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Ações Culturais e Sociais

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Indaial – 2020
Ações CulturAis 
e soCiAis em 
BiBlioteConomiA
Prof.a Miriam de Cassia do Carmo Mascarenhas Mattos
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof.a Miriam de Cassia do Carmo Mascarenhas Mattos 
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
M444a
Mattos, Miriam de Cassia do Carmo Mascarenhas
Ações culturais e sociais em biblioteconomia. / Miriam de Cassia 
do Carmo Mascarenhas Mattos. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.
150 p.; il.
ISBN 978-85-515-0437-6
1. Biblioteconomia. - Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 020
III
ApresentAção
Olá, acadêmico, tudo bem?! Seja bem-vindo à disciplina de Ações 
Culturais e Sociais em Biblioteconomia. Apresentaremos aspectos relevantes 
sobre a importância de alguns tipos de atividades em bibliotecas e outras 
unidades de informação. 
Este livro didático é organizado em três unidades, sempre com 
resumos e autoatividades ao final de cada tópico.
Na Unidade 1, traremos alguns conceitos básicos sobre cultura e ações 
culturais, bem como o papel de mediador do profissional da informação 
nesses contextos. Também abordaremos o papel social da biblioteconomia. 
Nas unidades 2 e 3, preparamos um rol de atividades possíveis com 
base em experiências reais de ações culturais e sociais em bibliotecas. A ideia 
não é apresentar ‘receitas’ ou apenas exemplos de atividades que possam 
ser executadas, mas também inspirá-los e instigá-los no envolvimento e 
planejamento de novas ações de cunho cultural e social, sempre levando em 
conta o tipo e especificidades de cada unidade informacional.
Esperamos que você goste da disciplina e que consiga observar 
a grandiosidade e a importância da participação direta dos profissionais 
de nossa área na comunidade e na sociedade em geral, bem como seu 
comprometimento com a democracia e cidadania. Vamos lá?
Bons estudos!
Prof.a Miriam de Cassia do Carmo Mascarenhas Mattos
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
VII
UNIDADE 1 – CONCEITOS INICIAIS SOBRE CULTURA E ATIVIDADES SOCIAIS ............1
TÓPICO 1 – CULTURA E BIBLIOTECONOMIA ...............................................................................3
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................3
2 CONCEITUANDO CULTURA ............................................................................................................4
2.1 CARACTERÍSTICAS DA CULTURA .............................................................................................5
2.2 TIPOS DE CULTURA .......................................................................................................................7
2.2.1 Cultura de massa ......................................................................................................................7
2.2.2 Cultura erudita ..........................................................................................................................9
2.2.3 Cultura popular ......................................................................................................................11
2.2.3.1 Cultura material e imaterial ..............................................................................................12
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................17
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................18
TÓPICO 2 – MEDIAÇÃO CULTURAL ...............................................................................................19
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................19
2 DEBATES INICIAIS SOBRE MEDIAÇÃO E BIBLIOTECONOMIA ........................................22
3 MEDIAÇÃO CULTURAL EM BIBLIOTECAS ..............................................................................24
3.1 INFORMAÇÃO E CULTURA .......................................................................................................27
4 AÇÃO CULTURAL: POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO....................28
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................31
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................32
TÓPICO 3 – O PAPEL SOCIAL DA BIBLIOTECONOMIA ...........................................................33
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................33
2 A BIBLIOTECONOMIA NO CONTEXTO SOCIAL .....................................................................34
3 PARCERIAS PARA PROJETOS CULTURAIS E SOCIAIS ..........................................................38
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................40
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................45
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................46
UNIDADE 2 – EXPERIÊNCIAS CULTURAIS NA BIBLIOTECONOMIA ..................................47
TÓPICO 1 – PRÁTICAS CULTURAIS NA BIBLIOTECONOMIA ...............................................49
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................49
2 EXEMPLOS DE AÇÕES CULTURAIS ..............................................................................................502.1 SELFIE NA BIBLIO ..........................................................................................................................51
2.2 ALUNO DESTAQUE .......................................................................................................................52
2.3 PAINEL INTERATIVO ....................................................................................................................54
2.3.1 Parede lousa ............................................................................................................................55
2.3.2 Painel de asas ...........................................................................................................................56
2.4 CANTINHO DA LITERATURA DE LAZER ...............................................................................57
2.5 JOGOS NAS BIBLIOTECAS ...........................................................................................................58
2.6 QUEBRA-CABEÇA COLABORATIVO ........................................................................................59
sumário
VIII
2.7 SEMANA NACIONAL DO LIVRO E DA BIBLIOTECA...........................................................60
2.8 LEITORES DESTAQUE DO ANO .................................................................................................63
2.9 CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS ........................................................................................................64
2.10 TROCA-TROCA DE LIVROS.......................................................................................................67
2.11 EXPOSIÇÕES ..................................................................................................................................68
2.12 SUGESTÕES DE LEITURA ..........................................................................................................70
2.13 CLUBE DO LIVRO ........................................................................................................................71
2.14 PROJETO DOE SOLIDARIEDADE E RECEBA CONHECIMENTO .....................................73
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................75
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................76
TÓPICO 2 – AÇÕES CULTURAIS DE COMBATE A PRECONCEITOS .....................................77
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................77
2 PROJETOS SOCIAIS DE COMBATE AO PRECONCEITO .......................................................77
2.1 PROJETO BAÚ CULTURAL .........................................................................................................78
2.2 SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA ......................................................................................81
2.3 BIBLIOTECA E RESPEITO À DIVERSIDADE ............................................................................84
2.3.1 I Semana da Diversidade realizada na Biblioteca Pública do Estado da Bahia .............84
2.3.2 Biblioteca da UFC – Cinema LGBT: close na lacração .......................................................85
2.3.3 Calendário da diversidade ....................................................................................................86
2.3.4 Experiências internacionais ..................................................................................................87
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................90
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................93
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................94
UNIDADE 3 – EXPERIÊNCIAS SOCIAIS NA BIBLIOTECONOMIA .........................................95
TÓPICO 1 – PRÁTICAS SOCIAIS EM TEMAS AMBIENTAIS E DE SAÚDE ...........................97
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................97
2 DIRETRIZES PARA BIBLIOTECAS PÚBLICAS VERDES NO BRASIL ..................................98
2.1 COLETA SELETIVA DE LIVROS ..................................................................................................99
2.2 SALA DE LEITURA SUSTENTÁVEL .........................................................................................101
2.2.1 Biblioteca sustentável Prof. Arlindo Corrêa da Silva .......................................................103
2.3 OFICINAS EM BIBLIOTECAS .....................................................................................................104
2.3.1 Oficina de reciclagem de livros e revistas .........................................................................105
2.3.2 Biblioagrorural ......................................................................................................................105
2.3.3 Oficinas juninas sustentáveis .............................................................................................106
3 PARTICIPAÇÃO EM CAMPANHAS DA ÁREA DA SAÚDE ..................................................107
3.1 SETEMBRO AMARELO ...............................................................................................................108
3.2 OUTUBRO ROSA ..........................................................................................................................110
3.3 NOVEMBRO AZUL .....................................................................................................................112
3.4 CAMPANHA CONTRA A DENGUE ........................................................................................113
3.4.1 Bibex (Biblioteca de Extensão) na campanha contra a dengue ......................................113
3.4.2 Biblioteca Professor Mário Gemignani na campanha contra a dengue ............................114
3.4.3 Biblioteca de Manguinhos: Dia Mundial de Luta contra a Aids ....................................115
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................117
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................118
TÓPICO 2 – PRÁTICAS SOCIAIS DE INCENTIVO À LEITURA E DE 
COMBATE A PRECONCEITOS ..................................................................................119
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................119
2 PROJETOS SOCIAIS DE INCENTIVO À LEITURA ..................................................................119
IX
2.1 AGROLIVROS ...............................................................................................................................120
2.2 ARVORETECA ...............................................................................................................................120
2.3 TENDA BIBLIOTECA COMUNITÁRIA PARQUE COQUEIROS ........................................122
2.4 BIBLIOTECONOMIA VAI À ESCOLA.......................................................................................125
2.5 PROJETO ESQUEÇA UM LIVRO ...............................................................................................126
2.5.1 Esqueça um livro – Projeto Cidade Biblioteca de Búzios................................................127
2.5.2 Projeto Esqueça um Livro – AMAFE .................................................................................128
2.6 LEITURA EM ÔNIBUS .................................................................................................................1292.6.1 “Tem um livro no meu Caminho” em Belo Horizonte ...................................................129
2.6.2 “Parada do livro” em São Paulo .........................................................................................129
2.7 BIBLIOTECAS ITINERANTES ....................................................................................................130
2.7.1 Biblioteca itinerante em ônibus ..........................................................................................131
2.7.2 Biblioteca itinerante em Bicicleta – JoinvilLê ....................................................................131
2.7.3 Biblioteca itinerante em hospitais ......................................................................................132
2.7.4 Biblioteca itinerante em escolas infantis ...........................................................................133
2.7.5 Bibliotecas geladeiras ...........................................................................................................134
2.7.5.1 Geladeiroteca – abra e sinta o sabor da leitura .....................................................135
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................137
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................140
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................141
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................143
X
1
UNIDADE 1
CONCEITOS INICIAIS SOBRE 
CULTURA E ATIVIDADES SOCIAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer os conceitos de cultura;
• relacionar cultura e biblioteconomia; 
• refletir criticamente sobre o papel social do profissional da informação na 
sociedade contemporânea;
• compreender o trabalho de ação cultural na área de Biblioteconomia e 
Ciência da Informação; 
• relacionar a informação pública com a ação cultural; 
• compreender a biblioteca como um centro de cultura.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – CULTURA E BIBLIOTECONOMIA 
TÓPICO 2 – MEDIAÇÃO CULTURAL 
TÓPICO 3 – O PAPEL SOCIAL DA BIBLIOTECONOMIA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
CULTURA E BIBLIOTECONOMIA
1 INTRODUÇÃO 
Observamos que os profissionais da informação podem e devem ser 
protagonistas de ações culturais e sociais, quer seja no sentido de dinamizar, 
divulgar e preservar as unidades de informação ou ainda nos processos de 
produção cultural e desenvolvimento educacional e social.
