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Literatura Brasileira: Pré-Modernismo e Modernismo

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1 
 
Literatura 
 
Sumário 
Pré-Modernismo ........................................................................ 2 
Modernismo 1ª fase .................................................................... 5 
Modernismo 2ª fase ................................................................. 14 
Modernismo 3ª fase ................................................................. 25 
Romantismo ............................................................................ 28 
Realismo e Naturalismo ........................................................... 36 
Classicismo (Luís de Camões) ................................................... 47 
 
 
 
 
 
2 
 
Pré-Modernismo 
 
Texto I 
Mapa 
 
Me colaram no tempo, me puseram 
uma alma viva e um corpo desconjuntado. Estou 
limitado ao norte pelos sentidos, ao sul pelo medo, 
a leste pelo Apóstolo São Paulo, a oeste pela minha educação. 
Me vejo numa nebulosa, rodando sou um fluido, 
depois chego à consciência da terra, ando como os outros, 
me pregam numa cruz, numa única vida. 
Colégio. Indignado, me chamam pelo número, detesto a hierarquia. 
Me puseram o rótulo de homem, vou rindo, vou andando, aos solavancos. 
 
Danço. Rio e choro, estou aqui, estou ali, desarticulado, 
gosto de todos, não gosto de ninguém, batalho com os espíritos do ar, 
alguém da terra me faz sinais, não sei mais o que é o bem 
nem o mal. 
Minha cabeça voou acima da baía, estou suspenso, angustiado, no éter, 
tonto de vidas, de cheiros, de movimentos, de pensamento, 
não acredito em nenhuma técnica. 
Estou com os meus antepassados, me balanço em arenas espanholas, 
é por isso que saio às vezes pra rua combatendo personagens imaginários, 
depois estou com os meus tios doidos, às gargalhadas, 
na fazenda do interior, olhando os girassóis do jardim. 
Estou no outro lado do mundo, daqui a cem anos, levantando populações... 
Me desespero porque não posso estar presente a todos os atos da vida. 
Onde esconder minha cara? O mundo samba na minha cabeça. 
Triângulos, estrelas, noite, mulheres andando, 
presságios brotando no ar, diversos pesos e movimentos me chamam a atenção, 
o mundo vai mudar a cara, 
a morte revelará o sentido verdadeiro das coisas. 
 
Andarei no ar. 
Estarei em todos os nascimentos e em todas as agonias, 
me aninharei nos recantos do corpo da noiva, 
na cabeça dos artistas doentes, dos revolucionários. 
Tudo transparecerá: 
vulcões de ódio, explosões de amor, outras caras aparecerão na terra, 
o vento que vem da eternidade suspenderá os passos, 
dançarei na luz dos relâmpagos, beijarei sete mulheres 
vibrarei nos cangerês do mar, abraçarei as almas no ar, 
me insinuarei nos quatro cantos do mundo. 
 
Almas desesperadas eu vos amo. Almas insatisfeitas, ardentes. 
Detesto os que se tapeiam, 
os que brincam de cabra-cega com a vida, os homens "práticos"... 
Viva São Francisco e vários suicidas e amantes suicidas, 
os soldados que perderam a batalha, as mães bem mães, 
as fêmeas bem fêmeas, os doidos bem doidos. 
3 
 
Vivam os transfigurados, ou porque eram perfeitos ou porque jejuavam muito... 
viva eu, que inauguro no mundo o estado de bagunça transcendente. 
 
Sou a presa do homem que fui há vinte anos passados, 
dos amores raros que tive, 
vida de planos ardentes, desertos vibrando sob os dedos do amor, 
tudo é ritmo do cérebro do poeta. Não me inscrevo em nenhuma teoria, 
estou no ar, 
na alma dos criminosos, 
dos amantes desesperados, 
no meu quarto modesto da Praia de Botafogo, 
no pensamento dos homens que movem o mundo, 
nem triste nem alegre, chama com dois olhos andando, 
sempre em transformação. 
 
MENDES, Murilo. Poesia Completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguiar, 1994. pp. 116-117. 
 
 
Texto II 
Versos íntimos 
 
Vês! Ninguém assistiu ao formidável 
Enterro de tua última quimera. 
Somente a Ingratidão - esta pantera - 
Foi tua companheira inseparável! 
 
Acostuma-te à lama que te espera! 
O Homem, que, nesta terra miserável, 
Mora, entre feras, sente inevitável 
Necessidade de também ser fera. 
 
Toma um fósforo. Acende teu cigarro! 
O beijo, amigo, é a véspera do escarro, 
A mão que afaga é a mesma que apedreja. 
 
Se a alguém causa inda pena a tua chaga, 
Apedreja essa mão vil que te afaga, 
Escarra nessa boca que te beija! 
 
In: MORICONI, Ítalo. Os Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2001. p. 61 
 
QUESTÃO 01. (Pism 2014) O poema de Murilo Mendes (texto I), como um todo, indica a necessidade que o 
poeta apresenta de: 
a) superar os limites da vida 
b) teorizar sobre a existência 
c) expressar suas ideias fixas 
d) desenvolver seus sentimentos 
4 
 
e) reconhecer a importância da fé 
 
QUESTÃO 02. (Pism 2014) No poema “Versos íntimos”, de Augusto dos Anjos (Texto II), percebe-se: 
a) a celebração da amizade 
b) o horror da morte 
c) o egoísmo do homem 
d) o conflito com a cidade 
e) a desilusão com as coisas 
 
QUESTÃO 03. (Pism 2014) Augusto dos Anjos, no texto II, reflete sobre: 
a) as classes sociais 
b) a pobreza das favelas 
c) as condições do país 
d) as relações humanas 
e) o poder político 
 
QUESTÃO 04. (Pism 2014) Pode-se dizer, comparando os poemas de Murilo Mendes (Texto I) e de Augusto 
dos Anjos (Texto II), que: 
a) ambos remetem a um espaço metafísico abstrato 
b) o texto I busca a transcendência; o texto II centra-se na materialidade 
c) ambos tratam da vida após a morte 
d) o texto I é bastante objetivo; o texto II tende à subjetividade 
e) ambos utilizam métrica e rima modernas 
 
QUESTÃO 05. (Pism 2014) O termo “quimera” que aparece no poema de Augusto dos Anjos (texto II) pode 
ser relacionado com um aspecto do poema de Murilo Mendes (texto I) que é: 
a) a descrição do mapa 
b) a força do desejo 
c) o delírio poético 
5 
 
d) a abstração teórica 
e) o controle da palavra 
Modernismo 1ª fase 
 
QUESTÃO 01. (Pism 2013) Leia o poema abaixo para responder à questão. 
Isto 
 
Dizem que finjo ou minto 
Tudo que escrevo. Não. 
Eu simplesmente sinto 
Com a imaginação. 
Não uso o coração. 
 
Tudo o que sonho ou passo, 
O que me falha ou finda, 
É como que um terraço 
Sobre outra coisa ainda. 
Essa coisa é que é linda. 
 
Por isso escrevo em meio 
Do que não está ao pé, 
Livre do meu enleio, 
Sério do que não é. 
Sentir? Sinta quem lê! 
 
PESSOA, Fernando. Antologia poética. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011, p. 28. 
 
O fato de não usar o coração aponta para: 
 
a) a incapacidade do poeta de sentir qualquer emoção de verdade. 
b) o fato da escrita poética ser um trabalho de elaboração e não de inspiração. 
c) a necessidade do leitor decifrar o sonho do poeta, que precisa fingir. 
d) a falsidade do poeta, que escreve sobre algo do qual não sabe nada. 
e) a explicitação do sentimento fraterno do poeta. 
 
 
 
 
6 
 
QUESTÃO 02. (Pism 2019) 
Eu só peço a Deus 
 
Deixa eu te falar, vim te confessar 
Acho que eu também sou poeta e não aprendi a amar 
Cruzes que eu já carreguei, cada um com a sua é a lei 
Ontem mesmo eu perguntei: "Por que que eu nunca parei? Ein? " 
Quer saber o que me move? Quer saber o que me prende? 
São correntes sanguíneas, não contas correntes 
Não conta com a gente pra assinar seu jornal 
Vocês descobriram o Brasil, né? Conta outra Cabral 
É um país cordial, carnaval, tudo igual 
Preconceito racial mais profundo que o Pré-Sal 
Tira os pobre do centro, faz um cartão postal 
É o governo trampando, Photoshop social 
Bandeirantes, Anhanguera, Raposo, Castelo 
São heróis ou algoz? Vai ver o que eles fizeram 
Botar o nome desses cara nas estrada é cruel 
É o mesmo que Rodovia Hitler em Israel 
 
Também quero a revolução, mas não sou imbecil 
Quem não sabe usar um lápis, não vai saber usar um fuzil 
(...) 
Nosso esporte predileto ainda é lotar os bares 
Esvaziar os lares, mano, nós somos milhares 
Miseráveis na arquibancada se matando 
E os 22 milionários se divertindo em campo (Haha...) 
Violência vicia soldado e eu sei bem (Bem!) 
A guerra não é santa nem aqui e nem em Jerusalém 
É oBrasil da mistura, miscigenação 
Quem não tem sangue de preto na veia deve ter na mão. 
 
(INQUÉRITO. “Eu só peço a Deus”, in: CD Corpo e alma, faixa 5, 2014. Disponível em http://www.grupoinquerito.com.br, acessado 
em 08/10/2015.) 
 
QUESTÃO 03. (Pism 2016) O uso da expressão “photoshop social” (verso 12) indica que a ação do governo 
é: 
a) superficial. 
b) discriminatória. 
c) coercitiva. 
d) democrática. 
e) efetiva. 
 
 
7 
 
QUESTÃO 04. (Pism 2016) O desfecho do texto III sobre a ideia de miscigenação racial na formação da 
sociedade brasileira evidencia: 
a) a violência contra negros. 
b) a harmonia das três raças. 
c) o idealismo romântico. 
d) a luta de classes. 
e) a justiça social. 
 
