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Laicidade e diversidade religiosa

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Laicidade e diversidade religiosa
APRESENTAÇÃO
Estado laico é a separação entre Estado e Igreja, isso quer dizer que os interesses religiosos não 
podem interferir nas decisões governamentais. No entanto, isso não significa que o Estado seja 
contra as religiões, apenas garante a liberdade religiosa aos seus cidadãos. Liberdade religiosa, 
por sua vez, é o direito constitucional dos cidadãos de escolher o credo que mais condiz com 
seus valores. No Brasil, muitos desses credos sofrem com o preconceito e a intolerância 
religiosa, representada pelo conjunto de discursos de ódio e práticas ofensivas contra seguidores 
de determinado segmento religioso.
O Brasil, sendo um país de grande diversidade cultural e, consequentemente religiosa, 
compreende-se como laico, tendo lei para identificar intolerância religiosa como crime. A Lei 
n.° 9.459/2007 pune com multa e até prisão de 1 a 3 anos quem zombar ou ofender outra pessoa 
devido ao credo que ela professa ou impedir e atrapalhar cerimônias religiosas.
O Ensino Religioso sempre esteve presente na realidade escolar brasileira, não só de forma 
efetiva, mas também como modo de pensar o mundo, dificultando, assim, o projeto dos 
primeiros republicanos de construir uma escola laica no Brasil. No contexto atual, a laicidade 
nas instituições escolares é condição fundamental para a efetivação de uma educação 
emancipadora, que possibilite a implementação da democracia nesses espaços.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você conceituará Estado laico e de liberdade religiosa, 
identificará diversidade e intolerância religiosa em um Ensino Religioso renovado e laico. Além 
disso, verificará a presença de Ensino Religioso nas escolas públicas em um Estado laico.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Conceituar Estado laico e de liberdade religiosa.•
Discutir o pluralismo e a diversidade religiosa no contexto 
das religiões contemporâneas.
•
Explicar a presença de Ensino Religioso nas escolas públicas •
em um Estado laico.
DESAFIO
O Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH, 2018), tem em vista a 
construção de uma cultura de direitos humanos fundamentados no exercício da solidariedade e 
do respeito às diversidades. Fundamenta-se nos princípios da democracia, da cidadania e da 
justiça social, e estabelece concepções, princípios, objetivos, diretrizes e linhas de ação para os 
diversos níveis de educação brasileira. Com a criação do PNEDH, a escola tem o dever de 
propor um debate sobre os direitos humanos, a fim de desenvolver e promover no ambiente 
educacional a convivência, o respeito pelas diversidades, a formação de valores, atitudes e 
comportamentos que respeitem os direitos fundamentais de cada pessoa humana e, ainda, ações 
de promoção, defesa e reparação das violações aos direitos humanos.
Tendo em vista os dados levantados pelo Ministério dos Direitos Humanos, entre os anos 2015 e 
2017, que mostram que a cada 15 horas no Brasil houve uma denúncia de intolerância religiosa 
(VEJA, 2007).
Acompanhe:
Você é professor de História de uma turma de 6.° ano do Ensino Fundamental, em uma escola 
de interior de predominância cultural branca alemã. Para o mês de novembro, existe no 
planejamento a tarefa de refletir sobre o Dia Nacional da Consciência Negra (obrigatório desde 
2003, pela Lei n.° 10.639).
Seus estudantes estão animados com a proposta de aprofundar novos conhecimentos, mas os 
pais, quando souberam da atividade, não gostaram e encaminharam uma carta de recusa para a 
direção, justificando que, como na comunidade escolar não há presença de negros, não haveria 
necessidade dessa atividade.
Você sendo o professor, como mediaria a situação?
INFOGRÁFICO
Em 1891, com a Instituição da República, o Estado brasileiro tornou-se laico e deixou de ser 
confessional, ou seja, não é permitido aos poderes (Executivo, Legislativo, Judiciário), em todos 
os seus níveis, professar, influenciar, ser influenciado, favorecer, prejudicar e financiar qualquer 
vertente religiosa, já que não existe religião oficial no país. Isso significa que, 
independentemente da quantidade de fiéis, tempo de existência 
ou do patrimônio que uma religião tenha, todas as manifestações de religiosidade ou credo 
gozam nas questões de fé de igual proteção 
do Estado laico.
Neste Infográfico, você vai ver como surgiu e como se estruturou 
o Estado laico brasileiro. 
CONTEÚDO DO LIVRO
Laicidade e diversidade religiosa são duas expressões que levam a refletir sobre a função do 
Estado em relação à formação espiritual das pessoas. A lei brasileira garante liberdade de 
consciência e crença. Além disso, garante que o Estado não intervenha nos sistemas de fé, mas 
que desempenhe a tarefa de mediar a relação entre as tradições religiosas, especialmente quando 
há conflitos ou situações de intolerância religiosa. A função do Estado não é apoiar 
confessionalidades específicas, mas garantir a igualdade de tratamento a todas as religiões.
A liberdade de consciência assegura, por sua vez, a legitimidade da diversidade religiosas e das 
diferentes visões de mundo. Assim, é no contexto do respeito da diversidade religiosa que é 
inserida a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) de Ensino Religioso. A obrigatoriedade do 
Ensino Religioso não fere a laicidade do Estado, caso seja compreendida sua função de 
formação educacional e pública, e não simplesmente religiosa e subjetiva.
No Capítulo Laicidade e diversidade religiosa, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, 
você vai ler sobre o Estado laico, a liberdade religiosa e as suas implicações na atual sociedade 
brasileira. Além disso, vai acompanhar um breve histórico do Ensino Religioso, com foco na 
sua existência e permanência nas escolas públicas, considerando sua inserção em um Estado 
laico.
