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LITERATURA DISCURSIVAS

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LITERATURA BRASILEIRA: PROSA
41: Identifique os comentários a seguir, de acordo com o código A para Realismo e B para Romantismo.
I- ( ) Os sentimentos elevam-se, em detrimento da razão e do espírito, descambando para a misantropia e para o pessimismo.
II- ( ) É a anatomia do caráter, a crítica ao homem.
III- ( ) Cultua a natureza valorizando a paisagem local.
IV- ( ) Analisa com rigor técnico as pústulas sociais.
Assinale a alternativa que relaciona respectivamente as respostas corretas:
A) AABB.
B) BABA
C) ABAB
D) BBAA.
E) BAAB.
1: Leia o seguinte trecho do capítulo Contas, de Vidas Secas, de Graciliano Ramos.
“Tinha a obrigação de trabalhar para os outros, naturalmente, conhecia do seu lugar. Bem. Nascera com esse destino, ninguém tinha culpa de ele haver nascido com um destino ruim. Que fazer? Podia mudar a sorte? Se lhe dissessem que era possível melhorar de situação, espantar-se-ia (...) Era uma sina. O pai vivera assim, o avô também. E para trás não existia família. Cortar 
Mandacaru, ensebar látegos – aquilo estava no sangue. Conformava-se, não pretendia mais nada. Se lhe dessem o que era dele, estava certo. Não davam. Era um desgraçado, era como um cachorro, só recebia ossos. Por que seria que os homens ricos ainda lhe tornavam uma parte dos ossos? Fazia até nojo pessoas importantes se ocuparem com semelhantes porcarias.”
(Ramos, Graciliano. Vidas Secas)
Explique por que podemos afirmar que a visão que Fabiano tem de si mesmo é a visão determinista. Trata-se de uma visão alienada e conformista. Fabiano aceita a exploração e a condição miserável em que vive como se fossem naturais, produtos de uma sina.
 2: O romance Senhora, de José de Alencar, foi publicado em 1875. O romance pode ser considerado uma das obras-primas de seu autor e uma das principais da literatura brasileira. Sobre a caracterização da personagem Aurélia, a partir de um narrador observador, podemos afirmar haver uma humanização da personagem que, afastando-a do maniqueísmo romântico, acrescenta-lhe traços realistas. Explique a afirmação. Senhora é um romance conduzido de um ponto de vista feminino no qual a mulher que normalmente se aproxima do estado de objeto, exige a condição de sujeito da história. Aurélia alia a sedução à inteligência. Sua personagem possuiu um intenso magnetismo.
3: Leia, a seguir, o fragmento da obra Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado e responda ao que se pede.
[...]
No dia seguinte, depois do almoço, os marinheiros tiveram novamente folga, espalharam- se pelas ruas. Como gostavam da cachaça ilheense!, comprovavam com orgulho os grapiúnas. Vendiam cigarros estrangeiros, peças de fazenda, frascos de perfume, bugigangas douradas. Gastavam o dinheiro em cachaça, enfiavam-se nas casas de mulheres-dama, caíam bêbados na rua.
Foi depois da sesta. Antes da hora do aperitivo da tarde, naquele tempo vazio, entre as três e as quatro e meia. Quando Nacib aproveitava para fazer as contas da caixa, separar o dinheiro, calcular os lucros. Foi quando Gabriela, terminado o serviço, partiu para casa. O marinheiro sueco, um loiro de quase dois metros, entrou no bar, soltou um bafo pesado de álcool na cara de Nacib e apontou com o dedo as garrafas de “Cana de Ilhéus”. Um olhar suplicante, umas palavras em língua impossível. Já cumprira Nacib, na véspera, seu dever de cidadão, servira cachaça de graça aos marinheiros. Passou o dedo indicador no polegar, a perguntar pelo dinheiro. Vasculhou os bolsos o loiro sueco, nem sinal de dinheiro. Mas descobriu um broche engraçado, uma sereia dourada. No balcão colocou a nórdica mãe-d'água, Yemanjá de Estocolmo. Os olhos do árabe fitavam Gabriela a dobrar a esquina por detrás da igreja.Mirou a sereia, seu rabo de peixe.Assim era a anca de Gabriela.Mulher tão de fogo no mundo não havia, com aquele calor, aquela ternura, aqueles suspiros, aquele langor.Quanto mais dormia com ela, mais tinha vontade. Parecia feita de canto e dança, de sol e luar, era de cravo e canela. Nunca mais lhe dera um presente, uma tolice de feira. Tomou da garrafa de cachaça, encheu um copo de vidro grosso, o marinheiro suspendeu o braço, saudou em sueco, emborcou em dois tragos, cuspiu. Nacib guardou no bolso a sereia dourada, sorrindo. Gabriela riria contente, diria a gemer: “precisava não, moço bonito...”
