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FECHAMENTO V-UC15 INÁCIA NASHARA
1- Discorrer sobre o cuidado paliativo (definição, princípios, objetivos e práticas). As práticas são distanásia, ortotanásia, eutanásia;
Conceito
Cuidados paliativos são conceituados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como:
“Uma abordagem voltada para a qualidade de vida tanto dos pacientes quanto de seus familiares frente a problemas associados a doenças que põem em risco a vida. A atuação busca a prevenção e o alívio do sofrimento, através do reconhecimento precoce, de uma avaliação precisa e criteriosa e do tratamento da dor e de outros sintomas, e das demandas quer física, quer psicossocial ou espiritual.”
Digna de nota é a inclusão, nessa definição, dos familiares de pacientes como também beneficiários dos cuidados, bem como a extrapolação para além dos aspectos físicos presentes na cena do cuidado. Os cuidados paliativos apresentam ampla dimensão, iniciada a partir do diagnóstico de uma doença incurável e estendendo-se até depois da morte do paciente, no suporte ao luto da família.
Os cuidados paliativos são uma modalidade de assistência cujo foco principal é a pessoa e não a doença ou o órgão comprometido. Buscam o alívio do sofrimento e a melhora da qualidade de vida e de morte. As intervenções requerem profundo conhecimento da fisiopatologia da doença de base e de suas complicações previsíveis. Os pacientes geriátricos apresentam comorbidades que dificultam a abordagem terapêutica. Deve-se ter em mente que os sintomas precisam ser priorizados e só se intervém naqueles que realmente causam desconforto ou angústia. É importante ressaltar que os cuidados paliativos não rejeitam a biotecnologia atual: são um tratamento intervencionista que se vale, por exemplo, das avançadas propostas da farmacologia para a efetividade do controle de sintomas.
Definição e Princípios 
As doenças ameaçadoras da vida, sejam agudas ou crônicas, com ou sem possibilidade de reversão ou tratamentos curativos, trazem a necessidade de um olhar para o cuidado amplo e complexo em que haja interesse pela totalidade da vida do paciente com respeito ao seu sofrimento e de seus familiares. Este tipo de cuidado foi definido em 2002 pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como Cuidados Paliativos. 
O cuidado paliativo é a abordagem que visa a promoção da qualidade de vida de pacientes e seus familiares, através da avaliação precoce e controle de sintomas físicos, sociais, emocionais, espirituais desagradáveis, no contexto de doenças que ameaçam a continuidade da vida. 
A assistência é realizada por uma equipe multiprofissional durante o período do diagnóstico, adoecimento, finitude e luto. 
Para uma adequada prática de cuidados paliativos são necessários conhecimento e compreensão dos seguintes princípios norteadores: 
· Iniciar o mais precocemente possível o acompanhamento em cuidados paliativos junto a tratamentos modificadores da doença. Incluir toda a investigação necessária para compreender qual o melhor tratamento e manejo dos sintomas apresentados. 
· Reafirmar a vida e sua importância. 
· Compreender a morte como processo natural sem antecipar nem postergá-la. 
· Promover avaliação, reavaliação e alívio impecável da dor e de outros sintomas geradores de desconforto. 
· Perceber o indivíduo em toda sua completude, incluindo aspectos psicossociais e espirituais no seu cuidado. Para isso é imprescindível uma equipe multidisciplinar. 
· Oferecer o melhor suporte ao paciente focando na melhora da qualidade de vida, influenciando positivamente no curso da doença quando houver possibilidade e auxiliando-o a viver tão ativamente quanto possível até a sua morte. 
· Compreender os familiares e entes queridos como parte importante do processo, oferecendo-lhes suporte e amparo durante o adoecimento do paciente e também no processo de luto após o óbito do paciente.
O foco no cuidar inclui reconhecer e responder às necessidades do paciente e dos familiares através de uma visão ampla e transdisciplinar. Reconhecem-se as conquistas da moderna tecnologia médica, porém realiza-se uma transição gradual e equilibrada entre tentativas legítimas de manter a vida, quando se tem chances reais de recuperação, e a abordagem paliativa, através do controle de sintomas sem nunca desconsiderar a dimensão da finitude humana.
