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APOSTILA CND - Curso Normal à Distância (21) 3347-3030 / 2446-0502 ENSINO RELIGIOSO 2 Sumário Introdução ............................................................................................................. 3 1. Um pouco de teoria para iluminar a prática ....................................................... 5 2. Encontrando o fio do novelo da história .......................................................... 13 2.1 A forte influência do catolicismo ........................................................................ 13 2.2 A história da chegada das outras religiões ao brasil ..................................... 16 2.3 O ensino religioso depois da proclamação da república ............................... 20 3. Reconhecendo os aspectos legais do ensino religioso ................................... 22 4. Entrando na escola e na sala de aula ............................................................. 26 4.1 Concepções para o ensino religioso ................................................................. 27 4.2 As diferentes modalidades de ensino religioso nos estados brasileiros .... 30 4.3 O caso específico do município do rio de janeiro ........................................... 33 4.4 A proposta de trabalho do estado do paraná .................................................. 34 4.5 Sugestões de temas a serem desenvolvidos à luz da religiosidade ........... 36 4.6 A questão da formação de professores que ministram o ensino religioso confessional ................................................................................................................. 37 4.7 Considerações finais ........................................................................................... 40 Referências bibliográficas e bibliografia .............................................................. 41 Anexos ................................................................................................................ 45 3 INTRODUÇÃO Olá caros alunos e alunas do IECS Durante o nosso curso, na caminhada em busca da formação profissional, você tem podido estudar uma variedade de Disciplinas. Nessa apostila o foco se volta para o Ensino Religioso. Um dito popular afirma: Não se deve discutir política, futebol e religião por que não se chega a um consenso sobre esses assuntos. Na verdade esses três aspectos estão em voga e a discussão sobre os mesmos se intensifica. Nosso material não pretende criar polêmica sobre religião, mas sim trazer para a reflexão do grupo aspectos ligados ao Ensino Religioso escolar. Dessa maneira gostaríamos que você, que supomos já ter opinião formada sobre o assunto em pauta, possa refletir junto com seu tutor e colegas de turma, sobre as diferentes perspectivas de abordagem apresentadas para o Ensino Religioso. Não buscamos aqui fazê-lo mudar de opinião , mas sim trazer pontos de passagem e reflexão. Atualmente, quando tanto se fala em aceitação da diversidade e da tolerância , é preciso olhar sob diferentes perspectivas o Ensino Religioso na escola, em especial na escola pública. Como conciliar a liberdade de crença e de exercício religioso garantida constitucionalmente com as aulas de Ensino Religioso? Que tipo de Ensino deveremos levar a nossos alunos? Há como tratar a religiosidade, para além dos dogmas de uma única crença ? Estamos preparados para, sem proselitismo, organizar conhecimentos básicos sobre o assunto, de forma a ampliar as oportunidades de desenvolvimento integral dos nossos alunos?.Será o desenvolvimento integral do aluno o foco principal do Ensino Religioso escolar? Como atender à Constituição que pede Ensino laico? Como atender à legislação 4 e ao mesmo tempo lidar com as mudanças sociais acentuadas? Como trabalhar na escola buscando compreender aspectos sociais e culturais para atender à diversidade ? Só podemos tentar a dar conta de todo esse universo se pensarmos, com a mente bem aberta, nas diferentes possibilidades de trabalho com esse assunto que sempre tanto cria expectativas. Esperamos que a leitura do nosso material ilumine aspectos diferenciados e coloque para você o leque de opções que existem nesse momento. Como forma de contribuição para a sua caminhada relativa ao Ensino Religioso, o primeiro capítulo da apostila descreve alguns conceitos teóricos ligados ao tema . No segundo capítulo estão apresentados aspectos que dizem respeito ao passado do ensino de religião no país. Com o capítulo três surgem citações a respeito das Leis que nortearam e norteiam orientações para a aplicação do Ensino Religioso. O capítulo final se refere às possibilidades de aplicação, na escola e na sala de aula, dessas recomendações legais . E então você está se sentindo preparado para esses novos desafios? Vamos seguir juntos? 5 1-UM POUCO DE TEORIA PARA ILUMINAR A PRÁTICA Vamos estudar sobre aspectos teóricos importantes que precisamos apreender nestas reflexões sobre o Ensino Religioso. Aspectos ligados à conceituação de religião, de religiosidade, de espiritualidade, atitude científica, dentre outros serão abordados. Esses conceitos serão trabalhados a partir de perguntas, cujas respostas estão baseadas na expressão de grandes pensadores sejam filósofos, sociólogos, pedagogos e outros a respeito de assuntos ligados ao que estamos estudando. Com a contribuição deles esperamos enriquecer seus conhecimentos . Vamos começar a discussão com uma citação de Einstein. 1 "A ciência sem a religião é manca, a religião sem a ciência é cega". (Albert Einstein, 1941) O que será que ele está tentando nos dizer? Qual a sua opinião sobre isso? 1 http://www.google.com.br/imgres Ao finalizar de estudar esse capítulo você poderá ter construído e sistematizado aprendizagens como: Estabelecer relação entre os tópicos apresentados no capítulo Relacionar o Ensino Religioso e a formação do professor/educador Reconhecer a influência teórica dos grandes pensadores que influenciam a prática pedagógica no Ensino Religioso. Analisar posicionamentos e sentir-se parte do debate sobre Religião e Ciência. http://www.google.com.br/imgres?q=einstein+desenho&num=10&hl=pt-BR&biw=1424&bih=737&tbm=isch&tbnid=eHpHenYAuFPwUM:&imgrefurl=http://www.acaricaturadobrasil.com/2009_08_01_archive.html&docid=I9w5g2uDWTcp6M&imgurl=http://3.bp.blogspot.com/_THqcfg9sIbQ/SpWRvzdYkoI/AAAAAAAAAyI/tWFAYW8PRG0/s400/einstein_web.jpg&w=369&h=400&ei=TOcrULDJIajM6wH_sYCYCg&zoom=1&iact=hc&vpx=175&vpy=388&dur=3650&hovh=234&hovw=216&tx=132&ty=155&sig=117948682128670648426&page=1&tbnh=140&tbnw=129&start=0&ndsp=23&ved=1t:429,r:16,s:0,i:150 6 Para Setzer(2002) é muito comum considerar-se que há um abismo sem chance de ser transposto entre ciência e religião. De acordo com o que é exposto nos seus estudos, há os que consideram que as áreas abrangidas por elas são totalmente distintas, de tal forma que a como ele cita, no tópico 9 , parágrafo 1, " ciência não teria nada a dizer sobre religião e esta nada a dizer sobre fatos científicos." Você está convidado a entrar na discussão. O que é religião? De acordo com o que Haas publicou na Revista Dom Total, o autor toma as propostas de Durkheim para definir a religião. Durkheim conceitua religião como um sistema solidário de crenças e de práticas relativas a coisas sagradas. As crenças e práticas