Boa leitura.
POLÍTICAS 
EDUCACIONAIS E 
BASE NACIONAL 
COMUM 
CURRICULAR DE 
ENSINO RELIGIOSO 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Conceituar Estado laico e liberdade religiosa.
 > Discutir o pluralismo e a diversidade religiosa no contexto das religiões 
contemporâneas.
 > Explicar a presença de ensino religioso nas escolas públicas em um Estado 
laico.
Introdução
A valorização da diversidade cultural religiosa brasileira, principalmente no co-
tidiano escolar, requer uma série de mudanças e adaptações, como o desenvol-
vimento de práticas pedagógicas subsidiadas pelo conhecimento coerente das 
diferentes culturas e religiosidades, assim como do ateísmo e do agnosticismo. 
A partir disso, a ideia é garantir o direito à liberdade de consciência, religião ou 
convicção, incluindo a liberdade de mudar de fé ou de não aderir à fé alguma. Para 
tanto, os currículos escolares precisam integrar, discutir e estudar o fenômeno 
religioso de modo científico e respeitoso, para que seja possível desconstruir e 
desnaturalizar estereótipos, preconceitos e silenciamentos presentes na escola 
e na sociedade.
Neste capítulo, você estudará sobre o Estado laico, a liberdade religiosa e as 
suas implicações na atual sociedade brasileira. Além disso, verá um breve histórico 
do ensino religioso, com foco na sua existência e na sua permanência nas escolas 
públicas, considerando a sua inserção em um Estado laico.
Laicidade e 
diversidade religiosa
Luciane Marina Zimerman Affonso
Estado laico e liberdade religiosa
O Estado é o conjunto de instituições políticas e administrativas responsáveis 
por ordenar e regular o espaço de um povo ou nação. Para a existência do 
Estado, faz-se necessário que ele possua um território, seja dirigido por um 
governo próprio, tenha ação soberana e seja uma pessoa jurídica de direito 
público internacionalmente reconhecida.
O Estado pode ser laico ou religioso. O Estado religioso é aquele em que 
a religião interfere na administração, na legislação e na gestão pública; ele 
também pode ser chamado de “Estado confessional”. Aqui, as instituições 
religiosas participam formalmentedo governo, com autoridade para aprovar 
ou rejeitar leis sobre assuntos religiosos.
Em civilizações mais remotas, o Estado estava intimamente ligado à re-
ligião. Conforme Adragão (2002, p. 31):
Na Antiguidade, a religião costumava andar intimamente associada à vida do povo. 
Cada nação, tribo ou clã tinha os seus deuses próprios que se supunham a defender 
e proteger o povo. Cumpria venerá-los e evitar-lhes as iras, em especial provocadas 
pela infidelidade ou mau procedimento de alguns membros da comunidade, por 
meio de sacrifícios, preces e outros atos rituais. Não aceitar a religião nacional 
ou não a praticar equivalia de certa maneira a ser infiel ao próprio povo e a atrair 
sobre ele as iras da divindade; tal fato era geralmente considerado crime grave, 
punido, por vezes, até com a pena de morte.
A Bíblia registra um incidente, no início da Era Cristã, em que os primeiros 
sinais da liberdade de religião podem ser percebidos. Esse episódio ocorreu 
quando os líderes judeus prenderam os apóstolos, levaram-nos à prisão 
pública e, depois, ao Sinédrio para serem interrogados. No livro dos Atos, é 
possível encontrar a narrativa desse fato:
Eles, porém, ouvindo, se enfureceram e queriam matá-los. Mas, levantando-se no 
Sinédrio um fariseu, chamado Gamaliel, mestre da lei, acatado por todo o povo, 
mandou retirar os homens, por um pouco, e lhes disse: Israelitas, atentai bem no 
que ides fazer a estes homens. Porque, antes destes dias, se levantou Teudas, 
insinuando ser ele alguma coisa, ao qual se agregaram cerca de quatrocentos 
homens; mas ele foi morto, e todos quantos lhe prestavam obediência se disper-
saram e deram em nada. Depois desse, levantou-se Judas, o galileu, nos dias do 
recenseamento, e levou muitos consigo; também este pereceu, e todos quantos 
lhe obedeciam foram dispersos. Agora, vos digo: dai de mão a estes homens, 
deixai-os; porque, se este conselho ou esta obra vem de homens, perecerá; mas, 
se é de Deus, não podereis destruí-los, para que não sejais, porventura, achados 
lutando contra Deus. E concordaram com ele (ATOS..., 5, 1999, 33–39).
Laicidade e diversidade religiosa2
Observe que o parecer do Gamaliel foi uma verdadeira defesa da liberdade 
religiosa. Após essa intervenção, os apóstolos foram soltos e continuaram a 
sua missão de pregar o evangelho de Jesus Cristo, fortificando a difusão do 
cristianismo, que rapidamente se disseminou e se fortaleceu diante das per-
seguições dos governantes do Império Romano. Segundo Sabaini (2008, p. 34):
Com isso os Cristãos passaram a ser perseguidos pelos Romanos até o século IV d.C. 
Relatos históricos mostram que o Imperador Nero, no ano 64 d.C., incendiou Roma e 
acusou os Cristãos como autores do incêndio, o que resultou em terrível perseguição. 
Foram quatro séculos em que muitas pessoas que afirmavam sua fé em Cristo foram 
crucificadas, decapitadas, mutiladas e/ou devoradas pelas feras nas arenas romanas.