Aplicabilidade e Benefícios 
O cuidado paliativo visa oferecer cuidados adequados e dignos aos pacientes com e sem possibilidade curativa. Na literatura internacional esse tipo de abordagem é associado de maneira consistente a uma série de benefícios e melhorias; dentre eles pode-se destacar: melhor planejamento prévio de cuidados, melhora da qualidade de vida, redução de sintomas desagradáveis, maior satisfação dos pacientes e do núcleo cuidador e menor utilização do sistema de saúde. Outro importante benefício relatado em trabalhos que avaliam o tratamento paliativo é o efeito desse tipo de abordagem nos familiares. 
Conversar sobre os cuidados de fim de vida e a percepção positiva dos familiares sobre a assistência nessa fase se mostrou um fator protetor para o desenvolvimento de depressão e luto complicado. Transtornos de saúde mental têm um impacto importante na vida das pessoas e na sociedade. Uma melhor assistência paliativa poderia reduzir potencialmente esse impacto em familiares enlutados. Estudos mostram que a maioria das pessoas ao redor do mundo preferiria falecer em casa. No entanto, metade falece em hospitais (com grandes variações regionais). Ao mesmo tempo, há indícios na literatura de uso excessivo de medidas agressivas no fim de vida e de um uso aquém do que seria ideal de cuidados paliativos nessa fase. Sugerindo, assim, que temos espaço para desenvolver esse tipo de abordagem com potencial de trazer benefícios tanto para os pacientes como para o sistema de saúde, otimizando os recursos e oferecendo uma assistência alinhada com as preferências de cuidados. Não existe um único local em que se pode realizar cuidados paliativos. O local mais indicado é onde o paciente que necessita deste tipo de cuidado estiver, ou seja, no domicílio, na instituição hospitalar, ambulatório, instituição de longa permanência ou hospice. 
A qualidade do cuidado e o local onde é realizado também se torna significativo para o processo de luto vivenciado durante o adoecimento e após o falecimento do paciente. Compreende-se então que não há tempo ou limite prognóstico para a prestação de cuidados paliativos. É amplamente defendido que estes devem ser prestados na necessidade, e não somente no diagnóstico ou prognóstico como pensado anteriormente. Todo e qualquer indivíduo doente merece ser assistido com qualidade, de acordo com suas necessidades, sendo amparados e tratados em seu sofrimento bem como dos seus familiares. A qualidade de vida e a dignidade humana estão sempre no foco dos profissionais que atuam em cuidados paliativos. 
Em 31 de outubro de 2018, o Ministério da Saúde publicou a resolução nº 41, que normatiza a oferta de cuidados paliativos como parte dos cuidados continuados integrados no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A resolução propõe, que nas redes de atenção à saúde, sejam claramente identificadas e observadas as preferências da pessoa doente quanto ao tipo de cuidado e tratamento médico que receberá. A resolução define que os cuidados paliativos devam estar disponíveis em todo ponto da rede, na atenção básica, domiciliar, ambulatorial, hospitalar, urgência e emergência. A partir desta publicação será possível definir diretrizes de cuidado e aprimorar a oferta do cuidado.
As diretrizes básicas dos cuidados paliativos.
“Cuidados paliativos” e “cuidados ao fim da vida” não são sinônimos. Cuidados paliativos devem ser aplicados ao paciente em um continuum, pari passu com outros tratamentos pertinentes ao seu caso, desde a definição de uma doença incurável e progressiva. Os cuidados ao fim da vida são uma parte importante dos cuidados paliativos, referindo-se à assistência que um paciente deve receber durante a última etapa de sua vida, a partir do momentoem que se torna claro o seu estado de declínio progressivo e inexorável, aproximando-se da morte. É de se lamentar que pessoas com indicação precisa de paliação ainda sejam encaminhadas tardiamente para essa intervenção. Na maioria das vezes, cuidados paliativos ainda são oferecidos nos últimos dias ou instantes de vida, favorecendo a marginalização dos cuidados paliativos e a percepção de que se confundem com os cuidados ao fim da vida.