(Trecho da obra Macunaíma, de Mário de Andrade) 
Uma feita a Sol cobrira os três manos duma escaminha de suor e Macunaíma se lembrou de tomar banho. 
Porém no rio era impossível por causa das piranhas tão vorazes que de quando em quando, na luta pra 
pegar um naco de irmã espedaçada, pulavam aos cachos pra fora d‘água metro e mais. Então Macunaíma 
enxergou numa lapa bem no meio do rio uma cova cheia d‘água. E a cova era que nem a marca dum pé 
gigante. Abicaram. O herói depois de muitos gritos por causa do frio da água entrou na cova e se lavou 
inteirinho. Mas a água era encantada porque aquele buraco na lapa era marca do pezão do Sumé, do 
tempo em que andava pregando o evangelho de Jesus pra indiada brasileira. Quando o herói saiu do banho 
estava branco loiro e de olhos azuizinhos, água lavara o pretume dele. E ninguém não seria capaz mais de 
indicar nele um filho da tribo retinta dos tapanhumas. 
(ANDRADE, Mário de. Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. Estabelecimento do texto: Telê Ancona Lopez; Tatiana Longo 
Figueiredo. Ilustrações: Luiz Zerbini. 1ª ed. São Paulo: Ubu Editora, 2017. p. 45-46.) 
QUESTÃO 05. (Pism 2019) O trecho anterior pode ser descrito da seguinte forma: 
a) Uma biografia detalhada de um indivíduo brasileiro. 
b) Uma reportagem ficcional. 
c) Um romance em terceira pessoa – e, portanto, neutro. 
d) Uma narrativa com contornos mitológicos. 
e) Um relatório de viagem pelo Brasil. 
 
QUESTÃO 06. (Pism 2019) Sobre este trecho da obra Macunaíma, de Mário de Andrade, podemos afirmar 
que: 
a) Mário de Andrade retrata com realismo a questão dos índios no Brasil. 
b) O personagem Macunaíma simboliza a complexidade das tensões étnico-raciais no Brasil. 
c) Ao dizer que a “água lavara o pretume dele”, o narrador indica que as diferenças entre índios, negros e 
brancos no Brasil contemporâneo foram inteiramente superadas. 
d) A narrativa não toca em questões polêmicas da sociedade brasileira, apesar de sua linguagem fantasiosa. 
8 
 
e) O Modernismo se faz presente neste trecho devido à sua clara preocupação com as questões urbanas e 
tecnológicas no Brasil do início do século XX. 
 
QUESTÃO 07. (Pism 2020) Leia o poema abaixo para responder à questão. 
Erro de português 
Quando o português chegou 
debaixo duma bruta chuva 
vestiu o índio 
que pena! 
fosse uma manhã de sol 
o índio tinha despido o português 
(ANDRADE, Oswald de. Poesias reunidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. p. 177.) 
 
O poema de Oswald de Andrade tem como inspiração a História do Brasil. Nesse sentido, o alvo da crítica 
do poeta é: 
a) O colonialismo 
b) O beleletrismo 
c) O indianismo 
d) O passadismo 
e) O futurismo 
 
QUESTÃO 08. (Pism 2015) Nas opções abaixo, todos os textos são de autoria de Oswald de Andrade, autor 
modernista, que criou uma ampla interpretação da cultura brasileira em poemas curtos e humorados. 
Assinale a opção em que o poema de Oswald de Andrade descreve uma situação similar àquela narrada no 
fragmento do romance O cortiço (Texto III). 
a) Os selvagens 
Mostraram-lhes uma galinha 
Quase haviam medo dela 
E não queriam pôr a mão 
E depois a tomaram como espantados 
 
9 
 
b) Relicário 
No baile da Corte 
Foi o Conde d'Eu quem disse 
Pra Dona Benvinda 
Que farinha de Suruí 
Pinga de Parati 
Fumo de Baependi 
É comê bebê pitá e caí 
 
c) Pobre alimária 
O cavalo e a carroça 
Estavam atravancados no trilho 
E como o motorneiro se impacientasse 
Porque levava os advogados para os escritórios 
Desatravancaram o veículo 
E o animal disparou 
Mas o lesto carroceiro 
Trepou na boleia 
E castigou o fugitivo atrelado 
Com um grandioso chicote 
 
d) Crônica 
Era uma vez 
O mundo. 
 
e) O Capoeira 
—Qué apanhá sordado? 
— O quê? 
— Qué apanhá? 
10 
 
Pernas e cabeças na calçada. 
 
QUESTÃO 09. (Pism 2013) Leia o poema abaixo para responder à questão. 
Vícios na fala 
Para dizerem milho, dizem mio 
Para melhor dizem mió 
Para pior pió 
Para telha dizem teia 
Para telhado dizem teiado 
E vão fazendo telhados 
(Oswald de Andrade. Poesias reunidas. In.: Obras completas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978, p. 47.) 
a) De quem o poeta está falando? 
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________ 
 
b) Leia o fragmento abaixo do texto “Manifesto da poesia pau-brasil”, de Oswald de Andrade : 
 
“A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. 
Como falamos. Como somos.” 
 
(Oswald de Andrade. Obras completas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978, p. 86.) 
 
Qual a relação entre o poema e o que defende o poeta no trecho do texto Manifesto da poesia pau-brasil, 
em que ele apresenta suas orientações para a escrita poética no Brasil? 
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________ 
 
 
 
 
11 
 
QUESTÃO 10. (Pism 2014) 
 O trovador 
Sentimentos em mim do asperamente 
dos homens das primeiras eras... 
As primaveras de sarcasmo 
intermitentemente no meu coração arlequinal... 
Intermitentemente... 
Outras vezes é um doente, um frio 
na minha alma doente como um longo som redondo 
Cantabona! Cantabona! 
Dlorom... 
 
Sou um tupi tangendo um alaúde! 
 
ANDRADE, Mário. Poesias completas. Belo Horizonte: Villa Rica, 1993.p. 83. 
 
Explique o sentido do verso “Sou um tupi tangendo um alaúde!”. 
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________ 
 
QUESTÃO 11. (Pism 2014) 
Texto I 
 
Vou-me Embora pra Pasárgada 
 
Vou-me embora pra Pasárgada 
Lá sou amigo do rei 
Lá tenho a mulher que eu quero 
Na cama que escolherei 
 
Vou-me embora pra Pasárgada 
Vou-me embora pra Pasárgada 
Aqui eu não sou feliz 
12 
 
Lá a existência é uma aventura 
De tal modo inconsequente 
Que Joana a Louca de Espanha 
Rainha e falsa demente 
Vem a ser contraparente 
Da nora que nunca tive 
 
E como farei ginástica 
Andarei de bicicleta 
Montarei em burro brabo 
Subirei no pau-de-sebo 
Tomarei banhos de mar! 
E quando estiver cansado 
Deito na beira do rio 
Mando chamar a mãe-d'água 
Pra me contar as histórias 
Que no tempo de eu menino 
Rosa vinha me contar 
Vou-me embora pra Pasárgada 
 
Em Pasárgada tem tudo 
É outra civilização 
Tem um processo seguro 
De impedir a concepção 
Tem telefone automático 
Tem alcaloide à vontade 
Tem prostitutas bonitas 
Para a gente namorar 
 
E quandoeu estiver mais triste 
Mas triste de não ter jeito 
Quando de noite me der 
Vontade de me matar 
— Lá sou amigo do rei — 
Terei a mulher que eu quero 
Na cama que escolherei 
Vou-me embora pra Pasárgada 
 
BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993. p. 222. (ortografia atualizada) 
 
Texto II 
 
Mãos Dadas 
 
Não serei o poeta de um mundo caduco. 
Também não cantarei o mundo futuro. 
Estou preso à vida e olho meus companheiros. 
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças. 
Entre eles, considero a enorme realidade. 
O presente é tão grande, não nos afastemos. 
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. 
 
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história, 
13 
 
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela, 
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida, 
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins. 
 
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, 
a vida presente. 
 
ANDRADE. Carlos Drummond de. Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008. p. 80 
 
Com base na leitura comparativa dos textos I e II, responda aos itens a e b, a seguir: 
a) Explique como cada um dos textos responde ao escapismo e à fuga da realidade típicos do ideal 
romântico. 
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________ 
b) Identifique o que diferencia o ponto de vista do eu-lírico em “Pasárgada” (Texto I) e em “Mãos dadas” 
(Texto II). 
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________ 
 
Texto 
 
5. Perigo das Armas 
Entrei para a escola mista de D. Matilde. 
Ela me deu um livro com cem figuras para contar a mamãe a história do Rei 
Carlos Magno. 
Roldão num combate espetou com um pau a gengiva aflita do Maneco que era filho 
da venda da esquina e mamãe botou no fogo a minha Durindana. 
 
6. Maria da Glória 
Preta pequenina do peso das cadeias. Cabelos brancos e um guarda-chuva. 
O mecanismo das pernas sob a saia centenária desenrolava-se da casa lenta à escola pela 
manhã branca e de tarde azul. 
Ia na frente bamboleando maleta pelas portas lampiões eu menino. 
 
7. Felicidade 
Napoleão que era um grande guerreiro que Maria da Glória conheceu em Pernambuco disse 
que o dia mais feliz da vida dele foi o dia em que eu fiz a minha primeira comunhão. 
 
8. Fraque do ateu 
Saí de D. Matilde porque marmanjo não podia continuar na classe com meninas. 
14 
 
Matricularam-me na escola modelo das tiras de quadros nas paredes alvas escadarias 
e um cheiro de limpeza. 
Professora magrinha e recreio alegre começou a aula da tarde um bigode de 
arame espetado no grande professor Seu Carvalho. 
No silêncio tique taque da sala de jantar informei mamãe que não havia Deus 
porque Deus era a natureza. 
Nunca mais vi o Seu Carvalho que foi para o Inferno. 
 
ANDRADE, Oswald. Memórias sentimentais de João Miramar. São Paulo: Globo, 1990. 
 
