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Estruturas Metálicas e de Madeira Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Antonio Carlos da Fonseca Bragança Pinheiro Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Estruturas de Madeira • Introdução; • Propriedades Físicas e Mecânicas da Madeira; • Ensaios; • Madeiras para Construção de Estruturas; • Ligações de Peças Estruturais; • Tipos e Critérios de Cálculo; • Montagem. • Apresentar as propriedades físicas e mecânicas da madeira; • Apresentar os ensaios nas madeiras; • Serão apresentadas as madeiras para construção de estruturas, bem como as ligações de peças estruturais; • Tipos e critérios de cálculo e a montagem. OBJETIVOS DE APRENDIZADO Estruturas de Madeira Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Estruturas de Madeira Introdução A madeira utilizada em estruturas deve apresentar propriedades físicas e mecâ- nicas, bem como dimensões compatíveis com as ações atuantes durante a vida útil da estrutura e com as Tecnologias executivas. Assim, é importante conhecer as madeiras comercializadas em cada região, para que se possa fazer um Projeto Estrutural adequado. Propriedades Físicas e Mecânicas da Madeira A madeira é um material não homogêneo com muitas variações. Existem diver- sas espécies árvores com diferentes propriedades. Por isso, é necessário o conheci- mento de todas estas características para um melhor aproveitamento desse material. As madeiras por serem produtos naturais possuem propriedades físicas e mecâ- nicas distintas para cada tipo de madeira e valores médios para cada espécie. Os procedimentos para caracterização das espécies de madeira e a definição desses parâmetros são apresentados nos anexos da Norma Brasileira para Projeto de Estruturas de Madeira, ABNT NBR 7190:1997. As seções e dimensões mínimas exigidas pela Norma ABNT NBR 7190:1997 para peças a serem utilizadas em estruturas são apresentadas na Tabela 1. Tabela 1– Seções e Dimensões Mínimas de Peças Estruturais de Madeira Tipo Elemento Seção mínima (cm2) Dimensão mínima (cm) Peças simples Vigas e Barras principais 50 5,0 Peças secundárias 18 2,5 Peças isoladas das seções múltiplas Peças principais 35 2,5 Peças secundárias 18 1,8 Fonte: Adaptado da ABNT NBR 7190:1997 Para os elementos estruturais, as propriedades da madeira são associadas às suas características físicas e mecânicas. Propriedades Físicas da Madeira As propriedades físicas da madeira utilizada em peças estruturais são: umidade, densidade, estabilidade dimensional (retrabilidade) e resistência ao fogo (Figura 1). 8 9 Resistência ao Fogo umidade Densidade Estabilidade Dimensional (Retrabilidade) PROPRIEDADES FÍSICAS DA MADEIRA ESTRUTURAL Dureza Figura 1 – Propriedades físicas da madeira estrutural • Umidade (U): é dada pela expressão (1): (%) 100i s s m mU x m − = ...(1) Onde: • U: Umidade da madeira; • mi: Massa inicial da madeira (massa úmida); • ms: Massa seca. A umidade de referência, usada no dimensionamento, sempre será referida ao valor de umidade igual a 12%. Valores de resistência obtidos para peças em umidade diferentes de 12% deve- rão ser corrigidos. Serão consideradas desprezíveis as variações de resistência e rigidez para umida- des superiores a 20% e variações de temperaturas entre 10°C e 60°C. • Densidade (ρ): São caracterizados dois tipos de densidade: básica e aparente. A densidade básica é definida pelo quociente da massa seca pelo volume satura- do, dado pela expressão (2): s m m V ρ = ...(2) Onde: • ms: Massa do corpo-de-prova seco (quilogramas ou gramas); • Vm: Volume (metros cúbicos ou centímetros cúbicos). A densidade aparente é umidade padrão de referência calculada para umidade a 12%. 9 UNIDADE Estruturas de Madeira • Estabilidade Dimensional ou Retrabilidade: Redução das dimensões pela perda da água de impregnação da madeira. A madeira tem maior retratibilidade na direção tangencial, seguida pela radial e axial. A estabilidade dimensional da madeira é caracterizada pelas propriedades de retração e de inchamento sendo a madeira considerada um material ortótropo, com direções preferenciais 1, 2 e 3, correspondentes às direções axial, radial e tangencial, respectivamente. Devem ser determinadas a retração tangencial, a retração radial, a retração axial, o inchamento tangencial, o inchamento radial e o inchamento axial; • Dureza: A dureza da madeira de um lote considerado homogêneo é determi- nada pelo método de Janka, sendo associada aos respectivos teores de umi- dade. Ela é medida na direção paralela às fibras (fH0) e na direção Normal às fibras (fH90); • Resistência ao fogo: A madeira tem inflamabilidade. Em altas temperaturas, a resistência não se altera, embora em um incêndio ela possa ser responsável pela propagação do fogo, mas em contrapartida suportará a ação do fogo em alta temperatura durante um período de tempo maior que o aço. Propriedades Mecânicas da Madeira As propriedades mecânicas da madeira estrutural são: módulo de elasticidade e resistência da peça estrutural (Figura 2). Módulo de Elasticidade Resistência à compressão Paralela às Fibras Resistência à compressão Normal às Fibras Resistência à compressão Normal às Fibras Resistência ao Cisalhamento Resistência ao Cisalhamento na Lâmina de Cola Resistência normal à Lâmina de Cola Resistência ao Impacto na Flexão Resistência de embutimento PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA ESTRUTURAL Resistência das Emendas Dentadas e Biseladas Resistência Resistência ao Fendilhamento Resistência à Flexão Resistência à Tração Paralela às Fibras Resistência à Solicitação Inclinada Figura 2 – Propriedades Mecânicas da Madeira Estrutural • Módulo de Elasticidade (E): São definidos diversos módulos de elasticidade em função do tipo e da direção da solicitação em relação às fibras. O valor básico refere-se ao módulo de elasticidade longitudinal na compressão paralela 10 11 às fibras. Os diversos valores dos módulos de elasticidade da madeira são definidos em função do tipo de solicitação: compressão