Principais sintomas
Pessoas com doenças em fase avançada podem apresentar sintomas de grande desconforto físico e psíquico. Os sintomas mais comuns nos pacientes com doença em fase terminal são:
· Fadiga
· Dor de forte intensidade
· Anorexia
· Dispneia
· Constipação intestinal
· Náuseas e vômito
· Tosse
· Confusão mental
· Tristeza – depressão
· Ansiedade
· Agitação – insônia
· Disfagia
· Hemorragia
· Emagrecimento
· Diarreia
· Feridas.
Ortotanásia
A ortotanásia é uma prática médica em que há promoção de uma morte natural, sem que sejam realizados tratamentos pouco úteis, invasivos ou artificiais para manter a pessoa viva e prolongar a morte, como a respiração por aparelhos, por exemplo. A ortotanásia é praticada por meio dos cuidados paliativos.
Etimologicamente, o termo significa morte correta - orto: certo; thanatos: morte. Denota o não prolongamento artificial do processo de morte, além do que seria o processo natural. Tal prática é compreendida como manifestação da boa morte ou morte desejável, sem que a vida seja prolongada por meios que possam aumentar o sofrimento.
A ortotanásia é caracterizada como boa morte, a arte do bem morrer, de se respeitar o bem-estar global dos indivíduos, a fim de garantir a dignidade no viver e no morrer. Essa prática permite aos doentes e seus familiares defrontarem a morte como algo natural, um continuum da vida. Seguindo essa concepção, a ortotanásia é o procedimento pelo qual o médico suspende o tratamento, ou só realiza terapêuticas paliativas, para evitar mais dores e sofrimentos para o paciente terminal, que já não tem mais chances de cura, desde que essa seja sua vontade ou de seu representante legal. Outro estudo complementa que o médico não interfere no momento do desfecho letal nem para antecipá-lo nem para adiá-lo.
Eutanásia 
A eutanásia é o ato de abreviar a vida de uma pessoa, ou seja, tem como princípio acabar com o sofrimento da pessoa que possui uma doença grave e incurável, quando não existem mais tratamentos que possam ser realizados para melhorar o quadro clínico da pessoa.
A definição etimológica da eutanásia é fundamentada como o ato de dar a morte, por compaixão, a alguém que sofre intensamente, em estágio final de doença incurável, ou que vive em estado vegetativo permanente. Nesse processo, não se devem empregar meios que causem sofrimentos adicionais, mas que sejam adequados para tratar uma pessoa que está morrendo. Assim, é o ato de abreviação da vida do paciente, além do tempo que ele levaria para morrer espontaneamente.
É importante enfatizar que tal prática, quando legalizada, pode ser realizada por um médico, um enfermeiro, qualquer um dos profissionais da área de Saúde ou mesmo por um familiar. Portanto, a literatura assinala três modalidades de conduta que podem ter como resultado a morte do paciente: 
1- conduta omissiva - quando o agente, mesmo tendo condição e/ou obrigação de prestar um serviço, uma terapia, uma medicação ao paciente, não o faz, convicto de que estará abreviando seu sofrimento, o que resulta na morte; 
2- conduta ativa direta - aplicação de terapias analgésicas com a intenção primordial de aliviar as dores do paciente terminal, sabendo que essa medicação resultará no falecimento dele; 
3- conduta ativa indireta - é aquela que, motivada por convicções humanitárias, leva o agente a produzir a morte antecipada de um paciente que esteja com uma doença incurável, com sofrimento atroz e qualidade de vida ínfima, mas que, sozinho, não seja capaz de se suicidar. Antes disso, o paciente terá expressado o seu consentimento.
No que concerne às percepções de enfermeiros e médicos intensivistas sobre a prática da eutanásia em pacientes terminais, constata-se que alguns profissionais compreendem parcialmente o conceito de eutanásia, e outros, totalmente. Também houve unanimidade entre os profissionais que discordaram da prática da eutanásia, porquanto é considerada crime, de acordo com a lei brasileira, e os principais motivos são as questões religiosas e éticas.