QUESTÃO 12. (Pism 2017) Explique de que maneira o trecho do romance “Memórias sentimentais de João 
Miramar”, de Oswald de Andrade, caracteriza uma escrita de vanguarda modernista. 
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________ 
QUESTÃO 13. (Pism 2017) Explique a metáfora presente na ida de Seu Carvalho para o inferno no desfecho 
do episódio “Fraque de Ateu”. 
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________ 
Modernismo 2ª fase 
 
QUESTÃO 01. (Pism 2020) Leia o texto do crítico Alfredo Bosi sobre Graciliano Ramos: 
“Mas é em São Bernardo que o foco narrativo em primeira pessoa mostrará a sua verdadeira força na 
medida em que seria capaz de configurar o nível de consciência de um homem que, tendo conquistado a 
duras penas um lugar ao sol, absorveu na sua longa jornada toda a agressividade latente de um sistema de 
competição. Paulo Honório cresceu e afirmou-se no clima de posse, mas a sua união com a professorinha 
idealista da cidade vem a ser o único e decisivo malogro daquela posição de propriedade estendida a um 
ser humano. Tragédia do ciúme, no plano afetivo, e, ao mesmo tempo, romance de desencontro fatal entre 
o universo do ter e o universo do ser, São Bernardo ficará, na economia extrema de seus meios expressivos, 
como paradigma de romance psicológico e social da nossa literatura.” 
(BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 3ª. ed. São Paulo: Cultrix, 1997.) 
O crítico literário Alfredo Bosi classifica São Bernardo, de Graciliano Ramos, como obra paradigmática tanto 
de romance psicológico como de romance social da literatura brasileira. Dentre as alternativas abaixo, 
marque aquela cujo argumento NÃO justifica a afirmativa de Bosi: 
15 
 
a) O crítico afirma que São Bernardo é a tragédia do ciúme, no plano afetivo, e, ao mesmo tempo, romance 
de desencontro fatal entre o universo do ter e o universo do ser. 
b) Em função do foco narrativo na primeira pessoa, o romance, ao mesmo tempo que configura o nível de 
consciência do narrador, é capaz de representar a agressividade de um sistema de competição no qual 
Paulo Honório está inserido. 
c) De acordo com o crítico, o fato de Paulo Honório haver crescido e se afirmado no clima de posse faz da 
sua união frustrada com a professorinha idealista da cidade o único e decisivo malogro da sua posição de 
proprietário, que se estendia também a um ser humano. 
d) A tragédia do ciúme, de acordo com o crítico, não pode ser atribuída ao fato de Paulo Honório ter se 
moldado no universo do ter, pois ele parece mesmo incapaz de se moldar em qualquer ordem vigente. 
e) Para Alfredo Bosi, a economia extrema de meios expressivos do narrador é condizente com sua trajetória 
social no universo do ter, e a incorporação da agressividade configura seu nível de consciência. 
 
 
Texto I 
Contas 
 
FABIANO recebia na partilha a quarta parte dos bezerros e a terça dos cabritos. Mas como não tinha roça e 
apenas se limitava a semear na vazante uns punhados de feijão e milho, comia da feira, desfazia-se dos 
animais, não chegava a ferrar um bezerro ou assinar a orelha de um cabrito. 
 
Se pudesse economizar durante alguns meses, levantaria a cabeça. Forjara planos. Tolice, quem é do chão 
não se trepa. Consumidos os legumes, roídas as espigas de milho, recorria a gaveta do amo, cedia por 
preço baixo o produto das sortes, Resmungava, rezingava, numa aflição, tentando espichar os recursos 
minguados, engasgava-se, engolia em seco. Transigindo com outro, não seria roubado tão 
descaradamente. Mas receava ser expulso da fazenda.E rendia-se: Aceitava o cobre e ouvia conselhos. Era 
bom pensar no futuro, criar juízo. Ficava de boca aberta, vermelho, o pescoço inchando. De repente 
estourava - Conversa. Dinheiro anda num cavalo e ninguém pode viver sem comer. Quem é do chão não se 
trepa. 
 
Pouco a pouco o ferro do proprietário queimava os bichos de Fabiano. E quando não tinha mais nada para 
vender, o sertanejo endividava-se. Ao chegar a partilha, estava encalacrado, e na hora das contas davam-
lhe uma ninharia. 
 
Ora, daquela vez, como das outras, Fabiano ajustou o gado, arrependeu-se, enfim deixou a transação meio 
apalavrada e foi consultar a mulher. Sinha Vitória mandou os meninos para o barreiro, sentou-se na 
cozinha, concentrou-se, distribuiu no chão sementes de várias espécies, realizou somas e diminuições. No 
dia seguinte Fabiano voltou à cidade, mas ao fechar o negócio notou que as operações de Sinha Vitória, 
como de costume, diferiam das do patrão. Reclamou e obteve a explicação habitual: a diferença era 
proveniente de juros. Não se conformou: devia haver engano. Ele era bruto, sim senhor, via-se 
perfeitamente que era bruto, mas a mulher tinha miolo. Com certeza havia um erro no papel do branco. 
Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. Passar a vida inteira assim no toco, entregando o 
que era dele de mão beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de 
alforria! 
 
O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda. 
16 
 
Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era preciso barulho não. Se havia dito palavra 
à-toa, pedia desculpa. Era bruto, não fora ensinado. Atrevimento não tinha, conhecia o seu lugar. Um 
cabra. Ia lá puxar questão com gente rica? Bruto, sim senhor, mas sabia respeitar os homens. Devia ser 
ignorância da mulher, provavelmente devia ser ignorância da mulher. Até estranhara as contas dela. 
Enfim, como não sabia ler (um bruto, sim senhor), acreditara na sua velha. Mas pedia desculpa e jurava 
não cair noutra. 
 
O amo abrandou, e Fabiano saiu de costas, o chapéu varrendo o tijolo. Na porta, virando-se, enganchou as 
rosetas das esporas, afastou-se tropeçando, os sapatões de couro cru batendo no chão como cascos. Foi 
até a esquina, parou, tomou fôlego. Não deviam tratá-lo assim. Dirigiu-se ao quadro lentamente. Diante da 
bodega de seu Inácio virou o rosto e fez uma curva larga. Depois que acontecera aquela miséria, temia 
passar ali. Sentou-se numa calçada, tirou do bolso o dinheiro, examinou-o, procurando adivinhar quanto 
lhe tinham furtado. Não podia dizer em voz alta que aquilo era um furto, mas era. Tomavam-lhe o gado 
quase de graça e ainda inventavam juro. Que juro! O que havia era safadeza. 
 
- Ladroeira. 
 
Nem lhe permitiam queixas. Porque reclamara, achara a coisa uma exorbitância, o branco se levantara 
furioso, com quatro pedras na mão. Para que tanto espalhafato? 
 
 - Hum! hum! 
 
Recordou-se do que lhe sucedera anos atrás, antes da seca, longe. Num dia de apuro recorrera ao porco 
magro que não queria engordar no chiqueiro e estava reservado às despesas do Natal: matara-o antes de 
tempo e fora vendê-lo na cidade. Mas o cobrador da prefeitura chegara com o recibo e atrapalhara-o. 
Fabiano fingira-se desentendido: não compreendia nada, era bruto. Como o outro lhe explicasse que, para 
vender o porco, devia pagar imposto, tentara convencê-lo de que ali não havia porco, havia quartos de 
porco, pedaços de carne. O agente se aborrecera, insultarao, e Fabiano se encolhera. Bem, bem. Deus o 
livrasse de história com o governo. Julgava que podia dispor dos seus troços. Não entendia de imposto. 
 
- Um bruto, está percebendo? 
[...] 
 
(RAMOS, Graciliano. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 2013. p. 93-96.) 
 
QUESTÃO 02. (Pism 2018) A expressão "Quem é do chão não se trepa" é utilizada pelo narrador com qual 
finalidade? 
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QUESTÃO 03. (Pism 2018) - Em relação à condição de Fabiano, incapaz de verbalizar sua indignação contra 
o patrão, qual é a posição do narrador? 
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_______________________________________________________________________________________
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_______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ 
17 
 
 
Os tristes descaminhos 
 
 Quanto tempo, meu Deus, vai-se passar ainda até que um homem, rodando por essas estradas 
brasileiras de conservação tão precária, mas assim mesmo tão lindas, possa dizer, como se diz um 
americano, um alemão, um russo, um holandês, um canadense, um sueco - e pelo menos isto: não há 
fome? Até quando essas faces terrosas, esses olhos opacos, esses braços finos, essa pasmaceira filha de 
uma longa indigência sem remédio? Quando virá o dia em que, ao se parar num botequim para um café, 
não nos chegará de mão estendida uma criança imunda e endefluxada a nos exigir uma esmola com um 
duro olhar adulto? Ou um idiota de boca torta, os braços ainda saudosos da posição fetal, para nos dizer 
de sua angústia em sons afásicos, fazendo-nos olhar para outro lado como se não o estivéssemos vendo? 
Sim, porque o que é que adianta ver? 
 São seres humanos, patrícios nossos, que tiveram a desgraça de ser concebidos na miséria, de 
semente já enfraquecida por endemias e carências - e isto numa terra vasta e generosa, em que se 
plantando, tudo dá. Ficam parados à porta dos casebres e das tendinhas, ou estão sempre em marcha ao 
longo das rodovias, transportando suas avitaminoses, seus vermes intestinais, sua dor de dentes crônica, 
para ir trabalhar num roçado cinco léguas adiante. E à noitinha voltam, silenciosos e apressados, pelas 
mesmas estradas, para o prato sem proteínas que lhes serve uma velha mulher jovem, a quem faltam os 
incisivos, enquanto no chão de terra batida choraminga sobre os próprios excrementos o último fruto de 
sua triste condição. Porque, sim! Constituem, em sua sórdida pobreza, um casal: a célula da criação; um 
casal que, um amparado no outro, segue em frente, na direção onde o levam a vida e a necessidade, 
repartindo o trabalho, a comida, o sonho. Sonho? - que sonho? Um casal capaz de criar, produzir, vender, 
ganhar, ter uma casinha com uma cama, uma mesa, um fogão a lenha e uma privada. Capaz de comprar 
uma merendeira para a filhinha que vai à escola. Escola? - que esperança! 
 Não, não são seres humanos. São bichos. É um verme humano, uma lombriga de calça e 
suspensórios, um ascarídeo que leva outro dentro. Cobrem o teto e a cabeça com palha, fumam palha, 
dormem sobre palha, são palha eles próprios - palha seca que se desfaz à simples fricção dos dedos. 
 (...) 
 São patrícios nossos, que não têm voz e não têm vez. Em suas vísceras carcomidas se gera lentamente 
o câncer, alimentado, também, por uma progressiva indiferença. De que adianta lutar? A única coisa a 
fazer é o gesto de cortar ou ceifar, levar a mão à boca e virar de um golpe a pinga ruim, onde fermenta a 
cólera assassina, deslocar os ossos da companheira esquálida num breve ato de prazer animal. Prazer? - 
que prazer? E conformar-se ao ver-lhe o ventre, já inchado de farinha, inchar mais, inchar mais, até, numa 
primeira lua nova, expelir um feto natimorto, ou destinado a morrer no primeiro ano de vida, quando não 
vinga por milagre para UFJF – MÓDULO IIDO PISM –TRIÊNIO 2014-2016 – PROVA DE LITERATURA PARA O 
DESENVOLVIMENTO E RESPOSTA DAS QUESTÕES, SÓ SERÁ ADMITIDO USAR CANETA ESFEROGRÁFICA 
AZUL OU PRETA Proibido escrever na prova informações como: apelidos, desenhos, nome, números, 
símbolos e tudo o que possa identificar o candidato. repetir, anos mais tarde, aquela mesma miserável 
mímica. 
 (...) 
 Meu amor, acorda, não me deixes, só, nesta sala noturna, a escrever estas tristezas. Não me deixes 
mais recordar esses casebres pobres de beira-estrada onde dormem e morrem irmãos meus em quem se 
descoloriu o sangue. Eu os estou vendo agora, dentro da noite negra a mugir inaudivelmente sua 
indiferença, os magros corpos magoados pela tábua dura das enxergas. Eles não sabem por que vieram, 
não sabem por que permanecem, não sabem para onde vão. Eles só sabem de uma coisa: ninguém se 
lembra deles, e eu também não quero lembrar mais. Vem, amiga, me serve um uísque, dose dupla, muito 
gelo. E põe depressa um disco dos Beatles na vitrola. 
 
