uma vez desencarnados, 
atraem para o mundo dos espíritos o que lhes sobreviveu neste.
O constante desejo de morrer é o meio mais poderoso para alcançar a morte realmente; porém, 
que desilusão resulta ao sc acharem no mundo invisível, sem terem concluído a obra que lhes estava 
destinada na terra. É então que compreendem nfio terem cumprido a sua espinhosa missão: falta-lhes 
ainda muito e acham também ser muito menor o prazer, que encontram na sua mútua companhia, do 
que imaginavam.
Descobrem também que não podem aproximar-se mais, um do outro, em gostos e inclinações, do 
que o que fizeram na terra e que se alguma divergência de gostos e modo de sentir os separa, tal sepa-
ração é para ambos muito mais penosa também do que o era neste mundo. Compreendem o que cada 
um deles pensa e sente a respeito do outro, tão nítida e claramente como se o exprimissem por meio de 
palavras: ambos contemplam mutuamente os pensamentos um do outro como se osvissem refletidos 
no mais límpido espelho e isto lhes causa imenso desagrado.
Um dos resultados da vida relativamente perfeita que se desenvolve neste planêta consiste na aqui-
sição desse poder espiritual que nos permite tomar ou deixar, conforme for a nossa vontade, o corpo 
material, faculdade ou poder que só num verdadeiro matrimônio se pode encontrar.
Quando um dos membros que o constituem continua vivendo no mundo visível, de posse de um 
corpo físico, a sabedoria do que primeiro partiu para o mundo invisível lhe sugerirá, decerto, a ideia de 
continuar a viver, insuflando-lhe toda a coragem possível para que continue a sua viagem terrena até 
cumprir a missão que por Deus lhe foi confiada, porquanto, o que ainda goza de um corpo físico, au-
mentando, de dia para dia, seu saber e conhecimentos, pode também ser de enorme auxílio para o que 
já só existe espiritualmente.
Todas as forças de que o homem se utiliza nesta vida são- lhe transmitidas pela mente feminina.
Para cada mentalidade masculina existe exclusivamente uma só e única mentalidade feminina, que 
é sua própria e através das idades lhe irá transmitindo a sua maior e mais elevada fôr- ça mental, força 
esta que só a ele pertence e que só ele poderá utilizar, sendo impossível a qualquer homem apropriar-se 
dela em qualquer tempo.
Nenhum espirito existe, masculino ou feminino, que não tenha o seu próprio e eterno complemento 
no sexo oposto, e os laços da oração ou prece acabarão por juntar, unindo-os um dia definitivamente, 
aqueles que, na verdade, pertencem um ao outro, pois desde o princípio dos tempos estavam já desti-
nados para formarem o verdadeiro matrimônio.
São realmente esses os tais a quem Deus juntou e ninguém pode jamais separar nesta existência 
nem em sucessivas reencar- nações físicas.
A última fruição do gôzo, a mais perfeita, maior e mais poderosa ventura nesta vida, únicamente 
pode ser realizada mediante a perfeita e cada vez maior união, ainda mais, a completa e absoluta fusão 
do homem e da mulher, que desde sempre estão destinados um ao outro para toda a eternidade.
A morte do corpo nunca poderá destruir o verdadeiro matrimônio e, dado o caso em que, por igno-
rância ou circunstâncias muitas vezes inteiramente alheias à vontade e ao livre arbítrio, tanto do homem 
como da mulher, alguém venha a interpor-se entre os que foram unidos pelo Infinito, nunca esse dispara-
tado e falso enlace, embora tenha sido feito com todas as aparências e formalidades de um sacramento 
legal, constituirá o matrimônio verdadeiro.
 Nossas Forças Mentais – Vol. IV 11
A relativa perfeição da vida consiste em gozar de uma saúde perfeita, de um vigor são e de uma ca-
pacidade sempre em escala ascendente para toda espécie de alegrias e a máxima força de vontade e 
poder possíveis sobre o corpo, para podermos usá-lo neste mundo físico, tanto tempo quanto ao nosso 
desejo convier, o que, todavia, é apenas um princípio da vida e das possibilidades e potências, em nós 
latentes e de que gozaremos plenamente algum dia.
Estas possibilidades só poderão ser alcançadas mediante a ação das Leis e da eterna união e mú-
tuo amparo dos espíritos masculinos e feminino.
Um dia se encontrarão, decerto, os dois espíritos que devem pertencer para sempre um ao outro, 
as duas almas gêmeas que têm de caminhar enlaçadas, bem juntas, ditosas e suavemente unidas por 
toda a eternidade, devendo por si próprias manifestar a sua mútua e correspondente afinidade, assim 
como por si mesmo se demonstrará também em qualquer outra união o antagonismo e a falta de corres-
pondência necessária. Não há vida perfeita, nem em saúde física, nem em fortuna, nem em nenhuma 
das outras faculdades, potências e possibilidades, que anunciam, a não ser mediante o único e verda-
deiro matrimônio, o qual, de dia para dia, crescerá em perfeições, força e ventura e cuja lua de mel será 
não só duradoura, mas eterna e cada vez mais pura e esplendorosa.
 
12 Prentice Mulford
A CIÊNCIA DE COMER
O estado mental em que nos achamos no momento de nos sentarmos à mesa para comer tem uma importância capital, muito maior mesmo do que as próprias substâncias alimentícias de que nos nutrimos, ainda mais não sendo grato ao paladar tal alimento.
E é porque quando comemos, ao mesmo tempo que o corpo ingere os alimentos, o Eu espiritual 
incorpora em si todos os pensamentos e estados mentais predominantes em nós durante a refeição. 
Se, enquanto comemos, estivermos pensando em coisas que nos desagradam, incomodam ou irritam, 
ou ainda deixamos invadir a nossa alma pela tristeza ou o desânimo ou nos entregamos a movimentos 
mentais de impaciência ou ansiedade, assimilamos tão nocivas ideias e elementos, que eles começam, 
deste modo, a formar parte de nós próprios. Os nossos alimentos convertem-se, então, num agente ma-
terial, mediante o qual atraímos ideias e pensamentos que nos causarão grave dano. Embora a alimenta-
ção seja muito sã e nutritiva, de nada nos aproveitará se, ao momento de ingeri-la, a nossa mente estiver 
sob a ação de pensamentos deprimentes de pesar ou de cólera, ou elaborando, acaso, preconceitos 
perniciosos que só lhes aproveitarão como um veículo magnífico para esses maus elementos formarem 
parte do nosso espírito.
Comer com inteligência sossegada, com a mente num estado de tranquilidade, bem-estar e paz, 
ocupando o espírito e a conservação em coisas agradáveis, atrairá para nós uma corrente mental plena 
de vigor e saúde. Pode-se afirmar que, nesse caso, ingerimos tal corrente mental ao mesmo tempo com 
os alimentos, a qual desde esse momento começará a formar parte integrante do nosso Eu espiritual.
Está encerrada uma grande e muito proveitosa verdade nesta frase: Sejamos puros à mesa. Quer 
seja formulada em voz alta ou só mentalmente esta ideia, ela nos atrairá a corrente espiritual que há de 
determinar, em nosso ânimo, esse estado necessário para que os alimentos que ingerimos sejam bené-
ficos, tanto ao corpo como ao espírito.
E podemos exteriorizar esse desejo em qualquer lugar e ocasião, embora tomemos apenas um 
bocado.