Seja em ambientes virtuais ou físicos ou ainda nos diversos espaços, 
como bibliotecas públicas, escolares, especializadas, comunitárias, centros de 
documentação, entre outros. Tais ambientes não devem ser limitados, como 
alguns os veem erroneamente, a ambientes estáticos e úteis somente quando há a 
necessidade e obrigação de realizar pesquisa para cumprir tarefa acadêmica (nos 
níveis básico, secundário ou superior) ou profissional.
Nas Unidades de Informação, a ação cultural ou social pode ser um 
estímulo à leitura, uma contribuição educativa, uma prática que colabore para 
transformações na realidade social, em que os usuários se tornam sujeitos da 
cultura e criação de novos conhecimentos.
A ação cultural e social é oportuna ainda mais no período atual, de 
muitas transformações e avanços tecnológicos. Nesse sentido, o profissional 
da informação pode ser mediador nessas transformações, facilitando o acesso 
e ampliando as oportunidades dos usuários no desenvolvimento de práticas 
culturais e sociais.
Isso pode ser potencializado ao observarmos uma pesquisa realizada pelo 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O Perfil dos Municípios Brasileiros 
– Gestão 2009 (Munic) dedicou-se, entre outros temas, a estudar as atividades 
e equipamentos culturais presentes nos municípios. Tal pesquisa identificou 
um crescimento – em relação a 1999 – de 22,1% de bibliotecas públicas no país, 
impulsionado por uma política de universalização implementada pelo governo 
federal na época (IBGE, 2009).
Isso significou que, em 2009, 93,2% das 5.564 cidades brasileiras possuíam 
ao menos uma biblioteca. Isso demonstra a importância da biblioteca e a sua 
participação e contribuição no tocante à educação e à cultura.
UNIDADE 1 | CONCEITOS INICIAIS SOBRE CULTURA E ATIVIDADES SOCIAIS
4
Entre no site do IBGE e obtenha mais informações sobre essa pesquisa: 
Perfil dos Municípios Brasileiros – Gestão 2009: https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/
biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=244692. 
FONTE: <https://loja.ibge.gov.br/media/catalog/product/cache/1/image/720x660/9df78eab33
525d08d6e5fb8d27136e95/c/a/capamunic_asssocial2009.jpg>. Acesso em: 26 nov. 2019.
DICAS
No entanto, para continuarmos falando do papel cultural e social das 
bibliotecas, precisamos resgatar ou conhecer alguns aspectos conceituais de cultura. 
2 CONCEITUANDO CULTURA
Cultura é um termo complexo e de grande importância para as ciências 
humanas em geral. Sua etimologia vem do latim culturae, que significa ato de plantar 
e cultivar. Aos poucos, acabou adquirindo o sentido de cultivo de conhecimentos 
(GUERRA, 2018). 
FONTE: <https://www.culturagenial.com/escultura-o-pensador-de-augusto-rodin/>. 
Acesso em: 26 nov. 2019.
FIGURA 1 – O PENSADOR
TÓPICO 1 | CULTURA E BIBLIOTECONOMIA
5
Numa perspectiva antropológica, o britânico Edward Tylor (1832-1917) 
definiu cultura como todo o complexo que envolve o conhecimento, as crenças, 
a arte, a moral, a lei, os costumes, os hábitos e as capacidades adquiridos pelo 
homem como membro da sociedade; ou seja, a expressão da totalidade da vida 
social do homem, caracterizada pela sua dimensão coletiva (DIANA, 2018).
Sociologicamente, a concepção de cultura também é semelhante. Assim, 
a cultura é a representação do conjunto de saberes e tradições produzidos pela 
interação social entre os membros de uma comunidade ou sociedade, que, por 
sua vez, moldam e criam padrões comportamentais que influenciam a estrutura 
e organização social (DIANA, 2018).
O termo cultura passa a ter uma abrangência que antes não se percebia, 
sendo agora entendido como produção e criação da linguagem, da religião, da 
sexualidade, dos instrumentos e formas do trabalho, das formas da habitação, do 
vestuário e culinária, das expressões de lazer, da música, da dança, dos sistemas de 
relações sociais, particularmente os sistemas de parentesco ou estrutura da família, 
das relações de poder, da guerra e paz, da noção da vida e morte (CHAUÍ, 2008).
2.1 CARACTERÍSTICAS DA CULTURA
Segundo Guerra (2018), uma característica da cultura é que ela é 
indissociável da realidade social, ou seja, está presente sempre que os seres 
humanos se organizam em sociedade. Trata-se de uma construção histórica e 
produto coletivo da vida humana. 
Falar de cultura implica necessariamente se referir a um processo social 
concreto. Costumes, tradições, manifestações culturais e folclóricas como festas, 
danças, cantigas, lendas etc. só fazem sentido enquanto parte de uma cultura 
específica; ou seja, as manifestações culturais não podem ser compreendidas fora 
da realidade e história da sociedade a qual pertencem (GUERRA, 2018). 
Outra característica da cultura citada por Guerra (2018) é o seu aspecto 
dinâmico. Por isso, é mais pertinente pensá-la como um processo e não como 
algo estagnado no tempo. “Isso fica claro no mundo globalizado, marcado por 
rápidas transformações tecnológicas, pelo constantecontato entre as culturas 
e disseminação de padrões culturais pelos meios de comunicação de massa”. 
No entanto, mesmo quando se fala de sociedades tradicionais, não quer dizer 
que elas não se modifiquem. Todo aspecto de determinada cultura tem a sua 
própria dinâmica, pois não existe nenhuma sociedade humana que esteja isenta 
de transformações com o tempo e contato com outras culturas.
A cultura de determinada sociedade é passada de uma geração a 
outra através da educação, manifestações artísticas e outras formas 
de transmissão de conhecimento. O comportamento dos indivíduos 
vai depender desse aprendizado cultural. Portanto, um menino e 
uma menina agem diferentemente não por causa de seus hormônios, 
UNIDADE 1 | CONCEITOS INICIAIS SOBRE CULTURA E ATIVIDADES SOCIAIS
6
mas devido à educação diferenciada que recebem. É por isso também 
que maneiras de falar, se vestir, se alimentar, se comportar, etc. de 
um povo específico pode ser tão estranho aos olhos de outros povos. 
O que é repugnante para indivíduos de uma sociedade, pode ser 
desejável em outra. Mais ainda: em uma mesma sociedade, o que era 
impensável no século passado pode se tornar comum hoje em dia e 
vice-versa (GUERRA, 2018, s.p.).
As sociedades humanas historicamente desenvolveram formas diferentes 
de se organizar, de se relacionar internamente com outros grupos sociais e com 
o meio ambiente. Sociedades distintas vão necessariamente originar culturas 
diferentes, ou seja, diferentes formas de ver o mundo e orientar a atividade social.
É por isso que, segundo Guerra (2018), existem tantas diferenças culturais, 
mesmo sendo todos pertencentes à mesma espécie humana. As diferenças 
culturais não podem ser explicadas em termos de diferenças geográficas ou 
biológicas. No passado, explicações baseadas no determinismo geográfico ou 
genético contribuíram para reforçar o racismo e preconceitos, além de terem 
servido como justificativa para a dominação de uns povos sobre outros.
CULTURA
Determinada 
pelo conjunto 
de saberes, 
comportamentos 
e modos de 
fazer
Possui um 
caráter 
simbólico
É transmitida 
para gerações 
porteriores
É adquirida 
por meio das 
relações sociais 
de um grupo
FIGURA 2 – CARACTERÍSTICAS DA CULTURA
FONTE: A autora
TÓPICO 1 | CULTURA E BIBLIOTECONOMIA
7
2.2 TIPOS DE CULTURA 
A cultura é um processo permanente de construção/desconstrução e 
reconstrução, que perpassa os períodos históricos e as práticas sociais. O que 
varia, portanto, é a importância de cada fase, de acordo com as situações. Para 
Cuche (1999 apud SOUZA, 2010, p. 4), nenhuma cultura existe “em estado puro, 
sem que jamais tenha passado por qualquer influência, mesmo que seja a mais 
simples possível”.
Dito isso, neste tópico, apresentaremos uma breve descrição de três tipos 
de cultura que são fundamentais quando pensamos nas atividades culturais em 
bibliotecas. 