(MORAES, Vinícius de. Poesia e prosa completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004, pp.848-850) 
 
18 
 
QUESTÃO 04. (Pism 2016) O autor da crônica, apesar de reconhecer-se distante dos miseráveis sobre os 
quais escreve, estabelece com eles um elo de identidade. Explique que tipo de identidade é essa e retire do 
texto uma palavra que o comprove. 
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_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________ 
 
QUESTÃO 05. (Pism 2016) No desfecho da crônica o autor expressa uma reação contra a indiferença em 
relação aos desvalidos. Explique como se constrói essa reação. 
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________ 
QUESTÃO 06. (Pism 2013) Leia o trecho do poema “Consideração do poema”, de Carlos Drummond de 
Andrade, para responder à questão. 
“Não rimarei a palavra sono 
com a incorrespondente palavra outono. 
Rimarei com a palavra carne 
ou qualquer outra, que todas me convêm. 
As palavras não nascem amarradas, 
elas saltam, se beijam, se dissolvem, 
no céu livre por vezes um desenho, 
são puras, largas, autênticas, indevassáveis.” 
 
ANDRADE, Carlos Drummond de. Nova Reunião. Rio de Janeiro: José Olympio. 1983, p. 109. 
 
Neste trecho, o poeta rompe, formal e tematicamente, com uma das principais tradições no fazer poético. 
Qual? 
a) rima. 
b) métrica. 
c) figurativo. 
d) aliteração. 
e) sentimentalismo. 
 
Nel mezzo del camim... 
 
Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada 
19 
 
E triste, e triste e fatigado eu vinha. 
Tinhas a alma de sonhos povoada, 
E alma de sonhos povoada eu tinha... 
 
E paramos de súbito na estrada 
Da vida: longos anos, presa à minha 
A tua mão, a vista deslumbrada 
Tive da luz que teu olhar continha. 
 
Hoje segues de novo... Na partida 
Nem o pranto os teus olhos umedece, 
Nem te comove a dor da despedida. 
 
E eu, solitário, volto a face, e tremo, 
Vendo o teu vulto que desaparece 
Na extrema curva do caminho extremo. 
 
(BILAC, Olavo. Poesias. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 127.) 
 
 
No meio do caminho 
 
No meio do caminho tinha uma pedra 
tinha uma pedra no meio do caminho 
tinha uma pedra 
no meio do caminho tinha uma pedra. 
 
Nunca me esquecerei desse acontecimento 
na vida de minhas retinas tão fatigadas. 
Nunca me esquecerei que no meio do caminho 
tinha uma pedra 
tinha uma pedra no meio do caminho 
no meio do caminho tinha uma pedra. 
 
(ANDRADE, Carlos Drummond. Nova reunião. Rio de Janeiro: José Olympio, 1983, p. 15.) 
 
QUESTÃO 07. (Pism 2013) O título do soneto de Olavo Bilac está em italiano, pois faz a citação, no original, 
do primeiro verso de um famoso poema de Dante Alighieri, A Divina Comédia, no qual se lê “Nel mezzo del 
camin de nostra vita / mi retrovai por una selva oscura”, cuja tradução pode ser “No meio do caminho de 
nossa vida / me encontrava numa selva escura”. Da mesma forma, o poema de Carlos Drummond de 
Andrade dialoga, através de uma relação de intertextualidade, diretamente com o soneto de Olavo Bilac. 
Considerando o tipo de referência de cada um dos poetas, é correto afirmar que: 
a) Os poetas do modernismo criam a partir da existência de uma tradição literária brasileira já consolidada. 
b) Devido à sua vocação nacionalista, Carlos Drummond de Andrade se recusava a citar autores em língua 
estrangeira. 
c) A liberdade criativa almejada pelos poetas parnasianos os leva a buscar referências em poetas clássicos 
da literatura universal. 
20 
 
d) Os poetas parnasianos recusam as conquistas relacionadas ao nacionalismo literário dos românticos e 
buscam influências estrangeiras. 
e) Para os modernistas brasileiros, não havia tradição literária que pudesse servir de inspiração, pois 
pretendiam começar tudo do zero. 
 
QUESTÃO 08. (Pism 2013) Releia os versos. 
“Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada 
E triste, e triste e fatigado eu vinha.” 
“No meio do caminho tinha uma pedra 
tinha uma pedra no meio do caminho” 
 
O texto de Carlos Drummond de Andrade elabora, em sua forma, as referências ao texto de Bilac. Baseado 
nos versos acima, o elemento formal que melhor evidencia a aproximação entre o poema de Drummond e 
o soneto de Bilac é: 
a) a rima perfeita. 
b) a percepção irônica. 
c) a estrutura das frases. 
d) o uso de metáforas. 
e) a ausência de pontuação. 
 
QUESTÃO 09. (Pism 2015) 
Texto II 
 
Foi-se a Copa? 
 
Foi-se a Copa? Não faz mal. 
Adeus chutes e sistemas. 
A gente pode, afinal, 
cuidar de nossos problemas. 
Faltou inflação de pontos? 
Perdura a inflação de fato. 
Deixaremos de ser tontos 
se chutarmos no alvo exato. 
O povo, noutro torneio, 
havendo tenacidade, 
ganhará, rijo, e de cheio, 
a Copa da Liberdade. 
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008, p. 1345. 
 
No poema de Carlos Drummond de Andrade (Texto II), a expressão “noutro torneio” (verso 9) faz 
referência, no Brasil, a uma situação: 
a) social. 
21 
 
b) econômica. 
c) política. 
d) cultural. 
e) educacional. 
 
 
EU, ETIQUETA 
 
Em minha calça está grudado um nome 
que não é meu de batismo ou de cartório, 
um nome... estranho. 
Meu blusão traz lembrete de bebida 
que jamais pus na boca, nesta vida. 
Em minha camiseta, a marca de cigarro 
que não fumo, até hoje não fumei. 
Minhas meias falam de produto 
que nunca experimentei 
mas são comunicados a meus pés. 
Meu tênis é proclama colorido 
de alguma coisa não provada 
por este provador de longa idade. 
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, 
minha gravata e cinto e escova e pente, 
meu copo, minha xícara, 
minha toalha de banho e sabonete, 
meu isso, meu aquilo, 
desde a cabeça ao bico dos sapatos, 
são mensagens, 
letras falantes, 
gritos visuais, 
ordens de uso, abuso, reincidência, 
costume, hábito, premência, 
indispensabilidade, 
e fazem de mim homem-anúncio itinerante, 
escravo da matéria anunciada. 
Estou, estou na moda. 
É duro andar na moda, ainda que a moda 
seja negar minha identidade, 
trocá-la por mil, açambarcando 
todas as marcas registradas, 
todos os logotipos do mercado. 
Com que inocência demito-me de ser 
eu que antes era e me sabia 
tão diverso de outros, tão mim mesmo, 
ser pensante, sentinte e solidário 
com outros seres diversos e conscientes 
de sua humana, invencível condição. 
tão diverso de outros, tão mim mesmo, 
ser pensante, sentinte e solidárioAgora sou anúncio, 
ora vulgar ora bizarro, 
em língua nacional ou em qualquer língua 
(qualquer, principalmente). 
E nisto me comparo, tiro glória 
de minha anulação. 
Não sou - vê lá - anúncio contratado. 
Eu é que mimosamente pago 
para anunciar, para vender 
em bares festas praias pérgulas piscinas, 
e bem à vista exibo esta etiqueta 
global no corpo que desiste 
de ser veste e sandália de uma essência 
tão viva, independente, 
que moda ou suborno algum a compromete. 
Onde terei jogado fora 
meu gosto e capacidade de escolher, 
minhas idiossincrasias tão pessoais, 
tão minhas que no rosto se espelhavam 
e cada gesto, cada olhar 
cada vinco da roupa 
sou gravado de forma universal, 
saio da estamparia, não de casa, 
da vitrine me tiram, recolocam, 
objeto pulsante mas objeto 
que se oferece como signo de outros 
objetos estáticos, tarifados. 
Por me ostentar assim, tão orgulhoso 
de ser não eu, mas artigo industrial, 
peço que meu nome retifiquem. 
Já não me convém o título de homem. 
Meu nome novo é coisa. 
Eu sou a coisa, coisamente. 
22 
 
com outros seres diversos e conscientes 
de sua humana, invencível condição. 
 
 
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Corpo. Rio de Janeiro: 
Record, 1984. 
 
QUESTÃO 10. (Pism 2017) O poema de Carlos Drummond de Andrade é uma crítica ao: 
a) abstencionismo. 
b) consumismo. 
c) subjetivismo. 
d) anarquismo. 
e) comunismo. 
 
 
QUESTÃO 11. (Pism 2017) Nos versos “Agora sou anúncio/ora vulgar ora bizarro/ em língua nacional ou em 
qualquer língua“, o poeta alerta para: 
a) o lado positivo da moda. 
b) a importância de estar na moda. 
c) a pessoa é o que ela veste. 
d) a perda da identidade pessoal. 
e) o valor da língua nacional. 
 
QUESTÃO 12. (Pism 2017) Para o poeta, a moda é um meio de: 
a) ser hipermoderno. 
b) sair do comum. 
c) ser igual aos demais. 
d) ser mais intelectual. 
e) ser mais rebelde. 
 