Pensar, enquanto comemos, em doenças, qualquer espécie dc dor, desgosto ou infelicidade, é 
atrairmos os elementos que as produzem e construir a doença, a amargura ou a vicissitude dentro do 
nosso espírito.
Podemos não sofrer da enfermidade especial em que pensamos ou falamos durante a refeição, 
mas se o repetirmos muitas vezes e isso chegar a converter-se para nós num hábito, in- dubitàvelmentc 
um dia ou outro chegaremos a ser atacados por ela.
Enquanto comemos assimilamos elementos mentais bons ou maus em muito maior quantidade do 
que em outras ocasiões da vida, em vista das razões que passamos a expor.
Quando comemos, achamo-nos em um estado receptivo muito mais amplo do que nas outras ho-
ras do dia, enquanto estamos acordados. Quer isto dizer que o espírito coloca a si próprio, e ao corpo 
também, num estado adequado para a recepção das forças que os alimentos tomados encerram; e 
nesse estado, naturalmente, com muito maior facilidade, pode vir para nós sob forma mental, tudo o que 
de bom ou de mau existe no universo, o que fazemos quase sempre inconscientemente. Além disso, 
enquanto o espírito e o corpo estiverem recebendo forças de qualquer origem que seja, não podem 
produzi-las, da mesma forma que o cavalo não pode trabalhar enquanto está comendo.
 Nossas Forças Mentais – Vol. IV 13
Faríamos, portanto, um dispêndio inútil de forças se, enquanto estivéssemos comendo, a nossa 
mente estivesse também desagradàvelmente ocupada com algum pensamento triste, grave preocupa-
ção ou em grande tensão de espírito, relativamente a qualquer assunto.
Por esta razão, também o estudar enquanto se está comendo, há de acabar por nos causar um 
gravíssimo dano.
De forma que podemos atrair enorme quantidade de elementos benéficos, se ao comer procurar-
mos colocar o nosso espírito num estado de completa serenidade e sossêgo; como também atrairemos 
grande quantidade de elementos mentais maléficos, se fizermos as refeiçõestendo o espírito fortemente 
preocupado por profundo desgosto, grande impaciência ou ansiedade, ou ainda um forte sentimento 
de cólera.
Aquele que, durante muito tempo, teve o costume de se sentar à mesa no estado mental de que 
acabamos de falar, não julgue que pode quebrar esse mau hábito e desligar-se dele imediatamente. 
Todo hábito mental que nos afeta ou domina fisicamente, só pouco a pouco e gradualmente pode ser 
modificado. Vô-lo-emos modificar no sentido benéfico, graças ao nosso persistente desejo ou prece, 
para que tal mudança se realize. Ao sentarmo-nos à mesa, recordaremos de vez em quando que, en-
quanto nos alimentamos, é necessário colocar-nos em boas condições mentais e de tranquilidade e 
repouso, embora não sejamos capazes de conformar-nos com elas. O corpo tem-se ido formando, por 
assim dizer, através de larguíssimos anos e adquirindo gradualmente o costume do viver de acordo com 
certos costumes rotineiros que não podem ser rapidamente abandonados, nem modificados. Podemos, 
porém, começar por pedir pela manhã, a realização das condições mentais necessárias para produzir o 
ansiado sossêgo e tranquilidade do corpo e do espírito, com a segurança de irmos, assim, nos refazen-
do pouco a pouco; destruiremos, destarte, tudo o que nos possa ser prejudicial. Só pelo fato de formular 
este desejo atrairemos já uma nova corrente mental, e a ação contínua e crescente exercida sobre nós 
por ela, há de chegar a corrigir-nos neste ponto concreto, como pela mesma forma poderemos sempre 
corrigir-nos de qualquer outro defeito.
Há uma maneira de comer excessivamente precipitada e cheia de inquietações que nos obriga a 
ingerir os alimentos com tanta pressa e voracidade, e em pedaços tão grandes que, muitas vezes, aca-
ba por nos fazer sofrer uma influência especial, que nos tira por completo o apetite e o gosto de comer, 
apesar de nos sentirmos com demasiado apetite quando nos sentamos à mesa.
As pessoas que se deixarem dominar longo tempo por este mau hábito, acabam frequentemente 
por perder totalmente a vontade de comer.
O máximo de tempo que tais pessoas gastam à mesa não passa de vinte minutos, quando muito, 
e quase não conhecem nem compreendem sequer o gozo físico e espiritual que se pode encontrar no 
simples fato de comer sossegada, calma e tranquilamente, e ainda não sabem quanta extraordinária 
energia nos pode proporcionar o comer no estado mental de que acabo de falar.
Esta forma de comer com sofreguidão é um péssimo costume e muito perigoso. Em virtude desse 
mau hábito, o corpo, embora tenha ingerido talvez grande quantidade de comida, sentir-se-á sempre 
esfomeado, necessitado de alimento; e o comer deste modo não nutre o organismo, nem dá saúde.
Haverá até pessoas que irão emagrecendo e enfraquecendo, sem o notarem sequer, devido a este 
mau hábito, até chegar um dia em que o corpo depauperado se veja completamente abandonado pelo 
espírito, dando-se o que os homens denominam morte.
Outros converter-se-ão em mártires da dispepsia, atribuindo a sua enfermidade a este ou àquele 
alimento que ingeriram, quando a verdade é que esses caluniados alimentos nada têm que ver com a 
doença que tanto os faz sofrer. Em compensação, o estado mental em que se encontram enquanto co-
mem é o único culpado de todos esses malefícios.
14 Prentice Mulford
Quando comemos muito às pressas, com o espírito cheio de ansiedade ou inquietação, atraímos 
forças e inteligências que nenhum prazer tomam em nossa refeição e a consideram antes como uma 
operação incômoda e até, talvez repugnante, esperando impacientemente que ela acabe o mais breve 
possível. Sob as nefastas influências dessas forças quase sempre inconvenientemente atraídas, pode o 
organismo sentir profunda repulsa pelo alimento e até convertê-lo, como atualmente sucede com muitas 
pessoas, num hábito puramente mecânico, causando com isso imenso dano ao corpo.
Em todo trabalho corpóreo e em todo serviço que se presta ao corpo, é necessário que a sua ação 
se realize de um modo vibrante e integral; de outro modo, podemos afirmar que é um serviço improfícuo, 
morto, como se costuma dizer, e isto nada mais fará que trazer enfermidade e decadência ao corpo.
O homem que chega a entregar-se tão do íntimo da alma à arte que professa ou ao seu negócio, 
que nem sequer se lembra de alimentar-se e, se o faz, apenas gasta nisso pouquíssimos minutos, para 
imediatamente voltar, com a máxima precipitação, às suas ocupações, depois de mal ter tragado alguns 
bocados, certamente, mais cedo ou mais tarde, virá a sofrer muitíssimo em sua saúde, por esse motivo.
Não podemos estar continuamente refazendo as energias do corpo e do espírito, da mesma forma 
que o maquinista pode manter sempre aceso o fogo da máquina, pois, imprescindivel- mente necessi-
tamos de alguns momentos de descanso para isso. Não é certamente bom sinal para ninguém o fato 
de dizer que a qualidade do alimento é indiferente, porquanto tudo é bom, seja o que fôr, contanto que 
mate a fome, pois quando há fome não há pão ruim, nem vale a pena procurar só acepipes. É o espírito 
que pede sempre variedade no gosto e no aroma dos manjares e, para assim o exigir, tem ele razões 
que não podemos explicar neste momento.