unem as pessoas numa mesma comunidade moral, chamada Igreja, todos os que aderem a ela. Durkheim tem um interesse pela religião porque, para ele, ela articula rituais e símbolos que têm o efeito de criar entre indivíduos afinidades sentimentais que constituem a base de classificações e representações coletivas. As cerimônias religiosas cumprem um papel importante aocolocarem a coletividade em movimento para sua celebração: As religiões são baseadas na fé e em dogmas. [ Imagem de http://contextoshistoricos.blogspot.com.br/ Émile Durkheim foi um dos responsáveis por tornar a sociologia uma matéria acadêmica, sendo aceita como ciência social. Durante sua vida, publicou centenas de estudos sociais: sobre educação, crimes, religião, e até sobre suicídio. Fonte: http://www.infoescola.com/sociologia/emile- durkheim/ http://www.infoescola.com/sociologia/emile-durkheim/ http://www.infoescola.com/sociologia/emile-durkheim/ 7 Elas aproximam os indivíduos, multiplicam os contatos entre eles, torna- os mais íntimos e por isso mesmo, o conteúdo das consciências muda. Judaísmo, Cristianismo, Islamismo, Budismo e Hinduísmo são exemplos de grandes religiões, que possuem muitos adeptos, uma vez que passaram por um longo processo de expansão. O que é espiritualidade? De acordo com Saad2 (2001) a espiritualidade pode ser definida como uma tendência humana a buscar significado para a vida por meio de conceitos que transcendem o tangível: um sentido de conexão com algo maior que si próprio, que pode ou não incluir uma participação religiosa formal Podemos considerar também a espiritualidade como o conjunto de todas as emoções e convicções de natureza não material, com a suposição que há mais no viver do que pode ser percebido ou plenamente compreendido, remetendo a questões como significadas e sentidas da vida, não se limitando a qualquer tipo de crença ou prática religiosa (VOLCAN, 2003) 3 O que é religiosidade? A religiosidade é uma qualidade do indivíduo que é caracterizada pela disposição ou tendência do mesmo, para seguir a sua própria religião ou a 2 http://www.nhu.ufms.br/Bioetica/Textos/Bio%C3%A9tica%20e%20Espiritualidade/ESPIRITUALIDADE. pdf 3 http://www.nhu.ufms.br/Bioetica/Textos/Bio%C3%A9tica%20e%20Espiritualidade/ESPIRITUALIDADE. pdf 8 integrar-se às coisas sagradas. Há diferenças entre o ser possuidor de religiosidade, do ser religioso, que é fruto do sistema religioso. O que é atitude científica? Para Setzer (2002) a atitude científica é uma das maiores conquistas da humanidade, tendo começado a desenvolver-se efetivamente, como potencialidade para todas as pessoas, após o início do século XV. Antes disso, ela aparecia de maneira parcial em um ou outro indivíduo. Ela deve ser aplicada sempre que se faz uma observação e a descrição de algo, e quando se formulam conceitos. Nessas atividades cognitivas, parece-me que essa é a atitude correta para o ser humano moderno, isto é, uma pessoa que não adota uma atitude científica na parte cognitiva de seu dia-a-dia está retornando indevidamente ao passado. No entanto, é preciso reconhecer que essa atitude não se aplica a toda a vida humana, pois nem tudo nela é cognição. O entusiasmo que se deve ter por descobrir coisas novas e obter mais conhecimento. Pressupõe não ter absolutamente nenhum preconceito, em qualquer área de conhecimento, isto é, estar-se sempre disposto a verificar qualquer fato ou fenômeno, ou estudar qualquer teoria. 9 4 Fonte Ensino e educação: o que são? De acordo com Spohr(2006) há os que acreditam que "quem ensina educa e quem educa ensina". O autor, no entanto, ao se propor a estabelecer diferença entre ensino e educação, alega que se deva considerar especialmente a importância de educar uma vez que a educação visa aos sentimentos e os põe sob o controle da vontade enquanto o ensino se dirige mais ao intelecto. Dessa forma adverte aos professores sobre a necessidade de motivações contínuas que visem despertar os bons sentimentos especialmente, o amor. Para o autor todos os outros bons sentimentos são derivados deste. Assim se conseguiria um bom conceito entre colegas e em todo ambiente vivencial, além de se conseguir o amor pelo estudo. É de Durkheim a seguinte citação: A principal função do professor é formar cidadãos capazes de contribuir para a harmonia social.(citado por FERRARI, 2008) 4 http://2.bp.blogspot.com/_bBiwVYo3iSM/RudMNQ6De-I/AAAAAAAAAE4/6tdYkTCt-wM/s1600- h/sem+t%C3%83%C2%ADtulo.bmp 10 O que é formação? O vocábulo formação significa ato, efeito ou modo de formar; de constituir. E formar é dar a forma a alguma coisa. No nosso caso, em especial significa admitir , como propõe Antunes (2002, p 120): "Conjunto de atividades que permite ao educando assumir determinada posição perante a sociedade, como cidadão e como profissional". Do ponto de vista profissional, para estarmos bem preparados precisamos ter passado por um conjunto de atividades que visam a aquisição de conhecimentos, capacidades, atitudes e formas de comportamento exigidos para que consigamos ter uma formação integral . Na concepção de Antunes (2002) a formação integral é aquela que envolve as questões: cognitiva, biopsicológica e ética. Como docentes essa formação se liga à ideia de inacabamento; tem início e nunca tem fim. É inconcluso (...). (VEIGA, 2009. p. 26). O que é cidadania? Se recorrermos a um dicionário na busca de definição de cidadania encontraremos algo como :cidadania é o exercício dos direitos e deveres civis , políticos e sociais estabelecidos na constituição. Dallari(1998, p.14), ao escrever sobre a temática cidadania assim se exprime: A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social. 11 Diante dessa linha de reflexão Assmann (1999,p 26) afirma que "educar é a mais avançada tarefa social emancipatória", registrando que um fato marcante no mundo atual é a lógica da exclusão acompanhada do grave alastramento da insensibilidade. O quanto tratarmos sobre cidadania permite modificar a ótica da exclusão? Vocês estão atentos à dimensão da tarefa profissional que escolhemos? Nesse capítulo I, antes de abordarmos especificamente aspectos do Ensino Religioso nas escolas, tratamos de fazer questionamentos com objetivo de refletir sobre as potencialidades humanas: quer seja no aspecto intelectual, formativo, emocional, social, físico, criativo, intuitivo e espiritual. Referimo-nos também às questões da espiritualidade como estado de conexão de toda a vida, da experiência do ser, de sensibilidade, de sentido de reverência e de contemplação diante dos mistérios do universo, assim como do significado e do sentido da vida. Acreditamos que esses tópicos irão ajudá-lo a tratar, pensar e repensar na sua futura prática em sala de aula em especial quando tratamos de Ensino Religioso. .O próximo capítulo tem como foco a descrição da história do Ensino Religioso no Brasil e das consequências advindas disso. Reflita sobre cada uma das perguntas e respostas trazidas nos tópicos do capítulo I. Depois responda; Você professa e conhece sua religião? Pretende educar e ensinar? Algum item, (dentre os mencionados nas indagações apresentadas no capítulo), é muito importante na formação dos professores? Qual ou quais e Por quê? 12 13 2- ENCONTRANDO O FIO DO NOVELO DA HISTÓRIA Ao levantarmos os dados sobre as religiões e Ensino Religioso no Brasil, foi possível observar, que estes aspectos de estudo da realidade são marcados por dificuldades, avanços e novas perspectivas na atualidade. Vamos descrever alguns desses aspectos ? 