QUESTÃO 13. (Pism 2020) Leia o poema abaixo: 
Ausência 
Por muito tempo achei que a ausência é falta. 
23 
 
E lastimava, ignorante, a falta. 
Hoje não a lastimo. 
Não há falta na ausência. 
A ausência é um estar em mim. 
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, 
que rio e danço e invento exclamações alegres, 
porque a ausência, essa ausência assimilada, 
ninguém a rouba mais de mim. 
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Nova Reunião – 23 livros de poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.) 
 
Marque a única alternativa que NÃO corresponde aos conteúdos temáticos do poema: 
a) Uma revolta permanente por causa das ausências. 
b) Reflexão sobre a passagem do tempo. 
c) Presença da memória e da saudade. 
d) Diferença entre ausência e falta. 
e) Permanência da ausência. 
 
Texto I Texto II 
O poeta futuro 
 
O poeta futuro já se encontra no meio de 
vós, 
Ele nasceu da terra 
Preparada por gerações de sensuais e 
místicos: 
Surgiu do universo em crise, do massacre 
entre irmãos, 
Encerrando no espírito épocas superpostas. 
O homem sereno, a síntese de todas as 
raças, o portador da vida 
Sai de tanta luta e negação, e do sangue 
espremido. 
 
O poeta futuro já vive no meio de vós 
E não o pressentis. 
Ele manifesta o equilíbrio de múltiplas 
direções 
E não permitirá que logo se perca, 
Não acabará de apagar o pavio que ainda 
fumega, 
Mãos dadas 
 
Não serei o poeta de um mundo caduco 
Também não cantarei o mundo futuro 
Estou preso à vida e olho meus 
companheiros 
Estão taciturnos mas nutrem grandes 
esperanças 
Entre eles, considero a enorme realidade 
O presente é tão grande, não nos afastemos 
Não nos afastemos muito, vamos de mãos 
Dadas 
 
Não serei o cantor de uma mulher, de uma 
história 
Não direi os suspiros ao anoitecer, a 
paisagem vista da janela 
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de 
suicida 
Não fugirei para as ilhas nem serei raptado 
por serafins 
O tempo é a minha matéria, o tempo 
24 
 
Transformando o aço da sua espada 
Em penas que escreverão poemas 
consoladores. 
 
O poeta futuro apontará o inferno 
Aos geradores de guerra, 
Aos que asfixiam órfãos e operários. 
 
(MENDES, Murilo. Poesia completa e prosa. Rio de 
Janeiro: Nova Aguilar, 2003. p.319) 
presente, os homens presentes 
A vida presente 
 
 
 
 
 
 
(ANDRADE, Carlos Drummond. Antologia poética. Rio 
de Janeiro: 2002, p.158) 
 
QUESTÃO 14. (Pism 2018) No Texto 1, os versos "O poeta futuro já vive no meio de vós/E não o 
pressentis", esta situação se deve: 
a) à imaginação do poeta. 
b) ao fato de viver no futuro. 
c) à brutalidade dos homens. 
d) às épocas superpostas. 
e) ao equilíbrio de múltiplas direções. 
 
QUESTÃO 15. (Pism 2018) Na segunda estrofe do Texto 2 o poeta faz uma crítica ao: 
a) Romantismo. 
b) Realismo. 
c) Simbolismo. 
d) Modernismo. 
e) Concretismo. 
 
QUESTÃO 16. (Pism 2018) Tanto a afirmação do futuro no Texto 1 quanto a do presente no Texto 2 se 
justificam em função de uma perspectiva: 
a) ufanista. 
b) hedonista. 
c) utópica. 
d) retórica. 
e) erótica. 
 
25 
 
Modernismo 3ª fase 
 
QUESTÃO 01. (Pism 2010) Leia os fragmentos dos contos “Feliz Aniversário” e a “A Procura de uma 
Dignidade” e depois responda à pergunta abaixo. 
Texto III 
 
“Todos se interromperam atentos e olharam a aniversariante de um modo mais oficial. Alguns abanaram a 
cabeça em admiração como a um recorde. Cada ano vencido pela aniversariante era uma vaga etapa da 
família toda. Sim senhor! Disseram alguns sorrindo timidamente. 
- Oitenta e nove anos! ecoou Manoel que era sócio de José. É um brotinho!, disse espirituoso e nervoso, e 
todos riram, menos sua esposa. 
A velha não se manifestava. 
Alguns não lhe haviam trazido presente nenhum. Outros trouxeram saboneteira, uma combinação de 
jérsei, um broche de fantasia, um vasinho de cactus nada, nada que a dona da casa pudesse aproveitar 
para si mesma ou para seus filhos, nada que a própria aniversariante pudesse realmente aproveitar 
constituindo assim uma economia: a dona da casa guardava os presentes, amarga, irônica. 
 - Oitenta e nove anos! repetiu Manoel aflito, olhando para a esposa. 
A velha não se manifestava. 
Então, como se todos tivessem tido a prova final de que não adiantava se esforçarem, com um levantar de 
ombros de quem estivesse junto de uma surda, continuaram a festa”... 
 
(LISPECTOR,Clarice.”Feliz Aniversário”. In: Laços de Família, Rio de Janeiro: José Olympio, 1980, p.62-63.) 
 
Texto IV 
 
“ E agora estava emaranhada naquele poço fundo e mortal, na revolução do corpo. Corpo cujo fundo não 
se via e que era a escuridão das trevas malignas de seus instintos vivos como lagartos e ratos. E tudo fora 
de época, fruto fora de estação? Por que as outras velhas nunca lhe tinham avisado que até o fim isso 
podia acontecer? Nos homens velhos bem vira olhares lúbricos. Mas nas velhas, não. Fora de estação. E 
ela viva como se ainda fosse alguém, ela que não era ninguém. 
A Sra. Jorge B. não era ninguém. 
Então quis ter sentimentos bonitos e românticos em relação à delicadeza de rosto de Roberto Carlos.” 
 
(LISPECTOR, Clarice, “A Procura de uma dignidade”. In: Onde Estiveste de Noite. Rio de Janeiro. Nova Fronteira, 1980, p. 18.) 
 
Nos contos Feliz aniversário e A Procura de uma Dignidade, a repetição das frases, “A velha não se 
manifestava” e “Não era ninguém”, pode ser uma estratégia usada para indicar que as personagens Anita e 
a Sra B. Xavier: 
a) sentiam-se incapazes de apresentar qualquer reflexão sobre a sua própria vida, não eram ninguém, 
durante a narrativa. 
b) eram indecisas e jamais tomariam qualquer decisão na vida, confirmando o que se afirma nas opiniões 
destacadas acima. 
26 
 
c) percebiam-se apáticas, sonhadoras, impossibilitadas de pensar e de expressar suas próprias reações, mas 
desmentiam a opinião do narrador. 
d) estavam muito angustiadas por viverem indiferentes, bastante alheias à vida e aos seus próprios 
problemas, por falta de identidade. 
e) mostravam-se insatisfeitas e, no decorrer da história narrada, negaram com suas próprias atitudes oscomentários destacados. 
 
Leia o trecho abaixo para responder às questões 08 e 09. 
“As pessoas ficaram sentadas benevolentes. Algumas com a atenção voltada para dentro de si, à espera de 
alguma coisa a dizer. Outras vazias e expectantes, com um sorriso amável, o estômago cheio daquelas 
porcarias que não alimentavam mas tiravam a fome.” 
(LISPECTOR, Clarice. “Feliz aniversário”. In: Laços de Família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 63.) 
 
QUESTÃO 02. (Pism 2012) Trata-se de uma descrição do comportamento dos convidados para a festa de 
aniversário da protagonista do conto “Feliz aniversário”, de Clarice Lispector. Considerando essa descrição 
e o contexto geral do conto, pode-se afirmar que a ironia, presente na descrição, volta-se criticamente 
contra o seguinte aspecto da vida em sociedade: 
a) hipocrisia. 
b) solidariedade. 
c) interesse. 
d) moralidade. 
e) violência. 
 
QUESTÃO 03. (Pism 2012) O trecho revela uma aproximação entre os aspectos moral e físico na descrição 
das personagens, principalmente quando contrapõe as idéias “atenção voltada para dentro de si” e “o 
estômago cheio daquelas porcarias”. O elemento comum entre os dois aspectos, dentre os relacionados 
abaixo, que dá a exata dimensão do sentimento das personagens é: 
a) insegurança. 
b) temor. 
c) nostalgia. 
d) solidão. 
e) desconforto. 
 
QUESTÃO 04. (Pism 2015) 
27 
 
Texto I 
 
O futebol brasileiro evocado da Europa 
 
A bola não é inimiga 
como o touro, numa corrida; 
e embora seja um utensílio 
caseiro e que não se usa sem risco, 
não é o utensílio impessoal, 
sempre manso, de gesto usual: 
é um utensílio semivivo, 
de reação própria como bicho, 
e que, como bicho, é mister 
(mais que bicho, como mulher) 
usar com malícia e atenção 
dando aos pés astúcia de mão. 
MELO NETO, João Cabral de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992, p. 407. 
 
O poema de João Cabral de Melo Neto (Texto I) estabelece uma comparação que se fundamenta: 
a) na personificação da bola para aproximá-la da imagem de um ser vivo. 
b) na relação entre o uso do touro em esportes na Europa e a bola como utensílio doméstico. 
c) na representação da figura feminina, que é igualada a um objeto ou um bicho. 
d) na diferença entre o estilo do futebol europeu e o do brasileiro. 
e) na ideia de que o futebol é um esporte sedutor através da referência à malícia e à mulher. 
 
QUESTÃO 05. (Pism 2010) Leia os fragmentos dos contos de Clarice Lispector, “Feliz Aniversário” e “A 
procura de uma dignidade”. 
Texto I 
“ Mas, piscando, ela olhava os outros, a aniversariante. Oh o desprezo pela vida que falhava. Como?! 
Como tendo sido tão forte pudera dar à luz aqueles seres tão opacos, com braços moles e rostos ansiosos? 
Ela, a forte, que casara em hora e tempo devido com um bom homem a quem, obediente e independente, 
a respeitara; a quem respeitara e que lhe fizera filhos e lhe pagara os partos, lhe honrara os resguardos. O 
tronco fora bom. Mas dera aqueles azedos e infelizes frutos, sem capacidade sequer para uma boa alegria. 
Como pudera ela dar à luz aqueles seres risonhos fracos, sem austeridade? O rancor roncava no seu peito 
vazio. Uns comunistas, era o que eram; uns comunistas. Olhou-os com sua cólera de velha. Pareciam ratos 
se acotovelando, a sua família. Incoercível, virou a cabeça e com força insuspeita cuspiu no chão. 
– Mamãe! gritou mortificada a dona da casa...” 
 
