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PERÍCIA AMBIENTAL Prof. Marcos Henrique 2 3 PERÍCIA AMBIENTAL JUDICIAL I O crescimento populacional, a exploração desordenada dos recursos naturais e a adoção de um modelo de consumo não sustentável levaram à degradação ambiental e comprometeram o equilíbrio dos ecossistemas e a qualidade de vida das pessoas. O aumento na geração de resíduos sólidos, atmosféricos e efluentes industriais tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento trouxeram impactos ambientais relevantes, muitas vezes de difícil recuperação, fazendo com que houvesse um crescimento de demandas judiciais envolvendo questões relacionadas ao meio ambiente. De acordo com Vendrame (2006) cabe ao Estado zelar pelo direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, previsto na Carta Magna. Os causadores do dano ambiental são responsabilizados com a recuperação da área degradada e/ou a indenização monetária. Para que ocorra essa responsabilização por parte do agressor do ambiente, faz-se necessário a utilização da perícia para que a Justiça determine a extensão do passivo ambiental, sua recuperação e a estimativa do valor indenizatório. O Código de Processo Civil regulamenta os procedimentos comuns a todas as modalidades de perícia, e reconhece a importância da prova pericial como um importante instrumento de apuração das circunstâncias, causas e esclarecimento dos fatos reais. Para resguardar a ordem jurídica e a autoridade da lei, a jurisdição, a ação e o processo são conceitos aplicados para a resolução de conflitos de interesse do Estado. Neste bloco vamos abordar a perícia ambiental, sua finalidade, o papel do judiciário, do perito e auxiliares técnicos no processo judicial. Bons Estudos! 3.1 Jurisdição, Ação e Processo Jurisdição, ação e processo são três elementos indissoluvelmente ligados e que representam a trilogia estrutural dos conceitos básicos ou fundamentais do direito processual civil (Figura 1), sendo essenciais para resolver conflitos de interesse entre as partes pelo Estado, com o objetivo de preservar a ordem jurídica e a autoridade da lei: 3 Jurisdição Segundo Leite (2014), a jurisdição é uma função exclusiva do Estado e ocorre através de provocação (concebida pela ação), representando um conjunto de atos necessários praticados e que tem como objetivo a obtenção de respostas constitucionalmente adequadas. De acordo com Almeida e Almeida (2011), é proibido que o litígio (conflito de interesse entre as partes) seja resolvido pelos interessados, sendo o Poder Judiciário o responsável em exercer a jurisdição. Ação Pode ser definida como o direito que todos os interessados têm de solicitar o pronunciamento da função jurisdicional que, por sua vez, se exerce através de atos processuais. Processo É o instrumento responsável por realizar todos os procedimentos desde a provocação inicial, a ação e a sentença final proferida pelo magistrado; estabelece uma interação jurídica entre as partes envolvidas: o autor, e o réu. 4 Figura 1. Trilogia Estrutural do Direito Processual 3.2 Direitos e Deveres Processuais dos Peritos e Assistentes Técnicos A figura do perito, profissional especializado no objeto da perícia, tem sua previsão normativa no Art. 465 do Código Civil Brasileiro. Os peritos serão nomeados pelo juiz entre os profissionais legalmente habilitados e os órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o magistrado está vinculado. Após a nomeação do perito, o magistrado intimará as partes (autor da ação e réu) para a indicação do assistente técnico (Art. 466, §1, CPC). O assistente técnico funciona como consultor de confiança da parte, PROCESSO AÇÃO 5 acompanhando o trabalho pericial com o objetivo de garantir o princípio do contraditório na produção de uma determinada prova, elaborando um parecer técnico paralelo. O Código de Ética Profissional e Disciplinar do Conselho Nacional dos Peritos Judiciais da República Federativa do Brasil, em seus Princípios Fundamentais, reza que “o Perito Judicial deve ter plena consciência de que é o auxiliar da Justiça, pessoa civil, nomeado pelo Juiz ou pelo Tribunal, devidamente compromissado, desenvolvendo, assim, um trabalho de extrema responsabilidade e relevância perante o Poder Judiciário, especialmente porque irá opinar e assisti-los na realização de prova pericial, consistente em exame, vistoria e avaliação”. Segundo o mesmo artigo do CPC, o perito deve assegurar aos assistentes das partes o acesso e o acompanhamento das diligências e dos exames que realizar, com prévia comunicação e comprovada nos autos, com antecedência mínima de cinco dias. Os peritos não devem emitir uma