QUADRO 1 – DIFERENÇAS DE CLASSES NA PRODUÇÃO CULTURAL
FONTE: Rasteli (2019, p. 55)
Divisões culturais Expressões
Cultura Erudita 
(Cultura produzida pela elite)
Informações produzidas pela música 
clássica (erudita), ópera, escultura, pintura, 
quadros, literatura, obras de arte, ballet, alta 
gastronomia, moda (alta costura).
Cultura Popular
(Cultura produzida pelo povo)
Informações produzidas pelo grafite, festas 
populares diversas (carnaval, festa junina 
etc.), criações folclóricas, manifestações 
populares diversas, danças regionais 
(frevo, gaúcha), comidas típicas (feijoada, 
mungunzá etc.), artesanatos.
Cultura de Massa
(Cultura produzida pelos meios 
de comunicação)
Informações produzidas pelos veículos 
como imprensa, rádio, cinema, música, 
televisão e internet.
2.2.1 Cultura de massa
Vários autores afirmam que, para entender o que é cultura de massa, 
é necessário se reportar ao século XV, com o surgimento da imprensa escrita 
criada por Gutemberg, história que já detalhamos em outros livros didáticos. 
Foi a partir desse período que a literatura e as informações, que antes tinham 
seu conhecimento restrito a uma elite, passaram a chegar a um número maior 
de pessoas. Claro que isso ocorreu de forma progressiva, sendo ampliada ao 
longo da história.
Na Revolução Francesa e sua busca pela liberdade de expressão, 
somada à Revolução Industrial, constrói-se um mercado consumidor voltado 
à maioria da população. Desse período até os dias atuais, a cultura de massa 
se desenvolve amplamente, em consonância com a indústria cultural e os 
meios de comunicação de massa, como jornal, rádio, televisão, cinema, teatro e, 
posteriormente, a internet.
UNIDADE 1 | CONCEITOS INICIAIS SOBRE CULTURA E ATIVIDADES SOCIAIS
8
A cultura de massa, dentro do sistema capitalista, é produzida não apenas 
para comunicar, mas principalmente para vender e se tornar altamente lucrativa 
aos donos dos meios de comunicação. Essa sociedade de consumo alimenta a 
cultura de massa, que passa a ser feita em série, de forma industrial, para o maior 
número de pessoas.
A cultura de massa é um produto da indústria cultural, termo criado pelos 
filósofos alemães Theodor Adorno e Max Horkheimer, fundadores da Escola de Frankfurt, 
instituto de pesquisas sociais voltado à discussão sobre questões culturais da sociedade 
atual. De acordo com Adorno e Horkheimer, a indústria cultural cria padrões de consumo e 
transmite notícias, fatos ou acontecimentos de acordo com seus interesses, desenvolvendo 
uma sociedade alienada à realidade. Leia: 
HORKHEIMER, Max; ADORNO, Theodor. A indústria cultural: o iluminismo como mistificação 
de massas. p. 169 a 214. In: LIMA, Luiz Costa. Teoria da cultura de massa. São Paulo: Paz e 
Terra, 2002. 364 p.
DICAS
Vamos refletir um pouco? A seguir, observe o quadrinho da Mafalda e 
reflita sobre o poder que a mídia exerce sobre as pessoas, criando a ideologia 
e a cultura de massa. Essa cultura é fundamental para a cadeia produtiva na 
sociedade capitalista.
FIGURA 3 – CULTURA DE MASSAS
FONTE: <https://www.portaldovestibulando.com/2014/09/industria-cultural-questoes-de.html>. 
Acesso em: 26 nov. 2019.
TÓPICO 1 | CULTURA E BIBLIOTECONOMIA
9
Essa cultura deixa de ser um instrumento de crítica, conhecimento, 
livre pensamento, para ser um produto vendável, padronizado de acordo com 
princípios gerais que orientam essa sociedade, que não tem tempo de questionar 
aquilo que consome e quer apenas distração e lazer nas horas de folga de uma 
rotina diária de trabalho intensa e repetitiva.
2.2.2 Cultura erudita
Podemos afirmar que a cultura erudita é uma consequência dos saberes 
que são produzidos pela sociedade e vão se organizando ao redor do mundo, 
cuja riqueza, em parte, é fruto do aproveitamento desses saberes e é centralizada 
por uma classe social. 
Santos (2009) define cultura erudita como toda e qualquer forma de 
cultura produzida dentro de um conjunto de conhecimentos adquiridos por meio 
do estudo organizado, que pode ser acadêmico ou não.
FIGURA 4 – MANIFESTAÇÕES DA CULTURA ERUDITA
FONTE: <http://eruditacultura.blogspot.com/p/complexos-culturais.html>; 
<https://br.pinterest.com/pin/540432024027528695/?lp=true>. Acesso em: 26 nov. 2019.
Para falarmos em cultura erudita, nos reportamos ao período entre os séculos 
XIII e XIX, de formação dos Estados Nacionais Modernos, ou seja, do surgimento 
de parte das nações atuais, como Inglaterra, França e Alemanha. Segundo Burke 
(1999), uma das preocupações dos governos dessas nações era a criação de uma 
identidade comum à população, a fim de fortalecer os laços entre as pessoas, 
delineando uma cultura nacional. Para o autor, essa identidade nacional acabava 
refletindo, na verdade, os interesses das classes dominantes, que se esforçavam 
por produzir uma cultura que as diferenciasse do restante da população. 
O movimento a partir do Renascimento Cultural, quando os mecenas 
financiavam os artistas renascentistas, os traziam para seu círculo de convivência 
e os estimulavam a produzir obras de arte de grande valor estético e técnico, que 
reproduzissem o estilo de vidada nobreza ou da alta burguesia.
UNIDADE 1 | CONCEITOS INICIAIS SOBRE CULTURA E ATIVIDADES SOCIAIS
10
MECENAS
 Os mecenas eram ricos e poderosos comerciantes, príncipes, condes, bispos e 
banqueiros que financiavam e investiam na produção de arte como maneira de obter 
reconhecimento e prestígio na sociedade.
 Eles foram de extrema importância para o desenvolvimento das artes plásticas 
(escultura e pintura), literatura e arquitetura durante o período do Renascimento Cultural 
(séculos XV e XVI).
 A burguesia, classe social que enriqueceu muito com o renascimento comercial, 
viu na prática do mecenato uma forma rápida de alcançar o status de nobreza. Isso era 
obtido também com a compra dos títulos de nobreza.
 
 O ato de patrocinar e investir em arte e cultura é conhecido como mecenato.
 
Principais mecenas da época do Renascimento Cultural:
• Lourenço de Medici (banqueiro italiano)
• Come de Medici (banqueiro e político italiano)
• Galeazzo Maria Sforza (duque de Milão)
• Federico da Montefeltro (duque de Urbino)
• Francisco I (rei da França) 
 
Curiosidade:
A palavra "mecenas" tem sua origem na Roma Antiga. No século I a.C., Caio Mecenas foi um 
conselheiro do imperador romano Otávio Augusto. Caio Mecenas patrocinou a produção 
de vários artistas e poetas nesta época.
FONTE: <https://www.suapesquisa.com/pesquisa/mecenas.htm>. Acesso em: 26 nov. 2019.
INTERESSA
NTE
Moutinho (2017) apresenta a produção artística erudita como dotada de 
um determinado padrão de criação, que se intensificou com o surgimento da 
sociedade de Corte, nos séculos XVI e XVII, e com a preocupação da nobreza em 
se distanciar e se diferenciar das demais camadas populares, sendo a erudição 
e a etiqueta peças essenciais desse processo. É nesse período que surgem as 
primeiras grandes obras-primas da música clássica, registradas em partituras. 
Para o autor, além da esfera musical, outras áreas da produção cultural, como a 
literatura, também passaram por um processo de erudição, com a transformação 
de contos populares em clássicos contos de fada, comuns ao nosso cotidiano atual 
e com os quais se costuma entreter as crianças ao relatar tais aventuras fantásticas. 
Como resultado desse processo pode-se, então, apontar a existência de algumas 
características associadas à cultura erudita e a sua produção:
TÓPICO 1 | CULTURA E BIBLIOTECONOMIA
11
FIGURA 5 – CARACTERÍSTICAS DA CULTURA ERUDITA
FONTE: Adaptada de Moutinho (2017)
Cultura
Erudita
Seus frutos são consequência do surgimento de certo 
academicismo, ou seja, de um conjunto de conhecimentos 
sistematizados que, para serem dominados, devem ser 
aprendidos segundo princípios e regras estabelecidas.
Cultura
Erudita
Costumam ser preservados por meios escritos e/ou mecânicos, 
passando de geração em geração, de modo a preservar a 
originalidade da obra bem como sua finalidade autoral.
Cultura
Erudita
É heterogênea, podendo se manifestar nas mais variadas 
formas, como uma composição musical, uma pintura, um 
texto literário, uma peça de teatro, entre outras formas de 
apresentação.
Como o acesso a esse tipo de cultura fica restrito a um grupo pequeno, ela 
fica ligada ao poder econômico e é considerada superior. Essa consideração pode 
acabar tornando-se preconceituosa e desmerecendo as outras formas de cultura. 
O erudito é tudo aquilo que demanda muito estudo, mas não se deve pensar que 
uma expressão cultural popular como o hip-hop, por exemplo, é pior que uma 
música clássica (PORTAL EDUCAÇÃO, 2019). 