paralela e Normal, flexão e torção. A ABNT NBR 7190:1997 considera que o valor de E é igual para solicitações de compressãoe tração, ou seja, Et = Ec. A medida pelo valor médio do módulo de elasticidade na fase de comportamen- to elástico-linear é denominada Rigidez. Resistência é a aptidão da matéria para suportar tensões. No caso da madeira estrutural, ela pode ser: • Resistência à compressão paralela às fibras: Máxima resistência Normal suportada pela peça de madeira no esforço de compressão na direção paralela às fibras da peça de madeira estrutural; • Resistência à compressão normal às fibras: Máxima resistência Normal suportada pela peça de madeira no esforço de compressão na direção Normal às fibras da peça de madeira estrutural; • Resistência à tração paralela às fibras: Máxima resistência Normal suporta- da pela peça de madeira no esforço de tração na direção paralela às fibras da peça de madeira estrutural; • Resistência à compressão normal às fibras: Máxima resistência Normal suportada pela peça de madeira no esforço de compressão na direção Normal às fibras da peça de madeira estrutural; • Resistência ao cisalhamento: Máxima resistência de cisalhamento suportada pela peça de madeira estrutural; • Resistência ao fendilhamento: Máxima resistência de fendilhamento supor- tada pela peça de madeira estrutural; • Resistência à flexão: Máxima resistência de flexão suportada pela peça de madeira estrutural; • Resistência ao impacto na flexão: Máxima resistência ao impacto na flexão suportada pela peça de madeira estrutural; • Resistência à solicitação inclinada: Máxima resistência suportada pela peça de madeira na solicitação oblíqua às fibras da peça de madeira estrutural; • Resistência de embutimento: Máxima resistência de embutimento suportada pela peça de madeira estrutural; • Resistência ao cisalhamento na lâmina de cola: Máxima resistência ao cisa- lhamento na lâmina de cola suportada pela peça de madeira estrutural; • Resistência normal à lâmina de cola: Máxima resistência Normal à lâmina de cola suportada pela peça de madeira estrutural; • Resistência das emendas dentadas e biseladas: Máxima resistência suporta- da nas emendas dentadas e biseladas realizadas na peça de madeira estrutural. 11 UNIDADE Estruturas de Madeira Ensaios Os ensaios nos elementos estruturais de madeira têm como objetivo a caracteri- zação das propriedades das madeiras existentes no Mercado. A caracterização das madeiras estruturais pode ser: Completa da Resistência da Madeira Serrada; Mínima da Resistência de Espécies Pouco Conhecidas; Simplifi- cada da Resistência da Madeira Serrada; Rigidez da Madeira e Outras Propriedades da Madeira. Caracterização Completa da Resistência da Madeira Estrutural Serrada A caracterização completa das propriedades de resistência da madeira para pro- jeto de estruturas deve ser realizada conforme os métodos de ensaio especificados no Anexo B da Norma ABNT NBR 7190:1997, a serem referidos à condição- -padrão de umidade U=12% (Figura 3): • Resistência à Compressão Paralela às Fibras (fwc,0 ou fc,0): Determinada em ensaios de compressão uniforme, com duração total entre 3 min e 8 min, de corpos-de-prova com seção transversal quadrada de 5cm de lado e com com- primento de 15cm; • Resistência à Tração Paralela às Fibras (fwt,0 ou ft,0): Determinada em en- saios de tração uniforme, com duração total de 3min a 8min, de corpos-de- -prova alongados, com trecho central de seção transversal uniforme de área A e comprimento não menor que 8A, com extremidades mais resistentes que o trecho central e com concordâncias que garantam a ruptura no trecho central; • Resistência à Compressão Normal às Fibras (fwc,90 ou fc,90): Determinada em um ensaio de compressão uniforme, com duração total de 3min a 8min, de corpos-de-prova de seção quadrada de 5cm de lado e com comprimento de 10cm; • Resistência à Tração Normal às Fibras (fwt,90 ou ft,90): Determinada por meio de ensaios padronizados. Observação Para efeito de Projeto Estrutural, considera-se como nula a resistência à tração Normal às fibras das peças de madeira. • Resistência ao Cisalhamento Paralelo às Fibras (fwv,0 ou fv,0): Determinada pelo ensaio de cisalhamento paralelo às fibras; • Resistência de Embutimento Paralelo às Fibras (fwe,0 ou fe,0) e Resistência de Embutimento Normal às Fibras (fwe,90 ou fe,90): Determinadas por meio de ensaios padronizados; 12 13 • Densidade Básica: É a massa específica convencional obtida pelo quociente da massa seca pelo volume saturado. A massa seca é determinada mantendo- -se os corpos-de-prova em estufa a 103°C até que a massa do corpo-de-prova permaneça constante. O volume saturado é determinado em corpos-de-prova submersos em água até atingirem peso constante. A densidade aparente é ob- tida com os corpos-de-prova a 12% de umidade. Densidade Básica Resistência à Tração Normal às Fibras Resistência à Compressão Normal às Fibras Resistência à Tração paralela às Fibras Resistência à Compressão paralela às Fibras Resistência ao Embutimento Paralelo às Fibras Resistência ao Cisalhamento Paralelo às Fibras CARACTERIZAÇÃO COMPLETA DA RESISTÊNCIA DA MADEIRA ESTRUTURAL SERRADA Figura 3 – Caracterização Completa da Resistência da Madeira Estrutural Serrada A amostragem para a investigação direta de lotes de madeira serrada considera- dos homogêneos, cada lote não deve ter volume superior a 12m3. Do lote a ser investigado deve-se extrair uma amostra, com corpos-de-prova dis- tribuídos aleatoriamente ao longo do lote, devendo ser representativa da totalidade dele. Para isso, não se deve retirar mais de um corpo-de- prova de uma mesma peça. Os corpos-de-prova devem ser isentos de defeitos e retirados de regiões afasta- das das extremidades das peças de pelo menos cinco vezes a menor dimensão da seção transversal da peça considerada, mas nunca menor que 30cm. O número mínimo de corpos-de-prova deve atender aos objetivos da caracteri- zação: • Caracterização simplificada: seis corpos-de-prova. • Caracterização mínima da resistência