A eutanásia pode ocorrer por dois meios: de forma voluntária, realizada pelo próprio paciente ou a pedido dele, ou de forma involuntária, quando é realizada por outrem com ou sem o consentimento do paciente. Quanto ao tipo de ação, a eutanásia ativa é a que se caracteriza pelo ato de provocar a morte por fins misericordiosos, sem sofrimento do paciente, e a eutanásia passiva trata-se da não iniciação de uma ação médica ou interrupção de uma medida extraordinária, objetivando abrandar o sofrimento, seguida de morte do paciente.
Estudo aponta que, de outra forma, a eutanásia trata-se, com grande possibilidade, simplesmente, de um modo qualificado de homicídio, seja porque a vítima não pode se defender, seja por justificada confiança. Com efeito, em países que adotam a eutanásia, considera-se que a intenção de quem provoca a morte deve ser de livrar aquele que está para morrer de uma condição insuportável - sofrimentos intoleráveis ou uma situação de indignidade e de desamparo extremo provocado pela doença.
Distanásia
A distanásia é um termo médico utilizado para descrever uma abordagem médica relacionada com o óbito do paciente e que corresponde ao prolongamento desnecessário da vida por meio do uso de remédios que pode trazer sofrimento para a pessoa. Dessa forma, como promove o prolongamento da dor e do sofrimento, a distanásia é considerada uma má prática médica, pois, embora alivie os sintomas, não traz melhora da qualidade de vida para a pessoa, tornando a morte mais lenta e dolorosa.
Destaca-se que, embora menos propalada que a eutanásia, a distanásia é, ainda que inconscientemente, mais praticada. Nesse ponto, assinala-se que, na iminência da morte, inicia-se uma nova etapa na vida do paciente, em que o ato de curar deve ser substituído pelo cuidar, que, no entanto, não pode ser encarado como prêmio de consolação, quando não existem mais possibilidades terapêuticas. Logo, ao discutir sobre a distanásia, a temática da eutanásia entra em questão, indicando que os dois conceitos caminham lado a lado.
Em uma pesquisa realizada com enfermeiros, identificou-se que a distanásia, em seu dia a dia, como uma morte sofrida, com muita dor, introduzindo tratamento agressivo que só prolonga o processo de morrer. Desse modo, constata-se que também existe o prolongamento do sofrimento, e não da vida, consequentemente, sem nenhum benefício terapêutico e acarretando gastos elevados para a instituição. Sob esse prisma, os enfermeiros identificaram a distanásia, mas referiram que não a utilizam e proporcionam a ortotanásia, sempre priorizando o conforto e o alívio da dor e do sofrimento, em ambiente tranquilo e agradável, visando à qualidade de vida, sem a utilização de prolongamentos abusivos de tecnologias. Contemplou-se, ainda, que, na fase final da vida dos pacientes, há muito que se fazer por eles, proporcionando o relacionamento interpessoal entre a equipe, com destaque, principalmente, para uma comunicação mais eficaz.
2- Caracterizar o papel e função da equipe multidisciplinar (escala de cuidado paliativo);
Equipe
Para atender às necessidades essenciais de uma pessoa com doença em fase avançada, é indicada a constituição de equipe multiprofissional com dinâmica de atuação interdisciplinar. Todos os seus componentes devem ter sólida formação nos princípios do tratamento paliativo e agir rigorosamente de acordo com os preceitos da ética profissional.
Os cuidados paliativos devem ser prestados por uma equipe bem articulada, com conhecimento do controle de sintomas e que tenha à sua disposição os medicamentos necessários: analgésicos nãonarcóticos, opioides, anti-inflamatórios esteroides e não esteroides, antieméticos, antipsicóticos, anticonvulsivantes, antidepressivos, psicoestimulantes, ansiolíticos, antibióticos, protetores de mucosa gástrica e laxativos.