E aqui termina a história de Nacib e Gabriela, quando renasce a chama do amor de uma brasa dormida nas cinzas do peito.
A crônica de costumes é uma das maneiras pelas quais se manifesta o regionalismo na obra de Jorge Amado. Quais elementos presentes no texto podem ser identificados como hábitos e costumes locais?
4: Leia, a seguir o fragmento de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis e responda ao que se pede.´
"Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de Dª Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginaria que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: – Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria."
O fragmento evidencia, com clareza, pelo menos uma das características principais de Machado de Assis. Qual é ela? Explique.
Uma das características principais de Machado de Assis é o pessimismo irônico, muitas vezes disfarçado sob a aparência de conformidade indiferente. Ele usa essa característica para mostrar a sua desilusão nos seres humanos, Brás Cubas vai enumerando suas negativas e seus fracassos, ao mesmo tempo vangloria-se de nunca ter trabalhado e julga-se um perdedor com ironia.
5: Considere os seguintes fragmentos de análises da obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, para responder ao que se pede.
“Nesse romance, o autor veicula, a seu modo, por meio de seus personagens um dos mais explorados motivos da pros literária – o triângulo amoroso. É, entretanto, pela fala do personagem-narrador que conhecemos os fatos, e é pelo filtro de sua visão que formamos o perfil psicológico de cada uma das personagens.” (William Roberto Cereja; Thereza Cochar Magalhães).
“O seu maior romance é uma interpretação da vida e uma procura do tempo perdido. Munido de uma apurada técnica literária, ele vai iniciar a exploração da vida, olhada em resumo, do cimo desse planalto em que a velhice começa. O heróis do romance nos relata de início como mandou reproduzir, peça por peça, em outro bairro, a antiga casa de Mata-cavalos, quieta, acolhedora, cheia de coisas velhas e consagradas pelo uso” (Barreto Filho).
A partir dos trechos acima, explique por que Dom Casmurro pode ser caracterizado como um romance psicológico. O gênero romance psicológico tem como principal característica a imersão nas razões dos motivos, escolhas e ações dos seres humanos, no fluxo inconsciente das memórias que passa a determinar o comportamento dos personagens. 
Em Dom Casmurro, podemos observar que o autor apresenta personagens multifacetados e analisa profundamente as características psicológicas de cada um deles.
6: Leia o trecho retirado de O burrinho pedrês, de Guimarães Rosa.
"ERA UM BURRINHO PEDRÊS, miúdo e resignado, vindo de Passa-Tempo, Conceição do Serro, ou não sei onde no sertão. Chamava-se Sete-de-Ouros, e já fora tão bom, como outro não existiu e nem pode haver igual. (...) Mas nada disso vale fala, porque a estória de um burrinho, como a história de um homem grande, é bem dada no resumo de um só dia de sua vida. (...) Mas, nem bem Sinoca terminava, e já, morro abaixo, chão a dentro, trambulhavam, emendados, três trons de trovões. (...)
- É para vigiar o Silvino, todo o tempo, que ele quer mesmo matar o Badu e tomar rumo. Agora, eu sei, tenho a certeza. Não perde os dois de olho, Francolim Ferreira!(...) Badu agora dormia de verdade, sempre agarrado à crina. Mas Sete-de-Ouros não descansou. Retomou a estrada, e, já noite alta, quando chegaram à Fazenda, ele se encostou, bem na escada da varanda, esperando que o vaqueiro se resolvesse a descer. Ao fim de um tempo, o cavaleiro acordou. (...)"
Indique o resultado da utilização de discurso direto e indireto, em relação ao tempo da narrativa.
Resposta: O narrador da fábula faz uso de discurso direto e indireto, articulando-os de forma que o tempo da narrativa seja percebido tanto num passado (acontecido) como num presente (acontecendo).
7: O único romance de Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um Sargento de Milícias, publicado em 1852-53 sob a forma de folhetins, difere em muitos aspectos dos romances comumente publicados em folhetins do século XIX. O romance contrasta com os romances românticos de sua época e possui traços que anunciam a literatura dos períodos posteriores por várias razões. Dê ao menos uma razão que explique a afirmação de que Memórias de um Sargento de Milícias é um romance de transição e explique.