2-1 A forte influência do catolicismo Pensar na história do EnsinoReligioso no Brasil nos remete à Educação do Brasil Colônia e da forte presença de religiosos católicos no país. Que imagem nos vem quando pensamos na chegada à terra firme dos primeiros colonizadores portugueses? E o nome antigo do nosso país ? Ilha de Vera Cruz e Terra de Santa Cruz? Ao finalizar de estudar esse capítulo você poderá ter construído e sistematizado aprendizagens como: Relacionar o regime de padroado com os primórdios do Ensino Religioso no Brasil. Identificar na história do país os momentos de chegada de outras religiões Reconhecer que com a Abertura dos portos em 1808 se amplia a possibilidade de ingresso de novas religiões Estabelecer ligação entre a Proclamação da República e a criação de um estado laico Conceituar sincretismo religioso. 14 Esta pintura é uma das mais conhecidas telas históricas brasileiras, A Primeira Missa no Brasil, de 1860, pintada pelo catarinense Victor Meirelles (1832-1903). A obra representa a missa celebrada pelo frei Henrique Soares de Coimbra em Porto Seguro (BA) em 26 de abril de 1500, domingo de Páscoa, quatro dias depois do desembarque dos portugueses no Brasil. Para pintar a tela, o pintor apoiou-se no conteúdo da carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal. Uma de suas preocupações foi enaltecer a convivência supostamente pacífica entre brancos e índios.(LIMA, 2004) Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/brasil-tempo-cabral-423138.shtml As grandes religiões sempre estiveram presentes na construção de processos históricos das civilizações. No caso brasileiro se pode perceber a imensa influência da religião católica na constituição da nossa nacionalidade. Os historiadores Del Priore e Venâncio afirmam: "O Brasil nasceu à sombra da cruz"(2001, p.40). A colonização aqui estabelecida esteve ligada ao regime de padroado. O que significava o padroado? Era um acordo entre a Igreja Católica e os reis de Espanha e Portugal. A Igreja dava poderes a esses reis para organizar o catolicismo em seus domínios e os reis podiam nomear os padres e bispos que depois eram aprovados pelo Papa .Os reis também mandavam construir as Igrejas. Disso resultou uma aliança entre as dimensões políticas, administrativas e religiosas nas colônias.. 15 As frotas portuguesas traziam capelães a bordo. Os primeiros religiosos que aqui chegaram foram os franciscanos. Mas o papel mais importante na Educação coube aos jesuítas .Esses dão início a uma atividade missionária com assistência religiosa aos brancos e às práticas de catequese dos nativos. No entanto, há os que afirmam que a Igreja cresceu à sombra do projeto colonial e expansionista de Portugal, com pouca chance de desenvolvimento autônomo. Como as escolas eram de “missão”, ou seja, para a conversão dos gentios não haveria o Ensino Religioso propriamente dito, uma vez que atendia aos projetos de Portugal para a América. A situação começa mudar no século XIX afirma o autor Hoonaert.(1992). Com a vinda da família real e a abertura dos portos brasileiros a navios de outras bandeiras, ocorreu o contato com outras nacionalidades .Isso trouxe uma nova época para o país e para o catolicismo que deixa de ter somente influência de Portugal e sofre a partir daí influência mais direta de Roma. Outro fato muito marcante relacionado a isso é a entrada do Protestantismo trazido pelos primeiros visitantes estrangeiros. Após a independência a relação entre a Igreja e o Estado permaneceu sob as regras do padroado, porém no período do Império a religião é vítima do regalismo. A escola pública, de responsabilidade do governo central , tem início com o Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Não há iniciativas para as escolas populares . Ao lado disso já há escolas religiosas sendo criadas e assim se continua o processo de ensino da religião. REGALISMO Doutrina que defendia o direito de interferência do chefe de estado em assuntos da Igreja Católica. 16 Chegamos ao Período Republicano. "O regime republicano pôs fim à secular aliança Igreja-Estado introduzindo o princípio do laicismo" (MATOS, 2003, p.18). Separa-se a Igreja do Estado e o ensino agora denominado leigo aponta um novo modelo que excluiu o ensino da religião na escola. Mesmo que tenha ocorrido essa separação, é preciso registrar, como propõe Oliveira (2008) que a atuação da Igreja no Brasil desde o período colonial até o presente momento merece toda a atenção de quem pesquisa sobre religião. A Igreja Católica é um organismo que ultrapassou os marcos do tempo e contribuiu de forma efetiva para a construção de uma identidade nacional, bem como, a ação da evangelização católica no Brasil colônia, e posteriormente no Brasil emancipado de Portugal definiu as bases da sociedade vigente. Ainda de acordo com o mesmo autor, mesmo tendo sofrido a forte influência do Estado no seu projeto de colonização, a Igreja teve papel de destaque na história e cultura do Brasil. .A junção da fé católica, com as crenças indígenas e posteriormente com o legado trazido pelos africanos criou um patrimônio cultural bem diversificado. Temos em decorrência desse sincretismo uma matriz religiosa nacional plural , que é única e diversa ao mesmo tempo. 2-2 A história da chegada das outras religiões ao Brasil Com relação a esse aspecto precisamos frisar que o termo chegada não se aplica aos cultos e rituais indígenas de diferentes tribos espalhadas pelo território. Quando os europeus chegam os indígenas já viviam aqui e faziam seus cultos. Além disso, nem todas as tribos deixaram de seguir seus cultos e rituais após o contato com o colonizador. 17 Aos poucos outras denominações religiosas vão se estabelecendo, apesar da aliança Igreja Católica e Estado brasileiro, e ter dificultado a instalação de cultos, algumas delas vão ganhando expressão. Os africanos trouxeram consigo as suas culturas originais e, junto a elas, todo um corpo de crenças e rituais religiosos. Podemos considerar que há,ainda hoje em dia , forte influência das religiões africanas do norte até o sul do país. Tais culturas religiosas sobrevivem ligadas ao sincretismo entre elas próprias, entre elas e o catolicismo religião dominante, e entre elas e o espiritismo. Esta mistura de crenças e rituais é tão evidente que já não dizemos no Brasil religiões "africanas" e sim religiões "afro-brasileiras".5. Quando chegaram e quantos foram os negros trazidos para o Brasil? Com relação à chegada dos negros vindos da África não há consenso sobre a data da entrada dos primeiros grupos. Alguns estudos citam que mesmo na nau Bretoa, para aqui enviada em 1511 por Fernando de Noronha, já se encontravam negros a bordo.6 Para outros autores esta história começa por volta de 1549, quando o primeiro contingente é desembarcado em São Vicente..Por outro lado, alguns historiadores acham que bem antes dessa data já haviam chegado contingentes negros de diversas nações ao Brasil. Há estimativas da chegada de quatro a cinco milhões de africanos entre 1525 a 1851. Outro dado interessante mostra que os portugueses incentivavam os negros de diferentes culturas, a manter seus reis e tradições para evitar que eles se unissem e se revoltassem contra o governo. Nessas festividades os grupos negros aprenderam a dissimular, sob a máscara católica, as suas crenças religiosas. . 