2.2.3 Cultura popular
Um outro padrão de organização cultural é a cultura popular. Esta refere-
se aos valores das manifestações de um povo, principalmente dos trabalhadores, 
dos populares, dos guetos, dos marginalizados, dos dominados. “Nesse caso, 
estamos nos referindo às produções locais, ligadas a uma determinada tradição. 
São temas ligados à cultura popular: o folclore e a cultura popular tradicional” 
(RASTELI, 2019, p. 16).
Rios (2014) diz que a cultura popular tradicional é constituída por bens 
simbólicos criados por trabalhadores, homens e mulheres do povo, normalmente 
com baixo poder aquisitivo e baixo nível de instrução formal, que têm ligações 
diretas com as condições concretas de uma luta intensiva pela sobrevivência. As 
manifestações da cultura popular abrangem os artesanatos; os trançados (como 
a cestaria do Vale do Ribeira e do Litoral norte e sul do estado de São Paulo 
com a utilização de cipós encontráveis na Mata Atlântica); cerâmicas; bonecos de 
panos; danças (catira, jongo); cavalgadas; cavalhadas e festas religiosas (Cosme e 
Damião, Festa do Divino etc.).
UNIDADE 1 | CONCEITOS INICIAIS SOBRE CULTURA E ATIVIDADES SOCIAIS
12
FIGURA 6 – CULTURA POPULAR BRASILEIRA
FONTE: <https://robertalessablog.wordpress.com/2012/10/24/filosofiando-ideias-reverencia-a-
tradicao/cultura-popular-do-brasil-2/>. Acesso em: 26 nov. 2019.
Para Rasteli (2019), ao tomarmos essa classificação de produções culturais, 
poder-se-ia inferir que a atuação do bibliotecário mediador tivesse como desafios: 
FIGURA 7 – BIBLIOTECÁRIO COMO MEDIADOR
FONTE: Adaptada de Rasteli (2019, p. 16)
Difundir os elementos 
da cultura erudita, 
possibilitando a 
descoberta de novas 
linguagens e de novas 
formas artísticas
BIBLIOTECÁRIO 
COMO MEDIADOR 
DA CULTURALidar com critérios 
com os elementos 
da cultura de massa, 
procurando direcionar 
o desenvolvimento de 
perspectivas críticas
Recuperar e difundir 
a cultura popular, que 
se encontram muitas 
vezes esquecidos, 
deteriorados pela 
indústria cultural
2.2.3.1 Cultura material e imaterial 
Os tipos de cultura ainda podem ser classificados como material e 
imaterial. Segundo Bezerra (2017), cultura material e cultura imaterial são dois 
tipos de patrimônio que expressam a cultura e características de determinado 
grupo ou região.
A cultura material é composta por elementos concretos, como construções 
e objetos artísticos. Já a cultura imaterial é relacionada a elementos abstratos, como 
hábitos e rituais. Nesse sentido, é associada aos elementos concretos e abstratos 
de uma sociedade, representando a cultura e história de sua população. Os bens 
TÓPICO 1 | CULTURA E BIBLIOTECONOMIA
13
de natureza material podem ser móveis ou imóveis. Também são considerados 
bens imóveis as estruturas físicas, como cidades históricas, sítios arqueológicos 
e paisagísticos e bens individuais. Já os móveis são os bens que podem ser 
transportados, como coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais, 
bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos.
No Brasil, existem três formas de proteção dos bens de cultura material:
FIGURA 8 – FORMAS DE PROTEÇÃO DO DA CULTURA MATERIAL
FONTE: A autora
Tombamento Registro Inventário
Apresentamos, a seguir, alguns exemplos de bens da cultura material 
brasileira classificados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 
(IPHAN, 2017):
• Centro Histórico de Ouro Preto (Ouro Preto/MG).
• Museu Histórico Nacional (Rio de Janeiro/ RJ).
• Conjunto Arquitetônico de Paraty (Paraty/RJ).
• Centro Histórico de Olinda (Olinda/PE).
• Pelourinho (Salvador/BA).
• Parque Nacional Serra da Capivara (São Raimundo Nonato/PI).
• Universidade Federal do Paraná (Curitiba/PR).
Bezerra (2017, grifo nosso) explica que os bens de cultura imaterial são os 
elementos abstratos que fazem parte de uma cultura e dizem respeito às práticas 
e domínios da vida social de determinado grupo. 
No Brasil, o IPHAN tem registrados 47 bens imateriais, divididos em 
formas de expressão, saberes, celebrações e lugar. Confira a seguir uma lista do 
patrimônio imaterial do nosso país:
UNIDADE 1 | CONCEITOS INICIAIS SOBRE CULTURA E ATIVIDADES SOCIAIS
14
QUADRO 2 – LISTA DE PATRIMÔNIOS IMATERIAIS
FORMAS DE 
EXPRESSÃO SABERES CELEBRAÇÕES LUGARES
Arte Kusiwa – Pintura 
Corporal e Arte 
Gráfica Wajápi (AP).
Samba de Roda do 
Recôncavo Baiano (BA).
Jongo no Sudeste (SP, 
RJ, ES, MG).
Frevo (PE).
Tambor de Crioula do 
Maranhão (MA).
Matrizesdo Samba no 
Rio de Janeiro: partido 
alto, samba de terreiro 
e samba enredo (RJ).
Roda de Capoeira 
(todos os estados).
Toque dos Sinos em 
Minas Gerais (MG).
Ritxòkò: Expressão 
Artística e Cosmológica 
do Povo Karajá (TO, 
PA, GO, MT).
Fandango Caiçara (SP, 
PR).
Carimbó (PA).
Maracatu Nação (PE).
Maracatu Baque Solto 
(PE).
Cavalo-Marinho (PE).
Teatro de Bonecos 
Popular do Nordeste 
– Mamulengo, Babau, 
João Redondo e 
Cassimiro Coco (RN, 
PE, PB, CE, DF).
Caboclinho 
pernambucano (PE).
Literatura de Cordel 
(RJ, DF, AL, BA, CE, 
MA, PB, PI, PE, RN, 
SE).
Marabaixo (AP).
Ofício das Paneleiras 
de Goiabeiras (ES).
Modo de fazer Viola 
de Cocho (MT e MS).
Ofício das Baianas de 
Acarajé (BA).
Modo artesanal de 
fazer Queijo de Minas 
nas regiões do Serro, 
da Serra da Canastra e 
Salitre/ Alto Paranaíba 
(MG).
Ofício dos Mestres de 
Capoeira (todos os 
estados).
Modo de fazer Renda 
Irlandesa tendo como 
referência este Ofício 
em Divina Pastora (SE).
Ofício de Sineiro (MG).
Sistema Agrícola 
Tradicional do Rio 
Negro (AM).
Saberes e Práticas 
associados ao modo de 
fazer Bonecas Karajá 
(TO, PA, GO, MT).
Produção 
Tradicional e práticas 
socioculturais 
associadas à Cajuína 
no Piauí estadual (PI).
Modos de Fazer Cuias 
do Baixo Amazonas 
(PA).
Tradições Doceiras 
da Região de Pelotas 
e Antiga Pelotas – 
Morro Redondo, 
Ituruçu, Capão do 
Leão e Arroio do 
Padre (RS).
Sistema Agrícola 
Tradicional de 
Comunidades 
Quilombolas do Vale 
do Ribeira (SP).
Círio de Nossa Senhora 
de Nazaré (PA).
Festa do Divino 
Espírito Santo de 
Pirenópolis (GO).
Ritual Yaokwa 
do povo indígena 
Enawenê Nawê (MT).
Festa de Sant'Ana de 
Caicó (RN).
Complexo Cultural do 
Bumba meu-Boi do 
Maranhão (MA).
Festa do Divino 
Espírito Santo da 
Cidade de Paraty (RJ).
Festa do Senhor Bom 
Jesus do Bonfim (BA).
Festividades do 
Glorioso São Sebastião 
na região do Marajó 
(PA).
Festa do Pau de Santo 
Antônio de Barbalha 
(CE).
Romaria de Carros 
de Boi da Festa do 
Divino Pai Eterno de 
Trindade (GO).
Procissão do Senhor 
Jesus dos Passos de 
Florianópolis (SC).
Complexo Cultural do 
Boi Bumbá do Médio 
Amazonas e Parintins 
(AM).
Cachoeira de Iauaretê 
– Lugar Sagrado dos 
povos indígenas dos 
Rios Uaupés e Papuri 
(AM).
Feira de Caruaru (PE).
Tava, Lugar de 
Referência para o 
Povo Guarani (RS).
Feira de Campina 
Grande (PB).
FONTE: Adaptado de Bezerra (2017)
TÓPICO 1 | CULTURA E BIBLIOTECONOMIA
15
Esses bens podem ser ofícios, saberes, celebrações, formas de expressão 
e também lugares, como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas 
culturais coletivas. A cultura imaterial é passada de geração a geração. Com isso, 
os bens costumam ser recriados e modificados pelos grupos e comunidades de 
acordo com o ambiente, através da interação com a natureza e com o contexto 
histórico da sociedade (BEZERRA, 2017).
UNESCO DEFINE PATRIMÔNIO IMATERIAL
 O patrimônio Cultural Imaterial ou Intangível compreende as expressões de vida 
e tradições que comunidades, grupos e indivíduos em todas as partes do mundo recebem 
de seus ancestrais e passam seus conhecimentos a seus descendentes.
