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Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU Atividade Prática Supervisionada – APS Direito Administrativo São Paulo – SP 2020 O presente trabalho tem como objetivo, em um primeiro momento, analisar o texto “A anulação ou Invalidação dos Atos Administrativos” de autoria do Prof. Almir de Oliveira Morgado, e mais adiante, uma análise dos princípios da Administração Pública, com ênfase no princípio da Impessoalidade. Análise do texto “A anulação ou Invalidação dos Atos Administrativos” O texto apresentado para análise, “A anulação ou Invalidação dos Atos Administrativos” nos traz importante reflexão a respeito da validade dos atos administrativos praticados em desconformidade a legislação vigente ao tempo no qual fora praticado o ato. Nesse sentido, o autor faz uma abordagem, de certa forma, restrita ao estudo da validade dos atos administrativos, bem com os efeitos e a possibilidade de a própria Administração Pública proceder à anulação dos atos por ela realizados, só que eivados de vícios. Traz, então, as duas correntes doutrinárias acerca do tema, a corrente monista que entende que o ato administro será nulo ou validade, não admitindo falar-se em ato administrativos, e corrente dualista que entende ser o ato nulo ou anulável, admitindo assim a convalidação de ato anulável. O texto apresenta também importantes comentários doutrinários a respeito, que nos levam a entender que, doutrinaria e jurisprudencial, prevalece o entendimento que a correntista dualista é a mais correta para se adotar. Outro ponto que merece destaque, é o prazo decadência para a ação anulatória do ato administrativo praticado em desconformidade com a legislação. Assim, o ordenado jurídico pátrio assinala um prazo de cinco anos para a propositura de ação que vise a anulação de ato administrativo anulável, findado esse prazo, não caberá mais ação que vise a anulação do ato, sendo que este se convalida diante da inércia dos legitimados. Por fim, conclui-se o autor, de forma acertada, ao nosso juízo, que a necessidade da aceitada da dualidade (nulo e anulável) nos atos da administração pública, é fundamental a Administração Pública na atualidade, haja a necessidade de “conciliar-se a legalidade e a segurança jurídica’. Princípios da Administração Pública Antes de adentramos ao estudo dos princípios, é importante tentarmos o que são princípios, assim princípios são valores fundamentais em para uma sociedade e seu ordenamento jurídico. Nesse sentido, merece destaque a clássica definição de Celso Antônio Bandeira de Mello "O princípio é um mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para a sua exata compreensão e inteligência, exatamente para definir a lógica e racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica de lhe dá sentido harmônico". Diante isso, vemos o quão importantes são os princípios para os diversos ramos do direito, na Administração Pública não é diferente, tanto que a nossa Constituição Federal de 1988, traz expressamente os princípios que a administração deve obedecer. Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Além disso, traz também a Constituição princípios implícitos, ou seja, princípios que não estão expressamente escritos no nosso Texto Maior. Ademais, ainda encontramos princípios em leis infraconstitucionais. Dessa forma, são princípios da Administração Pública: Legalidade, Supremacia do Interesse Público, Impessoalidade, Presunção de Legitimidade ou de Veracidade, Especialidade, Controle ou Tutela, Autotutela, Continuidade do Serviço Público, Publicidade, Moralidade Administrativa, Razoabilidade e Proporcionalidade, Motivação, Eficiência e Segurança Jurídica. Todos os princípios supramencionados, tem como objetivo, nas palavras da Professora Maria Sylvia de Zanella Di Pietro “estabelecer o necessário equilíbrio entre os direitos dos administrados e as prerrogativas da Administração. Na Administração Pública todos os princípios desempenham papel fundamental e merecem um estudo aprofundado. Entretanto, vamos nos ater, tão somente, ao estudo do Princípio do Impessoalidade, por questões didáticas. Princípio da Impessoalidade O Princípio da Impessoalidade, previsto no art. 37, da Constituição Federal, como o nome bem nos diz, é impessoal, ou seja, não visa uma determinada pessoa, serve para todos as pessoas, sem distinções. Nesse sentido, o Professor Alexandre Mazza, nos ensina “o princípio da impessoalidade estabelece um dever de imparcialidade na defesa do interesse público, impedindo discriminações (perseguições) e privilégios (favoritismo) indevidamente dispensados a