5 http://www.oxum.com.br/site/batuque1.asp 6 http://www.usp.br/revistausp/46/04-reginaldo.pdf 18 De acordo com Aragão(2013) oficialmente, a primeira igreja protestante ou evangélica, como temos chamado no Brasil foi fundada em 1858. Não há consenso sobre a chegada desse grupo. Há registros históricos indicam que os primeiros missionários protestantes chegaram aquiem 1557, enviados pela Igreja Reformada Francesa.. Esses teriam feito o primeiro culto protestante no Brasil. Evidentemente tiveram forte oposição dos portugueses católicos e nunca conseguiram fundar uma Igreja. Outro dado interessante se refere ao período da Invasão Holandesa no Nordeste..Uma pesquisadora encontrou material sobre “A Primeira Igreja Protestante do Brasil”.(ARAGÃO,2013) 7. Esse documento demonstra que essa primeira Igreja era frequentada por índios evangelizados por missionários holandeses.. Os indicativos mais fortes da presença do Protestantismo no Brasil são os que se referem aos grupos vindos depois da Abertura do Portos, como já citamos. Para a Conferência Israelita do Brasil, também no período holandês no Nordeste, houve possibilidade de instalação de comunidades judaicas. O governo holandês do Nordeste permitiu liberdade de religião e defendeu legalmente judeus das restrições impostas por Portugal. Depois dos holandeses expulsos, só no século XIX foi organizada segunda comunidade judaica no país fundada em Belém, do Pará e outra, posteriormente, no Rio de Janeiro. A partir do século XIX várias levas de imigrantes judeus se instalam no Brasil .uma vez que Brasil adotou uma Constituição que garantia a liberdade de religião , devido à laicidade trazida com a república. No século XX outro marco é notado quando a partir da Primeira Guerra Mundial se organizam comunidades nas principais cidades brasileiras.8 7 http://noticias.gospelprime.com.br/primeira-igreja-protestante-brasil 8 http://www.conib.org.br/historia 19 Quanto à Religião Espírita9, os dados indicam a criação do Primeiro Centro Espírita do Brasil , instalado em 17 de setembro de 1865, na cidade de Salvador, na Bahia. Seu fundador, um professor primário que falava diversos idiomas, escreveu uma carta aberta defendendo o espiritismo, se contrapondo ao Arcebispo da Bahia que criticava a ação dos espíritas. Em 1869 houve até a circulação de um jornal, cuja tiragem chegou a ser enviada ao exterior do país. No Rio de Janeiro, em 1873, foi fundado Primeiro Centro Espírita do Rio de Janeiro, que passou a ser frequentado por pessoas da alta sociedade da época. Os movimentos ligados às religiões orientais com maior número de seguidores no Brasil são o Budismo e a Igreja Messiânica Universal. Em relação às outras matrizes religiosas é bem recente , datando do século XX.10 O Budismo está ligado ao contingente japonês e o primeiro templo foi construído na cidade de Cafelândia, em 1932 , em São Paulo. Há na atualidade a adesão de não japoneses, especialmente ao chamado Zen budismo. A corrente ganha adeptos entre a intelectualidade brasileira. Também a linha tibetana do Budismo, ligada ao Dalai Lama, tem conquistado adeptos no nosso país. Quanto à Igreja Messiânica , também ligada aos japoneses, foi fundada em 1955 no Rio de Janeiro, tendo-se registro de mais de 650 templos espalhados no país. Essas denominações religiosas não são as únicas relativas ao Oriente. Há outras de origem japonesa, de origem indiana e persa. 9 espirito.org.br/portal/doutrina/inicio-espiritismo-brasil.html 10 http://www.portalbrasil.net/religiao_religioes_orientais.htm 20 Para completar o quadro histórico das religiões no Brasil é preciso citar os grupos ligados aos muçulmanos. Embora constituam um grupo pequeno comparativamente aos outros, merecem atenção e estudo, pois fazem parte de uma comunidade que vem crescendo significativamente. O islamismo foi trazido ao Brasil pelos imigrantes árabes, a partir da segunda metade do século XIX. Posteriormente alguns grupos negros encontram identificação com o Islamismo Se a princípio a religião era marcada pela ascendência árabe, o Islã começou a despontar com uma outra perspectiva. Além desse novo ramo que encontra ressonância nos grupos da periferia das cidades,especialmente de São Paulo, não podemos ignorar as diferenças que também existem entre a maioria árabe em função das suas procedências nacionais e da vertente islâmica seguida. 2-3 O Ensino religioso depois da Proclamação da República No transcorrer posterior ao evento histórico podemos considerar que houve um certo afastamento entre a República e a Religião. A República havia afirmado a laicidade do Estado brasileiro. Isso começa a mudar com a chegada de Vargas ao poder. Quando entramos no período revolucionário da década de 30, do século XX, volta-se a falar em Ensino Religioso. Esse inicia sua trajetória por força de lei: “o ensino religioso poderá ser contemplado como matéria do curso ordinário das escolas primárias, normais e secundárias.” Durante o período republicano posterior a Vargas , também ocorrem momentos de aproximação e afastamento entre O Estado e a Igreja, No inicio do Governo Provisório de Vargas, em abril de 1931, o ministro da Educação e Saúde Pública, Francisco Campos, decreta o retorno do ensino religioso facultativo nas escolas públicas. 21 especialmente a Católica, por força da tradição de longos anos de predomínio religioso e influência na vida nacional. Na década de 80 do século XX o Brasil passa pelo processo da Assembleia Constituinte entre 1985 e 1988. E a Constituição vigente no Brasil, garante o Ensino Religioso no artigo 210, parágrafo 1º. Houve uma mobilização nacional, a partir daí, em prol do ensino e isso se aprofunda com a Lei 9394/96. Desenvolveu-se uma nova perspectiva para o Ensino Religioso. Todo esse movimento levanta uma nova concepção de ensino, e o Ensino Religioso, também se percebe envolvido numa nova concepção. Esta concepção, ora mencionada, trazida pelos movimentos em prol do Ensino Religioso são consequência da visibilidade da escola como lugar em que o educando experimenta e vivencia valores que o orientarão para a vida, se capacita para a vida como cidadão, no trabalho, na política, na cultura, na religião e no lazer. O cidadão terá seu caráter fortalecido, terá espírito de participação. Observamos, mais uma vez, que todos os aspectos, incluindo a perspectiva religiosa, estão intrinsecamente ligados: aspectos históricos, sociais, pedagógicos, filosóficos e comportamentais. O próximo capítulo tem como propósito abordar mais de perto o transcorrer, em termos de regime jurídico na legislação do Ensino Religioso. 22 3- RECONHECENDO OS ASPECTOS LEGAIS DO ENSINO RELIGIOSO Visamos, nesse capítulo 3, apresentar as Leis que pouco a pouco vão dando suporte ao nosso trabalho de e com Religião na escola. Sobre a Legislação do Ensino Religioso no Brasil, há estudos que dividem o mesmo em quatro fases.11 11 http://gestaoescolar.abril.com.br/politicas-publicas/leis-brasileiras-ensino-religioso-escola-publica-religiao-legislacao- educacional-constituicao-brasileira-508948.shtml Ao finalizar de estudar esse capítulo você poderá ter construído e sistematizado aprendizagens como: Reconhecer e citar aspectos da Legislação dão embasamento ao trabalho com o Ensino Religioso Reafirmar a necessidade de trabalhar a religião sem proselitismo. Avaliar a importância de atender às recomendações da legislação que envolve aspectos ligados à liberdade de culto, ao pluralismo religioso e cultural , e até ao direito ao agnosticismo. 