simples opinião ou pressupostos, mas inserir na elaboração do laudo pericial os fatos examinados e transformá-los em provas para que auxiliem o juiz na formação de sua convicção e posterior tomada de decisão. É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem como emitir opiniões pessoais que excedam o exame técnico ou científico do objeto da perícia. O novo CPC, apesar de prestigiar a figura do profissional perito reconhecendo a importância da prova pericial, em seu Art. 468 impõe um maior comprometimento e conhecimento técnico na realização do trabalho pericial, podendo ocasionar sanções severas caso haja o descumprimento dos seus deveres, como a devolução corrigida dos honorários recebidos, pagamento de multa de acordo com o calor da causa e o tempo de atraso na tramitação do processo, além da perda de habilitação para atuar em perícias judiciais por um período de até cinco anos. De acordo com o Art. 468 do CPC, o perito pode ser substituído nas seguintes situações: I - Faltar-lhe conhecimento técnico ou científico; II - Sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi assinado. Para Vendrame (2006), devem ser adotados pelo profissional da perícia procedimentos de conduta, como ter suas próprias convicções nas técnicas e métodos aplicados na elaboração do laudo, não emitir opinião contrária de um laudo para outro em situações idênticas, não ceder a pressões que não vão ao encontro de seu convencimento sobre o ocorrido, demonstrando isenção, imparcialidade e senso de justiça, esclarecendo os fatos e auxiliando o juiz na tomada decisão. 6 O assistente técnico pericial defende os interesses do contratante e tem como função acompanhar os desdobramentos da prova pericial, podendo emitir sugestões e críticas ao laudo apresentado pelo perito, através da apresentação de possíveis hipóteses que sejam juridicamente e tecnicamente sustentáveis. Os questionamentos fora da área de especialização devem ser evitados quando o profissional assistente não apresentar conhecimento técnico do assunto, deixando a questão ser avaliada pelo juiz da causa, responsável pela tomada de decisão. Portanto, exige-se o mínimo de qualificação técnica e competência na área de atuação do assistente técnico, a fim de que ele possa trazer aos autos parecer autêntico e específico sobre determinado assunto. Figura legalmente prevista no CPC, o assistente técnico das partes tem o direito resguardado de acompanhar o perito nas diligências, devendo ser comunicados com antecedência dia, data e local da realização do trabalho pericial. Não deve ser entendido que o assistente deve apenas participar da perícia realizada em um determinado local, mas ser participante de todo o processo, auxiliando o advogado na montagem inicial do processo e na elaboração dacontestação, entrar em contato com o perito para agendamento da perícia, elaborar um Parecer Técnico fundamentado cientificamente concordante ou discordante com o Laudo emitido pelo Perito do Juiz, além de orientar e elaborar os quesitos que vão ser respondidos pelo perito oficial. Recomenda-se ao assistente técnico extremo cuidado na formulação dos quesitos, como não apresentar um número infindável de questionamentos, abordar somente sobre os fatos que são objetos da observação e apresentar questionamentos pertinentes e dotados de imparcialidade. Segundo Fiker (2005), a elaboração de quesitos exige técnica e aconselha-se ser iniciada por questões mais genéricas e, posteriormente, focar em perguntas mais específicas sobre o assunto tratado. O objetivo da apresentação do rol de quesitos é fazer com que o perito responda de forma afirmativa a todas as questões, esclarecendo a chave do problema e indo ao encontro à tese desejada pela parte. Para Vendrame (2006), é fundamental que o perito ou assistente não assumam uma posição isolada no exercício de sua função. Embora o perito exerça em seu trabalho uma postura profundamente legalista e o assistente busque um objeto de valor que favoreça seu cliente, atuando muitas vezes de forma tendenciosa, é importante que haja um equilíbrio entre os dois pontos. Segundo o mesmo autor, existem empresas que devem ser penalizadas por serem negligentes com questões ambientais ao não se preocuparem com o tratamento dos resíduos gerados em sua atividade e pessoas que agem de má fé, representados por advogados sem ética, para obtenção de indenizações sem causa comprovada. Para o desempenho de sua função (Art. 473 § 3º), o perito e os assistentes técnicos podem valer-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que 7 estejam em poder da parte, de terceiros ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas, desenhos, fotografias ou outros elementos necessários ao esclarecimento do objeto da perícia. 