 Apesar de tentar manter um senso de identidade e continuidade, esse patrimônio 
é particularmente vulnerável, uma vez que está em constante mutação e multiplicação de 
seus portadores. Por essa razão, a comunidade internacional adotou a Convenção para a 
Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial em 2003.
 É amplamente reconhecida a importância de promover e proteger a memória 
e as manifestações culturais representadas, em todo o mundo, por monumentos, sítios 
históricos e paisagens culturais. No entanto, não só de aspectos físicos se constitui a cultura 
de um povo. Há muito mais, contido nas tradições, no folclore, nos saberes, nas línguas, nas 
festas e em diversos outros aspectos e manifestações, transmitidos oral ou gestualmente, 
recriados coletivamente e modificados ao longo do tempo. A essa porção imaterial da 
herança cultural dos povos, dá-se o nome de patrimônio cultural imaterial.
 Para muitas pessoas, especialmente as minorias étnicas e os povos indígenas, 
o patrimônio imaterial é uma fonte de identidade e carrega a sua própria história. A 
filosofia, os valores e as formas de pensar refletidos nas línguas, tradições orais e diversas 
manifestações culturais constituem o fundamento da vida comunitária. Num mundo de 
crescentes interações globais, a revitalização de culturas tradicionais e populares assegura 
a sobrevivência da diversidade de culturas dentro de cada comunidade, contribuindo para 
o alcance de um mundo plural.
 Ciente da importância dessa forma de patrimônio e da complexidade envolvida 
na definição dos seus limites e de sua proteção, a UNESCO vem, nos últimos 20 anos, se 
esforçando para criar e consolidar instrumentos e mecanismos que conduzam ao seu 
reconhecimento e defesa. Em 1989, a Organização estabeleceu a Recomendação sobre 
a Salvaguarda da Cultura Tradicional e Popular e vem, desde então, estimulando a sua 
aplicação ao redor do mundo. Esse instrumento legal fornece elementos para a identificação, 
a preservação e a continuidade dessa forma de patrimônio, assim como de sua disseminação.
 De modo a estimular os governos, ONGs e as próprias comunidades locais 
a reconhecer, valorizar, identificar e preservar o seu patrimônio cultural imaterial, a 
UNESCO criou um título internacional, concedido a destacados espaços (locais onde são 
regularmente produzidas expressões culturais) e manifestações da cultura tradicional e 
popular. Assim, em 2003 e 2005, a Proclamação das Obras-Primas do Patrimônio Oral 
e Imaterial da Humanidade selecionou, por meio de um júri internacional, espaços e 
expressões de excepcional importância, dentre candidaturas oferecidas pelos países.
NOTA
UNIDADE 1 | CONCEITOS INICIAIS SOBRE CULTURA E ATIVIDADES SOCIAIS
16
 Além das gravações, registros e arquivos, a UNESCO considera que uma das 
formas mais eficazes de preservar o patrimônio imaterial é garantir que os portadores 
desse patrimônio possam continuar produzindo-o e transmitindo-o. Assim, a Organização 
estimula os países a criarem um sistema permanente de identificação de pessoas (artistas, 
artesãos etc.) que encarnam, no grau máximo, as habilidades e técnicas necessárias para 
a manifestação de certos aspectos da vida cultural de um povo e a manutenção de seu 
patrimônio cultural material.
 Finalmente, em 2003, após uma série de esforços, que incluíram estudos técnicos 
e discussões internacionais com especialistas, juristas e membros dos governos, a UNESCO 
adotou a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial. Essa convenção 
regula o tema do patrimônio cultural imaterial e, assim, complementa a Convenção do 
Patrimônio Mundial, de 1972, que cuida dos bens tangíveis, de modo a contemplar toda a 
herança cultural da humanidade.
FONTE: <http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/culture/world-heritage/intangible-heritage/>. 
Acesso em: 26 nov. 2019.
Agora que já sabemos os conceitos básicos sobre cultura, podemos refletir 
sobre a cultura como um processo em constantes transformações – sendo a cultura 
a expressão da totalidade da vida social humana, caracterizada pela sua dimensão 
coletiva e em processo permanente de construção/desconstrução e reconstrução 
nos diversos períodos históricos e práticas sociais, ela é passível de mudanças, a 
depender das influências de determinada época e/ou meio social.
Bem como os novos tempos, pois o futuro é um horizonte aberto de 
possibilidades para os bibliotecários – como já visto em outras disciplinas do 
curso de Biblioteconomia, os profissionais da informação (particularmente os 
bibliotecários) são mediadores da informação e, portanto, da cultura nas suas mais 
diversas expressões. Com o desenvolvimento das Tecnologias da Comunicação e 
Informação (TIC), estas podem contribuir para a potencialização do trabalho dos 
profissionais da informação. Nesse sentido, as ações culturais e sociaispodem 
significar, no trabalho do bibliotecário, um ambiente de maior interação com os 
usuários, disponibilização de mais bens culturais, compartilhamento e criação.
17
Neste tópico, você aprendeu que:
• Os profissionais da informação podem e devem ser protagonistas de ações 
culturais e sociais, quer seja no sentido de dinamizar, divulgar e preservar 
as unidades de informação ou ainda nos processos de produção cultural e 
desenvolvimento educacional e social.
• A ação cultural ou social pode ser um estímulo à leitura, uma contribuição 
educativa, uma prática que colabore para transformações na realidade 
social, em que os usuários se tornam sujeitos da cultura e criação de novos 
conhecimentos.
• A cultura é um termo complexo e de grande importância para as ciências 
humanas em geral. Sua etimologia vem do latim culturae, que significa “ato 
de plantar e cultivar”. Aos poucos, acabou adquirindo também o sentido de 
cultivo de conhecimentos.
• A cultura possui algumas características, como: é determinada pelo conjunto 
de saberes, comportamentos e modos de fazer; possui caráter simbólico; é 
adquirida por meio das relações sociais de um grupo e é transmitida para 
gerações posteriores.
• A cultura erudita é produzida pela elite e pode ser expressada pela música 
erudita clássica, ópera, por conjunto de artes ou ainda por culturas gastronômicas 
e de moda. Já a cultura popular é produzida pelo povo e se manifesta pelas 
festas e costumes populares, bem como no artesanato. A cultura de massa é 
aquela produzida pelos meios de comunicação, como jornal, rádio, cinema, 
televisão, internet, e se caracteriza pela cultura do consumo.
• A cultura pode ser classificada como material ou imaterial, sendo a cultura 
material composta por elementos concretos, como construções e objetos 
artísticos. Já a cultura imaterial é relacionada a elementos abstratos, como 
hábitos e rituais. Nesse sentido, é associada aos elementos concretos e abstratos 
de uma sociedade, representando a cultura e história de sua população. 
• O bibliotecário, como mediador da cultura, pode difundir os elementos da 
cultura erudita, possibilitando a descoberta de novas linguagens e de novas 
formas artísticas. Esse profissional também pode recuperar e também difundir 
a cultura popular, que se encontra muitas vezes esquecida, deteriorada pela 
indústria cultural. Pode lidar com critérios dos elementos da cultura de massa, 
procurando direcionar o desenvolvimento de perspectivas críticas.
RESUMO DO TÓPICO 1
18
1 Com base na classificação cultural de Rasteli (2019) – Cultura Erudita, Cultura 
Popular e Cultura da Massa – quais os desafios que se poderia inferir quanto 
à atuação do bibliotecário como mediador?
FONTE: RASTELI, A. Mediação cultural em bibliotecas: contribuições conceituais. Dissertação – 
Mestrado em Ciência da Informação. Unesp, 2019.
2 Sobre as ações culturais e sociais em Biblioteconomia no período atual, de 
muitas transformações e avanços tecnológicos, é CORRETO afirmar que:
a) ( ) O profissional da informação pode ser mediador nessas transformações, 
facilitando o acesso e ampliando as oportunidades dos usuários no 
desenvolvimento de práticas culturais e sociais.
b) ( ) A ação cultural e social é inoportuna para os bibliotecários, ainda mais 
no período atual, marcado por muitas incertezas, transformações e 
avanços tecnológicos.
c) ( ) A atuação do bibliotecário como mediador deve ser de não lidar com a 
cultura de massa, para não direcionar o desenvolvimento de perspectivas 
críticas.
d) ( ) Cultura material e cultura imaterial são irrelevantes, pois só expressam 
a cultura e características de determinado grupo ou região.
e) ( ) Todas as alternativas estão incorretas.
AUTOATIVIDADE
19
TÓPICO 2
MEDIAÇÃO CULTURAL
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
FIGURA 9 – PERSPECTIVAS DA MEDIAÇÃO
FONTE: Adaptada de Rasteli e Cavalcante (2013)
Todas essas perspectivas são estabelecidas nas relações humanas por 
meio de um elemento mediador. Assim, nas pesquisas sobre mediação da 
informação que desenvolve há alguns anos, Osvaldo de Almeida Júnior defende a 
modificação do objeto da Ciência da informação. Ele aponta que hoje a informação 
– principalmente a informação registrada – é aceita como sendo esse objeto, mas 
sustenta a necessidade de reconsideração, ou seja, a mediação da informação 
deve ser o principal objeto da Ciência da Informação.