23 Podemos considerar que na primeira fase (1500-1889) ocorre o Regime jurídico de União Estado - Religião, especificamente a União com a Igreja Católica. Essa fase já foi largamente desenvolvida no nosso material, em capítulos anteriores. O segundo momento se refere a fase 1890-1930, onde há Regime jurídico de Plena Separação Estado- Religiões.Tem destaque nesse período a primeira Constituição republicana que além do laicismo, também proclama que todas as religiões são aceitas no Brasil e podem praticar sua crença e seu culto livre e abertamente. Sobre a fase dois também fizemos referência na parte do histórico das religiões. A terceira e quarta fases, por estarem se referindo a momentos mais próximos, muitos dos quais interferindo muito diretamente na sala de aula das escolas na atualidade merecerão destaque nesse capítulo. A terceira fase tem como marcos os anos de 1931-2008 e nesse período se observa o Regime jurídico de Separação Atenuada Estado- Religiões. Para exemplificar apresentaremos considerações sobre alguns desses momentos. Com a promulgação da Constituição 1934,no artigo 153 ,se define que o ensino religioso será de frequência facultativa e ministrado de acordo com os princípios da confissão religiosa do aluno manifestada pelos pais ou responsáveis e constituirá matéria dos horários nas escolas públicas primárias, secundárias, profissionais e normais. Já na Constituição de 1946 consta que "O ensino religioso constitui disciplina dos horários das escolas oficiais, é de matrícula facultativa e será ministrado de acordo com a confissão religiosa do aluno, manifestada por ele, se for capaz, ou pelo seu representante legal ou responsável." No período de vigência desta Constituição é aprovada a LDB 4024/61,que completa ao artigo da Constituição , além de afirmar que: 24 §1º A formação de classe para o ensino religioso independe de número mínimo de alunos. 2º O registro dos professores de ensino religioso será realizado perante a autoridade religiosa respectiva. No período de Governo Militar é aprovada no ano de 1971 a LDB 5692/71, ao mesmo tempo em que institui a Moral e Cívica estabelece que deva ser atendido também ao proposto no Decreto-Lei n. 369/1969 em seu parágrafo único que . "O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais dos estabelecimentos oficiais de 1º e 2º graus" . A Constituição Cidadã de 1988 , além do exposto no Artigo 210, reafirma que o artigo 5 define: "é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias". O texto da Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9394/96), de dezembro de 1996, definia: "O ensino religioso, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, sendo oferecido, sem ônus para os cofres públicos, de acordo com as preferências manifestadas pelos alunos ou por seus responsáveis, em caráter: I - confessional, de acordo com a opção religiosa do aluno ou do seu responsável, ministrado por professores ou orientadores religiosos preparados e credenciados pelas respectivas igrejas ou entidades religiosas; ou II - interconfessional, resultante de acordo entre as diversas entidades religiosas, que se responsabilizarão pela elaboração do respectivo programa." Com a Lei 9475, o artigo 33 da LDB9394/96 tem nova versão: (Anexo 1da apostila) O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. 25 § 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos professores. § 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso" Por fim , vale também citar a quarta fase da legislação que se refere ao Regime Concordatário.de 2009. Nessa ocasião o Congresso Nacional aprovou um acordo entre Brasil e a Santa Sé que no artigo 11 fazia observância ao direito de liberdade religiosa, da diversidade cultural e da pluralidade confessional do País, respeitando a importância do ensino religioso em vista da formação integral da pessoa. "§1º. O ensino religioso, católico e de outras confissões religiosas, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, em conformidade com a Constituição e as outras leis vigentes, sem qualquer forma de discriminação" Encerramos o capítulo mostrando como a legislação tratou e trata o Ensino Religioso no Brasil. Podemos ter diferentes opiniões sobre as propostas, professarmos ou não uma religião, sermos até agnósticos, mas não podemos ignorar o que a legislação traz sobre a temática. O próximo capítulo apresenta as possibilidades de trabalho com o Ensino Religioso na escola e na sala de aula.. Agnóstico é aquele que considera os fenômenos sobrenaturais inacessíveis à compreensão humana. A palavra deriva do termo grego “agnostos” que significa “desconhecido", "não cognoscível”. Os agnósticos são seguidores da doutrina denominada “agnosticismo” que considera inútil discutir temas metafísicos, pois são realidades não atingíveis através do conhecimento. Para os agnósticos, a razão humana não possui capacidade de fundamentar racionalmente a existência de Deus. http://www.significados.com.br/agnostico/ http://www.significados.com.br/agnosticismo/ 26 4- ENTRANDO NA ESCOLA E NA SALA DE AULA Vivemos um tempo de profundas mudanças de ordem social, política e econômica. Essas mudanças atingem o campo da ciência e das criações de novas tecnologias, tanto a nível nacional como internacionalmente. Surgiram novos comportamentos. Há ainda grandes mudanças no perfil das famílias, novas formas de pensar e agir . Nós educadores estamos imersos nesses novos tempos. Nossos alunos estão imersos nesses novos tempos. E o Ensino Religioso, enquanto área de conhecimento a que todo o cidadão brasileiro tem direito, torna-se em nossas mãos, mais um caminho para promoção da reflexão sobre o eu, o outro, a natureza e as relações entre todos na sociedade. Frente à sensação de aceleração dos tempos e encurtamento da noção de espaço que vivenciamos, fica colocada para nós a necessária revisão e atualização de saberes tanto na educação quanto nas ciências. Isso atinge diretamente o processo de formação de professores., que nos obriga a estarmos antenados aos novos tempos. Entre esses novos desafios precisamos buscar formas de tratar o Ensino Religioso na escola e na sala de aula. São diversas as maneiras encontradas para efetivar, de forma prática, o trabalho com a Educação Religiosa , sem deixar de obedecer ao aspecto relativo à diversidade cultural. Ao finalizar de estudar esse capítulo você poderá ter construído e sistematizado aprendizagens como: Reconhecer a importância da formação continuada do professor para fazer face ao mundo em mudança Avaliar as possibilidades apresentadas pelas as diferentes concepções de trabalho a partir do Ensino Religioso na escola Identificar as diferentes formas como estados e municípios têm procedido quanto ao Ensino Religioso. 