O respeito ao corpo da pessoa doente e a utilização de técnicas paliativas requerem competência técnica, rigor ético e alta sensibilidade. Capacidade de compreensão, empatia e bom humor são características adicionais que complementam a boa prática da paliação. Os integrantes de uma equipe podem ser: médico, enfermeiro, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, nutricionista, psicólogo, terapeuta ocupacional, assistente social, musicoterapeuta, assistente espiritual, farmacêutico e odontólogo. 
Todos precisam trabalhar em sintonia e desenvolver uma linguagem comum, para atingir objetivos de cuidado e proteção, ou seja, identificar e tratar as intercorrências, otimizar o uso de fármacos, manter o estado nutricional e a mobilidade enquanto possível, oferecer apoio psicológico ao paciente e à família, providenciar apoio espiritual se for desejado e maximizar o funcionamento do paciente nas suas atividades habituais. Essa modalidade assistencial visa oferecer maior conforto à pessoa com doença em fase avançada e segurança e tranquilidade aos familiares. Encontrar um discurso harmônico da equipe, construir uma rede de respeito e acolhimento mútuos e abdicar de vaidades pessoais é um processo gradual, trabalhoso e, por vezes, sofrido, mas que gera os melhores resultados.
Escala do cuidado paliativo
3- Compreender o AVE (definição, etiologia, classificação, quadro clinico, tipo, complicação, diagnóstico pré e pós hospitalar, tratamento medicamentoso e não medicamentoso, prevenção);
Acidente Vascular Cerebral 
AVC De acordo com a OMS, o AVC refere-se ao desenvolvimento rápido de sinais clínicos de distúrbios focais e/ou globais da função cerebral, com sintomas de duração igual ou superior a 24 horas, de origem vascular, provocando alterações nos planos cognitivo e sensório- -motor, de acordo com a área e a extensão da lesão. 
O sinal mais comum de um AVC, é a fraqueza repentina ou dormência da face, braço e/ou perna, geralmente em um lado do corpo. Outros sinais frequentes incluem: confusão mental, alteração cognitiva, dificuldade para falar ou compreender, engolir, enxergar com um ou ambos os olhos e caminhar; distúrbios auditivos; tontura, perda de equilíbrio e/ou coordenação; dor de cabeça intensa, sem causa conhecida; diminuição ou perda de consciência. Uma lesão muito grave pode causar morte súbita. Não é preciso esperar o subsequente atraso na aquisição da marcha, é importante também observar os distúrbios de comunicação, como atrasos na aquisição de fala e de linguagem.
Etiologia
Classificação etiológica do AVCI (Toast). Subdivide os infartos cerebrais em 5 grupos principais de acordo com a sua etiologia: 
1 – Aterosclerose de grandes artérias
Nos infartos por aterosclerose de grandes artérias, os exames dos vasos (por intermédio de Doppler de carótidas, Doppler transcraniano, angiorressonância ou angiotomografia dos vasos cranianos) demonstram estenose maior que 50% ou oclusão de grandes ramos arteriais (intra ou extracranianos) do mesmo lado da lesão central ou placas complexas na aorta ascendente ou transversa (> 4mm). A tomografia do crânio (TC) ou ressonância magnética do crânio (RM) em geral demonstra lesões cerebrais maiores que 1,5cm de diâmetro. Outros exames devem excluir fontes potenciais de cardioembolia. 
2 – Cardioembolismo 
Os infartos cardioembólicos são decorrentes de oclusão de vaso cerebral por êmbolos provenientes do coração. As principais doenças cardíacas potencialmente emboligênicas podem ser classificadas em alto e médio risco de embolização. 
3 – Oclusão de pequenas artérias (lacunas) 
Nos infartos por oclusão de pequenas artérias cerebrais, também chamados infartos lacunares, o paciente apresenta clínica de síndrome lacunar (deficit neurológico sem comprometimento cortical) e, em geral, a TC ou RM demonstram lesões pequenas (lacunas) no território de artérias perfurantes, ou seja, núcleos da base, tálamo, tronco cerebral, coroa radiada e cápsulas interna e externa menores que 1,5cm de diâmetro. Ocorrem por degeneração dos pequenos vasos e de arteríolas perfurantes, por ação direta da hipertensão arterial crônica, associada ou não ao diabetes melito. 