de espécies pouco conhecidas: doze corpos-de-prova. Caracterização Mínima da Resistência de Espécies Pouco Conhecidas Para o projeto estrutural, a caracterização mínima de espécies que são pouco conhecidas deve ser feita por meio da determinação dos seguintes valores, referidos à condição-padrão de umidade em ensaios realizados de acordo com o Anexo B da Norma ABNT NBR 7190:1997 (Figura 4): 13 UNIDADE Estruturas de Madeira • Resistência à Compressão Paralela às Fibras (fwc,0 ou fc,0); • Resistência à Tração Paralela às Fibras (fwt,0 ou ft,0): É permitido admitir, na impossibilidade da realização do ensaio de tração uniforme, que este valor seja igual ao da resistência à tração na flexão; • Resistência ao Cisalhamento Paralelo às Fibras (fwv,0 ou fv,0); • Densidade Básica e Densidade Aparente. Densidade Básica e Densidade Aparente Resistência ao Cisalhamento Paralelo às Fibras Resistência à Compressão Paralela às Fibras Resistência à Tração Paralela às Fibras CARACTERIZAÇÃO MÍNIMA DA RESISTÊNCIA POUCO CONHECIDAS Figura 4 – Caracterização Mínima da Resistência de Espécies Pouco Conhecidas Caracterização Simplificada da Resistência da Madeira Serrada A Norma ABNT NBR 7190:1997 permite a caracterização simplificada das re- sistências da madeira de espécies usuais a partir dos ensaios de compressão para- lela às fibras. Para as resistências aos esforços Normais, admite-se um coeficiente de variação de 18% e para as resistências a esforços tangenciais, um coeficiente de variação de 28%. Para as espécies usuais, na falta da determinação experimental, permite-se ado- tar as seguintes relações para os valores característicos das resistências: fc0,k/ft0,k = 0,77 ...(3) ftM,k/ft0,k = 1,0 ...(4) fc90,k/fc0,k = 0,25 ...(5) fe0,k/fc0,k = 1,0 ...(6) fe90,k/fc0,k = 0,25 ...(7) Para coníferas: fv0,k/fc0,k = 0,15 ...(8) Para dicotiledôneas: fv0,k/fc0,k = 0,12 ...(9) Caracterização da Rigidez da Madeira A caracterização da rigidez das madeiras deve respeitar os métodos de ensaio especificados noAnexo B da Norma ANBT NBR 7190:1997. A caracterização completa de rigidez das madeiras é feita por meio da determi- nação dos seguintes valores, que devem ser referidos à condição-padrão de umida- de U=12% (Figura 5): 14 15 • Valor Médio do Módulo de Elasticidade na Compressão Paralela às Fi- bras (Ec0,m): Determinado com pelo menos dois ensaios; • Valor Médio do Módulo de Elasticidade na Compressão Normal às Fibras (Ec90,m): Determinado com pelo menos dois ensaios. CARACTERIZAÇÃO DA RIGIDEZ DA MADEIRA Valor Médio do Módulo de Elasticidade na Compressão Paralela às Fibras Valor Médio do Módulo de Elasticidade na Compressão Normal ás Fibras Figura 5 – Caracterização da Rigidez da Madeira Observações Admite-se que sejam iguais os valores médios dos módulos de elasticidade à compressão e à tração paralela às fibras: Ec0,m = Et0,m. A caracterização simplificada da rigidez das madeiras pode ser feita apenas na compressão paralela às fibras, admitindo-se a relação: Ew90 = (1/20) Ew0 Na impossibilidade da realização do ensaio de compressão simples, permite-se avaliar o módulo de elasticidade (Ec0,m) por meio de ensaio de flexão, de acordo com o método especificado no Anexo B da Norma ABNT NBR 7190:1997. Por esse ensaio, determina-se o módulo aparente de elasticidade na flexão EM, admitindo as seguintes relações: Coníferas: EM = 0,85 Ec0 ...(10) Dicotiledôneas: EM = 0,90 Ec0 ...(11) Caracterização de outras propriedades da Madeira Os métodos de ensaio para determinação de propriedades das madeiras para Projeto de Estruturas, tendo em vista a caracterização completa das madeiras, a caracterização mínima e a caracterização simplificada, são definidos na seção 6 da Norma ABNT NBR 7190:1997. Além disso, ela contém métodos de ensaios para determinação de outras pro- priedades da madeira, que servem exclusivamente como elementos comparativos das resistências entre diferentes espécies: • Umidade; • Densidade; • Estabilidade Dimensional; • Compressão Paralela às Fibras; • Tração Paralela às Fibras; 15 UNIDADE Estruturas de Madeira • Compressão Normal às Fibras; • Tração Normal às Fibras; • Cisalhamento; • Fendilhamento; • Flexão; • Dureza; • Resistência ao Impacto na Flexão; • Embutimento; • Cisalhamento na Lâmina de Cola; • Tração Normal à Lâmina de Cola; • Resistência das Emendas Dentadas e Biseladas. Madeiras para Construção de Estruturas As madeiras estruturais são classificadas de acordo com suas classes de resistên- cia, que têm por objetivo o emprego de madeiras com propriedades padronizadas, orientando a escolha do material para elaboração de projetos estruturais. A Norma ABNT NBR 7190:1997 apresenta as características físicas e mecâni- cas de madeiras de alguns tipos de madeiras estruturais das famílias das coníferas e da família das dicotiledôneas. Coníferas Conífera é a designação utilizada para designar as plantas gimnospérmicas da divisão Coniferophyta ou Pinophyta), composta na sua maioria por árvores, mas também contém arbustos escandentes (arbustos que sobem na direção da luz do Sol), presentes nas regiões tropicais e temperadas do Planeta, onde são o principal componente da flora alpina (Figura 6). Pinus Caribea Pinus Bahamensis Pinus Hondurensis Pinho do Paraná Pinus Elliottii Pinus Ooocarpa Pinus Taeda ÁRVORES CONÍFERAS COM MADEIRA ESTRUTURAL Figura 6 – Exemplos de Árvores Coníferas com Madeira Estrutural 16 17 São os vegetais com maior tempo de vida. Por exemplo, entre os pinheiros do estado da Califórnia (EUA), existem exemplares com mais de 4600 anos. No he- misfério norte, as coníferas formam extensos bosques em zonas de clima rigoroso, que não podem ser povoadas por outras árvores. Como exemplos de arvores coníferas, tem-se as árvores do gênero Pinus, como os pinheiros da Europa (P. pinaster, P. pinea e P. sylvestris, entre outros), os abetos, os chamaciparis, as sequoias, os cedrus, os ciprestes e as araucárias (pinheiros- do-paraná). As sequoias do estado da Califórnia (EUA) chegam a medir mais de 100m de altura e podem viver