E quando o paladar se torna indiferente e acha iguais todos os sabores, não resta a menor dúvida 
que tal espírito está verdadeiramente embotado. Quanto mais elevada é a espi- ritualização de qualquer 
pessoa, mais se depura também o seu paladar.
Mediante o sentido físico do gôsto, é o espírito quem recebe o maior prazer, oriundo de um bom e 
delicado alimento. O espírito que viver e gozar em cada uma das expressões da nossa vida física e uma 
dessas principais expressões é justamente o gôsto, o paladar.
Se, por falta de um uso apropriado, qualquer destas mani festações vitais fica fechada ou morta, 
não há a menor dúvida que a nós próprios privamos do prazer que nos devia proporcionar, resultando-
-nos disso também um gravíssimo dano. Não deve, todavia, confundir-se isto com a gula. O glutão pro-
priamente dito não come nem saboreia o alimento, — devora. O comer bem consiste em deter-se a cada 
bocado, e quanto mais se possa prolongar o tempo destinado ao alimento, mais e melhor se converterá 
ele num meio de adquirir vida forte e salutar para o espírito. Na verdade, o glutão pouquíssimo proveito 
tira da sua copiosa alimentação; é como se na fornalha de uma máquina se lançasse de uma só vez 
exagerada porção de combustível, ò qual produz força que é totalmente perdida e até prejudicial, às 
vezes, para o bom andamento do motor.
Meia dúzia de bocados nutritivos, comidos em paz, satisfação e sossêgo, bem çnastigados e sabo-
reados com verdadeira delícia, hão de sempre produzir-nos maior benefício do que enorme quantidade 
de alimentos, mal mastigados, comidos com grande precipitação, sem prazer, mesmo quase sem lhes 
sentir o gôsto.
Quando comemos, ingerimos com a nossa alimentação elementos positivos e reais de saúde, de 
força e de tranquilidade mental. E quanto mais profundamente em nós se radicar o hábito de comer 
desta maneira, mais aumentará e se fortalecerá o poder, para atrair-nos cada vez mais tão desejáveis 
elementos.
Devemos, pois, também procurar fazer com que se sentem à mesa, à hora das refeições, sòmente 
pessoas cuja companhia nos seja agradável e não estejam cheias de impaciência, tristeza ou inquieta-
ção; nem tenham por costume estar contínua e aflitamente pensando em seus negócios, cuja conversa-
 Nossas Forças Mentais – Vol. IV 15
ção amena e interessante distraia ou instrua, e não guardem em seus corações nem vislumbres sequer 
de rancor, má vontade, inveja ou zombaria para com os outros. Teremos procurado, desta forma, o mais 
valioso auxílio mental para que a nossa alimentação se transforme no maior benefício para o corpo e o 
espírito. Todos os convivas reunidos neste modo concentrarão todos os seus esforços, mesmo incons-
cientemente, para se atrair uma corrente mental de uma força imensa que será tanto maior, quanto maiorfor também o número de convivas que, em idêntico estado mental, ali estiverem reunidos.
Uma refeição tomada nestas boas disposições mentais, no gozo de uma alegria plácida e calma, 
uma suave tranquilidade, sem a menor coisa que nos incomode o corpo ou o espírito, embora tal re-
feição dure uma hora, é uma hora de proveitoso descanso que a nós próprios proporcionamos, e, en-
quanto repousamos é que adquirimos maior quantidade de energias. Além de que, enquanto comemos, 
se o fizermos nas condições exigidas, é possível que o nosso espírito atue sobre outros espíritos muito 
distantes, talvez, do nosso corpo físico e a sua ação pode ser eficaz ou ainda mais do que em quaisquer 
outras ocasiões. De forma que nenhum tempo perdemos enquanto estamos entregues ao prazer da 
mesa e daívem, talvez, o dito dos antigos: “À mesa ninguém se faz velho”, mas é neste estado mental 
de bem-estar, alegre e calmo convívio que obtemos novas forças.
Nunca é perdido todo o tempo gasto em qualquer prazer, se gozarmos dele de um modo são, digna 
e retamente.
A ação de todo esforço, quer mental, quer puramente físico, há de produzir-nos certamente algum 
prazer. Esse estado inteiramente especial de plácido e alegre bem-estar em que, por vê- zes, nos senti-
mos, seja produzido pelo comer, dormir ou passear, ou ainda por quaisquer outros dos nossos esforços 
físicos cotidianos, torna-nos bons, joviais e é a melhor prova de que usamos da vida retamente. Nem 
antes, nem enquanto estamos comendo, nos devemos preocupar muito com a ideia de que este ou 
aquele alimento pode ser-nos útil ou nocivo, ou nos assentará ou não no estômago, nem é conveniente 
também pensar em tais ocasiões: “Creio que isto ou aquilo me fará mal, e receio até ter de pagar caro 
depois que tiver comido ou bebido.”
Procedendo desta forma, só determinaremos as condições adequadas para que tal suceda, pois 
que, assim como imaginarmos mentalmente o nosso estômago, tal esse será, por fim.
Em lugar disso, digamos e pensemos, quando nos sentarmos à mesa para comer:
Creio ou estou certo que tudo quanto eu comer me há de fazer boa digestão, aproveitar e nutrir o 
meu organismo e aumentar as minhas forças.
As ideias prazenteiras e benéficas de que neste instante a minha mente está repleta, começam a 
formar parte do meu próprio corpo com todo o bocado que ingiro e quanto mais tempo eu prolongar 
a refeição e com maior calma e tranquilidade a fizer, maior será também a quantidade de alegria e de 
força que hão de penetrar em mim.
Estou comendo para glorificar a Deus — o Poder Supremo, do qual sou também uma parte, mínima 
embora.
Estas palavras formuladas, ou pensadas apenas, constituem a melhor das graças que se possa 
render a Deus no momento de nos sentarmos à mesa.
Depois, devemos pedir a necessária capacidade para esquecer o que nos caiu no estômago. Não 
convém pensar nele, nem enquanto comemos, nem durante o período da digestão.
O nosso alimento deve ser como o das aves que somente sabem que acharão o seu sustento onde 
a natureza lhes diz que hão de encontrá-lo e, depois de o saborearem, não se recordam mais dele nem 
se preocupam com processos ulteriores que, porventura, se possam efetuar.
16 Prentice Mulford
Se pensardes contínua e fixamente em qualquer doença de estômago, com toda a certeza vireis a 
sofrer dela por fim, pois que aquilo em que persistentemente pensamos, virá a realizar-se certamente um 
dia, mais cedo ou mais tarde, no mundo material.
Que devemos comer? Com toda sinceridade, vos digo: — Comamos muito simplesmente tudo 
quanto nos agradar e der algum prazer.
Deu-nos a natureza o sentido do paladar como uma sentinela de atalaia para guardar o estômago. 
Se algum alimento nos repugna, não o comamos.
O comer à força seja o que fôr, quando o paladar pouco prazer sente nisso, comer quase pela 
obrigação de cumprir uma espécie de dever, mais do que por sentir verdadeira necessidade e desejo 
de fazê-lo, pouco ou nenhum benefício nos causará. Comer qualquer coisa que o nosso paladar recebe 
indiferentemente ou lhe é desagradável, é apenas obrigar o corpo e o espírito a ingerir aquilo de que 
nenhuma necessidade têm.
O corpo e o espírito tiram algum benefício dos alimentos ingeridos quando a mente tem certa fé em 
que eles nos serão úteis e proveitosos.
