Buscar

P1 Setor Público

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

P1 – Beatriz
	O estado é o conjunto de instituições que possuem os meios de coerção legítima dentro de um território. A partir de certo grau de desenvolvimento a sociedade é capaz de delegar funções e estabelecer um Estado, o que se evidencia na evolução histórica dos países. Com a criação de um sistema de governo organizado, pode-se listar 3 funções clássicas do Estado: alocativa, distributiva e estabilizadora. A existência de falhas de mercado (informação assimétrica, externalidades, monopólio) traz à tona a necessidade de intervenções que busquem a melhor alocação de recursos. A função alocativa possui, portando, três objetivos: produção de bens públicos, que não são viáveis via mercado (iluminação pública, defesa nacional); infraestrutura econômica, que abarca setores com necessidade de grande porte e de capacidade de longo prazo; e bens meritórios, ligados a direitos sociais. O principal instrumento dessa função é o orçamento público, cuja base é a combinação da contribuição de todos os setores da sociedade. A função distributiva busca amenizar os efeitos da desigualdade, tendo como principal instrumento a política fiscal. Já a função estabilizadora objetiva garantir o nível de emprego, estabilidade de preços, equilíbrio da balança de pagamentos e crescimento econômico, via política fiscal, cambial, monetária e industrial.
	Dentro de uma análise histórica, determinada pelo surgimento do modo de produção capitalista, é possível observar a evolução do papel do Estado nas sociedades. No século XVII, à luz da era Mercantilista, os Estados nacionais eram amplamente intervencionistas, porém, sem base econômica, política ou teórica. Esse Estado fortalecido alimenta um projeto colonizador nas grandes nações europeias, profundamente protecionista e preocupado com formas de aumentar o estoque de fundos monetários, sem ter uma real preocupação com as instituições em si. Este século é marcado por insatisfações populares e da classe com maior poder econômico, o que dá margem à Revolução Gloriosa, na Inglaterra, onde a instauração do “longo parlamento” na Inglaterra limita os poderes do rei e da igreja, abrindo caminho para o desenvolvimento capitalista. A discussão de provisão de vens básicos em contraste com a responsabilidade mínima já fazia parte do panorama político, vide “O Príncipe”, de Maquiavel, de 1513.
	A partir do século XVIII, o panorama teórico se aprofunda e os ideais liberais ganham força com as ideias de Adam Smith, defendendo a função básica dos Estados a fim de se obter o florescimento e bom funcionamento dos mercados. O estado deveria prover a segurança pessoal e de propriedade privada, bem como a defesa nacional e garantia de cumprimento de contratos. O surgimento do Estado Moderno se baseia em acontecimentos históricos que alteram as estruturas de forma profunda, tais como a instituição do Parlamento Inglês, em 1715, as Revoluções Americanas, em 1776, e a Revolução Francesa, em 1789. Essa evolução histórica é acompanhada pela migração da teoria clássica, marcada pelo pensamento smithiano, para o surgimento da política neoclássica que fortalece a base do liberalismo nas novas políticas de Estado.
	Na transição para o século XIX inicia-se o processo de boom secular, marcado pela hegemonia inglesa da “Era Vitoriana”. A partir de escritos de Say (1803) e Ricardo (1817, passa a permear o cenário econômico um consenso de funções mínimas. A Revolução Industrial na Inglaterra permitiu uma revolução técnica permanente, com profundas mudanças no processo produtivo e ampliação do sistema fabril. O trabalhador, antes sujeito da produção, passa a ser objeto e se rompe do instrumento, o que alimenta o fator político dos trabalhadores ligado ao fortalecimento dos sindicatos. Esse período é marcado por uma transformação econômica e social profunda. A distância entre desenvolvimento econômico e social é cada vez maior e as condições de vida e de trabalho nas cidades e indústrias são impraticáveis. Na Inglaterra, o processo do papel de Estado se deu com as novas leis e políticas, entre elas: a Lei dos Pobres (1834), que, pelo princípio da menor oportunidade, tornava a situação do indigente menos atraente que as condições dos mais pobres fora da categoria, o que servia como agravante para aqueles em situação extrema ao invés de integração; inspetores de fábrica (1833), cuja função seria regular as condições de trabalho fabril; Lei da Educação Universal e Compulsória (1870) e Grande Lei da Saúde Pública (1875). Essas leis visavam atender minimamente a população com base nos preceitos liberais de proteção a liberdade e propriedade individual. Portanto, as leis se baseavam num caráter individualista, no qual a pobreza era tratada como um problema individual e não social. A educação básica não tinha intuito inclusivo e a saúde