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Profª Maria Cristina Resck – Anatomia (teórica) Bianca Tavares de Figueiredo XXXIV Sistema Respiratório 1) Nariz - Situado acima do palato duro, contendo o órgão periférico do olfato - Inclui a parte externa do nariz e a cavidade nasal, que é dividida em cavidades direita e esquerda pelo septo nasal - Funções: olfato, respiração, filtração de poeira, umidificação do ar inspirado, recepção e eliminação de secreções dos seios paranasais e ductos lacrimonasais - Sistemas relacionados: SNC, S. Respiratório, órgão do sentido, S. digestório, glândulas anexas e digestiva, ossos, músculo e tecido adiposo 1.1 Parte externa do nariz Parte externa do nariz é a parte visível que se projeta da face; seu esqueleto é principalmente cartilagíneo. Há várias partes que compõem a parte externa: a) Dorso do nariz: estende-se da raiz até o ápice (ponta) do nariz b) Narinas: a superfície inferior do nariz é perfurada por 2 aberturas piriformes, que são limitadas lateralmente pelas asas do nariz A pele sobre a parte cartilagínea estende-se até o vestíbulo do nariz, onde há as vibrissas (pelos rígidos), que filtram partículas de poeira do ar. 1.1.1 Esqueleto do Nariz - O esqueleto de sustentação do nariz é formado por osso e cartilagem hialina - A parte óssea consiste nos ossos nasais, processos frontais das maxilas, parte nasal do frontal e sua espinha nasal e as partes ósseas do septo nasal - A parte cartilagínea é formada por 5 cartilagens principais: 2 cartilagens laterais, 2 cartilagens alares e 1 cartilagem do septo 1.1.2 Septo Nasal - O septo nasal divide a câmera do nariz em 2 cavidades nasais - Possui uma parte óssea e uma cartilagínea móvel flexível - Seus principais componentes são a lâmina perpendicular do etmoide, o vômer e a cartilagem do septo (septal) - A lâmina perpendicular do etmoide, que forma a parte superior do septo nasal, desce a partir da lâmina cribriforme e continua superiormente a essa lâmina como a crista etmoidal - O vômer, um osso fino e plano, forma a parte posteroinferior do septo nasal, com alguma contribuição das cristas nasais da maxila e do palatino 1.2 Cavidades nasais - Possuem paredes laterais que possuem aspecto de conchas, aumenta a área de superfície, aumenta a turbulência do ar dentro da cavidade. É uma cavidade separa da cavidade oral a partir do palato duro (osso) anteriormente e do palato mole posteiormente - Dividida em metades direita e esquerda pelo septo nasal e é alcançada anteriormente através narinas. Abre-se posteriormente na parte nasal da faringe através das coánas (ponto médio entre a faringe e cavidade nasal) - Cavidade nasal é revestida por mucosa, com exceção do vestíbulo nasal, que é revestido por pele - Mucosa nasal é unida ao periósteo e pericôndrio dos ossos e cartilagens de sustentação do nariz. É contínua com o revestimento de todas as câmaras com as quais as cavidades nasais se comunicam: parte nasal da faringe posteriormente, seios paranasais superior e lateralmente e o saco lacrimal e a conjuntiva superiormente - Os dois terços inferiores da mucosa nasal correspondem à área respiratória e o terço superior é a área olfatória - Caminho do ar: O ar passa sobre a área respiratória é aquecido e umedecido antes de atravessar o restante do trato respiratório superior até os pulmões. A área olfatória contém o órgão periférico do olfato; a aspiração leva ar para área 1.2.1 Limites da cavidade nasal Teto: curvo e estreito, exceto em sua extremidade posterior; é dividido em 3 partes (frontonasal, etmoidal e esfenoidal) que recebem os nomes dos ossos que formam cada parte Assoalho: é mais largo do que o teto e é formado pelos processos palatinos da maxila e pelas lâminas horizontais dos ossos palatinos Parte medial: formada pelo septo