A situação se alterou a partir do século IV d.C., quando o imperador 
Constantino se converteu à religião cristã e passou a defender “[...] que o 
Cristianismo trouxesse unidade espiritual, capaz de dirimir a grave crise de 
desmoralização e eliminar a cisão religiosa pela qual passava o império [...]” 
(SORIANO, 2002, p. 45). Contudo, a ascensão do cristianismo não contribuiu 
para a liberdade de religião. Pelo contrário:
A liberdade de crença foi taxativamente suprimida em 379, quando os imperadores 
Graciano e Valentiniano II, bem como Teodósio I, no Oriente, proclamaram o cristia-
nismo como a única religião do Estado. Passou-se, assim, a aplicar aos hereges, às 
religiões pagãs e aos maniqueus, bem como aos próprios cristãos heterodoxos, con-
siderados como não cristãos, medidas repressivas severas (FRAGOSO, 1989, p. 667).
O cristianismo se fortaleceu por meio da Igreja Católica, até o século XV, 
a qual se tornou a Igreja Oficial do V Império. As mudanças começaram no 
século XVI, a partir da Reforma Protestante. Em 1517, o reformador Martin 
Lutero escreveu e fixou as suas 95 teses na Igreja do Castelo de Wittenberg, 
condenando a postura adotada pela Igreja Católica da Idade Média.
A Reforma Protestante foi um movimento que ganhou força rapida-
mente. Como consequência, a Igreja Católica reforçou a repressão e 
a perseguição àqueles que não eram seus adeptos. A luta de Lutero e o próprio 
movimento protestante foram muito importantes para garantir a liberdade 
religiosa. A luta consistiu “[...] nas primeiras reivindicações consistentes ao direito 
de liberdade religiosa, direito este que ainda demorou a ser implementado [...]” 
(SABAINI, 2008, p. 358).
A expressão liberdade religiosa foi utilizada, pela primeira vez, por Tertu-
liano, em sua obra intitulada Apologia, em 197 d.C., no segundo século da Era 
Laicidade e diversidade religiosa 3
Cristã, para defender os cristãos das grandes perseguições empreendidas 
pelo Império Romano. No Brasil colonial, a liberdade religiosa foi inexis-
tente. Desde a chegada dos portugueses, em 1500, a fé cristã foi imposta, 
e os colonizados eram submetidos ao plano de catequização dos jesuítas. 
Índios e negros sofriam com a intolerância de seus algozes. O Estado, além 
de estabelecer a religião católica como a oficial, “[...] reprimiu as crenças 
e práticas religiosas de índios e escravos negros e impediu a entrada das 
religiões concorrentes, sobretudo a protestante, em seu livre exercício no 
país [...]” (MARIANO, 2001, p. 127–128). 
No século XIX, no período monárquico e republicano, a liberdade religiosa 
foi condicionada pelo Estado Lusitano, pois este mantinha o controle sobre a 
forma de culto e organização religiosa dos britânicos, apesar de não respeitar 
as suas crenças. A Constituição de 1824, além de instituir o poder moderado, 
no aspecto religioso, ratifica a sua cumplicidade com o catolicismo. O art. 
5º dessa Constituição diz o seguinte: “A religião Católica apostólica romana 
continuará a ser a religião do império. Todas as outras Religiões serão permi-
tidas com seu culto doméstico ou particular em casas para isso destinadas, 
sem forma alguma exterior do Templo [...]” (BRASIL, 1824, documento on-line). 
Além de definir o catolicismo como religião oficial do Império, a Constitui-
ção de 1824 gerou preconceitos e vigilância com outras formas de adoração e 
de cultos. Apesar de ter instituído o regime do padroado, com a obrigação de 
proteger a religião, ela detinha o poder de nomear bispos, fiscalizar a igreja 
em assuntos administrativos e econômicos, bem como aprovar bulas papais, 
mesmo aquelas dedicadas apenas a temas religiosos, o que não tornava a 
Igreja Católica menos influente. Em relação à perseguição religiosa, o art. 
179, inciso 5, diz que: “Ninguém pode ser perseguido por motivo de Religião, 
uma vez que respeite a do Estado, e não ofenda a Moral Publica [...]” (BRASIL, 
1824, documento on-line). 
Desse modo, a Constituição de 1824 não amputa a total liberdade religiosa 
do brasileiro e do estrangeiro, mas, na prática, invalida a sua eficácia, já 
que a liberdade de culto em locais públicos e de organização religiosa era 
restrita. Contudo, mesmo com as restrições de não poder externar as crenças 
distintas da oficial, a Constituição de 1824 possibilitou a difusão de novos 
grupos religiosos no Brasil, tais como os protestantes, e, com isso, a abertura 
para as primeiras fissuras no secular monopólio católico (MARIANO, 2001). 
Na década de 1870, o Brasil enfrentou a denominada “questão religiosa”. 
Trata-se de um grande conflito entre a Igreja Católica e a maçonaria, que 
acabou se tornando uma grave questão de Estado. Contudo, como veremos 
Laicidade e diversidade religiosa4
a seguir, com o advento da República, formalizou-se a separação entre os 
poderes religioso e secular. 
Com a Proclamação da República, em 1889, o Brasil entrou em uma nova 
fase: fim da Monarquia e início da República. A grande pergunta que pairava 
no ar era como a Igreja se encaixava no novo regime. Diante disso, a Igreja se 
mostravaperplexa e atemorizada. No início do governo provisório, apresentou-
-se a problemática da religião de Estado, ou, como mais bem entendida, a 
separação de Igreja e Estado. Embora Dom Macedo Costa, o representante 
legal da Igreja no Brasil, defendesse que o melhor regime seria o da união 
Igreja-Estado, ele admitiu a separação dos dois poderes, resultando em uma 
secularização do Estado. 