27 O primeiro aspecto a ser pensado refere-se a estabelecermos distinção entre Catequese e Ensino Religioso. Tomemos uma citação do Papa João Paulo II (1981, p.6/7) como ponto de partida para reflexão. O Ensino Religioso nas escolas é normalmente distinto da Catequese nas comunidades. Para o cristão, é particularmente importante para conseguir a síntese criteriosa entre a cultura e a fé. Não tratamos aqui dos problemas específicos do Ensino Religioso, que deve caracterizar-se pela referência aos objetivose critérios próprios da estrutura escolar . (CNBB, 2011) A partir da ideia apresentada fica claro que essas não podem ser tomadas com o mesmo sentido. Há na citação o indicativo que o Ensino Religioso deverá ter critérios e estruturas próprios da escola. A seguir listamos algumas possíveis concepções sobre o Ensino Religioso e seus objetivos. Destacamos que são sugestões laicas, sem proselitismo e passíveis de modificações conforme o aprofundamento nos estudos sobre o Ensino Religioso. Pensando o Ensino Religioso podemos utilizá-lo dentro da concepção de conhecimento como processo, propriedade e totalidade, envolvimento pessoal; esforço para estimular no educando o desejo pela aprendizagem, pelo conhecimento pelo novo, com foco no processo criativo. 4-1 Concepções para o Ensino Religioso Incentive a construção dos ideais da paz, da liberdade e da justiça social, mesmo diante de múltiplos desafios a que somos todos submetidos. Dessa 28 maneira o Ensino Religioso poderia contribuir para a formação de pessoas de forma integral, pessoas que possam compreender, refletir e respeitar a cultura religiosa de todos, para agir eticamente com o outro e também tendo atitudes corretas para com a natureza. O Ensino religioso pode ter um enfoque de área do conhecimento em articulação com os demais saberes em especial nos aspectos filosóficos e sociológicos, garantindo uma leitura pedagógica, superando uma visão relacionada unicamente a divulgação da religião. O conteúdo do ensino religioso pode caminhar para a crítica, a reflexão de situações que podem ser exemplificadas, simplesmente pelo cotidiano. As reflexões sobre o eu e o outro como pessoa criada à imagem e semelhança de Deus, podem contribuir para o desenvolvimento pessoal. Outra possibilidade é o enfoque da natureza como criação de Deus, com a qual devemos coexistir em harmonia. Também podemos conceber o caráter da prática religiosa como geradora de espiritualidade e de moralidade que influenciam as relações político-sociais. Um exemplo da espiritualidade e da moralidade como geradoras de regras para se viver bem. possibilitaria a leitura crítica da realidade e seus aspectos excludentes. O valor da cultura compreendida como os conhecimentos, as crenças, as artes, as leis, a moral, os costumes, ou os hábitos adquiridos pelos membros das comunidades torna-se a bússola de uma sociedade e alimenta a Educação. No aspecto cultural temos tido oportunidade de debater sobre o pluralismo religioso. 29 Podemos dizer que antigamente, ser católico não era uma opção, mas uma pré condição para a plena cidadania brasileira. No capítulo sobre a história do Ensino Religioso , pudemos entender as razões para isso. Por outro lado o Brasil, historicamente, é o resultado de um encontro e desencontro de diferentes tradições, ocasionando elaboração cultural entre os grupos que formam o país De acordo com Caderno Pedagógico "O Sagrado no Ensino Religioso", a liberdade de crença e de exercício religioso garantida pela Constituição, permite a leitura e o debate sobre os lugares sagrados, sobre os textos sagrados, e sobre todo o universo simbólico que envolve o universo religioso. Sem proselitismo, é possível organizar os conhecimentos para ampliar as oportunidades de desenvolvimento humano. Algumas reflexões acerca da Didática também são importantes para a organização de trabalho do professor de Ensino Religioso. O professor toma decisões diante das situações concretas com as quais se depara, com base nas quais constrói saberes na ação. A reflexão que o professor realiza sobre a ação, ajuda no alargamento da consciência sobre sua formação profissional e pessoal. É importante lembrar que cada educando experimenta, vê, age, sente, responde de maneira própria diante do que lhe é exposto, também no Ensino Religioso,. Por esse motivo, poderíamos acrescentar alguns conhecimentos ao nosso ambiente de trabalho que poderiam ser interessantes para melhorar nosso desempenho: relacionamento interpessoal, liderança e motivação. Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender; e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar. (Nelson Mandela) 30 4-2 As diferentes modalidades de Ensino Religioso nos estados brasileiros Os estados brasileiros são responsáveis por implementar o que propõe a Lei. Assim aos aspectos legais vão sendo acrescidas as recomendações advindas das decisões a nível dos estados. É importante ressaltar que não houve modelo único a ser seguido, optando os estados por caminhos nem sempre iguais. De acordo com a pesquisa da Ação Educativa(2008), os estados estão se organizando de diferentes formas para definir a competência na definição do conteúdo que deve ser trabalhado no Ensino Religioso: Competência na Definição do Conteúdo do Ensino Religioso Legislação – Estados Autoridade Religiosa Escola SEE CEE Fórum/ Conselho Interconfessio nal RJ, ES RR, TO,CE, PB, PI, PA, PR AP, RO, CE, PB, PI, SC, MT, BA AM, MS, SE, PE, MA, PA, SP, AL, PR, MG GO, AC, MT, BA, RN Pelo demonstrado na tabela é possível concluir que a definição dos conteúdos pode ser feito por autoridades religiosas, pela própria escola, pelas Secretarias de Educação, pelo Conselhos Estaduais de Educação, e também por fóruns interconfessionais. 31 Parada para uma atividade Retire da tabela um exemplo de estado para cada competência na definição do conteúdo. Um levantamento feito pela Globo News (2012) apontou a predominância de três formas de trabalho com o Ensino Religioso.: confessional, interconfessional e ensino da História das Religiões. No tocante aos confessionais a doutrina religiosa deve ser trabalhada pelos professores treinados para isso. Nos interconfessionais são escolhidos valores e práticas em comum a todos. O Estado de São Paulo decidiu tratar o assunto pelo lado histórico das religiões. 32 Observe essa distribuição no mapa do Brasil . 33 4-3 O caso específico do município do Rio de Janeiro No município do Rio de Janeiro , após pesquisa feita na rede municipal de ensino, quanto às religiões professadas pela maioria de alunos, escolheu-se abordar as questões religiosas em concordância com o apresentado no esquema que se segue. Foi estabelecido acordo entre a prefeitura e os representantes desses diferentes grupos religiosos. Se você quiser ter maiores informações sobre o 34 Ensino Religioso no município do Rio de Janeiro consulte o Anexo 2 disponível no final da apostila, ou entre no site sugerido a seguir. Para os alunos que não optarem por este tipo de ensino, a Secretaria de Educação (SME) irá oferecer, nos mesmos horários, o ensino de Educação para Valores. Como a lei diz que o ensino religioso deve ser oferecido no turno integral, a SME optou por oferecer a disciplina nas escolas de turno único por conta da adequação à grade curricular. Nas escolas com turnos pela manhã e à tarde seria preciso reduzir a carga horária das demais disciplinas para a implantação do Ensino Religioso. A Prefeitura do Município do Rio de Janeiro já realizou, em 2012, concurso específico para admissão de professores para Ensino Religioso. 