nasal Paredes laterais: irregulares devido às 3 lâminas ósseas, as conchas nasais que se projetam inferiormente, como persianas. Possui cartilagens e parte do osso maxilar 1.2.2 Características da cavidade nasal: Conchas nasais (superior, média e inferior) curvam-se ínferomedialmente, pendendo como persianas ou cortinas curtas e são lâminas ósseas revestidas por mucosa Dividida em 5 passagens: recesso esfenoetmoidal póstero-superior, 3 meatos nasais laterais (superior, médio e inferior) e um meato nasal comum medial no qual se abrem as 4 passagens laterais Concha nasal inferior: mais longa e mais larga, sendo formada por um osso independente (do mesmo, concha nasal inferior) coberto por uma mucosa que contém grandes espaços vasculares que podem aumentar para controlar o calibre da cavidade nasal. Quando infectada ou irritada, mucosa pode sofrer edema rapidamente, obstruindo a(s) passagen(s) nasal(is) daquele lado Concha nasal média e superior: são processor mediais do etmoide. A infecção ou irritação da túnica mucosa pode ocasionar o rápido surgimento de edema, com obstrução de uma ou mais passagens nasais daquele lado Recesso esfenoetmoidal: situado súperoposteriormente à concha nasal superior, recebe a abertura do seio esfenoidal, uma cavidade cheia de ar no corpo do esfenoide Meato nasal superior: é uma passagem estreita entre as conchas nasais superior e média onde se abrem as células etmoidais (seios) posteriores por meio de um ou mais orifícios Meato nasal médio: é mais longo e mais profundo do que o superior e está entre a concha nasal média e a inferior. A parte anterosuperior dessa passagem leva a uma abertura afunilada, o infundíbulo etmoidal, através do qual se comunica com o seio frontal. A passagem que segue inferiormente de cada seio frontal até o infundíbulo é o ducto frontonsal. Possui o hiato semilunar e a bolha etmoidal Hiato semilunar: é um sulco semicircular no qual se abre o seio frontal (óstios dos seios frontal, maxilar e das células etmoidais anteriores) Bolha etmoidal: uma elevação arredondada superior ao hiato, visível quando a concha média é removida. Formada por células etmoidais médias que formam seios etmoidais Meato nasal inferior: é uma passagem horizontal situada em posição inferolateral à concha nasal inferior e o assoalho nasal. O ducto lacrimonasal, que drena lágrimas do saco lacrimal, abre-se na parte anterior desse meato (comunicação da órbita com a cavidade nasal- orifício nasolacrimal) Meato nasal comum: é a parte medial da cavidade nasal entre as conchas e o septo nasal, no qual se abrem os recessos laterais e o meato. Além de dividir a cavidade nasal, serve como parâmetro para análises, por meio de um rinoscópio 1.3 Vascularização e inervação do nariz - Artéria carótida externa: seus ramos irrigam a cavidade nasal, oral - O suprimento arterial das paredes medial e lateral da cavidade nasal tem 5 procedências: 1. Artéria etmoidal anterior (da artéria oftálmica) – teto e vestíbulo 2. Artéria etmoidal posterior (da artéria oftálmica) – concha nasal superior 3. Artéria esfenopalatina (da artéria maxilar) – concha nasal inferior, concha nasal média e septo nasal. A fratura no vômer está ligada a hemorragia vinda da A. esfenopalatina. Essa artéria vem pelo forame esfenopalatino (entre o bordo posterior da concha inferior e concha média, forma uma depressão) 4. Artéria palatina maior (da artéria maxilar) – palato duro, septo nasal e assoalho. Essa artéria vem pelo foram palatino maior 5. Ramo septal da artéria labial superior (da artéria facial) – vestíbulo e septo nasal - As 3 primeiras artéria dividem-se em ramos laterais e medial (septal) - A artéria palatina maior chega ao septo via canal incisivo através da região anterior do palato duro - A parte anterior do septo nasal é a sede (área de Kiesselbach) de um plexo arterial anastomótico do qual participam todas as cinco artérias que vascularizam o septo. O nariz também recebe sangue da primeira e quinta artérias citadasacima, além de ramos nasais da artéria infraorbital e ramos nasais laterais da artéria facial - Um rico plexo venoso submucoso situado profundamente à mucosa nasal drena para as veias esfenopalatina, facial e oftálmica - Região posterointerior tem sua inervação sensitiva principal feita pelo nervo maxilar, e o seu ramo, que é o nervo nasopalatino para o septo nasal - Região anterossuperior (teto) provém do nervo oftálmico, através dos nervos etmoidais anterior e posterior - Os nervos olfatórios, associados ao olfato, originam-se das células do epitélio olfatório na parte superior das paredes lateral e septal da cavidade nasal. Os processos centrais dessas células (que formam o nervo olfatório) atravessam a lâmina cribriforme e terminam no bulbo olfatório, a expansão rostral do trato olfatório 1.4 Seios paranasais São extensões, cheias de ar, da parte respiratória da cavidade nasal para os seguintes ossos do crânio: frontal, etmoide, esfenoide e maxila. Tem a função de diminuir o peso da cabeça e são considerados ossos pneumáticos e por isso tem seios. Os seios começam a se desenvolver após o nascimento, e o primeiro que se desenvolve é o seio maxilar e por isso ele é o maior de todos - Seio nasal maxilar e etmoidal: presente desde o nascimento, com tamanho reduzido nos primeiros 2 anos e comunica- se com fossas nasais (óstios) - Seio nasal frontal e esfenoidal: desenvolvem-se após os 4 anos de idade 1.4.1 Seios frontais - Os seios frontais direito e esquerdo estão entre as lâminas externa e interna do frontal posteriormente aos arcos superciliares e à raiz do nariz - Cada seio drena através de um ducto frontonasal para o infundíbulo etmoidal, que se abre no hiato semilunar do meato nasal médio 1.4.2 Células etmoidais - São pequenas invaginações da mucosa dos meatos nasais médio e superior para o etmoide entre a cavidade nasal e a órbita - Células etmoidais anteriores drenam direta ou indiretamente para o meato nasal médio através do infundíbulo etmoidal - Células etmoidais médias abrem-se diretamente no meato médio e às vezes são denominadas “células bolhosas” porque formam a bolha etmoidal, uma saliência na margem superior do hiato semilunar 1.4.3 Seios esfenoidais - Localizados no corpo do esfenoide e podem estender-se até as asas deste osso - Divididos de forma desigual e separador por um septo ósseo 1.4.4 Seios maxilares - São os maiores seios paranasais e ocupam os corpos da maxila e se comunicam com o meato nasal médio - Formado pelo: ápice, base, teto e assoalho - Cada seio maxilar drena através de uma ou mais aberturas, o óstio maxilar, para o meato nasal Relações Clínicas Fraturas do nariz - Resultam em deformação do nariz, sobretudo quando decorrente de uma força lateral. Geralmente há epistaxe (sangramento nasal). Nas fraturas graves, a ruptura dos ossos e cartilagens resulta em deslocamento do nariz. Quando a lesão é causada por um golpe direto, também pode haver fratura da lâmina cribriforme do etmoide Desvio do septo nasal - É comum o desvio do septo nasal para um lado. Pode ser consequência de uma lesão no parto, porém na maioria das vezes, ocorre durante a adolescência e a vida adulta por traumatismo. O desvio pode ser tão acentuado que o septo nasal toca a parede lateral da cavidade nasal e não raro causa obstrução respiratória ou exacerba o ronco Rinite - Há edema e inflamação da mucosa nasal (rinite) durante infecções respiratórias altas graves e reações alérgicas. O edema da mucosa é imediato em face de sua vascularização. As infecções das cavidades nasais podem se disseminar para: Fossa anterior do crânio através