3.3 Elaboração de Laudos e Pareceres Segundo Almeida e Almeida (2011), o resultado de qualquer perícia ambiental seja na esfera do direito civil, criminal e/ou administrativo é denominado laudo pericial. Nesse laudo são apontados os fatos ocorridos, as circunstâncias, princípios e parecer técnico elaborado pelo perito, com respostas objetivas aos quesitos apresentados (questionamentos dirigidos aos peritos e assistentes técnicos, pelos quais será dada a delimitação da perícia), representação das provas e elementos que auxiliam o juiz no ato da decisão final de um processo. De acordo com o novo Código de Processo Civil, o laudo pericial estabeleceu em seu Art. 473 algumas regras obrigatórias: Art. 473. O laudo pericial deverá conter: I - A exposição do objeto da perícia; II - A análise técnica ou científica realizada pelo perito; III - A indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento da qual se originou; IV - Resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público. Segundo o autor, a legislação não exige um modelo padrão a ser repetido na apresentação de laudos periciais, mas o documento deve ter os seguintes requisitos: Requisitos Extrínsecos: ser feito, verificado e assinado pelo perito nomeado e responsável pelo conteúdo apresentado dessa prova pericial; estar escrito em vernáculo pátrio; redação correta; apresentar páginas numeradas e rubricadas; arquivo formatado. Requisitos Intrínsecos: é o conteúdo interno do laudo pericial, devendo ter respostas claras aos questionamentos apresentados. “O perito deve apresentar sua fundamentação em linguagem simples e com coerência lógica, indicando como alcançou suas conclusões” (Art. 473, §1º, CPC); ser completo e estruturado, limitado ao objeto da perícia. Evitar termos técnicos, pois o laudo será destinado à leitura de advogados, Ministério Público e juízes que, em sua maioria, não são 8 especialistas no assunto e necessitam compreender todos os fundamentos que levaram o perito a uma determinada conclusão. Um laudo pericial completo deve conter três partes: Histórico: apresentar uma síntese das alegações e dos posicionamentos conflitantes das partes envolvidas. Expositiva: explicar a metodologia aplicada pelo perito, apresentando os dados coletados, documentos, informações obtidas nas diligências realizadas, os fatos e ocorrências nas visitas técnicas. Conclusiva: contém o parecer técnico do relator do laudo pericial, com respostas a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público as indagações. As respostas aos quesitos apresentados devem estar fundamentadas, pois, caso contrário, corre-se o risco de ter como resultado um laudo inconsistente e posteriormente questionado pelas partes envolvidas no processo. Podem ser anexados ao laudo documentos, fotos, plantas, pesquisas, entre outras peças complementares que auxiliam no esclarecimento do caso. Finalizado o laudo, o perito apresentará o documento em cartório, no prazo determinado pelo juiz, pelo menos vinte dias antes da instrução e julgamento (Art. 477, CPC). Após a apresentação do laudo, as partes são intimadas a se manifestar, podendo concordar, impugnar ou solicitar esclarecimentos. Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no prazo de dez dias após a apresentação do laudo. O trabalho realizado pelo perito e o respectivo laudo podem ser considerados insuficientes por diversos motivos: falta de fundamentação, ausência de respostas em diversos quesitos e não esclarecimento de questões relacionadas ao objeto da perícia. Caracterizada a deficiência da perícia, retratada por um laudo conciso ou inconclusivo, o juiz determinará, de ofício, ou a requerimento da parte, a realização de nova perícia (Art. 480, CPC) que não substituirá a primeira, cabendo ao juiz apreciar o valor de uma e de outra (Art. 480, §3º, CPC). Para ser considerado como um real valor da prova, o laudo pericial não deve apenas responder quesitos, mas apresentar respostas conclusivas baseadas e fundamentadas em matéria técnica específica amplamente discutida. 