Apesar de ter sido escrito em pleno romantismo, o romance está meio em desacordo com os padrões do momento por abandonar a visão da burguesia urbana e retratar o povo em toda a sua simplicidade, aproximando-se da sua realidade ao descrever suas relações e conflitos interiores, crises, etc., características essas que pertenceram ao Realismo.
8: Leia, a seguir, fragmento da obra O cortiço, de Aluísio de Azevedo e responda ao que se pede: 
“ Passaram-se semanas. Jerônimo tomava agora, todas as manhãs, uma xícara de café bem grosso, à moda da Ritinha, e tragava dois dedos de parati “pra cortar a friagem”.
Uma transformação, lenta e profunda, operava-se nele, dia a dia, hora a hora, reviscerando-lhe o corpo e alando-lhe os sentidos, num trabalho misterioso e surdo de crisálida. A sua energia afrouxava lentamente: faziase contemplativo e amoroso. A vida americana e a natureza do Brasil patenteavam-lhe agora aspectos imprevistos e sedutores que o comoviam; esquecia-se dos seus primitivos sonhos de ambição, para idealizar felicidades novas, picantes e violentas; tornava-se liberal, imprevidente e franco, mais amigo de gastar que de guardar; adquiria desejos, tomava gosto aos prazeres, e volvia-se preguiçoso, resignando-se, vencido, às imposições do sol e do calor, muralha de fogo com que o espírito eternamente revoltado do último tamoio entrincheirou a pátria contra os conquistadores aventureiros.
E assim, pouco a pouco, se foram reformando todos os seus hábitos singelos de aldeão português: e Jerônimo abrasileirou-se. (...)”
 Indique no trecho aspectos que evidenciem a filiação do romance à estética naturalista. 
Tendo como cenário uma habitação coletiva, o romance difunde as teses naturalistas, que explicam o comportamento dos personagens com base na influência do meio, da raça e do momento histórico.
9: O tema central de Fogo Morto, de José Lins do Rego, é o desajuste das pessoas com a realidade resultante do declínio do escravismo nos engenhos nordestinos, nas primeiras décadas do século XX. A obra gira em torno de três personagens empolgantes, que são as três mais fortes personagens da sua criação ficcional. São elas: o mestre José Amaro, o artesão, o major Luís César de Holanda Chacon, o senhor de engenho decadente, e o capitão Vitorino Carneiro da Cunha, que é, sem dúvida, a maior personagem do livro e de todos os romances de José Lins do Rego. 
É freqüente encontrarmos comparações entre Vitorino e a figura de D.Quixote, de Miguel de Cervantes. Explique por que a comparação é possível. Ele tem de Dom Quixote o idealismo, a luta pelos fracos e pela justiça. Perambula pelas estradas, como um cavaleiro errante, ostentando um poder e uma dignidade que, na verdade, está longe de possuir.
10: No conto O caso da vara, de Machado de Assis, o objetivo de Machado fica muito claro: a análise do caratê humano. O autor impõe ao leitor uma frustrante verdade: somos seres egoístas, ambiciosos, sempre em busca da realização de um interesse pessoal, não importando o meio para isso. Explique o contexto do conto em que o leitor se frustra com o comportamento egoísta de Damião. O autor procura mostrar nesse conto que todos nós temos um lado egoísta. Esse lado de Damião sobressaiu na hora em que ele teve que fazer a escolha entre salvar Lucrécia do castigo e continuar sendo protegido por Maria Rita e acaba ficando com a segunda opção.
11: No romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, cada um dos membros da família de Fabiano merece um capítulo integralmente dedicado à apresentação da personagem e à exposição de um aspecto fundamental da vida dos retirantes.
A despeito da situação de pauperismo em que vivem os retirantes, nessa personagem sobrevive a dimensão dos desejos, os sonhos de melhoria de vida. O fio de esperança que a personagem alimenta, a capacidade de manter previsões, amplia sua vida para além da sobrevivência diária e resguarda um mínimo de humanidade, que distingue seres humanos de outros animais. A que personagem se refere o trecho? Indique o principal sonho da personagem.
Sinha vitória. ter uma cama de couro (assim como seu Tomás da Bolandeira) e livrar-se da indesejada cama de varas porque queria ter um futuro melhor para seus filhos e não se conformava com a miséria em que viviam.
12: A figura feminina de Aurélia, no romance Senhora de José de Alencar, é personagem forte e marcante, pois, apesar de sua caracterização ainda romantizada, já se diferencia das típicas heroínas românticas, indicando possivelmente uma transição para o Realismo. Aponte traços da caracterização de Aurélia que indiquem suas diferenças em relação às típicas personagens românticas. 