da lâmina cribriforme Parte nasal da faringe e tecidos moles retrofaríngeos Orelha média através da tuba auditiva, que une a cavidade timpânica à parte nasal da faringe Seios paranasais Aparelho lacrimal e conjuntiva Epistaxe - A epistaxe (sangramento nasal) na maioria das vezes a causa é traumatismo e a hemorragia provém de uma área no terço anterior do nariz. Está associada a infecções e hipertensão e sua perda de sangue decorre pela ruptura de artérias. Há a possibilidade de romper veias no vestíbulo, quando há introdução de objetos no nariz. Perguntas para paciente: cor, tempo e fluxo Sinusite - Como os seios paranasais são contínuos com as cavidades nasais através de aberturas que se abrem neles, a infecção pode disseminar-se das cavidades nasais, causando inflamação e edema da mucosa dos seios (sinusite) e dor local. A inflamação de vários seios (pansinusite), e o edema da mucosa pode obstruir uma ou mais aberturas dos seios para as cavidades nasais Infecção das células etmoidais - Em caso de obstrução à drenagem nasal, as infecções das células etmoidais podem se romper através da frágil parede medial da órbita. As infecções graves que têm essa origem podem causar cegueira, pois alguma células etmoidais posteriores situam-se próximo do canal óptico, que dá passagem ao nervo óptico e à artéria oftálmica. A disseminação da infecção dessas células também pode afetar a bainha de dura-máter do nervo óptico, causando neurite óptica Infecção dos seios maxilares - Os seis maxilares são infectados com maior frequência porque seus óstios costumam ser pequenos e estão situado em posição alta nas paredes superomediais. A congestão da mucosa do seio costuma causar obstrução dos óstios maxilares. Em face de localização alta dos óstios, na posição de cabeça ereta a drenagem dos seios só é possível quando eles estão cheios. Como os óstios dos seios direito e esquerdo situam-se nas regiões mediais, quando a pessoa está em decúbito lateral só há drenagem do seio superior. Um seio maxilar pode ser canulado e drenado introduzindo-se uma cânula pelas narinas e através do óstio maxilar até o seio Relação entre os dentes e seio maxilar - Durante a retirada de um dente molar, pode haver fratura de uma raiz, se não forem usados métodos apropriados, um pedaço da raiz pode ser levado para cima e entrar no seio maxilar. Assim, pode ser criada uma comunicação entre a cavidade oral e o seio maxilar e haver um infecção. Como os nervos alveolares superiores suprem os dentes maxilares e a mucosa dos seios maxilares, a inflamação da túnica mucosa do seio é acompanhada de dor nos dentes molares Transiluminação dos seios - A luz utilizada atravessa o seio maxilar e apresenta-se como uma luminescência fosca, em forma de meia lua, inferior à órbita. Se um seio contiver excesso de líquido, massa ou espessamento da mucosa, a luminescência diminui. O seio frontal dirige a luz em sentido superior sob a face medial do supercílio, que produz um brilho superior à órbita Infecção das vias aéreas superiores - Manifestações clínicas De acordo com o local acometido: rinofaringite aguda, sinusite aguda, laringite viral agua, otite média agua e epligotite Perguntas importantes: 1) Qual a Função das conchas nasais? 2) Qual a importância dos meatos? 3) Como os seios paranasais são preenchidos por ar? 4) Qual a relação da cavidade oral com a cavidade nasal? 5) Qual a delimitação da faringe? 