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AV3 direito civil_ParteGeral 2021 2

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Curso de Direito
AV3 – DIREITO CIVIL PARTE GERAL 
PROFESSORA LEILA LOUREIRO 
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· valoração máxima da prova de até 10,0 pontos. 
Gerson Chrisóstomo Ferreira
AV3 Direito Civil / Parte Geral.
Turma:3024
Matricula:202101312228.
Professora: Leila da Costa Loureiro.
Data:01/12/2021.
QUESTÕES DISCURSIVAS – 2,5 PONTOS CADA QUESTÃO.
1. A Let it be Sociedade Limitada, pessoa jurídica especializada no ramo de computação gráfica, elaborou encarte publicitário contendo fotos de clientes que costumavam comprar na loja. Eliana, uma das clientes mais regulares, ficou surpresa ao ver sua foto no encarte, haja vista que, por mais que tenha realmente posado para a foto, não autorizara a sua veiculação pela mídia impressa e imaginava que a foto era apenas para um pequeno mural de visitantes que havia na loja. Indignada, Eliana ajuizou ação de compensação por danos morais em razão do uso indevido da imagem, direito de personalidade protegido pela Constituição e pelo Código Civil. Em sua defesa, a Let it be LTDA alegou que Eliana sabia que a foto tinha sido tirada, e que não fez, em sua inicial, demonstração do prejuízo que sofreu. Considerando os fatos narrados e a disciplina dos direitos de personalidade, responda FUNDAMENTADAMENTE: Eliana deverá ser indenizada pela utilização indevida de sua imagem?
Sim, positiva é a resposta, Eliana deve ser indenizada pela utilização indevida de sua imagem. Não obstante a alegação da sociedade empresária, a utilização da imagem de Eliane para campanha publicitária de ampla divulgação sem autorização prévia dela, ofende o direito de imagem de Eliane. Nos termos do Código Civil, artigo 11, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, com exceção dos casos previstos em lei, não podendo seu exercício sofre limitação voluntária, referidos direitos estão protegidos na sua essência, na dimensão existencial intrínseca à condição do ser humano, são direitos subjetivos, que, se violados nasce para o titular a pretensão, conforme disposto no artigo 189 do Código Civil, direitos esses que têm como cerne a proteção psicofísica do indivíduo, essa espécie de direitos está amparada na Carta Magna, o direito de imagem especificamente é tutelado pelo nosso ordenamento jurídico, ou seja, no artigo 5º, inciso X, da CF/88, está inserido no rol dos direitos e garantias fundamentais, prevendo indenização para o caso de sua violação. Da mesma forma que a Constituição Federal, o Código Civil traz regras protetoras da imagem, ou seja, em seu artigo 20, do citado diploma, dentre outras disposições, veda a exposição ou utilização da imagem de alguém sem permissão, caso o uso sem autorização ofenda a honra, boa-fama, respeito ou se destine a fins comerciais, esse último o caso concreto em análise, nada obstante, existem situações nas quais o uso da imagem não depende de autorização, por exemplo, quando necessário a administração da justiça ou à manutenção da ordem pública.
Por outro lado, casos mais graves do uso indevido de imagem podem ser considerados crime, conforme dispõe o artigo 218-c, do Código Penal, que considera ilícito penal a disponibilização ou divulgação de fotos, vídeos ou imagem de cenas de sexo, nudez ou pornografia, sem consentimento da vítima.
2. Discorra sobre os princípios do Novo Código Civil.
Os princípios da eticidade, da sociabilidade e da operabilidade (e dentro deste o princípio da concretude) e a sua grande influência para o que se assegure os direitos fundamentais, e com ela a justiça social e o estado democrático de direito.
São três os princípios que norteiam o Código Civil de 2002, Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, quais sejam, Princípio da Sociabilidade ou Socialidade, Eticidade e Operabilidade. O primeiro como não poderia deixar de ser, acompanha as mudanças sociais ocorridas desde a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, principalmente esta que tinha se norteou pela Igualdade, Liberdade e Fraternidade, no Brasil, grandes mudanças ocorreram no nosso ordenamento jurídico a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, um período muito fértil em produção legislativa, com a pretensão de acompanhar o texto constitucional, que atribui direitos e garantias individuais e coletivos aos cidadãos, por isso inclusive chamada de constituição Cidadã e, com o direito civil não foi diferente, surgindo a necessidade de se efetivar esses direitos, sendo o princípio da sociabilidade inserido no código um dos meios para que essa efetivação se tornasse possível. Por esse princípio é possível valorar o prevalecimento dos direitos coletivos sobre os individuais, caso venham a colidir, sem se afastar do valor fundamental da pessoa humana. É o direito civil aplicado em favor de toda a sociedade, se afastando da estrutura individualista do código anterior.
O segundo princípio que norteia o Código Civil, o da Eticidade, trata de valor da pessoa humana como fonte de todos os outros valores, trazendo a igualdade para um patamar especial de valorização, se aliando a boa-fé entre as partes, em consonância com os critérios éticos que devem estabelecer uma relação, obsta o que é contrário ao justo, ideal e correto que seja ofensivo aos valores sociais, afirma que nas relações contratuais deve-se pautar pela boa-fé, seja objetiva ou subjetiva.