Ora, se neste estado mental experimentarmos comer algumas substâncias que costumam fazer-nos 
mal, acharemos, ao cabo de algum tempo, que os efeitos nocivos deixaram de produzir resultado no 
nosso organismo. É provável que isso se não consiga imediatamente, porquanto não há ninguém que, 
se durante um largo período de anos, estiver na convicção de que este ou aquele alimento lhe fazia mal, 
acredite, de um momento para outro, piamente, que essa substância deixou absolutamente de lhe ser 
prejudicial.
As carnes e os vegetais mais frescos são sempre os melhores, porque contêm maior quantidade 
de forças. Comendo deles sensatamente, e na devida proporção, como a mente aconselha, com conta, 
peso, medida e nas horas convenientes, é quando a força que eles encerram, ou antes, o seu espírito 
próprio, contribuirá para revigorar e robustecer nosso espírito.
O que neles permanece depois de salmoura, defumação ou qualquer outro processo dos habitu-
almente empregados para os conservar, são unicamente os seus elementos propriamente terrenos. As 
suas energias vitais mais puras e ativas desaparecem.
Para os vegetais não há operação alguma de conserva que lhes conserve realmente os princípios 
vitais tidos no momento de serem colhidos ou arrancados.
Se, altas horas da noite, alguém se sentir com grande vontade de comer antes de se deitar, pode 
fazê-lo sem receio, contanto que seja com certa moderação.
Se formos dormir sem comer quando o corpo desejava receber alimento, o mais provável é que o 
espírito, cheio de apetite que não foi satisfeito, parta para algum lugar onde se padeça fome, enquanto 
o corpo se acha num estado de perfeita inconsciência e, desta forma, não poderá trazer-nos já os ele-
mentos mentais de força e vigorosa saúde que nos teria comunicado, sem dúvida, se tivesse deixado o 
corpo saciado.
Certamente foi ensinado a muitos dos meus leitores e assim o acreditaram durante muitos anos, 
que o comer e ir deitar -se imediatamente é muito prejudicial à saúde, e como toda ideia ou pensamento 
chega a converter-se em uma parte de nós mesmos, é evidente que esta errônea crença terá sido para 
todos eles causa de grandes danos, muitos dissabores e até graves indisposições.
Os animais, que os homens denominam irracionais, comem e adormecem logo em seguida, e a sua 
digestão faz-se tão perfeita, completa e tranquila, não só quando dormem como quando estão acorda-
dos. Ora, se procedessemos de igual modo, só daríamos à natureza o que realmente é propriedade sua 
e lhe pertence.
 Nossas Forças Mentais – Vol. IV 17
Na Inglaterra existem milhares de pessoas que tomam a sua última refeição às nove ou dez horas 
da noite, indo deitar-se quase em seguida, e todavia, o têrmo médio do bom estado de saúde dos inglê-
ses é, pelo menos, tão bom como o nosso ou melhor talvez.
Se um alimento qualquer não se deu bem no estômago um dia, não é razão para afirmar que su-
ceda sempre o mesmo. O nosso verdadeiro Eu é apenas um conjunto de crenças e opiniões de que 
resultam, por fim, os nossos próprios costumes.
O nosso estômago pode digerir melhor ou pior, de acordo com algumas crenças que, por acaso, te-
nhamos mantido dentro em nós, durante muitos anos, inconscientemente, com relação às suas funções 
especiais, as quais certamente nunca tentamos combater.
É possível abrigarmos, talvez, a convicção de que este ou aquele alimento nos deve fazer mal, se 
o comemos nesta ou naquela ocasião. Pois bem, a força gerada por esta ideia, mantida em nós por um 
período de tempo tão longo, é que faz, e não outra coisa qualquer, com que esse alimento faça mal. Se 
conseguirmos destruir esse erro mental, irá a verdade progredindo e percorrendo todo o seu trajeto, re-
cobrando então, pouco a pouco,o nosso estômago, toda a sua força melhorando o processo digestivo 
e deixando, portanto, de ser molestado por uma série de vãos caprichos que nós próprios havíamos 
alimentado durante largo espaço de tempo.
Se sentirmos desejo de comer carne, comamo-la. Negando ao corpo o que ele nos pede, causa-
mos-lhe grave dano. Na verdade, a carne é um alimento muito mais grosseiro e ruim do que qualquer 
outro, mas também o corpo é uma coisa muito baixa e grosseira, se o compararmos com o espírito.
É natural que o corpo peça para seu sustento aquilo que mais se aproxima da sua natureza terrena. 
Tanto comendo carne como alimentandonos só de frutos e outros vegetais, nos é facultado o dom de 
podermos sentir sempre o desejo ardente de atrair para o espírito todos os elementos melhores e mais 
puros. Comendo com este desejo na mente, convertemos a carne em excelente meio para a atração dos 
elementos espirituais mais elevados. De igual modo, comendo só pão do mais puro ou saborosíssimos 
aromáticos morangos, se, no momento de comê-los, o nosso estado mental for de ódio, inveja, ciúme 
ou de profunda mágoa e inquietação, atrairemos correntes mentais da pior espécie, enchendo o nosso 
corpo e espírito das paixões mais grosseiras e baixas.
A espiritualização do corpo ou o fato de transformar o corpo num instrumento dócil às instigações 
do espírito é capaz de exteriorizar os seus maravilhosos dons ou potências, e não provém verdadei-
ramente de processos puramente mecânicos, nem de métodos severamente rigorosos e inflexíveis. 
Provém mais do desejo formal e positivamente expresso pelo espírito ou antes da sua santa aspiração.
A espiritualização vai nos elevando pouco a pouco, afastan- do-nos, portanto, cada vez mais dos 
desejos baixos e grosseiros. É bem certo que nos permite gozar deles, quando disso há uma verdadeira 
necessidade, mas proíbe-nos de abusar desse gôzo, qualquer que seja, pois na realidade,enquanto não 
dermos ao corpo a satisfação de um desejo imperioso por ele manifestado e exigido, não abolimos nem 
destruímos o apetite do objeto desejado ansiosamente.
Se desejarmos comer carne e a comermos mentalmente , recusando-a ao corpo, andamos pior do 
que se realmente a tivéssemos comido — pois que, satisfazendo os desejos do corpo, pro- duz-se-lhe 
uma quietação ao menos temporàriamente, ao passo que uma recusa obstinada, uma privação absolu-
ta da satisfação desses desejos, pode e costuma manter sempre vivo aquele veemente anelo e, desta 
forma, o espírito está sempre comendo a carne que foi negada ao corpo, o que concentra a maior parte 
das nossas forças mentais na coisa proibida ou recusada, quando podiam antes empregar-se em intui-
tos e propósitos melhores, mais úteis e proveitosos.
Os mais baixos e grosseiros apetites não ficarão, com certeza, subjugados, só pelo fato de uma 
fortíssima e imperiosa vontade lhes negar obstinada e tenazmente a ‘sua satisfação. Podem ser reprimi-
18 Prentice Mulford
dos, mas não destruídos totalmente e assim fà- cilmente surgirão outros de novo, inesperadamente, sob 
uma ou outra forma.
A pessoa que se mostra tão severa com o seu próprio corpo, com certeza o é para com os outros 
também, e vê sempre com maus olhos todos aqueles que não aceitam nem praticam a sua extrema 
austeridade.
É todavia verdade que podemos trabalhar também, de uitt certo modo, para a progressiva espiritua-
lização do corpo, pelo regime do jejum ou fazer com que o nosso Eu seja mais sensível à espiritualidade 
que nos rodeia. Podemos chegar a sentir com mais agudeza uma das mentalidades que nos rodeiam. 