9 3.4 Caráter Multidisciplinar nas Perícias As questões ambientais têm sido tratadas atualmente de forma multidisciplinar por áreas técnicas, pela área da Educação, pela mídia e pelo Direito Ambiental. Esse modelo de abordagem também está sendo aplicado na elaboração dos laudos periciais. A perícia é um instrumento importante para a resolução de problemas ambientais e, em muitas situações, é necessária a participação de equipes multidisciplinares na verificação de causas, determinação da extensão dos danos e obtenção de uma melhor solução para mitigação dos impactos causados pelo passivo ambiental identificado. Diante da complexidade existente no processo pericial, é de extrema importância a participação de técnicos de diversas áreas do conhecimento acadêmico na realização da perícia ambiental e no auxílio na elaboração de laudos multidisciplinares, fundamentados tecnicamente, sendo um grande instrumento de defesa ao meio ambiente. Medeiros et al. (2013), demonstra abaixo um exemplo da aplicação da multidisciplinaridade em uma avaliação pericial, onde se destaca a importância da participação de profissionais de diversas áreas na avaliação de danos ambientais e na apresentação de uma melhor solução encontrada para o problema. Efluentes industriais sem tratamento lançados no rio Problema: Contaminação de um corpo d’água devido ao lançamento de efluentes industriais. Danos Ambientais: Poluição química e alteração no equilíbrio do ecossistema, afetando diretamente a comunidade biótica e aumentando a probabilidade da ocorrênciade processos erosivos. Equipe multidisciplinar: Área da Geologia – caso o dano tenha originado um efeito erosivo, o geólogo especialista em hidrogeologia é o profissional adequado para avaliar os efeitos dos danos e as questões legais envolvidas. Área da Química: avaliação dos contaminantes químicos presentes na água e os seus efeitos, estabelecendo os limites legais estabelecidos pelas Resoluções do Conama 357/2005 (dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento) e 430/2011 (dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução nº 357, de 17 de março de 2005). Área da Biologia: verificação da ação do contaminante no meio biótico (fauna e flora) e uma estimativa sobre o tempo de recuperação do ecossistema atingido. 10 A interação das áreas citadas facilita o entendimento do cenário impactado, a mensuração do dano ocorrido e o esclarecimento de causas e os efeitos, proporcionando uma menor ocorrência ao erro e a aplicação justa das penas e compensações aos responsáveis pelo impacto ambiental gerado. 3.5 Prática Forense da Perícia A prática forense está relacionada aos procedimentos processuais relacionados à perícia, envolvendo atos do magistrado, do advogado do autor da ação e seu assistente técnico (caso seja indicado), do defensor do réu e seu assistente técnico (se indicado) e do perito nomeado pelo juiz. De acordo com Cunha e Guerra (2010), os procedimentos processuais relacionados à perícia, envolvem atos do: Advogado Profissional contratado pelo autor da ação ou réu, ajuíza ou contesta a ação; solicita prova pericial; indica o assistente técnico; comenta e questiona o laudo pericial; requer ao juízo esclarecimentos do laudo pericial. Perito Nomeado pelo juiz, o perito contribui com seus conhecimentos técnicos para solucionar conflitos de matérias estranhas à norma jurídica, ou seja, esclarecer questões técnicas que o magistrado não domina. Em relação aos procedimentos técnicos, analisa os autos do processo, comunicando as partes envolvidas o dia e horário da vistoria pericial; realiza a perícia; elabora e envia a minuta do laudo ao assistente técnico; redige o laudo pericial de acordo com os fatos examinados; realiza esclarecimentos quando solicitado pelo magistrado ou pelas partes envolvidas. Assistente Técnico O assistente técnico contratado pelo advogado do autor da ação ou do réu, sendo o elo entre os envolvidos no litígio com o juiz, tem a função de prestar assessoria, acompanhando o trabalho pericial; fornecer informações e documentação necessária quando requisitado pelo perito; formular os quesitos para que o laudo pericial seja esclarecido pelo perito; comenta o laudo pericial apresentado apontando possíveis omissões ou inobservâncias; enviar outro laudo ao advogado quando discordar do laudo pericial, garantindo o princípio do contraditório na produção da prova. 11 Juiz Os atos do juiz consistem em sentenças, decisões interlocutórias (ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questão incidente) e despachos (Art. 203 do CPC). Nomeia e fixa os honorários do perito; tramita o processo; recebe a contestação das partes; determina a realização de provas documental, pericial e pessoal; determina intimação do perito, partes envolvidas e testemunhas para esclarecimentos; define o dia e horário da audiência; põe fim ao processo, decidindo ou não o mérito da causa. A Figura 2 representa um esquema geral relacionado aos procedimentos processuais relacionados à perícia, envolvendo atos do juiz, do advogado do autor da ação e seu assistente técnico. Figura 2: Esquema geral relacionado aos procedimentos processuais relacionados à perícia. Fonte: (Freitas, 2007) Conclusão O crescente aumento dos impactos ambientais negativos se deve à atuação humana que, ao longo do tempo, alterou as propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, afetou diretamente a biota, a saúde e o bem-estar das pessoas, além de interferir nas atividades sociais e econômicas. Como consequência, surgiram teses favoráveis à conciliação entre o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental. A evolução dessa preocupação com os impactos ambientais favoreceu o surgimento de leis cada vez mais rigorosas para a proteção ambiental, tendo como objetivo evitar e reparar danos ambientais. 