4 – Infartos por outras etiologias 
Infartos com outras etiologias englobam todas as causas que diferem destas três primeiras, por exemplo: vasculopatias não ateroscleróticas (Moyamoya, dissecção arterial), desordens hematológicas (anemia falciforme), coagulopatias (deficiência de fatores fibrinolíticos), vasculites (varicela, lúpus, meningite) etc. 
5 – Infartos de origem indeterminada 
Os infartos de causa indeterminada são aqueles que não se enquadram nas categorias anteriores, apesar de investigação completa.
Tipos 
AVC isquêmico: Ocorre quando há obstrução de um vaso sanguíneo, bloqueando o seu fluxo para as células cerebrais. No caso de um Acidente Isquêmico Transitório (AIT), este pode ser preditor de um novo evento. AVC hemorrágico: É o resultado de ruptura de um vaso, com consequente sangramento intraparenquimatoso ou subaracnóideo.
FATORES DE RISCO 
Conhecer os fatores de risco para o AVC faz-se essencial para prevenir a sua ocorrência. A prevenção reduz os custos especialmente em reabilitação e hospitalização. Essa prevenção deve ocorrer em todos os níveis de atenção, sendo a maior ênfase na atenção básica, alcançando principalmente aqueles que já tiveram um primeiro AVC e minimizando, dessa forma, riscos de recorrência e maiores comorbidades em longo prazo. A prevenção em saúde está fortemente associada ao conceito de fator de risco, pois possibilita o seguimento da população identificada de forma diferenciada e facilita o desenvolvimento de uma parceria entre os serviços de Saúde e seus usuários em torno do mesmo objetivo, ou seja, da eliminação ou da redução desses fatores de risco. Pessoas que estão dentro do grupo de risco não modificáveis podem ser beneficiadas com maior atenção nos cuidados básicos de saúde. 
O grupo pertencente a riscos modificáveis precisa de incentivo e apoio para mudança de estilo de vida. Nos fatores de risco potenciais, o desafio é não permitir que estes se tornem um risco efetivo. A seguir, destacam-se os principais fatores de risco em três grupos: 
Grupo de risco não modificável 
· Idade
· Idosos
· Sexo masculino 
· Negros (por associação com hipertensão arterial maligna) 
· História familiar de ocorrência de AVC 
· História pregressa de AIT 
· Condições genéticas como anemia falciforme 
Grupo de risco modificável 
· Hipertensão arterial sistêmica 
· Tabagismo 
· Diabetes Mellitus 
· Dislipidemia 
· Fibrilação atrial 
· Outras doenças cardiovasculares 
Grupo de risco potencial 
· Sedentarismo 
· Obesidade 
· Uso de contraceptivo oral 
· Terapia de reposição hormonal pós-menopausa 
· Alcoolismo 
· Aumento da homocisteína plasmática 
· Síndrome metabólica por aumento da gordura abdominal 
· Uso de cocaína e anfetaminas
Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. Apresentam-se, abaixo, alguns códigos correlatos ao AVC: 
· D57 Transtornos falciformes 
· G45 Acidentes vasculares cerebrais isquêmicos transitórios e síndromes correlatas 
· G46 Síndromes vasculares cerebrais que ocorrem em doenças cerebrovasculares 
· I61 Hemorragia intracerebral 
· I63 Infarto cerebral 
· I64 Acidente vascular cerebral não especificado como hemorrágico ou isquêmico
Detecção 
A pessoa que apresentar sinais e sintomas como: diminuição da sensibilidade e/ou fraqueza que tenha começado de forma súbita na face, no braço e/ou na perna, especialmente se unilateral; confusão mental, dificuldade para falar ou para compreender o que é dito, que tenha começado de forma súbita; alterações visuais em um ou em ambos os olhos de instalação súbita; dificuldade para andar, perda de equilíbrio e/ou da coordenação iniciados de forma súbita; dor de cabeçaintensa, de instalação súbita, sem causa conhecida, deve ser levada para atendimento emergencial, por serem sugestivos de um AVC. 