4-4 A proposta de trabalho do estado do Paraná De acordo com o material da Secretaria Estadual de Educação do Paraná : "Há uma crescente consciência da necessidade de unidade em torno do destino do homem em todo o planeta e das radicais diferenças culturais em cada povo".( p.12) A partir da constatação a SEE do Estado do Paraná apresentou a seus professores uma interessante proposta de trabalhocom Ensino Religioso., cujo título é: "O Sagrado no Ensino religioso". Trata-se de um caderno pedagógico com orientações para o trabalho em sala de aula. Sanção da lei do Ensino Religioso nas escolas da rede Escolas de turno único oferecerão a disciplina, que será opcional para alunos do 1º ao 9º ano do ensino fundamental 19/10/2011 Acesse: http://www.rio.rj.gov.br/web/sme/exibeconteudo?article-id=2226122 35 A primeira unidade temática abordada diz o respeito à diversidade religiosa, que aponta para os meios pelos quais a legislação pretende assegurar a liberdade religiosa. São exemplos dessa garantia o direito de professar a fé,a a liberdade de opinião e expressão ou o direito à liberdade de se reunir em torno de um objeto sagrado. A segunda unidade apresenta os lugares sagrados, de forma a permitir que o aluno perceba porque esse ou aquele espaço adquire um significado sagrado, religioso . Os lugares da natureza como rios, montanhas, são também exemplos de locais escolhidos para serem reverenciados ,em algumas religiões. Há ainda os lugares construídos como cidades sagradas, sinagogas, etc. A terceira unidade apresenta como as tradições religiosas preservam a mensagem divina ou como as tradições guardam e transmitem de forma oral ou escrita esses textos sagrados, utilizando-se de cantos, narrativas, poemas etc. A quarta unidade, trata de apresentar as religiões a partir das estruturas de poder estabelecidas nelas. Na quinta unidade trata do universo simbólico religioso.esse se constitui no conjunto de expressões comunicantes de significados.São os sons, formas e gestos, entre outros. Este universo sustenta a formação de ritos, mitos e a vida cotidiana das pessoas. A sexta unidade do caderno é composta pelas as práticas de celebração das diferentes tradições religiosas. São exemplos deles os ritos de passagem, de batismo, de casamentos, etc. A sétima unidade trata das Festas Religiosas, como, por exemplo, as festas juninas, as festas de casamento, do ano novo, entre outras, que são eventos organizados com objetivos próprios e agregam as pessoas ,muitas vezes de diferentes expressões religiosas. . A última unidade possui como tema o sempre presente dilema de vida e morte. Com essa unidade se pretende apresentar as respostas elaboradas pelas 36 tradições religiosas para explicar a vida, a morte e os outros temas ligados à forma como as diferentes religiões as apresentam. Atenção aluno /aluna da IECS Com a proposta são colocadas sugestões de possibilidades de trabalho. Você deve sempre refletir sobre o que é proposto e quando tiver que colocar-se em ação para aplicar os conhecimentos, deve sempre levar em conta a realidade do grupo de alunos com os quais você trabalhará. 4-5 Sugestões de temas a serem desenvolvidos à luz da religiosidade Embasados na parte formativa, religiosa e pedagógica, o professor poderá em sala de aula levantar questões para reflexão à luz da religiosidade , sem proselitismo . Muitos são os temas que envolvem o mundo dos jovens e crianças e que podem ser trabalhados em projetos interdisciplinares tais como as drogas, morte, sexo, bullying, depressão, bioética, eutanásia,família. VAMOS SOMAR PARA DIMINUIR OS PROBLEMAS? PARA CONHECER POSSIBILIDADES 37 A Revista Nova Escola apresenta um plano de atividade que pode ser adaptado a um trabalho formativo . Acesse e forme opinião sobre o tipo de trabalho proposto. http://www.gentequeeduca.org.br/planos-de-aula/puberdade-o-que-e-isso O trabalho é árduo. Não podemos nos furtar a esses conhecimentos, achando que eles não se adéquam ao trabalho no contexto escolar Mas, há algumas ferramentas que podemos adicionar ao nosso conhecimento pedagógico educativo. Podemos trazer para nosso trabalho os pilares do relacionamento interpessoal, da liderança, do processo de comunicação de qualidade, como vimos no tópico relativo às concepções. Muitas vezes é pela comunicação verbal e não verbal, por exemplo, que consagramos ideias, ideais, comportamentos ou informações. É também pela palavra, seja oral ou escrita, que influenciamos a cultura, a sociedade, o outro. A utilização eficaz da comunicação pode requerer o emprego de técnicas ou recursos que tornem as mensagens mais atraentes e persuasivas. E será que não é isso que nosso aluno quer? A qualidade do que é transmitido e o entendimento do receptor dessa mensagem, muitas vezes acabam deixando a desejar por algum “ruído na comunicação”. Esse comprometimento negativo, pode significar um complicador no relacionamento interpessoal e trazer resultados negativos.O professor tem papel de liderança. Para se liderar é preciso ter objetivo, ou então o grupo se perde. O líder precisa saber para onde ir, para levar seu grupo consigo. Um exemplo de liderança, comunicação eficiente, relacionamento: JESUS 4-6 A questão da formação de professores que ministram o Ensino Religioso confessional 38 Segundo a legislação do Ensino Religioso, o professor para a modalidade confessional tem de ser habilitado pela instituição religiosa competente. Para tanto cada credo tem uma instituição credenciada junto à Secretaria Estadual de Educação para habilitar os seus professores. Assim os professores que professem o credo evangélico tem de procurar a OMEBE – Ordem dos Ministros Evangélicos do Brasil e Exterior; os de origem judaica devem procurar o Rabinado do Rio de Janeiro; os católicos procuram a Arquidiocese do Rio de Janeiro; os professores umbandistas devem procurar o Primado de Umbanda. E conforme as religiões se organizem, deverão procurar a Secretaria Estadual de Educação e estarão aptas a formar o seu grupo de professores. Portanto, quanto ao aspecto religioso o professor interessado deve procurar a instituição correspondente a religião que professa, para verificar o necessário ao credenciamento. No município do Rio de Janeiro, em 2012, o concurso público para preenchimento de vagas para o Ensino Religioso, essa era a exigência quanto à formação: Licenciatura Plena que o habilite ao magistério nas séries iniciais e finais do Ensino Fundamental e o Credenciamento emitido pela Autoridade Religiosa competente. Dentre outras exigências relativas à formação para exercer o cargo constavam as seguintes Promover o reconhecimento e o respeito aos valores éticos inerentes a todas as manifestações religiosas. Proporcionar momentos de interação entre as diferentes matrizes religiosas trabalhadas na Unidade Escolar, visando à valorização e à visibilidade das diferentes práticas religiosas. 