mais de 3.000 anos. Um espécime de pinheiro da espécie Picea abies, utilizado como árvore de Natal, existente no Parque Natural Fulufjället, em Dalarna (Suécia), é considerado a planta mais antiga do mundo, tendo mais 9.500 anos de idade. As coníferas da espécie pinófitas são os seres vivos mais altos, mais corpulentos e mais velhos que existem na Terra. O mais alto é uma sequoia que tem a altura de 112,34m. O mais corpulento é outra sequoia, que tem um volume de 1486,9m³. A árvore com o maior diâmetro de tronco é um cipreste de Montezuma, com 11,42m de diâmetro, e a mais velha é um pinheiro, com 4700 anos. O número total de espécies de coníferas é relativamente pequeno, comparado à quantidade de exemplares de outros grupos. As coníferas têm grande importân- cia ecológica, porque são as plantas dominantes em grandes áreas da Terra, princi- palmente, nas florestas boreais, mas também em montanhas com clima semelhante em regiões temperadas ou tropicais. Muitas coníferas produzem resina para proteger a árvore da infestação por inse- tos ou fungos. O âmbar é exemplo de uma resina fossilizada. Por causada de suas características físicas, mecânicas e dimensões, muitas es- pécies dessas árvores têm um grande valor econômico, principalmente para a produção de madeira. Dicotiledôneas Dicotiledôneas também são conhecidas como magnoliopsidas. Elas são plantas angiospermas, isto é, que possuem dois ou mais cotilédones na semente. Os cotilé- dones são as folhas iniciais dos embriões das plantas. Como exemplos de plantas dicotiledôneas tem-se: abacateiro, acerola, algodoeiro, amendoim, cactos, café, cerejeira, feijão, ipê, soja, macieira, margarida, mogno, pau- -brasil, pereira, peroba, roseira e vitória-régia (Figura 7). 17 UNIDADE Estruturas de Madeira Eucalyptus Saligna Eucalyptus Tereticomis Eucalyptus Triantha Eucalyptus Umbra Eucalyptus Urophylla Jatobá Mandioqueira Garapa Roraima Guaiçara Guarucaia Quarubarana Sucupira Tatajuba Ipê ÁRVORES DICOTILEDÔNEAS COM MADEIRA ESTRUTURAL Louro preto Maçaranduba Oiticica amarela Figura 7 – Exemplos de Árvores Dicotiledôneas com Madeira Estrutural Somente alguns tipos de plantas dicotiledôneas podem ser utilizadas como ele- mentos componentes de estruturas de madeira em função de suas características físicas e mecânicas, bem como dimensionais. As peças de madeira que podem ser utilizadas em estruturas de madeira devem ter seu enquadramento nas classes de resistência especificadas na Norma ABNT NBR 7190:1997 (Tabelas 2 e 3). Tabela 2 – Classes de Resistência das Coníferas Coníferas (Valores na condição-padrão de referência U = 12%) Classes fc0k (MPa) fvk (MPa) Ec0,m (MPa) ρbas,m (kg/m3) ρaparente (kg/m3) C 20 20 4 3 500 400 500 C 25 25 5 8 500 450 550 C 30 30 6 14 500 500 600 Fonte: ABNT NBR7190:1997 Tabela 3 – Classes de Resistência das Dicotiledôneas Dicotiledônias (Valores na condição-padrão de referência U = 12%) Classes fc0k (MPa) fvk (MPa) Ec0,m (MPa) ρbas,m (kg/m3) ρaparente (kg/m3) C 20 20 4 9 500 500 650 C 30 30 5 14 500 650 800 C 40 40 6 19 500 750 950 C 60 60 8 24 500 800 1 000 Fonte: ABNT NBR7190:1997 Onde: • fc0k: Resistência característica à compressão paralela às fibras; • Fvk: Resistência característica de cisalhamento; 18 19 • Ec0,m: Módulo de elasticidade longitudinal médio obtido no ensaio de compres- são paralela às fibras; • ρbas,m (12%): Densidade básica média a 12% de umidade; • ρaparente (12%): Massa específica parente a 12% de umidade. A Norma ABNT NBR 7190:1997 apresenta os valores médios da massa espe- cífica, resistências e o módulo de elasticidade das plantas coníferas e das plantas dicotiledôneas (Tabela 4 e 5). Tabela 4 – Valores Médios de Madeiras Coníferas Nativas e de Refl orestamento Nome Comum (coníferas) ρap (12%) (kg/m3) fc0 (MPa) ft0 (MPa) ft90 (MPa) fv (MPa) Ec0 (MPa) Pinho do Paraná 580 40,9 93,1 1,6 8,8 15 225 PinusCaribea 579 35,4 64,8 3,2 7,8 8 431 Pinus Bahamensis 537 32,6 52,7 2,4 6,8 7 110 Pinus Hondurensis 535 42,3 50,3 2,6 7,8 9 868 Pinus Elliottii 560 40,4 66,0 2,5 7,4 11 889 Pinus Ooocarpa 538 43,6 60,9 2,5 8,0 10 904 Pinus Taeda 645 44,4 82,8 2,8 7,7 13 304 Fonte: ABNT NBR7190:1997 Tabela 5 – Valores Médios de Madeiras Dicotiledôneas Nativas e de Refl orestamento Nome Comum (dicotiledôneas) ρap (12%) (kg/m3) fc0 (MPa) ft0 (MPa) ft90 (MPa) fv (MPa) Ec0 (MPa) Eucalyptus Saligna 731 46,8 95,5 4,0 8,2 14.933 Eucalyptus Tereticomis 899 57,7 115,9 4,6 9,7 17.198 Eucalyptus Triantha 755 53,9 100,9 2,7 9,2 14.617 Eucalyptus Umbra 889 42,7 90,4 3,0 9,4 14.577 Eucalyptus Urophylla 739 46,0 85,1 4,1 8,3 13.166 Garapa Roraima 892 78,4 108,0 6,9 11,9 18.359 Guaiçara 825 71,4 115,6 4,2 12,5 14.624 Guarucaia 919 62,4 70,9 5,5 15,5 17.212 Ipê 1.068 76,0 96,8 3,1 13,1 18.011 Jatobá 1.074 93,3 157,5 3,2 15,7 23.607 Louro preto 684 56,5 111,9 3,3 9,0 14.185 Maçaranduba 1.143 82,9 138,5 5,4 14,9 22.733 Mandioqueira 856 71,4 89,1 2,7 10,6 18.971 Oiticica amarela 756 69,9 82,5 3,9 10,6 14.719 Quarubarana 544 37,8 58,1 2,6 5,8 9.067 Sucupira 1.106 95,2 123,4 3,4 11,8 21.724 Tatajuba 940 79,5 78,8 3,9 12,2 19.583 Fonte: ABNT NBR7190:1997 19 UNIDADE Estruturas de Madeira Onde: • ρap (12%): Massa específica parente a 12% de umidade; • fc0: Resistência à compressão paralela às fibras; • ft0: Resistência à tração paralela às fibras; • ft90: Resistência à tração Normal às fibras; • fv: Resistência ao cisalhamento; • Ec0: Módulo de elasticidade longitudinal obtido no ensaio de compressão pa- ralela às fibras. Ligações de Peças Estruturais Segundo a Norma ABNT NBR 7190:1997, as ligações mecânicas das peças de madeira podem ser feitas por meio dos seguintes elementos (Figura 8): • Pinos metálicos: Podem ser constituídos por pregos ou parafusos; • Cavilhas: São pinos de madeira torneados; • Conectores: Podem ser constituídos por anéis metálicos ou por chapas metá- licas com dentes estampados. Parafusos Anéis Metálicos Chapas com Dentes ConectoresPinos Metálicos Cavilhas Pregos LIGAÇÕES DE PEÇAS ESTRUTURAIS DE MADEIRA Figura 8 – Ligações de Peças Estruturais de Madeira No cálculo das ligações, não é permitido levar em conta o atrito das superfícies em contato, nem de esforços transmitidos por estribos, braçadeiras ou grampos. Devem ser respeitados os espaçamentos especificados e a pré-furação especifi- cada para evitar o fendilhamento da madeira em virtude da presença dos elementos de união. 