Diagnóstico clínico
O diagnóstico clínico é realizado pela anamnese e exame físico, confirmando um déficit focal, com ou sem distúrbio de consciência, de início súbito, agudo ou rapidamente progressivo. É essencial o diagnóstico diferencial de outras doenças que possam apresentar sinais e sintomas similares. 
Exames diagnósticos e complementares 
A confirmação diagnóstica poderá ser feita por meio de estudo de neuroimagem: tomografia computadorizada de crânio, angiografia, angioressonância ou angiotomografia. Podem ser também exames complementares na urgência: eletrocardiograma (ECG), exames laboratoriais como hemograma, glicemia e, se houver perspectiva de trombólise, tempo parcial de tromboplastina ativada, atividade de protrombina e tipagem sanguínea. 
Prevenção
Muitos fatores de risco contribuem para o seu aparecimento. Alguns desses fatores não podem ser modificados, como a idade, à raça, à constituição genética e o sexo. Outros fatores, entretanto, podem ser diagnosticados e tratados, tais como a hipertensão arterial (pressão alta), a diabetes mellitus, as doenças cardíacas, a enxaqueca, o uso de anticoncepcionais hormonais, à ingestão de bebidas alcoólicas, o fumo, o sedentarismo (falta de atividades físicas) e a obesidade. A adequação dos hábitos de vida diária é primordial para a prevenção do AVC.
Prevenção Secundária do AVC 
-Antiagregação plaquetária 
AVCI ou AITs não cardioembólico: AAS 100 – 300mg/dia ou clopidogrel 75mg/dia (se houver intolerância ao AAS ou recorrência do AVC com fatores de risco controlados). 
-Hipertensão
Iniciar tratamento após a fase aguda. Pressão-alvo a ser atingida: 120/80mmHg. A primeira escolha é diurético ou a combinação de diurético e inibidor da enzima conversora de angiotensina (Ieca). 
-Diabete 
Pacientes com diabete devem ter um controle rigoroso de pressão arterial (com Ieca ou com os bloqueadores do receptor da angiotensina) e lipídios (alvo de LDL < 70mg/dL). A glicemia deve ser normal ou próxima do normal (alvo de hemoglobina glicosilada ≤ 7%). 
-Lipídios 
Utilizar estatina em pacientes com AVCI ou AIT com hipercolesterolemia (alvo LDL < 100mg/dL). Em pacientes com alto risco vascular, o alvo é de LDL < 70mg/dL (pacientes com doença cardiovascular estabelecida associada a múltiplos fatores de risco maiores e mal controlados, especialmente DM; múltiplos fatores de risco de síndrome metabólica, principalmente triglicerídeos > 200mg/ dL e HDL < 40mg/dL; pacientes com doença coronariana; pacientes com estenose carotídea, AVC aterotrombótico). 
Pacientes com AVCI ou AIT de origem presumivelmente aterotrombótica devem usar estatina, mesmo que apresentem o colesterol normal. 
Pacientes com HDL baixo são candidatos a tratamento com niacina ou genfibrozil. 
-Fibrilação atrial 
Para pacientes com AVC isquêmico ou AIT com fibrilação atrial persistente ou paroxística devem iniciar profilaxia com anticoagulação oral com ajuste da dose da warfarina (RNI entre 2 e 3 – alvo 2,5). O aumento da idade isoladamente não é contraindicação para o uso do anticoagulante oral. Apesar de não haver consenso na literatura, depois de AIT ou AVC menor, a anticoagulação pode ser iniciada imediatamente. Casos moderados podem ser iniciados em 5 a 7 dias e, quando a área infartada é extensa, o tempo mínimo para o início da anticoagulação pós-AVC é de algumas semanas (2 semanas), recomendando-se análise individualizada dos casos. Em pacientes com contraindicação social à anticoagulação oral (dificuldade em aderir ao controle do RNI), a profilaxia deve ser feita com AAS 100 + clopidogrel 75mg/dia ou, atualmente, preferivelmente com os novos anticoagulantes orais (dabigatram 150mg 2x/dia ou rivaroxaban 20mg 1x/ dia – ver contraindicações e ajuste de dose). Em pacientes com contraindicação à anticoagulação oral, devido a um maior risco de sangramento cerebral, é recomendado AAS (300mg/dia). 