No dia 7 de janeiro de 1890, o governo Rui Barbosa apresentou o Decreto 119-A, 
que serviu como documento para o poder civil tratar das questões religiosas. 
No documento, determinou-se
[...] a separação total de Igreja e Estado, extinguindo o Padroado (Art. 4º). O mesmo 
documento abria espaço para a liberdade dos diversos cultos ou denominações 
(Art. 2º) e ao mesmo tempo reconhecia para todos eles a capacidade jurídica de 
possuírem bens, como sociedades ou associações legalmente constituídas (Art. 
5º) [...] (MATOS, 2010, p. 255–256). 
Embora o texto seja discreto e preciso, permanece um ar de indiferença 
frente à Igreja e ao cristianismo em geral. Com isso, o espírito laicista pro-
vocará muitos temores entre os bispos no Brasil. A República inaugurará o 
Estado secularizado, neutro em termos de religião. Os bispos reagiram com 
muitas reservas ao Decreto de Separação, pois temiam o desinteresse do 
regime publicano pela Igreja Católica e a adoção de um “ateísmo social” 
como princípio norteador dos republicanos. Com a intervenção da Santa Sé, 
o Decreto 119-A foi aceito pelos bispos no Brasil desde que se respeitasse a 
aliança entre os dois poderes. 
A Carta Pastoral Coletiva, de 19 de março de 1890, do Episcopado Nacional, 
representa “[...] um verdadeiro tratado no qual sintetiza a doutrina oficial da 
Igreja sobre a união dos dois poderes [...]” (MATOS, 2010, p. 259). Dessa maneira, 
na visão dos Bispos, a liberdade religiosa é garantida no Brasil.
Na Constituição Federal de 1988, a liberdade de consciência e de 
crença é um direito e dever garantido pelo Art. 5º, inciso VI: “[...] 
é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre 
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais 
de culto e a suas liturgias [...]” (BRASIL, 1988, documento on-line).
Laicidade e diversidade religiosa 5
Pluralismo e diversidade religiosa
Uma das características marcantes do campo religioso contemporâneo é o 
pluralismo religioso. Os monopólios religiosos que foram sendo constituídos 
no decorrer da história já não podem mais contar com a submissão dos seus 
adeptos, pois estes aderem de forma voluntária aos movimentos religiosos 
contemporâneos a partir de uma sua demanda pessoal. Esse fenômeno 
criou possibilidades de expressão religiosa sem o uso de rituais ou dogmas 
impostos pelas instituições religiosas. Para Rivera (2003, p. 438):
Nas sociedades contemporâneas não há mais campo religioso estável, e os compro-
missos de longa duração deixaram de ser norma. Diversos tipos de opções religiosas 
e múltiplos produtos religiosos são oferecidos dia a dia nos templos e nos meios 
de comunicação. Religião exclusiva é coisa do passado. O sagrado apresenta-se 
multiforme, pouco hegemônico e, sobretudo, em constante movimento.
A convivência com outras denominações religiosas (cada vez mais diversas 
e numerosas) e o acolhimento das manifestações “populares” ocorreram 
no período de uma importante transformação na configuração do campo 
religioso brasileiro: o enfraquecimento da hegemonia católica. Esse aspecto 
motivou ainda mais a liberdade religiosa a se tornar uma experiência social 
de espectro mais amplo, e a tolerância com outros credos, uma prática es-
tratégica (MONTERO; ALMEIDA, 2000).
De fato, o campo religioso no Brasil vem sendo marcado por um grande 
pluralismo religioso. O Censo de 2010, pesquisa realizada pelo Instituto Bra-
sileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentou o resultado geral sobre 
a religiosidade da população brasileira, no qual se percebe que o Brasil 
apresentou uma mudança significativa no campo religioso, no sentido de se 
comprovar a diminuição dos católicos e o aumento substancial de evangélicos, 
espíritas e sem religião. Assim, o pluralismo religioso no Brasil torna-se cada 
vez mais evidente. 
Portanto, faz-se necessário observar que, ao longo da história, a sociedade 
vem articulando diferentes concepções sobre a vida e o mundo. Sobretudo 
no âmbito da diversidade religiosa, a humanidade construiu e continua cons-
truindo infinitas respostas para o dilema da criação e da própria existência. 
Nesse sentido, há algo em comum a todas as esferas de expressão religiosa 
(GUARESCHI; SILVA, 2008). 
A intolerância tem sido manifestada de forma contundente em relação a 
gênero, etnias, geração, orientação sexual, padrões físicos e estéticos e crença 
religiosa. A intolerância religiosa pode até causar espanto para a maioria das 
Laicidade e diversidade religiosa6
pessoas que vivem em um país como o Brasil, onde, notadamente, percebe-
-se uma relativa equidade e tolerância religiosa, mas é sempre importante 
observar que inúmeros conflitos e incontáveis guerras foram e continuam 
sendo travadas em nome de uma determinada crença religiosa. Esse é um 
problema complexo, pois esses confrontos não são motivados de forma ex-
clusiva por determinadas premissas religiosas, mas a estas se somam razões 
de ordem econômica, social, política, cultural, entre outras (WILGES, 1985). 