Almeida Júnior (2009, p. 2) e seu grupo de pesquisa “Interfaces: informação 
e conhecimento” através do projeto de pesquisa Mediação da Informação e Múltiplas 
Linguagens, têm como objetivo “analisar a mediação da informação, não só no 
âmbito de sua relação mais estreita com a disseminação e a transferência da 
informação, mas também” [...] as implicações que sobre ela incidem o trabalho e o 
conhecimento de outras linguagens, presentes nas várias mídias informacionais” 
(ALMEIDA JÚNIOR, 2009, p. 2). Para o grupo, mediação da informação é “[...] 
Toda ação de interferência – realizada pelo profissional da informação –, direta 
ou indireta; consciente ou inconsciente; singular ou plural; individual ou coletiva; 
que propicia a apropriação de informação que satisfaça, plena ou parcialmente, 
uma necessidade informacional (ALMEIDA JÚNIOR., 2009, p. 3).
A palavra mediação vem do latim mediatione, que designa originalmente 
intervenção humana entre duas partes, ação de dividir em dois ou estar no 
meio (SILVA; FARIAS, 2018). O conceito de mediação foi tomado por diferentes 
perspectivas, conforme Rasteli e Cavalcante (2013), indicando as seguintes ideias de:
Interveniência
MEDIAÇÃO
Relação
Conjugação
Ponte 
ou elo
Religação
UNIDADE 1 | CONCEITOS INICIAIS SOBRE CULTURA E ATIVIDADES SOCIAIS
20
Para Almeida Júnior (2009, p. 4), a mediação da informação é dividida 
em implícita e explícita, sendo que a primeira (implícita) ocorre nos “espaços 
dos equipamentos informacionais em que as ações são desenvolvidas sem a 
presença física e imediata dos usuários. Nesses espaços [...] estão a seleção, o 
armazenamento e o processamento da informação”. Já a segunda (explícita) 
acontece nos ambientes em que a presença do “usuário é inevitável, é condição 
sine qua non para sua existência, mesmo que tal presença não seja física, por 
exemplo, nos acessos à distância” (ALMEIDA JÚNIOR, 2009, p. 4).
FIGURA 10 – MEDIAÇÃO VIA SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO
FONTE: Adaptada de Silva e Farias (2018)
• Práticas técnicas de estímulo à cultura
• provisão de documentos relacionados às 
práticas culturais e de memória
• levantamento bibliográfico sobre contextos 
diversos da prática artístico-cultural
• serviços de alerta de materiais ligados à 
cultura, lazer e entretenimento.
• Práticas pedagógicas de estímulo à cultura
• projetos de ação cultural
• cursos relacionados à arte e à cultura
• estímulos e editais de cultura
• disseminação seletiva da informação
MEDIAÇÃO IMPLÍCITA MEDIAÇÃO EXPLÍCITA
Essa tipologia indicada denota que a mediação da informação é um processo 
encadeado e articulado que envolve tanto questões pedagógicas (mediação 
explícita) quanto questões técnicas (mediação implícita), considerando que ambas 
se complementam num continuum de ação de interferência indireta e/ou direta 
junto à comunidade de usuários, respectivamente (SILVA; FARIAS, 2018).
Para Rosa (2009), com relação à mediação nos serviços de informação 
de estímulo à cultura, a prática da ação cultural nas unidades de informação é 
importante por produzir contribuições educativas e por seu caráter transformador 
na realidade social, ou seja, a ação cultural não se resume em disponibilização 
de bens culturais, podendo também ampliar a participação social e a criação de 
novos bens culturais e conhecimentos. Assim, o profissional de biblioteconomia 
é um dos agentes a proporcionar um ambiente para que o usuário participe, no 
sentido de opinar, formular e criar. 
Almeida Júnior (2009) sustenta que a mediação da informação perpassa 
todos os serviços relacionados com o tratamento e a disseminaçãoda informação, 
caracterizando-se como um processo implícito de mediação, na medida em que 
o usuário não está presente, embora ele seja o alvo de todo esse trabalho de 
organização do conhecimento.
Debray (1993, p. 28-29) afirma que “mediações permeiam todo o processo 
de comunicação e de transferência de informações. O conjunto dinâmico dos 
procedimentos e corpos intermédios que se interpõem entre uma produção de 
signos e uma produção de acontecimentos”. 
TÓPICO 2 | MEDIAÇÃO CULTURAL
21
Já para a professora Nanci Oddone (1998), o bibliotecário tem sido 
definido, na estrutura desse processo, como intermediário das ações de 
comunicação da informação, situado por muitos autores no meio caminho entre 
o emissor/produtor do conhecimento e o receptor/consumidor do conhecimento 
gerado. Segundo a autora, seria seu papel identificar e atender às necessidades 
informacionais de seus usuários imediatos e potenciais, procurando estabelecer 
uma “dinâmica entre os repositórios estáticos do conhecimento que se encontram 
sob sua responsabilidade e as questões vivas dos indivíduos na busca de novas 
informações e conhecimentos” (ODDONE, 1998, p. 2).
No contexto dessa nova realidade sociocultural que vemos se desenvolver, 
o trabalho do profissional bibliotecário deve configurar-se, de fato, como tarefa de 
mediação, de interfaceamento, de filtragem, de elo no processo de apropriação de novos 
conhecimentos, requerendo qualificações diferenciadas e em constante evolução.
A compreensão das novas dimensões que caracterizam seu exercício 
profissional passa necessariamente pelo resgate do relevante papel social do 
bibliotecário, sendo fundamental que os profissionais da informação tenham a 
percepção que o papel de mediador é inerente a sua atuação. No entanto, para 
muitos profissionais da área, a mediação se explicita principalmente nos serviços 
de referência ou no processo de disseminação. Sendo pouco abordada em sua 
formação, a mediação da informação acaba sendo considerara implícita e não 
explicitada, principalmente como objeto de pesquisa científica. 
A mediação está presente em todo conjunto de atividades do ‘fazer’ 
biblioteconômico, desde o processo de seleção e aquisição do acervo, da definição 
do que expor ou não na biblioteca, no momento de indicação de materiais e até 
mesmo nas palavras que são utilizadas no momento de indexação do acervo nas 
bases de dados. Está presente, também, no momento de definir políticas que 
podem discriminar ou não os usuários, e quando o profissional se posiciona ou 
não frente a debates políticos de questões relevantes para a área.
Dessa forma, concordando com Almeida Júnior (2009, p. 6), “Se todo fazer 
do profissional da informação é voltado para a mediação – quer implícita, quer 
explícita – considerarmos a mediação da informação como objeto da área é um 
encaminhamento lógico e natural”.
Silva (2015) classifica a mediação da informação em três tipos fundantes:
FIGURA 11 – CLASSIFICAÇÃO DA MEDIAÇÃO DA INFORMAÇÃO
FONTE: Adaptada de Silva (2015)
Mediação
técnica da
informação
Mediação
pedagógica da
informação
Mediação
institucional 
da informação
UNIDADE 1 | CONCEITOS INICIAIS SOBRE CULTURA E ATIVIDADES SOCIAIS
22
A mediação técnica da informação – concerne às ações de organização, 
representação da informação envidadas pelo profissional da informação 
estimulando o uso da informação, seja em ambiente físico ou virtual. 
Por exemplo, a elaboração de catálogos, interação por e-mail e/ou redes 
sociais do acervo do centro de informação, entre outros.
A mediação pedagógica da informação – consiste na condução 
dos procedimentos e heurísticas a serem utilizadas no processo de 
mediação. Para tanto, é fundamental um olhar constante nos estudos 
de usuários contemplando questões relativas ao uso do acervo, das 
condições tecnológicas, do serviço, das questões de pessoal e avaliação 
da atuação do centro de informação de forma geral buscando uma 
aproximação com a comunidade, assim como promovendo autonomia 
para que o usuário tenha condições de escolha para apreensão e 
apropriação da informação.
A mediação institucional da informação – está relacionada aos 
procedimentos de como o profissional da informação irá buscar recursos 
(financeiros, pessoais, equipamentos, acervo, instrumentos tecnológicos 
etc.), seja dentro ou fora da instituição que o centro de informação 
está inserido para concretizar suas ações e interferências, assim como 
promover sua sustentabilidade (SILVA, 2015, p. 105, grifo do autor). 
Os tipos de mediação apresentados por Silva (2015) possuem um conjunto 
de características entre si. A primeira é de contradição, na medida em que há 
o foco mais intenso em um tipo de mediação em detrimento das demais. Por 
exemplo, o foco demasiado na mediação técnica relega a um plano inferior 
a mediação pedagógica e institucional. O segundo é de complementaridade. 
Quando se pensa a mediação a partir do aspecto institucional, a tendência é de 
que mediação técnica e mediação pedagógica sejam contempladas dependendo 
das condições oferecidas/conquistadas na mediação institucional e dependendo 
do foco da equipe que medeia a informação. O terceiro e principal foco é o de 
interdependência. 
As três mediações podem apresentar contradições e complementos, mas 
a lógica mais proficiente é a de que são interligadas como atividades holísticas e 
estratégicas no sentido de que a mediação da informação precisa do institucional 
para se “estabelecer estrutural e gerencialmente, além do técnico e pedagógico 
para se estabelecer no caráter social e pragmático dos sujeitos (comunidade de 
usuários) envolvidos na mediação da informação” (SILVA; FARIAS, 2018, p. 111).