LISPECTOR, Clarice. “Feliz Aniversário”. In: Laços de Família. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1976, p. 66-67. 
 
Texto II 
 
(...) “Do fundo de sua futura morte imaginou ver no espelho a figura de Roberto Carlos, com aqueles 
28 
 
macios cabelos encaracolados que ele tinha. Ali estava, presa ao desejo fora de estação assim como o dia 
de verão em pleno inverno. Presa no emaranhado dos corredores do Maracanã. Presa ao segredo mortal 
das velhas. Só que ela não estava habituada a ter quase 70 anos, faltava-lhe prática e não tinha a menor 
experiência. 
Então disse alto e bem sozinha: 
- Robertinho Carlinhos. 
E acrescentou ainda: meu amor. Ouviu sua voz com estranheza como se estivesse pela primeira vez 
fazendo, sem nenhum pudor ou sentimento de culpa, a confissão que no entanto deveria ser vergonhosa. 
A senhora devaneou que era capaz de Robertinho não querer aceitar o seu amor porque tinha ela própria 
consciência de que este amor era muito piegas, melosamente voluptuoso e guloso. E Roberto Carlos 
parecia tão casto,tão assexuado. 
Seus lábios levemente pintados ainda seriam beijáveis? Ou por acaso era nojento beijar boca de velha? 
Examinou o estribilho da canção mais famosa de Roberto Carlos: ”Quero que você me aqueça neste 
inverno e que tudo o mais vá para o inferno.(...)” 
 
 LISPECTOR, Clarice. “A Procura de uma dignidade”. In: Onde Estivestes de Noite. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1980, 
p.19-20. 
 
 
Agora, em poucas linhas, apresente o sentimento expresso pelas personagens dos dois contos. Apresente 
também um motivo que justifique este sentimento. 
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Romantismo 
 
QUESTÃO 01. (Pism 2011) O título do poema de Gonçalves Dias “I-juca pirama” significa “o que é digno de 
ser morto”. Considerando a leitura do poema, explique como a relação “morte e dignidade” ajuda a 
construir o perfil qualitativo do herói nacional romântico 
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QUESTÃO 02. (Pism 2015) 
Texto I 
X 
Meu pobre leito! eu amo-te contudo! 
 
Aqui levei sonhando noites belas; 
As longas horas olvidei libando 
Ardentes gotas de licor dourado, 
Esqueci-as no fumo, na leitura 
29 
 
Das páginas lascivas do romance... 
 
Meu leito juvenil, da minha vida 
És a página d’oiro. Em teu asilo 
Eu sonho-me poeta e sou ditoso... 
E a mente errante devaneia em mundos 
Que esmalta a fantasia! Oh! quantas vezes 
Do levante no sol entre odaliscas 
Momentos não passei que valem vidas! 
Quanta música ouvi que me encantava! 
Quantas virgens amei! que Margaridas, 
Que Elviras saudosas e Clarissas, 
Mais trêmulo que Faust, eu não beijava... 
Mais feliz que Don Juan e Lovelace 
Não apertei ao peito desmaiando! 
Ó meus sonhos de amor e mocidade, 
Porque ser tão formosos, se devíeis 
Me abandonar tão cedo... e eu acordava 
Arquejando a beijar meu travesseiro? 
 
AZEVEDO, Álvares. Ideias íntimas. In: Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, p. 208. 
 
No fragmento citado de “Ideias íntimas” (Texto I), explique como o poeta assume uma perspectiva irônica 
em relação aos seus próprios sentimentos e demonstre através de citação de uma passagem do poema. 
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_______________________________________________________________________________________ 
QUESTÃO 03. (Pism 2011) Todo o poema “Navio Negreiro”, de Castro Alves, é construído para expressar 
sua profunda crítica e aversão ao sistema da escravidão negra no Brasil. Assinale a alternativa em que essa 
crítica dirige-se mais diretamente à nova nação: 
 
a) “Tu que, da liberdade após a guerra, 
 Foste hasteado dos heróis na lança 
 Antes te houvessem roto na batalha, 
 Que servires a um povo de mortalha!...” 
 
b) “Por que foges assim, barco ligeiro? 
 Por que foges do pávido poeta? 
 Oh! quem medera acompanhar-te a esteira 
 Que semelha no mar — doudo cometa!” 
 
30 
 
c) “Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras! 
 É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ... 
 Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!” 
 
d) “Diz do fumo entre os densos nevoeiros: 
 ‘Vibrai rijo o chicote, marinheiros! 
 Fazei-os mais dançar!...’” 
 
e) “Ontem simples, fortes, bravos. 
 Hoje míseros escravos, 
 Sem luz, sem ar, sem razão...” 
 
 
 
 
Leia o texto abaixo para responder às questões 4 e 5. 
Adormecida 
 
Uma noite eu me lembro... Ela dormia 
Numa rede encostada molemente... 
Quase aberto o roupão... solto o cabelo 
E o pé descalço do tapete rente. 
 
'Stava aberta a janela. Um cheiro agreste 
Exalavam as silvas da campina... 
E ao longe, num pedaço do horizonte 
Via-se a noite plácida e divina. 
 
De um jasmineiro os galhos encurvados, 
Indiscretos entravam pela sala, 
E de leve oscilando ao tom das auras 
Iam na face trêmulos — beijá-la. 
 
Era um quadro celeste!... A cada afago 
Mesmo em sonhos a moça estremecia... 
Quando ela serenava... a flor beijava-a... 
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia... 
 
Dir-se-ia que naquele doce instante 
31 
 
Brincavam duas cândidas crianças... 
A brisa, que agitava as folhas verdes, 
Fazia-lhe ondear as negras tranças! 
 
E o ramo ora chegava, ora afastava-se... 
Mas quando a via despeitada a meio, 
P'ra não zangá-la... sacudia alegre 
Uma chuva de pétalas no seio... 
 
Eu, fitando esta cena, repetia 
Naquela noite lânguida e sentida: 
"Ó flor! — tu és a virgem das campinas! 
"Virgem! tu és a flor da minha vida!..." 
 
ALVES, Castro. Poesia Completa. Rio de 
Janeiro: Nova Aguilar, 1997. 
 
QUESTÃO 04. (Pism 2011) No poema de Castro Alves, a representação da mulher é feita através de um 
jogo de 
aproximação e afastamento dos elementos da natureza. A passagem que melhor indica a identidade entre 
a mulher e a natureza é: 
 
a) Uma noite eu me lembro... Ela dormia 
 Numa rede encostada molemente... 
 
b) 'Stava aberta a janela. Um cheiro agreste 
 Exalavam as silvas da campina... 
 
c) Era um quadro celeste!... A cada afago 
 Mesmo em sonhos a moça estremecia... 
 
d) De um jasmineiro os galhos encurvados, 
 Indiscretos entravam pela sala, 
 
e) Dir-se-ia que naquele doce instante 
 Brincavam duas cândidas crianças... 
 
32 
 
QUESTÃO 05. (Pism 2011) No verso “naquela noite lânguida e sentida”, percebe-se: 
a) A projeção dos estados de alma românticos na natureza, típica do Romantismo. 
b) A noite como espaço que acentua a lucidez do poeta romântico. 
c) A caracterização de um espaço inadaptado à virgem adormecida. 
d) A proximidade da mulher amada marcada pelo demonstrativo “naquela”. 
e) A contradição entre a languidez da jovem adormecida e o sentimento do poeta. 
 
QUESTÃO 06. (Pism 2012) Leia o trecho abaixo para responder à questão. 
“Quem são estes desgraçados 
Que não encontram em vós 
Mais que o rir calmo da turba 
Que excita a fúria do algoz? 
Quem são? Se a estrela se cala, 
Se a vaga à pressa resvala 
Como um cúmplice fugaz, 
Perante a noite confusa... 
Dize-o tu, severa Musa, 
Musa libérrima, audaz!... 
 
São os filhos do deserto, 
Onde a terra esposa a luz. 
Onde vive em campo aberto 
A tribo dos homens nus... 
São os guerreiros ousados 
Que com os tigres mosqueados 
Combatem na solidão. 
Ontem simples, fortes, bravos. 
Hoje míseros escravos, 
Sem luz, sem ar, sem razão” 
 
(ALVES, Castro. “Navio negreiro”. In: ________. Obras completas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997, p.142.) 
 
Na passagem acima, destacada do canto V do poema “Navio negreiro”, de Castro Alves, controi-se uma 
imagem dos escravos através da contraposição entre o passado e o presente. As melhores ideias que 
caracterizam esses momentos são, respectivamente: 
a) simplicidade e liberdade. 
b) glória e abandono. 
c) misticismo e autoridade. 
d) heroísmo e submissão. 
e) desgraça e alegria. 
 
33 
 
 
 
QUESTÃO 07. (Pism 2016) 
 
Navio negreiro-framentos (Castro Alves) 
 
Senhor Deus dos desgraçados! 
Dizei-me vós, Senhor Deus! 
Se é loucura... se é verdade 
Tanto horror perante os céus?! 
Ó mar, por que não apagas 
Co'a esponja de tuas vagas 
De teu manto este borrão?... 
Astros! noites! tempestades! 
Rolai das imensidades! 
Varrei os mares, tufão! 
 
Quem são estes desgraçados 
Que não encontram em vós 
Mais que o rir calmo da turba 
Que excita a fúria do algoz? 
Quem são? Se a estrela se cala, 
Se a vaga à pressa resvala 
Como um cúmplice fugaz, 
Perante a noite confusa... 
Dize-o tu, severa Musa, 
Musa libérrima, audaz!... 
 
São os filhos do deserto, 
Onde a terra esposa a luz. 
Onde vive em campo aberto 
A tribo dos homens nus... 
São os guerreiros ousados 
Que com os tigres mosqueados 
Combatem na solidão. 
Ontem simples, fortes, bravos. 
Hoje míseros escravos, 
Sem luz, sem ar, sem razão. . . 
(...) 
 