pública era ineficiente. Essas leis foram marcos da atuação do Estado, no entanto, ainda eram limitadas em relação a proteção social. Com o fim do boom, inicia-se uma depressão no final do século que evidencia que os problemas sociais são urgentes. Na Alemanha de Bismark surge o primeiro sistema nacional de Seguro Social para trabalhadores incapazes por doença, velhice e invalidez. No campo teórico, a Escola Socialista de Marx começa a disputar espaço com os conservadores e neoclássicos (mainstream) que defendiam o modelo liberal. Na transição para o século XX, EUA e Alemanha despontam como potências e minam aos poucos a hegemonia inglesa. Há uma mudança estrutural na produção, aumento da concorrência e crescimento dos sindicatos. A pobreza ganha aos poucos o caráter social.
	O novo século inicia-se assolado por duas grandes guerras, intercaladas por um grave período de crise e recessão econômica. Os efeitos físicos econômicos são catastróficos. No campo teórico, a teoria neoclássica passa a ser questionada pela falta de participação do Estado como provedor do bem-estar. No cenário de pós-guerra era necessária uma saída política que viabilizasse a reestruturação dos países, pois, em momentos de crise, a solução neoclássica não era sustentável. A política keynesiana ganha força com a crise de 29 e com a “Teoria Geral” de Keynes, viabilizando o New Deal – política de recuperação da economia americana pós depressão. Algumas medidas são: obras públicas, geração de emprego, salário mínimo nacional, previdência social, entre outras. O objetivo das novas políticas seria servir como instrumento de intervenção permanente e estariam associados à política social. A partir de então, passa a se questionar de que forma se superaria a visão do Estado apenas como interventor nas falhas de mercado e como se desenvolveria os métodos de financiamento dos gastos públicos. Esses questionamentos viabilizam a implementação do Welfare State. A Inglaterra rompe com o princípio da menor oportunidade através do desenvolvimento de um mecanismo de proteção social associada ao desemprego. Cria-se, dessa forma, o conceito de orçamento público, e abandona-se de vez a visão regressiva da Lei dos Pobres, que acaba perdendo força em todos os países, dando lugar ao novo modelo. O período do pós-guerra conta com a atuação fundamental do Relatório de Beveridge (1942), cujos principais objetivos estariam em centralizar os esforços para estimular o crescimento e em evitar a pobreza individual. O relatório busca traçar uma análise técnica dos problemas e estabelece um plano de recomendações para unificar seu sistema de seguros, a fim de torná-lo um sistema universal, ou seja, os riscos seriam reunidos de forma a prevalecer a solidariedade. Isso torna possível que a Inglaterra avance em sua legislação, criando a Lei do Seguro Social (1942), a Lei da Educação (1944), Lei do Serviço Nacional de Saúde (1946) e Lei da Assistência Social (1948). O movimento inglês se propaga de forma rápida pelos países, porém, de forma heterogênea, de acordo com suas particularidades. 
	Os anos que seguiram de 1945 a 1970 são considerados os “30 anos dourados da economia mundial”, baseados fundamentalmente na combinação das políticas keynesianase de bem-estar social. Os EUA dominam o cenário mundial através do plano Marshall, injetando grande quantidade de capital na Europa, ajudando na reconstrução do pós-guerra e beneficiando de forma direta e indireto os países periféricos. Estabelece-se um ciclo virtuoso entre a política econômica e a política social, sendo este o principal elemento de financiamento da demanda agregada. Além disso, a relação entre o capitalista e o trabalhador passa a ser mediada pelo estado. O sistema de regulação e estímulo ao crescimento centrado no mercado de trabalho permaneceu vigente durante esses 30 anos, se retroalimentando pela expansão da demanda e da produção, por meio da inclusão e da equidade social. O equilíbrio, no entanto, acaba por ser freado a partir dos anos 70, devido aos cenários de choques do petróleo. O desemprego cíclico migra para o desemprego estrutural e há uma quebra na relação entre política social e econômica, pois, com o desemprego, a arrecadação cai e a demanda por benefícios aumenta, o que cria déficits fiscais. Além disso, a pirâmide etária passa a ser um problema real. Questionamentos são levantados e levam as políticas de bem-estar social a uma crise, o que dá espaço à onda neoliberal. Os neoliberais propõem redução das despesas, para o equilíbrio das contas públicas, a flexibilização do mercado de trabalho, para que se aumentem as contratações e os benefícios sejam seletivos, condicionados a testes de meios, abandonando assim o conceito de direito social igual e generalizado. Propõem ainda um amplo processo de privatizações, com o objetivo de se reduzir a ineficiência do Estado.

Outros materiais