2 DEBATES INICIAIS SOBRE MEDIAÇÃO E BIBLIOTECONOMIA
A partir do momento em que aceitamos que o objeto da Ciência da 
Informação é a mediação da informação, levamos em conta que não só a 
informação registrada é relevante. Assim, diversas ações culturais já existentes 
em unidades de informação ganham sentido, pois segundo Almeida Júnior 
(2009), se nosso campo está apenas circunscrito à informação registrada, por 
que fazer atividades culturais?
TÓPICO 2 | MEDIAÇÃO CULTURAL
23
Assim, a finalidade da ação cultural e/ou social é desenvolver o processo 
de criação, favorecendo meios para que os indivíduos sejam criadores e façam 
suas próprias escolhas. Para isso, o profissional da informação deve proporcionar 
um ambiente para que o usuário participe, no sentido de opinar, formular e criar, 
possibilitando o favorecimento de diversos usurários e potenciais usuários que 
têm a oralidade como principal fonte de informação. 
Também inclui comunidades étnicas ou grupos diferenciados que têm 
a possibilidade de, através de ações culturais nesses espaços, se identificarem 
com o ambiente, sentindo-se pertencentes a ele. Além de possibilitar ao usuário 
“padrão” visualizar o “outro” e a troca de experiências e identificações mútuas, 
a ação cultural contribui para o debate sobre o multiculturalismo que deve estar 
presente nos ambientes informacionais.
Segundo Santos (2009), a cultura é uma dimensão do processo social, 
da vida de uma sociedade em todos os aspectos da dinâmica social, não sendo 
legítimo se considerar, portanto, que a cultura exista em alguns contextos e 
não em outros. Assim, devemos explicitar a diversidade cultural, sendo que a 
mediação nessas ações é fundamental. 
Considera-se multiculturalismo um mecanismo para lutar contra toda 
forma de intolerância e em favor de políticas públicas capazes de garantir os 
direitos civis básicos a todos, ou seja, políticas que levem em conta os múltiplos 
modos de ser e estar no mundo, que caracterizam populações diversas, com 
especificidades culturais.
Sobre o tema de combate à discriminação nos espaços das bibliotecas, 
recomendamos a leitura do livro: Multiculturalismo em Ciência da Informação. Ele está 
disponível em formato digital na biblioteca da UNIASSELVI. 
FIGURA – CAPA DO LIVRO MULTICULTURALISMO EM CIÊNCIA DAINFORMAÇÃO
FONTE: A autora
DICAS
UNIDADE 1 | CONCEITOS INICIAIS SOBRE CULTURA E ATIVIDADES SOCIAIS
24
 Nesta obra, a autora reflete que as unidades de informação e suas atividades e 
políticas de coleções não são elementos neutros e desinteressados na transmissão de 
conteúdos dos conhecimentos. Por isso não se deve incorrer no erro de transmitir visões 
de mundo particulares como se fossem universais, reproduzindo valores que participarão 
da formação de identidades individuais e sociais e, portanto, formando sujeitos sociais.
 Mattos (2013) acredita que há uma relação muito próxima entre a importância 
de estudos sobre mediação na formação do profissional da informação e a realização de 
ações ligadas à diversidade cultural. E que o maior desafio hoje no campo da Ciência da 
Informação e na Biblioteconomia é a formação do profissional.
A mediação não é abordada como um objeto de pesquisa e, portanto, passa 
quase que despercebida pela formação dos profissionais de biblioteconomia. 
A fim de buscar uma reflexão sobre o assunto, trazemos aqui uma mensagem 
de Ho Chi Minh, cujo nome verdadeiro era Nguyen Tat Thanh. Ele foi um líder 
vietnamita e principal articulista da luta do Vietnã contra o domínio colonial 
francês. Vejamos: 
FIGURA 12 – HO CHI MINH
FONTE: <https://www.biography.com/political-figure/ho-chi-minh>. Acesso em: 26 nov. 2019.
Nem muito alto, nem muito largo, nem imperador, nem rei.
Você é só um marco na estrada, que se ergue junto à rodovia.
As pessoas passam. Você indica a direção certa, e impede que se 
percam. Você informa a distância que se precisa ainda percorrer.
Sua tarefa não é pequena e toda gente lembrará sempre de você.
A mensagem de Ho Chi Minh, registrada na Figura 12, foi deixada 
aos professores vietnamitas do século passado. Ela pode ser reportada aos 
bibliotecários e profissionais da informação, destacando o caráter de mediadores 
da informação e a responsabilidade sobre suas ações perante a sociedade. Mediar 
é também ser um marco na estrada e indicar a direção certa. Essa função intrínseca 
no fazer biblioteconômico é tão importante quanto ir à direção certa.
3 MEDIAÇÃO CULTURAL EM BIBLIOTECAS 
Um dos documentos importantes para iniciarmos nossa conversa sobre 
mediação cultural em bibliotecas é a Declaração Universal dos Direitos Humanos 
(1948). Essa declaração foi escrita após a libertação dos países envolvidos na 
Segunda Guerra Mundial e as atrocidades cometidas naquele período. Nessa 
declaração, a cultura se tornou um fator de singularização da pessoa humana, 
promovendo sua dignidade. 
TÓPICO 2 | MEDIAÇÃO CULTURAL
25
Destacamos aqui dois artigos em especial: 
Artigo 22° Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à 
segurança social; e pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos 
econômicos, sociais e culturais indispensáveis, graças ao esforço 
nacional e à cooperação internacional, de harmonia com a organização 
e os recursos de cada país. [...]
Artigo 27° 1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida 
cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso 
científico e nos benefícios que deste resultam (DECLARAÇÃO DOS 
DIREITOS HUMANOS, 1948, p. 5-6, grifo nosso).
Segundo Rasteli (2019), uma série de tratados internacionais, entre outros 
instrumentos adotados desde 1945, expandiram o escopo dos direitos humanos, 
incluindo ações sobre a eliminação de todas as formas de discriminação racial, o 
combate à discriminação contra as mulheres, os direitos da criança e os direitos 
culturais, apenas para citar alguns.
Nessa tônica, destacamos o artigo 216 da Constituição brasileira, prevendo 
que “O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso 
às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão 
das manifestações culturais” (BRASIL, 1988, p. 96, grifo nosso). 
Entretanto, mesmo sendo ressaltada nesses dois importantes documentos 
é possível constatar que grande parte da população sofre privações referentes aos 
elementos formadores da cultura. 
Nesse aspecto, concordamos com Rasteli (2019), pois o pleno exercício da 
cidadania está vinculado às práticas culturais estabelecidas, como as atividades 
de produção e recepção cultural: ler, escrever, compor, pintar e dançar, entre 
outras manifestações culturais. 
Sob esse ângulo, as práticas culturais referem-se, também, à participação 
cultural dos sujeitos no acesso às informações, como também em 
frequentar teatros, museus, arquivos, cinemas e bibliotecas. Desse 
modo, o acesso à cultura torna-se condição prévia que facilitaria (ou 
não) a produção e a apropriação de produtos culturais efetivados por 
processos mediadores, situação em que as bibliotecas se enquadram 
fazendo parte do amplo sistema cultural (RASTELI, 2019, p. 111).
Rasteli (2019) ainda destaca que as bibliotecas, enquanto componentes 
do sistema cultural, teriam relações intrínsecas com todas as esferas que 
cercam o termo informação, já que a base de toda atividade cultural é a criação, 
disponibilidade, circulação e apropriação das informações. Estas podem ser 
oriundas de qualquer âmbito da criatividade humana, de qualquer expressão, 
linguagem, registradas em algum suporte informacional ou não. Desse modo, a 
informação seria tratada como um fenômeno intensamente relacionado à ordem 
do conhecimento, à interação social e à comunicação.
UNIDADE 1 | CONCEITOS INICIAIS SOBRE CULTURA E ATIVIDADES SOCIAIS
26
Com relação ao papel das bibliotecas nesses processos de acesso cultural, 
destacamos alguns manifestos que se referem às bibliotecas como equipamentos 
culturais e informacionais indispensáveis para o acesso às informações, 
aprendizagens contínuas, tomadas de decisões independentes e para o 
desenvolvimento cultural dos indivíduos e grupos sociais. São eles:
QUADRO 3 – MANIFESTOS IMPORTANTES SOBRE CULTURA
FONTE: A autora
MANIFESTOS DISPONÍVEL EM:
https://www.ifla.org/files/assets/public-libraries/
publications/PL-manifesto/pl-manifesto-pt.pdf
https://www.ifla.org/files/assets/school-libraries-
resource-centers/publications/school-library-
guidelines/school-library-guidelines-pt.pdf
https://www.ifla.org/node/8976
https://www.ifla.org/publications/iflaunesco-
manifesto-for-digital-libraries
Tais documentos destacam o papel das bibliotecas, que podem assumir 
grande relevância ao estabelecer centros de informação e cultura, atuando 
essencialmente na diminuição das desigualdades sociais, culturais e econômicas.
Nessa vertente, tem-se a informação como artefato material e simbólico 
de produção de sentidos, fenômeno da ordem do conhecimento e da cultura. 
Pode-se, então, entender que a informação é matéria-prima para a elaboração da 
cultura. A informação é o elemento primordial para a prática social e a construção 
da cultura. “Tem-se, desse modo, que a cultura é constituída por agentes e 
instituições sociais em constantes interações baseada no acesso, produção, 
difusão, recepção e apropriação de bens simbólicos” (RASTELI, 2019, p. 16).