Outras indicações de anticoagulação 
-Infarto agudo do miocárdio (IAM) e trombo no ventrículo esquerdo (TVE)
Para pacientes com AVC isquêmico causado por IAM e se há identificação de trombo mural no ventrículo esquerdo pelo ecocardiograma ou outro método de imagem, a anticoagulação oral é aceitável, com alvo de RNI entre 2,0 – 3,0, podendo variar o tempo de anticoagulação de 3 meses a mais de 1 ano (Classe IIa, Nível B). 
O AAS pode ser usado conjuntamente para o paciente com doença arterial coronariana isquêmica durante a terapia de anticoagulação oral, em doses de 100mg, preferencialmente tendo forma de apresentação como liberação entérica (Classe IIa, Nível A). 
-Cardiomiopatia 
Para os pacientes com AVC isquêmico ou AIT que tem cardiomiopatia dilatada, warfarina (RNI, 2-3) ou terapia de antiagregação plaquetária, pode ser considerada para prevenção de recorrência de eventos (Classe IIb, Nível C). 
-Forame oval patente 
Terapia de anticoagulação pode ser indicada para alguns subgrupos de pacientes quando o forameoval patente for considerado a causa do evento vascular, principalmente quando se tem associação com trombose venosa profunda, aneurisma septo atrial ou estados de hipercoagulabilidade devido ao risco de embolização paradoxal (Classe IV). 
-Doença valvar cardíaca 
Doença reumática de valva mitral (DRVM):Para pacientes com AVC isquêmico ou AIT que tem DRVM, tendo-se presença ou não de FA, anticoagulação por longo prazo com warfarina é desejável, com um alvo de RNI de 2,5 (faixa: 2,0 – 3,0) (Classe IIa, Nível C). Agentes antiagregantes plaquetários não devem ser rotineiramente adicionados à heparina devido ao risco adicional de sangramento (Classe II, Nível C). Para pacientes com AVC isquêmico ou AIT com DRVM, estando ou não presente a FA, tendo-se recorrência do embolismo em vigência do uso da warfarina, a adição de AAS 100mg é sugerida (Classe IIa, Nível C). 
Calcificação anular da valva mitral: Para pacientes com AVC isquêmico que têm regurgitação mitral resultante da calcificação da valva sem FA, antiagregante plaquetário ou terapia com warfarina podem ser considerados (Classe IIb, Nível C). 
Prótese valvar cardíaca: Para pacientes com AVC isquêmico ou AIT portadores de valvas cardíacas mecânicas, anticoagulação oral é recomendada, com RNI alvo de 3,0 (faixa entre 2,5–3,5). Para pacientes com AVC isquêmico ou AIT portadores de prótese cardíaca biológica com nenhuma fonte de tromboembolismo, anticoagulação com warfarina (RNI: 2,0–3,0) pode ser considerada (Classe IIb, Nível C). 
-Estenose carotídea: Para pacientes com AVCI/AIT < 6 meses e estenose carotídea ipsilateral ≥ 70%, está indicada endarterectomia, de preferência dentro de 2 semanas do evento. Para estenose carotídea ipsilateral entre 50% e 69%, é recomendada endarterectomia, dependendo das características dos pacientes: idade (pacientes > 75 anos têm maior benefício), sexo (homem tem efeito protetor maior), comorbidades e severidade dos sintomas (sintomas hemisféricos têm maior benefício do que amaurose fugaz). Não há indicação de endarterectomia em estenose < 50%. Angioplastia com stent pode ser considerada quando realizada por médicos experientes, com morbimortalidade de 4-6% em pacientes com estenose ≥ 70% difícil de acessar cirurgicamente, pacientes com condições médicas que aumentariam muito o risco cirúrgico, estenose carotídea pós-radiação ou reestenose pós-endarterectomia.

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