20 21 Ligações com pinos metálicos As ligações com dois ou três pinos são consideradas deformáveis. Sua utilização somente é permitida em estruturas isostáticas. No projeto, essas ligações serão calcu- ladas como se fossem rígidas, dando-se à estrutura isostática uma contraflecha com- pensatória, de pelo menos L/100, onde L é o vão teórico da estrutura considerada. Nunca serão utilizadas ligações com um único pino. As ligações com quatro ou mais pinos podem ser consideradas rígidas nas se- guintes condições: • As ligações pregadas com quatro ou mais pregos são consideradas rígidas, desde que respeitados os diâmetros de pré-furação especificados na Norma ABNT NBR 7190:1997; • As ligações parafusadas com quatro ou mais parafusos são consideradas rígi- das ou deformáveis, de acordo com o diâmetro de pré-furação adotado, con- forme Norma ABNT NBR 7190:1997. Pré-furação das ligações pregadas Em uniões pregadas será obrigatoriamente feita a pré-furação da madeira, com diâmetro d0 não maior que o diâmetro def do prego, com os valores usuais: • Coníferas: d0 = 0,85 def ...(12); • Dicotiledôneas: d0 = 0,98 def ...(13). Onde: • def: Diâmetro efetivo medido nos pregos a serem usados. Em estruturas provisórias, admite-se o emprego de ligações pregadas sem a pré- -furação da madeira, desde que se empreguem madeiras moles de baixa densidade, ρap ≤ 600 kg/m3, que permitam a penetração dos pregos sem risco de fendilha- mento, e pregos com diâmetro d não maior que 1/6 da espessura da madeira mais delgada e com espaçamento mínimo de 10 d. Pré-furação das ligações parafusadas Para que as ligações parafusadas sejam consideradas rígidas, a pré-furação deve ser feita com diâmetro d0 não maior que o diâmetro d do parafuso, acrescido de 0,5mm. Caso sejam empregados diâmetros d0 maiores, a ligação deve ser conside- rada deformável. 21 UNIDADE Estruturas de Madeira Resistência dos pinos A resistência total de um pino de ligação é dada pela soma das resistências cor- respondentes às suas diferentes seções de corte. Nas ligações com até oito pinos em linha, dispostos paralelamente ao esforço a ser transmitido, a resistência total é dada pela soma das resistências de cada um dos pinos. Nas ligações com mais de oito pinos, os pinos suplementares devem ser conside- rados com apenas 2/3 de sua resistência individual. Nesse caso, sendo n o número efetivo de pinos, a ligação deve ser calculada com o número convencional: N0 = 8 + 2/3 (n - 8) ...(14) Os pregos estruturais devem ser feitos de aço com resistência característica de escoamento fyk de pelo menos 600MPa, e devem ter diâmetro mínimo de 3mm. Recomenda-se que os parafusos estruturais tenham diâmetros não menores que 10mm e resistência característica de escoamento fyk de pelo menos 240MPa. A resistência de um pino, correspondente a uma dada seção de corte entre duas peças de madeira, é determinada em função das resistências de embutimento fwed das duas madeiras interligadas, da resistência de escoamento fyd do pino metálico, do diâmetro d do pino e de uma espessura convencional t, tomada com a menor das espessuras t1 e t2 de penetração do pino em cada um dos elementos ligados. Nas ligações parafusadas, deve ser d ≤ t/2, e nas ligações pregadas, deve ser d ≤ t/5. Permite-se d ≤ t/4 nas ligações pregadas, desde que d0 = def Nas ligações pregadas, a penetração em qualquer uma das peças ligadas não deve ser menor que a espessura da peça mais delgada. Caso contrário, o prego será considerado não resistente. Em ligações localizadas, a penetração da ponta do prego na peça de madeira mais distante de sua cabeça deve ser de pelo menos 12d ou igual à espessura dessa peça. Em ligações corridas, essa penetração pode ser limitada ao valor de t1. O valor de cálculo da resistência de um pino metálico correspondente a uma única seção de corte é determinado em função do valor do parâmetro: β = t / d ...(15) Onde: t: Espessura convencional da madeira; d: Diâmetro do pino, estabelecendo-se como valor limite: �lim , ...( )�1 25 16 f f yd ed 22 23 Sendo: fyd: Resistência de cálculo ao escoamento do pino metálico, determinada a partir de fyk com γs=1,1. fed: Resistência de cálculo de embutimento. Ligações com Cavilhas As cavilhas devem ser torneadas e feitas com madeiras duras da classe C60 ou com madeiras moles de ρap ≤ 600 kg/m 3 impregnadas com resinas que aumentem sua resistência. Para emprego em cavilhas, as madeiras impregnadas devem ter resistências compatíveis com a classe C60. Admite-se o emprego de cavilhas estruturais apenas com os diâmetros de 16mm, 18mm e 20mm. Ligações com Conectores Anéis Metálicos Admite-se o emprego de anéis metálicos estruturais apenas com diâmetros inter- nos d de 64mm e 102mm. Os anéis de 64mm e 102mm devem ser acompanhados por parafusos de 12mm e 19mm, respectivamente, colocados no centro do anel. Os anéis devem ser fabricados com aço submetido às prescrições da Norma ABNT NBR 8800:2008. As ligações com anéis são consideradas rígidas. Os anéis de 64mm de diâmetro devem ter espessura da parede não menor que 4mm, e os anéis de 102mm de diâmetro devem ter espessura não menor que 5mm. Chapas com Dentes Estampados As chapas com dentes estampados somente podem ser empregadas em ligações estruturais quando a eficiência da cravação for garantida por seu executor. Espaçamentos entre Elementos de Ligação Espaçamentos em Ligações com Pinos (pregos com pré-furação,parafusos e cavilhas) Os espaçamentos mínimos recomendados são os seguintes: • Entre o centro de dois pinos situados em uma mesma linha paralela à direção das fibras: pregos, cavilhas e parafusos afastados 6 d; parafusos 4 d; 23 UNIDADE Estruturas de Madeira • Do centro do último pino à extremidade