2) Faringe - É um tubo em forma de funil do músculo esquelético que se conecta a: - Cavidade nasal e boca superiormente - Laringe e esôfago inferiormente - É a parte expandida superior do sistema digestório, posterior às cavidades nasal e oral, que se estende inferiormente além da laringe - Estende-se da base do crânio até o nível da sexta vértebra cervical (C6) 2.1 Interior da Faringe Parte nasal da faringe (nasofaringe): posterior ao nariz e superior ao palato mole Parte oral da faringe (orofaringe): posterior à boca Parte laríngea da faringe (laringofaringe): posterior à laringe 2.1.1 Nasofaringe - Tem função respiratória e é a extensão posterior das cavidades nasais - Limite anterior: coános; posterior: palato - Tonsila faríngea: situado na mucosa doteto e parede posterior da parte nasal da faringe e é comumente chamada de adenoide quando está aumentada. É um agregado linfoide, tendo função de barreira imunológica - Prega salpingofaríngea: estende-se inferiormente a partir da extremidade medial da tuba auditiva. Cobre o músculo salpingofaríngeo, que abre o óstio faríngeo da tuba auditiva durante a deglutição - Prega salpingopalatina: sai da tuba auditiva e vai para o palato mole - Tonsila tubária: é a coleção de tecido linfoide na submucosa da faringe perto do óstio faríngeo da tuba auditiva. - Posteriormente ao toro tubário (está situado entre as pregas salpingopalatina e salpingofaríngea) e à prega salpingofaríngea há uma projeção lateral da faringe, semelhante a uma fenda, o recesso faríngeo, que se estende lateral e posteriormente - Óstio faríngeo da tuba auditiva: alivia a pressão da orelha média e comunica a orelha média com a faringe. Desse modo é comum em criança ter uma faringite e depois uma otite, ou vice-versa. Esse óstio se abre com a deglutição e tosse - Paredes: Superior: tonsila faríngea Posterior: recesso faríngeo Lateral: óstio faríngeo da tuba auditiva, toro tubário, prega salpingofaríngea e salpingopalatina 2.1.2 Orofaringe - Tem função digestória - Limite superior: palato mole; inferior: base da língua; laterais; arcos palatoglosso e palatofaríngeo - Estende-se do palato mole até a margem superior da epiglote - A deglutição é o processo completo que transfere um bolo de alimento da boca através da faringe e sôfago para o estômago - Tonsila palatina: coleção de tecido linfoide de cada lado da parte oral da faringe no intervalo entre os arcos palatinos - Fossa tonsilar: local onde está localizada a tonsila palatina 2.1.3 Laringofaringe - Situa-se posteriormente à laringe, estendendo-se da margem superior da epiglote e das pregas faringeoepiglóticas até a margem da cartilagem cricóidea, onde se estreita e se torna contínua com o esôfago - A laringofaringe mantém relação vom os corpor das vértebras C4-C6 - Laringofaringe comunica-se com a laringe através do ádito da laringe sobre sua parede anterior - Recesso piriforme (E e D) é uma depressão de cada lado do ádito da laringe – isso caracteriza a transição da faringe para a laringe 2.1 Músculos da Faringe - A parede da faringe é excepcional para o trato alimentar - A camada circular externa de músculos faríngeos consiste em três constritores da faringe: superior, médio e inferior - Os músculos longitudinais internos são os palatofaríngeo, estilofaríngeo e salpingofaríngeo - Os músculos elevam a laringe e encurtam a faringe durante a deglutição e a fala 3) Laringe - Responsável pela formação da voz, formada por 9 cartilagens unidas por membranas e ligamentos e contém pregas vocais - Situada na região anterior do pescoço no nível dos corpos das vértebras C3-C6 - Une a parte inferior da faringe (laringofaringe) à traqueia - Além de ter o mecanismo fonador para a produção de voz, sua função mais importante é proteger as vias respiratórias, sobretudo durante a deglutição, quando serve como um esfíncter ou válvula do trato respiratório inferior, mantendo, assim, uma via respiratória permeável 3.1 Esqueleto da laringe - Formado por 9 cartilagens: 3 ímpares: tireóidea, cricoídea e epiglótica 3 pares: aritenóidea, corniculada e cuneiforme 3.1.1 Cartilagem tireóidea: - Maior cartilagem; sua margem superior situa-se oposta à vértebra C4 - Os