A diversidade religiosa é representada pela grande variedade de religiões 
presentes em todo o mundo. Embora seja complexo e desafiador, conviver com 
a diversidade cultural é um imperativo inseparável da promoção dos direitos 
humanos. Isso implica, entre outros pontos, o respeito e o reconhecimento 
das diferentes formas de religiosidades, tradições e movimentos religiosos, 
bem como daqueles que não professam religião alguma (CECCHETTI; OLIVEIRA, 
2015). A diversidade revela valores ético-culturais, os quais precisam se so-
brepor aos processos de exclusão e desigualdade. Uma forma de se fazer 
isso é construir perspectivas e práticas sociais que tomem como princípio a 
alteridade. Considere o seguinte:
A História demonstra que a convivência com os diferentes e as diferenças constitui-
-se em um processo complexo e desafiador. Inúmeros conflitos, colonialismos, 
imperialismos, genocídios, epistemicídios e culturicídios comprovam que a relação 
com o Outro representa uma das grandes problemáticas da humanidade (CECCHETTI; 
OLIVEIRA, 2015, p. 185).
Um dos mais valiosos bens da humanidade é a diversidade cultural, que 
expressa a criatividade e a capacidade humana de construir elementos sim-
bólicos que auxiliam na constituição das identidades pessoais e coletivas. A 
diversidade é uma das fontes do desenvolvimento humano, a qual amplia os 
horizontes e sentidos quando o indivíduo se depara com a possibilidade de 
aprender com outras culturas, entendendo que cada cultura é apenas parte 
de um mundo vasto (CECCHETTI, 2008).
Quanto à diversidade cultural, é importante destacar que a Declaração 
Universal para a Diversidade Cultural de 2002 esclarece que a diversidade se 
manifesta na originalidade e na pluralidade de identidades que caracterizam 
os grupos e as sociedades que compõem a humanidade (UNESCO, 2002, art. 
1º). Dentro dessa perspectiva, as religiões fazem parte da cultura humana e, 
portanto, cada religião é peculiar, pois possui diferentes linguagem, formas 
de acreditar, de celebrar, de se relacionar com a alteridade e de simbolizar 
de formas diferentes os fenômenos religiosos vivenciados pelos membros 
de cada cultura. Desse modo, as diversidades cultural e religiosa constituem 
Laicidade e diversidade religiosa 7
grandes desafios para uma educação inclusiva. É nesse contexto que a es-
cola é chamada a ajudar o educando a compreender a dinâmica cultural da 
humanidade, para, assim, exercer a sua cidadania como pessoa integrada, 
responsável e atuante no meio em que vive. 
Estado laico brasileiro
O Brasil tem, na suamatriz formativa, um monopólio religioso instituído 
tanto pelo Estado quanto por grupos religiosos. Isso originou uma grande 
hostilidade religiosa, caracterizada por desrespeito e estímulos à violência. 
Essa situação fica mais evidente ao se considerar o período colonial:
No período colonial, o dado mais expressivo dessa realidade está relacionado aos 
sequestros e escravizações dos povos africanos e à consequente imposição da fé e 
batismo católico, promotores de um novo nome, cristão, para aqueles. A associação 
da perseguição aos ritos sagrados, trazidos da África, com a proibição das suas 
manifestações de crença colaborava com a promoção da desestruturação dos 
sistemas religiosos e a imposição, como única saída, de um sincretismo religioso 
com o catolicismo (PATROCINO et al., 2013, documento on-line).
As práticas ritualísticas de matriz africana eram muito diferentes das 
tradições religiosas existentes no Brasil, sobretudo do modelo dominante 
da Igreja Católica, o que as fez serem estereotipadas de forma negativa e 
supersticiosa. Ainda durante o Império do século XIX, “o regime do Padroado 
Régio” permanecia como suporte legal para relações entre a Igreja Católica e o 
Estado brasileiro, o qual limitava a liberdade de culto (PATROCINO et al., 2013).
As ações dos bispos eram limitadas pelo poder temporal, e sua atuação 
ou suas orientações eram dadas pelas cartas pastorais, que lhes possibili-
tavam exercer “[...] o seu controle diante dos párocos e das freguesias [...] O 
Clero exercia grande influência no cotidiano das pessoas [...]” (SOUZA, 2005, 
p. 124). Na maioria das vezes, o bispo estava mais ligado aos “dogmas” da 
Universidade de Coimbra do que aos de Roma.
Assim, é possível perceber que o poder exercido pela Igreja não estava 
embasado exclusivamente nas leis romanas. Ao longo da história, as leis 
foram se adaptando para a introdução de uma “Igreja Católica Apostólica 
Portuguesa” em paralelo ao Vaticano, e o uso da religião para a manipulação 
e a dominação da população foi uma forma de controle eficiente. Conforme 
Patrocino et al. (2013, documento on-line):
Laicidade e diversidade religiosa8
Esse vínculo nacionalista da religião colonial também marcou a relação entre 
catolicismo e protestantismo na fase monarquista da nossa história. Os primeiros 
protestantes a pisar no país vindos da França e Holanda, com finalidades historica-
mente tidas como comerciais, foram expulsos militarmente por sua nacionalidade. 
As relações comerciais internacionais determinaram e de certa forma adiaram o 
encontro das duas religiões em solo brasileiro. Apenas em 1808, com o tratado 
comercial feito entre Portugal e Inglaterra, em troca da escolta realizada para a 
caravana real que culminou na abertura dos portos da então colônia, foi que os 
protestantes puderam se estabelecer formalmente.
As manifestações políticas e sociais por liberdade religiosa e respeito à 
diversidade de crença permaneceram no Brasil, e, em 1923, a negligência do 
País com relação à laicidade foi anunciada pelo Manifesto do Pioneiros da 
Educação Nova:
A laicidade, gratuidade, obrigatoriedade e coeducação são outros tantos princí-
pios em que assenta a escola unificada e que decorrem tanto da subordinação 
à finalidade biológica da educação de todos os fins particulares e parciais (de 
classes, grupos ou crenças), como do reconhecimento do direito biológico que 
cada ser humano tem à educação. A laicidade, que coloca o ambiente escolar acima 
de crenças e disputas religiosas, alheio a todo o dogmatismo sectário, subtrai o 
educando, respeitando-lhe a integridade da personalidade em formação, à pressão 
perturbadora da escola quando utilizada como instrumento de propaganda de 
seitas e doutrinas (AZEVEDO et al., 1932, documento on-line).