Mas será necessário lembrar que, para isso, temos de permanecer com o nosso espírito aberto, tanto 
para receber as boas influências, como as más, e, como o mal nas suas variadíssimas formas está em 
grande superioridade ao bem, eis a ra^ão por que, se mediante a abstinência de, alimento debilitamos 
excessivamente o corpo, encontramos em nós mesmos disposição positiva para resistir aos maus pen-
samentos e arremessá-los para bem longe de nós.
Há, na carne, um elemento positivo tão duro, pesado e inflexível como uma barra de ferro. Este ele-
mento é o espírito da atrocidade, torpeza e ferocidade dos animais selvagens e carnívoros e, ao engolir 
a carne, absorvemos também maior ou menor quantidade de tal espírito. Temos, porém, recursos para 
suavizar esta qualidade grosseira; é purificá-la um pouco até chegar a convertê-la em um elemento útil 
para o corpo e o espírito. Visto não termos outro remédio senão viver neste mundo e com a gente que 
o habita, não podemos, pois, neste plano da existência, isolar-nos de todo, dentro em nós próprios, ou 
viver num mundo inteiramente à parte; nem desta maneira alcançaríamos nunca a verdadeira felicidade.
O que nos convém precisamente e o que devemos na verdade fazer é viver com os outros, tomando 
do mundo o melhor que ele tiver e dandolhe, em compensação, o melhor que nós tivermos também.
Assim, no nossa trato com a sociedade, necessitamos possuir certa quantidade de elementos posi-
tivos que ela própria nos dá e que absorveremos dos organismos animais que nos rodeiam. E devemos, 
além disso, ter também sempre presente ao espírito que necessitamos desses elementos positivos para 
a mais sólida afirmação dos nossos próprios direitos, e precisamos dê- les justamente para podermos 
manter-nos em estado positivo e evitar a absorção dos errôneos pensamentos alheios.
Não devemos, certamente, ser nem pusilânimes, nem torpes, nem brutais, mas o nosso espírito 
pode suavizar um tanto os baixos pensamentos que a nossa carne contém, convertendo a ferocidade e 
a violência numa sensata decisão e num prudente arrôjo; nestas condições os princípios encerrados na 
carne podem ser muitíssimo proveitosos para alcançar estas ótimas qualidades.
É evidente que os homens vindouros deixarão de ser carnívoros, tortiando-se mais vegetarianos 
e frugívoros, porquanto gradualmente irão aumentando neles os elementos espirituais, de forma a não 
terem necessidade do emprego da carne, nem o desejo de comê-la se lhes fará sentir. É uma crueldade 
enorme e uma grande injustiça tirar a vida dos animais para nosso gôzo. Mas a injustiça atualmente é, 
de algum modo, uma necessidade.
O nosso espírito é o produto de um processo ascendente, desde o ínfimo grau até ao mais elevado. 
Nos tempos remotíssimos da Antiguidade, estava o nosso espírito alojado em corpos toscos, porque ele 
era ainda mais grosseiro e ruim do que hoje é. Nas idades futuras, o nosso espírito e o nosso corpo serão 
muito mais puros e perfeitos do que atualmente, de modo que a matéria ou a substância tosca que em 
um outro plano ou existência é necessária, deixa de o ser em um estado ou plano superior.
A Aspiração é que finalmente libertará o corpo de todos os apetites excessivamente grosseiros e os 
desejos desordenados serão dele expulsos completamente para sempre, e já não terá mais tentações 
como as tivera em outros tempos, porque a tentação terá perdido sobre o corpo todo o seu poder e 
prestígio. À medida que o nosso espírito se purifique, purificar-seão também os nossos gostos físicos.
 Nossas Forças Mentais – Vol. IV 19
Por este andar, cada vez empregaremos maior cuidado na escolha dos nossos alimentos, e demo-
rando-nos mais na operação de os ingerir, faremos com a maior tranquilidade cada refeição, o que por 
si só constituirá uma enorme barreira para toda espécie de excessos.
Mas, com essa martirização do corpo, negando-lhe, pela nossa vontade despótica, tudo o que mais 
anela com essa negação rigorosa e tenaz em satisfazer-lhe os desejos, com certeza não nos colocamos 
sob os auspícios e a dependência do Poder Supremo, antes é um cabal indício da falta de fé nesse 
saber. É um empenho inútil e vão crer que podemos, de nosso moto próprio, purificar e elevar a nossa 
existência, — o que depende, única e exclusivamente, do Poder Supremo.
Aquele que a si próprio se abandona e põe toda a sua fé e confiança no Espírito Eterno para que 
este o tome superior a lôda classe de apetitesbaixos e desregrados desejos, será, de dia para dia, cada 
vez mais virtuoso e calmo por índole.
20 Prentice Mulford
MODO DE ADQUIRIR O VALOR
O valor e a presença de espírito não são, afinal, mais do que uma e a mesma coisa. A presença de espírito indica, por sua vez, o domínio do espírito. Toda espécie de triunfos tem por base o valor mental ou físico.
Pelo contrário, o que tentasse arrancar do seu corpo as raízes de um vício qualquer, por meios me-
ramente externos e físicos, apenas conseguiria uma virtude simulada e aparente e, embora o tenha re-
primido violentamente com toda a força de sua potente vontade, sem cessar, ver-seá consumido por ele.
Pravàvelmente ocorre, agora, a algum dos meus leitores esta ideia: “Mas, lendo isto, pode alguém 
servir-se destas teorias para desculpar toda espécie de excessos?”
Em primeiro lugar, não devemos nunca investigar ou adivinhar o que os outros podem fazer ou pen-
sar. A nossa primeira consideração ou reflexão deve ser feita com relação a nós próprios. Todos solícitos 
e açodadamente, procuramos notar e corrigir os defeitos do próximo, estando nós próprios carregados 
de vícios e cometendo continuamente muitos pecados que estão bradando por uma grande reforma e 
que nos causam grande dor, prejudicando-nos atrozmente, enquanto não pensarmos em nos purificar.
Não cairemos novamente em nenhuma espécie de excesso, quando a mente se tiver elevado muito 
acima deles, porque a purificação do espírito é que purifica o corpo e nunca o corpo pode corrigir o 
espírito.
Com certeza, não havemos de corrigir-nos ou antes reformar-nos, espiritual e fisicamente, somente 
pelo fato de escolhermos uma alimentação especial, dirigida com regras e comida sensatamente.
A nossa marcha ascendente para toda espécie de simétricas perfeições não pode realmente ser o 
resultado de uma transformação em uma certa ordem de coisas unicamente, em um único aspecto da 
nossa existência total.
O indivíduo verdadeiramente superior ir-se-á formando e crescendo à semelhança de uma flor per-
feita: formando-se e crescendo ao mesmo tempo e proporcionalmente, cada uma das fôlhas e pétalas, 
isto é, o seu corpo e a sua alma.
A covardia e a falta de domínio do espírito sobre o corpo são também pouco mais ou menos a mes-
ma coisa. A covardia tem as suas raízes na impaciência e no hábito de se estar sempre com receio de 
tudo, na carência da calma. E o infortúnio, em todos os seus aspectos, baseia-se também na covardia 
ou na timidez.
Podemos cultivar o nosso valor e até aumentá-lo em cada hora e até a todos os minutos do dia.