de peças tracionadas: 7 d; • Do centro do último pino à extremidade de peças comprimidas: 4 d; • Entre os centros de dois pinos situados em duas linhas paralelas à dire- ção das fibras, medido perpendicularmente às fibras: 3 d; • Do centro de qualquer pino à borda lateral da peça, medido perpendicu- larmente às fibras, quando o esforço transmitido for paralelo às fibras: 1,5 d; • Do centro de qualquer pino à borda lateral da peça, medido perpendicu- larmente às fibras, quando o esforço transmitido for Normal às fibras, do lado onde atuam tensões de tração Normal: 1,5 d; • Do centro de qualquer pino à borda lateral da peça, medido perpendicu- larmente às fibras, quando o esforço transmitido for Normal às fibras, do lado onde atuam tensões de compressão Normal: 4 d. Espaçamentos em Ligações com Anéis Metálicos Nas ligações em que forem usados anéis metálicos, eles devem ser aplicados em ranhuras previamente feitas nas peças de madeira, com ferramentas apropriadas. Os espaçamentos mínimos recomendados são os seguintes: • Entre os centros de anéis metálicos na direção das fibras: 1,5 d; • Do centro de qualquer anel metálico à extremidade da peça, no caso de esforço de tração paralelo às fibras: 1,5 d; • Do centro de qualquer anel metálico à extremidade da peça, no caso de esforço de compressão paralelo às fibras: 1,0 d; • Do centro de qualquer anel metálico à borda lateral: 0,75 d; • Do centro de qualquer anel metálico à borda lateral da peça, medido perpendicularmente às fibras, quando o esforço transmitido for Normal às fibras, do lado onde são acarretadas tensões de tração Normal: 1,0 d; • Do centro de qualquer anel metálico à borda lateral da peça, medido perpendicularmente às fibras, quando o esforço transmitido for Normal às fibras, do lado onde são acarretadas tensões de compressão Normal: 0,75 d. O diâmetro mínimo do parafuso será de 12mm para anéis metálicos com 64mm de diâmetro interno e de 19mm para anéis metálicos com diâmetro interno de 102 mm. Tipos e Critérios de Cálculo Devem ser avaliados os estados limites de utilização, estados limites de deforma- ções e estados limites de vibrações. 24 25 Estados Limites de Utilização Na verificação da segurança das estruturas de madeira são usualmente conside- rados os estados limites de utilização, que são caracterizados por (Figura 9): • Deformações excessivas: Que afetam a utilização Normal da construção ou seu aspecto estético; • Danos em materiais não estruturais da construção: Em decorrência de deformações da estrutura; • Vibrações excessivas. Vibrações excessivas Deformações excessivas Danos em Materiais não estruturais na Construção ESTADOS LIMITES DE ULTILIZAÇÃO DA MADEIRA ESTRUTURAL Figura 9 – Estados limites de utilização de Estruturas de Madeira Critério de Verificação da Segurança A verificação da segurança em relação aos estados limites de utilização deve ser feita por condições do tipo: Sd,uti ≤ Slim ...(17) Onde: • Slim: Valor limite fixado para o efeito estrutural que determina o aparecimento do estado limite considerado; • Sd,uti: Valores desses mesmos efeitos, decorrentes da aplicação das ações es- tabelecidas para a verificação, calculados com a hipótese de comportamento elástico linear da estrutura. Para essas verificações, admite-se: γf = 1,0, exceto se houver exigência em contrário, expressa em Norma especial. No cálculo de Sd,uti devem ser levados em conta os coeficientes de combinação ψ1 e ψ2, cujos valores são estabelecidos para os casos usuais pela Norma ABNT NBR 7190:1997. Nas construções usuais, as verificações da segurança em relação aos estados limites de utilização são feitas admitindo-se apenas os carregamentos usuais, cor- respondentes às combinações de longa duração: 25 UNIDADE Estruturas de Madeira F F Fd uti i m Gi k j j n Qj k, , , ...( )� � � � � � 1 2 1 18� Nas construções em que haja materiais frágeis não estruturais e nas construções em que o controle de deformações seja particularmente importante, a verificação da segurança deve ser feita com as combinações de média ou de curta duração especificadas respectivamente na Norma ABNT NBR 7190:1997, a critério do proprietário da obra, em função do rigor da segurança pretendida. Em casos especiais, a critério do proprietário da construção, pode ser exigida a verificação da segurança em função das combinações de duração instantânea, especificadas na Norma ABNT NBR 7190:1997. A determinação das deformações das estruturas deve ser feita em função das classes de umidade que serão mantidas durante a vida útil da construção, e das classes de carregamento, definidas na Norma ABNT NBR 7190:1997. A consideração dos efeitos da umidade e da duração do carregamento é feita considerando-se o módulo de elasticidade efetivo Ec0,ef da madeira. Estados Limites de Deformações A menos que haja restrições especiais impostas por Normas particulares ou pelo proprietário da construção, a verificação da segurança em relação aos estados limi- tes de deformações deve ser feita como indicado a seguir (Figura 10). Deformações Limites para Construções Especiais Deformações Limites para as Construções Correntes ESTADOS LIMITES DE DEFORMAÇÃO DA MADEIRA ESTRUTURAL Deformações Limites para as Construções com Materiais Frágeis Não Estruturais Figura 10 – Estados limites de deformações em Estruturas de Madeira Deformações Limites para as Construções Correntes Deve ser verificada a segurança em relação ao estado limite de deformações excessivas que possam afetar a utilização Normal da construção ou seu aspecto estético, considerando apenas as combinações de ações de longa duração, levando- -se em conta a rigidez efetiva definida pelo módulo Ec0,ef, especificado na Norma ABNT NBR 7190:1997. 