No cenário religioso brasileiro, há uma mistura de proselitismo, ausência 
de respeito e não exercício da alteridade. Infelizmente, no século XXI, ainda 
há manifestações públicas pautadas na discriminação racista e no fundamen-
talismo religioso, que se faz presente na concorrência do mercado religioso 
e na disputa entre algumas igrejas pela conquista de fiéis.
Ensino religioso nas escolas públicas
Uma educação comprometida com a diversidade cultural requer um conjunto 
de reflexões e práticas que abordem as diferenças a partir das lentes da cul-
tura do outro (BENEDICT, 1988). Essas práticas e reflexões devem assegurar o 
direito à liberdade e à diferença, com base na ética e nos direitos humanos, em 
consonância com o art. XVIII da Declaração Universal dos Direitos Humanos:
Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este 
direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar 
essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, iso-
lada ou coletivamente, em público ou em particular (ONU, 1948, documento on-line).
Laicidade e diversidade religiosa 9
Quando a socialização e o diálogo são promovidos com respeito às di-
ferentes percepções e vivências do religioso (ingredientes fundamentais do 
substrato cultural da humanidade), a escola oportuniza que temas polêmicos 
relacionados à cultura, à religiosidade e à discriminação étnica sejam abor-
dados como elementos de aprendizagem. Assim, ela garante os princípios 
da Declaração para Eliminação de Todas as Formas de Intolerância e Discri-
minação com Base em Religião ou Crença (ONU, 1981). Confira o que afirma 
o art. 2º dessa declaração:
§ 1. Ninguém será objeto de discriminação por motivos de religião ou convicções 
por parte de nenhum Estado, instituição, grupo de pessoas ou particulares.
§ 2. Aos efeitos da presente declaração, entende-se por “intolerância e discrimina-
ção baseadas na religião ou nas convicções” toda a distinção, exclusão, restrição 
ou preferência fundada na religião ou nas convicções e cujo fim ou efeito seja 
a abolição ou o fim do reconhecimento, o gozo e o exercício em igualdade dos 
direitos humanos e das liberdades fundamentais (ONU, 1981, documento on-line).
Para promover a liberdade religiosa e os direitos humanos, no entanto, 
faz-se necessário o desenvolvimento de práticas pedagógico-didáticas com-
prometidas com o exercício da sensibilidade diante de qualquer discriminação 
religiosa no trato cotidiano. Nesse contexto, entram em cena o respeito à 
identidade, a alteridade e o encontro com as diferentes expressões religiosas. 
Essas práticas permitem, aos poucos, ampliar os conhecimentos; refletir 
sobre as diversas experiências religiosas; formular respostas fundamentadas 
cientificamente; analisar o papel dos movimentos e das tradições religiosas 
na estruturação e na manutenção das diferentes culturas; e, acima de tudo, 
eliminar e denunciar qualquer forma de discriminação e preconceito (CEC-
CHETTI; OLIVEIRA, 2015). Essas são ações educativas embasadas no respeito 
e na sensibilidade diante da discriminação religiosa. A ideia é respeitar a 
identidade do outro e possibilitar afinidades entre os diferentes a partir da 
conscientização de que cada sujeito é único em um universo de diferentes 
(OLIVEIRA et al., 2007).
É nesse contexto que se insere o ensino religioso, que, de acordo com a Lei 
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), deve ser “[...] parte integrante 
da formação básica do cidadão, assegurando o respeito à diversidade cultural 
religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo [...]” (BRASIL, 
1996, documento on-line). Dessa forma, a disciplina de ensino religioso deve 
observar os marcos de referência das diferentes sociedades, para, a partir 
deles, direcionar a atenção dos estudantes à sua interpretação, em uma 
tentativa de romper com o preconceito em relação ao que é diferente deles.
Laicidade e diversidade religiosa10
Cabe ao ensino religioso dedicar-se e trabalhar com o pluralismo religioso, 
dando aos discentes a possibilidade de aceitar o valor do outro. Além de 
permitir que o outro viva ao seu lado, o estudante deve atribuir significadoe respeito à existência dele. Assim, os docentes da disciplina e as escolas 
como um todo precisam, com urgência, romper com o “conhecimento dos 
poderosos”, que não diz nada sobre o conhecimento em si. Para Young (2007, 
p. 1294), o conhecimento poderoso “[...] não se refere a quem tem mais acesso 
ao conhecimento ou quem o legitima, mas refere-se ao que o conhecimento 
pode fazer, como, por exemplo, fornecer explicações confiáveis ou novas 
formas de se pensar a respeito do mundo [...]”.
O ensino religioso, quando baseado nos saberes históricos, geográficos, 
sociais e filosóficos, pode proporcionar aos discentes uma compreensão 
adequada do mundo à sua volta. Conforme Gaardner, Hellern e Notaker 
(2005), é difícil adquirir uma compreensão correta da política internacional 
e do mundo cada vez mais multicultural sem que se esteja consciente do 
fator religião. Para os autores, “O estudo das religiões pode ser importante 
para o desenvolvimento pessoal do indivíduo. As religiões do mundo podem 
responder a perguntas que o homem vem fazendo desde os tempos imemoriais 
[...]” (GAARDNER; HELLERN; NOTAKER, 2005, p. 16).