Havemos de chegar ao pleno conhecimento de que cada uma das nossas ações, até a mais insig-
nificante, tem sempre duas fases ou aspectos diferentes, isto é, a ação pròpriamente dita e a forma por 
que pomos em jogo essa ação, por meio da qual podemos adquirir um novo átomo da qualidade de 
valor a cujo resultado havemos de, infalivelmente, chegar, graças ao cultivo da reflexão — reflexão no 
modo de falar, escrever, jogar, comer, beber, trabalhar, até brincar, em todas ou cada uma das nossas 
ações vitais.
Encontra-se sempre, é certo, um pouco de medo ou temor onde há também um pouco de impaci-
ência; quando estamos impacientes por tomar um trem e até quando nos pomos a correr pelo meio da 
rua, sem necessidade alguma, é porque temos receio de perder o trem e esse temor é origem de todos 
os outros, como consequência natural do mesmo. Quando estamos ansiosos e até impacientes por não 
faltar a qualquer entrevista que alguém nos marcou, é porque temos medo de que só o simples fato de 
 Nossas Forças Mentais – Vol. IV 21
faltar a ela nos traga grandes prejuízos. Este hábito mental, graças à sua inconsciente cultura, pode vir 
a ser tão extenso, que invada literalmente o espírito, ocupando-o todo, a ponto de chegar até, um dia, 
a sentir medo a propósito de tudo, de qualquer ninharia mesmo, e sérios temores, sem razão plausível, 
inteiramente inexplicáveis, sem base alguma concreta e positiva:
Suponhamos, por exemplo, que qualquer pessoa se afadiga sobremodo para alcançar um carro 
ou um bonde que vai passando na rua naquele momento, parecendo-lhe ter sofrido uma grande perda 
se o não conseguir, quando, talvez, venha logo imediatamente depois outro ou muitos mais, ou tenha só 
de esperar, quando muito, dois ou três minutos. Pois o receio de ter de esperar ainda esses dois ou três 
minutos avoluma-lhe na mente o fato, por forma tal, que naquele instante se julgou talvez a pessoa mais 
infeliz deste mundo. O que se deixar levar por essa especial condição da impaciência, vê-la-á converter-
-se em breve na característica persistente de todas as suas ações, tomando-se-lhe cada vez mais difícil 
proceder calmamente e com madura reflexão.
Esta qualidade ou condição mental da impaciência, com o cortejo de todas as suas consequentes 
ações, não tem outra base mais sólida também do que o medo.
O medo, em sua essência, nada mais é do que a carência do domínio da nossa própria mente, ou 
por outra, falta de domínio sobre a espécie de pensamentos que exteriorizamos.
Esta consciente educação mental, tão comum em tudo, é que origina a persistência de um estado 
de espírito sujeito cada vez mais, de dia para dia, a pânicos grandes ou pequenos embora, à menor 
dificuldade que se levante em nosso caminho, sendo até, talvez, capaz de criá-los, quando eles não 
existam na realidade, impelindo continuamente o espírito para as correntes de pavor. Aquele que está 
sempre temendo, como que cultivando em si o estado de receio a respeito de qualquer coisa, nada mais 
faz do que criar em seu ânimo o medo e o receio de tudo.
Se permitirmos que nos empolgue o medo pelo simples fato de podermos, talvez, perder o trem ou 
o navio em que devemos embarcar, ficaremos mais propensos, mais acessíveis, a que se apodere de 
nós, durante todo o dia e até em dias sucessivos, uma série ininterrupta de pequenos receios a respeito 
até de coisas sem a menor importância, mas que a cada instante se irão levantando em nosso espírito, 
ante as ocorrências mais triviais, não nos deixando um só momento de repouso nem de tranquilidade. 
Adquirimos este perniciosíssimo hábito mensal, quase sempre sob o influxo de atos a que, todavia, pou-
ca ou nenhuma importância ligamos.
Um exemplo: Estamos entregues à leitura, a qualquer trabalho interessante que não desejamos 
interromper, como, por exemplo, escrever qualquer coisa de importância literária, afetiva ou comer-
cial... De repente, cai-nos a pena ao chão e somos forçados, portanto, a apanhá-la, o que com efeito 
fazemos, mas empregando para isso um movimento brusco, extremamente impaciente, contrariados e 
aborrecidos por têrmos de executar tal ação; enquanto apanhamos a pena do solo, a nossa mente nem 
um momento deixou de pensar no trabalho encetado ou que tanto nos preocupava, resultando de tudo 
isso que o nosso corpo executa mal esse ato de apanhar a pena, de má vontade, impacientemente, 
tomando-se^nos tal ação sobremaneira desagradável, só porque a mente se recusou abertamente a 
empregar nela toda a força e atenção exigidas.
Persistindo em proceder deste modo, embora inconscientemente, toda ação se torna incômoda e 
desagradável por não têrmos nela empregado a necessária energia para se tornar fácil a sua realização. 
Mesmo desfrutando de um corpo muito débil, devemos sempre tentar fazê-lo assim, porquanto o nosso 
organismo possui o especialíssimo poder de reunir instantâneamente, quando o queira, todas as suas 
energias sobre um determinado músculo, com o fim de tomar a sua ação mais fácil e, portanto, mais 
agradável.
Esta faculdade especial que nos permite levar à vontade as nossas forças a este ou àquele órgão, 
aumenta, robustece-<se mediante uma consciente cultura e educação. Se atamos à pressa, impaciente-
22 Prentice Mulford
mente, os laços dos nossos sapatos, não o faremos desse jeito, só por nos desagradar aquele ato, mas 
principalmente pelo receio de que o instante nisso perdido nos vá privar, talvez, momentâneamente em-
bora,de algo que ansiamos ver, possuir ou fazer, deixando assim outra vez aberta à corrente do medo 
a nossa mente, — medo de perder alguma coisa.
O cultivo da coragem começa no da reflexão ou calma com que se devem executar atos semelhan-
tes àqueles a que aludi, em geral considerados insignificantes e trivialíssimos.
A reflexão e o valor vivem tão estreitamente aliados, como o medo e a impaciência.
Se não aprendemos a governar a nossa própria força de vontade nas ações destituídas de impor-
tância, muito mais difícil nos será possuir tal domínio e presença de espirito em atos capitais e de magna 
importância.
Analisando o nosso estado de medo, veremos que ele mar- tiriza muito mais a nossa mente do que 
o poderia fazer a própria coisa temida. Em nenhuma das ações da vida se pode dar mais de um passo 
ao mesmo tempo; não devemos, portanto, empregar, neste passo, mais força do que aquela de que 
necessitamos. Nunca devemos pensar no segundo passo antes de darmos o primeiro.
Quanto mais educarmos em nossa mente a faculdade de concentrar as próprias forças num só ato, 
prescindindo, naquele momento, de todos os outros, mais e mais aumentaremos a nossa capacidade 
para empregar todo o nosso vigor e as nossas energias em um ato único ou em uma única orientação 
de cada vez. A nossa força torna-se, assim, mais extensiva, podendo ser até empregada no que deno-
minamos pequenas minúcias ou pequenos nadas da vida cotidiana.
Procedendo deste modo, a reflexão e os atos executados refletidamente, tornam-se-nos habituais 
e, em determinado sentido, pode-se dizer mesmo que agimos com uma reflexão inconsciente, como 
inconscientemente procedemos também, quando, em virtude de um velho hábito, caminhamos numa 
direção contrária e perniciosa.