Na obra Senhora temos como personagem principal Aurélia Camargo, que ao decorrer da narrativa são mostrados alguns símbolos como: nua estrela, deusa dos bailes, musa dos poetas e outras que induziam tornando a um ser perfeito aos olhos. Mas em contrapartida temos uma moça com 18 anos, com época que não aceitava a emancipação feminina. O conflito que organiza a obra, é um choque entre o amor ideal, o invencível, e o mundo social que decepciona sagacidade, ar provocador e expressão cheia de desdem que contrastam com a beleza correta e a expressão serena. Aurélia é um personagem que em demonstrar e ir contra o que era imposto no período do império, ou seja em documentar indiretamente um momento histórico, concreto da sociedade brasileira. Na geral a mulher brasileira era submissa ao poder, ela valia pelo dote que possuia. Exemplificando ela não podia ir as festas, bailes na sociedade sem estar acompanhada, pois seria considerada vulgar. A mulher era feita para casamento, sem direito de mandos e opinões na sociedade. E surge Auréilia diferente, porque não sastifaria os costumes e exigência da sociedade. E Aurélia está inserida nesse conflito e oscila entre a pureza e ironia, porque ela tinha experiência da vida. Na sociedade que era movida pelo ouro, pelo interesse e as pessoas valiam pelo interesse e dinheiro que tinham, prevalecendo o "ter" sobre o"ser". Com Fernando Seixas, percebemos que os casamentos eram feito por conveniência e ascensão social. E Seixas mesmo vivendo na pobreza apresenta-se em sociedade como se fosse um dos "cavaleiros mais ricos e francos da corte". O Título senhora para a obra está relacionado ao poder que Aurélia exercia por ser dona de seus atos e ser rica. E também porque na época o termo "Senhora" não era usado para mulheres, pois não detinham poder. A obra fornece diversas interpretações pois é literária. Mas no final da narrativa, o fator que leva a idealização do amor, no romantismo, é o momento que Fernando Seixas diz para Aurélia que era consumado por desejo de viver no consumidos e materialismo. Mas que ela transformou-o fazendo-o lutar pela dignidade e a auto- estima perdidas. Com isso, Aurélia perdoa Seixas de fato porque ele transformar-se em um "homem" e não um ator de salão.(ler para responder)
13: Leia o seguinte trecho de O Cortiço:O rumor crescia, condensando-s; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço (...). Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulhavam os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra. 
Explique o processo de aproximação do homem com o mundo animal a partir da visão de mundo expressa no trecho do romance.
14: Leia o fragmento a seguir, de Clarice Lispector:
“Mas aí que está esta história não tem nenhuma técnica, nem estilo, ela é ao deus-dara. Eu que também não mancharia por nada deste mundo com palavras brilhantes e falsas uma vida parca como a da datilografa” (Clarice Lispector. A Hora da Estrela).
Em A Hora da Estrela, o narrador questiona-se quanto ao modo e à possibilidade de contar a história. Caracterize esse narrador, mostrando como suas características se relacionam com a terceira fase do modernismo. O narrador é autocrítico, ou seja, ele percebe a inadequação de um estilo sofisticado para narrar a vida popular e isto se relaciona com a terceira fase do modernismo, onde os escritores buscavam usar a linguagem coloquial, uma linguagem mais próxima da linguagem falada.
15: Quais as principais características da segunda fase do Modernismo no Brasil a partir de 1930? Cite dois autores esse período.
A prosa vai assumir contornos neorrealistas, ao retratar a realidade e conscientizar leitores. Surge nesse período a vertente regionalista da prosa, que busca apresentar as regiões marginalizadas do Brasil. Com a figura do fracassado, uma das maiores conquistas do romance da geração de 1930 para a ficção brasileira: a incorporação das figuras marginais. Dois autores: Jorge Amado e Graciliano Ramos
16: Apesar de quase atrofiadas na sua rusticidade, as personagens de Vidas secas de Graciliano Ramos, conservam um filete de investigação da interioridade: cada uma delas se perscruta, reflete, tenta compreender a si e ao mundo, ajustando-o à sua visão.
Você considera essa afirmação correta? Justifique brevemente sua resposta.
17: Leia, a seguir, o fragmento e responda ao que se pede:
”O primeiro cearense, ainda no berço, emigrava da terra da pátria. Havia ao a pré-destinação de uma raça?”