VI 
Existe um povo que a bandeira empresta 
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... 
E deixa-a transformar-se nessa festa 
Em manto impuro de bacante fria!... 
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, 
Que impudente na gávea tripudia? 
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto 
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ... 
 
Auriverde pendão de minha terra, 
Que a brisa do Brasil beija e balança, 
Estandarte que a luz do sol encerra 
E as promessas divinas da esperança... 
Tu que, da liberdade após a guerra, 
Foste hasteado dos heróis na lança 
Antes te houvessem roto na batalha, 
Que servires a um povo de mortalha!... 
 
(ALVES, Castro. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1960. 
pp. 281-283) 
 
O texto é um fragmento do poema “Navio negreiro”, de 1868, sobre o tráfico de escravos no Brasil. Por 
meio desse poema, o autor faz uma crítica à sociedade brasileira e à política do Império, responsáveis pela 
manutenção de um regime escravista. A figura que sustenta metaforicamente essa crítica é: 
 
a) a bandeira nacional. 
b) a providência divina. 
c) a força da natureza. 
d) a inspiração da musa. 
e) a nobreza dos selvagens. 
34 
 
 
 
(Trecho do poema “Navio Negreiro”, de Castro 
Alves) 
 
III 
 
Desce do espaço imenso, ó águia do oceano! 
Desce mais, inda mais... não pode olhar humano 
Como o teu mergulhar no brigue voador. 
Mas que vejo eu ali... Que quadro d'amarguras! 
Que cena funeral!... Que tétricas figuras! ... 
Que cena infame e vil!... 
Meu Deus! meu Deus! Que horror! 
 
IV 
 
Era um sonho dantesco... O tombadilho 
Que das luzernas avermelha o brilho, 
Em sangue a se banhar. 
Tinir de ferros... estalar de açoite... 
Legiões de homens negros como a noite, 
Horrendos a dançar... 
 
Negras mulheres, suspendendo às tetas 
Magras crianças, cujas bocas pretas 
Rega o sangue das mães: 
Outras, moças... mas nuas, espantadas, 
No turbilhão de espectros arrastadas, 
Em ânsia e mágoa vãs. 
 
E ri-se a orquestra, irônica, estridente... 
E da ronda fantástica a serpente 
Faz doudas espirais... 
Se o velho arqueja... se no chão resvala, 
Ouvem-se gritos... o chicote estala. 
E voam mais e mais... 
 
Presa nos elos de uma só cadeia, 
A multidão faminta cambaleia, 
E chora e dança ali! 
............................................................ 
Um de raiva delira, outro enlouquece... 
Outro, que martírios embrutece, 
Cantando, geme e ri! 
 
No entanto o capitão manda a manobra 
E após, fitando o céu que se desdobra 
Tão puro sobre o mar, 
 
 
Diz do fumo entre os densos nevoeiros: 
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros! 
Fazei-os mais dançar!..." 
 
E ri-se a orquestra irônica, estridente... 
E da ronda fantástica a serpente 
Faz doudas espirais! 
Qual um sonho dantesco as sombras voam... 
Gritos, ais, maldições, preces ressoam! 
E ri-se Satanás!... 
 
V 
 
Senhor Deus dos desgraçados! 
Dizei-me vós, Senhor Deus! 
Se é loucura... se é verdade 
Tanto horror perante os céus... 
Ó mar, por que não apagas 
Co'a esponja de tuas vagas 
De teu manto este borrão?... 
Astros! noites! tempestades! 
Rolai das imensidades! 
Varrei os mares, tufão! 
 
Quem são estes desgraçados,Que não encontram em vós 
Mais que o rir calmo da turba 
Que excita a fúria do algoz? 
Quem são?... Se a estrela se cala, 
Se a vaga à pressa resvala 
Como um cúmplice fugaz, 
Perante a noite confusa... 
Dize-o tu, severa musa, 
Musa libérrima, audaz! 
 
São os filhos do deserto, 
Onde a terra esposa a luz. 
Onde vive em campo aberto 
A tribo dos homens nus... 
São os guerreiros ousados, 
Que com os tigres mosqueados 
Combatem na solidão... 
Ontem simples, fortes, bravos... 
Hoje míseros escravos 
Sem luz, sem ar, sem razão... 
[...] 
 
(ALVES, Castro. Obra Completa. Rio de Janeiro: 
Nova Aguilar, 1986. p. 279-281.) 
35 
 
 
QUESTÃO 08. (Pism 2019) Em sua representação da liberdade e do lugar do poeta, o poema de Castro 
Alves se aproxima dos preceitos do: 
a) Classicismo 
b) Hermetismo 
c) Realismo 
d) Romantismo 
e) Arcadismo 
 
QUESTÃO 09. (Pism 2019) Na primeira estrofe do Texto , a “águia do oceano” pode ser lida como uma 
referência: 
a) ao navio negreiro. 
b) ao capitão do navio. 
c) à própria poesia. 
d) aos senhores de escravos. 
e) às divindades dos mares. 
 
QUESTÃO 10. (Pism 2019) Dentre as afirmações abaixo, quais estão CORRETAS com relação ao poema de 
Castro Alves ? 
 I – O poema utiliza metáforas para falar da condição dos escravos. 
 II – Trata-se de uma denúncia aos horrores da escravidão. 
 III– A expressão “tétricas figuras” simboliza o horror causado pela cena. 
 IV – A ordem “fazei-os mais dançar” comporta um uso irônico da linguagem. 
a) Todas as afirmações estão corretas. 
b) Apenas as afirmações I e III estão corretas. 
c) Apenas as afirmações I, II e III estão corretas. 
d) Apenas as afirmações II e III estão corretas. 
e) Apenas as afirmações I, III e IV estão corretas. 
 
36 
 
Realismo e Naturalismo 
 
QUESTÃO 01. (Pism 2011) Podemos afirmar que o sentido mais explorado pelo texto realista é a visão. Isso 
se justifica porque esses textos são fortemente marcados pela estrutura: 
a) narrativa. 
b) interjetiva. 
c) argumentativa. 
d) interlocutiva. 
e) descritiva. 
 
QUESTÃO 02. (Pism 2011) Qual dos itens abaixo, presente na obra O Crime do Padre Amaro, de Eça de 
Queirós, melhor se contrapõe às concepções de mundo presentes na literatura romântica: 
a) Tratamento da sexualidade das personagens. 
b) Idealização da figura feminina. 
c) Intensa relação entre religião e natureza. 
d) Invocação da noite como espaço da fantasia. 
e) Defesa acalorada do celibato clerical 
 
QUESTÃO 03. (Pism 2012) Leia o trecho abaixo de O crime do padre Amaro, de Eça de Queirós, para 
responder à questão. 
– E que me diz você a estas coisas da França, Amaro? – exclamou de repente o cônego. 
– Um horror, padre-mestre... O arcebispo, uma súcia de padres fuzilados!... Que brincadeira! 
– Má brincadeira, rosnou o cônego. 
E o padre Amaro: 
– E cá pelo nosso canto parece que começam também essas idéias... 
O cônego assim o ouvira. Então indignaram-se contra essa turba de mações, de republicanos, de 
socialistas, gente que quer a destruição de tudo o que é respeitável – o clero, a instrução religiosa, a 
família, o exército e a riqueza... Ah! a sociedade estava ameaçada por monstros desencadeados! Eram 
necessárias as antigas repressões, a masmorra e a forca. Sobretudo inspirar aos homens a fé e o respeito 
pelo sacerdote. 
– Aí é que está o mal, disse Amaro, é que nos não respeitam! Não fazem senão desacreditar-nos... 
Destroem no povo a veneração pelo sacerdócio... 
– Caluniam-nos infamemente, disse num tom profundo o cônego. 
Então junto deles passaram duas senhoras, uma já de cabelos brancos, o ar muito nobre; a outra, uma 
criaturinha delgada e pálida, de olheiras batidas, os cotovelos agudos colados a uma cinta de esterilidade, 
pouff enorme no vestido, cuia forte, tacões de palmo. 
– Cáspite! disse o cônego baixo, tocando o cotovelo do colega. Hem, seu padre Amaro?... Aquilo é que 
37 
 
você queria confessar. 
– Já lá vai o tempo, padre-mestre, disse e pároco rindo, já as não confesso senão casadas! 
 
(QUEIRÓS, Eça de. O crime do padre Amaro. Porto Algre: L&PM, 1972, p. 396.) 
 
Eça de Queirós sempre defendeu que sua principal ambição com seus romances era “pintar a sociedade 
portuguesa”, revelando sua verdadeira natureza: hipócrita, falsa, decadente. No trecho destacado, a 
principal estratégia utilizada pelo autor para tal realização é: 
a) a descrição. 
b) a ironia. 
c) o diálogo. 
d) o enredo. 
e) a síntese. 
 
QUESTÃO 04. (Pism 2013) Leia o trecho abaixo do conto “Pai contra mãe”, de Machado de Assis, para 
responder à questão. 
(...) 
Há meio século, os escravos fugiam com freqüência. Eram muitos, e nem todos gostavam da escravidão. 
Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte 
era apenas repreendida; havia alguém de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono não era mau; 
além disso, o sentimento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro também dói. A fuga repetia-
se, entretanto. Casos houve, ainda que raros, em que o escravo de contrabando, apenas comprado no 
Valongo, deitava a correr, sem conhecer as ruas da cidade. Dos que seguiam para casa, não raro, apenas 
ladinos, pediam ao senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ganhá-lo fora, quitandando. 
(...) 
 
ASSIS, Machado de. Obras completas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983, p. 137. 
 
A frase “e nem todos gostavam de ...” atribui ao texto um tom: 
a) irônico. 
b) realista. 
c) melancólico. 
d) revoltado. 
e) desgostoso. 
 