A maior parte das vezes, a timidez nada mais é do que o resultado do nosso estulto empenho em 
vencer de uma assentada muitas dificuldades juntas, quando, no mundo das realidades físicas, temos 
de procurar vencêlas, uma a uma, por sua vez.
Quando tivermos de visitar alguém ou nos encontrarmos de qualquer forma, seja qual for o intuito, 
com uma pessoa muito irascível, orgulhosa ou demasiado autoritária, não convém de forma alguma que 
estejamos o dia inteiro a pensar nela, com medo de lhe falar e com ela nos defrontarmos, tendo já como 
certo que nos há de ser hostil ou pelo menos nos receba desabrida e altivamente. Talvez já de manhã, 
ao saltar da cama e enquanto nos estamos vestindo, estejamos pensando preocupada e aflitamente na-
quela malfadada entrevista, quando fôra muitíssimo melhor que nos vestíssemos com cuidado e esmêro 
para irmos à tal temida entrevista, o que, na verdade, constituirá o primeiro e, talvez, o mais importante 
passo para alcançarmos bom êxito.
É também possível que, durante as refeições, não nos saia do espírito essa temível preocupação, 
quando muito melhor seria que, ao sentarmonos à mesa, procurássemos conservar o espírito o mais 
tranquilo e despreocupado possível, tentando achar o máximo prazer no ato de comer, porquanto o co-
mer num estado de espírito alegre e calmo constituirá, já por si mesmo, o segundo passo.
Quanto mais descansadamente comermos, mais e melhor gosto acharemos na refeição e maior 
será também a força que o corpo tirará dos alimentos.
É possível também que o receio que nos causa tal entrevista nos acabrunhe como uma carga pe-
sadíssima, no momento de nos dirigirmos ao local onde nos devemos encontrar com tal pessoa, quando 
muito melhor fôra que, ao caminhar para essa entrevista, procurássemos apenas tirar do passeio todo 
prazer possível.
 Nossas Forças Mentais – Vol. IV 23
O ato de perfeito bem-estar resulta do fato de pormos o nosso pensamento ou a nossa força mental 
no ato ou trabalho que estamos executando, e assim toda dor presente ou futura provém sempre de 
querermos dirigir o nosso esforço mental para as coisas ainda futuras.
Quando nos vestimos, comemos, passeamos ou realizamos qualquer outro ato, com o pensamento 
ocupado em acontecimentos vindouros, apenas fazemos com que se converta em incômodo e desa-
gradável o ato presente, educando deste modo o espírito para tornar desagradáveis e incômodas todas 
as ações presentes e, além disso, converter também o objeto ou futuro acontecimento temido numa 
verdadeira realidade, porque aquilo que nos habituamos a considerar mentalmente como mau, nisso se 
converte, por fim, no mundo das realidades. E quanto mais tempo persistir esse estado especial da nos-
sa mente, maiores são, decerto, as forças que reunimos para a sua pronta e breve realização, e maior, 
portanto, a facilidade que tem para exterio- rizar-se e tomar uma forma real no mundo material.
Para atrairmos o que mais desejamos — a felicidade — necessitamos de exercer completo e abso-
luto domínio sobre a nossa mente e o nosso espírito, em qualquer ocasião e lugar.
Um dos meios mais importantes, o mais necessário, o mais firme e o mais eficaz para se adquirir 
sempre e por todos os meios a tão desejada felicidade — consiste nessa disciplina relativa aos atos e 
coisas que taxamos geralmente de pequenos nadas da vida, assim como a disciplina e os movimentos 
regu- lares de um exército tem por verdadeira base a sólida e especial educação das pernas e dos bra-
ços dos seus soldados.
Aquele que tem por hábito fazer tudo à pressa, com precipitação ou, antes, estouvadamente, me-
lhor diríamos, tudo aquilo que ele chama pequenos nadas, inteiramente destituídos de importância, 
achar-se-á em condições de não saber o que há a fazer, completamente confuso e desorientado em 
qualquer acontecimento grave e inesperado. Ora, é justamente o inesperado o que mais frequentemen-
te sucede na vida.
Não se deve ter sempre a mente no que chamamos situação de reserva para poder entrar em ação 
em qualquer momento e direção. E podemos dizer que o nosso pensamento não está em seu lugar, 
quando estamos atando o laço de nossos sapatos e pensando, ao mesmo tempo, em alguma coisa que 
está muito distante de nós, no passado ou no futuro, ou ainda quando estamos retocando um desenho 
a lápis e temos a mente preocupada com algo que devemos fazer somente amanhã. Neste caso, o pen-
samento está deslocado, porque o ser humano não tem, então, o juízo no seu lugar, como diz o vulgo, e 
se tal estado da mente tem chegado já a ser nele habitual, abandonando a cada instante aquilo que tem 
entre as mãos, para se ocupar de acontecimentos já passados ou ainda vindouros, indu- bitàvelmente, 
de dia para dia, lhe será cada vez mais difícil agir sensata e proficuamente quando as mesmas neces-
sidades da vida lho exijam.
Com maior presteza do que a própria eletricidade, o nosso pensamento se dirige de um assunto a 
outro, podendo até dar- -se o caso de inconscientemente educarmos essa faculdade peculiar do espíri-
to, de forma tal que seja totalmente impossível mantê-lo fixo em uma só coisa, ao passo que, mediante a 
cultura intelectual, o repouso mental e a reflexão em tudo o que se fizer, podemos educar o nosso pen-
samento e mantê-lo fixo no assunto que quisermos e durante todo o lapso de tempo que nos aprouver, 
pondo-nos até no estado mental que mais nos convenha.
E isto nada mais é do que uma diminuta e tenuíssima parcela das enormes possibilidades e potên-
cias que à mente humana estão reservadas no porvir.
A perfeição e o progresso da mente humana não têm limites. Os passos que nos conduzirão a tão 
esplêndidos resultados são, por si só isolados, bem pequenos, facílimos e simplicís- simos — tão sim-
ples e fáceis que, por esta mesma razão, alguns se negam a dá-los, parecendolhes isso uma verdadeira 
puerili- dade.
24 Prentice Mulford
Incontestàvelmente já nos tempos antigos foram conhecidos esses poderes, e algumas das suas 
consequências eram remotas já; é certo, entretanto, que a tradição desses maravilhosos atos não tenha 
chegado até nós.
Os povos da índia, por exemplo, chegaram a possuir em grau tão elevado a faculdade ou o poder 
de expelir totalmente da sua mente o medo, a ponto de tornarem de todo invencível e invulnerávelo 
corpo, estando sempre superiores a toda espécie de sofrimentos físicos, motivo por que se viram muitos 
sofrerem sem dor os martirios que no cativeiro lhes infligiam, e entoarem ainda, serenamente, o canto da 
morte sobre a fogueira que lhes ia devorando os membros.
O índio é muito mais calmo e refletido do que a maioria dos homens da nossa raça, tanto na ordem 
mental, como na física. Já cultiva inconscientemente esse estado mental e vive uma vida muito menos 
artificial do que a nossa, com o que tem aumentado a sua força espiritual; esse domínio da mente sobre 
a corpo é um poder que tem até a faculdade ou dom de diminuir toda dor e até, como das suas posterio-
res possibilidades, expeli-la de uma vez para sempre; é um dos seus mais certos e positivos resultados.
Nenhuma qualidade mental é mais necessária ao êxito de uma emprêsa qualquer do que o valor 
— e por valor compreendo não só o que diz respeito ao aspecto físico ou material da vida, mas também 
tudo quanto diz respeito aos atos do pensamento.