12 No Brasil, para dirimir questões relacionadas ao meio ambiente, em que o objeto é o dano ambiental ocorrido ou os riscos de sua ocorrência, temos a perícia ambiental judicial. A perícia ambiental é o mecanismo usado em processos judiciais como meio de prova para analisar informações e acontecimentos de atividades relacionadas a crimes ambientais. Por meio da chamada Lei dos Crimes Ambientais, de número 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e regulamentado pelo Código de Processo Civil, a perícia avalia as condutas nocivas ao meio ambiente, baseando-se em atividades e avaliações técnicas na busca do esclarecimento de fatos de maneira científica, identificando as causas e consequências do que será julgado. Para a realização da perícia, surge a figura do perito judicial, nomeado pelo juiz e responsável pela realização da perícia e elaboração do laudo pericial. A realização dessa atividade exige a formação de equipe multidisciplinar e assistentes técnicos contratados pelas partes, que participarão da realização da perícia e da formulação dos quesitos relacionados ao objeto da perícia. As informações contidas no laudo são consideradas a prova final a ser avaliada e julgada pelo magistrado responsável pelo processo judicial, que analisa o dano ambiental ocorrido e impõe a pena a ser cumprida pelo réu. O novo CPC, que regulamenta os procedimentos comuns a todas as modalidades periciais, apresenta um grande avanço na questão dos processos judiciais que envolvem o meio ambiente, através do fortalecimento da figura do perito, do reconhecimento da importância da prova pericial, da especialização técnica do profissional e da adoção dos princípios da efetividade e celeridade na tramitação do processo. Portanto, a perícia ambiental surge como um novo segmento das perícias judiciais de relevante interesse social, tendo um papel de extrema importância perante a Justiça nas demandas ambientais, punindo os responsáveis pela degradação ambiental ocorrida. 13 Referências Bibliográficas ALMEIDA, J. R.; ALMEIDA, S. M. Perícia Ambiental – Uma Visão Geral In Perícia Ambiental. IBAPE-SP: Pini, 2011. CUNHA, S. B.; GUERRA, A. J. T. (org.). Avaliação e Perícia Ambiental. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000. FIKER, J. C. Linguagem do Laudo Pericial – Técnicas de Comunicação e Persuasão. São Paulo: Leaud, 2005. p. 60. FREITAS, Cinthia O. A.; JUSTINO, Edson J. R.; OLIVEIRA, Luiz Eduardo S. Reconhecimento de Firmas por Semelhança no Brasil. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, X, n. 40, 2007. Disponível em: <http://ambitojuridico.com.br/site/index.php/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3895&revista_ca derno=7 > Acesso em: abr. 2019. LEITE, G. Jurisdição, Ação e Condições da Ação Segundo o Novo CPC. R. Fórum Trabalhista – RFT. Belo Horizonte, ano 3, n. 14, p. 95-115, 2014.Disponível em: <http://www.editoraforum.com.br/wp-content/uploads/2015/02/Jurisdicao-acao-e-condicoes-da-acao- segundo-o-novo-CPC.pdf >. Acesso em: abr. 2019. MEDEIROS, A. J. R. P.; BARBALHO, K. F.; JERONIMO, C. E. M. Desafios e a Multidisciplinaridade em Perícias Ambientais. Revista do Centro de Ciências Naturais e Exatas – UFSM, Santa Maria, v. 13, p. 2789-2796, 2013. Disponível em: <https://periodicos.ufsm.br/remoa/article/viewFile/8490/pdf > Acesso em: abr. 2019. VENDRAME, A.C. Perícia Ambiental – Uma Abordagem Multidisciplinar. São Paulo: IOB Thomson, 2006. p. 162.http://ambitojuridico.com.br/site/index.php/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3895&revista_caderno=7 http://ambitojuridico.com.br/site/index.php/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3895&revista_caderno=7 http://www.editoraforum.com.br/wp-content/uploads/2015/02/Jurisdicao-acao-e-condicoes-da-acao-segundo-o-novo-CPC.pdf http://www.editoraforum.com.br/wp-content/uploads/2015/02/Jurisdicao-acao-e-condicoes-da-acao-segundo-o-novo-CPC.pdf https://periodicos.ufsm.br/remoa/article/viewFile/8490/pdf
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