dois terços inferiores de suas 2 lâminas fundem-se anteriormente no plano mediano para formar a proeminência laríngea e essa projeção (“pomo de adão”) é bem definida em homens e raramente visível em mulheres - Acima da proeminência, as lâminas divergem para formar a incisura tireoídea superior em forma de V. A incisura tireóidea inferior, bem menos definida, é um detalhe pouco profundo no meio da margem inferior da cartilagem. - A margem posterior de cada lâmina projeta-se em sentido superior, como o corno superior e inferior, como o corno inferior - A margem superior e os cornos superiores fixam-se ao hioide pela membrana tireo-hioidea, importante para a movimentação 3.1.2 Cartilagem cricóidea - Formato de um anel de sinete com o aro voltado anteriormente - Essa abertura anular da cartilagem permite a passagem de um dedo médio - Sua parte posterior (sinete) da cartilagem cricóidea é a lâmina, e a parte anterior (anel) é o arco - Mais espessa e mais forte, único anel de cartilagem completo a circundar qualquer parte da via respiratória 3.1.3 Cartilagem epiglótica - formada por cartilagem elástica, conferindo a epiglote uma flexibilidade - Situada posteriormente à raiz da língua e ao hióide, e anteriormente ao ádito da laringe, forma a parte superior da parede anterior e a margem superior da entrada - Sua extremidade superior larga é livre - Possui uma proeminência chamada de tubérculo da epiglote - Membrana quadrangular é uma lâmina que estende-se entre as faces laterais das cartilagens aritenóidea e epiglótica. A margem inferior livre constitui o ligamento vestibular, que é coberto frouxamente por mucosa para formar a prega vestibular. Essa prega situa-se acima da prega vocal e estende-se da cartilagem tireóidea até a cartilagem aritenóidea. 3.1.4 Cartilagens aritenóideas - São cartilagens piramidais pares, com 3 lados, que se articulam com as partes laterais da margem superior da lâmina da cartilagem cricóidea - Cada cartilagem tem um ápice superior, um processo vocal anterior e um grande processo muscular que se projeta lateralmente a partir da sua base - Função de adução e abdução do lúmen da laringe - Incisura aritenóidea e prega interaritenóidea - O ápice tem a cartilagem corniculada e se fixa a prega ariepiglótica - Os ligamentos vocais elásticos estendem-se da junção das lâminas da cartilagem tireóidea anteriormente até o processo vocal da cartilagem aritenóidea posteriormente. Os ligamentos vocais formam o esqueleto submucoso das pregas vocais 3.1.5 Cartilagens corniculada e cuneiforme - Apresentam-se como pequenos nódulos na parte posterior das pregas ariepiglóticas - Corniculadas (abaixo): fixam-se aos ápices das cartilagens aritenóideas - Cuneiformes (acima): não se fixam diretamente em outras cartilagens 3.2 Interior da laringe - A cavidade da laringe (C3 a C6) estende-se do ádito da laringe, através do qual se comunica com a parte laríngea da faringe, até o nível da margem inferior da cartilagem cricóidea. A cavidade da laringe é contínua com a cavidade da traqueia. A cavidade da laringe inclui: Vestíbulo da laringe: entre o ádito da laringe e as pregas vestibulares Ádito da laringe: borda que circunda a laringe Parte média da cavidade da laringe: a cavidade central (via respiratória) entre as pregas vestibulares e vocais Ventrículo da laringe: recessos que se estendem lateralmente da parte média da cavidade da laringe entre as pregas vestibulares e vocais. O sáculo da laringe é uma bolsa cega que se abre para cada ventrículo revestida por glândulas mucosas Glote (aparelho vocal da laringe): orifício entre a prega vestibular e prega vocal Rima da glote: contorno da prega vocal Cavidade infraglótica: a cavidade inferior da laringe entre as pregas vocais e a margem inferior da cartilagem cricóidea, onde é