Contudo, isso tudo só faz sentido se os direitos humanos básicos não 
forem transgredidos, o que implica respeitar a coexistência humana, a vida 
dos outros, as suas opiniões e os seus pontos de vista. O Estado, ao manter 
o ensino religioso como disciplina nas escolas, precisa preservar os direitos 
básicos e criar mecanismos para que a interconfessionalidade seja respeitada 
e, ao mesmo tempo, a laicidade seja preservada. Assim, como pontua Cury 
(2004, p. 187), “[...] dada a obrigatoriedade da oferta [do ensino religioso] nas 
escolas públicas e o caráter facultativo de sua frequência para o conjunto 
dos alunos, importa refletir um pouco sobre aspectos da religiosidade que 
podem ser úteis em favor da tese da importância da religião [...]”.
O ensino religioso resulta de uma articulação das igrejas cristãs e, princi-
palmente, da Igreja Católica (ação política que data de séculos anteriores), que 
conquistaram, na Constituição de 1988, esse espaço no sistema de educação 
formal brasileiro. Tal espaço serve a mais uma inserção científica na formação 
das crianças e dos adolescentes, tendo-se em vista que a proposta de diversos 
estados da Federação perpassa um caminho pedagógico com conhecimentos 
“[...] estudados a partir de uma perspectiva laica, aconfessional [...]” (HUTNER, 
2006, p. 6). Essa articulação conseguiu garantir a presença do ensino religioso 
na Constituição de 1988. Em seu art. 210, inciso 1º, a Constituição afirma 
que: “O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos 
Laicidade e diversidade religiosa 11
horários normais das escolas públicas de ensino fundamental [...]” (BRASIL, 
1988, documento on-line).
Contudo, o ensino religioso se fez mais intenso e mais abrangente durante 
o período de elaboração da LDB, promulgada em 1996, que ficou conhecida 
como “Lei Darcy Ribeiro”. Durante esse período, constituiu-se o Fórum Nacional 
Permanente do Ensino Religioso (Fonaper), uma organização voluntária, de 
âmbito nacional, composta por cristãos de diversas origens. Todavia, um 
ponto crucial defendido por essa organização não foi incorporado na LDB: 
a explicitação da responsabilidade financeira do Estado no pagamento dos 
professores de ensino religioso. Posteriormente, em 1997, por meio da Lei nº 
9.475, de 22 de julho, o art. 33 da LBD foi alterado. Então, o ensino religioso 
passou a ser definido como disciplina normal do currículo das escolas públicas, 
e o Estado ficou responsável pela contratação de professores (BRASIL, 1997).
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Laicidade e diversidade religiosa 15
DICA DO PROFESSOR
Como todo direito, a liberdade religiosa não é absoluta e compreende a liberdade de crença, de 
culto, de organização de liturgia e de consciência. Não é possível confundir, no entanto, 
liberdade de consciência com a liberdade de crença, uma vez que a consciência é livre para não 
seguir qualquer crença. Sendo assim, a liberdade religiosa tutela tanto os ateus quanto os 
agnósticos.
A liberdade religiosa é, portanto, a liberdade para exercer ou não uma religião, e esse direito é 
garantido e assegurado pelo Estado. É possível que haja liberdades religiosas mesmo em um 
Estado Confessional.
Nesta Dica do Professor, você vai conferir o vínculo entre laicidade, liberdade religiosa e de 
culto.
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EXERCÍCIOS
1) "Assim, o caráter laico do Estado, que lhe permite separar-se e distinguir-se das 
religiões, oferece à esfera pública e à ordem social a possibilidade de convivência da 
diversidade e da pluralidade humana. Permite, também, a cada um dos seus, 
individualmente, a perspectiva da escolha de ser ou não crente, de associar-se ou não 
a uma ou outra instituição religiosa. E, decidindo por crer, ou tendo o apelo para tal, 
é a laicidade do Estado que garante, a cada um, a própria possibilidade da liberdade 
de escolher em que e como crer, enquanto é plenamente cidadão, em busca e no 
esforço de construção da igualdade" (FISCHMANN, 2012).
O conceito de Estado laico muitas vezes é visto de maneira equivocada, sendo 
confundido com uma limitação estatal sobre as crenças e não crenças da população.
O que é possível atestar sobre o Estado laico?
A) O Estado laico, também conhecido como Estado secular, prevê a neutralidade em matéria 
confessional, mas não religiosa.
B) No Estado laico, as religiões têm o direito de exercer as suas práticas, incluindo a 
participação do governo.
C) A posição neutra do Estado laico busca incentivar o ateísmo e outras formas de “não 
crença” como forma de distanciar-se das religiões, mantendo a laicidade.
D) O Estado laico não adota nenhuma religião como oficial e mantém equidistância entre os 
cultos. 
E) O Estado laico ou secular não é real porque o Estado denomina-se laico, mas a 
humanidade não. 
2) A laicidade permite a convivência pacífica entre as religiões e o respeito 
às pessoas que optam por não professar nenhuma religião. A escola é o espaço em que 
esses universosculturais se encontram.
Diante dessa alternativa, qual é o papel do Ensino Religioso na escola dentro de um 
Estado laico?
Assinale a alternativa correta.
A) Estado laico é aquele em que o direito do cidadão de ter ou não religião é respeitado, o 
que assegura a “liberdade de consciência”, por isso o papel do Ensino Religioso se esvazia 
na escola pública.
B) O princípio da liberdade religiosa deverá garantir que o Ensino Religioso ministrado nas 
escolas públicas possa ser detido na formação religiosa específica para uma ou outra 
religião, dentro da premissa da confessionalidade.