 
 
38 
 
 
CAPÍTULO II 
 
O EMPLASTO 
 
Com efeito, um dia de manhã, estando a passear na chácara, pendurou-se-me uma ideia no trapézio que 
eu tinha no cérebro. Uma vez pendurada, entrou a bracejar, a pernear, a fazer as mais arrojadas cabriolas 
de volatim que é possível crer. Eu deixeime estar a contemplá-la. Súbito, deu um grande salto, estendeu os 
braços e as pernas, até tomar a forma de um X: decifra-me ou devoro-te. Essa ideia era nada menos que a 
invenção de um medicamento sublime, um emplastro anti-hipocondríaco, destinado a aliviar a nossa 
melancólica humanidade. Na petição de privilégio que então redigi, chamei a atenção do governo para 
esse resultado, verdadeiramente cristão. Todavia, não neguei aos amigos as vantagens pecuniárias que 
deviam resultar da distribuição de um produto de tamanhos e tão profundos efeitos. Agora, porém, que 
estou cá do outro lado da vida, posso confessar tudo: o que me influiu principalmente foi o gosto de ver 
impressas nos jornais, mostradores, folhetos, esquinas, e enfim nas caixinhas do remédio, estas três 
palavras: Emplasto Brás Cubas. Para que negálo? Eu tinha a paixão do arruído, do cartaz, do foguete de 
lágrimas. Talvez os modestos me argúam esse defeito; fio, porém, que esse talento me hão de reconhecer 
os hábeis. Assim, a minha ideia trazia duas faces, como as medalhas, uma virada para o público, outra para 
mim. De um lado, filantropia e lucro; de outro lado, sede de nomeada. Digamos: — amor da glória. Um tio 
meu, cônego de prebenda inteira, costumava dizer que o amor da glória temporal era a perdição das 
almas, que só devem cobiçar a glória eterna. Ao que retorquia outro tio, oficial de um dos antigos terços 
de infantaria, que o amor da glória era a coisa mais verdadeiramente humana que há no homem, e, 
conseguintemente, a sua mais genuína feição. 
Decida o leitor entre o militar e o cônego; eu volto ao emplasto. 
 
ASSIS, Machado. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. 
 
QUESTÃO 05. (Pism 2017) Em relação ao discurso do narrador, no capítulo II, predomina: 
a) a ironia. 
b) a melancolia. 
c) o pessimismo. 
d) o tradicionalismo. 
e) o naturalismo. 
 
QUESTÃO 06. (Pism 2017) – Com a ideia do emplasto fica claro uma característica do personagem-narrador 
Brás Cubas que é: 
a) o amor pelo próximo. 
b) o respeito pelas instituições. 
c) o romantismo. 
d) a devoção ao cristianismo. 
e) a megalomania. 
39 
 
 
Texto 3 
IX – A ópera 
[...] 
--Avida é uma ópera e uma grande ópera. O tenor e o barítono lutam pelo soprano, em presença do baixo 
e dos comprimários, quando não são o soprano e o contralto que lutam pelo tenor, em presença do mesmo 
baixo e dos mesmos comprimários. Há coros numerosos, muitos bailados, e a orquestração é excelente... 
--Mas, meu caro Marcolini... 
--Quê?... 
E, depois de beber um gole de licor, pousou o cálix, e expôs-me a história da criação, com palavras que vou 
resumir. 
Deus é o poeta. A música é de Satanás, jovem maestro de muito futuro, que aprendeu no conservatório do 
céu. Rival de Miguel, Rafael e Gabriel, não tolerava a precedência que eles tinham na distribuição dos 
prêmios. Pode ser também que a música em demasia doce e mística daqueles outros condiscípulos fosse 
aborrecível ao seu gênio essencialmente trágico. Tramou uma rebelião que foi descoberta a tempo, e ele 
expulso do conservatório. Tudo se teria passado sem mais nada, se Deus não houvesse escrito um libreto 
de ópera do qual abrira mão, por entender que tal gênero de recreio era impróprio da sua eternidade. 
Satanás levou o manuscrito consigo para o inferno. Com o fim de mostrar que valia mais que os outros, e 
acaso para reconciliar-se com o céu, compôs a partitura, e logo que a acabou foi levá-la ao Padre Eterno. 
 - Senhor, não desaprendi as lições recebidas, disse-lhe. Aqui tendes a partitura, escutai-a, emendai-a, fazei-
a executar, e se a achardes digna das alturas, admiti-me com ela a vossos pés... 
- Não, retorquiu o Senhor, não quero ouvir nada. 
- Mas, Senhor... 
- Nada! nada! 
Satanás suplicou ainda, sem melhor fortuna, até que Deus, cansado e cheio de misericórdia, consentiu em 
que a ópera fosse executada, mas fora do céu. Criou um teatro especial, este planeta, e inventou uma 
companhia inteira, com todas as partes, primárias e comprimárias, coros e bailarinos. 
- Ouvi agora alguns ensaios! 
- Não, não quero saber de ensaios. Basta-me haver composto o libreto; estou pronto a dividir contigo os 
direitos de autor. 
Foi talvez um mal esta recusa; dela resultaram alguns desconcertos que a audiência prévia e a colaboração 
amiga teriam evitado. Com efeito, há lugares em que o verso vai para a direita e a música, para a esquerda. 
Não falta quem Página 3 de 11 UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA PISM 2018 – Módulo II – Dia 2 
PROVA OBJETIVA – Literaturas, Biologia, Física, História diga que nisso mesmo está a beleza da composição, 
fugindo à monotonia, e assim explicam o terceto do Aden, a ária de Abel, os coros da guilhotina e da 
escravidão. Não é raro que os mesmos lances se reproduzam, sem razão suficiente. Certos motivos cansam 
40 
 
à força de repetição. Também há obscuridades; o maestro abusa das massas corais, encobrindo muita vez o 
sentido por um modo confuso. As partes orquestrais são aliás tratadas com grande perícia. Tal é a opinião 
dos imparciais. 
[...] 
--Esta peça, concluiu o velho tenor, durará enquanto durar o teatro, não se podendo calcular em que 
tempo será ele demolido por utilidade astronômica. O êxito é crescente. Poeta e músico recebem 
pontualmente os seus direitos autorais, que não são os mesmos, porque a regra da divisão é aquilo da 
Escritura: "Muitos são os chamados, poucos os escolhidos". Deus recebe em ouro, Satanás em papel. 
 - Tem graça... 
- Graça? Bradou ele com fúria; mas aquietou-se logo, e replicou: Caro Santiago, eu não tenho graça, eu 
tenho horror à graça. Isto que digo é a verdade pura e última. Um dia, quando todos os livros forem 
queimados por inúteis, há de haver alguém, pode ser que tenor, e talvez italiano, que ensine esta verdade 
aos homens. Tudo é música, meu amigo. No princípio era o dó, e do dó fez-se ré, etc. Este cálix (e enchia-o 
novamente), este cálix é um breve estribilho. Não se ouve? Também não se ouve o pau nem a pedra, mas 
tudo cabe na mesma ópera... 
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Ática, 1995. p. 22-25. 
QUESTÃO 07. (Pism 2018) No Texto 3, a alegoria da ópera serve para descrever 
a) a perfeição do paraíso. 
b) Deus como um escritor. 
c) a criação do universo. 
d) o desconcerto do mundo. 
e) o inferno como um teatro. 
 
QUESTÃO 08. (Pism 2018) Na resposta final dada a Santiago, o Maestro se mostra 
a) sóbrio. 
b) desiludido. 
c) empolgado. 
d) esperançoso. 
e) acomodado. 
 
 
 
 
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QUESTÃO 09. (Pism 2020) Leia o texto abaixo: 
ÓBITO DO AUTOR 
 “Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro 
lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas 
considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor 
defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim 
mais galante e mais novo.” 
(ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ática, 1997.) 
O narrador das Memórias póstumas de Brás Cubas afirma que é um “defunto-autor” e confessa, por isso, 
ter tido dúvidas quanto ao modo de começar a contar a sua história. Nas alternativas abaixo, assinale a 
única alternativa que NÃO pode servir como explicação para o seu método de compor a narração das suas 
memórias: 
a) Porque é um defunto-autor, o narrador pode escolher começar a sua história pelo final, isto é, pela sua 
própria morte. 
b) Porque é um defunto-autor, ele se sente livre para rejeitar o que ele considera ser o “uso vulgar”, que é 
sempre começar tudo pelo seu começo. 
c) Ser um defunto-autor significa que ele se fez autor somente depois de morto, pois, para ele, a “campa foi 
outro berço”. 
d) Ser um defunto-autor faz com que ele opte por inverter a ordem do “uso vulgar” e fazer com que seu 
escrito fique “mais galante e mais novo”. 
e) A posição de defunto-autor lhe condiciona a ser absolutamente sincero ao narrar a história da sua vida. 
 
QUESTÃO 10. (Pism 2020) 
Texto III 
 
(...) 
O brasileiro tinha já recebido pauladas na testa, no pescoço, nos ombros, nos braços, no peito, nos rins e 
nas pernas. O sangue inundava-o inteiro; ele rugia e arfava, iroso e cansado, investindo ora com os pés, 
ora com a cabeça, e livrando-se daqui, livrando-se dali, aos pulos e às cambalhotas. 
A vitória pendia para o lado do português. Os espectadores aclamavam-no já com entusiasmo; mas, de 
súbito, o capoeira mergulhou, num relance, até as canelas do adversário e surgiu-lhe rente dos pés, 
grupado nele, rasgando-lhe o ventre com uma navalhada. 
Jerônimo soltou um mugido e caiu de borco, segurando os intestinos. 
— Matou! Matou! Matou! exclamaram todos com assombro. 
Os apitos esfuziaram mais assanhados. 
Firmo varou pelos fundos do cortiço e desapareceu no capinzal. 
— Pega! Pega! 
— Ai, o meu rico homem! ululou Piedade, atirando-se de joelhos sobre o corpo ensanguentado do marido. 
Rita viera também de carreira lançar-se ao chão junto dele, para lhe afagar as barbas e os cabelos. 
— É preciso o doutor! suplicou aquela, olhando para os lados à procura de uma alma caridosa que lhe 
valesse. 
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Mas nisto um estardalhaço de formidáveis pranchadas estrugiu no portão da estalagem. O portão abalou 
com estrondo e gemeu. 
— Abre! Abre! reclamavam de fora. 
João Romão atravessou o pátio, como um general em perigo, gritando a todos: 
— Não entra a polícia! Não deixa entrar! Aguenta! Aguenta! 
 (...) 
A polícia era o grande terror daquela gente, porque, sempre que penetrava em qualquer estalagem, havia 
grande estropício; à capa de evitar e punir o jogo e a bebedeira, os urbanos invadiam os quartos, 
quebravam o que lá estava, punham tudo em polvorosa. Era uma questão de ódio velho. 
 
AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. São Paulo: Ática, 1990, p. 87-88. 
 
A frase “Era uma questão de ódio velho”, que conclui o fragmento citado do romance O cortiço, de Aluísio 
de Azevedo (Texto III), revela um problema das relações sociais no Brasil, que fica melhor caracterizado 
como:

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