39 Contribuir para a formação de um aluno crítico, solidário, competente, autônomo e protagonista da construção de uma cultura de paz ABRINDO PARÊNTESES NESSA CONVERSA TODA! Cartilha: Diversidade Religiosa e Direitos Humanos. No site www.presidencia.gov.br/sedh A questão da Educação Religiosa pode ser mais apreciada se vocês acessarem os programas da Globo News "Fé na Educação". São 5 programas que mostram a legislação brasileira para o Ensino Religioso, descrevem como ele é feito em escolas públicas de diferentes estados com destaque para o Rio de Janeiro e São Paulo e também fazem uma panorâmica sobre o assunto na Europa e nos EUA. São imperdíveis para quem deseja fundamentar suas opiniões e visões sobre o tema . Procurem os vídeos do Youtube com esses endereços . http://www.youtube.com/watch?v=Wv3Yn4csvYI http://www.youtube.com/watch?v=lOlUk4-328k http://www.youtube.com/watch?v=6ZR-k1GE4W0 http://www.presidencia.gov.br/sedh 40 4-7 Considerações finais Estamos chegando ao final da exposição sobre o Ensino Religioso.Enfatizamos a importância de estarmos atentos e sempre reflexivos a respeito da nossa atitude como professores. A leitura do material pode não ter trazido resposta a todos os questionamentos iniciais. No entanto serve de alerta e nos informa sobre o que já está acontecendo nas escolas, em termos de Ensino Religioso. Alguns vídeos sugeridos também apresentam múltiplas reflexões, porque pessoas têm diferentes opiniões diante da temática. Ao longo dos capítulos trabalhamos uma diversidade de questões. Para sua consideração final é importante frisar: O Estado Brasileiro é laico. A Constituição também garante direito à liberdade religiosa. Abrir o espaço para Ensino Religioso não é fazer catequese. Na escola o Ensino Religioso pode transcender, em muito essa dimensão. A pluralidade, construída por várias etnias, culturas, religiões, permite que as consideremos todas as pessoas como iguais , cada uma com suas características diferentes. Como educador você pode estimular as pessoas à ação mas é preciso que as estimule, com a emoção, a aceitação do outro. 41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E BIBLIOGRAFIA AÇÃO EDUCATIVA. Direito humano à educação, ensino religioso e Estado laico. São Paulo- SP . Dezembro de 2008 .Disponível em http://www.acaoeducativa.org.br/images/stories/pdfs/pesquisa.er.pdf. acesso em set 2014 ANTUNES,Celso Glossário para educadores. Petrópolis:Vozes, 2002. ASSMANN, Hugo. Reencantar a Educação-Rumo à sociedade aprendente. Petrópolis:Vozes,1999 ÁVILA , Elaine Peres .Nova Escola. São Paulo: Abril Editora. Disponível em http://www.gentequeeduca.org.br/planos-de-aula/puberdade-o-que-e-isso. Acesso em set 2014 BIACA, Valmir et al. O Sagrado no ensino religioso. Curitiba: SEED, 2006 BRASIL. Constituição 1988. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. ______ . Lei 9.475. 22 jul. 1997. Brasília: DF: Presidência da República,1997. ______.. Lei de Diretrizes e Bases de Educação. Lei 9.394/96. Brasília: CNBB. Pronunciamentos do Papa João Paulo II. Ensino religioso, educação religiosa, educação cristã, escola católica, diálogo interreligioso, liberdade religiosa e assuntos afins .Brasília: Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura, 42 Educação e Comunicação Social – Ensino Religioso. SÉRIE: O ER no contexto da educação, em âmbito universal. Vol 04, 2011 CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental Brasília: Ministério da Educação.. Parecer 04/98 de 29 de janeiro de 1998 ______ Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Brasília: Ministério da Educação. Resolução nº 2, de 30 de janeiro 2012 ______ . Plano Nacional de Educação – PNE – Congresso Nacional, 2009. Disponível em: <http://www.mec.gov.br>. Acesso em: 8 janeiro 2010. DALLARI, Dalmo. Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Moderna, 1998. DEL PRIORI, Mary e VENÂNCIO,Renato Pinto.O livro de ouro da história do Brasil:do descobrimento á globalização. Rio de Janeiro:Ediouro,2001 FERRARI , Márcio. 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O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. § 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos professores. § 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso." Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 3° Revogam-se as disposições em contrário. Brasília, 22 de julho de 1997; 176º da Independência e 109º da República. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO PauloRenato Souza Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 23.7.1997 http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.475-1997?OpenDocument http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm#art33 46 ANEXO 2 Legislação - Lei Ordinária O Presidente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro nos termos do art. 79, § 7º, da Lei Orgânica do Município do Rio de Janeiro, de 5 de abril de 1990, não exercida a disposição do § 5º do artigo acima, promulga a Lei nº 3.228, de 26 de abril de 2001, oriunda do Projeto de Lei nº 2157-A, de 2000, de autoria do Senhor Vereador Jorge Mauro. LEI Nº 3.228, DE 26 DE ABRIL DE 2001 Dispõe sobre Ensino Religioso Confessional nas escolas da rede pública de ensino do município do Rio de Janeiro Autor: Vereador Jorge Mauro Art. 1º O Ensino Religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão, e constitui disciplina obrigatória dos horários normais das escolas públicas, na educação básica, sendo disponível na forma confessional de acordo com as preferências manifestadas pelos responsáveis ou pelos próprios alunos a partir de sete anos, inclusive, assegurado o respeito a diversidade cultural e religiosa do Rio de Janeiro, vedadas quaisquer formas de proselitismo. Parágrafo único – No ato da matrícula, os pais ou responsáveis pelos alunos deverão expressar, se desejarem, que seus filhos ou tutelados frequentem as aulas de ensino religioso Art. 2º Só poderão ministrar aulas de ensino religioso nas escolas oficiais professores que atendam às seguintes condições: I – que tenham registro no MEC e de preferência que pertençam aos quadros do Magistério Público Municipal; II – que tenham sido credenciados pela autoridade religiosa competente, que deverá exigir do professor formação religiosa obtida em instituição por ela mantida ou reconhecida. Art. 3º Fica estabelecida que o conteúdo do ensino religioso é atribuição específica das diversas autoridades religiosas, cabendo o Município o dever de apoiá-lo integralmente. Art. 4º A carga horária mínima da disciplina de Ensino Religioso será estabelecida pelo Conselho Estadual de Educação, dentro das horas-aula anuais 47 regulares. Art. 5º Fica autorizado o Poder Executivo a abrir concurso público específico para a disciplina de Ensino Religioso, para suprir a carência de professores de Ensino Religioso para a regência de turmas na educação básica, especial, profissional na redução, nas unidades escolares da Secretaria Municipal de Educação, e demais órgãos a critério do Poder Executivo Municipal. § 1° Fica o Poder Executivo autorizado a abrir créditos orçamentários necessários ao atendimento das despesas decorrentes do disposto nesta Lei. § 2° A remuneração dos professores concursados obedecerá aos mesmos padrões remuneratórios de pessoal do quadro permanente do Magistério Público Municipal. Art. 6º Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. Câmara Municipal do Rio de Janeiro, em 26 de abril de 2001. SAMI JORGE HADDAD ABDULMACIH Presidente Publicado no DOM do dia 27 de abril de 2001
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