contínua com a luz da traqueia. Lâmina posterior da cartilagem cricóidea e Face anterior da cartilagem cricóidea + Ligamento cricotireóide 3.3 Músculos da laringe - A laringe se movimenta por meio dos músculos, com os objetivos de: deglutição, fonação, abertura na inspiração e expiração Músculo cricoaritenídeo posterior: - único músculo abdutor da laringe, gerando a rotação da cartilagem cricóidea e abduz as pregas vocais - sua disfunção acarreta na hemiplegia laríngea, causando uma dificuldade respiratória, com voz soprada, ou seja, não háentonação na voz Músculo cricotireóideo - principal músculo tensor - aproxima a cartilagem tireóidea da cartilagem cricóidea Músculo interaritenóideo - Transverso (1) - Oblíquo (2) - músculo antagonista ao cricoaritenóideo posterior - músculo adutor do lúmen da laringe 3.3 Nervos da laringe - Os nervos da laringe são ramos laríngeos superior e inferior dos nervos vagos Nervo laríngeo superior: - divide-se em: nervo laríngeo interno e nervo laríngeo externo - Ramo interno: entra pelo orifício da membrana tíreo-hióidea e chega ao recesso piriforme, sendo responsável pelo reflexo de tosse - Ramo externo: responsável pela movimentação do músculo cricotireóideo. É possível ter a paralisia do músculo quando na retirada da tireóide, o nervo é lesado Nervo laríngeo recorrente: - localizado entre a traqueia e o esôfago - todos os músculos, com exceção do m. cricotireóideo, são supridos por esse nervo - sua parte terminal é o nervo laríngeo inferior 3.3 Artérias da laringe - As artérias laríngeas, ramos das artérias tireóideas superior e inferior, suprem a laringe Artéria laríngea superior: acompanha o ramo interno do nervo laríngeo superior através da membrana tíreo- hióideia e ramos para suprir a face interna da laringe Artéria cricotireóidea: pequeno ramo da artéria tireóidea superior, supre o músculo cricotireóideo Artéria laríngea inferior: um ramo da artéria tireóidea inferior, acompanha o nervo laríngeo inferior (parte terminal do laríngeo recorrente) e supre a mucosa e os músculos na parte inferior da laringe Relações Clínicas Lesão dos nervos laríngeos recorrentes Perto do polo inferior da glândula tireoide, o nervo laríngeo recorrente direito está muito próximo da artéria tireóidea inferior e seus ramos. Esse nervo pode cruzar anterior ou posteriormente aos ramos da artéria, ou passar entre eles. Em face da íntima relação, a artéria tireóidea inferior é ligada em local um pouco à glândula tireoide, onde não está próxima do nervo. A rouquidão é o sinal habitual de lesão unilateral do nervo recorrente; entretanto, pode haver afonia temporária ou distúrbio da fonação e espasmo laríngeo. Causas principais: cirurgia ou pressão causada pelo acúmulo de sangue e exsudato seroso após a cirurgia. Fraturas do esqueleto da laringe Podem ser decorrentes de esportes ou compressão do cinto de segurança durante um acidente automobilístico. Em virtude da frequência desse tipo de lesão existe os protetores de laringe. As fraturas produzem hemorragia e edema da tela submucosa, obstrução respiratória, rouquidão e, às vezes, uma incapacidade temporária de falar. Laringoscopia Procedimento usado para examinar o interior da laringe. O exame visual pode ser feito de forma indireta com o uso de um espelho laríngeo e de forma direta com o laringoscópio que permite examinar ou operar o interior da laringe através da boca. Aspiração de corpos estranhos e manobra de Heimlich Um corpo estranho pode ser aspirado acidentalmente através do ádito da laringe para o vestíbulo da laringe, onde fica aprisionado acima das pregas vestibulares. Quando o corpo estranho entra no vestíbulo da laringe, há espasmos dos músculos laríngeos e tensão das pregas vocais. A rima da glote se fecha e a entrada de ar na traquéia é bloqueada. A