particulares no exercício da função administrativa. Dessa forma, vemos que o princípio da impessoalidade é uma espécie de limite aos atos da administração, visto que estes não podem ser praticados a fim de beneficiar uma determinada pessoa ou um determinado grupo. Por outro, a impessoalidade impede também que seja punido o agente responsável pela prática do ato, e sim a órgão responsável. Veja-se existe a impessoalidade tanto para os administrados quanto à Administração. É de grande importância este princípio à Administração Pública, visto que colabora de maneira exemplar com o estado democrático de direito, evita que exista fraudes com os http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc19.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc19.htm#art3 cofres públicos, evitando que sejam beneficiadas determinas pessoas e que se mau uso dos bens públicos. Ademais, evita também que os agentes façam uso da administração pública com o fim especial de prejudicar um administrado ou um grupo administrado. Estudado, teoricamente, o princípio da impessoalidade, passamos agora ao um estudo prático, ou seja, verificaremos o uso na prática do princípio da impessoalidade, sob o ponto de vista jurisprudencial, dos principais Tribunais Superiores e Tribunais de Contas. Abaixo decisão do Supremo Tribunal Federal, reconhecendo a inconstitucionalidade de lei que violava, entre outros, o princípio da impessoalidade, conforme ementa transcrita: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 512 DA LEI ESTADUAL N. 12.342/94-CE. PROIBIÇÃO DA PRÁTICA DE NEPOTISMO NO ÂMBITO DO PODER JUDICIÁRIO ESTADUAL. EXCEÇÃO AOS SERVIDORES QUE ESTIVESSEM EM EXERCÍCIO DO CARGO NO MOMENTO DA EDIÇÃO DA NORMA. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA ISONOMIA, MORALIDADE E IMPESSOALIDADE. PROCEDÊNCIA DA AÇÃO DIRETA. 1. A vedação ao nepotismo na Administração Pública decorre diretamente da Constituição Federal e sua aplicação deve ser imediata e verticalizada. 2. Viola os princípios da moralidade, impessoalidade e isonomia diploma legal que excepciona da vedação ao nepotismo os servidores que estivessem no exercício do cargo no momento de sua edição. 3. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente. Abaixo decisão do Superior Tribunal de Justiça, reconhecendo a violação do princípio da Impessoalidade, em ação na qual o prefeito usou a página da prefeitura para divulgar posse de sua esposa e a sua data de aniversário: PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PROMOÇÃO DO CÔNJUGE. VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE E IMPESSOALIDADE. DOLO GENÉRICO. ELEMENTO SUBJETIVO. CARACTERIZAÇÃO. No mesmo sentido, o Ministro Walton Alencar Rodrigues, do Tribunal de Contas da União, reconheceu a violaçãodo Princípio da Impessoalidade, na contratação de empresa, cujos sócios tinha parentescos com dirigentes da administração Pública: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. TERMO DE COMPROMISSO. NÃO- COMPROVAÇÃO DA REGULAR APLICAÇÃO DOS RECURSOS ORIUNDOS DE PATROCÍNIO INCENTIVADO COM BASE NA LEI 11.438/2006. GRAVE VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA IMPESSOALIDADE, DA MORALIDADE E DA ECONOMICIDADE. CITAÇÃO DOS RESPONSÁVEIS SOLIDÁRIOS. REJEIÇÃO DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA. IRREGULARIDADE. DÉBITO. MULTA. CIÊNCIA Por fim, trazemos aqui o posicionamento do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, que ao julgar questão parecida, entendeu pela violação do princípio da impessoalidade, vez que a preferência da Administra por determinada entidade, implica em violação do princípio da impessoalidade. EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. ORGANIZAÇÃO SOCIAL. CONTRATO DE GESTÃO E TERMOS ADITIVOS. NÃO ATENDIMENTO AOS PRINCÍPIOS DA PUBLICIDADE E DA IMPESSOALIDADE. Diante todo o exposto, concluímos que o princípio da impessoalidade, legalmente previsto em nossa Constituição Federal de 1988, é fundamental à administração pública, tanto é os principais tribunais da federação, sempre procuram ratificar esse princípio no ordenamento jurídico pátrio, não permitindo que, de maneira alguma, seja violado, fazendo com o que a administração pública seja realmente impessoal, ou seja, não beneficiando e nem prejudicado uma determina pessoa. Referências Bibliográficas DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, 32ª edição, editora Forense. BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo, 14ª edição, editora Malheiros. MAZZA, Alexandre. Manual de Direito administrativo. 9ª edição, editora Saraiva Jur.
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