Nos negócios cotidianos, vemos milhares e milhares de pessoas que se não atrevem sequer a pen-
sar na possibilidade de avançar um único passo na estrada dê seu adiantamento e bem-estar, só pelo 
fato de terem de despender para isso uma soma um pouco maior do que aquela que dispõem pelos 
seus ganhos ou ordenados, e tão grande é o seu espanto ou estupefação que, sem tardar um segundo, 
arremessam para longe do espírito o que consideram inteiramente inexequível, sem dar tempo à mente 
para com ela se familiarizar.
Se, porém, em lugar disto, permitirem que tal ideia permaneça e se arraigue em seu espírito, che-
gariam talvez, um dia, a descobrir os meios ou, pelo menos, os caminhos a trilhar para a aquisição do 
dinheiro necessário para implantarem e levar avante com êxito essa mesma ideia que, à primeira vista, 
tacharam de insensata, tão pouco viável a acharam.
Todas as pessoas podem fazer frente aos maiores perigos e conservarem-se serenas nas mais di-
fíceis conjunturas, inesperadas lutas e vicissitudes, quando possuírem o necessário poder para manter 
a mente fixa no que estão fazendo, no próprio momento, quer se trate de algo muito importante, quer 
de acões triviais e até pueris. Em tais casos, o covarde nenhum poder tem, e é pelo fato de não saber 
nem conseguir manter fixa a mente em uma coisa ou ação, durante cinco minutos consecutivos, vendo 
sempre grandes perigos em tudo e por toda parte, possuindo assim a fonte das suas desventuras em 
sua própria imaginação.
Não digo que devamos empregar toda a nossa força ou energia mental em cada um dos atos triviais 
ou aos quais assiifi cha* mamos, mas empreguemos neles somente a parte necessária de força para a 
boa execução do ato de que se trata, deixando em repouso absoluto o resto das nossas forças, isto é, 
pondo-as de reserva. O que importa realmente é não pensarmos em muitas coisas ao mesmo tempo e 
não pensarmos em coisas diversas enquanto estamos praticando um determinado ato.
Este especial estado mental permite-nos ter os olhos da inteligência sempre vigilantes e, através 
deles ou por intermédio deles próprios, teremos uma notícia exata e cabal de tudo quanto se passa ao 
redor de nós, enquanto estivermos ocupados em qualquer coisa, importante ou não, aumentando, desta 
forma, as possibilidades e até as probabilidades de bom êxito em todas as carreiras que trilhemos e em 
todos os negócios da vida.
Devemos ter sempre, e em tudo, a necessária e indispensável presença de espírito para nos não 
deixarmos levar por impulsos arrebatados, muitas vezes sem motivo algum sério, dando tempo ao espí-
rito para refletir com serenidade e optar pelo que mais convier.
 Nossas Forças Mentais – Vol. IV 25
Cultivemos a calma reflexão, tanto no pensamento como nas àções, a respeito de tudo, seja o que 
fôr; sejam fatos de importância capital ou inteiramente destituídos dela, tomando assim cada vez. mais 
sólidas, de dia para dia, as bases da corgem, do valor e até do heroísmo, se assim o quiserem, e de 
força de vontade, tanto física como moralmente.
Não se deve, porém, confundir a reflexão e a calma, com a preguiça e a indolência. Assim como o 
pensamento se move com a rapidez do relâmpago ou mais ainda talvez, assim tem de mover-se o corpo 
quando a ocasião o exigir, mas sòmente depois de ter sido bem delineado e amadurecido, na mente, o 
plano.
É preciso também notar-se que não convém educar a mente em uma só direção, embora por essa 
via ela se orientasse de forma até poder chegar à formação do gênio... Porque a história do gênio é 
na maior parte das vezes uma história tristíssima, demonstrando-nos que este estado mental que os 
homens denominam superior e transcendente mesmo, o é, na verdade, muitas vezes, porém não faz a 
felicidade deles.
Se, tendo lido este livro, alguém afirmar: ‘”Algo de verdadeiro existe no que esse autor afirma!” — 
pode essa pessoa ficar bem certa de que por aítem de começar a su cura, porquanto com tal exclama-
ção manifesta que sua mente principia a entrever, a vislumbrar pelo menos as luzes da verdade, embora 
as não enxergue ainda bem claramente.
Há períodos na vida em que parece havermos olvidado tudo quanto aprendemos, receando até 
têrmos volvido a ficar imersos nas profundas trevas da ignorância. Este esquecimento, porém, é ape-
nas temporário ou transitório, devido exclusivamente a causas por nós desconhecidas. Toda verdade 
entrevista uma vez não pode já morrer, antes se arraiga mais e mais vigorosamente no nosso espírito, 
resplandescendo com seu máximo e mais belo esplendor quando chegar a ocasião oportuna.
26 Prentice Mulford
A MENTE MATERIAL E A MENTE ESPIRITUAL
Todo ser humano encerra em si um Eu elevado e puro e outro Eu baixo e mau que, através das idades, vai crescendo e purificando-se, como tem igualmente um corpo ou mente cor- pórea, que é apenas uma coisa transitória que vai além do presente dia de hoje.
O que se dá é que, quanto mais numerosas forem as verdades que conhecemos, tanto mais são 
também os defeitos que descobrimos em nós, razão por que nos poderá parecer sermos hoje piores do 
que ontem éramos, o que não é verdade, pois esquecemos que ontem estávamos cegos e, por isso, não 
víamos as nossas grandes faltas.
Quero igualmente declarar que, se algumas destas páginas conseguirem despertar nos meus leito-
res o desejo de corrigirem- -se e aperfeiçoarem-se, tomando-se, portanto, melhores, não se me atribua 
o mérito disso, a mim individualmente, pois que eu apenas fui a centelha que ateou a luz do seu espírito.
Nunca homem algum inventou uma verdade; ela não é propriedade exclusiva de ninguém.
Assim como o ar que respiramos, a verdade pertence a todo o mundo, é de todos os sêres huma-
nos. O que eu apenas fiz foi aproximar-me do homem e dizer-lhe ao ouvido: Escuta! Como poderia ter 
eu a estulta pretensão de igualar-me ao Criador?!
Contento-me em desempenhar o humilde ofício do fósforo que se chega ao bico de gás e faz com 
que, subitamente, se ilumine a casa toda.
Foi esta, apenas, a minha obra ao aconselhar ao homem que, antes de tudo, peça ao Poder Supre-
mo lhe conceda a extraordinária e preciosa qualidade da coragem e do valor.
O espírito está cheio de ideias sugestivas, instigadoras, e de aspirações nobilíssimas que recebe 
do Poder Supremo.
O corpo ou mente corpórea considera bárbaras essas ideias e denomina tais aspirações de utopias.
A mente espiritual contém em si possibilidades e forças muito maiores, mais fortes e poderosas do 
que todas aquelas que até agora tanto o homem como a mulher têm possuído e desfrutado através de 
todas as eras.
A mente material ou corpórea diz-nos que só podemos viver como nas épocas anteriores viveram 
os nossos antepassados. O espírito só anela libertar-se das cadeias e dores que o corpo lhe impõe, ao 
passo que a mente física se empenha em nos demonstrar que nascemos já fadados para o mal, para 
sofrer, e que, quanto mais avançarmos na senda do progresso, mais sofreremos. O espírito deseja ser 
o seu próprio guia, tanto

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