consequente obstrução pode fechar totalmente a laringe e sufocar a pessoa, impedindo-a de falar, porque a laringe está bloqueada. Há asfixia, e a pessoa morre em cerca de 5 minutos por falta de oxigênio se não for desobstruído. Um modo desobstruir é é a manobra de Heimlich, que é uma compressão súbita do abdome que eleva o diafragma e comprime os pulmões, expelindo o ar da traquéia para a laringe, expulsando o corpo estranho. Lesão dos nervos faríngeos Como o nervo laríngeo inferior, a continuação do nervo laríngeo recorrente, inerva os músculos que movimentam a prega vocal, a lesão do nervo (ou do nervo que deu origem a ele) causa paralisia da prega vocal. Inicialmente a voz é insatisfatória, pois não há adução da prega vocal paralisada para encontrar a prega vocal normal Na paralisia bilateral das pregas vocais a voz está quase ausente, pois as pregas vocais estão imóveis. As pregas não podem ser aduzidas para fonação, nem podem ser abduzidas para aumentar a respiração, o que resulta estridor (respiração ruidosa aguda), amiúde acompanhando por ansiedade semelhante à associada a um episódio de asma. Bloqueio do nervo laríngeo superior Muitas vezes esse bloqueio é feito com intubação endotraqueal no paciente consciente. Essa técnica é usada para endoscopia peroral, ecocardiografia transesofágica e procedimentos laríngeos e esofágicos. Câncer da laringe Incidência é alta em indivíduos que fumam ou mascam tabaco. A maioria tem rouquidão persistente e não raro associada à otalgia (dor de ouvido) e disfagia. O aumento de linfonodos pré-traqueais ou paratraqueais pode indicar presença de câncer da laringe. Alterações da laringe relacionados à idade O crescimento da laringe é contínuo até os 3 anos de idade; depois disso há pouco crescimento até os 12 anos de idade. Durante a puberdade, nos meninos, devido a testosterona, todas as cartilagens aumentam e a sua proeminência laríngea se torna visível e o diâmetro anteroposterior da rima da glote é quase duplicado em relação à medida pré-puberdade; as pregas vocais sofrem alongamento e espessamento proporcional e abrupto. O crescimento é responsável pelas alterações na voz que ocorrem em homens. As cartilagens tireóidea, cricóidea e a maioria das aritenóideas costumam se ossificar com o avanço da idade, começando por volta dos 25 anos e sendo visível em radiografia aos 65 anos. Corpos estranhos na laringofaringe Quando o alimento atravessa a parte laríngea da faringe durante a deglutição, parte dele entra nos recessos piriformes. Se o corpo estranho for pontiagudo, pode perfurar a mucosa e lesar o nervo laríngeo interno. O nervo laríngeo superior e seu ramo laríngeo interno também são vulneráveis à lesão durante a retirada do corpo estranho e essa lesão pode resultar em anestesia da mucosa laríngea até as pregas vocais Fístula do recesso piriforme Embora seja rara, uma fístula pode seguir do recesso piriforme até a glândula tireoide, tornando-se um possível local de tireoidite recorrente. A fístula desenvolve-se a partir de um remanescente do ducto tireoglosso que adere à parte laríngea da faringe em desenvolvimento. Tonsilectomia Retirada das tonsilas, realizada por dissecção da tonsila palatina da fossa tonsilar ou por uma cirurgia com guilhotina ou alça. O nervo glossofaríngeo acompanha a artéria tonsilar na parede lateral da faringe e como a parede é fina, o nervo é vunelrável à lesão. Adenoidite Inflamação das tonsilas faríngeas (adenoides) é um distúrbio que pode obstruir a passagem de ar das cavidades nasais através das coánas para a parte nasal da faringe e exigir uma respiração bucal. A infecção das tonsilas faríngeas aumentadas pode disseminas para as tonsilas tubárias, causando edema e fechamento das tubas auditivas
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