26 27 A flecha efetiva uef, determinada pela soma das parcelas devidas à carga perma- nente uG e à carga acidental uQ, não pode superar 1/200 dos vãos, nem 1/100 do comprimento dos balanços correspondentes. As flechas devidas às ações permanentes podem ser parcialmente compensadas por contraflechas u0 dadas na construção. Nesse caso, na verificação da segurança, as flechas devidas às ações permanentes podem ser reduzidas de u0, mas não se considerando reduções superiores a 2/3 uG. Nos casos de flexão oblíqua, os limites anteriores de flechas podem ser cerifica- dos isoladamente para cada um dos planos principais de flexão. Deformações Limites para as Construções com Materiais Frágeis não Estruturais Nas construções em que haja materiais frágeis ligados à estrutura, como forros, pisos e divisórias, cuja fissuração não possa ser evitada por meio de disposições construtivas adequadas, a verificação da segurança em relação aos estados limites de deformações, procura-se evitar danos a esses materiais não estruturais. Nesses casos, as combinações de ações a considerar são as especificadas na Norma ABNT NBR 7190:1997, conforme o rigor da segurança pretendida. As flechas totais, incluindo o efeito da fluência, devido às combinações de ações consideradas, não devem superar 1/350 dos vãos, nem 1/175 do comprimento dos balanços correspondentes. As flechas devidas apenas às ações variáveis da combinação consideradas não de- vem superar 1/300 dos vãos ou 1/150 do comprimento dos balanços corresponden- tes, nem o valor absoluto de 15 mm. Deformações Limites para Construções Especiais Em construções especiais, tais como formas para concreto estrutural, por exem- plo, em cimbramentos, torres etc., as deformações limites devem ser estabelecidas pelo proprietário da construção, ou por Normas especiais referentes a elas. Estados Limites de Vibrações Em construções submetidas a fontes de vibração,devem ser adotadas disposi- ções construtivas que evitem a presença de vibrações excessivas da estrutura. Nas estruturas sobre as quais o público em geral pode caminhar, devem ser evitadas vibrações que tragam desconforto aos usuários. No caso particular de pisos sobre os quais as pessoas andem regularmente, como os de residências e escritórios, a menor frequência natural de vibração dos elementos da estrutura do piso não deve ser inferior a 8Hz. Para essa finalidade, as placas compostas por elementos diagonais podem ser assimiladas a peças maciças. 27 UNIDADE Estruturas de Madeira Para as construções correntes, admite-se que essa condição fique satisfeita se a aplicação do carregamento correspondente à combinação de curta duração, esta- belecida na Norma ABNT NBR 7190:1997, não provocar flecha imediata superior a 15mm, considerando-se o módulo de elasticidade. Montagem Como disposições gerais construtivas, o sistema estático deve estar claramente definido, de modo a reduzir ao mínimo as incertezas sobre os valores dos esforços nas seções críticas. Nos sistemas estruturais estaticamente indeterminados, deve-se ter sempre em vista o emprego obrigatório de ligações rígidas como definidas na Norma ABNR NBR 7190:1997. Para evitar a deterioração rápida das peças, devem ser tomadas precauções, tais como: tratamento preservativo adequado, facilidade de escoamento das águas e arejamento de faces vizinhas e paralelas. Todas as peças da estrutura devem ser projetadas de modo a oferecer facilidade de inspeção. As peças porventura sujeitas a uma deterioração mais rápida que o resto da es- trutura devem ser facilmente substituíveis, tomando-se as precauções para facilitar essas operações, que devem ser consideradas como parte Normal dos trabalhos de conservação. No caso de pontes ferroviárias lastradas, os pranchões resistentes, dispostos transversalmente, deverão ser de madeira tratada. Em pontes rodoviárias ou para pedestres, sem revestimento protetor, deve-se admitir uma camada de desgaste com pelo menos 2cm de espessura. Dimensões Mínimas Dimensões mínimas das seções transversais Nas peças principais isoladas, como vigas e barras longitudinais de treliças, a área mínima das seções transversais será de 50cm2 e a espessura mínima de 5cm. Nas peças secundárias, esses limites reduzem-se, respectivamente, a 18cm2 e 2,5 cm. Nas peças principais múltiplas, a área mínima da seção transversal de cada ele- mento componente será de 35cm2 e a espessura mínima de 2,5cm. Nas peças secundárias múltiplas, esses limites reduzem-se respectivamente a 18cm2 e 1,8cm. 28 29 Diâmetros mínimos de pinos e cavilhas O diâmetro dos pregos, parafusos e cavilhas deve respeitar as exigências da Norma ABNT NBR 7190:1997. Dimensões mínimas das arruelas Na fixação dos parafusos, devem ser usadas arruelas com diâmetro ou comprimento do lado de pelo menos 3 d (d é o diâmetro do parafuso) sob a cabeça e a porca. As arruelas devem estar em contato total com as peças de madeira. A espessura mínima das arruelas de aço será de 9mm nas pontes de 6mm em outras estruturas, não devendo em caso algum ser inferior a 1/8 do lado, no caso de arruelas quadradas, ou do diâmetro, no caso de arruelas circulares. A área útil mínima das arruelas deve ser tal que permita utilizar todo o esforço de tração admissível no parafuso, sem exceder a resistência à compressão normal da madeira. Espessura mínima das chapas de aço A espessura mínima das chapas de aço das ligações será de 9mm nas pontes e 6mm em outros casos. Esbeltez máxima Não será permitido o emprego de peças comprimidas de seção retangular cheia ou de peças comprimidas múltiplas cujo comprimento teórico de referência L0, de- finido na Norma ABNT NBR 7190:1997, exceda 40 vezes a dimensão transversal correspondente. Nas peças tracionadas, esse limite é de 50 vezes. Ligações Ligações com pinos ou cavilhas Nas regiões de ligação, devem ser evitados lascamentos, nós, ranhuras ou outros defeitos que possam comprometer a resistência da ligação. A menos que esteja de outra maneira especificada, os pregos deverão ser crava- dos em ângulos aproximadamente retos em relação às fibras da madeira. A superfí- cie das cabeças dos pregos deve estar nivelada com a superfície da madeira. A pré-furação para pregos e parafusos deve respeitar as especificações da Nor- ma ABNT NBR 7190:1997. Os eixos das barras de treliças devem encontrar-se, sempre que possível, nas posições teóricas dos nós. Caso isto não ocorra, devem ser considerados os efeitos secundários correspondentes. 