Temos no trecho anterior uma reflexão sob a forma de pergunta ao autor, ______________, faz a si mesmo, ao finalizar o romance ___________.
Indique o nome do autor e da obra que completam corretamente as lacunas. Quem é, na obra, o primeiro cearense e quem são seus pais? O que representa, no processo de formação da Identidade brasileira, o nascimento do primeiro cearense? 
O autor é José de Alencar e a obra é Iracema. 
Na obra, o primeiro cearense é Moacir e seus pais são Iracema e Martim. 
No processo de formação da identidade brasileira, o nascimento do primeiro cearense representa a união de duas raças, Martim, pai de Moacir, era um colonizador português.
Essa história representa o que aconteceu com a América na época da colonização européia.
18: Leia abaixo um trecho do romance Gabriela, cravo e canela, de Jorge Amado, para responder ao que se pede.
Ia alto o sol reconquistado na véspera quando, aos gritos de dona Arminda, Nacib acordou: 
– Vamos espiar os enterros, menina. Vale a pena! 
– Inhora, não. O moço ainda não levantou. 
Pulou da cama: como perder os enterros? Saiu do banheiro já vestido, Gabriela acabava de pôr na mesa os bules fumegantes de café e leite. Sobre a alva toalha, cuscuz de milho com leite de coco, banana-da-terra frita, inhame, aipim. Ela ficara parada na porta da cozinha, interrogativa: 
– O moço precisa me dizer do que é que gosta. 
Engolia pedaços de cuscuz, os olhos enternecidos, a gula a prendê-lo à mesa, a curiosidade a dar-lhe pressa, era hora dos enterros. Divino aquele cuscuz, sublimes as talhadas de banana frita. Arrancou-se da mesa com esforço. Gabriela amarrara uma fita nos cabelos, devia ser bom morder -lhe o cangote moreno. Nacib saiu quase correndo para o bar. A voz de Gabriela acompanhava-o no caminho, a cantar [...]
O enterro de Osmundo despontava na praça, vindo da avenida na praia. 
– Não tem gente nem para pegar nas alças do caixão... –comentou alguém. 
Pura verdade. Era difícil imaginar-se enterro mais magro de acompanhamento. Só mesmo as mais chegadas a Osmundo tiveram a coragem de acompanhá-lo nesse seu último passeio pelas ruas de Ilhéus. Levar o dentista ao cemitério era quase uma afronta ao coronel Jesuíno e à sociedade. Ari Santos, o Capitão, Nhô-Galo, um redator do Diário de Ilhéus, uns poucos mais, revezavam-se nas alças do caixão. 
O morto não tinha família em Ilhéus, mas nos meses que ali passara fizera muitas relações, homem dado, amável, freqüentador dos bailes do Clube Progresso, das reuniões do Grêmio Rui Barbosa, das danças familiares, dos bares e cabarés. No entanto ia para o cemitério como um pobre diabo, sem coroas e sem lágrimas. [...] 
AMADO, Jorge.Gabriela, cravo e canela. São Paulo: Companhia das Letras, 2008 p. 146
Identifique no trecho um exemplo de sinestesia, figura de linguagem muito característica da obra de Jorge Amado.
(Sinestesia: consiste na junção de impressões sensoriais diferentes, misturando, por exemplo, chero com gosto, visão com tato)
Ao referir-se aos bules fumegantes de café sobre a mesa, ladeados de quitutes da nova cozinheira, como “cuscuz de milho com leite de coco, banana-da-terra frita, inhame e alpim”, o narrador evoca por meio dos “olhos enternecidos” de Nacib uma faceta importante da obra de Jorge Amado: a sinestesia do paladar, do alfato, do tato. Essa peculiar combinação de sensações está presente inclusiva na descrição de Gabriela, a protagonista que tem cheiro de cravo e cor de canela.
19: Leia o fragmento da carta de Pero Vaz de Caminha para responder ao que se pede:
Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E parece me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles 
traziam arcos e flechas, que todos trocavam por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam.
Comiam conosco de tudo o que lhes oferecíamos. Alguns deles bebiam vinho; outros não o podiam
suportar. Mas querme parecer que, se os acostumarem, o hão de beber de boa vontade. (...)
            Quando saímos do batel, dissenos o Capitão que seria bem que fôssemos diretamente à
cruz que estava encostada a uma árvore, junto ao rio, a fim de ser colocada amanhã, sextafeira, e
que nos puséssemos todos de joelhos e a beijássemos para que eles vissem o acatamento que lhe
tínhamos. E assim fizemos. E a esses dez ou doze que lá estavam, acenaramlhes que fizessem o
mesmo; e logo foram todos beijá-la.