C) A laicidade não exclui, no entanto, as religiões e suas manifestações públicas, nem o 
Ensino Religioso, muito menos deve interferir nas convicções pessoais daqueles que 
optam por não professar nenhuma religião.
D) Deve ser considerada a ausência ou não da fé, pois a apresentação das diversas religiões 
pode influenciar a formação da própria sociedade brasileira e mundial, nos seus aspectos 
históricos, sociológicos e políticos.
E) O Estado não deve reconhecer nem ignorar nenhuma religião, sejam elas professadas no 
seu território ou não. No entanto, o fato da não presença de uma crença ou convicção 
religiosa no país dispensa a escola de discutir sobre esse assunto.
3) "Na Antiguidade, a religião costumava andar intimamente associada à vida do povo. 
Cada nação, tribo ou clã tinha os seus deuses próprios que se supunham defender e 
proteger o povo. Cumpria venerá-los e evitar-lhes as iras, em especial provocadas 
pela infidelidade ou mau procedimento de alguns membros da comunidade, por meio 
de sacrifícios, preces e outros rituais. Não aceitar a religião nacional ou não a 
praticar, equivalia, de certa maneira, a ser infiel ao próprio povo e a atrair sobre ele 
as iras da divindade; tal fato era geralmente considerado crime grave, punido, por 
vezes, até com a pena de morte" (SABAINI, 2008).
O Estado religioso é um conceito oposto ao de Estado laico.
Sobre a definição de Estado religioso, o que é possível afirmar?
A) O Estado religioso pode ser manifestado como um quarto poder, o que lhe confere 
autoridade para aprovar ou rejeitar o credo institucionalizado. 
B) O Afeganistão, país que viveu sob o comando do Talibã, é um exemplo diferente 
de Estado religioso, pois atingiu uma pequena parcela da população.
C) Ainda são encontrados Estados de caráter confessional, mas não religioso, 
especialmente no mundo islâmico. 
D) A influência religiosa ainda caracteriza muitos Estados, independentemente da laicidade 
ou da adoção de uma religião oficial. 
E) O Estado religioso é caracterizado pela liberdade de culto e independente de ter uma 
instituição religiosa dominante.
4) "Ele não é território, nem população, nem corpo de regras obrigatórias. É verdade 
que todos esses dados sensíveis não lhe são alheios, mas ele os transcende. Sua 
existência não pertence à fenomenologia tangível: é da ordem do espírito. O Estado é, 
no sentido pleno do termo, uma ideia. Não tendo outra realidade além da conceptual, 
ele só existe porque é pensado" (AMBRÓSIO, 2008).
A respeito do conceito de Estado, o que é correto afirmar?
A) Necessita do conjunto de instituições para sua existência, apenas para atender exigências 
sem que desempenhem papel fundamental.
 
B) A soberania do Estado é efetivada pelas relações entre o governo e a população, 
independentemente do fato de ter um território.
C) Um Estado necessita do reconhecimento de outros Estados e instituíções internacionais 
para ser reconhecido como tal.
D) A ideologia religiosa de um Estado faz com que a heterogeneidade perca seu sentido. 
E) A laicidade de um Estado permite distinções no julgamento das crenças, o que acaba 
transformando esse Estado em ateu.
5) A diversidade religiosa é representada pela grande variedade de religiões presentes 
em todo o mundo. Esta foi constituída ao longo dos anos por interações, imposições e 
hibridismos.
Sobre a diversidade religiosa brasileira, é correto afirmar que:
A) é essa diversidade que marca uma riqueza nas diversas culturas do país, o que configura o 
Estado laico.
B) é ignorada no Brasil, independentemente da laicidade.
C) o ateísmo e gnosticismo não fazem parte da diversidade cultural.
D) apesar de serem marcantes na cultura brasileira, as tradições de matriz africana não são 
reconhecidas como religião no país.
E) alguns países optam pelo Estado religioso em função do desafio e das dificuldades 
implícitas no convívio com diversas religiões.
NA PRÁTICA
O Ensino Religioso como área de conhecimento sempre gerou muitas discussões e polêmicas no 
Brasil. Foram feitas muitas análises e elaborações de projetos dentro das escolas para que essa 
área pudesse ser assegurada dentro de um Estado laico. Muitas são as questões a serem 
debatidas, e uma delas é a formação docente para a disciplina, poucas instituições/escolas 
exigem formação na área para o docente que ministrará a disciplina.
No âmbito de escolas confessionais, essa é uma questão ainda mais contundente. Com a 
homologação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e com base na legislação, o Ensino 
Religioso é assegurado como área de conhecimento e pode, legitimado pelo Estado, realizar 
trabalho de cunho confessional.
Neste Na Prática, você vai ver uma análise das implicações dessa legitimação para a sala de 
aula.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
O Ensino Religioso e a BNCC: possibilidades de se educar para a paz
Neste artigo, você vai ver uma relação entre as competências estipuladas pela Base Nacional 
Comum Curricular (BNCC) para o componente curricular Ensino Religioso e a Educação para a 
Paz, que está presente de forma intrínseca nos objetivos do Ensino Religioso por meio da 
construção de vida a partir de valores, princípios éticos e cidadania.
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Diversidade e intolerância religiosa na sociedade brasileira contemporânea
Confira, neste artigo, a busca pelo respeito à liberdade de religião e de culto, assim como o 
reconhecimento da diversidade religiosa a partir dos parâmetros dos direitos humanos. Confira.
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O Ensino Religioso nas escolas públicas: debate sobre a inclusão das minorias e a 
representatividade de suas identidades
Acesse e confira a proposta de um debate sobre representatividade e inclusão das minorias 
dentro das aulas de Ensino Religioso.
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