29 UNIDADE Estruturas de Madeira Nas ligações, os elementos resistentes devem ser aplicados com a utilização de ferramentas de furar, ranhurar ou fresar. Os pinos ou cavilhas devem ser simetricamente dispostos em relação ao eixo da peça, de modo a reduzir ao mínimo o risco de se afrouxarem simultaneamente, em consequência de um possível fendilhamento da madeira. Ligações na madeira laminada colada A fabricação de elementos estruturais de madeira laminada colada deve ser con- duzida em condições de controle industrial. Os adesivos para fins estruturais devem produzir ligações de resistência e durabi- lidade tais que a integridade da ligação colada seja mantida por toda a vida esperada da estrutura, na classe de serviço correspondente. As recomendações dos fabricantes de adesivos em relação à mistura, condições ambientais para aplicação e cura, teor de umidade dos elementos e outros fatores relevantes para o uso adequado do adesivo devem ser seguidos. Nas peças fabricadas com adesivos que necessitem de um período de condicio- namento após o período de pega, até que atinjam a resistência completa, a aplica- ção de carga deve ser evitada pelo tempo necessário. Execução Todo trabalho de carpintaria deve ser feito por operários suficientemente hábeis e experimentados, devidamente assistidos por um mestre carpinteiro, que deve verificar a perfeita ajustagem de todas as superfícies de ligação. As superfícies de sambladuras, encaixes, ligações de juntas e articulações devem ser feitas de modo a se adaptarem perfeitamente. Somente é permitido vergar artificialmente madeiras esquadrejadas ou cortar peças curvas de peças retas de maior seção quando se demonstrar a possibilidade de aplicação desse processo sem prejuízo da segurança da estrutura. As peças que na montagem não se adaptem perfeitamente às ligações ou que se tenham empenado prejudicialmente devem ser substituídas. Todas as perfurações e escariações bem como ranhuras e fresamentos para meios de ligações devem ser feitos a máquina e perfeitamente ajustados. Contraflechas Nas peças em que serão dadas contraflechas, elas devem ser distribuídas para- bolicamente ao longo do vão. 30 31 Classificação das peças A classificação das peças de madeira deve respeitar as seguintes condições: • as peças de madeira poderão ser classificadas como de primeira categoria somente se forem classificadas como isentas de defeitos por meio do método visual normalizado, e também submetidas a uma classificação mecânica para enquadramento nas classes de resistência especificadas na Norma ABNT NBR 7190:1997. Não se permite classificar as madeiras como de primeira categoria apenas por meio de método visual de classificação; • As peças serão classificadas como de segunda categoria quando não houver a aplicação simultânea da classificação visual e mecânica; • A utilização de máquinas automáticas de classificação mecânica permite en- quadrar as peças em lotes de rigidez homogênea, mas não permite enquadrá- -las nas classes de resistência especificadas na Norma ABNT NBR 7190:1997; • PARA o enquadramento nas classes de resistência estabelecidas na Norma ABNT NBR 7190:1997, para as madeiras de primeira ou de segunda catego- ria, deve ser feita pelo menos a caracterização simplificada; • A aceitação de um lote de madeira como pertencente a uma das classes de resistência especificadas na Norma ABNT NBR 7190:1997 éfeita sob a con- dição de que fc0k,ef ≥ fc0k,esp. A classificação de um lote somente poderá ser feita por fornecedores que garan- tam, de acordo com a Legislação brasileira, a conformidade da resistência caracte- rística fc0k à compressão paralela às fibras do material com os valores especificados na Norma ABNT NBR 7190:1997. Durabilidade da Madeira A madeira é um material orgânico sujeito à biodeterioração. No desenvolvimento do Projeto de uma Estrutura de madeira, é preciso assegu- rar uma durabilidade mínima compatível com sua finalidade e com o investimento a ser realizado. Os componentes de uma construção de madeira podem estar expostos a di- ferentes classes de risco de biodeterioração em função dos organismos xilófagos presentes no local e das condições ambientais que possam favorecer o ataque. Na execução das estruturas de madeira, devem ser empregadas espécies que apresentem boa resistência natural à biodeterioração ou que apresentem boa per- meabilidade aos líquidos preservativos e que sejam submetidas a tratamentos pre- servativos adequados e seguros para as estruturas. 31 UNIDADE Estruturas de Madeira Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Edifícios Industriais em Aço: Projeto e Cálculo BELLEI, I. H. Edifícios Industriais em Aço: Projeto e Cálculo. 3.ed. São Paulo: Pini, 2000. Estruturas de Aço: Conceitos, Técnicas e Linguagem DIAS, L. A. M. Estruturas de Aço: Conceitos, Técnicas e Linguagem. 7.ed. São Paulo: Zigurate, 2009. Dimensionamento de Elementos Estruturais de Aço e Mistos de Aço e Concreto FAKURY, R. H.; SILVA, A.L.R.C; CALDAS, R.B. Dimensionamento de Elementos Estruturais de Aço e Mistos de Aço e Concreto. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2016 (E-Book). Dimensionamento de Elementos Estruturais de Madeira JUNIOR CALIL, C., LAHR, F. R., DIAS, A. A. Dimensionamento de Elementos Estruturais de Madeira. Manole, 01/2003 (E-Book). Estruturas de Madeira PFEIL, W., PFEIL, M. Estruturas de Madeira, 6.ed. LTC, 09/(E-Book). 32 33 Referências PFEIL, W. Estruturas de Madeira: Dimensionamento Segundo a Norma Brasileira Nbr 7190/97e. 6.ed. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científico, 2007. PFEIL, W.; PFEIL, M. Estruturas de Aço: Dimensionamento Prático. 7.ed. Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e Cientifico, 2008. (e-book) PINHEIRO, A. C. F. B. Estruturas Metálicas: Cálculos, Detalhes, Exercícios e Projetos. 2.ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2012. 33
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