Cada cultura tem um valor próprio a ser reconhecido, um estilo específico 
que se manifesta na língua, nas crenças, nos costumes, na arte e que veicula um 
espírito próprio (a identidade) (COELHO NETO, 2008). Assim, no vasto território 
TÓPICO 2 | MEDIAÇÃO CULTURAL
27
brasileiro, coabitam diversas identidades culturais e, desse modo, somos muitas, 
e como exemplos temos a cultura gaúcha, paulista, baiana, mineira etc. Em cada 
espaço ou região uma identidade cultural aflora, diferente no sotaque, no hábito, 
nos modos de ser, pensar e existir.
Uma cultura em meio a outras existentes num processo de constantes 
mudanças e influências se funde com outras, novas e acasos inesperados 
num vasto processo aberto e mutante. O profissional de biblioteconomia, ao 
trabalhar com atividades culturais, terá como desafios lidar com as contradições 
socioculturais da comunidade, sempre respeitando, contudo, as características 
culturais do grupo com o qual trabalhará(RASTELI, 2019).
3.1 INFORMAÇÃO E CULTURA 
A informação é um fenômeno intensamente relacionado à ordem do 
conhecimento, à interação social e à comunicação, “sendo produto de uma 
construção social que ocorre num contexto cultural-histórico-político marcado 
por diferenças e disputas de classe, não só de natureza econômica e material, 
mas também simbólica” (AZEVEDO; MARTELETO, 2008, p. 277). Nessa tônica, 
os autores têm a informação como artefato material e simbólico de produção de 
sentidos, fenômeno da ordem do conhecimento e da cultura. 
Pode-se, então, entender junto a Ramos (2006), que a informação é matéria-
prima para a elaboração da cultura. Tem-se, desse modo, que a informação é o 
elemento primordial para a prática social e a construção da cultura. 
A cultura é constituída pelos agentes e instituições sociais em constante 
interação baseada na produção, difusão, recepção e apropriação de bens simbólicos. 
Atualmente, o aprendizado do mundo é mediado pelas informações que ordenam a 
cultura e dão sentido à relação com o mundo.
IMPORTANT
E
Nessa instância, a informação referencia tanto os modos de relação dos 
sujeitos com a realidade como os artefatos criados nas e pelas relações e práticas 
sociais. Nessa direção, Perrotti (2016, p. 9) vislumbra uma perspectiva sociocultural 
da informação, que por sua vez apresenta facetas que contemplam e ultrapassam 
patamares meramente físicos ou técnicos, já que a informação apresenta “uma 
incontornável e distintiva dimensão simbólica, forjada na cultura, por meio de 
signos que são constituídos e compartilhados em relações históricas e sociais”.
UNIDADE 1 | CONCEITOS INICIAIS SOBRE CULTURA E ATIVIDADES SOCIAIS
28
Já Barreto (2005) define a informação como uma ferramenta da consciência 
dos indivíduos. Desse modo, a informação somente exerceria sua função de gerar/
complementar conhecimento quando assimilada e compreendida como tal.
 
Hjorland (2007, p. 154-155) se reporta à assimilação da informação, 
que passa a ser compreendida como apropriação. Nesse aspecto, a geração de 
conhecimento difere, portanto, de sujeito para sujeito, avaliando que “uma 
mesma informação pode ter diferentes significados para diferentes pessoas e 
para a mesma pessoa em diferentes tempos”.
Barreto (2005, p. 7) considera, desse modo, a participação ativa do sujeito 
no processo de apropriação das informações, revelando uma complexidade cuja 
importância da ação do bibliotecário se faz em estabelecer mediações, interações 
simbólicas entre os sujeitos e o mundo cultural.
Para Rasteli (2019), é através de outros (bibliotecários) que o sujeito 
(usuário) estabelece relações com objetos de conhecimento, ou seja, que a 
elaboração cognitiva (apropriação cultural) se funda na relação com o outro, 
processo visto como mediação. 
A apropriação cultural está inserida no processo de produção de significados, 
constituindo em experiências para os sujeitos, não como meros decodificadores de 
conteúdos, mas como produtores de novos significados. Ao verificar as informações 
no contexto social-cultural, a Ciência da Informação poderá contribuir com pesquisas 
centradas em políticas, dinâmicas e em práticas culturais nos equipamentos informacionais.
IMPORTANT
E
4 AÇÃO CULTURAL: POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO DO 
BIBLIOTECÁRIO
Ação cultural e as várias possibilidades de atuação do profissional 
bibliotecário nessa área é o principal tema deste texto. Muito rico em criatividade, 
faz com que viajemos nas inúmeras ações que apresenta. Ação cultural é um 
espaço de ampla atuação, podendo ser realizado em qualquer espaço como: 
escolas públicas, privadas, escolares, universitárias, comunitárias etc. 
Cabral (1999) nos fala das dificuldades de na prática ocorrerem atividades 
de ação cultural. A autora explica que os profissionais não se sentem preparados 
para desenvolver essas atividades, resultando em insegurança por parte destes. 
Isso pode ocorrer, segundo ela, por falta de publicações teóricas relativas ao 
TÓPICO 2 | MEDIAÇÃO CULTURAL
29
assunto. Isso se deve, também, pela pouca experiência concreta desenvolvida 
nas universidades, pois em muitas universidades que ofertam o curso de 
Biblioteconomia sequer existe a disciplina de ação cultural e social.
Há situações nas quais a atividade cultural instiga, perturba e incomoda. 
O resultado da atividade cultural não é o lazer por si só, como também o 
estranhamento e a reflexão. O resultado “é uma dimensão política por estar 
revestida de um caráter transformador, que visa operar mudanças na realidade” 
(CABRAL, 1999). A autora convida o leitor a se “engajar politicamente” em 
projetos ligados à área. Explica que, para esse envolvimento não ocorrer de forma 
autoritária, é necessário que saibamos a conceituação básica sobre ação cultural, 
norteadora de nossas atividades.
Cabral (1999), em sua conceituação básica, nos apresenta as diferenças 
entre “fabricação cultural”, “ação cultural” e “animação cultural” baseadas em 
Coelho Neto (1999), que explica que a principal diferença entre fabricação cultural 
e ação cultural é a forma com que se dá o papel do agente cultural na condução 
do processo. Na fabricação cultural, o agente somente enumera as ferramentas 
necessárias para a criação. Essa ação é planejada e tem como “objeto” um resultado 
esperado, pode-se dizer que é “feita para”. Já na ação cultural é “feita junto”, ou 
seja, não é algo pronto para ser consumido, ele tem que provocar e ganhar a 
“cara” de seu público. O resultado deste será a possibilidade de reflexão acerca 
do tema abordado. Poderíamos dizer que é brincar de pensar.
Já a animação cultural tem como objetivo “divertir” o público. Não 
muito diferente da televisão, que segundo Milanesi (2003, p. 54), cria a “anorexia 
informacional”. Tal autor considera que a informação vem pronta, não sendo 
necessária a reflexão. “Ele tem conhecimento apenas daquilo que decidiram 
que ele deve saber, ele é um ser planetário incapaz de explicar a sua própria 
história”. O resultado, conclui, é a abdicação da criatividade e o atrofiamento 
da capacidade de inventar. Este último, segundo Milanesi (2003), é o oposto dos 
objetivos da ação cultural.
Para a autora, é necessário que o profissional bibliotecário esteja 
preparado para trabalhar com equipes multidisciplinares, pois isso facilita 
quanto ao receio de não estar totalmente preparado (MILANESI, 2003). A partir 
do desenvolvimento de atividades, esse receio passa e a sua superação é o 
aprimoramento das atividades. 
No que se refere ao conceito de cultura, é teoria norteadora também de 
nossas atividades, ela apresenta o conceito de Fávero (1983 apud CABRAL 1999), 
e baseada neste, conclui que “cultura é um processo dinâmico e ininterrupto, 
construído na práxis social a partir da experiência concreta da vida dos sujeitos, 
sendo trabalho que se materializa na ação humana”. Ao realizar experiências 
de ação cultural, conforme conceituação básica, o profissional bibliotecário dará 
um passo adiante na busca de uma comunidade pensante e profissionais que, 
em muitos momentos, confundirão o “EU” com o “OUTRO”, fundamental na 
verdadeira socialização de experiências e culturas.
UNIDADE 1 | CONCEITOS INICIAIS SOBRE CULTURA E ATIVIDADES SOCIAIS
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A partir dos anos de 1970 é que o profissional bibliotecário passa a 
discutir sobre as possibilidades de mudanças de uma biblioteca elitista para uma 
biblioteca mais popular. Nesse período muitas dificuldades foram enfrentadas, 
pois o alto índice de analfabetismo, bem como a saída de um momento político 
de ditadura não eram condições fáceis de serem trabalhadas.
Cabral (1999) também apresenta o que a ação cultural libertadora deve conter: 
Assim, vimos que, ao estudar as variadas facetas da ação cultural 
é possível descobrir diversas possibilidades de atuação nas unidades de 
informação. A partir da parte teórica e prática é possível engajar-se para ser 
um futuro profissional comprometido com a sociedade, bem como um agente 
promotor de ação cultural.

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