            Pareceme gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa,
seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências. E,
portanto, se os degredados que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não
duvido que eles, segundo a santa tenção de Vossa Alteza, se farão cristãos e hão de crer na nossa
santa fé, à qual preza a Nossa Senhor que os traga, porque certamente esta gente é boa e de bela
simplicidade. E imprimirseá facilmente neles todo e qualquer cunho que lhes quiserem dar, uma
vez que Nosso Senhor lhe deu bons corpos e bons rostos, como a homens bons. E o fato de Ele
nos haver até aqui trazido, creio que não o foi sem causa. E portanto Vossa Alteza, que tanto deseja
acrescentar à santa fé católica, deve cuidar da salvação deles. E aprazerá a Deus que com pouco
trabalho seja assim!
Vocabulário
Batel: embarcação pequena
Acatamento: respeito, veneração.
Degredados: que foram exilados.
Tenção: propósito, intenção.
Praza: agrada.
Cunho: caráter, índole.
A partir da leitura, é possível explicar o processo de aculturação dos índios partindo da visão de mundo de um homem europeu que desconsidera a visão indígena? Por quê? Contextualize sua resposta em elementos de texto lido.
20:Leia, a seguir, fragmento do romance Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida e responda ao que se pede.
Sua história tem pouca coisa de notável. Fora Leonardo algibebe¹ em Lisboa, sua pátria; aborrecera-se porém do negócio, e viera ao Brasil. aqui chegando, não se sabe por proteção de quem, alcançou o emprego de que o vemos empossado, o que exercia, como dissemos, desde tempos remotos. Mas viera com ele no mesmo navio, não sei fazer o quê, uma certa Maria de hortaliça, quitandeira das praças de Lisboa, saloia² rechonchuda e bonitona. O Leonardo, fazendo-se-lhe justiça, não era nesse tempo de sua mocidade mal apessoado, e sobretudo era maganão³. Ao sair do Tejo, estando a Maria encostada à borda do navio, o Leonardo fingiu que passava distraído junto dela, e com o ferrado sapatão assentou-lhe uma valente pisadela no pé direito. A Maria, como se já esperasse por aquilo, sorriu-se como envergonhada do gracejo, e deu-lhe também em ar de disfarce um tremando beliscão nas costas da mão esquerda. Era isto uma declaração em forma, segundo os usos da terra: levaram o resto do dia de namoro cerrado; ao anoitecer passou-se a mesma cena de pisadela e beliscão, com a diferença d serem desta vez um pouco mais fortes; e no dia seguinte estavam os dois amantes tão extremosos e familiares, que pareciam sê-lo de muitos anos. (Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias)
Glossário:
1algibebe: mascate, vendedor ambulante.
2 saloia: aldeã das imediações de Lisboa.
3maganão: brincalhão, jovial, divertido.
É possível afirmarmos que neste fragmento do romance, o modo pelo qual é relatado o início do relacionamento entre Leonardo e Maria evidencia a possibilidade de classificarmos a obra como um romance de transição entre o Romantismo e o Realismo. Explique a afirmação contextualizando sua resposta no trecho destacado.
QUESTÕES DISCURSIVAS
1) Leia o seguinte trecho de O Cortiço:
O rumor crescia, condensando-s; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço (...). Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulhavam os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.
Explique o processo de aproximação do homem com o mundo animal a partir da visão de mundo expressa no trecho do romance.
2) A figura feminina de Aurélia, no romance Senhora de José de Alencar, é personagem forte e marcante, pois, apesar de sua caracterização ainda romantizada, já se diferencia das típicas heroínas românticas, indicando possivelmente uma transição para o Realismo. Aponte traços da caracterização de Aurélia que indiquem suas diferenças em relação às típicas personagens românticas.
3) Leia o texto abaixo:
“Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: diferença radical entre esse livro e o Pentateuco.
Dito isto, expirei as duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuia cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem anúncios. Acresce que chovia – peneirava – uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa ideia no discurso que proferiu à beira de minha cova – “Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que têm honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói à natureza as mais íntimas entranhas, tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado.”
Observa-se nos textos a exploração da metalinguagem, ou seja, a proposta de comentar e refletir criticamente o próprio ato de escrever, transformando a narrativa em metaliteratura. Comente tal procedimento retirando exemplos do fragmento selecionados que justifique a sua resposta.

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