O terceiro princípio norteador do Código Civil, o da Operabilidade, objetiva tornar o direito mais célere e prático na sua aplicação, nasce da necessidade do próprio direito ser concreto e efetivo em suas ações. A operabilidade no Direito Civil facilita seu próprio entendimento do texto legal, por conta disso, impões soluções mais viáveis e práticas aos litígios levando execução e efetivação ao próprio direito com a menor onerosidade possível.
É de se notar que o legislador utilizou esses princípios na elaboração do novo código com o objetivo de empregar maior importância aos valores coletivos (sociabilidade), além disso, facilitar sua compreensão (operabilidade), em conjunto com a aplicação da igualdade com fulcro na dignidade da pessoa humana (eticidade). O Direito deve ser executado, quando não aplicado, não cumpre sua finalidade.
Realmente, não basta um código que traduza os mais atualizados e rebuscados conceitos jurídicos. Terá de ser eficiente e efetivo para regular, a contento, os problemas do cotidiano. É fundamental que guarde pertinência e prestabilidade ao enfrentamento dessas questões.
Não é difícil perceber que a operabilidade se confunde com o princípio da concretude, ambos objetivam efetividade, prestabilidade das disposições jurídicas, aptidão concreta à regular casos de decorrem do cotidiano, sem se afastar da realidade que o regramento elaborado pelo legislador tem a característica inafastável da generalidade, nada obstante, não deve se afastar o quanto possível para alcançar situações concretas, no entanto, impossível de se prever que se tornarão fatos, mas isso não impede de se enfrentar e resolver os acontecimentos e, os problemas do cotidiano com justiça e pertinência, a obrigação do legislador tentar atender ao máximo as situações sociais, situações subjetivas concretas, substituindo abstrações pela concretude, rumo que o direito precisa perseguir para buscar a Justiça Social e a preservação do Estado Democrático de Direito.
Por fim, é possível concluir que, referidos princípios estão inseridos na constitucionalização do Direito Civil, norteando as relações privadas com respaldo na constituição Federal de 1988, ou seja, sua interpretação deverá ser conforme a Carta Magna.
3. Augusto Ribeiro é casado e tem três filhos desse casamento. Recentemente, Augusto descobriu que é pai de Ana, 20 anos, fruto de uma relação passageira, anterior ao seu casamento. Após a descoberta, Augusto decidiu reconhecer a paternidade de Ana, mas pretende celebrar acordo para que a moça não inclua o sobrenome Ribeiro em seu nome.
Com base no Código Civil, responda JUSTIFICADA E FUNDAMENTADAMENTE:
a) Qual a natureza do ato de reconhecimento de paternidade?
O reconhecimento de paternidade é ato jurídico não negocialou ato jurídico em sentido 
estrito, pois suas consequências estão previstas em lei, não podendo a autonomia da 
vontade modular seus efeitos.
b) Augusto pode impor que Ana não utilize seu sobrenome?
Não. A disposição sobre o nome de Ana não pode ser decisão de Augusto, visto ser 
direito da personalidade dela.
4. Discorra sobre a “Escada Ponteana”, citando os elementos fundamentais dos contratos.
Escada ponteana é uma teoria jurídica tradicional representada por degraus ou planos de formação do negócio jurídico, referida teoria objetiva estruturar os princípios para a formação dos negócios jurídicos, quais sejam, plano de existência, validade e eficácia do negócio jurídico. O nome de batismo pelo qual é amplamente conhecido o termo se deve ao seu criador, o jurista Ponte de Miranda, tem importância central para o direito civil, especialmente para o direito das obrigações e o processual civil, considerando que somente é possível exigir o cumprimento de um negócio jurídico que exista, seja válido e eficaz. Referidos requisitos essenciais (existência, validade e eficácia dos negócios jurídicos), devem ser atendidos de modo que da análise de cada plano se possa passar para o próximo degrau, ou próximo plano, que uma vez alcançados e cumpridos os planos de formação, o negócio jurídico estará apto a produzir efeitos. Não obstante ter sido concebida em outro contexto jurídico, ainda se presta a ser referência da doutrina para construção de novos modelos de negócios jurídicos, motivo pelo qual se afirma sem receios, como já dito acima, da sua importância central para o mundo jurídico, no entanto, existem exceções à sua aplicação.
A partir dessa construção, o negócio jurídico tem três planos ou degraus:
1. Existência: agente; Objeto; Forma; Vontade.
2. Validade: Capaz; Licito, possível, determinado ou determinável; prescrita ou não defesa em lei; Livre, consciente e voluntária.
3. Eficácia: Condição suspensiva/resolutiva; Termo inicial/Final; Encargo.
Esses planos foram esquematizados de modo a formarem uma escada.
	Centro de Ciências Jurídicas – Direito Civil Parte Geral

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